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CURSO TEOLÓGICO MINISTERIAL PRISCILA SENA DOS SANTOS O DISCIPULADO NO EVANGELHO DE MARCOS ATIBAIA 2022 1 PRISCILA SENA DOS SANTOS O DISCIPULADO NO EVANGELHO DE MARCOS Ensaio sobre O Discipulado no Evangelho de Marcos apresentado ao Curso Teológico Ministerial do Seminário Bíblico Palavra da Vida como requisito para aprovação da matéria Teologia Bíblica dos Evangelhos. ATIBAIA 2022 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………..... 04 2 DISCIPULADO: UM CHAMADO PARA OS PECADORES ………………………. 04 3 O DISCIPULADO E A IGREJA ………………………………………………………. 05 4 O FARDO DO CUSTO DO DISCIPULADO ………………………………………… 06 5 CONCLUSÃO ………………………………………………………………………….. 07 6 BIBLIOGRAFIA ..………………………………………………………………………. 08 3 Introdução O discipulado é um chamado a todos os cristãos, aspirando a comunhão e obediência a Jesus. Ser discípulo consiste em imitar seu mestre até se tornar parecido com ele, e a partir disso apontá-lo para outros que não o conhecem. Os crentes, que buscam viver de acordo com a nova vida que receberam de Cristo, seguem Jesus e vivem de maneira condizente com a vontade do Mestre. Parte da atribuição de um discípulo é espalhar e espelhar aquilo que recebeu pela graça de Cristo. O evangelho de Marcos foca constantemente no discipulado, podendo ser considerado um dos temas centrais do livro. O propósito deste evangelho é registrar a história da vida de Jesus para as futuras gerações, e Marcos chama a atenção do leitor para os marcos dessa trajetória e para os principais assuntos. Portanto, podemos olhar juntos para, de acordo com Dewey Mulholland, os ensinamentos de Jesus acerca do discipulado radical através da identidade singular de Jesus a partir da visão de Marcos1. Discipulado: um chamado para os pecadores O evangelho de Marcos retrata Jesus constantemente ensinando, com suas palavras e atitudes. Dentre todos esses ensinamentos vemos constantemente Marcos retratando Jesus chamando todos os cristãos a ser e fazer discípulos. Jesus veio para servir pessoas, vemos um exemplo disso quando os fariseus o criticam por comer com pecadores e publicanos, e Jesus afirma que veio para os doentes, já que os sãos não precisam de médico. Jesus não veio para os que se consideram justos, mas veio para chamar pecadores, a fim de levá-los ao arrependimento (cf. Mc 2.15-17; Mt 9.10-13; Lc 5.29-32). 1 Cf. MULHOLLAND, Dewey. Marcos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 23. 4 O poder de Jesus atraia multidões e causou grande comoção em alguns, e descrença em outros. É interessante perceber que para a escolha dos doze apóstolos, dentre os seus discípulos, que Jesus sai de perto da multidão e torna o momento intimista cf. Mc 2.7-19; Lc 6.12-16). Jesus deixa para seus discípulos a missão de servir e alcançar pessoas, visando a expansão do reino. Deve ser enfatizado que o discipulado exige comprometimento e renúncia (Mc 8.34), já que para ajudar pessoas a seguir Jesus é necessário ter um relacionamento pessoal com Ele. Muitos desejam os benefícios do evangelho, mas poucos estão dispostos a tomar a sua cruz e pagar o custo do discipulado. O discípulo de Jesus não é apenas um admirador de Cristo, mas é alguém que se relaciona intimamente com Ele. A salvação pertence somente ao Senhor, e ela é dada a todos que perdem a sua vida por causa de Cristo (Mc 8.35). Somos chamados para uma vida contracultura como discípulos de Jesus, já que Jesus nos faz olhar para a vida eterna, enquanto o mundo foca e investe na vida terrena. Não devemos nos envergonhar de Cristo (Mc 8.38), e devemos confessar que essa não é uma tarefa tão simples quanto aparenta. Ser cristão não é sinônimo de popularidade desde os dias de Jesus, muito menos nos dias de hoje, mas esse é um dos custos do discipulados que devemos enfrentar para sermos parecidos com Ele. Aqueles que apenas se dizem cristãos, mas continuam se preocupando com as coisas deste mundo, prestarão contas a Ele no juízo final. Osborne nos alerta sobre o dever de um discípulo de ser leal e comprometido com o Filho do Homem, caso contrário corremos o sério risco de negá-lo (Mt 10.32,33)2. O discipulado e a igreja A partir do exposto anteriormente, é acertado afirmar que o discipulado não deve ser visto como um dentre muitos programas da igreja, mas deve fazer parte da natureza da igreja. O apóstolo Paulo diz que Cristo é a cabeça da igreja (Cl 1.18), ou seja, somos novas criaturas que agora vivem em unidade buscando cumprir os ensinamentos de Jesus. 2 Cf. OSBORNE, Grant R. Marcos. São Paulo: Vida Nova, 2019. p. 148. 5 Jonas Madureira constata que a igreja não é apenas uma multidão seguindo ao Mestre sem comprometimento, mas é a comunidade entre os santos comprometidos com Cristo e unidos entre si, visando a maturidade espiritual através do ensino e discipulado. A igreja é a união daqueles que seguem ao Mestre da maneira que Ele quer ser seguido3. O papel da igreja é ajudar pessoas em seu desenvolvimento através de relacionamentos, amando e confrontando, a fim de levar discípulos a confessar e deixar seus pecados, buscando refletir a Jesus através de suas vidas. Em Marcos 16.15-18, Jesus deixa um mandamento aos seus discípulos: ir por todo o mundo pregando o evangelho a todos. De acordo com Josué Campanhã, o discipulado e o ensino são partes inseparáveis da missão da igreja4. O ensino deve priorizar o conhecimento e visar repassar o conteúdo de maneira clara e precisa, mas sem o discipulado atrelado a isso, o ensino é ineficaz, já que a mudança de mente é apenas uma expressão do que já foi mudado no coração. Portanto, professores precisam se transformar em discipuladores, para que seus ouvintes se tornem seus companheiros na caminhada cristã, com o intuito de manter a comunhão e união da igreja. A igreja deve buscar o discipulado que confronta e o ensino que gera transformação, caso contrário, a igreja estará fadada ao legalismo, conforme a ideia defendida por Campanhã. O fardo do custo individual do discipulado Blomberg nos apresenta uma comparação da descrição que Marcos faz dos doze discípulos, sendo essa ressaltando as fraquezas e falta de fé dos discípulos, e as mulheres que passaram por Jesus5. 5 BLOMBERG, Craig L. Jesus e os evangelhos: uma introdução aos estudos dos 4 evangelhos. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 157. 4 Cf. CAMPANHÃ, Josué. Discipulado que transforma: princípios e passos para revigorar a igreja. São Paulo: Hagnos, 2012. p. 16,23. 3Cf. MADUREIRA, Jonas. O custo do discipulado: a doutrina da imitação de Cristo. São Paulo: Fiel,2019. p. 26. 6 Essas mulheres, por vezes demonstraram sua fé em Jesus (Mc 5.28,34; 7.24-30) e se mostram perseverantes. Diferente dos discípulos, são as mulheres que acompanharam Jesus até no momento da crucificação (cf. Mc 15.40-41,47). Essas mulheres são descritas por Marcos, e devem ser vistas como exemplos de discípulas de Jesus. O discipulado exige fé, obediência e compromisso da nossa parte, e tudo isso parece impossível, já que somos pecadores e infiéis por natureza. James Boice, também afirma que pensar em nossas responsabilidades como discípulos pode ser desestimulante se tentarmos fazer por nós mesmos, mas podemos nos alegrar sabendo que a nossa natureza pecaminosa não nos domina pois temos uma nova vida em Cristo6. O fardo de Jesus é leve, e o Servo manso e humilde prometeu nos sustentar e estar conosco até a consumação dos séculos. Por isso, podemos perseverar e cumprir o compromisso que o discipulado exige de todos nós. Seguir a Jesus, de acordo com Boice, é um ato de obediência, arrependimento de pecados, submissão e compromisso. Aquele que nos chamou para segui-lo (Mc 1.14-20), é fiel e bondoso para nos sustentar e ajudar-nos a permanecer vivendo de acordo com a sua boa, perfeita e agradável vontade. Conclusão Por fim, de acordo com o conteúdo exposto vimos que o discipulado é um chamado a todos os cristãos comprometidos com Jesus, e para isso é necessário conhecer e cumprir a vontade dEle, investindoem um relacionamento profundo e pessoal. Todo cristão é um discípulo e também um discipulador, já que fomos chamados para compartilhar as boas novas do evangelho com outros, ajudando-os a atingir a maturidade cristã. 6 BOICE, James Montgomery. O discipulado segundo Jesus: o que significa viver tendo Cristo como Salvador e como Senhor? São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 44. 7 Para isso não estamos sozinhos, pois Cristo vive em nós, trazendo-nos a liberdade da escravidao do pecado e nos levando para sua maravilhosa luz. Cabe a nós viver focando na eternidade, e, enquanto aquele grande dia não chega, podemos ser discípulos dispostos a negar a nós mesmos para refletir o nosso Salvador. Bibliografia LOPES, Hernandes Dias. Marcos: o evangelho dos milagres. São Paulo: Hagnos, 2006. MULHOLLAND, Dewey. Marcos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008. MADUREIRA, Jonas. O custo do discipulado: a doutrina da imitação de Cristo. São Paulo: Fiel,2019. CAMPANHÃ, Josué. Discipulado que transforma: princípios e passos para revigorar a igreja. São Paulo: Hagnos, 2012. MARTY, William H. Lendo a Bíblia livro por livro: um guia rápido de estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2020. OSBORNE, Grant R. Marcos. São Paulo: Vida Nova, 2019. BLOMBERG, Craig L. Jesus e os evangelhos: uma introdução aos estudos dos 4 evangelhos. São Paulo: Vida Nova, 2009. BOICE, James Montgomery. O discipulado segundo Jesus: o que significa viver tendo Cristo como Salvador e como Senhor? São Paulo: Cultura Cristã, 2001. CHAN, Fracis. Multiplique: discípulos que fazem discípulos. São Paulo: Mundo Cristão, 2015. 8
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