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Ética e bem estar animal- racionalizando o comportamento animal

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21/11/2022 08:54 Ética e Bem-estar Animal
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 1/33
Autoria: Dra. Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da Costa 
Revisão técnica: Dr. Neimar Vanderlei Roncati
ÉTICA E BEM-ESTAR ANIMAL
RACIONALIZANDO O
COMPORTAMENTO
ANIMAL
21/11/2022 08:54 Ética e Bem-estar Animal
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Introdução
Você já percebeu o quanto os animais diferem entre si? Mesmo os da mesma
espécie possuem diferenças em seu comportamento, o que os faz diferenciar
um dos outros. Essa diferença é causada pela interação que cada um tem com o
seu meio, como se relacionam com o ambiente em sua volta, adaptando-se às
mudanças e desenvolvendo novas concepções das dimensões interpostas. Isso
vai além do instinto de sobrevivência, entra no domínio da evolução da espécie,
ou melhor dizendo, da adaptabilidade da espécie em se integrar ao ambiente e
as suas mudanças. Mas, para que esse processo seja satisfatório, é necessário
que haja tempo su�ciente, e que as necessidades básicas sejam geradas
proporcionalmente a sua demanda. A premissa que a adaptabilidade vai além
dos fenômenos biológicos, matura a ideia de que o desenvolvimento intelectual
é inevitável para as espécies, quando visto do quantos, nós, espécie de homo
sapiens desenvolvemos em intelecto durante os anos, causado pela pressão
ambiente-biologia e as necessidades intrínsecas de relações, comunicações e
sobrevivência. A domesticação é um fenômeno de subjugação do intelecto em
detrimento da perda das características instintivas dos animais causando pelo
distanciamento do seu habitat natural, implementando uma nova forma de viver
para os animais domesticados. Coincidente, o bem-estar é o produto do grau de
integração dessa relação, o pleno bem-estar é a harmonia de que todas as
necessidades das espécie e as relações estão sendo aceitáveis, seja em âmbito
doméstico, silvestre e na produção animal. 
Bons estudos!
Tempo estimado de leitura: 56 minutos.
O bem-estar animal é um tópico moderno que muda a forma de como os
animais devem ser tratados, reconhecendo sua individualidade e necessidades.
De modo geral, esse conceito é de�nido como a qualidade de vida a qual os
animais estão sendo submetidos. Se suas condições físicas e psicológicas não
1.1 Princípios gerais de bem-estar animal
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são satisfeitas há o desenvolvimento de enfermidades e transtornos, que vão
contra a dignidade do direito à vida. Sendo assim, no que tange o direito dos
animais, muito tem se debatido sobre os limites das relações que os humanos
devem ter com os animais, tendo em vista seus comportamentos e
necessidades da espécie devendo ser respeitado, não deixando de lado os
animais de produção.
A percepção de que os animais evoluíram, segundo a teoria evolucionista de
Darwin, diz respeito ao contexto biológico e psicológico. A compreensão de que
a relação humano-animal está relacionada à capacidade de entrega e retribuição
de sentimentos e emoções permite que haja um consenso de que esse
tratamento deve ser baseado no respeito mútuo entre as espécies.
A colocação de que animais são seres irracionais, e apenas a espécie humana é
capaz de raciocinar tornou-se um pensamento obsoleto. Sendo assim, a ideia de
que eles existem apenas para servir a humanidade é um pensamento
equivocado, sem base cientí�ca. Atualmente, grandes quantidades de pesquisas
vêm fortalecendo o conceito de que os animais possuem habilidades neuro-
linguísticas e cognitivas, ou seja, um sistema dinâmico que se adapta a
mudança do cenário, das necessidades, refutando as ideias de cérebros
primitivos.
Com o desenvolvimento dos valores morais e éticos, o homem começou a 
re�etir sobre sua existência e tudo que é necessário para sua sobrevivência, para
seu bem-estar e para a geração da espécie no planeta. A idealização de que o
homem é uma espécie particular, e que, pelo seu desenvolvimento intelectual
quando comparado com outras espécies, está acima das outras, absolutamente,
não extingue sua responsabilidade ética e moral, perante os outros habitantes
não humanos.
A palavra moral vem de moralis, que em latim signi�ca: caráter, comportamento
próprio ou maneira. Ele reúne um conjunto de valores, normas e noções que
instruem os comportamentos dos indivíduos nas suas decisões conforme o que
é considerado  correto ou incorreto. As práticas de bem-estar animal não são
de�nidas de acordo com os valores próprios do ser humano, mas, sim, em
questões éticas e cientí�cas. O entendimento, que é moralmente aceitável, é que
a relação homem-animal ocorre em condições que não haja sofrimento para
ambos. 
1.1.1 Contexto da moralidade para o bem-estar animal
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Figura 1 - Moral, o dilema de séculos
Fonte: Photo Mix, Istock, 2020.
#PraCegoVer
Na imagem há um cachorro com quatro colunas
de livros empilhadas a sua volta.
A senciência, é uma competência dos seres vivos que diz respeito à consciência
dos seus sentimentos e emoções e do ambiente ao seu redor, sendo capaz de
interpretar os dados subjetivos e transformar em informações objetivas. É
admitido, na teoria  evolucionista, que além dos sistemas físicos, os sistemas
mentais, que também evoluem em seus processos e dimensões subjetivas. 
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Krebs e Davies (2013), questionam os limites do desenvolvimento física e
mental como algo distinto em cada espécie, apresentando até mesmo variação
entre indivíduos da mesma espécie, o que o torna uma condição cientí�ca
mensurável.
O conceito de bem-estar animal foi construído por Donald Broom (1942) para
apresentar uma qualidade inerente aos animais que não têm a in�uência
humana. Desse modo, a capacidade de mensurar o bem-estar animal em um
momento é uma condição cientí�ca primordial, que diferencia comportamentos.
A partir do século XX, regulamentações sobre a proteção aos animais
começaram a ser difundidas pelo mundo, garantindo o direito e repudiando os
maus-tratos aos animais. Após a reivindicação de ativistas, em 1978, a UNESCO,
em Bruxelas, Bélgica, anuncia a Declaração Universal dos Direitos dos Animais,
que inclui 10 tópicos descrevendo os direitos que os animais devem ter em vida
e os deveres que a sociedade deve possuir perante eles.
O entendimento até o século XX de que os animais dependiam de ações
humanas para viver ao meio perdeu espaço. Pensando nisso, o comitê Brambell,
criado pelo Ministério da Agricultura da Inglaterra, elaborou em 1965, o conceito
Cinco Liberdades. O seu principal objetivo foi de melhorar o sistema de
produção animal pautando-se na criação e manutenção de um ambiente
adequado para o bom desenvolvimento dos animais de criação. Esse conceito
está baseado em uma visão holística para o desenvolvimento saudável de um
animal, seus aspectos físicos (�siológico) e os aspectos mental
(comportamental), se complementando para criar as condições de um bem-
estar total. Vejamos detalhadamente no quadro a seguir.
O �lme Sempre Ao Seu Lado, dirigido pelo diretor Lasse Hallström,
lançado em 2009 no Brasil, trata de um longa-metragem que explora a
competência de lealdade de uma cão ao seu proprietário e a relação de
amizade. Demonstra  como uma relação saudável permite que surjam
sentimentos entre animal e seres humanos.
VOCÊ QUER VER?
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Quadro 1 - Os elementos das Cinco liberdades
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
#PraCegoVer
O quadro com 5 linhas e duas colunas apresenta
os 5 princípios da liberdade, do lado direito e do
lado esquerdo explica os elementos referentes a
cada item da coluna direita.
Segundo Broom e Fraser (2010), o bem-estar animal é designado como uma
ciência que se dedica a estudar e zelar pelaqualidade de vida animal. Permitindo
que os animais estejam livre de estímulos nocivos e opressivos, abrangendo
tanto os animais domésticos quanto os animais selvagens. Para tanto, o
conceito de bem-estar animal é complexo, temporal e distinto para cada espécie,
não permitindo uma generalização, pois não é algo capaz de ser mensurável e
reproduzível. 
Dessa forma, o bem-estar pode ser medido por métodos cientí�cos, devendo ser
independente de pensamentos �losó�cos, religiosos, éticos e culturais.
Krebs e Davies (2013), compreendem que os animais, de uma forma geral, são
sistemas biológicos complexos, necessitando de uma harmonização para seu
bom funcionamento, isso é perceptível por sua necessidade em regular a própria
temperatura ao ambiente, em recuperar tecidos após lesões e responder
rapidamente aos estímulos nocivos afastando ou evitando eventos que podem
ameaçar a  sobrevivência. Esse controle da homeostasia estipula um limite
tolerável para que a integridade funcional dos sistemas orgânicos não seja
comprometida. A perda desse equilíbrio ocorre quando há persistência dessa
variação ou quando o dano é superior à capacidade aceitável de tolerância e
tempo para retornar a normalidade. 
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Para Krebs e Davies (2013), quando o desajuste ocorre, ele pode ser considerado
um desajuste homeostático real, potencial, ou quando deva haver uma
reorganização de ações para ser realizada para se adequar ao espaço e ao
ambiente. Para esses casos fala-se que há uma necessidade. Sendo assim,
podemos a�rmar que uma necessidade é qualquer coisa que seja fundamental
para que a biologia do animal, seja satisfeita para uma necessidade particular ou
resposta adaptativa ao meio.
Broom e Fraser (2010), cita que, o comportamento animal é de�nido como a
maneira que ocorre a interação do animal com animais da mesma espécie,
animais de espécies diferentes e com o ambiente. Como admitido, a evolução
não apenas agir sobre os sistemas físicos, mas também sobre os processos
mentais e dimensões subjetivas. As evidências exibem o desenvolvimento
emocional em uma ampla variedade de espécies, essas emoções são estímulos
recebidos do ambiente, processados e transmitidos como resposta.
Frequentemente, esse sistema está intimamente relacionado ao instinto.
Segundo Broom e Fraser (2010), comportamento ou estado mental animal, é
outro aspecto que impacta diretamente o bem-estar animal. Para tanto, a
liberdade de expressão do comportamento animal é um parâmetro perceptível
que re�ete a satisfação instintiva do animal ao ambiente. O comportamento é
tido como processo evolutivo de seleção ao nível individual. A mobilização de
recursos para o funcionamento das atividades intrínsecas e extrínsecas é
Marina Zatz de Camargo Zaborowsky é uma ativista, apresentadora e
escritora brasileira, envolvida com causas em defesa dos animais e do
meio ambiente. Em 2015, Mell fundou o Instituto Luisa Mell, ONG sem �ns
lucrativos, na cidade de Ribeirão Preto. Entre os principais objetivos do
seu Instituto está o de proteger os animais e o meio ambiente. Sua ONG
atua resgatando animais feridos, em situação de risco e recuperando e
promovendo a doação. Em 2010, Mell �cou em segundo lugar na lista
estadunidense de mulheres que poderia salvar o planeta, a Men 's Health.
em 2019, sua instituição realizou o resgate de mais de 1,5 mil cães em
situação de maus-tratos em uma fazenda no interior do estado.
VOCÊ O CONHECE?
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realizado por um sistema de motivação, a interrupção ou perturbação de
sistema poderá causar a�ição, estresse e ansiedade, afetando dessa forma
todos os sistemas, como exemplo a essa situação, podemos exempli�car na
sensação prolongada de sede ou fome, que irá afetar o comportamento natural
do animal.
Segundo Krebs e Davies (2013), todos os animais, incluindo o homem, quando
são impedidos de realizar seu comportamento natural ou manter o seu equilíbrio
interno em constância, desenvolvem doenças físicas e mentais. Portanto, no
momento em que uma necessidade não é satisfeita para que as condições
fundamentais e bom desempenho do animal ocorram, dizemos que o animal
está com um bem-estar pobre, ou seja, analisa-se a satisfação de bem-estar
comparando-a com dados estudos cientí�cos para aquela espécie em questão,
visto que a necessidade é uma variável interespécie. 
Com a coerente mudanças sobre a concepção animal, Alcock (2011), acredita
que o pensamento de que os animais só existem para servir o ser humano vem
perdendo espaço. Desse modo, no   século XXI há uma reestruturação do
conceito de ética para a questão, devido às reivindicações sociais, gerando
assim, uma postura mais consciente dos seres humanos quanto ao meio
ambiente e ao ecossistema.
O maior contato dos homens com os animais domésticos permite que a
senciência animal seja posta à prova, no que diz respeito à qualidade e aos
limites que  permeiam a dignidade e os direitos à vida. A mutilação ou qualquer
ato que vá contra a natureza inata do animal, estará, também, indo em
contramão aos princípios morais que regem o direito da dignidade de usufruir da
vida.
Entretanto, ainda haja um movimento muito forte pelo bem-estar animal, a
sociedade em geral continua consumindo um número elevado de carne, que gera
uma intensa industrialização do setor. Essa produção intensiva animal
caracteriza-se por uma baixa qualidade no bem-estar dos animais de produção,
com superlotações, crescimento forçado, uso de substâncias químicas,
mecanização e meios violentos e dolorosos de abates.
Entretanto, ainda haja um movimento muito forte pelo bem-estar animal, a
sociedade em geral continua consumindo um número elevado de carne, que gera
uma intensa industrialização do setor. Essa produção intensiva animal
caracteriza-se por uma baixa qualidade no bem-estar dos animais de produção,
com superlotações, crescimento forçado, uso de substâncias químicas,
mecanização e meios violentos e dolorosos de abates.
Portanto, criaram-se medidas para frear foram a elaboração de protocolos e
políticas que reconhecem a senciência dos animais como uma virtude dos seres
vertebrados.
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Dentro desse contexto, os animais de produção são os que mais passam por
situações precárias e baixo bem-estar, apresentando níveis altos de sofrimentos
físicos e psíquicos. Os fatores relacionados a isso podem ser citados: manejo
inadequado no transporte; superlotação; maus-tratos; inadequação das
instalações; estresse térmico; condição de escassez de alimentos; e manejo e
práticas inadequadas.
No Brasil, o apelo de ONGs possibilitou a articulação de setores associados à
qualidade animal procedendo, pelos Órgãos federais, o fomento de políticas e
projetos voltados para instituir exigências para a execução de medidas que
favoreçam a causa. Houve a criação de departamentos e de comissões técnicas
que elaborem regras e protejam a imagem e a sanidade animal, no mercado
comercial interno e externo e nos centros educacionais e de pesquisas.
Para Alcock (2011), a domesticação é uma de�nição que é dada para uma
íntima relação entre humanos e animais em um ambiente comum, a qual os
seres humanos controlam o comportamento do animal. O conceito de bem-estar
não é uma condição ou estado possível de ser ofertado pelos humanos aos
animais, apenas levando em conta o processo de domesticação, ou seja, ter um
animal não é sinônimo de bem-estar para ele. A argumentação para de�nir o
bem-estar para os animais domésticos é um discurso complexo, considerando
as mudanças culturais e biológicas.
1.2 Bem-estar dos animais domésticos
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Figura 2 - Companheiros dos seres humanos
Fonte: Majahra, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na imagem temosum homem ao lado esquerdo
em posição de meditação e um cachorro do lado
direito sentado em posição de meditação.
Krebs e Davies (2013), consideram que a domesticação é um processo gradativo
de troca do habitat do animal para um ambiente arti�cial e restrito. Essa
mudança é um gatilho para a geração de condições estressantes e adaptativas.
A transição forçada entre espécies diferentes e condições pobres de estímulos
naturais desencadeia condições efêmeras com mais frequência, demonstrando
uma mudança na qualidade do meio para uma interação funcional. 
A medicina veterinária é a ciência que estuda e trata a saúde animal,
promovendo o bem-estar e prevenindo a saúde. O médico veterinário é o
pro�ssional necessário para a manutenção da qualidade de vida dos animais,
1.3 Medicina veterinária e bem-estar animal
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domésticos ou selvagens.
O papel do médico veterinário  é importante tendo em vista que procura manter
a harmoniosa e consciente relação entre seres humanos e animais,
principalmente os mais próximos dos seres humanos. Sendo assim,
compreender os limites que devem estar presentes nessa relação é necessário
para que a qualidade e bem-estar dos dois lados não seja afetado, respeitando
as particularidades de cada um.
Segundo a Resolução N. 1.236, de outubro de 2018, em seus incisos 4 e 5:
[...] Cabe ao médico veterinário
ou ao zootecnista a autonomia
de atuação de suas atividades,
respeitando suas respectivas
atribuições, ainda que haja
prejuízo transitório para o bem-
estar animal, desde que com o
exclusivo propósito protegê-lo
e/ou curá-lo, e no menor tempo
possível para que seja
reestabelecida uma boa
condição de bem-estar,
devendo documentar todo o
período de intervenção. §5o- O
médico veterinário e o
zootecnista têm o dever de
orientar os tutores ou
proprietários de animais sobre
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Broom e Fraser (2010) compreendem que a  adaptação do animal ao meio pode
ser medida ou avaliada por sua capacidade de estabelecer-se em uma condição
adversa à sua, com mínima perda na sua performance, mantendo a habilidade
de reprodução sob baixa taxa de mortalidade e resistência a adquirir doenças. 
Portanto, podemos a�rmar que quanto mais adverso o meio ambiente maiores
serão os desa�os para que a adaptação do animal ao meio seja satisfeita.
A adaptabilidade pode ser acompanhada por mudanças estruturais, funcionais e
comportamentais, por isso a adaptação pode ser classi�cada em quatro
âmbitos: adaptação biológica; adaptação genética; adaptação �siológica; e
aclimatização. Vejamos cada uma, detalhadamente, a seguir.
Adaptação biológica  
1
 
A adaptação biológica é uma transformação
nos organismos vivos que o torna capaz de
viver de acordo com o ambiente, seja por
alterações morfo-anatômicas ou �siológicas. O
nível de alteração é compatível com o grau da
necessidade para a sobrevivência e reprodução.
 
condutas que implicam em
maus-tratos, abusos e
crueldade e suas
consequências, bem como
sobre sua responsabilidade
quanto ao bem-estar dos
animais e suas necessidades
(BRASIL, 2018, online). 
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Adaptação genética 
2
 
A adaptação genética diz respeito às alterações
adaptativas ao nível gênico, levando longo
período para acontecer, necessitando que os
estímulos sejam constantes, permitindo que as
características especí�cas sejam adquiridas.
Esse grau de modi�cação promove a
transmissão de informação para a
sobrevivência das futuras gerações de forma
hereditária. 
Adaptação fisiológica 
3
 
Já a adaptação �siológica é uma propriedade
de adequação do animal ao ambiente, realizado
através da integração entre fatores genéticos e
ambientais agindo conjuntamente. 
Aclimatização 
4
 
Por �m, a aclimatização refere-se a uma
adaptação forçada por uma condição arti�cial
ou a instalações climatizadas, produzidas
arti�cialmente. 
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Quanto mais as necessidades estão disponíveis para utilização mais rápido será
o processo de adaptabilidade. Portanto, para o sucesso do bem-estar pleno é
necessário que cinco circunstancias sejam alcançadas: nutrição; ambiente;
saúde; comportamento; e estado mental.
Para isso é preciso ter condições e�cientes, que permitam a manutenção da
vida, garantia à saúde e disposição ao conforto. Para tanto, esses conceitos são
distribuídos em uma hierarquia de quatro indicadores para a análise do
cumprimento de condições exigidas para se atingir um pleno estado de bem-
estar.
O primeiro é a condição necessária para a manutenção da vida: alimentação em
qualidade e quantidade satisfatória, disponibilidade a água em quantidade
su�ciente, acesso à luz solar, disponibilidade de ar.
O segundo refere-se à ausência de dor e enfermidades: ausência de lesões,
danos ou condições que causem algum tipo de sofrimento real ou potencial, seja
ele físico ou mental.
O terceiro diz respeito à expressão do comportamento natural: a interação com
animais da mesma espécie, espaço su�ciente para desfrutar do seu
comportamento, condições para criação de relações afetivas.
Por �m, o quarto está relacionado às condições ambientais proporcionais a
espécie: iluminação, compatibilidade do meio com o animal.
Para Broom e Fraser (2010), o processo de enriquecimento ambiental tem
ganhado espaço como ferramenta estratégica, que oferta melhorias através da
mimetização das condições ambientais encontradas pela espécie em seu
ecossistema natural. O entendimento de que os animais são seres sencientes
nos permite deduzir que diferenças em seu ambiente são processadas de forma
lógica, guiando seu comportamento e reações. Sabe-se que, mesmo que um
animal tenha se desenvolvido em cativeiro, o instinto é algo inerente a espécie,
sua identi�cação se faz por meio de uma relação comparativa entre seus
instintos e sua interação ao meio, na teoria darwiniana, o comportamento
instintivo é algo possível de ser regulado pelo ambiente, essa condição encontra
presente em grande número de animais domésticos que se encontra a anos
domesticados.
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Portanto, Broom e Fraser (2010) argumentam que os animais criados em
ambientes empobrecidos e restritivos são mais afetados por doenças físicas e
mentais do que os animais que se desenvolvem em ambientes mais próximos
do natural para sua espécie. O enriquecimento ambiental em cativeiro e para
animais domésticos reduz o estresse, como consequência, aumenta o bem-estar
que começa a concentrar sua expressão comportamental naqueles normais a
sua espécie.
Os animais, assim como os seres humanos, são compreendidos como sistemas
psicobiológicos complexos possíveis de ser analisados por métodos diretos ou
métodos indiretos o quanto esses sistemas estão dentro dos limites de
equilíbrio para seu bom funcionamento. A objetividade e reprodutividade das
técnicas permite que os resultados sejam interpretados através da análise de
causa-efeito. Alguns parâmetros comportamentais e biológicos são possíveis de
serem analisados através de metodologias objetivas e exatas, com a utilização
de técnicas e equipamentos.
A capacidade dinâmica que os sistemas biológicos e psicológicos possuem é o
estado primordial para a obtenção de informações do grau de conformidade de
um sistema, em virtude disso, dá-se o nome de indicadores, já que são capazes
de identi�car e quanti�car a alteração de um sistema.
1.4 Avaliação do bem-estar animal: métodos
diretos e indiretos
O livro A expressão das emoções no homem e nos animais, de Charles
Darwin (2006), traz uma argumentação rica em defesa da senciência dos
animais em sentirem sentimentos como ciúme, raiva, amor entre outras,
através de uma visãoevolucionista e adaptativa.
VOCÊ QUER LER?
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A mensuração de indicadores pode ser dividida nos que estão relacionados a
impacto nocivo e aos que mostram um gozo do estado. Eles podem ser
agrupados em dois domínios: o físico ou �siológico, sendo medidos diretamente
por meio de instrumentações de forma direta ou indireta, e os que estão
baseados no comportamento ou estado psíquico-cognitiva do ser, utilizando
técnicas observacionais e subjetivas para julgar uma condição.
Leia o trecho a seguir. 
Ao contrário da medição do baixo grau de bem-estar animal há a
medição do alto grau de bem-estar animal. Esses preceitos se
complementam para localizar a posição de satisfação a qual o
animal encontra-se. Essas duas noções não são  antagônicas,
pelo contrário, se completam para medir a qualidade de vida de
cada animal. Além disso, cada critério diz respeito a um aspecto
especí�co da vida e do bem estar deles. Sendo assim, com base
no conhecimento adquirido,  qual indicador �siológico permite
indicar o alto grau de satisfação de um animal?
a. Dosagem sanguínea de ocitocina.
b. Dosagem de cortisol.
c. Determinação de ferro.
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
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O primeiro deles é o estresse, que refere-se ao estado comum em todas as
espécies, relacionado estritamente com o grau de adaptação ao meio. Ele faz
parte de um processo essencial para a sobrevivência dos seres vivos,
sustentando a ideia de uma ancestralidade comum. Logo, seu amplo
entendimento dos seus mecanismos e efeitos sobre o organismo suporta a ideia
de sua utilização como indicador de desempenho que informa o grau de bem-
estar do organismo biológico.
Subentende-se que quando um animal está sob estresse o seu bem-estar
diminui, ou seja, é uma condição proporcionalmente inversa entre bem-estar e o
nível de estresse. O estresse é uma condição que afeta integralmente o ser. Ele
pode ser evidenciado por alterações comportamentais e físicas, que associadas
preparam o corpo para o modo de luta ou fuga. Para que o estado de estresse se
desenvolva é necessário que haja um estímulo estressante ou que sirva de
gatilho. O animal sobre estresse apresenta batimento cardíacos acelerados,
dilatação da pupila, frequência aumentada da respiração e maior captação de
estímulos.
O estado de estresse ou de luta ou fuga é determinado por meio do doseamento
de hormônios e substâncias químicas, veri�cação dos sinais vitais e a
observação do comportamento. Esse elemento é um dos principais fatores que
interferem no bem-estar animal, e o mais comum nos animais domésticos e
criação. A resposta �siológica em resposta a um estímulo ameaçador é
processado pelo sistema endócrino e neural, chamado de neuro-endócrino que
prepara o corpo para a ameaça. Porém, os resultados disso, quando inadequado,
poderá ser o desenvolvimento de quadros pré-patológicos e patológicos.
O estresse animal pode ser agrupado em quatro grupos: estressores somáticos;
estressores psicológicos; estressores comportamentais; e estressores mistos.
Os estressores somáticos são: sons, odores, mudança de ambiente; calor; frio,
iluminação e efeito de substâncias químicas. Já os estressores psicológicos
dizem respeito às: sensação de apreensão, opressão, restrição, ameaça. Os
estressores comportamentais são aqueles: ausência de relação social, falta de
d. Quanti�cação imunoglobulinas.
e. Determinação da sensibilidade à dor.
VERIFICAR
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alimento e água, junção de espécies antagônicas e  com  Por �m, os estressores
mistos referem-se às: doença, intoxicação, desnutrição, con�namento, traumas
químicos, físicos e procedimentos cirúrgicos  (KREBS;DAVIES, 2013).
Outro fator relevante para o bem-estar animal é edafoclimática que tem relação
com a produção de animais em região de clima diferente para sua espécie ou
em instalações industriais, na qual os animais são obrigados a produzir
produtos. Sempre  que os resultados se distanciam desses valores dizemos que
o animal está com o bem-estar pobre. Tendo em vista o conceito de que o bem-
estar só possível ser alcançado quando o físico e mental estão em alinhada
harmonia, dispomos de três formas de medição: sinais �siológicos; dosagem
química; e análise comportamental.
Os sinais �siológicos referem-se à edição de sinais vitais, como, frequência dos
batimentos cardíacos, temperatura corporal, frequência da respiração, entre
outros meios que possam ser observados e mensurados.
A  dosagem bioquímica  é as alterações nos parâmetros bioquímicos quando
comparados aos valores normais para a idade e sob condições naturais da
espécie.
Já análise comportamental diz respeito ao comportamento que foge do habitual
da espécie. Vejamos, detalhadamente, no quadro a seguir.
Bem-estar animal e sanidade animal são duas ciências que andam juntas
no setor de produção animal. Esses dois fatores se relacionam para medir
impactos diretos à produtividade animal, seja em fazendas, criadores ou
qualquer outro ambiente em que o animal sirva para produzir bens de
consumo. O baixo bem-estar desses animais de criação afeta a
quantidade e qualidade dos produtos produzidos por ele e também
acarreta mais custos para mantê-los saudáveis e livres de doenças,
principalmente as causadas por microorganismos, que são capazes de
afetar signi�cativamente os animais próximos e a qualidade da produção
acarretando grandes perdas �nanceira. O enriquecimento ambiental vem
sendo uma técnica amplamente utilizada, apresentando resultados
positivos, principalmente, aos animais em são criados em instalações
industriais. 
ESTUDO DE CASO
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Quadro 2 - Elementos de análise para cada variável
Fonte: Baseado em BROOM;FRASER, 2010.
#PraCegoVer
No quadro acima vemos 3 colunas com 5 linhas.
Na primeira coluna encontra-se o item que é
analisado e os quadros colunas abaixo os
elementos dentro de cada item que são
analisados, ou que esteja inserido, para que se
possa ser medido.
Portanto, o melhor diagnóstico situacional do animal é realizado quando as
técnicas são utilizadas em conjunto, para que se tenha uma visão integral da
saudabilidade do animal. Além disso, a utilização da técnica isolada pode
direcionar nas busca das causas do problema. (BROOM;FRASER, 2010), 
As formas diretas de avaliação do nível de qualidade de bem-estar animal estão
são mensuradas de modo pontual e de forma temporal. Os indicadores
�siológicos diretos são presumidos através da avaliação das condições.
O estado de deterioração na qualidade de um animal pode ser apresentado por
aumento de hormônios que estão ligados a respostas biológicas severas. O
aumento da frequência da respiração, do batimento cardíaco está relacionado a
resposta de fuga, causada por uma maior liberação de cortisol na corrente
sanguínea. Todavia, que a análise de funções de órgãos e a observação de seus
efeitos serve como indicador direto para medir a qualidade do bem-estar animal,
que em alguns casos não seriam perceptíveis por observação visual. A
desregulação do eixo neuro-endócrino traz riscos à reprodução e
desenvolvimento animal.
A investigação da função imunológica é outro parâmetro que pode ser utilizado
para pressupor o bem-estar do animal, a alta quantidade de hormônios
glicocorticóides causa imunossupressão no animal predispondo ao aumento da
incidência de infecções no animal.
1.4.1 Forma direta
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A análise da resposta ao estresse deve levar em consideração as limitações dos
métodos e a variabilidade da resposta por razões, como: estado �siológico,
genética, espécie, interação homem-animal, relações sociaise a experiência
prévia do animal. A resposta ao estresse é uma disposição inespecí�ca, não
estando relacionada a um único agente especi�cado. Animais sobre estado de
estresse apresentam as seguintes alterações laboratoriais: aumento do cortisol,
aumento na vasopressina, aumento na osmolaridade do plasma,
aumento/diminuição da glicose, aumento do lactato, aumento da cretina kinase,
entre outros. Já no caso dos sinais vitais é o  aumento da pressão arterial, o
aumento do batimento cardíaco, a maior frequência respiratória, o aumento da
sudorese e o aumento da temperatura corporal, causado pelo aumento da
circulação sanguínea. 
A medida comportamental é outra informação importante para o julgamento do
grau de bem-estar de um animal. O comportamento dos animais está
intimamente relacionado à fase do seu desenvolvimento e a duração de uma
ação externa sob as faculdades mentais.
Conforme dados cientí�cos sobre o desenvolvimento animal, as pesquisas,
mostram que os animais são capazes de interpretar as situações no contexto a
qual estão inseridos e compreenderem as informações em sua volta, para
executarem uma ação lógica. O comportamento é um estado construído
1.4.2 Formas indiretas
Animais sob constante estado de estresse possuem mais propensão a
desenvolver doenças infecciosas. O motivo para isso é que os
glicocorticóides, hormônios produzidos para glândula adrenal têm a
capacidade de regular o sistema imunológico em paralelo com sua
concentração sanguínea, quanto mais alta sua secreção maior é a
imunossupressão do sistema imunológico. O estresse aumenta a
produção desse hormônio e com isso diminui a ação do sistema
imunológico.
VOCÊ SABIA?
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mediante a in�uência de fatores genéticos e ambientais. O desenvolvimento
evolutivo do hipocampo nos animais demonstra uma avançada capacidade de
aprendizado e memorização.
O comportamento é expressado pela forma que um animal interage com os
outros da mesma espécie, espécies diferentes e com o meio ambiente. Cada
espécie animal possui comportamentos distintos e peculiares, não sendo
possível descrevê-los em um único grupo. A observação do comportamento que
o animal expressa em seu habitat, com todas suas necessidades sendo
satisfeita, permite o mapeamento e o registro do comportamento considerado
ideal para uma espécie, para que, através desse registro, seja possível comparar
as variações no comportamento quando o animal for submetido a ambientes e
condições modi�cados, para esse registro pode ser incluir a detecção de:
Alguns comportamentos anormais são mais frequentes do que outros em
determinadas espécies, o signi�cado deles também pode variar entre espécies,
em alguns casos os comportamentos anormais podem ser minimamente
perceptíveis, confundindo-se com o comportamento normal.
Os comportamentos observáveis que comumente está associado a um grau
baixo de bem-estar, são: automutilação; estereotipia; postura anormal;
agressividade; e agitação. Vejamos a seguir.
1.5 Medidas comportamentais
a frequência da atividade;
a duração da ocorrência da atividade, e;
a intensidade da atividade;
o intervalo para o início da atividade;
o momento e natureza da atividade subsequentes;
a natureza e o momento para a mudança do
comportamento.
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Repetição mecânica sobre uma área do corpo, ou o processo de
auto agressão são processos automutilantes comuns em
animais de cativeiro e domésticos, são desencadeados por
intenso sofrimento psíquico na tentativa frustrada de
adaptação. Ex. Lambida constante em uma região, morder a
cauda, arrancar o pelo.
 
 
Expressão de um comportamento com estereotipia é
geralmente reconhecida como movimentos repetitivos, muitas
vezes com pouca ou nenhuma variação. O motivo para esse
acontecimento vai do uso de drogas psicoestimulantes ao
sentimento de frustração causado pela falta de controle do
animal sobre o seu ambiente. São exemplos de ações
estereotipadas: mastigação falsa, balançar a cabeça,
lambedura, movimentos dos olhos, entre outros.
Posições que diferem do esperado para a espécie são avaliadas
sob a ótica de desconfortos físicos e de alerta perante
ameaças. Essas condições podem se desenvolver em
ambientes com insu�ciente espaço para o tamanho do animal
Automutilação
Estereotipia 
Postura anormal 
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O comportamento animal está ligada ao desenvolvimento sensorial, neural,
endócrino e dos sistemas de aprendizado. A interação entre o meio e o animal
permite que haja uma comunicação social com a mesma espécie, possibilitando
que o comportamento da espécie se consolide em um sentido condizente com
os instintos do animal. Esse desenvolvimento normal só é possível quando
condições intrínsecas sejam satisfeitas, tanto �siológica como comportamental,
como também condições extrínsecas, como as condições no meio ambiente e a
socialização. Sendo assim, a perturbação em uma ou mais de uma dessas
exigências ocasiona transtornos que irão se expressar por condutas
incompatíveis com o da espécie.
 
 
ou que haja a necessidade de uma resposta imediata a uma
ação aleatória do ambiente.
 
 
O estresse crônico estimula centros cerebrais responsáveis
pela resposta de defesa a ameaças. O comportamento
agressivo é um estado de constante defesa, distinguindo,
situações nocivas de não nocivas.
 
Mecanismo �siológico do estresse é a secreção de hormônios
responsáveis pela sensação de luta e fuga, sendo, portanto,
substâncias estimuladoras do sistema nervoso central (SNC). A
hiperatividade está associada a comportamentos de
desconforto e sofrimentos psíquicos intensos.
Agressividade
Agitação
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Em oposição às medidas de bem-estar negativas, temos, as medidas que
analisam o alto grau de bem-estar dos animais. Podendo, da mesma forma que
as medidas de análise de baixo bem-estar, podem ser divididos nas
determinações de indicadores diretos e indiretos.
Os métodos diretos são baseados na variação de indicadores relacionados a
comportamentos motivacionais. A concentração do hormônio ocitocina está
relacionado ao nível de bem-estar e prazer que o animal está sentindo, além de
ser um hormônio responsável pela injeção do leite em mamíferos. A ocitocina é
sintetizada no núcleo paraventricular (PVN) do hipotálamo e no núcleo
supraóptico. Sua secreção é capaz de regular a secreção de hormônios
relacionados com o desenvolvimento de resposta ao estresse e
imunossupressão. Ações como, balançar a cauda, postura relaxada, bom apetite
são comportamentos que estão relacionados a bom padrão de satisfação do
animal com seu proprietário e/ou ambiente. Animais com alto grau de bem-estar
expressa menos eventualidades com doenças, comportamentos anômalos e 
psíquicos.
A observação do comportamento é o meio mais
acessível para os proprietários de animais de
companhia. A restrição desses animais em
apartamentos e residências com espaço
limitado pode afetar o comportamento natural
do animal, podendo apresentar
comportamentos que demonstram o surgimento
de uma condição de estresse. Quais mudanças
comportamentais você acha que deveria ser
detectado?  Qual conduta você tomaria para
interromper o avanço? 
VAMOS PRATICAR?
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A interação entre humanos e animais, data de 9 mil a.C., através do processo de
domesticação de algumas espécies em diferentes culturas e contextos sócio-
cultural. Servindo os seres humanos, seja para a produção de alimentos, para a
defesa ou até mesmo em ritos religiosos.   Ao longo dos anos, animais que
�caram mais próximos dos seres humanos começaram a ser chamados de
animais domésticos, passando a serem consideradosmais do que simples
seres que servem as necessidades dos seres humanos para animais que
prestam serviços às pessoas.
Figura 3 - Animais como membro da família
Fonte: Magna Photos, Istock, 2021.
#PraCegoVer
Na imagem acima temos a presença de uma
casal, ambos apoiados um contra o outro, e a
presença de um cachorro ao lado esquerdo e um
gato ao lado direito.
1.6 Interação humano-animal: natureza e
valores associados
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O contato humano-animal é algo tão antigo quanto a história da humanidade,
estando registrado em todas as culturas no mundo. Seja, eles estando ligados a
�loso�as religiosas, seja para a prestação de serviços ou na produção de
alimentos, suprimentos e medicamentos. Para tanto, o conceito de animal
mudou junto com os valores morais e éticos da humanidade. 
Atualmente, os animais de companhia são mais do que grandes amigos dos
seres humanos, passando a ser membros da família. Isso re�ete uma troca de
relação psicológica afetiva e social.
Com isso, a aproximação dos seres humanos com os animais desenvolveu,
paralelamente,  uma discussão sobre os limites que deve ter para que animais
tenham as condições necessárias para seu bem-estar, considerando duas
situações próximas: como de�nir bem-estar para animais de produção? E, como
de�nir bem-estar para os animais domésticos?
Considerando, que o bem-estar para os animais é algo fornecido pelos seres
humanos é necessário que haja uma condição primordial para que a adaptação
seja realizada.
A contínua aproximação entre os animais domésticos com os seres humanos
ocasionaram o pressuposto de que os seres humanos poderiam sobrepor seus
hábitos e desejo aos animais, contrapondo-se às suas reais necessidades
psicológicas, biológicas e sociais. Os hábitos como: de escovar dentes de cães e
gatos, vestimentas de roupas nos animais, frequentes banhos e tosa, são
concepções culturais que empobrece o bem-estar animal mediante o aumento
do desconforto indiferente do animal a condições anômala a sua natureza
instintiva. A esse processo dá-se o nome de antropomor�zação.
A esse processo de humanização de animais, em que hábitos humanos são
incorporados no tratamento dos animais domésticos, seja por desinformação ou
capricho dos seus cuidadores, possuem impacto direto na qualidade de vida
desses pequenos. Os principais motivos para isso é a restrição ou interrupção
de um comportamento instintivo por sobrepujar as reais necessidades do
animal.  Além disso, a perda do “Eu” animal é ampliada pela diminuição de
relações sociais com animais da mesma espécie e/ou com restrição de sua livre
expressão comportamental.
1.6.1 Antropomorfização
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Figura 4 - Processo de projetar imagens humanizadas em animais
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer
É possível ver na imagem um cachorro vestido
com uma camisa florida, de chapéu e um óculos
acima do chapéu com um semblante feliz.
Muito se sabe sobre o comportamento animal para se a�rmar que o efeito disso
explica a crescente incidência de problemas comportamentais e físicos em pets,
desenvolvidos, ao longo das relações domésticas. Os animais domésticos
evidentemente têm sua qualidade de vida diminuída. O processo de adaptação
durante a domesticação dos animais não anula o comportamento e bem-estar
ao nível de espécie. A de�ciência de estudos para análise do impacto da
antropomor�zação nos animais domésticos negligencia os preceitos básicos
para fundamentar as necessidades que os animais devem ter para usufruir do
seu direito ao bem-estar pleno. 
A dependência exagerada dos pets aos seus proprietários, representa um
problema tanto para os animais como para os seres humanos. O bloqueio
parcial ou total  do comportamento natural predispõe esses animais a maiores
riscos de adquirirem transtornos mentais. A falta de estudos nessa área
impossibilita estimar a prevalência dos casos, há uma conhecida associação
entre os transtornos mentais e o desenvolvimento de doenças psicossomáticas
que responderia à mudança ao nível qualitativo nas doenças que afetam os
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animais atualmente. A busca por sustentabilidade está além de promover menor
impacto antropológico, apenas sobre o meio ambiente natural, mas, também,
sobre os limites da aproximação dos animais como seres humanos.
Leia o trecho a seguir. 
A pro�ssão veterinária é uma ciência antiga que trata em cuidar
e promover a saúde e bem-estar. Entre suas ações, está a
capacidade de ser mediador entre a população e informações
técnicas. Há diversas formas de tratar isso, pois cada contexto e
situação exige uma forma diferente de olhar para o problema,
Entretanto, a comunicação é o padrão-ouro, pois nunca falha.
Em todos os casos se tivermos uma boa comunicação o
sucesso da resolução é garantido. Com base no conhecimento
adquirido,  assinale a opção que apresenta corretamente a
função mediadora do médico veterinário para promover o bem-
estar animal.
a. Informação aos proprietários de como tratar os animais
domésticos e de companhia, e como identi�car a qualidade do
bem-estar que o animal apresenta.
b. Fornecer conhecimento de como se deve vacinar o animal.
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
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A antropomor�zação é aceitável desde que haja uma conscientização que os
pets têm suas necessidades distintas dos animais, devendo, portanto, estarem
disponíveis. Por exemplo, podemos a�rmar que a percepção do ambiente difere
para animais e seres humanos, a dimensionalidade do entorno para os seres
humanos é orientado por seu campo visual, no caso dos cães, é realizado pelo
olfato. O excesso de banhos e utilização de odores fortes no meio doméstico
causa uma interrupção dessa percepção, causando ao animal desconforto e 
mudança no comportamento.
A eutanásia é uma prática legalizada para ser executada para determinadas
situações previstas, ou seja, é o cessar a vida através de técnicas e métodos
cientí�cos que minimiza o sofrimento do animal causando por situações de
extremo sofrimento a qual o uso de analgésicos e outros medicamentos não
têm ação.
Essa prática é vista sob várias perspectivas legais e morais sobre o nível de
sofrimento que ela cause e a forma que ele deve ser executada e o tempo que
leve até a morte do animal. Considerar uma técnica adequada é difícil, para o
método ideal ela deve ser indolor, causar inconsciência e sem choque
emocional, além do mais, não deve causar alterações biológicas e histológicas. 
Para isso, o ambiente deve ser adequado, suprindo todas as necessidades para
executar o procedimento sem interrupção; o pro�ssional deve ser habilidoso na
técnica, evitando qualquer tipo de sofrimento ou prolongamento da morte e, por
último, os materiais e a técnica devem ser aceitos pela comunidade cientí�ca.
c. Explicar sobre as melhores técnicas de operações para
animais doentes.
d. Analisar o impacto �nanceiro para criar um animal.
e. Pesquisar sobre as condições e dos animais e discutir ações
com os empresários.
VERIFICAR
1.6.2 Eutanásia
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Desse modo, a eutanásia torna-se uma opção quando todas as soluções
possíveis foram esgotadas, pois é uma questão que suscita questões éticas e
morais. É considerada a atividade mais difícil para os pro�ssionais veterinários
envolvidos, pois esses pro�ssionais sofrem forte pressão dos proprietários e de
um dilema ético relativo.
Apesar da grande carga emocional e de responsabilidade que envolve o
procedimento, a eutanásia se reveste e se ocupa em oferecer bem-estar ao
animal. O sofrimento é um dilema antigo, que está relacionado ao nível de bem-
estar do animal, quanto mais sofrimentomenor é o bem-estar, invocando a
necessidade de formas de cessar esse estado de forma rápida e sem
intensi�car ainda mais o sofrimento do animal.
A eutanásia ética considera todos os aspectos envolvidos com o conforto para a
execução, respeito ao meio ambiente e as pessoas envolvidas. A prática de por
conveniência, injusti�cada ou mercantilizada é uma conduta condenada.
Ao contrário da eutanásia há a ortotanásia que é de�nida como a morte natural,
mas com a minimização do sofrimento com suportes terapêuticos. A técnica
não evita o sofrimento, mas minimiza que o sofrimento seja intenso. Devido à
existência de sofrimento na ortotanásia, a eutanásia ganha relevância em bem-
estar animal, seja pelo crescente grau de re�exão das técnicas ou pelo pela
valorização do impacto que a técnica demonstra para ser utilizada no bem-estar
animal.
O aumento descontrolado da população de animais errantes, popularmente
chamados de animais de rua, é uma questão de saúde pública, que cresce a
cada dia nas grandes cidades, possibilitando o aumento no número de maus-
tratos e no sofrimento desses animais. Há a  necessidade de condutas e
políticas públicas para o manejo e controle desses animais, os retirando da rua e
controlando sua natalidade.
As condições incertas e expostas que esses seres vivem faz com que o seu grau
de bem-estar seja baixo, causado por falta de alimentos, falta de cuidados
médicos e ambiente adequado e confortável. Esses fatores possibilitam o
desenvolvimento de alterações comportamentais e psicológicas.
Os animais errantes são induzidos a essa vida por três razões: maus-tratos, que
os repelem de voltar ao ambiente de origem; o abandono, quando o proprietário
por algum motivo decide não mais querer os animais e o descarta em lugar
distante de sua moradia; e a natalidade, normalmente de animais que já vivem
na rua.  Desse modo, um grande números desses animais vem a óbito por causa
de doenças, desnutrição e acidentes de trânsitos, além de outros meios menos
comuns, mas não deixando de ser relevante.
1.6.3 Controle populacional de animais de rua
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Figura 5 - Abandono de animais
Fonte: Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer
Vemos na imagem, um gato filhote, tricolor, com
olhar triste, e deitado sobre o chão.
Há muito debates sobre a efetividade do processo de esterilização desses
animais, além do processo de educação sobre a importância da castração, ainda
que sofram grande preconceito por parte dos proprietários pela desinformação e
divulgação de informações não condizentes com a realidade. 
Os abrigos são ambientes de acolhimento temporário para esses animais, não
sendo por vezes acolher grande quantidade de animais, há ainda a falta de
estrutura adequada para animais, a falta de medicamentos e alimentos em
quantidade su�ciente, o que não condiz com as necessidades dos animais. O
planejamento adequado e de longo prazo é essencial para medidas efetivas.
Chegamos ao �m da primeira unidade da disciplina de Ética e Bem-estar Animal.
Aqui, estudamos sobre o comportamento animal e seu bem-estar,
compreendemos os indicadores de mudança e técnicas de análise de
adaptabilidade e os motivos dos comportamentos anormais. Além disso,
CONCLUSÃO
21/11/2022 08:54 Ética e Bem-estar Animal
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 32/33
discutimos sobre o processo que torna relevante os limites legais da interação
homem-animal e o modo como os animais de companhia são submetidos  a
graus de bem-estar animal nas condições domésticas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
compreender o modo de como o processo de
domesticação afeta o bem-estar e como isso pode
ocorrer;
entender os processos de manifestação que o baixo grau
de bem-estar animal pode se expressar;
analisar as técnicas aplicadas na análise do bem-estar
animal;
expandir seu conhecimento sobre técnicas para serem
aplicados para melhor o bem-estar dos animais;
relacionar alterações ambientais no bem-estar animal.
Clique para baixar conteúdo deste tema.
ALCOCK, J. Comportamento Animal: uma abordagem evolutiva. 9. ed.
São Paulo: Artmed, 2011.
Referências
21/11/2022 08:54 Ética e Bem-estar Animal
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=23962 33/33
BRASIL. Resolução N. 1236, de 26 de outro de 2018. Brasília, 2018.
Disponível em:
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content
/id/47542721/do1-2018-10-29-resolucao-n-1-236-de-26-de-outubro-de-
2018-47542637. Acesso em: 02 jul. 2021.
BROOM, D. M.; FRASER, A. F. Comportamento e bem-estar de animais
domésticos. 4.ed. Barueri: Manole, 2010.
DARWIN, C.  A expressão das emoções no homem e nos animais. 3. ed.
São Paulo: Relógio d' Água, 2006.
KREBS, J.R.; DAVIES, N. B. Introdução à Ecologia Comportamental. São
Paulo: Atheneu, 2013.
SEMPRE ao seu lado. Direção de Lasse Hallström. Califórnia: Sony
Filmes, 2009. 1 DVD (133 min.).

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