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Promoção da saúde A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem- estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida E acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. – VII Conferência Nacional de Saúde 1) A transição epidemiológica: fator que torna a promoção de saúde cada vez mais importante • O Brasil passa por um momento em que doenças infecciosas estão se tornando menos prevalentes, cedendo lugar às doenças crônicas não transmissíveis • As condições crônicas, portanto, merecem um “foco especial” na saúde pública • As doenças crônicas estão intimamente relacionadas com o padrão de vida e os hábitos de consumo de uma determinada população (determinantes sociais em saúde) • Ou seja, para entender a promoção da saúde é necessário reconhecer a intima relação entre saúde e condições de vida 2) Qual a diferença entre prevenção e promoção em saúde? • O termo 'prevenir' tem o significado de "preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize" (Ferreira, 1986) • As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. • O termo 'promover' tem o significado de dar impulso a; fomentar; originar; gerar (Ferreira, 1986) • A promoção da saúde é definida de maneira mais ampla, pois refere-se a medidas que não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar geral (Leavell & Clarck, 1976) • Promoção da Saúde é definida como a capacitação das pessoas e comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício da própria qualidade de vida, segundo a Carta de Ottawa (1986) • A promoção enfatiza a necessidade de transformar as condições de vida e trabalho que afetam diretamente a saúde da população, como citado no tópico 1 do resumo • A definição de promoção da saúde permite perceber a importância de capacitar as pessoas e torna-las empoderadas, ou seja, desenvolvam o poder de atuar em benefício da própria qualidade de vida, enquanto sujeitos e comunidades ativas. • O setor “saúde” não dá conta do conceito ampliado de saúde e deve ser articulado em conjunto aos demais setores: educação, trabalho, economia, justiça, meio ambiente, transporte, lazer, produção e consumo de alimentos além do acesso aos serviços de saúde (universalidade) -> INTERSETORIALIDADE 3) Valores e princípios da Política Nacional de Promoção da Saúde • A PNPS: ◦ Reconhece a subjetividade das pessoas e dos coletivos no processo de atenção e cuidado em defesa da saúde e da vida ◦ Considera a solidariedade, a felicidade, a ética, o respeito às diversidades, a humanização, a corresponsabilidade, a justiça e a inclusão social como valores fundantes no processo de sua concretização ◦ Adota como princípios a equidade, a participação social, a autonomia, o empoderamento, a intersetorialidade, a sustentabilidade, a integralidade e a territorialidade 4) Eixos operacionais da Política Nacional de Promoção da Saúde • São as estratégias que devem ser utilizadas para concretizar as ações de promoção da saúde ◦ Territorialização ▪ Identificar as singularidades territoriais para o desenvolvimento de políticas, programas e intervenções, ampliando as ações de promoção à saúde. ◦ Articulação e cooperação intrassetorial e intersetorial ▪ Compartilhamento de planos, metas, recursos e objetivos comuns entre os diferentes setores e diferentes áreas de um mesmo setor ▪ A intersetorialidade é uma das caracteristicas mais importantes para promover a saúde, tendo em vista que a definição expandida de saúde apresentada no inicio do resumo depende de uma atuação que vai além de um setor. ◦ Rede de atenção à saúde ▪ Transversalizar a promoção na Rede de Atenção à Saúde, favorecendo práticas de cuidado humanizadas, pautadas nas necessidades locais, na integralidade do cuidado, articulando-se com todos os equipamentos de produção da saúde do território, como atenção básica, redes prioritárias, vigilância em saúde, entre outros. ◦ Participação e controle social ▪ Ampliação da representação e da inclusão de sujeitos na elaboração de políticas públicas e nas decisões relevantes que afetam a vida dos indivíduos, da comunidade e dos seus contextos. ▪ O proprio Sistema Único de Saúde tem no controle social uma de suas bases mais importantes, as conferências de saúde são um dos mecanismos para promover a participação social ▪ Para haver controle social é necessário uma população devidamente informada e políticas de transparência ◦ Gestão ▪ Priorização de processos democráticos e participativos de regulação e controle, de planejamento, de monitoramento, de avaliação, de financiamento e de comunicação. ◦ Educação e formação ▪ Incentivo à atitude permanente de aprendizagem sustentada em processos pedagógicos problematizadores, dialógicos, libertadores, emancipatórios e críticos. ▪ A educação permanente depende da existência de mecanismos sociais que possibilitem ao cidadão o acesso à educação fora do contexto escolar (oficinas, palestras, workshops...) ◦ Vigilância, monitoramento e avaliação ▪ Utilização de múltiplas abordagens na geração e na análise de informações sobre as condições de saúde de sujeitos e de grupos populacionais para subsidiar decisões, intervenções, e para implantar políticas públicas de saúde e de qualidade de vida. ▪ Esse eixo operacional demanda a existência de estudos epidemiológicos ◦ Produção e disseminação de conhecimentos e saberes ▪ Estímulo a uma atitude reflexiva e resolutiva sobre problemas, necessidades e potencialidades dos coletivos em cogestão, compartilhando e divulgando os resultados, de maneira ampla, com a coletividade. ◦ Comunicação social e mídia ▪ Uso das diversas expressões comunicacionais, formais e populares para favorecer a escuta e a vocalização dos distintos grupos envolvidos, contemplando informações sobre o planejamento, a execução, os resultados, os impactos, a eficiência, a eficácia, a efetividade e os benefícios das ações. 5) A Carta de Ottawa define 5 amplos de ação para a Promoção da Saúde • Implementação de políticas públicas saudáveis ◦ É necessário combinar diversas abordagens que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais para promover saúde. ◦ Ações coordenadas que apontam para a equidade em saúde, olha que dahora esse exemplo: ▪ Entendemos equidade como tratar de forma desigual os desiguais visando reduzir tais desigualdades, faz sentido? Por exemplo um determinado bairro que possui muitos focos para o mosquito da dengue deve receber maior atenção dos gestores com mais agentes de saúde e mais campanhas contra o mosquito, a equidade é um dos princípios do SUS ▪ O que seria uma política pública saudável que contemple a equidade? O auxilio emergencial, só era disponível para pessoas que precisavam do dinheiro (tratar de forma desigual os desiguais). ◦ Outro exemplo de uma política pública saudável é a proibição da veiculação de propagandas de cigarro e o aumento de impostos do produto ◦ A proibição de alimentos que contém gorduras trans também configura como política pública saudável • Criação de ambientes favoráveis à saúde ◦ A promoção de ambientes favoráveis à saúde prevê a proteção dos ambientes naturais ou criados pelo homem, a preservação dos recursos naturais e a avaliação sistemática do impacto que as mudanças no ambiente causam à saúde. Esta construção de ambientes que facilitem e favoreçam a saúdese estende a todos os espaços de vivência, como lar, trabalho, lazer e escola (WHO, 1992; DONEV; PAVLEKOVIĆ e KRAGELJ, 2007). ◦ A proteção do meio-ambiente e a conservação dos recursos naturais devem fazer parte de qualquer estratégia de promoção da saúde ◦ O conceito de criação de ambiente favorável é bem amplo, mas de fácil identificação ◦ Iluminação pública, praças arborizadas, equipamentos públicos de exercício físico, preservação de parques, coleta de lixo, construção de templos religiosos... Observe novamente a intersetorialidade entre urbanismo, meio ambiente e saúde. • Reforço da ação comunitária ◦ A promoção da saúde trabalha através de ações comunitárias concretas e efetivas no desenvolvimento das prioridades, na tomada de decisão, na definição de estratégias e na sua implementação, visando a melhoria das condições de saúde. ◦ O centro deste processo é o incremento do poder das comunidades -> Empoderamento ◦ Intensificar a autoajuda e o apoio social ◦ Reforçar a participação popular na direção dos assuntos de saúde (controle social) ◦ Requer total e contínuo acesso à informação, às oportunidades de aprendizado para os assuntos de saúde, assim como o apoio financeiro adequado • Desenvolvimento de habilidades pessoais ◦ Divulgação e informação, educação para a saúde e intensificação das habilidades vitais para promover a saúde ◦ Educação continuada (workshops, palestras...), visando aumentaras opções disponíveis para que as populações possam exercer controle sobre sua própria saúde e sobre o meio- ambiente. ◦ Esta tarefa deve ser realizada nas escolas, lares, locais de trabalho e em outros espaços comunitários e podem ser realizadas por organizações educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias, bem como pelas instituições governamentais. • Reorientação dos serviços de saúde ◦ O papel do setor saúde deve mover-se, gradativamente, no sentido da promoção da saúde, além das suas responsabilidades de prover serviços clínicos e de urgência. ◦ Os serviços de saúde precisam adotar uma postura abrangente, que perceba e respeite as peculiaridades culturais. ◦ A reorientação dos serviços de saúde também requer mudanças na educação e no ensino dos profissionais da área da saúde para que focalizem as necessidades globais do indivíduo, como pessoa integral que é. ◦ Superar a ênfase dada às ações individuais e curativas, centradas na ausência de doenças, incorporando-se instrumentos constitutivos e permanentes de vigilância da saúde, na perspectiva dos determinantes e condicionantes de saúde. -> CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNPS: revisão da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnps_revisao_portaria_687.pdf. Buss, Paulo Marchiori. “Promoção da saúde e qualidade de vida”. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 5, no 1, 2000, p. 163–77. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100014. "The concept of health and the diference between promotion and prevention", publicado nos Cadernos de Saúde Pública (Czeresnia, 1999). In: Czeresnia D, Freitas CM (org.). Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2003. p.39-53. CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE, 1., 1986, Ottawa. Carta de Otawa. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Cohen, Simone Cynamon, et al. “Habitação saudável e ambientes favoráveis à saúde como estratégia de promoção da saúde”. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 12, no 1, março de 2007, p. 191–98. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/S1413-81232007000100022.
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