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LINFONODOMEGALIAS AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Os linfonodos são unidades anatômicas encapsuladas, de estrutura altamente organizada e distribuídas ao longo de vasos linfáticos. - Linfonodomegalia é o aumento de um nódulo linfático acima de 1 cm em mais de um local anatômico, podendo ser localizada ou disseminada e representa uma gama de patologias em pediatria. · Linfonodos epitrocleares com mais de 0,5 cm · Linfonodo inguinal maior que 1,5 cm - Na maioria das vezes, é uma resposta passageira a infecções benignas, e o grande dilema é a distinção entre processo inflamatórios e neoplasias. - A ocorrência surpreendentemente comum, especialmente na região cervical - Estimativa varia no relato da incidência · 41% das crianças entre 2 e 5 anos possui · >90% das crianças de 4 a 8 anos de idade · 40% das crianças saudáveis têm linfadenopatia palpável Fisiologia - Sistema linfático – baço, linfonodos, tonsilas palatinas (amigdalas), tonsila faríngea (adenoides), timo, placas de Peyer (intestino delgado) e apêndice. · O aumento dos linfonodos resulta de proliferação de linfócitos e histiócitos (estímulo antigênico) e infiltração por células extrínsecas. - Hematopoiese - Circulação de células – linfócitos, macrófagos, células dendríticas - Antígenos (gatilho) são transportados para o linfonodo regional - No linfonodo os macrófagos e células dendríticas fagocitam os antígenos, processando-os e apresentando-os aos linfócitos. - Os linfócitos produzem anticorpos ou células de memória para reconhecer o antígeno novamente no futuro. - Linfócito T · Linfócitos migram para o timo e amadurecem e se transformam em células T. Em condições normais, a maioria dos linfócitos em circulação no corpo são células T. · Sua função é de reconhecer e destruir células anormais do corpo · Os linfócitos T aprendem como diferenciar o que é próprio do organismo do que não é ainda no timo. - Linfócito B · Permanecem na medula óssea e amadurecem transformando-se em células B, amadurecem até se transformarem em plasmócitos, os quais secretam anticorpos. · Células e antígenos estranhos – produção de anticorpos. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA - Classificar a linfonodomegalia · Localizado – apenas uma cadeia comprometida ou até 2 cadeias contíguas · Processos bacterianos agudos (adenite bacteriana), ou manifestação de linfoma ou tumor sólido, ou de um processo tuberculoso. · Obrigatoriamente o pediatra deve verificar se existe uma causa específica na região que explique a linfonodomegalia · Disseminado – aumento de linfonodos em 2 cadeias não contíguas, acima e abaixo do diafragma, frequentemente associado a hepato e/ou esplenomegalia. · Processos virais diversos, infecções bacterianas sistêmicas, doenças inflamatórias imunes e neoplasias (leucemia). · Aguda – regride em até 3 semanas · Crônica – persiste por mais de 3 semanas - Nenhum dado de anamnese ou de exame físico é isoladamente sugestivo de um diagnóstico específico - Presença ou não de sintomas sistêmicos – febre e sua duração · Febre por mais de 7 dias com linfonodomegalia – atenção para doenças graves, linfomas, LES, TB e etc · Se perda de peso, sudorese profusa e prurido – neoplasia e TB - Características dos linfonodos · Linfonodo reacional – linfonodo elástico, móvel, indolor, e menor que 2-3 cm · Linfomas – linfonodo duro, elástico, pouco doloroso, aderido a plano profundo, coalescente com outros, e maior que 4 cm. · Processo bacteriano – linfonodo doloroso, com sinais flogísticos, pouco aderido a plano profundo e úmidos. - Local ou locais de acometimento e associação com a drenagem · Patológicos e não reacionais – retroauriculares, supraclaviculares, epitrocleares, poplíteos, mediastinais e abdominais · Supraclaviculares e epitrocleares são incomuns - Idade · Acima de 40 anos – geralmente tumorais · RN – não são palpados · Até 3 meses – qualquer linfonodo é anormal - Inicialmente solicitados · Hemograma – orientar suspeita de quadro infeccioso · Bacteriano – leucocitose às custas de neutrofilia · Viral – Linfócitos atípicos, se série vermelha e megacariócita normal · Bicitopenia ou pancitopenia – doença de medula óssea · Bioquímica – presença de doença sistêmica · Função renal e hepática · DHL – enzima que aumenta em situação de lise celular, se estiver aumentado leva a pensar em anemias hemolíticas e/ou leucemia, linfomas e neoplasias agressivas que resultam em morte celular. · Ácido úrico - Exames adicionais – sorologia para toxoplasmose, mononucleose, CMV, HIV, PPD, RX PA e perfil, USG abdominal e do linfonodo com dopper. - Se pensado em condições da medular – punção de medula óssea Linfonodos com risco de biópsia - Sinais de alerta para biopsia de linfonodo · Febre persistente e inexplicável e/ou perda de peso e/ou sudorese noturna; · Linfonodomegalia disseminada com hepato e/ou esplenomegalia; · Linfonodo aderido a planos profundos, coalescentes, endurecidos e de crescimento rápido; · Linfonodo supraclavicular ou mediastinal; · Aumento progressivo e não regressão em 4 semanas ou mais; · Gânglios de tamanho maior que o inicial, após 2 semanas de uso de antibióticos; · Gânglios que não diminuem de tamanho após 4 a 6 semanas ou que não retornam ao tamanho normal em 8 a 12 semanas, principalmente se associado a novos sintomas e/ou sinais; · Laboratório negativo e gânglio mantido por mais de 8 semanas. - Linfonodomegalias de cabeça e pescoço · Com sinais inflamatórios associados – possível causa bacteriana, como S. aureus e Streptococcus beta-hemolítico · Teste terapêutico com amoxicilina ou cefalosporina · Outras causas de linfonodos cervicais – doença da arranhadura do gato, micobactérias não tuberculosas, toxoplasmose, EBV, CMV ou HIV. - Linfonodo supraclavicular · Doença dos ductos torácicos do abdome – lado esquerdo (nódulo de Virchow) · Doença do tórax – lado direito - Linfonodo mediastinal – doença mais grave · 43% eram doença de Hodgkin, 25% linfoma não Hodgkin, 17% leucemias e 9% histoplasmose. - O linfonodo para biópsia será aquela maior e mais significativo, idealmente é feito em ambiente cirúrgico com anestesia, por isso não faço em todo mundo. Isso requer um pouco de bom-senso na hora de escolher. Pelo tratado, as indicações de biópsia de linfonodo são: Linfonodos não associado a risco de biopsia - Segundo o tratado, como regra geral se a linfonodomegalia tem sinais flogísticos é recomendado o teste terapêutico com ATB e observação seriada até o desaparecimento. · Se continua a crescer e não regride em 8 semanas com o teste, é indicado biopsia · Além do antibiótico, pode ser feito analgésicos e calor local a cada 4 horas para auxiliar na resolução. · Como antibiótico usado – penicilinas, cefalosporina ou eritromicina por 7-14 dias em doses habituais · O acompanhamento pode ser feito com hemograma completo e VHS · Se fístula ou necessidade de drenagem cirúrgica – pesquisa do agente - Se a criança tiver uma linfonodomegalia indolor, localizada, móvel, não coalescente, sem sinais flogísticos, não associado a emagrecimento e febre persistente · Apenas é feito a observação clínica, associada ou não a investigação laboratorial · Não há uma recomendação específica, porque a maioria desses casos é reativa e tem remissão espontânea – relacionado ao crescimento do tecido linfoide relacionado a idade Outros recursos - Ultrassonografia – casos agudos para diferenciar lesões supurativas ou não supurativas, tecidos moles ou lesões císticas · Dúvida se é maligno ou benigno - Punção aspirativa por agulha – em linfonodos com sinais flogísticos e suspeita de infecção para cultura e pesquisa direta do agente. · Pode resultar em fístula, principalmente se houver supuração tuberculosa – é uma complicação a ser considerada - Biopsia e aspirado de medula óssea – se suspeita de leucemia ou linfoma, paciente com pancitopenia por exemplo. TRATAMENTO - Se necessário farmacoterapia – antibiótico via oral (azitromicina, cefuroxima, claritromicina, eritromicina e clindamicina) e anti-inflamatório não hormonal (ibuprofeno, nimesulina e naproxeno)
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