Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 1/43 Autoria: Dra. Kelly Caselani Arantes Revisão técnica: Dr. Neimar Vanderlei Roncati ÉTICA E BEM-ESTAR ANIMAL BEM-ESTAR DOS ANIMAIS 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 2/43 Introdução Nesta unidade, vamos explorar um pouco mais sobre o bem-estar animal, abordando os aspectos mais importantes relacionados aos dois principais grupos de interesse em medicina veterinária: animais de companhia, representados pelo cão e gato, e animais de produção. Apesar de ser considerada uma ciência relativamente nova, o estudo do bem-estar animal se mostra muito útil não só para evitar o sofrimento desnecessário dos animais mas também para promover experiências positivas ou até mesmo como ferramenta diagnóstica na identi�cação de algumas patologias. Você sabia que um cão que de repente começa a choramingar e sacudir a cabeça de um lado para o outro pode estar com otite? E que um gato que começa a fazer xixi fora da caixa pode estar incomodado com a presença de um novo integrante no ambiente? E que um bovino que procura uma área sombreada para descansar está com calor? Vamos começar estudando as fases de desenvolvimento do comportamento animal nas espécies canina e felina. Na sequência iremos explorar as características do comportamento natural de cães e gatos e suas implicações no bem-estar animal. A partir desse conteúdo compreenderemos que a ausência e a de�ciência em experiências ou a presença de traumas em determinada fase do desenvolvimento terá in�uência no comportamento futuro. Com relação ao tema do bem-estar em animais de produção, conheceremos os principais desa�os enfrentados durante o transporte dos animais até o abatedouro frigorí�co de forma a amenizar o estresse inevitável causado pelo manejo pré-abate e pelo trajeto em si. Por �m, iremos estudar os métodos de insensibilização imediata utilizados no abate destes animais, de forma a conseguirmos diferenciar uma insensibilização adequada de uma insatisfatória, imprescindível no abate humanitário. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 79 minutos. 2.1 Bem-estar dos animais de companhia 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 3/43 Atualmente, observa-se uma mudança comportamental muito importante em nossa sociedade. Os casais estão tendo cada vez menos �lhos e com isso dispondo de mais recursos, ao mesmo tempo que a relação entre o ser humano e os animais de companhia está se desenvolvendo e se tornando cada vez mais próxima. Neste cenário, animais de companhia como cães e gatos estão conquistando o status de membros da família, vivendo mais dentro de casa com seus donos, ganhando espaço, fazendo parte do orçamento familiar, sendo assistidos ao longo de toda a sua vida (SANTANA e OLIVEIRA, 2006). Embora a convivência entre seres humanos e animais de companhia seja cada vez mais comum, a guarda de um animal implica em responsabilidades dos tutores conforme os dispositivos legais vigentes, compromisso ético de desenvolver e manter hábitos e posturas de promoção e preservação da saúde, preservação do meio ambiente e também promoção da saúde e do bem-estar animal (CCD, 2009; ALMEIDA et al., 2014). Há várias de�nições para bem-estar animal, porém uma bastante completa engloba três aspectos diferentes. Do ponto de vista físico, o bem-estar estaria relacionado ao funcionamento biológico do organismo animal e sua capacidade de adaptação ao meio em que está inserido. Na esfera mental, compreenderia a capacidade mental, psicológica e cognitiva do animal como seres senscientes que são. Por �m, sob o aspecto natural, o bem-estar estaria relacionado à capacidade do animal em expressar seu comportamento natural, como se estivesse na natureza desempenhando seu papel biológico e satisfazendo suas necessidades comportamentais (CALDERON, 2010). Por meio de sinais e sintomas podemos identi�car alterações no nível de bem- estar dos animais de companhia, relacionados tanto com o indivíduo quanto com o coletivo. Estes sinais são importantes na busca por um diagnóstico, tratamento de patologia ou para modi�cações no manejo ou ambiente, quando pertinente. Eles podem ser divididos em mentais, físicos e comportamentais. Para a identi�cação dos sinais e sintomas mentais, o clínico veterinário precisa conhecer primeiramente o comportamento natural da espécie em questão, além de desenvolver suas habilidades a �m de reconhecer tal linguagem. Quanto ao aspecto físico é possível identi�car doenças pela simples inspeção individual ou coletiva realizada pelo veterinário, com o auxílio ou não de exames complementares para sua con�rmação. Já na esfera comportamental, muitos sinais e sintomas possuem íntima relação com o estado emocional do animal, e portanto, são indicadores claros de transtornos comportamentais (MALDONADO e GARCIA, 2019). Uma importante causa do comprometimento do bem-estar em animais de companhia como cães e gatos é a de�ciência no entendimento do comportamento natural e das necessidades especí�cas destas espécies. Isso 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 4/43 porque muitas pessoas adquirem animais impulsionadas por um �lme ou novela, pela beleza de um �lhote no pet shop ou pela in�uência de algum famoso que possui um lindo bichinho de estimação. Em consequência deste ato impensado e pela di�culdade em lidar com as necessidades e comportamento natural do animal, é observado com frequência casos de abandono, negligência ou maus-tratos (LIMA e LUNA, 2012). Em animais de companhia, a ciência do bem-estar animal está se desenvolvendo a passos mais lentos quando comparado aos animais de produção. Embora haja abordagens diferentes entre autores sobre o assunto, são comuns os pontos críticos relacionados aos problemas de bem-estar em cães e gatos citados em materiais especí�cos da área. Em gatos, os principais pontos críticos mencionados são doenças, superpopulação felina em áreas urbanas, qualidade de vida de gatos ferais, nutrição e seleção arti�cial. Já para cães, os problemas de bem-estar mais importantes são negligência e crueldade, seleção arti�cial, cirurgias mutilantes, humanização e cuidados mal orientados por parte dos tutores, presença de cães errantes em centros urbanos, utilização de cães em laboratórios e como animais de trabalho (HUBRECHT, 2005; MOLENTO, 2007; ROCHLITZ, 2007). Durante o desenvolvimento, a expressão dos genes e os processos sintéticos que levam ao crescimento das células e aos órgãos até um formato especí�co são dependentes de fatores ambientais. Na vida adulta, muitos genes permanecem ativos, uma ampla variedade de processos corporais é modi�cada a partir de sinais de outras partes do organismo e do mundo externo. O comportamento então é controlado pelo sistema nervoso e executado pelos músculos, ossos etc., do organismo (BROOM e FRASER, 2010). O comportamento dos animais é o resultado do modo como os vários subsistemas nervosos e hormonais interagem entre si e com o mundo externo, sendo importante observar que as características comportamentais próprias de cada espécie auxiliam os animais a satisfazerem suas necessidades biológicas (ZANELLA, 1995; LANTZMAN, 2004). As pessoas que utilizam animais como companhia para alguma forma de trabalho ou lazer, são cientes do comportamento dos animais. Em alguns casos, o comportamento não é aquele que as pessoas desejam, e isso é visto como um problema. Em outros casos, o comportamento é a razão pela qual o animal é útil, tendo resultado positivo ou não para o bem-estar dele (BROOM e FRASER, 2010). 2.1.1 Fases do desenvolvimento 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 5/43 Figura 1 - Gato arranhando o braço do sofá Fonte: MTS_Photo, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem um gato rajado deitado sobre o braço de um sofámarrom arranhado. Como já mencionado anteriormente, para que um problema de bem-estar seja solucionado, ou ao menos minimizado, é fundamental que se conheça o comportamento normal da espécie, como funciona o processo de aprendizagem e os fatores que causam ou agravam um comportamento inadequado. Este conhecimento é importante tanto para o clínico veterinário que investigará e conduzirá o caso quanto para o tutor que, a partir da compreensão da causa da alteração no comportamento do seu animal, será uma peça chave na resolução do problema (HORWITZ e LANDSBERG, 2008). A de�ciência ou ausência de experiências no desenvolvimento do comportamento de animais de companhia in�uenciam o animal no futuro. Isso porque após o nascimento o desenvolvimento do sistema sensorial é determinado pelas experiências vividas. No cão, os momentos sensíveis do desenvolvimento compreendem: período neonatal (até 12 dias de vida), período de transição (13 a 21 dias de vida), período de socialização (entre 3 semana e 3 mês de vida) e período juvenil (12 semana de vida à puberdade - entre 6 e 12 mês de vida). A socialização pode acontecer após estas fases, porém será mais di�cultosa e desa�adora (HOUPT, 2005; FARACO e SOARES, 2013). o o a o a o o 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 6/43 Vamos conhecer um pouco mais essas fases, compreendendo os principais acontecimentos relacionados ao desenvolvimento do comportamento natural do cão (HOUPT, 2005; FARACO e SOARES, 2013). Vejamos, a seguir. Período neonatal 1 Nesta fase o �lhote apresenta imaturidade dos sistemas �siológicos básicos e dos órgãos sensoriais. Há limitações motoras e perceptivas e normalmente seu comportamento é re�exo, passando a maior parte do tempo se alimentando ou dormindo. Ainda não é possível enxergar e ouvir, portanto a busca por alimentos é feita por meio do tato e olfato; e a micção e defecção não espontâneas são dependentes de estimulação nas zonas genital e anal, frequentemente realizada pela mãe ao lambê- los. Já a locomoção é realizada com o recrutamento dos membros anteriores que tracionam os posteriores. Período de transição 2 Fase caracterizada pelo desenvolvimento dos órgãos sensoriais. Comportamentos do período neonatal são substituídos por comportamento exploratório e as habilidades motoras começam a se desenvolver. Surgem os primeiros dentes e os cães brincam se mordendo e rosnando. Micção e defecação agora são espontâneas e o 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 7/43 cão começa a abandonar o ninho e utilizar o mesmo local que a mãe para fazer as suas necessidades. Período de socialização 3 Nesta fase mais importante no desenvolvimento comportamental do cão, já que experiências ocorridas nesse período determinarão comportamentos da fase adulta. O �lhote aprende tudo sobre o ambiente que o cerca, sobre sua mãe e irmãos e sobre as pessoas, conseguindo diferenciar estímulos ambientais ameaçadores dos não ameaçadores. Habilidades comunicativas e de organização social, essenciais para a capacidade de adaptação e interação, são adquiridas e por isso é o momento indicado para o início da educação dos �lhotes. O desmame precoce, antes desta fase, e privação da companhia de outros cães resultará em problemas de comportamento, como medo excessivo e dependência das pessoas. A dependência das pessoas também pode ser causada pela privação de alimentos e esta, por sua vez, resultará em maior ingestão de alimentos pelo animal no futuro. Período juvenil 4 Caracterizado principalmente pelo 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 8/43 Veja a imagem a seguir relacionada com o conteúdo. Figura 2 - Filhotes de cães amamentando Fonte: Marsan, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem filhotes de cães de pelagem marrom enfileirados amamentando na mãe. No que se refere à espécie felina, de acordo com o estudo clássico sobre o gato doméstico foram reconhecidos cinco períodos no desenvolvimento do seu comportamento que podem ser conferidos a seguir. Apesar do período pré-natal não ser mencionado, observa-se que gatas que sofreram de subnutrição durante amadurecimento das capacidades motoras e pelo processo de inserção social. Fase em que se observa rápido desenvolvimento físico e crescente independência. Um ambiente enriquecido neste período é possível proporcionar melhor desenvolvimento da capacidade cognitiva do cão. 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 9/43 a gestação tendem a dedicar menos tempo ao cuidado das crias, além de gerarem machos mais agressivos e tanto machos quanto fêmeas com alguma de�ciência motora (SEKSEL, 2004). - Período neonatal (primeiras duas semanas de vida): assim como no cão, nesta fase o gato permanece grande parte do tempo se alimentando e dormindo, sendo totalmente dependente dos cuidados maternos. Micção e defecação também são dependentes de estimulação perineal, normalmente realizada pela mãe. Tato, olfato e capacidade de detectar o calor auxiliam o �lhote a regular a temperatura corporal, uma vez que esta capacidade ainda não está presente. Apesar das almofadas plantares serem muito sensíveis ao toque e vibração, as mesmas não são à temperatura, detectada com precisão somente pelo nariz e lábio superior. - Período de transição (entre 2 e 3 semanas de vida): fase caracterizada por rápidas mudanças físicas e comportamentais, em que o �lhote torna-se menos dependente da mãe. Olhos e ouvidos estão em desenvolvimento, embora totalmente abertos; olfato já se encontra desenvolvido e dentes começam a aparecer, possibilitando o início da ingestão de alimentos sólidos. Neste período também se inicia o desenvolvimento da capacidade de regulação da temperatura corporal. - Período de socialização (entre 3 e 10 semanas de vida): fase importante para o desenvolvimento do comportamento social da espécie. A privação do contato com a mãe neste período pode causar de�ciências emocionais e comportamentais, gerando normalmente gatos hiperativos, anti-sociais e tímidos, tanto com outros gatos quanto com pessoas. O gato torna-se mais independente, com o ouvido totalmente desenvolvido, capacidade de regular a temperatura corporal equivalente a de um adulto, além da capacidade de se endireitar no ar. As brincadeiras evoluem, sendo reconhecidas três tipos: com objetos, sociais e locomotoras. - Período juvenil (entre 10 semana de vida e maturidade sexual): o gato torna- se ainda mais independente. Capacidades motora e de coordenação se desenvolvem cada vez mais, já comportamentos básicos não sofrem alterações signi�cativas. O sucesso do cão doméstico como espécie depende de sua capacidade de interagir socialmente com os membros de sua própria espécie e, crucialmente, com a humanidade. A interação e�caz depende de um repertório de sinais pelos quais as intenções sociais podem ser expressas, e também a capacidade cognitiva de interpretar o comportamento dos outros (BRADSHAW e ROONEY, 2016). a a a a a 2.1.2 Comportamento social canino 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 10/43 Baseado em estudos de variabilidade genética, muitos pesquisadores acreditam que a espécie canina seja descendente do lobo cinzento (Canis lupus) e que a sua domesticação tenha acontecido há 15 mil anos (GRAMINHANI, 2007). Em relação ao seu comportamento, o cão é um animal muito sociável e comunicativo. De natureza gregária, cooperativa, a�liativa e afetiva, o cão desenvolve mais vínculos afetivos com o grupo do que com o ambiente em que vive (CALDERON et al., 2008). Como as condições de criação e domesticação eliminaram as principais fontes de competição dos cães, suas relações sociais com outros da mesma espécie que habitam o mesmo local são espontâneas e pouco hierárquicas (CASE,2008; EATON, 2011). Apesar disso, a ausência na organização dos recursos oferecidos pelo proprietário pode ocasionar pequenas disputas entre os animais que convivem juntos (SILVEIRA et al., 2016). Um apanhado sobre o comportamento social dos cães descreve que eles gostam de brincar, roer, cavar para esconder comida, arranhar o solo para deixar uma marca visual e o cheiro de suas glândulas sudoríparas, morder (mesmo que por brincadeira), se deitar na terra e demarcar o território com urina. Os machos procuram ininterruptamente por fêmeas no cio e estas, por sua vez, tendem a cruzar com mais de um animal para que a cria tenha múltipla paternidade e, assim, aumente a variabilidade genética (MCGREEVY, 2010). Na natureza os cães vivem em matilhas e seguem um líder. Haverá sempre uma hierarquia independentemente do tamanho da matilha e esta não necessariamente estará relacionada ao porte do animal, ou seja, poderão ser encontrados líderes de porte menor do que seus liderados. Nos lares, o papel do líder é desempenhado pelo tutor e o cão tende a estabelecer uma forte relação de con�ança e companheirismo com ele, tanto que prezam pela sua companhia e sentem sua ausência (GRAMINHANI, 2007). Quanto às manifestações de dominância-submissão, caracterizadas por um repertório de sinais formais, estas não são com o propósito de alcançar uma posição social superior, pois os indivíduos podem partilhar a mesma posição social no contexto doméstico. Um cão, por exemplo, pode ser dominante ao acesso a determinado alimento, mas subordinado a outro em relação aos espaços para dormir. Um cão não necessariamente é dominante por ter melhor controle de alguns recursos oferecidos, porque ele pode estar mais interessado e motivado que o outro cão, sem precisar de qualquer disputa (VAN KERKHOVE, 2004; CASE, 2008; EATON, 2010). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 11/43 Figura 3 - Filhotes de cães brincando Fonte: Otsphoto, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem três filhotes de cães de pelagem branca e marrom brincando em um gramado. O temperamento do cão varia de acordo com a raça e, principalmente, com a forma como é educado. A pessoa que lida com o animal exerce sobre ele grande in�uência e é pelo temperamento do proprietário que o animal baseia sua forma de se comportar (ANDRADE, 1999). Apesar de sociável, alguns comportamentos instintivos do cão podem causar problemas para o tutor. Desta forma, torna-se importante alterar a forma pré- programada que o cão possui para entender certas coisas. Uma atitude perigosa deve ser inibida e técnicas comportamentais podem auxiliar neste processo (ROSSI, 2008.) Os conceitos etológicos também se fazem úteis na garantia do bem-estar animal em situações de convívio coletivo de cães. Utilizando o comportamento animal como ferramenta de trabalho é possível avaliar o estado emocional dos animais de forma individual e coletiva, as interações com outros animais e com humanos, bem como identi�car comportamentos indesejáveis a �m de corrigi- los ou minimizá-los (BARNARD et al., 2014). 2.1.3 Etologia felina: comportamento normal dos gatos domésticos 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 12/43 O comportamento apresentado por um gato é o resultado da inter-relação entre predisposição genética, o que o gato aprendeu de experiências pregressas e o meio atual em que ele se encontra. Embora alguns padrões comportamentais sejam comuns a todos os membros de uma espécie, outros são exclusivos de cada indivíduo. É essencial compreender os padrões normais ou comuns dos gatos, a �m de avaliar os comportamentos que preocupam os proprietários (LEY; SEKSEL, 2018). O gato doméstico, Felis silvestris catus, tem como seu ancestral o gato selvagem africano, Felis silvestris libyca (CROWELL-DAVIS, 2007). O gato doméstico é um pequeno caçador solitário, crepuscular, da família dos felídeos. Os gatos evoluíram em áreas áridas e caçam pequenos animais, como: roedores; rãs; pássaros; e répteis. São caçadores de emboscada, localizam a presa usando a visão e o olfato sensíveis. Depois, aproximam-se da presa silenciosamente até estarem perto o su�ciente para corrida e apreensão súbitas (FOGLE, 1991; LEY e SEKSEL, 2018). O grupo social dos gatos é formado pela fêmea e seus �lhotes. Estes vivem com a mãe por várias semanas após o nascimento até serem maduros o su�ciente para caçarem sozinhos. Caso os �lhotes sejam criados em um ambiente onde os recursos alimentares estejam amplamente distribuídos ou não haja recursos alimentares su�cientes para sustentar muitos adultos, o grupo familiar se dispersará quando os �lhotes estiverem maduros (CROWELL-DAVIS, 2007). A organização social normal de gatos é variável, o que pode ser um dos motivos pelos quais os gatos são tão bem-sucedidos como espécie. Em vez de serem facilmente descritos como um sistema social, são muito variáveis quanto ao modo de viver e se organizar socialmente. Os gatos podem ser encontrados vivendo como animais solitários, intolerantes a outros gatos; como membros de grandes comunidades populosas; e também em qualquer variação entre esses extremos. A composição dos grupos varia conforme a distribuição e a abundância de alimento e o sexo dos gatos. Onde o alimento é abundante, os gatos se juntam e formam grupos estruturados (LEY e SEKSEL, 2018). Grupos de gatos menores são normalmente formados pela mãe e seus �lhotes. Por outro lado, grupos maiores são constituídos por várias fêmeas também acompanhadas pelos seus gatinhos. Um fato curioso é que muitas vezes estas fêmeas possuem parentesco e ajudam umas às outras no cuidado dos �lhotes, na tentativa de facilitar a sua sobrevivência (LIBERG e SANDELL, 1988; MACDONALD et al., 2000). Diferentemente das fêmeas, os gatos machos são classi�cados em centrais ou periféricos. Apesar de não terem o costume de se associarem às fêmeas, alguns estabelecem relação temporária com uma família 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 13/43 de gatas, enquanto outros se relacionam com vários grupos de gatas ao mesmo tempo, sendo o centro das atenções das fêmeas de cada família (CROWELL- DAVIS, 2007). Gatos que vivem em grupos, como em colônias ou residências possuem um padrão de ordem social único com ausência de hierarquia completa e estável: um gato macho assume certa dominância sobre outros gatos a partir do território dominado por ele, e estes não diferem em status. No entanto, quando um gato se aproxima de outro com agressividade, a reação deste é defensiva e não submissa como acontece na espécie canina (BRADSHAW, 2002; BEAVER, 2003). É através do corpo que os gatos enviam mensagens a outros gatos, a outros animais e a seres humanos. O tamanho do corpo, sua forma, a posição das orelhas, o tamanho das pupilas, o tamanho e a posição da cauda e a visibilidade de armas, como os dentes, transmitem mensagens importantes aos outros animais. Em termos gerais, um gato con�ante �ca de pé e igualmente distribuído nas quatro patas, com a cauda para cima ou no nível das costas e as orelhas voltadas para frente. Um gato que vai atacar, em geral, faz-se parecer maior �cando de pé e arrepiando os pelos. A cauda também se eleva, e seus pelos �cam eriçados. Quando um gato realmente quer transmitir uma mensagem a um oponente que já está pronto para lutar se o outro não bater em retirada, ele arqueará as costas. Já quanto mais amedrontado estiver um gato, mais próximo do chão seu corpo estará, sendo que um gato inseguro pode recuar, com frequência baixando o dorso e, ao mesmo tempo, mantendo as pernas dianteiras prontas para lutar (LEY e SEKSEL, 2018). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 14/43 Figura 4 - Gato amedrontado Fonte: Elena Rozhenok, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem um gato rajado deitado no chão com a cabeça baixa, orelhas voltadas para frente, olhosatentos e testa franzida, demonstrando medo. Em se tratando de situações em que o gato assume postura ofensiva em relação a outro animal ou pessoa, como comentado anteriormente, ele emite sinais por meio de mudanças características na expressão facial, como: bigodes rotacionados para frente; boca fechada; orelhas rotacionadas lateralmente; contração de pupilas; abertura de pálpebras; olhar �xo; e intenso ou até mesmo indiferente. Estas alterações fazem então com que sua face tome um formato triangular (VIRGA, 2005). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 15/43 A reputação tradicional do gato é ser uma espécie solitária e altamente simplista. Grande parte do comportamento desse animal é dedicado à sua relação com outros indivíduos. Segundo Jensen (2002, p.215) “[...] o gato mostra uma variação no seu comportamento social, desde viver solitário, até viver em grandes grupos, em uma gama de densidades populacionais.” Fonte: JENSEN, P. The ethology of domestic animals: an introductory text. Paperback: CABI Publishing, 2002. 215p. Considerando o conhecimento sobre o comportamento social felino é correto a�rmar que: a. Grupos de gatos formados e estabelecidos resistem à introdução de novos gatos. b. Grupos de gatos são normalmente formados por fêmeas adultas, �lhotes e machos adultos. c. Gatos reagem de forma submissa à aproximação agressiva de outros gatos. d. Filhotes de gatos aprendem a caçar observando os pais. e. Gatos jovens se socializam mais facilmente com humanos na ausência das mães. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 16/43 Os gatos também criam sinais visuais de longo prazo que permanecem mesmo após eles deixarem o local. O mais comum e proeminente deles é o ato de arranhar superfícies, incluindo troncos de árvore, postes, e objetos semelhantes. A área arranhada deixa a informação de que o indivíduo que fez a marca era su�cientemente forte e saudável para ter causado o dano (CROWELL-DAVIS, 2007). Quanto à comunicação vocal dos gatos, observa-se que ela está presente em três situações distintas da vida do animal, cada qual com suas particularidades: na comunicação com humanos, na comunicação com �lhotes ou no período reprodutivo (CARVALHO et al., 2016). Apesar das inúmeras variações, são três principais tipos de sons produzidos pelos gatos (CROWELL-DAVIS, 2007; LEY e SEKSEL, 2018). Vejamos a seguir. - Sons feitos com a boca fechada: ronronado - saudação amigável, solicitação de cuidados ou em menor frequência, indicando dor extrema; e trinado - saudação; - Sons produzidos com a boca inicialmente aberta e depois fechada: miado - de muitas formas diferentes, ocorre durante interações amistosas com outros gatos. Em relação a interação com os humanos, por estes serem muito receptivos ao miado, muitas vezes ele se torna o sinal utilizado pelo gato para indicar que deseja ser alimentado, acariciado, ou receber outro tipo de cuidado; - Sons mantidos com a boca aberta: rugido, uivo, rosnado, sibilo e som de cuspir - agressão, sendo que os três primeiros são utilizados para sinalizar que estão ameaçando ou atacando ativamente e os dois últimos, quando são ameaçados ou atacados. Em relação à comunicação olfativa dos gatos, ela é feita principalmente por meio dos feromônios. Os feromônios são substâncias especí�cas liberadas, especialmente, pelas glândulas sebáceas dos gatos localizadas nas regiões da cabeça, entre os dedos e perianal. Esta comunicação parece ser importante para eles, já que a frequência com que se esfregam e se cheiram nestes locais é alta. Além disso, os feromônios ajudam na marcação territorial criando mecanismos de alerta ou segurança para animais conhecidos, invasores ou ainda, para o próprio reconhecimento (CROWELL-DAVIS, 2007). A urina e as fezes também parecem ser utilizadas na comunicação olfativa (CROWELL-DAVIS, 2007). A urina borrifada em superfícies verticais pode ser de odor bem forte e funciona para informar aos outros gatos quanto ao sexo e à VERIFICAR 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 17/43 condição sexual do gato que reclama o território. Antes de borrifar a urina, o gato pode cheirar a área e mostrar uma resposta �ehmen (enrugamento do lábio superior com abertura da boca). A seguir, voltará as costas para a superfície vertical e ejetará um pequeno e forte jato de urina na superfície. O animal costuma manter a cauda ereta e agitá-la, conforme a urina é eliminada (LEY e SEKSEL, 2018). Quanto à organização do tempo, embora se acredite que os gatos tenham comportamento noturno, eles são mais bem classi�cados como animais crepusculares, já que são mais ativos ao amanhecer e ao anoitecer. Tendem a passar mais tempo descansando. Durante o tempo quente, os gatos despendem mais tempo deitados estirados, enquanto, em dias mais frios, passam mais tempo enrolados (LEY e SEKSEL, 2018). Os comportamentos de autolimpeza e autocuidados de sobrevivência como caça, pilhagem e alimentação consomem 50% do tempo do gato (ECKSTEIN e HART, 2000). Com a valorização da produção, alguns sistemas produtivos desenvolveram sistemas de criação que priorizaram essa prática de tal forma que os animais deixaram de ser tratados como seres vivos, transformando-se em pseudomáquinas. Isso causou enormes males a muitos deles, que passam suas vidas em espaços insigni�cantes, muitas vezes podendo somente levantar-se e deitar-se, sem qualquer contato social com outros de sua espécie, contrariando totalmente a sua natureza (ROLIM, 2014). 2.1 Bem-estar dos animais de produção 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 18/43 O conceito de bem-estar animal em animais de produção surgiu no Reino Unido, em 1965, após pressão popular em consequência à indignação da população com a publicação do livro Animal Machines (Animais Máquina) de Ruth Harrison (1964). Em seu livro, a jornalista e escritora inglesa denunciou situações de maus-tratos vividas por animais criados em sistemas de con�namento. Na ocasião, um comitê nomeado Comitê Brambell, foi formado por um grupo de pro�ssionais das áreas de agricultura e pecuária com o intuito de aprofundarem os estudos a respeito do tema. De acordo com os pesquisadores, as práticas restritivas de manejo comumente utilizadas em sistemas intensivos de criação estavam provocando distúrbios físicos e emocionais nos animais. Por isso, houve uma recomendação de que se O artigo Consequências da Seleção Arti�cial para o Bem-estar Animal, de Sans et al. (2018), publicado na Revista Ciência Animal apresenta o impacto da seleção arti�cial sobre a qualidade de vida dos animais de companhia e de produção, estimulando uma re�exão relevante e atual sobre o tema. Clique no botão a seguir. Acesse (https://periodicos.pucpr.br/index.php/cienciaanimal/article/view/23742.) VOCÊ QUER LER? Foi no Reino Unido, em 1822, que surgiu a primeira lei em relação ao bem- estar animal, preocupada com o desenvolvimento de técnicas para melhoria das condições de criação animal da época. VOCÊ O CONHECE? https://periodicos.pucpr.br/index.php/cienciaanimal/article/view/23742. 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 19/43 revisasse a legislação de proteção animal para assegurar a cada um, independentemente da espécie ou do sistema de produção, a liberdade para se levantar, deitar, virar, esticar os membros e realizar cuidados corporais. Essas recomendações, que �caram conhecidas como as cinco liberdades, impulsionaram novas pesquisas, iniciativas políticas e legislativas para promover o bem-estar dos animais, não se restringindo apenas em prevenir situações críticas de sofrimento, mas buscando também propiciar condições para que os animais desfrutem de uma boa qualidade de vida (BRASIL, 2019). Figura 5 - Vacas deleite se alimentando em sistema de confinamento Fonte: Rafapress, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem uma fileira de vacas de leite pretas e brancas se alimentando em cocho com feno. Os princípios das cinco liberdades são válidos até hoje, porém somente agora vêm sendo aplicados efetivamente. Isso graças a ações mercadológicas impulsionadas por um movimento de caráter humanitário, que se utiliza de ferramentas de mercado, propondo que somente sejam consumidos produtos originários de sistemas que adotam os princípios de respeito à vida, ou melhor, às condições mínimas da vida animal com qualidade. Infelizmente, as pressões mercadológica acabam sendo mais e�cientes para a obtenção de resultados que a razão e percepção humanas (ROLIM, 2014). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 20/43 Em razão deste cenário, normas e padrões internacionais têm sido estabelecidos por várias organizações internacionais relacionadas a segurança alimentar e saúde animal, visando a garantia do bem-estar animal. Estas organizações têm tratado o tema bem-estar animal como questão prioritária. Algumas delas são: FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) e EFSA (European Food Safety Authority) (OIE, 2017). No Brasil, a legislação de bem-estar animal teve início com o Decreto n. 24.645 de 1934, que estabelece medidas de proteção animal. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo n. 225, dota o poder público de competência para proteger a fauna e a �ora, vedando práticas que submetam os animais à crueldade. Adicionalmente, a Coordenação de Boas Práticas e Bem-estar Animal (CBPA) busca fomentar o desenvolvimento e o conhecimento técnico sobre o tema de forma a promover o aprimoramento das legislações nacionais em conjunto com demais unidades do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2016). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 21/43 No cenário da produção, segundo Grandin (2014, online), “[...] existem dois principais tipos de problemas de bem-estar animal, um associado às ações humanas, o qual inclui o abuso e a negligência, e o outro relacionado à inadequação de processos e/ou equipamentos, os quais devem ser modi�cados para melhorar o bem-estar dos animais.” Um estudo com o objetivo de avaliar o valor preditivo positivo de Campylobacter spp. em frangos de corte quando parâmetros relacionados aos animais como dermatite na planta do pé, queimaduras de jarrete, lesões corporais e artrite são identi�cados em condições comerciais (alta densidade) foi realizado na França. Para isso, foram analisados 32 lotes de aves na granja e no abatedouro- frigorí�co, abatidos entre abril e agosto de 2008, em seis diferentes frigorí�cos. As amostras foram obtidas a partir de conteúdos fecais e de pele do conjunto peito-pescoço. Na granja, lotes com mais de 25% dos animais com lesões graves entre 25% e 50% na planta do pé foram preditivos positivos para Campylobacter, enquanto que lotes onde menos de 13 indivíduos tinham artrite foram considerados Campylobacter-negativo. Segundo Alpigiani et al. (2017) um ambiente pobre em bem-estar pode resultar em estresse, reduzindo a imunocompetência das aves e tornando-as mais suscetíveis a Campylobacter spp. Além disso, a infecção por Campylobacter spp. pode levar ao comprometimento da defesa e a suscetibilidade a outros patógenos, resultando em maior excreção intestinal. O baixo bem-estar e a alta taxa de crescimento levam a problemas digestivos que resultam em umidade da cama de frango. Por �m, a umidade da cama que, entre outros fatores, causa dermatite na planta do pé também pode in�uenciar a transmissão horizontal de Campylobacter spp. devido ao comportamento coprofágico normal das aves. Como conclusão, os autores sugerem reduzir os problemas de bem-estar por meio de um melhor manejo das condições de criação. Isso não só melhoraria o bem-estar das aves, mas, também, diminuiria os riscos de contaminação por Campylobacter, de condenação de carcaças e de perda econômica para a indústria avícola (ALPIGIANI et al., 2017). ESTUDO DE CASO 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 22/43 O sistema de produção mais criticado é a criação das poedeiras comerciais, devido principalmente à debicagem e à criação das aves em gaiolas. Já na criação de frangos de corte, a densidade, a ambiência e o manejo pré-abate são considerados os principais fatores que in�uenciam o bem-estar dos frangos (ROCHA et al., 2008). Em suínos, comportamentos anormais, tais como as estereotipias, a automutilação, o canibalismo, a agressividade excessiva e a apatia indicam condições desfavoráveis ao seu bem-estar (ZANELLA, 1995; BROOM e MOLENTO, 2004). Na produção leiteira, pontos críticos de bem-estar são as restrições comportamentais, decorrentes do con�namento, decréscimo da fertilidade e longevidade em consequência da seleção genética para alta produção, além do aumento nos índices de doenças inerentes à produção (GREGORY, 1998; OLTENACU e ALGERS, 2005). Entretanto, é possível aliar sistemas de produção e�cientes e bem-estar animal. Muitas vezes os con�itos existentes entre os dois setores podem ser resolvidos ou pelo menos minimizados. Dentre os benefícios �nanceiros diretos ou indiretos que a ciência do bem-estar pode proporcionar para os sistemas produtivos são: redução no uso de medicamentos, melhoria na qualidade dos produtos, redução nos índices de mortalidade e morbidade, aumento da resistência às doenças, e consequente satisfação dos trabalhadores e produtores rurais envolvidos por agregarem valor nestes produtos (DAWKINS, 2017). 2.1.1 Transporte de animais de produção: principais desafios Uma reportagem realizada em uma fazenda do interior de São Paulo mostra o trabalho do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO) liderado pelo pesquisador e professor Matheus J. R. Paranhos da Costa acerca do bem-estar no manejo de bezerros da bovinocultura de leite. Clique no botão a seguir. Acesse (http://www.grupoetco.org.br/videos2.html) VOCÊ QUER VER? http://www.grupoetco.org.br/videos2.html 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 23/43 O transporte e a espera no frigorí�co constituem fatores chave na cadeia de produção, tanto do ponto de vista do bem-estar animal quanto da qualidade do produto. Um mau manejo dos animais nestes momentos pode gerar perdas importantes no que se refere à qualidade de carcaça (perda de peso vivo por desidratação, hematomas, lesões, petéquias, descartes por injeções ou outros) e de carne (carnes DFD - dark, �rm and dry e PSE - pale, soft and exudative) (DEL CAMPO, 2016). Von Borell (2001) a�rma que o transporte é considerado o principal estressor para animais de produção, podendo ter efeitos deletérios na saúde, bem-estar, desempenho e, em última análise, na qualidade do produto. Figura 6 - Transporte de suínos em caminhão próprio Fonte: Bruce Raynor, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Na imagem um caminhão com três andares de suínos agrupados em sua carroceria. Tarrant e Grandin (2000) caracterizaram o processo de transporte e a�rmam que ele se inicia com a sua preparação, o que inclui carregamento, con�namento (com e sem movimento), descarregamento e con�namento em ambiente novo e desconhecido. Os autores ainda mencionam que o transporte, pela sua própria natureza, é um evento desconhecido e ameaçador na vida de um animal, já que envolve uma série de situações de manejo e con�namento que são 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 24/43 inevitavelmente estressantes e podem causar angústia, ferimentos ou mesmo a morte do animal. Durante o transporte os animais são expostos a estresses ambientais, como calor, frio, umidade, ruído, movimento e reagrupamento social. O primeiroestágio do transporte é a seleção e inspeção dos animais para veri�car se eles estão aptos a viajar, uma vez que é impossível garantir um bom bem-estar animal durante o transporte se o animal estiver inapto (GRANDIN, 2001). Sobre a aptidão dos animais para o transporte, Grandin (2001) recomenda algumas precauções para cada situação que se encontra o animal. Vejamos, a seguir. Animais enfraquecidos, doentes ou gravemente coxos não devem ser transportados a menos que sejam con�nados em uma área separada do veículo. Animais que estão nos estágios �nais da gravidez com probabilidade de dar à luz enquanto estiverem no veículo não devem ser transportados. Os animais não devem ser transportados para longas distâncias (mais de uma hora) imediatamente após o desmame. Os animais não vacinados não devem ser transportados para fora do local de origem. Arrastar animais que não podem andar deve ser proibido (SMITH et al., 2004). Animais adoecidos Animais na gravidez Animais em longa distância 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 25/43 Os animais devem então ser embarcados no veículo de transporte, que pode ser um veículo de estrada, de ferrovia ou uma embarcação. Todos, exceto os piores veículos, oferecem alguma sombra e algum abrigo para chuva ou outro fenômeno climático, importantes no bem-estar da viagem. O conforto dos animais durante o transporte é altamente dependente do modelo do veículo, da técnica ao dirigir e das estradas a serem utilizadas. Bovinos são normalmente transportados em veículos de piso único, mas suínos e ovinos podem ser transportados em veículos de dois ou três andares. Já as aves são em geral carregadas em caixas (BROOM e FRASER, 2010). De acordo com Broom e Fraser (2010), veículos com rampas de embarque muito inclinadas causam baixo grau de bem-estar em todos os animais embarcados. Uma pessoa, em razão de suas atitudes, também pode causar altos níveis de estresse nos animais. Para todas as espécies, amarrar os animais dentro de um veículo em movimento pode causar grandes problemas e, para bovinos e suínos, qualquer mistura de animais pode causar um grau de bem-estar muito baixo. A falta de responsabilidade �nanceira por ferimentos, hematomas e outras perdas que ocorram durante os procedimentos de transporte é um dos fatores que contribuem para os problemas mais graves de bem-estar animal nesta etapa. Segundo Grandin (2001) é altamente recomendável que os programas de seguro e contratos de transporte sejam estruturados a �m de recompensar tanto os motoristas quanto os manipuladores por reduções em hematomas, lesões e perdas por retirada de partes prejudicadas por problemas durante o transporte. No planejamento do transporte, também deve-se levar em consideração a temperatura, a umidade e os riscos de transmissão de doenças. As condições físicas reais, como temperatura e umidade, podem se alterar durante a viagem e requerem ação por parte da pessoa responsável pelos animais. Já a doença é uma das causas principais de baixo grau de bem-estar em animais Os animais não devem ser transportados para longas distâncias (mais de uma hora) imediatamente após o desmame. Os animais não vacinados não devem ser transportados para fora do local de origem. Animais sem vacina 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 26/43 transportados. Danos e mau funcionamento tecidual, efeitos patológicos resultantes de patógenos presentes anteriormente e transmissão de patógenos podem levar ao aumento de doenças e devem ser considerados (BROOM e FRASER, 2010). Como já dito anteriormente, oferecer boas condições durante o transporte de animais de produção minimiza o estresse da viagem, portanto proporcionar um clima ou microclima adequado no interior do caminhão é fundamental. Altas densidades não são indicadas, podendo causar estresse térmico nos animais, uma vez que provocam aumento de temperatura, brigas, além de cansaço adicional por falta de espaço (DEL CAMPO, 2016). Complementarmente, no transporte de aves, a ausência no fornecimento de água associada ao espaço limitado, impede a abertura de asas, importante na dissipação do calor, podendo inclusive causar mortalidade (BRAGA et al., 2018). Já quanto aos intervalos para alimentação, estes devem ser feitos somente para viagens longas para atender às necessidades �siológicas e comportamentais dos animais. A ingestão de alimentos durante o trajeto pode levar a enjoos e aumento da contaminação da carcaça no abate em decorrência do conteúdo gastrointestinal presente (DEL CAMPO, 2016). Em relação à in�uência da genética no transporte dos animais, a seleção de animais de produção para reprodução foi dirigida especialmente para a maximização da produtividade, o que, em algumas espécies, causou consequências para o bem-estar. Por exemplo, alguns bovinos de alta taxa de crescimento apresentam desordens nas articulações que resultam em dor durante o transporte. O mesmo ocorre com frangos de corte de alta taxa de crescimento que podem apresentar uma alta incidência de desordens nas patas (BROOM, 1994). Desde que as condições de transporte sejam boas e a viagem não seja prolongada, os principais problemas de bem-estar causados pelo transporte são resultantes do embarque (KNOWLES et al., 1995; BROOM et al., 1996). Um dos estressores do embarque é o exercício físico forçado à medida que os animais são conduzidos ao veículo. Em segundo lugar, há o estresse psicológico causado pela novidade do animal ser conduzido a um local desconhecido. Por �m, a dor em consequência do manejo inadequado pode levar ao estresse dos animais. O manejo sem a utilização de varas ou bastões elétricos resulta em maior grau de bem-estar e menor risco de problemas (BROOM e FRASER, 2010). 2.1.2 Abate de animais de produção: mecanismos de insensibilização imediata 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 27/43 Antigamente, o homem se preocupava, principalmente, com o lucro e a exploração de animais, no entanto as visões da sociedade estão cada vez mais caracterizadas por sentimento de solidariedade e pelo reconhecimento de que os animais têm direitos e que estes devem ser respeitados. Geralmente o nível de cuidado tende a reduzir próximo ao abate, entretanto o homem tem a obrigação de garantir que as melhores condições possíveis sejam fornecidas a todos os animais que são destinados a ele (CORTESI, 1994). Abate humanitário é de�nido como aquele conjunto de operações técnicas e cientí�cas que promovem o bem-estar dos animais desde que são embarcados na propriedade até a operação de sangria já dentro das dependências do frigorí�co. Somente é permitido o abate de animais com o emprego de métodos humanitários, com prévia insensibilização, baseada em princípios cientí�cos, seguida de imediata sangria (GOMIDE e RAMOS, 2014; BRASIL, 2017). A insensibilização ou o atordoamento pode ser considerado a primeira operação do abate propriamente dito. Determinado pelo processo adequado, a insensibilização consiste em colocar o animal em um estado de inconsciência, que perdura até o �m da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível (GIL e DURÃO, 1985). O abate humanitário engloba desde o manejo dos animais na fazenda, transporte, até o manejo dentro do abatedouro, contemplando a recepção dos animais, insensibilização e sangria. Além disso, é necessário que haja a preocupação com todos esses segmentos para que o bem-estar animal adequado seja garantido no manejo pré-abate e abate. A respeito do abate humanitário, avalie as a�rmativas, a seguir. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 28/43 De acordo com Grandin (2017), os sinais mais importantes a serem observados à distância em um animal devidamente atordoado independentemente da espéciesão: cabeça relaxada, língua relaxada e pendurada para fora, e em bovinos e suínos costas e cabeça inclinadas para baixo sem arqueamento para trás. A autora ainda menciona que animais apresentando estes sinais estarão I. Os animais devem estar em jejum para serem transportados. II. O transporte é uma das etapas mais importantes do abate humanitário e se realizado de forma inadequada pode comprometer a qualidade da carcaça. III. O uso de bastão elétrico é indicado no desembarque dos animais no abatedouro-frigorí�co para que os animais se movam com mais rapidez. IV. A insensibilização é uma etapa imprescindível do abate humanitário, sendo responsável por deixar o animal inconsciente até o início da sangria. V. A insensibilização com pistola de dardo cativo penetrativo é a mais utilizada no abate de aves. Com base no conhecimento adquirido, assinale a opção que apresenta apenas as assertivas corretas. a. I, III. b. II, IV, V. c. I, II. d. III, IV, V. e. IV, V. VERIFICAR 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 29/43 insensíveis e piscarão, mas que outros re�exos oculares estarão ausentes e que o movimento dos membros para todos os métodos de atordoamento deve ser ignorado, atentando-se para a observação da cabeça. Os métodos de insensibilização imediata para abate humanitário no Brasil classi�cam-se em: métodos mecânicos e métodos elétricos. (BRASIL, 2000). Vejamos cada um, detalhadamente, a seguir. Percussivo penetrativo: realizado com pistola com dardo cativo, acionado por ar comprimido (pneumáticas) ou cartucho de explosão; percussivo não-penetrativo: apenas realizado por pistolas de dardos de percussão, que causam a concussão com o impacto, sem a penetração do dardo no crânio do animal. Métod os mecân icos (concu ssão) Temple Grandin é a mais bem sucedida e célebre pro�ssional norte- americana com autismo, altamente respeitada no segmento de manejo pecuário/bem-estar animal. Ela revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros. É autora de mais de 400 artigos publicados em revistas cientí�cas e periódicos especializados, tratando de manejo de rebanho, instalações e cuidados dos animais/bem-estar animal. VOCÊ O CONHECE? 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 30/43 De forma geral, a insensibilização por concussão é um método que provoca um choque físico no cérebro. A concussão cerebral é geralmente caracterizada por um curto distúrbio da função cerebral normal que resulta em: comprometimento repentino e relativamente breve da consciência, paralisação da atividade neural e perda da memória (LUDTKE et al., 2015). Como vimos anteriormente, há dois tipos de pistola com dardo cativo: penetrativas e não-penetrativas, podendo ser acionadas manualmente, através do gatilho ou com disparo automático, quando em contato com o crânio do bovino. A fonte de energia que lança o dardo cativo, também em ambos os tipos, pode ser obtida por cartucho de explosão ou por ar comprimido (pistolas pneumáticas). O princípio de funcionamento é parecido com o de uma arma. Ao ser acionada, o dardo é lançado e contido pela �ange e, após atingir o crânio do animal, a energia propulsora é absorvida pelos anéis extratores fazendo com que o dardo retorne a posição inicial (LUDTKE et al., 2012). Uso de corrente elétrica, que deve atravessar o cérebro do animal. Deve ser realizado pelo uso de eletrodos (animais maiores) especiais que garantam o perfeito contato com a pele, sendo, no entanto, permitido o uso de equipamentos de imersão quando da insensibilização de aves. Métod o elétric o (eletro narcos e) 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 31/43 Figura 7 - Dardo cativo e pistola utilizados para insensibilização mecânica Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na figura há um dardo cativo de aço, demonstrando suas partes: haste, flange e êmbolo e de uma pistola onde o dardo cativo é inserido, também evidenciado suas partes, dentre elas: haste, anéis, extratores, flange, êmbolo, cartucho e gatilho. A - haste do dardo cativo; B - arruela frontal; C - anéis extratores da arruela traseira e arruela do flange; E - flange; F - êmbolo cativo; G - câmara de combustão; H - culatra; I - cartucho; J - martelo ou bloco percussor; K - cão; L- câmara do flange; M – gatilho. No Brasil, a pistola de dardo cativo penetrativa é a mais utilizada na insensibilização de bovinos. Ela provoca concussão cerebral, sendo que a penetração do dardo lançado por ela causa hemorragia, lesão com perda de tecido neural e, portanto, danos irreversíveis. A respiração e os movimentos voluntários cessam após a insensibilização, porém podem ser observados movimentos involuntários dos membros, denominadas “pedaladas” (TREVIÑO et al., 2010). Por outro lado, as pistolas de dardo cativo não-penetrativas causam depressão no osso frontal, mas sem perfuração. O impacto causa hemorragias, alteração na pressão intracraniana e formação de vacúolos no tecido cerebral, podendo provocar perda temporária ou permanente da consciência. Como não há perfuração do crânio, a perda da consciência pode ser curta, por isso o tempo entre o disparo da pistola e a sangria deve ser o mais rápido possível, não ultrapassando 30s (LUDKE et al., 2015) 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 32/43 Independentemente do tipo de pistola utilizada, a mesma deve ser posicionada corretamente de acordo com a espécie animal, conforme podemos observar abaixo (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). A pistola deve �car perpendicular à cabeça e em contato com o crânio na hora do disparo, assim, o dardo penetrará totalmente e atingirá as principais estruturas cerebrais responsáveis por deixar o animal inconsciente. Caso opte-se utilizar a pistola não penetrativa a posição para a insensibilização deverá ser 2 cm acima do local indicado (LUDTKE et al., 2012). 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 33/43 Figura 8 - Posicionamento correto da pistola de dardo cativo utilizada na insensibilização das diferentes espécies animais Fonte: Elaborada pela autora, 2021. #PraCegoVer Na imagem a cabeça das espécies bovina, caprina, ovina e suína vista de frente e lateralmente, com a indicação correta do posicionamento da pistola de dardo cativo demonstrado por meio de uma seta. A eletronarcose, método elétrico de insensibilização, é o mais utilizado para suínos, caprinos e aves no Brasil (HENCKEL, 1998; PRÄNDL et al., 1994). É um método que induz choque elétrico ou estado epiléptico no cérebro e deve durar o tempo necessário para que a sangria seja realizada e o animal morra de anoxia cerebral. A corrente elétrica alternada de baixa voltagem é aplicada através dos eletrodos posicionados por meio de pinças em ambos os lados do cérebro e estes nunca devem ser colocados em áreas sensíveis, como olhos, interior dos 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 34/43 ouvidos ou reto. Uma vez que o cérebro destes animais é pequeno, os eletrodos devem ser posicionados com precisão e �rmeza no alto das laterais da cabeça (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). Outra forma de posicionar os eletrodos é colocando um sob a mandíbula e outro na lateral do pescoço, atrás da orelha. Por este tipo de insensibilização ser reversível e o animal recuperar a consciência, a sangria deve ser realizada imediatamente após o atordoamento (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). As aves ainda podem ser insensibilizadas eletricamente utilizando um dispositivo operado manualmente ou uma cuba de imersão automática. A intensidade da corrente é uma combinação da amperagem com a voltagem e a instalação de um medidor de corrente é importante para garantir a combinação correta (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). Durante o choque, suínos, ovinose caprinos apresentam membros estendidos, costas e cabeça arqueadas e olhos fechados. Após 10 segundos ou mais, os músculos relaxam gradualmente, seguido de movimentos de “pedalada”. Neste estágio os eletrodos devem ser removidos, uma vez que a insensibilização está completa (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). Uma revisão de literatura de estudos realizados em plantas de abate sustenta o conceito de uma zona de transição entre a consciência e a inconsciência. Para elucidar esta avaliação é recomendado separar os sinais de consciência de�nitiva dos sinais de inconsciência ou morte. Sendo assim, qualquer um dos seguintes sinais é um indício de que o animal está consciente e precisa ser imediatamente atordoado: postura em pé, re�exo de endireitamento de cabeça ou corpo, vocalização voluntária, piscar de olhos espontâneo (sem toque) - não confundir com nistagmo (olhos vibrando), perseguição ocular e, resposta à ameaça ou teste de ameaça (sem toque) - acenar na frente dos olhos e não confundir com nistagmo (TERLOUW et al., 2016). A má manutenção de equipamentos é a principal causa de insensibilização insatisfatória, portanto os instrumentos de atordoamento devem ser limpos e inspecionados regularmente, de acordo com as instruções do fabricante (CHAMBERS e GRANDIN, 2001). Além disso, para evitar ou mitigar efeitos negativos provenientes do manejo no momento do abate, o frigorí�co deve oferecer treinamento aos seus funcionários, para que sejam capazes de desenvolver seu trabalho com segurança, reduzindo situações de risco que possam levar ao sofrimento dos animais (HSA, 2013). CONCLUSÃO 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 35/43 Nesta unidade abordamos os principais conceitos, questões e desa�os na área de bem-estar animal relacionados às espécies de animais de companhia mais relevantes, além dos animais de produção. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: conhecer as diferentes fases do desenvolvimento do comportamento animal natural de animais de companhia; aprender e diferenciar os comportamentos das principais espécies de animais de companhia a saber: cães e gatos; identi�car os principais desa�os no bem-estar do transporte de animais de produção; conhecer os diferentes métodos de insensibilização imediata utilizados no Brasil no abate humanitário de animais de produção. Clique para baixar conteúdo deste tema. ALMEIDA, J. F.; et al. Educação humanitária para o bem-estar de animais de companhia. Enciclopédia Biosfera, Centro Cientí�co Conhecer, [s.l], v. 10, n. 18, p. 1366-1374, 2014. ALPIGIANI, I.; et al. Associations between animal welfare indicators and Campylobacter spp. in broiler chickens under commercial settings: a case study. Preventive Veterinary Medicine, v. 147, p. 186-193, 2017. Referências 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 36/43 ANDRADE, A. C. Cães para iniciantes. São Paulo: Nobel, 1999. BARNARD, S.; et al. Shelter quality. Welfare assessment protocol for shelter dogs. Istituto Zoopro�lattico Sperimentale dellA’bruzzo e del Molise “G. Carporale”, Italia, 2014. BEAVER, B. V. Feline behavior: a guide for veterinarians. 2. ed. St. Louis: Saunders, 2003. BRADSHAW, J. W. S. The behavior of the domestic cat. 3. ed. Wallingford: CAB International Publishing, 2002. BRADSHAW, J.; ROONEY, N. Dog social behavior and communication. In: SERPELL, J. The domestic dog: its evolution, behavior and interactions with people. Cambridge: Cambridge University Press, p. 133-159, 2006. BRAGA, J. S.; et al. O modelo dos “cinco domínios” do bem-estar animal aplicado em sistemas intensivos de produção de bovinos, suínos e aves. Revista Brasileira de Zoociências, [s.l], v. 12, n. 2, p. 204-226, 2018. BRASIL. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Estudo da estrutura institucional e regulatória nacional e internacional em bem-estar de animais de produção. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação. Brasília: MAPA/AECE, 2019. BRASIL. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produção animal. Boas práticas e bem-estar animal. Legislação. 2016. Disponível em: (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao- animal/boas-praticas-e-bem-estar- animal/legislacao)https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/producao-animal/boas-praticas-e-bem-estar- animal/legislacao (https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/producao-animal/boas-praticas-e-bem-estar- animal/legislacao). Acesso em: 19 jun. 2021. BRASIL. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto no 9.013, de 29 de março de 2017. Regulamenta a Lei n. 1.283, de 18 de dezembro de 1950, e a Lei n. 7.889, de 23 de novembro de 1989, https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/boas-praticas-e-bem-estar-animal/legislacao https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/boas-praticas-e-bem-estar-animal/legislacao 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 37/43 que dispõem sobre a Inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal-RIISPOA. Diário O�cial [da] União da República Federativa do Brasil, Brasília – DF, 29 mar. 2017. BROOM, D. M. The effects of production e�ciency on animal welfare. In: HUISMAN, E.; et al. Biological basis of sustainable animal production. Proceedings of the 4th Zodiac Symposium. EAAP Publications, n. 67, Wageningen: Wageningen Pers, p. 201-210, 1994. BROOM, D. M.; FRASER, A. F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4. ed. São Paulo: Manole, 2010. BROOM, D. M.; GOODE, J. A.; HALL, S. J. G.; LLOYD, D. M.; PARROT, R. F. Hormonal and physiological effects of a 15 hours journey in sheep: comparison with the responses to loading, handling and penning in the absence of transport. British Veterinary Journal, v. 152, p. 593-604, 1996. BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar animal: conceitos e questões relacionadas. Archives of Veterinary Science, [s.l], v. 9, n. 2, p.1-11, 2004. CALDERON, N. Bienestar animal. Revista de la Academia Colombiana de Ciencias Veterinarias, Colômbia, v. 1, n. 2, p. 50, 2010. CALDERON, N. A. et al. Guia Prático Curso de Formação de O�ciais de Controle Animal (FOCA). 2. ed. Instituto Técnico de Educação e Controle Animal. 2008. CARVALHO, P. C. F. B.; NUNES, V. F. P.; MALDONADO, N. A. C. Aspectos do comportamento felino. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, n. 83, 2016. CASE, L. Perspectives on domestication: the history of our relationship with man’s best friend. Journal of Animal Science, [s.l], v. 86, p. 3245– 3251, 2008. CCD. Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Programa de controle de populações de cães e gatos do Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista – BEPA, Suplemento 07, v. 6, 2009. Disponível em: (https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publicacoes- ccd/manuais-normas-e-documentos- https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publicacoes-ccd/manuais-normas-e-documentos-tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_-_manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_sao_paulo_-_2009.pdf 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 38/43 tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_- _manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_s ao_paulo_- _2009.pdf)https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publ icacoes-ccd/manuais-normas-e-documentos- tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_- _manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_s ao_paulo_-_2009.pdf (https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publicacoes- ccd/manuais-normas-e-documentos- tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_- _manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_sao_paulo_-_2009.pdf). Acesso em: 15 jun. 2021. CORTESI, M. L. Slaughterhouses and humane treatment. Revue Scienti�que et Technique, v. 13, n. 1, p. 171-193, 1994. CHAMBERS, P. G.; GRANDIN, T. Guidelines for humane handling, transport and slaughter of livestock. FAO: RAP Publication. 2001. Disponível em: http://www.fao.org/sustainable-food-value- chains/library/details/en/c/266014/. Acesso em: 22 jun. 2021. CROWELL-DAVIS, S. L. Cat behaviour: social organization, communication and development. In: ROCHLITZ, I. The welfare of cats. Dordrecht: Springer, p. 1-22, 2007. DAWKINS, M. S. Animal welfare and e�cient farming: is con�ict inevitable? Animal Production Science, [s.l], v. 57, n. 2, p. 201-208, 2017. DEL CAMPO, M. Bem-estar animal: sistemas de produção, práticas de manejo e qualidade da carne. In: COSTA, M. J. R. P.; SANT’ANNA, A. C. Bem-estar animal como valor agregado nas cadeias produtivas de carne. Jaboticabal: Funep, 2016. EATON, B. Dominance in dogs - fact or �ction?. Wenatchee: Dogwise Publishing, 2011. ECKSTEIN, R. A.; HART, B. L. The organization and control of grooming in cats. Applied Animal Behaviour Science, Amsterdam, [s.l], v. 68, p. 131- 144, 2000. https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publicacoes-ccd/manuais-normas-e-documentos-tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_-_manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_sao_paulo_-_2009.pdf https://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/publicacoes/publicacoes-ccd/manuais-normas-e-documentos-tecnicos/manuaisnormasedocumentostecnicos1_-_manual_de_controle_de_populacoes_de_caes_e_gatos_no_estado_de_sao_paulo_-_2009.pdf 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 39/43 FARACO C. B.; SOARES G. M. Fundamentos do comportamento canino e felino. São Paulo: Editora MedVet, 2013. FOGLE, B. The cat’s mind. Londres: Pelham Books, 1991. GIL, J. I.; DURÃO, J. C. Manual de inspeção sanitária de carnes. Lisboa: Fundação Calouste Culbenkian, 1985. GOMIDE, L. A. M.; RAMOS, E. M.; FONTES, P. R. Tecnologia de abate e tipi�cação de carcaças. Viçosa: UFV, 2014. GRAMINHANI, M. G. O bem-estar dos cães domiciliados em apartamento. Revista Brasileira de Direito Animal, Salvador, v. 2, n. 2, p. 187-205, 2007. GRANDIN, T. Perspectives on transportation issues: the importance of having physically �t cattle and pigs. Journal of Animal Science, [s.l] , v. 79, supl. E, p.201-207, 2001. GRANDIN, T. Animal welfare and society concerns �nding the missing link. Meat Science, [s.l], v. 98, n. 3, p. 461-469, 2014. GRANDIN, T. How to determine insensibility (unconsciousness) in cattle, pigs, and sheep in slaughter plants. [s.l], 2017. Disponível em: (http://www.grandin.com/humane/insensibility.html)http://www.grandin.c om/humane/insensibility.html (http://www.grandin.com/humane/insensibility.html). Acesso em: 21 jun. 2021. GREGORY, N. G. Animal welfare and meat science. Londres: CABI Publishing, 1998. HENCKEL, P. In�uence of stunning method on pH-decrease and meat quality. In: PROCEEDINGS INTERNATIONAL CONGRESS MEAT SCIENCE AND TECHNOLOGY. Barcelona, v. 44, p. 1068-1069, 1988. HORWITZ, D. F.; LANDSBERG, G. Feline fear & anxiety workshop - managing aggression and soiling. In: WESTERN VETERINARY CONFERENCE, Estados Unidos: WVC, 2018. HOUPT, K. A. Normal canine behavior and development. Western Veterinary Conference 2005. Disponível em: (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN)http://www.vin.com/Members http://www.grandin.com/humane/insensibility.html http://www.grandin.com/humane/insensibility.html http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 40/43 /Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN). Acesso em: 22 jun. 2021. HUBRECHT, R. The welfare of dogs in human care. In: SERPELL, J. The domestic dog – its evolution, behaviour and interactions with people. 9. ed. Cambridge: Cambridge University Press, p.179-198, 2005. HSA. Humane Slaughter Association. Captive-bolt stunning of livestock. [s.l], 2013. Disponível em: (https://www.hsa.org.uk/downloads/publications/captiveboltstunningdo wnload.pdf)https://www.hsa.org.uk/downloads/publications/captivebolts tunningdownload.pdf (https://www.hsa.org.uk/downloads/publications/captiveboltstunningdo wnload.pdf). Acesso em: 22 jun. 2021. KNOWLES, T. G.; et al. Effects on sheep of transport by road for up to 24 hours. Veterinary Records, [s.l], v. 136, p. 431-438, 1995. LANTZMAN, M. Agressividade. Petvet, [s.l], 2004. Disponível em: (http://www.pet.vet.br)http://www.pet.vet.br (http://www.pet.vet.br). Acesso em: 16 de jun. 2021. LEY, J. M.; SEKSEL, K. Comportamento normal dos gatos. In: LITTLE, S. E. O gato: medicina interna. Rio de Janeiro: Roca, p. 182-188, 2018. LIBERG, O.; SANDELL, M. Spatial organization and reproductive tactics in the domestic cat and other felids. In: TURNER, D. C.; BATESON, P. The domestic cat: the biology of its behaviour. Cambridge: Cambridge University Press, 1988, p. 83-98. LIMA, A. F. M.; LUNA, S. P. L. Algumas causas e consequências da superpopulação canina e felina: acaso ou descaso? Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [s.l], v. 10, n. 1, p. 32-38, 2012. LUDTKE, C. B.; et al. Abate humanitário de bovinos. Rio de Janeiro: WSPA, 2012. LUDTKE, C. B. et al. Abate humanitário de bovinos. São Paulo: World Animal Protection, 2015, p. 9-14. http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2005&PID=8134&Print=1&O=VIN https://www.hsa.org.uk/downloads/publications/captiveboltstunningdownload.pdf https://www.hsa.org.uk/downloads/publications/captiveboltstunningdownload.pdf http://www.pet.vet.br/ http://www.pet.vet.br/ 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 41/43 MACDONALD, D. W.; YAMAGUCHI, N.; KERBY, G. Group-living in the domestic cat: its sociobiology and epidemiology. In: TURNER, D. C.; BATESON, P. The domestic cat: the biology of its behaviour. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 95-118. MALDONADO, N. A. C.; GARCIA, R. C. M. Bem-estar animal. In: JERICO, M. M.; KOGIKA, M. M.; NETO, J. P. A. Tratado de medicina interna de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2019. p. 2282-2287. MCGREEVY, P. A modern dog’s life: how to do the best for your dog. Nova Iorque: The Experiment, 2010. OIE. World Organization for Animal Health. Terrestrial animal health code. Seção 7. Animal welfare. 2017. Disponível em: (https://tinyurl.com/k6afujm)https://tinyurl.com/k6afujm (https://tinyurl.com/k6afujm). Acesso em: 19 jun. 2021. OLTENACU, P. A.; ALGERS, B. Selection for increased production and the welfare of dairy cows: are new breeding goals needed? AMBIO, [s.l], v. 34, n. 4, p. 311-315, 2005. ROCHA, J. S. R.; et al. Aspectos éticos e técnicos da produção intensiva de aves. Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife, v. 11, supl. 1, p. 49-55, 2008. ROCHLITZ, I. The welfare of cats. Londres: Springer, 2007. ROLIM, A. F. M. Para produzir bem, �que atento à gestão e ao mercado. Bem-estar animal. In: ROLIM, A. F. M. Produção animal: bases de reprodução, manejo e saúde. São Paulo: Érica, 2014. p. 82-91. ROSSI, A. Comportamento canino - como entender, interpretar e in�uenciar o comportamento dos cães. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 37, p. 49-50, 2008. SANTANA, L. R.; OLIVEIRA, T. P. Guarda responsável e dignidade dos animais. Revista Brasileira de Direito Animal, [s.l], v. 1, n. 1, 2006. SMITH, G. C.; et al. Effect of transport on meat quality and animal welfare of cattle, pigs, sheep, horses, deer, and poultry. 2004. Disponível em: http://www.grandin.com/behaviour/effect.of.transport.html(http://www.grandin.com/behaviour/effect.of.transport.html). Acesso em: 20 jun. 2021. https://tinyurl.com/k6afujm https://tinyurl.com/k6afujm http://www.grandin.com/behaviour/effect.of.transport.html 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 42/43 SEKSEL, K. Kitten development & early behaviour. Western Veterinary Conference 2004. Disponível em: (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2004&Category=886&PID=5559&O=VIN) http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2004&Category=886&PID=5559&O=VIN (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2004&Category=886&PID=5559&O=VIN) . Acesso em: 16 jun. 2021. SILVEIRA, E. M.; et al. Comportamento canino. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, n. 83, p. 30-38, 2016. TARRANT, V.; GRANDIN, T. Cattle transport. In: GRANDIN, T. Livestock handling and transport. Nova Iorque: CABI Publishing, 2000. p. 151-173. TERLOUW, E. M. C.; et al. Conscious, unconsciousness and death in the context of slaughter. Part 2: Evaluation of methods. Meat Science, [s.l], v. 118, p. 147-156, 2016. TREVIÑO, I. H.; et al. Manejo pré-abate e qualidade de carne. Revista Electrónica de Veterinaria, [s.l], v. 11, n. 8, p. 1-11, 2010. VAN KERKHOVE, W. A. Fresh look at the wolf - pack theory of companion- animal dog social behavior. Journal of Applied Animal Welfare Science, [s.l], v. 7, n. 4, p. 279-285, 2004. VIRGA, V. Normal feline behavior and development. Western Veterinary Conference 2005. Disponível em: (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8243&Print=1&O=VIN)http://www.vin.com/Members /Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8243&Print=1&O=VIN (http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx? CID=WVC2005&PID=8243&Print=1&O=VIN). Acesso em: 17 jun. 2021. VON BORELL, E. H. The biology of stress and its application to livestock housing and transportation assessment. Journal of Animal Science, Sidnei, v. 79, supl. p. 260-267, 2001. ZANELLA, A. J. Indicadores �siológicos e comportamentais do bem-estar animal. A Hora Veterinária, Rio de Janeiro, v. 14, n. 83, p. 47-52, 1995. http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2004&Category=886&PID=5559&O=VIN http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2004&Category=886&PID=5559&O=VIN http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2005&PID=8243&Print=1&O=VIN http://www.vin.com/Members/Proceedings/Proceedings.plx?CID=WVC2005&PID=8243&Print=1&O=VIN 21/11/2022 08:56 Ética e Bem-estar Animal https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 43/43
Compartilhar