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Manu Taioba Puberdade Processo de transição que leva à maturidade reprodutiva. Desencadeada pela reativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG). Eixo HHG Kisspeptinas são peptídeos secretados por neurônios dos núcleos arqueado e periventricular anteroventral do hipotálamo. As kisspeptinas ligam-se ao receptor acoplado à proteína G (GPR54) dos neurônios secretores de GnRH, ativando a secreção de GnRH pelo hipotálamo e, consequentemente, a liberação pulsátil das gonadotropinas (FSH e LH) pela adeno-hipófise. A ação conjunta do FSH e LH induz a: ● Maturação das células germinativas (espermatozóides ou ovócitos) ● Secreção de esteróides sexuais (androgênios ou estrogênios) pelas gônadas Os esteróides sexuais exercem feedback negativo a nível hipotalâmico e hipofisário, diminuindo a secreção de kisspeptina, GnRH e LH. ● Secreção de peptídeos gonadais (inibinas e ativinas) As ativinas exercem feedback positivo a nível hipofisário, aumentando a secreção de FSH. As inibinas exercem feedback negativo a nível hipofisário, diminuindo a secreção de FSH. Inibina A: Produzida pelos folículos ovarianos. Só é mensurável no sexo feminino. Inibina B: Produzida pelas células da granulosa em meninas e pelas células de Sertoli em meninos. Pode ser útil na avaliação de anormalidades testiculares, como a criptorquidia. O eixo HHG é facilmente modulado por estímulos no SNC: Fatores inibitórios: GABA, peptídeos-opióides. Fatores estimulatórios: Glutamato, NPY, fatores de crescimento. Outros: nutrição, gordura, exercício, raça, estresse, doenças crônicas, fatores sociais e psicológicos. Manu Taioba Alterações ao longo do desenvolvimento relevantes para a puberdade Período fetal: ● Diferenciação das células de Leydig e Sertoli no testículo e das células tecais e da granulosa no ovário ● Desenvolvimento normal do hipotálamo e das células secretoras de gonadotropinas Esse processo depende de genes como LHR (receptor de LH) e FSHR (receptor de FSH). ● Estabelecimento do mecanismo de secreção pulsátil de GnRH e de resposta a ele Esse processo depende de genes como KISS-1 (produtor de kisspeptina) e GnRHR (receptor do GnRH). ● Migração dos neurônios produtores de GnRH da região olfatória para as posições apropriadas no hipotálamo. Esse processo depende de genes como KAL-1 (síndrome de Kallmann 1) e FGFR1 (receptor 1 do fator de crescimento de fibroblastos). Período neonatal, lactância e segunda infância: ● O eixo HHG é ativado por breves períodos durante a vida fetal, neonatal e o início da lactância (“minipuberdade do lactente”). ● Após o primeiro ano de vida, o eixo HHG torna-se inativo. Durante esse período de latência puberal, é difícil distinguir a criança que tem hipogonadismo hipogonadotrópico (incapacidade patológica de produzir esteroides sexuais em razão de anormalidades hipotálamo-hipofisárias) do indivíduo normal cuja secreção de GnRH ainda está sob inibição. A partir do conhecimento de que o mecanismo puberal só está latente em virtude da inibição ativa do SNC, infere-se que anormalidades do SNC geralmente estão associadas à puberdade precoce. Pré-adolescência e adolescência: ● A reativação do eixo HHG ocorre com o aumento da liberação pulsátil de GnRH, que inicialmente ocorre à noite, bem mais de um ano antes do surgimento de sinais físicos da puberdade. ● O LH é um bom indicador do retorno da pulsatilidade do GnRH, desde que seja usado um ensaio de LH ultrassensível. Um nível de LH acima de 0,3 a 0,55 UI/l é sugestivo de ativação central precoce da puberdade. Em meninos ocorre: ● Aumento dos níveis da testosterona, em função do aumento dos níveis de LH A globulina de ligação de hormônios sexuais (SHBG), diminui à medida que a testosterona aumenta, levando à rápida elevação da fração livre (ativa) de testosterona. ● Aumento dos níveis de estrogênio, principalmente por aromatização da testosterona em estradiol. Em geral, o pico dessa elevação é observado por volta dos 13 anos, correspondente ao meio da puberdade, o período em que é mais frequente a ginecomastia. Em meninas ocorre: ● Aumento episódico de estradiol no início da puberdade Por essa razão, a medição aleatória de estradiol é um indicador insensível do início da puberdade. A SHBG diminui à medida que o estradiol aumenta. Manu Taioba Características da puberdade A puberdade tem duração dos 8 aos 13 anos nas meninas, e dos 9 aos 14 anos nos meninos. Em ordem cronológica: 1. Crescimento Eixo GH e IGF-1. 2. Mudanças na composição corporal Aumento da massa gordurosa em meninas e da massa muscular nos meninos. Aumento da proporção corporal. 3. Alterações das características sexuais primárias Meninas: ovários, útero e vagina. Meninos: testículos, próstata e glândulas seminais. 4. Desenvolvimento das características sexuais secundárias Início clínico da puberdade. Geralmente segue um padrão em meninas e meninos. Resulta da gonadarca e da adrenarca, processos de regulação independente, ou seja, podem ocorrer na ausência do outro. Adrenarca É o aumento da secreção de esteróides sexuais pelas glândulas adrenais (estrona, androgênios) Inicia-se ao redor dos 6 anos de idade. Os principais androgênios secretados pelo córtex adrenal são a androstenediona, deidroepiandrosterona (DHEA) e sua porção sulfatada (SDHEA), sendo o último o melhor marcador bioquímico da adrenarca. Os fatores que induzem a adrenarca permanecem desconhecidos. Entretanto, tem sido sugerido que a adrenarca não representa um evento específico e sim um processo gradual de maturação da glândula adrenal que se inicia na infância. Ações da aromatase: - Testosterona → B-estradiol - Androstenediona → Estrona Gonadarca É o aumento da secreção de esteróides sexuais pelas gônadas (testosterona nos testículos e B-estradiol nos ovários). É o marco da puberdade: Indica que houve reativação do eixo HHG. Ocorre aproximadamente 2 anos após a adrenarca. Manu Taioba Desenvolvimento das características sexuais secundárias em meninas: 1. Estirão de crescimento Dura cerca de 3 a 4 anos. Ocorre pela ação do estrogênio, GH e IGF-1. 2. Telarca Início do desenvolvimento das mamas. Marco inicial do desenvolvimento puberal. Geralmente ocorre ao redor dos 10 a 11 anos de idade. O desenvolvimento mamário completo leva de três a quatro anos, finalizando-se geralmente aos 14 anos. 3. Pubarca Início do aparecimento de pêlos pubianos. Manifestação clínica da adrenarca. Ocorre cerca de 6 a 12 meses após a telarca. Em 20% das meninas, a pubarca antecede a telarca. Os pêlos pubianos levam cerca de 3 anos para completar seu desenvolvimento. 4. Menarca Primeira menstruação. Sinaliza a obtenção da capacidade reprodutiva. Ocorre por volta dos 12,8 anos (11-13 anos). Em 75% das meninas, a menarca acontece em M4, enquanto em 25% delas acontece em M3. Inicialmente, os ciclos menstruais são anovulatórios e irregulares. Cerca de um a dois anos após a menarca, os ciclos menstruais tornam-se ovulatórios e regulares. Manu Taioba Desenvolvimento das características sexuais secundárias em meninos: 1. Desenvolvimento da genitália Marco inicial do desenvolvimento puberal = volume testicular > 4ml (G2). 2. Pubarca Ocorre por volta dos 12 anos. Pubarca precoce: antes dos 10 anos. Pubarca tardia: após os 14 anos (pretos) e 14,5 anos (brancos e hispânicos). A axilarca geralmente ocorre de 1 a 2 anos depois da pubarca. 3. Estirão de crescimento Ocorre por volta dos 13,5 anos. 4. Espermarca Capacidade de produzir e ejacular espermatozóides. Sinaliza a obtenção da capacidade reprodutiva. Ocorre por volta dos 13,5 anos. Semenarca: primeira ejaculação (12-14 anos). 5. Instabilidade vocal Transição para a voz mais grave do adulto Ocorre por volta dos 13,9 anos. O aumento da força muscular e a piora da acne ocorrem nesse mesmo período. 6. Pelos faciais Geralmente começam acima do lábio superior. Ocorrem por volta dos 15 anos, podem alcançar qualidade igual à do adulto bem depois da adolescência. Manu Taioba Estadiamentode Tanner (1962) Método padronizado de estadiamento puberal. Caracteriza o grau de maturação sexual do adolescente. Utilizado diariamente durante o exame físico de crianças e adolescentes. Permite diagnósticos de patologias como: puberdade precoce, rapidamente progressiva ou retardada. Avalia telarca nas meninas, genitália nos meninos e pubarca em ambos os sexos. As mudanças físicas: ● Caracterizam a fase final da puberdade ● Possuem início e ritmo de progressão muito variáveis Logo, adolescentes da mesma idade frequentemente estão em fases de desenvolvimento distintas. ● Dependem de mecanismos hormonais e genéticos diferentes Logo, alguns adolescentes poderão estar em fases diferentes para cada uma das características analisadas (ex: M4P5 ou G2P1). Estágios de Tanner: 1: Fase infantil, impúbere. 2,3 e 4: Período puberal. 5: Fase pós-puberal, adulta. Pubarca (ambos os sexos): P1: Ausência de pelos pubianos. P2: Aparecimento de pêlos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados (na base do pênis ou ao longo dos grandes lábios). P3: Maior quantidade de pêlos, agora mais grossos, escuros e encaracolados. P4: Pêlos do tipo adulto, cobrindo densamente a região púbica P5: Pêlos do tipo adulto, invadindo a face interna das coxas. P6: Pêlos do tipo adulto: extensão para cima da região púbica Manu Taioba Mamas (sexo feminino): M1: Mama infantil, com elevação da papila. M2: Aparecimento do broto mamário somado ao aumento e modificação na textura da aréola. M3: Aumento da mama e da aréola, mas sem separação de seus contornos. M4: Aumento da mama e da aréola, formando uma segunda saliência acima do contorno da mama. M5: Mama adulta, quando o contorno areolar é novamente incorporado ao contorno da mama. Manu Taioba Genitais (sexo masculino): A medição dos testículos é feita pelo orquidômetro de prader. G1: Pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis. G2: ● Crescimento peniano mínimo ou ausente. ● Aumento do volume testicular (>4ml), devido ao aumento dos túbulos seminíferos sob estimulação das gonadotropinas. ● Pele escrotal muda de textura e torna-se avermelhada. G3: ● Crescimento peniano, principalmente em comprimento ● Crescimento testicular e escrotal. G4: ● Crescimento peniano, principalmente em diâmetro. ● Crescimento testicular e escrotal. ● Pele escrotal torna-se mais pigmentada. ● Maior desenvolvimento da glande. G5: Genitália assume tamanho e forma adulta.
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