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Capitulo 3 (Postulados basicos)

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3. Postulados da relatividade restrita 
 
17 
 
Capítulo III 
Postulados da Relatividade Restrita 
 A Teoria da Relatividade Restrita, formulada por Albert Einstein em 1905, mantém 
toda a concepção do espaço homogêneo e isotrópico, que implica na não existência de 
posições ou orientações espaciais privilegiadas, e a arbitrariedade na escolha da origem do 
tempo e a consequente equivalência de todos os referenciais inerciais. 
 As observações experimentais mostrando que a velocidade de propagação da luz no 
vácuo é independente do movimento relativo entre a fonte e o observador, que viola a lei de 
adição das velocidades newtoniana, e o fato das equações de Maxwell não serem covariantes 
pelas transformações de Galileu levaram a assumir que somente as leis da mecânica deveriam 
satisfazer ao princípio da relatividade newtoniana, uma situação desconfortável para a Física. 
 A ideia de Einstein foi justamente estender o conceito de relatividade para toda a 
Física dentro da concepção ideal de que tal princípio deva se aplicar a todas as leis da 
Natureza. Assim, dois postulados, que podem ser enunciados como abaixo, dão suporte à 
Relatividade Restrita: 
 1. Princípio da Relatividade: as leis da Física são as mesmas em todos os referenciais 
inerciais, ou seja, não existe nenhum referencial inercial preferencial. 
 2. Princípio da constância da velocidade da luz: a velocidade da luz no vácuo tem o 
mesmo valor constante c em todos os referenciais inerciais. 
 Veja que o Princípio da Relatividade de Einstein apenas generaliza a relatividade 
newtoniana, estendendo a sua validade para toda a Física, enquanto que a relatividade 
newtoniana restringe-se às leis da mecânica. Resta lembrar que ainda se restringe aos 
referenciais inerciais, dificuldade sanada com a generalização para a Relatividade Geral pelo 
próprio Einstein. 
 A diferença fundamental da Relatividade Restrita de Einstein em relação à 
relatividade newtoniana é o postulado da constância da velocidade da luz. O preço a pagar é 
uma alteração profunda em alguns dos conceitos físicos tidos até então como indiscutíveis, 
como as propriedades absolutas do espaço e do tempo. A constância da velocidade de 
propagação da luz no vácuo só é possível se aceitos os conceitos como a relatividade da 
simultaneidade, a relatividade do tempo e a relatividade do espaço. 
3.1 Relatividade da simultaneidade 
 Na relatividade newtoniana, o tempo é um conceito absoluto, fluindo uniforme e 
independentemente dos observadores localizados em diferentes referenciais. Isto significa, 
por exemplo, que se dois ou mais eventos forem simultâneos num certo referencial, serão 
simultâneos em todos os referenciais inerciais. 
 Na relatividade einsteiniana, como consequência da constância da velocidade da luz, a 
noção de simultaneidade passa a ser relativo, isto é, dois ou mais eventos simultâneos num 
determinado referencial inercial não implica necessariamente que serão simultâneos num 
outro referencial inercial. Isto abre, inclusive, a possibilidade de que a ordem temporal dos 
eventos possa ser diferente para observadores postados em referenciais inerciais diferentes. 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
18 
 
 Para compreender a questão da relatividade da simultaneidade dos eventos, considere 
o seguinte experimento idealizado: um aparato, linear, é montado para controlar dois eventos, �� e �� , respectivamente, localizados nas suas duas extremidades, nos pontos A e B, num 
certo referencial inercial R onde o aparato se encontra em repouso. Esses eventos são 
sinalizados por emissões de luz nesses respectivos pontos e as recepções desses sinais 
luminosos são feitas no centro O do segmento de reta que une os pontos A e B. 
 
 
 
Figura 3.1 
Observação de eventos simultâneos 
nos pontos A e B sinalizados por 
emissões de luz recebidas 
simultaneamente no ponto 
equidistante O. 
 
 
 
 Suponha que os dois eventos ocorram simultaneamente nesse referencial. A figura 
(3.1) ilustra o sistema em instantes diferentes, desde a emissão simultânea dos sinais em A e 
B até a recepção simultânea desses sinais em O. Os sinais provenientes dos pontos A e B 
percorrem a mesma distância até atingirem o ponto O, 
 � = ������ = �	���� , (3.1) 
com a mesma velocidade c, gastando para tanto o intervalo tempo 
∆� = �� − �� = �� − �� = �� . (3.2) 
Pode-se concluir que as recepções simultâneas dos sinais em O no instante t₀ indicam que os 
eventos �� e �� ocorreram simultaneamente, no instante �� = ��. 
 Os mesmos eventos �� e �� , simultâneos no referencial R, não são necessariamente 
simultâneos quando observados num outro referencial inercial R′ em movimento uniforme, 
com velocidade V, em relação a R ao longo da reta �	���� coincidente com os eixos x-x′. (Veja a 
figura 3.2). Como eventos simultâneos que ocorrem num mesmo ponto do espaço podem ser 
confundidos com um único evento (ou equivalentemente, podem ser associados a um mesmo 
evento que ocorra no mesmo ponto), as recepções em O dos sinais emitidos em A e B devem 
ser simultâneas tanto para observadores em R como em R′. 
 No entanto, para observadores em R′, os sinais luminosos emitidos nos pontos A e B 
percorrem distâncias diferentes, com a mesma velocidade c como impõe o postulado da 
constância da velocidade da luz. Isto porque, embora as distâncias ������ e �	���� sejam iguais, 
 �′ = ������ = �	���� , (3.3) 
o sinal emitido em A deve percorrer uma distância menor que o sinal emitido em B devido ao 
deslocamento de AB em relação a R′. 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
19 
 
 Os intervalos de tempo necessários para os sinais luminosos emitidos nos pontos A e 
B até atingirem o ponto central O são, respectivamente, 
∆�′� = �� − �∆�′�� ⟹ ∆�′� = �′� − �′� = �′� + � (3.4) 
 e 
∆�′� = �� + �∆�′�� ⟹ ∆��� = ��� − ��� = �
�
� − � . (3.5) 
 
 
 
Figura 3.2 
A recepção simultânea dos sinais em 
O indica que os eventos em A e B 
não são simultâneos. 
 
 
 
 Esta análise mostra que os eventos �� e �� quando observados no referencial inercial �′ ocorrem em instantes �′� e ��� diferentes, 
�′� = �′� − ��� + � � �� = ��� − �
�
� − � , (3.6) 
o intervalo de tempo entre os dois eventos sendo 
∆�� = �′� − ��� = 2����" − �" . (3.7) 
 Portanto os eventos �� e �� , embora simultâneos para observadores no referencial 
inercial R, não são simultâneos para observadores em R′. É um exemplo típico de um 
experimento mentalizado onde se pode constatar a relatividade da simultaneidade como uma 
consequência direta do postulado da constância da velocidade da luz. 
3.2 Relatividade do tempo 
 Outra consequência da constância da velocidade da luz é a relatividade do tempo, 
mais precisamente, do intervalo de tempo entre dois eventos. O seguinte experimento 
idealizado pode aclarar essa questão. Considere um referencial R onde é feita a medida do 
tempo gasto por um sinal luminoso partindo de um ponto A até outro ponto B onde é 
refletido, retornando ao ponto A, o segmento de reta �	���� perpendicular ao eixo x. 
 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
20 
 
 
 
Figura 3.3 
Intervalo de tempo entre eventos 
emissão do sinal em A e a recepção 
do mesmo sinal de volta para A após 
ser refletido em B. 
 
 
 
 Se $ = �	����, então o intervalo de tempo entre a emissão e a recepção do sinal luminoso 
será (veja ilustração na figura 3.3) 
∆� = 2$� . (3.8) 
Imagine um aparato experimental formado por um tubo de comprimento L em cuja 
extremidade A fixa-se uma fonte e um receptor de luz e na extremidade oposta B fixa-se um 
espelho refletor direcionado para A, o experimento realizado com o aparatocolocado 
perpendicularmente ao eixo x. 
 O mesmo aparato experimental, para um observador num referencial R′ em 
movimento uniforme em relação a R, com velocidade V ao longo do eixo x, será visto 
movendo-se em direção oposta com a mesma velocidade V. Essa situação está ilustrada na 
figura 3.4. Assim, a emissão de luz ocorrerá no ponto A′ em direção a B′, onde é refletido em 
direção a C′, seguindo o movimento do aparato ao longo do percurso 2d′, onde d′ é a 
distância entre A′ a B′ e entre B′ e C′. O tempo gasto nesse percurso será 
∆�′ = 2��� . (3.9) 
Como 
'′(′������ = (��′������ = 12 �∆�� , (3.10) 
então 
�� = *$" + �"(∆�′)"4 . (3.11) 
 
 
 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
21 
 
 
 
Figura 3.4 
Intervalo de tempo entre eventos 
emissão do sinal em A′ e a recepção 
do sinal de retorno em C′ após ser 
refletido em B′. 
 
 
 
 Combinando com a equação (3.9) e usando (3.8) resulta 
∆�′ = +∆� (3.12) 
para 
+ = 1,1 − -" , .- = �� / (3.13) 
 
 Esse resultado mostra que o tempo flui diferentemente conforme o movimento 
relativo dos observadores. Como 1 − -"deve ser positivo para que a relação (3.12) tenha 
significado físico, então 
- = �� < 1 , (� < �) ⟹ + > 1 (3.14) 
e, portanto, ∆�� ≥ ∆�, o que justifica o termo dilatação do tempo de R′ em relação a R. 
 Em termos práticos, significa que relógios em movimento marcam intervalos de 
tempos menores do que os relógios em repouso. Se, por exemplo, 3� corresponder ao 
intervalo de tempo entre o tic e o tac de um relógio em repouso em R, esse mesmo tic e tac, 
será percebido pelo observador em R′, agora com o relógio em movimento, ocorrendo 
separados pelo intervalo de tempo 3�′. 
3.3 Relatividade do espaço 
 A relatividade do comprimento (distância entre dois pontos) é outra consequência da 
constância da velocidade da luz. Considere o seguinte experimento idealizado para verificar 
essa relatividade: uma luz é emitida num ponto A em direção a um espelho colocado num 
outro ponto B, onde é refletido, retornando ao ponto A. Por simplicidade, esses pontos são 
localizados paralelamente ao eixo x, em repouso no referencial R. (Veja a figura 3.5). Pode-
se imaginar os pontos A e B como as posições das extremidades de uma régua, por exemplo. 
 Para um observador no referencial R, onde �	���� = $ , o tempo gasto pela luz no 
percurso de A para B será 3�₁ = $/�, levando o mesmo tempo no percurso de retorno (de B 
para A), 3�₂ = $/�, totalizando 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
22 
 
 
3� = 2$� . (3.15) 
 
 
 
 
Figura 3.5 
Comprimento (distância) entre dois 
pontos. 
 
 
 
 Visto por um observador num outro referencial R′ (veja a figura 3.6) deslocando-se 
ao longo do eixo x em relação a R com velocidade uniforme V, o tempo gasto no percurso �′	′777777778 é 
3�′9 = $� − �3�′9� ⟹ 3��9 = $
�
� + � (3.16) 
e, no percurso 	′�′777777778, 
3�′" = $� + �3�′"� ⟹ 3��" = $
�
� − � , (3.17) 
resultando, para o percurso total, o intervalo de tempo 
3� = 3�9� + 3�′" = $�� + � + $
�
� − � = 2�$
�
�" − �" (3.18) 
 Usando a equação (3.14) e a dilatação do tempo, equação (3.12), resulta 
$� = $,1 − -" = 1+ $ . (3.19) 
Como $� ≤ $, diz-se que há uma contração do espaço na direção do movimento. 
 A contração do espaço afeta somente o comprimento na direção do movimento 
relativo, isto é, somente a dimensão longitudinal ao movimento. Um argumento relativamente 
simples pode mostrar que a dimensão transversal ao movimento relativo não pode ser afetado. 
Por exemplo, suponha duas réguas de mesmo comprimento quando em repouso, colocadas 
paralelas entre si e perpendiculares em relação ao eixo x, ambas com uma das extremidades 
sobre esse eixo, deslocando-se ao longo do mesmo uma na direção da outra. Suponha que 
cada uma das réguas disponham de dispositivos nas extremidades que permitam, à que estiver 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
23 
 
contraída, decepar a outra para igualar o comprimento. Se houver contração na dimensão 
transversal ao movimento relativo, um observador em repouso em relação a uma das réguas 
verá a outra contraída e decepar a sua régua, fato que poderá ser comprovado ao final do 
experimento. O outro observador, em repouso em relação à outra régua, fará a mesma 
observação, porém com as réguas trocadas, que também poderá ser comprovado ao final do 
experimento. Esses resultados são incompatíveis entre si, mostrando que não pode ocorrer 
alterações de comprimento na direção transversal ao movimento. 
 
 
 
 
Figura 3.6 
Verificando a contração do espaço. 
 
 
 
 O comprimento ou a distância entre dois pontos é definido pela medição simultânea 
das coordenadas desses dois pontos, e a contração do espaço na direção do movimento ocorre 
devido à relatividade da simultaneidade. As medidas das coordenadas dos dois pontos feitas 
simultaneamente num dos referenciais não são simultâneas no outro referencial. 
Exercícios 
 1. Com o mesmo experimento idealizado para demonstrar a relatividade da 
simultaneidade dos eventos na Relatividade Restrita, mostre que na relatividade newtoniana 
resultam simultâneos nos dois referenciais. 
 2. Repita o exercício anterior para checar a relatividade do tempo na física 
newtoniana. 
 3. Repita o exercício anterior para checar a relatividade do espaço na física 
newtoniana. 
 4. O Sistema Solar dista da ordem de 8 ;<� (1 pc≃ 3,086 × 109?@) do centro da Via 
Láctea, cujo diâmetro é da ordem de 50 ;<�. (i) Poderia uma pessoa, em princípio, viajar até 
a periferia da Galáxia num tempo de vida normal? (ii) Que velocidade, constante, seria 
necessária para fazer a viagem em 30 anos? (iii) Qual será o tempo transcorrido na Terra ao 
retornar? 
 5. Dada meia vida de um méson em repouso, A₀ = 2,3 × 10⁻⁶D E , que distância 
média percorre no vácuo antes de decair, quando medidas em sistemas de referência em que 
3. Postulados da relatividade restrita 
 
24 
 
as suas velocidades são 0,60�, 0,90� 0,99�? Compare cada uma destas distâncias com as 
distâncias que o méson veria a si próprio percorrendo. 
Bibliografia 
1. John J. Brehm e William J. Mullin, Introduction to the Structure of Matter, John Wiley & 
Sons, 1989. 
2. H. A. Lorentz, A. Einstein e H. Minkowski, Textos Fundamentais da Física Moderna, I 
volume - O Princípio da Relatividade (3^{a.} edição), Editora da Fundação Calouste 
Gulbenkian, Lisboa (1958). 
3. J. H. Smith, Introduction to Special Relativity, Ed. W. A. Benjamin, NY, 1969. 
4. R. Resnick, Introdução à Relatividade Especial, Ed. USP/Polígono, SP,1971. 
5. Richard A. Mould, Basic Relativity, Springer, NY, 1994.

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