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Psicologia nas Organizacoes_

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Psicologia
nas Organizações
Jomarri Maia Barreto Miranda
Presidente Prudente
Unoeste - Universidade do Oeste Paulista
2016
Miranda, Jomarri Maia Barreto.
 Psicologia nas Organizações. / Jomarri Maia Barreto 
Miranda. – Presidente Prudente: Unoeste - Universidade 
do Oeste Paulista, 2016.
 162 p.: il.
 Bibliografia.
 ISBN: 978-85-88755-22-2
 1. Psicologia Industrial. 2. Organização. 3. Psicolo-
gia Social. I. Título.
CDD\22. ed. 
© Copyright 2016 Unoeste - Todos os direitos reservados
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou 
por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer 
outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Universidade do Oeste Paulista.
Psicologia nas Organizações
Jomarri Maia Barreto Miranda
Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima
Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas
Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste
Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi
Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima
Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres 
Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato 
Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti
Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema
Diagramação: Aline Miyamura Takehana e Luciana da Mata Crema
Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana 
da Mata Crema
Revisão: Renata Rodrigues dos Santos
Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal
Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), 
mantenerora da Universidade do Oeste Paulista
Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária
CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP
(18) 3229-3260 | www.eadunoeste.com.br
158.7 
M271p
Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste
Jomarri Maia Barreto Miranda
Graduada em Ciências Sociais (1999) pela Universidade Salvador e pós-graduada em 
Psicologia Organizacional (2001) também pela UNIFACS. Atua no desenvolvimento de 
materiais didáticos para instituições de ensino que oferecem cursos na modalidade a 
distância.
Sobre a autora 
Carta ao aluno
O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças 
importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A 
Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais 
espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro-
fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor-
me suas atividades e disponibilidade. 
Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio-
nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo 
responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse 
mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 
2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead 
(Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co-
nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e 
materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o 
mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às 
novas tecnologias.
Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que 
suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida 
pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. 
Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e 
doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e 
pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en-
fim, são inúmeros os referenciais de qualidade.
Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão 
que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício 
das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien-
tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos 
comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”.
Seja bem-vindo e tenha bons estudos!
Reitoria
Sumário
Capítulo 1
A Compreensão dA psiCologiA sobre o desenvolvimento e o ComportAmento HumAno
Aspectos Históricos da Ciência Psicológica .....................................................................14
História da Psicologia ...............................................................................................14
Definição de Psicologia .............................................................................................15
O Surgimento da Psicologia Decorrente da Influência Filosófica ...................................16
Origem da Psicologia Científica .................................................................................16
As Representações Sociais como Formas de Conhecimento .............................................20
Conceitos de Cognição Social ....................................................................................21
O Ser Humano e seus Grupos Sociais ........................................................................25
Papéis Sociais ..........................................................................................................26
A Construção Social do Sujeito ..................................................................................26
Psicologia Organizacional e sua Aplicação ......................................................................27
Psicologia Organizacional na Atualidade .....................................................................28
Desenvolvimento e Aprendizagem .............................................................................31
Aprendizagem – Psicologia e as Diversas Abordagens Filosóficas que Definem Modelos de 
Homem e de Mundo ................................................................................................33
Concepções de Homem e Visão do Mundo .................................................................35
Capítulo 2
psiCologiA instituCionAl e suAs relAções
Alguns Aspectos da Psicologia Institucional ....................................................................40
A Psicanálise – Objetos Parciais e Objetos Totais ........................................................42
As Relações na Instituição ........................................................................................43
Grupos e Instituições ...............................................................................................44
As Empresas como Realidades Sociodinâmicas ...............................................................44
O Poder nas Organizações na Visão de Alguns Autores ...................................................50
O Elenco de Jogadores .............................................................................................54
A Coalizão Externa ...................................................................................................54
A Coalizão Interna ...................................................................................................55
Os Jogos Políticos da Coalizão Interna .......................................................................57
O Sistema de Metas .................................................................................................62
As Configurações de Poder ...........................................................................................64Transição entre Configurações de Poder ....................................................................68
Estágios de Desenvolvimento Organizacional .............................................................69
Configurações de Poder e Jogos Políticos ...................................................................71
Capítulo 3
personAlidAde e desenvolvimento
Influências da Interação e do Desenvolvimento para a Aprendizagem e Comportamento em 
Sociedade ...................................................................................................................76
Considerações sobre Desenvolvimento ......................................................................77
Teorias Influenciadoras no Desenvolvimento Humano .....................................................79
Abordagens Teóricas na Visão de Piaget ....................................................................79
Desenvolvendo Competências Interpessoais e Organizacionais - Percepção e Frustração ...81
Psicodinâmica da Personalidade ................................................................................81
Teorias de Freud ......................................................................................................82
A Diversidade na Personalidade ................................................................................88
As Cinco Dimensões da Personalidade .......................................................................89
Dinâmica de Grupo como Espaço de Desenvolvimento nas Organizações .........................90
Modelos de Grupo ....................................................................................................92
Participação no Grupo ..............................................................................................94
Dinâmica de Grupo não é Carochinha? ......................................................................96
Capítulo 4
o Homem e As orgAnizAções – temAs teóriCos sobre o ComportAmento nAs 
orgAnizAções
Atitudes e suas Características .................................................................................... 104
Funções das Atitudes ............................................................................................. 107
Atitudes e Comportamento ..................................................................................... 109
A Organização Cognitiva das Atitudes .......................................................................... 111
Motivação Humana no Trabalho – Tomadas de Decisões, Chefia e Liderança .............. 121
Liderança e Poder .................................................................................................. 122
Papéis dos Membros .............................................................................................. 124
Fontes e Formas de Poder ...................................................................................... 125
Desenvolvimento Organizacional ................................................................................. 126
Capítulo 5
problemAs soCiopolítiCos dA orgAnizAção de esCAlAs
As Oportunidades Empresariais no Contexto Atual .............................................134
O Novo Trabalhador, Emprego e Qualificação ....................................................140
Responsabilidade Socioambiental .....................................................................142
Modelos de Gestão da Responsabilidade Social .............................................142
Impactos das Decisões Empresariais na Sociedade e no Meio Ambiente ..............146
Contribuições da Perspectiva Institucional para Análise das Organizações ............150
Referências.....................................................................................................153
Estudos Complementares ................................................................................160
11
Apresentação
Caro aluno,
Este livro é fruto de pesquisas e opiniões que norteiam a vida do indivíduo em 
sociedade. A Psicologia, sendo uma das mais atraentes áreas do conhecimento humano, 
será muito rica em nossa jornada de estudos. Especificamente, vamos direcionar seu olhar 
e suas reflexões para a organização, esperando que este momento seja o marco de uma 
proveitosa relação de trabalho, comunicação e produção científica.
A disciplina Psicologia nas Organizações tem por objetivo introduzir os principais 
conceitos e as diferentes teorias psicológicas acerca do desenvolvimento e da aprendizagem 
do homem, além de marcar a sua importância e aplicabilidade no contexto organizacional, 
bem como demonstrar e capacitar você para uma prática orientada pela relação interdiscipli-
nar entre a Psicologia e a Psicologia nas Organizações.
Este livro foi estruturado para potencializar sua aprendizagem. Leia atentamente 
o material, faça todas as atividades propostas, pois elas visam auxiliá-lo na construção de 
conhecimentos sobre os temas abordados.
Esperamos contribuir de modo significativo para que você venha a repensar 
sua atuação no mundo, tanto no campo pessoal quanto profissional. Desejamos que você 
aproveite ao máximo este livro!
Bons estudos!
Profa. Jomarri Maia
13
A Compreensão dA psiCologiA sobre o desenvol-
vimento e o ComportAmento HumAno
Capítulo 1
14
Atualmente, as informações acerca do comportamento humano perpassam 
pelo estudo existente entre homem e cultura, mostrando-se relevante no que diz respei-
to aos diversos grupos culturais que se comunicam e estabelecem relações entre si. Nes-
se contexto, iremos conhecer alguns aspectos formadores de comportamentos. Neste 
capítulo, você dará os primeiros passos nesta nossa caminhada. Aqui pretendemos levá-
-lo a conhecer e a discutir a Psicologia enquanto ciência do comportamento, abordando 
o desenvolvimento e a aprendizagem em diversas teorias psicológicas. Vamos iniciar os 
estudos!
Introdução
Aspectos Históricos da Ciência Psicológica
História da Psicologia
A institucionalização da Psicologia enquanto ciência deu-se entre meados 
do século XVIII e final do século XIX, ou seja, desde aquela época já eram realizados 
estudos de caráter psicológico. Esses períodos ajudaram a marcar o desenvolvimento de 
um modelo de racionalidade que serviu de ponto de partida e alimento para a ciência 
moderna. Isso foi possível devido às revoluções científicas do século XVI (por meio dos 
trabalhos de pesquisadores, como Copérnico, Galileu e Newton), especificamente no 
campo das ciências naturais.
Ainda no século XIX, esse modelo de racionalidade ampliou-se ao campo das 
ciências sociais da época. Os estudos históricos, fisiológicos, jurídicos, literários, filosófi-
cos e teológicos fizeram parte de uma forma mais global de racionalidade. Santos (2003, 
p. 21) afirma que:
A nova racionalidade científica é também um modelo totalitário na me-
dida em que nega o caráter racional a todas as formas de conhecimen-
to que se não pautarem pelos seus princípios epistemológicos e pelas 
suas regras metodológicas.
Para conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os 
mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem – seu cérebro.
15
Definição de Psicologia
O termo Psicologia tem origem grega, sendo derivado da conexão de duas 
palavras (Psyché e logos) e denota o “estudo da mente ou da alma”.
Sendo uma ciência que estuda o comportamento humano e as interações 
dos organismos com o seu ambiente, a Psicologia também pode ser completa se enten-
dermos e aprofundarmos os conceitos de ciência, comportamento e homem. Dependen-
do do enfoque e conhecimento de homem que está sendo utilizado, a Psicologia pode 
ter vários conceitos, como esses:
• Ciência que estuda os seres humanos e seus processos psíquicos.
• Ciência da natureza, das funções, dos fenômenos do comportamento e 
das experiências mentais, quer no homem, quer nos animais.
Saiba Mais
Com base na história das ciências, as raízes do conhecimento psicológico podem ser 
situadas nos campos da Filosofia,Biologia e Sociologia. No decorrer da história da 
Psicologia, por um lado, teve origem na Filosofia e, por outro lado, sofreu influências 
da Medicina e da Biologia, em meados do século XIX, criando, assim, a sua autono-
mia. O seu campo de estudos e seus métodos específicos deram origem a Psicologia 
Moderna.
Importante
Por ser considerada uma área do conhecimento científico, a Psicologia, para fins de clas-
sificação dentro do saber acadêmico, em algumas universidades, encontra-se vinculada 
ao campo das Ciências Sociais e Humanas e, em outras, à área das Ciências da Saúde 
(EIDELWEIN, 2007).
A ciência admite como objeto de estudo:
• O comportamento humano: composto por algumas funções interligadas, 
como a aprendizagem, o pensamento, a linguagem, as emoções e as motivações.
• A natureza e suas formas de vida social, como objetos das questões sociais.
• Os ciclos de vida e seus aspectos, relacionando-os ao desenvolvimento do 
ser humano.
• As patologias, a saúde em geral e suas perturbações no meio social, 
apresentadas pelo ser humano e organizações sociais.
16
Patologias: especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que elas pro-
vocam no organismo.
O Surgimento da Psicologia Decorrente da Influência Filosófica
A Psicologia Moderna foi ocupada desde a antiguidade pelos filósofos, que 
se dedicavam aos questionamentos e às reflexões em torno da natureza do ser humano, 
numa perspectiva mais próxima do que atualmente marcaram os estudos da Psicologia 
Científica.
Portanto, pode-se dizer que a diferença entre a Psicologia Moderna e seus 
antecedentes filosóficos consiste na abordagem metodológica e nas técnicas utilizadas 
por ambas para o estudo da natureza humana.
Historicamente falando, preocupados em estudar a natureza humana, os 
filósofos, até o último quarto do século XIX, empregavam como métodos a especulação, 
a intuição e a generalização, baseadas em sua limitada experiência sensorial.
Ao conceber o universo como uma grande máquina, ainda no século XVII, a 
filosofia alimentava a nova psicologia com ideias mecanicistas, as quais, segundo essa 
doutrina, todos os processos naturais poderiam ser explicados pelas leis da física, porque 
são mecanicamente determinados.
Como era a visão nessa época?
• A ciência estava em desenvolvimento, os métodos de pesquisa eram sis-
tematizados, fatos que aconteciam em parceria com os avanços tecnológicos.
• A observação e a experimentação tornavam-se os diferenciais da ciência, 
seguidas de perto pela medição e pela sistematização de procedimentos.
• Denominada de Filosofia Natural, a física foi o modelo que orientou os 
estudos psicológicos nessa época.
Origem da Psicologia Científica
Em se tratando de história, o berço da Psicologia Moderna foi a Alemanha do final 
do século XIX. Wilhelm Wundt, Max Weber e Fechner trabalharam juntos na Universidade de 
Leipzig, realizando experimentos na área da Psicofisiologia. Wundt, por ter uma extensa pro-
dução teórica, foi considerado o pai da Psicologia Moderna ou Científica.
À medida que se libertou da Filosofia, a Psicologia conseguiu chegar ao status de 
ciência, definindo novos padrões de produção de conhecimento, como:
• Determinando seu objeto de estudo. Ex.: o comportamento.
• Delimitando seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas do conhe-
cimento, como a Filosofia e a Fisiologia.
• Formulando métodos de estudo desse objeto.
• Formulando teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na área.
17
Desde então, as teorias devem atender aos critérios da metodologia científi-
ca, buscando a neutralidade do conhecimento científico. Isso significa que os dados sem-
pre devem ser comprovados, o conhecimento deve ser cumulativo e servir de bagagem 
para outros experimentos e pesquisas na área.
Mesmo tendo nascido na Alemanha, pode-se dizer que a Psicologia Científica 
se desenvolveu nos Estados Unidos, graças aos avanços econômicos daquele país. Foi 
assim que surgiram as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, que deram ori-
gem às inúmeras teorias existentes atualmente.
Essas abordagens são:
• O Estruturalismo, de Edward Titchener (1867-1927).
• O Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949).
• O Funcionalismo, de William James (1842-1910).
Estudos de vários autores apontam o Estruturalismo como um conceito que 
se traduz em métodos utilizados para a análise da língua, da cultura, da filosofia, da 
matemática e da sociedade, na segunda metade do século XX.
Entretanto, o Estruturalismo não se refere a uma escola claramente definida 
de autores, embora o trabalho de Ferdinand de Saussure seja, frequentemente, consi-
derado um ponto de partida.
Geralmente, o Estruturalismo busca explorar as inter-relações. De acordo 
com essa teoria, os significados são produzidos e reproduzidos dentro de uma cultura, 
por meio de várias práticas, fenômenos e atividades, que servem como sistemas de 
significação.
O antropólogo e etnógrafo Claude Lévi-Strauss (1981) foi um praticante do 
estruturalismo e analisou diversos fenômenos culturais, incluindo mitologia, relações de 
família e preparação de alimentos.
No Estruturalismo, a Psicologia é definida como a ciência da consciência ou 
da mente. Esse é o conceito construído por Wundt, mostrando que a mente seria a soma 
dos processos mentais. Cabe ainda apresentar a definição de Edward Titchener, que 
afirmava que cada totalidade psicológica compõe-se de elementos. Assim, a Psicologia 
teria como objetivo descobrir quais são os elementos mentais, o conteúdo e a maneira 
pela qual se estrutura.
Saiba Mais
Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), em suas publicações, três parâmetros estão em 
relação ao objeto: 
O que é? – por meio da análise se chega aos componentes da vida mental. 
O como? – a síntese mostra como os elementos estão associados e estruturados e que 
leis determinam essas associações. 
O porquê? – investiga a causa dos fenômenos. Titchener afirmava que, embora o siste-
ma nervoso não fosse a causa da mente, poderia ser usado para explicá-la.
18
Baseado nos experimentos de Titchener, os conteúdos que compõem a men-
te são: as sensações, as afeições, as imagens e os sentimentos. É por meio da intros-
pecção que se torna possível chegar a eles, com uma observação treinada e preparada 
para garantir os dois pontos fundamentais de toda a observação: a atenção e o registro 
do fenômeno.
No Associacionismo, Edward Lee Thorndike revelou sua importância, formu-
lando a primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. O termo associacionismo tem 
origem a partir do entendimento de que a aprendizagem acontece por um processo de 
agregação de ideias, indo das mais simples para as mais complexas.
Foi Thorndike quem formulou a Lei do Efeito, considerada muito útil para a 
Psicologia Comportamentalista. Segundo essa lei, o comportamento de qualquer orga-
nismo vivo (homens, animais, etc.) tende a se repetir quando recompensado (efeito). 
Porém, quando o organismo for castigado (efeito), tal comportamento não irá se repetir. 
Pela Lei do Efeito, o organismo tem a capacidade de associar essas situações a outras 
semelhantes.
Pare e Reflita
“O que fazem os homens e por que o fazem”
William James foi o maior impulsionador do Funcionalismo, modelo substi-
tuto do Estruturalismo na evolução histórica da Psicologia. O principal interesse dessa 
corrente teórica era centrado na utilidade dos processos mentais para o organismo, nas 
suas imutáveis tentativas de se adaptar ao meio. O ambiente é um dos fatores influen-
ciadores para o desenvolvimento. Em síntese, os funcionalistas queriam saber como a 
mente funcionava e não como era estruturada.
Relembrando:
Princípios gerais acerca do desenvolvimento, adotados por várias teorias:
I. As pessoas se desenvolvem em ritmos diferentes.
II. O desenvolvimento é relativamente ordenado (certas habilidades são de-
senvolvidas antes de outras, funcionando quase como pré-requisito para as demais).
III. O desenvolvimento acontece de forma gradual.
Resumindo:Comparativo das abordagens em Psicologia:
19
Funcionalismo
Objeto de estudo - estuda a função do comportamento na adaptação ao 
meio.
Método - análise lógica e pragmática.
Características principais - preocupação com objetivos práticos e utilitários 
(pragmatismo).
Áreas de aplicação - educação e aprendizagem de hábitos.
Alguns representantes - William James (1842-1910), John Dewey (1859-
1952) e Woodworth (1869-1962).
Estruturalismo
Objeto de estudo – análise dos elementos que compõem os fenômenos psi-
cológicos e sociais.
Método – introspecção; conteúdo da consciência; estruturação dos diferen-
tes modos do discurso.
Características principais - análise dos padrões perspectivos e seus compo-
nentes, utilizando um sistema de oposições binárias.
Áreas de aplicação - pesquisas antropológicas, estudos de comunicação, lin-
guagem, sociologia da família e das instituições.
Alguns representantes - Wundt (1832-1920) e Titchener (1867-1927).
Psicanálise
Objeto de estudo - as motivações e as manifestações inconscientes. 
Método - análise das manifestações conscientes e inconscientes: palavras, 
ação, atos falhos, sintomas e sonhos.
Características principais - preocupação com conteúdos aparentes e laten-
tes; busca da significação inconsciente do comportamento normal e patológico; impor-
tância da sexualidade e da infância.
Áreas de aplicação - artes em geral, educação, filosofia, literatura e autoconhecimento.
Alguns representantes - S. Freud (1856-1939), M. Klein (1882-1960) e W. 
Bion (1897-1979).
Gestalt
Objeto de estudo - a forma ou o campo em que ocorrem os estímulos e as 
respostas.
Método - observação e síntese de totalidades ou configurações no aqui e 
agora.
Características principais - o todo é diferente da soma das partes; o estudo 
das relações entre fenômenos e as possibilidades orgânicas.
Áreas de aplicação - dinâmica de grupo, grupos e instituições, arte, comuni-
cação e propaganda.
Alguns representantes - Koffka (1886-1941), Köhler (1887-1967), Werthei-
mer (1880-1943) e F. Perls (1893-1970).
20
Fenomenologia
Objeto de estudo - abordagem da totalidade do fenômeno; análise descritiva 
das formas da consciência e da experiência imediata.
Método - busca da essência do acontecimento, da circunstância ou da ex-
periência vivida; volta para as próprias coisas; exploração da vivência subjetiva interior.
Características principais - estudo dos fatos e das circunstâncias, tais como 
aparecem aos sentidos.
Áreas de aplicação - arte, educação, filosofia e processos de autoconhecimento.
Alguns representantes - E. Husserl (1859-1938), Merleau-Ponty (1908-1961) 
e H. Bergson (1859-1941).
Behaviorismo
Objeto de estudo - análise experimental do comportamento humano e animal.
Método - observação e mensuração sistemática dos fatos (método das ciên-
cias naturais).
Características principais - só existe a conduta objetivamente observável; 
preocupação com os fatos no lugar do que se diz sobre eles; controle e previsão do 
comportamento. 
Áreas de aplicação - tecnologia educacional, treinamento de hábitos e condutas.
Alguns representantes - John Watson (1875-1958) e B. F. Skinner (1904-
1990).
Biblioteca da Disciplina
Para ampliar seus estudos, recomenda-se a Leitura Complementar 1 - “História da ci-
ência: uma perspectiva multidisciplinar”, de Cláudia Márcia Coutinho Dias. 
As Representações Sociais como Formas de Conhecimento
A partir de 1970, surgiram vários conceitos relacionados às estruturas cogni-
tivas ou estruturas do saber, próprias aos domínios específicos dos estímulos sociais. Na 
verdade, esses conceitos constituem-se de reelaborações de proposições teóricas, ante-
riormente conhecidas na Psicologia, e são reapresentadas quase que simultaneamente, 
mas de modo independente.
Menardière e Montmollin (1986, p. 240) consideram que essa necessidade 
teórica parece resultar dos seguintes postulados:
[...] em todas as experiências passadas do indivíduo, há qualquer coi-
sa na ordem do saber; o indivíduo, diante de um estímulo imediato, 
pessoa ou situação, reage ou age em função do sentido que é dado a 
esse estímulo; o saber social é utilizado para tratar as informações e 
dar sentido a estes estímulos; o saber social, por estar armazenado e 
disponível, deve ser organizado e, por ser útil, deve ser geral.
21
Como posso entender isso?
Por um lado, esses conceitos referem-se aos domínios do estímulo social 
relativos a pessoas, tais como: os protótipos de pessoas, os estereótipos de grupos e 
o autoesquema. Por outro lado, são relativos às situações, tais como: os protótipos de 
situação, os scripts e o esquema causal.
Postulados: o que se considera como fato reconhecido e ponto de partida, implícito 
ou explícito, de uma argumentação; premissa.
Cognição: ato ou efeito de conhecer.
Conceitos de Cognição Social
A cognição social abrange a percepção e as conclusões sobre as outras 
pessoas. Também envolve a compreensão das relações entre os próprios sentimentos, 
pensamentos e ações, tanto quanto as relações entre esses fatores pessoais e os fatores 
correspondentes nas outras pessoas.
Do ponto de vista da cognição social, a nossa compreensão da interação 
social depende da nossa organização dos conceitos sociais e da habilidade de integrar e 
coordenar perspectivas.
Saiba Mais
Para David Ausubel, cognição é:
[...] o processo através do qual o mundo de significados tem 
origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece 
relações de significação, isto é, atribui significados à realida-
de em que se encontra. Esses significados não são entidades 
estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros 
significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os pri-
meiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de 
ancoragem’ dos quais derivam outros significados (MOREI-
RA; MASINI, 1982, p. 3).
Contida nesse conjunto de conceitos que tratam da cognição social, está a 
teoria das representações sociais, que busca explicar a influência recíproca na relação 
indivíduo e sociedade. A teoria foi formulada por Moscovici (2003) e se propõe a resol-
ver o antigo problema das Ciências Humanas no que se refere a dar maior peso, ora a 
influência social, ora a influência individual.
22
Pare e Reflita
Você percebe as implicações desse conhecimento?
O desenvolvimento sociocognitivo, portanto, inicia-se nos bebês com o pro-
cesso de separação-individuação e conexão emocional. Esse desenvolvimento perpassa 
na compreensão crescente das emoções e dos perceptos, também o conhecimento 
das crianças e dos adolescentes acerca dos atributos pessoais dos outros e do self. 
Por conseguinte, está associado ao conhecimento das causas do comportamento e um 
entendimento das relações sociais que implicam o reconhecimento de relações de troca, 
como a amizade, os relacionamentos amorosos e os julgamentos morais.
Para compreendermos o conceito de representações sociais é preciso, antes 
de tudo, explicitar àqueles anteriormente citados, os quais, segundo Moscovici (2003), 
são diferentes das representações sociais. Por isso, faremos um breve relato sobre cada 
um dos conceitos da cognição social (Protótipos, Estereótipos, Autoesquema, Scripts, 
Esquema de Causalidade, Atitudes e Representações Sociais) para, a seguir, inseri-los na 
análise das representações sociais.
Percepto: que foi percebido, observado.
Self: ex. em inglês: eu, a própria pessoa.
Os protótipos
O conceito de protótipo foi analisado por Menardière e Montmollin (1986) e 
aplicado no estudo da percepção das pessoas, das situações e das pessoas em situação. 
Na verdade, o protótipo é uma imagem abstrata, na qual aparecem os traços que repre-
sentam uma categoria.
A elaboração dos protótipos se dá pela classificação, a partir da comparação 
com os atributos das pessoas ou da situação. Inseridos em um sistema de categorização, 
devem fornecer informação sobre o que é específico de uma situação e o que a distin-
gue de outra. Desempenham, portanto, um papel na planificação da ação dosujeito, 
permitindo-lhe antecipar e prever eventos.
Os estereótipos
Os estereótipos são compreendidos como “fórmulas ou clichês rígidos, rela-
tivamente estáticos, que cumprem uma função psíquica no processo de categorização 
social” (BANCHS, 1991, p. 25).
Essa definição está consoante com a compreensão de estereótipo elaborada 
por teóricos clássicos da Psicologia, como Katz e Braly (1933). Para os autores, estere-
ótipo é como uma impressão fixada e muito reduzida em relação àquilo que pretende 
23
representar. Como é possível constatar, esse conceito tem se delineado a partir de uma 
orientação puramente cognitivista, com uma tendência a atribuir características gene-
ralizadas a grupos de pessoas, sob a forma de etiquetas verbais e de agir em relação a 
esses grupos de acordo com tais etiquetas.
É considerado como o produto de um funcionamento cognitivo normal, re-
sultante de uma categorização, a qual cria uma estrutura da situação social, por meio 
da qual o sujeito busca informações que justifiquem a diferenciação em que está funda-
mentado (MENARDIÈRE; MONTMOLLIN, 1986). 
O autoesquema
O conceito de autoesquema foi derivado dos estudos de Markus (apud ME-
NARDIÈRE; MONTMOLLIN, 1986). Concluiu-se, nesses estudos, que os indivíduos elabo-
ravam esquemas de si próprios, que foram denominados de autoesquemas ou esquemas 
de si.
O autoesquema resulta de generalizações cognitivas sobre si, derivadas de 
eventos e de situações específicas, nas quais a pessoa tenha sido envolvida, assim como 
de categorizações feitas pelo próprio indivíduo ou por outras pessoas.
Nesse sentido, o esquema que uma pessoa tem de si, inclui traços que ela 
diz possuir de modo extremo, forte ou fracamente, e que os considera como centrais na 
sua personalidade.
O autoesquema reflete, portanto, as invariâncias que um indivíduo descobre 
em certos domínios do seu comportamento social, utilizando-as para prever os seus fu-
turos comportamentos nesses domínios.
Os scripts
Constituem-se em uma sequência de eventos esperados pelo indivíduo, in-
cluindo ele próprio como participante ou como observador. Pertencem ao domínio das 
situações.
A unidade de análise de um script é a vinheta, que é a codificação de um 
evento de curta duração, incluindo uma imagem e uma representação conceitual do 
evento.
Importante
Cada script é constituído de papéis dos atores e dos objetos da cena na qual ele está 
configurado (MENARDIÈRE; MONTMOLLIN, 1986).
O esquema de causalidade
É a concepção geral que uma pessoa tem da maneira que certos tipos de 
causas interagem para produzir um efeito específico. Pode ser descrito como uma matriz 
24
hipotética de dados que resumem crenças e hipóteses do atribuidor sobre a ocorrência 
do efeito, de acordo com diversas combinações de fatores sociais.
O esquema de causalidade é elaborado a partir da observação da ação e 
da manipulação de fatores causais. Ensinam ao indivíduo, implícita ou explicitamente, a 
estrutura causal do mundo. Na verdade, é um sistema operatório que tem a propriedade 
de permitir operações sensíveis (MENARDIÈRE; MONTMOLLIN, 1986).
As atitudes
O conceito de atitude é o mais conhecido e o mais estudado em Psicologia 
Social. Esse conceito, inclusive, tem sido considerado semelhante ao de representação 
social. As atitudes, na verdade, têm se tornado um constructo cada vez mais individual, 
centradas em aspectos puramente afetivos e comportamentais.
O esforço para desenvolver técnicas de mensuração das atitudes as redu-
ziu ao resultado da medida de escalas que indicam a orientação do indivíduo, a favor 
ou contra, em relação a um objeto, a pessoas ou fatos, sem levar em consideração a 
interação social, o grupo social ao qual o indivíduo pertence e muito menos o processo 
de construção social da realidade, como elemento que intervém na mudança de atitude 
(BANCHS, 1991).
Constructo: construção puramente mental, criada a partir de elementos mais simples, 
para ser parte de uma teoria.
Clivagem: separar por categorias, tipos, planos, níveis.
Polifasia: que tem várias fases.
As representações sociais
As representações sociais, definidas como formas de conhecimento prático, 
inserem-se, especificamente, entre as correntes que estudam o conhecimento do senso 
comum. Tal privilégio pressupõe uma ruptura com as vertentes clássicas das teorias do 
conhecimento, uma vez que elas abordam o conhecimento como saber formalizado, isto 
é, focalizam o saber que já ultrapassa o limiar epistemológico, ou seja, o conhecimento 
natural.
Em contraste, as correntes que se debruçam sobre os saberes, formalizados 
ou não, procuram superar a clivagem entre ciência e senso comum, tratando ambas as 
manifestações como construções sociais sujeitas às determinações sócio-históricas de 
épocas específicas.
As representações sociais referem-se a ideias, pensamentos, imagens e co-
nhecimentos compartilhados pelos membros da comunidade; são universos consensuais 
de pensamento, socialmente criados e socialmente comunicados para formar parte da 
consciência comum. São conjuntos de informação e de conhecimentos comuns, a partir 
dos quais as pessoas compartilham, na forma de teorias do senso comum, o mundo so-
cial. Por meio delas os membros de uma sociedade são capazes de construir a realidade. 
25
São estruturas de conhecimento internalizadas, que as pessoas usam para organizar a 
informação sobre o mundo social.
Assim, não se trata de buscar uma síntese, mas de aceitar e trabalhar com a 
polifasia. Como diz Morin (1983, p. 18):
[...] o que me interessa não é uma síntese, mas um pensamento trans-
disciplinar, um pensamento que não se quebre nas fronteiras entre as 
disciplinas. O que me interessa é o fenômeno multidimensional, e não 
a disciplina que recorta uma dimensão nesse fenômeno. Tudo o que é 
humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, 
demográfico. É importante que estes aspectos não sejam separados, 
mas sim que concorram para uma visão poliocular. O que me estimula 
é a preocupação de ocultar o menos possível a complexidade do real.
Pare e Reflita
A realidade é construída por meio das representações sociais?
O Ser Humano e seus Grupos Sociais
Os grupos sociais são pequenas organizações de indivíduos que possuindo 
objetivos comuns desenvolvem ações em direção a esses objetivos. Pode-se definir que 
grupo social é uma reunião ou uma associação humana que se considera como um todo, 
com conhecimentos morais e materiais.
Para formar um grupo social, deve haver interação entre seus participantes. 
Quando não há interação entre os indivíduos, apresentando apenas uma serialidade 
entre si, como em uma fila de cinema, por exemplo, não podemos considerar como um 
grupo social.
Além da organização, os grupos sociais possuem outras características. Po-
dem ser superiores e exteriores ao indivíduo, portanto, se uma pessoa deixar o grupo, 
provavelmente ele não deixará de existir. Os participantes de um grupo têm um pensa-
mento e uma cordialidade em comum. Enfatizam o “nós” ao invés do “eu”, valorizando 
certos princípios e objetivos que são compartilhados. 
 Os grupos sociais diferem-se quanto ao grau de contato. Os chamados 
grupos primários são os mais íntimos, por exemplo: familiares, amigos e vizinhos. Já os 
chamados grupos secundários são os que possuem menor grau de proximidade, como: 
igrejas, partidos políticos, etc. Vale ressaltar que a escola é um exemplo que se encaixa 
nos grupos sociais intermediários, pois apresentam as duas formas de contato: primário 
e secundário.
26
Papéis Sociais
A Construção Social do Sujeito
Na sociedade existe um conjunto de posições sociais que determinam o 
papel a ser desempenhado pelas pessoas. Podemos citar, como exemplos, as posições 
de pai/mãe, professor/aluno, médico/paciente. De acordo com o ambiente, muda-se 
também o papel: um homem no consultório é o médico, em casa é o pai.
São as diferentes situações sociais que fazem com que nos adaptemos aos 
diferentes papéis sociais. Graças a nossaenorme plasticidade como seres humanos, so-
mos capazes de nos comportar diferentemente em cada uma dessas situações. Aprender 
os nossos papéis sociais é, na realidade, aprender o conjunto de rituais criado por nossa 
sociedade.
O que entendemos por constru-
ção social do sujeito diz respeito à ideia de 
que o indivíduo se constitui enquanto sujei-
to a partir do outro. Isto equivale a dizer 
que é a partir das suas relações e interações 
sociais que cada indivíduo se constitui en-
quanto sujeito.
Parada Obrigatória
Toda a Psicologia é social
Essa afirmação não significa reduzir as áreas específicas da Psicologia a Psicologia So-
cial, mas sim cada uma assumir dentro da sua especificidade a natureza histórico-social 
do ser humano. Desde o desenvolvimento infantil até as patologias e as técnicas de in-
tervenção, características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz dessa 
concepção do ser humano - é a clareza de que não se pode conhecer qualquer com-
portamento humano isolando-o ou fragmentando-o, como se existisse em si e por si.
Também com essa afirmativa não negamos a especificidade da Psicologia Social - ela 
continua tendo por objetivo conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais, 
tanto naquilo que lhe é específico como naquilo em que ele é manifestação grupal e 
social. Porém, agora a Psicologia Social poderá responder à questão de como o homem 
é sujeito da História e transformador de sua própria vida e da sua sociedade, assim 
como qualquer Psicologia.
Fonte: Lane, (1984).
27
Psicologia Organizacional e sua Aplicação
A organização começou a ser vista, sobretudo, de acordo com os estudos em 
Psicologia Organizacional, de forma diferenciada, passando por três momentos principais 
nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Em cada momento, o foco de estudo voltava-se para 
um elemento:
• Foco no Colaborador 
• Foco no Gestor 
• Foco na Organização
Assim, a história e os grupos sociais em que o indivíduo está inserido têm 
marcante influência no adulto que uma criança se tornará. No entanto, não devemos 
pensar de forma determinista, nem cair numa concepção equivocada de que o ambiente 
social é o único responsável pela formação da personalidade de cada indivíduo. É sabi-
do e observado que indivíduos que vivem nas mesmas condições sociais adversas, do 
ponto de vista das carências afetivas e econômico-culturais, estruturam personalidades 
e valores morais distintos.
Nesse sentido, somos levados a pensar que, apesar de inseridos em um 
mesmo grupo social, as experiências diferenciadas que cada sujeito vivencia na sua his-
tória repercutem na construção dos seus princípios morais e éticos, bem como no seu 
desenvolvimento, comportamento e adequação social. Porém, ainda devemos considerar 
que o sujeito é ativo na construção da sua subjetividade e não um produto passivo das 
suas experiências sociais.
Ao longo da história de uma pessoa, todos os grupos no quais ela se insere 
têm influência sobre seu comportamento, no caso de crianças e jovens, por exemplo, há 
impacto na formação da personalidade.
Nessa perspectiva, todas as escolhas feitas pelos pais, como: escolas, reli-
gião, local de moradia (bairro, cidade, país) terão influência na formação de uma criança. 
Porém, isso não invalida a importância diferenciada que os pais têm na formação dos 
seus filhos em todos os aspectos.
Por isso, entendemos que a família, primeiro grupo social da criança, tem um 
papel marcante para a definição do tipo de adulto que a criança se transformará. Fica, 
então, evidenciado que alguns problemas no ambiente familiar têm repercussão danosa 
para a criança e para todos os seus integrantes, como pode ser observado em situações 
de violência doméstica, abuso de drogas e alcoolismo entre os pais.
Porém, vale ressaltar que os profissionais que lidam diretamente com tais 
questões devem ser cautelosos ao abordar pais e filhos sobre essas temáticas, evitando 
fazer diagnósticos e previsões alarmantes sobre o impacto dos problemas para crianças 
ou para seus pais. É, no entanto, possível refletir junto às famílias, levantar hipóteses e, 
se necessário, fazer os devidos encaminhamentos para profissionais especializados em 
diagnósticos e tratamentos.
28
Psicologia Organizacional na Atualidade
Atualmente, as organizações são vistas de forma integrada e complexa, en-
volvendo os seus diversos elementos, físicos, instrumentais, pessoais, relações entre os 
funcionários e seus trabalhos, entre os funcionários e seus gestores e dos funcionários 
com seus colegas. O ambiente de trabalho tornou-se mais rico ainda para o campo da 
Psicologia.
Em todo o mundo, a organização passou a ser estudada por inteira, obser-
vando-se os diversos elementos que a formam. 
A Psicologia nas Organizações propõe como características principais:
• a implantação do modelo de gestão participativa, que envolve a flexibili-
zação dos organogramas que passam por conceitos de liderança; 
• mudanças no âmbito das formas de representação sindical e política, 
promovendo maior flexibilização na produção.
Contudo, dar incentivo ao “pensamento produtivo”, que é dirigido a novas 
soluções para as questões cada vez mais diferentes, buscando, assim, a diversidade de 
pontos de vista, resultando na aplicação da criatividade e na inovação na resolução de 
problemas.
Após as duas Grandes Guerras, as organizações passaram por diversas mo-
dificações e entre elas está o foco da ação. Com a força da Psicologia Organizacional, 
deu-se também o direcionamento do foco nas organizações para as relações humanas.
Cabe explicar que, na Psicologia Organizacional, as relações humanas são 
os estudos acerca do comportamento humano e têm como contribuição a gestão de 
pessoas.
As diversas técnicas de gerenciamento, as grandes metodologias de análises 
estratégicas, as fundamentais intervenções das grandes consultorias, as míticas redu-
ções de pessoal por meio das reengenharias ajudaram-nos a esquecer que as mudanças 
fazem parte da vida de uma empresa. Hoje, temos estratégias approaches, projetos 
definidos de mudanças, que podem ser de vários tipos. Quando estamos voltando ao 
óbvio, exploramos um tipo de mudança profunda, realmente cultural.
Approach: ex. em inglês: aproximação, avizinhação.
Atualmente, estamos descobrindo que a linearidade do pensamento e da 
ação não é mais suficiente para lidar com o global, que não existe uma verdade, mas 
muitos pontos de vista, todos mais ou menos respeitáveis.
O que não está disponível, obviamente, é a energia que as pessoas trazem 
a cada dia de trabalho. Na época do serviço da qualidade total e da personalização da 
relação com o cliente e consumidor, essa energia aparece como um recurso-chave. 
Sendo assim, a Psicologia Organizacional passou a atuar de forma mais glo-
bal, envolvendo, inicialmente, apenas os colaboradores e, posteriormente, os gestores. 
Porém, atualmente, encontra-se a atuação e o olhar voltados para a organização com 
um todo, formando um ciclo ou um conjunto completo.
29
As estruturas organizacionais são representadas, dissolvidas, virtualizadas 
das tecnologias de comunicação. Ao mesmo tempo, o ato organizacional toma força 
e começa a ser chamado por nome e sobrenome, começa a ser reconhecido pela sua 
originalidade e individualidade. Assim como o consumo, a relação entre indivíduo e or-
ganização também está obtendo sua forma e personalizando-se.
Paralelamente, no intuito de evitar que os corpos fiquem parados, a Organi-
zação Mundial de Saúde (OMS), em uma visão compartilhada com a Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT), define a importância da saúde ocupacional:
A saúde do trabalhador deve ter por objetivo a promoção e manuten-
ção do mais alto grau de desenvolvimento físico, mental e bem-estar 
social dos trabalhadores em todas as profissões, a prevenção entre os 
trabalhadores dos desvios de saúdecausados por suas condições de 
trabalho, a proteção dos trabalhadores em seus empregos contra riscos 
decorrentes de fatores adversos para a saúde, a colocação e manu-
tenção do trabalhador em um ambiente de trabalho adaptado às suas 
capacidades fisiológicas e psicológicas, e, para resumir, a adaptação do 
trabalho ao homem e de cada homem a seu trabalho (MEDICINA...).
As temáticas que atualmente fazem parte do escopo de estudo da Psicolo-
gia Científica foram objeto de reflexões de vários filósofos, dentre os quais se destaca-
ram: Platão, Aristóteles e Sócrates. Esses estudiosos têm papel importante também na 
História da Filosofia e, consequentemente, na história de muitas ciências hoje.
Escopo: intenção; objetivo.
Anima: alma; parte da psique em contato com o inconsciente.
O conhecimento atual aponta que o interesse do homem por saber sobre si 
mesmo, para compreender suas emoções, comportamentos e relações com seus seme-
lhantes, começou entre os gregos pela sua Mitologia. Eles se perguntavam acerca de 
todos os aspectos que fazem parte da vida psíquica e social do ser humano, buscando 
explicar questões naturais e humanas por meio de personagens mitológicos.
Posteriormente, nasceu a Filosofia, que significa “Amizade pelo Saber”, de-
finida como uma forma característica de pensar (pensamento racional). Com ela, vários 
filósofos se destacaram, tendo cada um a sua forma particular de pensar e buscar a 
sabedoria.
Os filósofos gregos, ao discutir e refletir sobre os vários aspectos da natu-
reza e do homem, sistematizaram as bases e os princípios fundamentais de conceitos 
utilizados até hoje, como a razão, a ética, a moral, a política, a ciência e muitos outros. 
Sócrates é considerado um “divisor de águas” para o pensamento filosófico e 
para a própria Psicologia, pois suas ideias tratavam de questões que hoje são objeto da 
Psicologia, antes mesmo que se tornasse uma ciência formal. Ele evidenciou a concep-
ção de que a razão é a característica humana que o distingue dos animais. Atualmente, 
algumas teorias da consciência da Psicologia têm embasamento nesse pressuposto.
Platão foi discípulo de Sócrates e manteve essa concepção racionalista em 
suas ideias. Ele buscou identificar um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo, que 
30
considerava estar localizado na cabeça, onde também se encontra a alma do homem, 
que se liga ao corpo pela medula.
Aristóteles foi discípulo de Platão. Inovou ao afirmar que alma e corpo não 
poderiam ser dissociados. Para ele, a psyché seria o princípio ativo da vida, valorizando a 
razão no controle dos sentidos e das paixões. Dedicou-se a conhecer as diferenças entre 
a razão, a percepção e as sensações, ideias que estão sistematizadas na anima, consi-
derada por muitos como um primeiro tratado em Psicologia, quando ainda permanecia 
vinculada apenas ao discurso filosófico.
Assim, os pressupostos e fenômenos estudados pela Psicologia Moderna apon-
tam para a influência filosófica em sua origem. Mas o que distingue o discurso da Psicolo-
gia Científica e seus antecedentes filosóficos é a abordagem metodológica, a delimitação 
do objeto de estudo e as técnicas empregadas para sistematização do conhecimento. 
Os filósofos estudavam as questões relativas ao homem pelo método da 
especulação, da intuição e da generalização, o que se baseava em sua limitada experi-
ência sensorial. Além disso, incluíam em seus postulados questões relativas a conteúdos 
parapsicológicos, como a alma, a existência ou não de seres divinos e outras questões 
metafísicas, que não são objeto de estudo da Psicologia Científica.
Saiba Mais
Antes de ingressar em um modelo de investigação científica, a Psicologia teve dois filó-
sofos que marcaram a sua história: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino 
(1225-1274). Eles tiveram significativa influência dos dogmas religiosos em suas for-
mulações teóricas. Santo Agostinho defendeu uma cisão entre alma e corpo, entenden-
do a alma como uma manifestação divina no homem, um elo entre o homem e Deus, 
era também a sede da razão e do pensamento.
A Psicologia esteve atrelada ao modelo filosófico até meados do século XIX 
e a passagem ao modelo científico exigiu que determinados conhecimentos construídos 
pela filosofia fossem abandonados pela Psicologia, haja vista não serem baseados em 
pesquisas científicas, mas em especulação dos filósofos.
Entretanto, as ideias dos filósofos que se dedicaram a estudar o comporta-
mento, as emoções e as relações humanas influenciaram a história da Psicologia Cientí-
fica, podendo, então, ser afirmado que a Psicologia nasceu da Filosofia.
No caso da ciência psicológica, essa influência pode ser verificada, inclusive, 
na origem grega e filosófica do termo Psicologia, vale destacar novamente a etimologia 
da palavra Psicologia:
Importante
O termo deriva da união de duas palavras gregas Psyché e logos, que significam, respec-
tivamente, mente ou alma (psyqué) e estudo (logos). Assim, Psicologia, em sua origem, 
referia-se ao “estudo da mente ou da alma”.
31
Desenvolvimento e Aprendizagem
Baseado em estudos diversos, pode-se chegar a conclusão de que por meio 
da aprendizagem o homem desenvolve os comportamentos que o possibilita viver. Atual-
mente, estudiosos afirmam que esse processo se inicia antes mesmo do seu nascimento.
Existe a restrição comum entre as pessoas de que a aprendizagem ocorre 
somente nos fenômenos que envolvem a instituição escolar, como resultado do ensino. 
Entretanto, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange as aquisições de conhe-
cimento, os hábitos que formamos, os aspectos da nossa vida afetiva e a assimilação de 
valores culturais.
Sendo um conceito para a Psicologia não tão simples de ser construído, a 
aprendizagem possui diversas possibilidades, ou seja, há vários fatores que nos levam 
a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos, como o cres-
cimento físico, descobertas, tentativas e erros. A transformação da aprendizagem é um 
processo a ser investigado, pois levanta questões consideradas importantes pelos técni-
cos da aprendizagem:
Qual o limite da aprendizagem?
Qual a participação do aprendiz no processo?
Qual a natureza da aprendizagem?
Há ou não motivação subjacente ao processo?
As respostas a essas questões têm originado controvérsias entre os estu-
diosos. Embora com explicações diferentes e até irredutíveis, os teóricos que estudam 
a aprendizagem estão de acordo que, em termos genéricos, a aprendizagem se refere 
à passagem de um estado inicial a um estado final e sempre envolve a aquisição de 
uma nova atitude, habilidade, valor ou conhecimento. Além disso, toda a aprendizagem 
depende da maturação (condições orgânicas e psicológicas), das condições ambientais 
(física: clima, alimentação, etc.; sociais: cultura, classe social, etc.) e envolve ainda:
• Base Neurológica: reações químicas, atividades bioelétricas, arranjos 
moleculares nas células nervosas, redes interneurais, eficiência sináptica, metabolismo 
proteico, mielinização, etc.
• Sistemas de Processamento Sensorial: evocam as relações entre os 
sistemas neurosensorais visuais, auditivos e tátil-cinestésicos, que se relacionam e se 
integram em áreas específicas do cérebro, por níveis diferenciados, uns intrasensoriais, 
outros intersensoriais e integrativos.
• Sistemas de Processamento Cognitivo: estão relacionados com a 
capacidade cognitiva, ou seja, com as representações, fruto da capacidade humana de 
receber sensações e manejá-las simbolicamente. O sistema cognitivo tem como função a 
adaptação e a organização do mundo que se experimenta, permite ao indivíduo transfor-
mar em conceitos as experiências vividas. Por sua vez, os conceitos criados influenciam 
o comportamento dos indivíduos, de alguma forma e em algum grau. A função cognitiva 
32
possui as seguintes qualidades: interdependência, hierarquia, autorregulação, controle, 
equilíbrio e adaptabilidade.
Esses sistemas se organizam num processo de complexidade crescente,en-
volvendo os seguintes subprocessos:
Percepção: processo de conversa, seleção e interpretação de sensações. 
Imagem: processo que diferencia a percepção e a retenção, permitindo a 
relação com a sensação, mas depois que essa sensação for interrompida.
Simbolização: processo de reexperimentação de equivalência significativa e 
representação interior da experiência.
• Conceptualização: processo de classificação e de categorização da in-
formação, por meio de sistemas de agrupamentos de atributos que permitem a forma-
ção de conceitos e o acesso à abstração e ao pensamento formal.
• Sistemas de Processamento de Conteúdo: dizem respeito à espa-
cialização hemisférica. O hemisfério direito é responsável pelos conteúdos não verbais. 
Nesse sentido, as funções subordinadas ao hemisfério direito caracterizam-se pelo reco-
nhecimento de formas e padrões:
QUADRO 1 – Hemisfério direito
QUADRO 2 – Hemisfério esquerdo
Funções visuais: reconhecimento de rostos e formas.
Funções manuais: reconhecimento de relevos e estruturas.
Funções auditivas: reconhecimento de sons e padrões melódicos.
Funções visuais: reconhecimento de expressões.
Funções manuais: movimentos complexos.
Funções auditivas: reconhecimento de sílabas e de palavras.
Fonte: Elaboração própria, (2012).
Fonte: Elaboração própria, (2012).
O hemisfério esquerdo é responsável pelos conteúdos verbais. As funções subor-
dinadas a esse hemisfério estão associadas à capacidade de compreensão e interpretação.
• Sistema Afetivo-Emocional: relaciona-se com a base emocional e o 
desenvolvimento da afetividade humana. Envolve os seguintes processos: 
Motivação: processo que mobiliza e impulsiona o indivíduo para a realização 
de algo, para uma ação que tem como base seu impulso de sobrevivência associado as 
suas necessidades básicas, a partir de inter-relações estabelecidas entre o ambiente, a 
necessidade e o objeto de satisfação. A motivação pode ser intrínseca (caso o interesse 
resida na atividade em si) ou extrínseca (caso a atividade seja encarada como meio para 
alcançar outro objetivo).
Autoconceitos: impressões que temos de nós mesmos, construídas a partir 
das inter-relações com o meio sociocultural. Inclui um amplo conjunto de representações 
33
(imagens, juízos, conceitos), expectativas, atribuições que temos e que se tem sobre nós 
mesmos, que englobam aspectos corporais, psicológicos, sociais, morais e outros.
Autoestima: juízos de valor associados ao autoconceito, que fazem parte da 
imagem que o indivíduo tem de si mesmo.
 
Embora seja um fenômeno único, as explicações sobre as variáveis envol-
vidas no sistema afetivo-emocional são as mais diversas, de acordo com maneiras dis-
tintas de compreensão do fenômeno, que vão implicar teorias (explicações) diferentes 
e até antagônicas. As diferentes concepções e teorias da aprendizagem permitem dife-
rentes compreensões acerca do sistema afetivo-emocional. Os conceitos para descrever 
a aprendizagem são diversos, fato que se deve à complexidade da matéria em estudo e 
aos diferentes posicionamentos científicos nesse domínio.
Aprendizagem – Psicologia e as Diversas Abordagens Filosó-
ficas que Definem Modelos de Homem e de Mundo
Conforme as pesquisas de vários autores, considera-se, inicialmente, que a 
Psicologia teve importância decisiva nos estudos em qualquer área das ciências huma-
nas, no século XX, pois possibilitou dimensionar o ser humano, a pesquisa e a sociedade, 
baseando-se em compreensões mais elaboradas da constituição psíquica e em justifica-
tivas dos comportamentos intermediadas pelo intrapsiquismo.
É possível citar como exemplo os estudos de Freud e Lacan, no início do sé-
culo XX. Após suas teorias revolucionárias, as ciências vinculadas à Psicologia seguiram 
caminhos diferentes, conceitos básicos foram redefinidos e possibilitaram abordagens 
ampliadas sobre a vida humana.
Sobre a relação que existe entre os sujeitos e os objetos do conhecimento, 
a Psicologia apresenta três paradigmas, baseados na abordagem filosófica de compre-
ensão entre homem e mundo. A forma como o sujeito (aprendente) se relaciona com o 
aprendido (objeto do conhecimento) gera as seguintes situações:
Parada Obrigatória
a) S O: é a ideia difundida pelos defensores do empirismo e do comportamentalis-
mo. O comportamentalismo está inserido na tradição das investigações empiristas em 
Psicologia e pressupõe que a aprendizagem é a mudança de comportamento resultan-
te do treino ou da experiência, já que é o meio ou o objeto que determina o sujeito. 
Na base dessas duas propostas está a concepção de que o objeto é apreendido pelo 
sujeito.
b) S O: esta é a proposição cujo alicerce é a ideia que o sujeito já possui a capaci-
dade de conhecimento do objeto de aprendizagem. Para que esse conhecimento se 
34
O momento decisivo entre essa terceira concepção e as anteriores está loca-
lizado no aspecto caracterizador da relação sujeito e objeto de conhecimento.
Nas duas primeiras, esse objeto é o ponto convergente. O sujeito age no 
intuito de obter o conhecimento, relacionando-se com esse objeto, determinando-o ou 
sofrendo sua determinação.
Na terceira concepção, a ação e a linguagem estão inseridas como produção 
do conhecimento. Para tanto, a linguagem proporciona uma mudança no conceber da 
aprendizagem, pois se passa de uma ideia de unidade, de saber único, para a possibili-
dade de se recriar o saber e até mesmo o objeto a ser conhecido por meio da linguagem. 
No trajeto de aprendizado, aquele que está aprendendo vai renovando e recriando o seu 
aprendizado, como uma metalinguagem, ao aprender sobre o outro, aprende sobre si.
Metalinguagem: linguagem (natural ou formalizada) que serve para des-
crever ou falar sobre outra linguagem, natural ou artificial. 
No que diz respeito ao fenômeno da aprendizagem, os diferentes modos de 
estabelecer a relação entre o sujeito e o objeto da aprendizagem, pode-se apontar três 
controvérsias básicas entre essas concepções. Vejamos:
• A primeira refere-se à questão do que é aprendido e como isso acontece. 
• A segunda refere-se à questão do que mantém o comportamento que foi 
aprendido, ou seja, como uma aprendizagem permanece sem se desvanecer. 
• A terceira controvérsia refere-se à maneira como solucionamos uma nova 
situação-problema (transferência de aprendizagem).
efetive é preciso que o sujeito aja sobre o objeto, internalizando-o. O alicerce é a ideia 
que o sujeito já pressupõe um conhecimento anterior sobre o objeto, manipulando-o, 
lidando com ele, reconfigurando-o sensoriamente. O conhecimento é, portanto, ante-
rior à aprendizagem. Ao lidar com os objetos, os sujeitos vão tornando-os conhecidos e 
podem constituí-los como conhecimentos. É a ideia defendida pelo inatismo e pelo não-
diretivismo, embasada na concepção que o sujeito determina o objeto. Há um primado 
absoluto do sujeito sobre o objeto do conhecimento.
c) S O: o sujeito age em relação ao objeto, apreende-o e aprende sobre si próprio. Há 
uma inter-relação com vistas ao conhecimento. Do ponto de vista epistêmico, associa-
se esse posicionamento ao construtivismo e ao interacionismo. Para o construtivismo, 
o conhecimento é construído na sua forma e conteúdo por um processo de interação 
entre sujeito e meio, processo ativado pela atividade do sujeito e estimulado pelo meio. 
[...] O interacionismo propõe a mediação como o elemento desestruturante, possibilita-
dor do sujeito, em interação com outros sujeitos, utilizando a linguagem para produzir 
saberes. O interacionismo pressupõe que o indivíduo interioriza a cultura, a natureza 
e, progressivamente, torna-se autônomo, cada vez mais apto a utilizar a linguagem em 
favor da produção do seu conhecimento (MARTINS; QUIRINO, 2011, p. 40-41).
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Concepções de Homem e Visão do Mundo
Apoiadas em diversas teorias psicológicas de desenvolvimento, as diferentes 
concepções de homem e no modo como ele chega a conhecer o mundo, estão dispostasem teorias e, como em qualquer estudo científico, dependem da visão de mundo exis-
tente em uma situação histórica, evoluindo conforme o crescimento, capaz ou incapaz 
de explicar a realidade.
Concepções de homem: visões, olhares, modos de pensar, construídos de 
maneira coletiva numa determinada cultura, que expressam formas de conhecimento 
organizado como resultado da tentativa humana de compreensão de um determinado 
fenômeno.
Visão de mundo: modo de compreensão da realidade, daquilo que se 
constitui em torno das ações e relações humanas.
O conhecimento se dá de fora para dentro: combinações ou associações de sen-
sações simples em ideias complexas (condicionamentos de hábitos, emoções, habilidades).
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Numa concepção racionalista, acredita-se que o conhecimento se dá de den-
tro para fora, associado a uma essência (racionalidade) do homem: totalidades orga-
nizadas e apreendidas por reestruturação do campo perceptual, conforme princípios 
inerentes à razão humana.
Não é dada ênfase somente ao sujeito ou apenas ao objeto, mas sim à inte-
ração deles. O conhecimento resulta da relação sujeito-objeto, relação em que os dois 
termos se solidarizam e não se opõem, formando um todo. As ações do sujeito sobre os 
objetos e de um sobre o outro são recíprocas.
Importante
Conhecimento como síntese: unidade indissolúvel entre sujeito e objeto.
O desenvolvimento é resultante de estruturações e reestruturações progres-
sivas, mediante a ação do sujeito sobre a realidade e da própria realidade sobre o sujei-
to. O ser humano é interagente.
A aprendizagem é o resultado do esforço de atribuir significados para o mun-
do, o que implica a construção e revisão de hipóteses sobre o objeto do conhecimento.
Resumo
Neste primeiro capítulo, apresentamos de maneira sucinta um pouco da His-
tória da Psicologia. Você pôde aprender que a origem grega do termo Psicologia (Psyché 
e logos) denota “o estudo da mente ou da alma”.
Importante também foi apresentar a Psicologia Moderna, que nasceu na 
Alemanha no final do século XIX. Destaque para Wilhelm Wundt, autor de uma extensa 
produção teórica e que por isso é considerado o pai da Psicologia Moderna ou Científica.
Entretanto, vimos que foi nos Estados Unidos que a Psicologia Científica se 
desenvolveu, devido aos avanços econômicos do país. Foi nesse contexto que surgiram 
as primeiras escolas de Psicologia. Você aprendeu um pouco sobre o Estruturalismo, o 
Associacionismo e o Funcionalismo.
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Outro tema tratado neste capítulo foi a teoria das representações sociais. 
Moscovici (2003) foi o responsável por formular essa teoria que tem por objetivo explicar 
a influência recíproca na relação entre indivíduo e sociedade. 
Fizemos também um breve relato sobre cada um dos conceitos da cognição 
social: protótipos, estereótipos, autoesquema, scripts, esquema de causalidade, atitudes 
e representações sociais.
Vimos que a organização, assunto de grande interesse para administrado-
res, é o foco de estudos em Psicologia Organizacional. Atualmente, as organizações são 
vistas de forma integrada e complexa, envolvendo os seus diversos elementos, físicos, 
instrumentais, pessoais, relações entre os funcionários e seus trabalhos, entre os funcio-
nários e seus gestores e dos funcionários com seus colegas.
Por fim, fizemos uma exposição sobre vários aspectos da aprendizagem. 
Para a Psicologia, dissemos que não é simples construir um conceito de aprendizagem, 
pois ela possui diversas possibilidades.
Foram esses os principais pontos abordados neste primeiro capítulo. Espero 
que tenha compreendido e gostado de aprender um pouco sobre Psicologia. Conforme 
avançarmos no nosso conteúdo, você entenderá cada vez mais como aproveitá-la na 
Administração.
Atividades
Chegamos ao final do nosso primeiro capítulo e espero que você tenha compreendido 
o conteúdo proposto. Agora vamos exercitar seus conhecimentos, desenvolvendo as 
atividades a seguir.
1. Desenvolva um texto relacionando algumas diferenças entre a Psicologia como ramo 
da filosofia e da Psicologia Científica.
2. Agora que você conhece as escolas da Psicologia, em um parágrafo de aproximada-
mente 5 linhas, faça um breve resumo sobre suas principais abordagens. 
3. Reflita um pouco e responda: qual a importância de se conhecer a história da Psicologia?
4. Em poucas palavras, caracterize o Estruturalismo.
5. Como os novos padrões de produção de conhecimento são classificados na Psicologia 
Moderna?
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6. Vamos refletir juntos? Reúna-se com colegas de curso pessoalmente ou pelo do am-
biente virtual de aprendizagem e discuta as seguintes questões:
- Até que ponto a companhia de outros jovens tem influência para um adolescente?
- Qual a motivação dos adolescentes para que formem e copiem seus grupos de amigos? 
- De que maneira a “rebeldia” característica da adolescência pode estar associada ao 
modelo das sociedades ocidentais?
- As crianças são influenciadas pelo comportamento de outras crianças? De que forma?
- Um idoso pode ser influenciado pelo comportamento de amigos de sua faixa etária?
- Os adultos acima de 30 anos costumam ter seu comportamento influenciado por cole-
gas de trabalho e vizinhos?
Se suas reflexões acontecerem de forma presencial, leve as conclusões do grupo para o 
fórum da disciplina, certo? Bom debate!
Anotações
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psiCologiA instituCionAl e suAs relAções
Capítulo 2
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Neste segundo capítulo, iremos estudar acerca da aplicabilidade dos conhe-
cimentos da Psicologia Organizacional para o desenvolvimento das pessoas e, conse-
quentemente, das organizações.
Vamos tratar de um aspecto muito interessante que são as relações exis-
tentes em uma instituição. Para que você possa entender melhor a dinâmica das or-
ganizações, também serão abordados os diferentes grupos que permeiam o ambiente 
organizacional.
O poder será um assunto amplamente discutido, pois é um fator presente 
em todas as organizações. Temos muitos temas pela frente, é hora de você ampliar mais 
um pouco os seus conhecimentos. Portanto, vamos estudar!
Introdução
Alguns Aspectos da Psicologia Institucional
Baseado na pretensão de alguns autores, falar sobre Psicologia Institucional 
é abordar o âmbito institucional, mas a partir do conceito de grupos. Os grupos são 
compostos por pessoas que interagem entre si, inter-relacionados por mútuas deposi-
ções e assunção de papéis. Para que realmente haja um grupo não basta uma simples 
aproximação de pessoas, é necessário que estejam presentes contemporaneamente, no 
mesmo tempo e no mesmo lugar.
Deposição: destituição.
Assunção: ato ou efeito de assumir.
Assim, podemos viver em grupos, fazendo atividades que pertecem ao en-
volvimento afetivo, a ordem instrumental de execução de tarefas e também que fazem 
parte das instituições. A instituição é algo conformado por nós, conformado pelas pes-
soas que a constituem, mas, ao mesmo tempo, é uma entidade existente que nos con-
forma. Ela (instituição) é algo que vai formando as pessoas.
A tarefa é o ponto principal para que os grupos busquem compartilhar es-
paço e tempo, tanto nas instituições quanto em outros espaços. O que oferece valor 
à instituição como fenômeno diferenciado dos grupos é ter tarefa e normatividade, ou 
seja, leis ou normas próprias, que dão ordem e geram a necessidade de diferenciar os 
papéis assumidos.
Como vem sendo usado aqui, corresponde ao termo Organizações, ainda 
que comporte outro significado, a definição: conjunto de normas, padrões e atividades 
agrupados em torno de valores e funções sociais.
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Compreendemos, pois, que as instituições são objetivadas por meio de rela-
ções subjetivas. Logo, ao chamarmos de Psicologia Institucional estamos nos referindo 
a grupos de pessoas institucionalizadas, porque há agrupamentos de pessoas não insti-
tucionalizadas, como é o caso de uma multidão.
Também reconhecemos outros significados atribuídos tomando, por exem-
plo, o significado jurídico da instituição matrimônio, que não se refere às pessoas, mas 
sim a um conjuntode normas, o acento é colocado na normatividade, nós priorizamos 
ou acentuamos as pessoas que são portadoras dessas normas.
A normatividade dos fatos fidelizam as pessoas que compõem a instituição. 
Por isso, mesmo com as transformações que ocorrem nas instituições, seja quando elas 
mudam ou saem pessoas do seu espaço, a presença é preservada pela cultura que ela 
defende e mantém.
Com certeza, a vivência subjetiva de já ter pertencido a uma instituição, em 
algum momento, nos dá a ideia de ser única pelas tonalidades afetivas de tais vivências 
e que nas mudanças e alterações sucessivas essas histórias sejam guardadas, podendo, 
assim, serem marcadas pelo tipo de vínculo que a instituição mantém.
Pare e Reflita
A pertença a Instituição / Psiquismo humano 
Vamos analisar sob o aspecto do movimento inconsciente de projeção de conteúdos 
psíquicos sobre a instituição e a reintrojeção desses conteúdos.
Compreendemos que nas instituições há distintos papéis, espaços e tempos 
na construção dos seus diferentes grupos. Pensamos que temos articulações entre esses 
distintos papéis, espaços e tempos. Essas articulações são precisamente o lugar onde se 
produz a projeção dos conteúdos inconscientes das pessoas que vivem nas instituições.
Espaços articuladores: vamos começar com um exemplo bastante simples. 
Quando pensamos em espaço geográfico, pensamos em um lugar ocupado pela institui-
ção, por exemplo, a sala da administração, a sala do gerente, a sala dos técnicos, etc.
Quais são os espaços articuladores?
O corredor, as escadas, as portas, etc.
E onde se dará o conflito? 
Exatamente nesses espaços. 
Por quê?
Por ser nesses espaços onde a circulação de pessoas está contemplada em termos da 
inexistência de papéis formais.
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Vamos a mais um exemplo:
Na troca de termos é quando encontramos os níveis de dificuldades, que é 
precisamente o espaço de articulação de tempo. Quando ocorre a projeção de objetos 
ou de conteúdos inconscientes, automaticamente, as pessoas tendem a evitar a reintro-
jeção desses fatos ou conteúdos projetos. Isso faz com que as articulações se transfor-
mem em fraturas.
A Psicanálise – Objetos Parciais e Objetos Totais
Para Kleice (1991), o desenvolvimento infantil é um processo feito por eta-
pas. Nos primeiros meses, a criança é incapaz de compreender e perceber as pessoas. 
A primeira percepção é parcial, é mais da mamadeira ou do peito. Em seguida, percebe 
a mãe enquanto objeto fundido (simbiose) com a mamadeira ou o peito e que lhe dá 
prazer. Até conseguir fazer uma síntese, passa por momento de extrema angústia, ao 
ter que compreender que a mãe existe independente do prazer de mamar, que diz sim 
e não, que se aproxima e se distancia, que pode escolher outro (o pai) para estar. Esse 
momento de síntese (de extrema angústia) é que faz considerar a verdadeira essência 
humana. A contradição, o sim e o não. O prazer e o desprazer. O perfeito e o imperfeito. 
As diferenças. O amor e o ódio. A separação.
Para poder conviver com tais angústias primordiais que determinam níveis 
de ansiedade, as quais aparecem sempre com grandes momentos de troca e de mudan-
ça, o indivíduo adota mecanismos instrumentais, que são os conhecidos mecanismos de 
defesa, mas que determinam uma forma existencial de perceber a realidade segundo 
essas perspectivas primitivas.
Dicotomizamos, fragmentamos a realidade em bom e mau, certo e errado. 
Essa clivagem (separação) é instrumental, pois nos ajuda a estarmos no mundo com 
menos sofrimento, mas em defesa e distorcendo o real.
Simbiose: interação entre duas espécies que vivem juntas.
Dicotomizar: dispor em categorias pelo método dicotômico; dividir em duas partes.
Arcaico: que pertence a ou evoca tempos remotos; antigo.
É interessante também vermos que essas lembranças arcaicas não são 
substituídas por objetos posteriores, nem são corrigidas, mas ficam em nosso psiquismo 
encapsulados, aparecem em sonhos, em estado de confusão, em estados emocionais in-
tensos (raiva, por exemplo). Em nosso cotidiano necessitamos de um nível de manifesto 
(objetivo), um nível do racional, ligado ao instrumental e, ao mesmo tempo, um nível do 
afetivo e do irracional.
Assim, precisamos de espaços para que se produza o desenvolvimento de 
ambos os tipos de relação com o mundo. A família é por excelência um lugar onde se 
projetam conteúdos neuróticos, pois cabem relações arcaicas infantis.
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As Relações na Instituição
Quando estamos nas instituições, somos convocados para uma tarefa emi-
nente racional; entretanto, ali também se verifica a criação de relações e espaços pró-
prios para projeção de conteúdos irracionais, desses conteúdos que correspondem a 
objetos parciais que estão depositados em nosso psiquismo. E é precisamente nas arti-
culações e/ou fraturas que mais se projetam tais conteúdos.
A rivalidade é uma relação que refere à relação pai-filho em contrapartida às 
relações de irmão para irmão. Isso determina uma relação básica inicial, possível de nos 
posicionarmos no mundo sobre a base de obediência e rebeldia, energia e ciúme. Todos 
têm esses tipos de emoções.
Quando estamos funcionando em uma instituição, suponhamos que perten-
cemos a distintos grupos dentro dela e esses grupos, pelas suas características e tarefa, 
têm um alto nível de rivalidade ou de competição. Uma das características de como isso 
vai se manifestar é que não vai haver comunicação entre esses distintos grupos.
Suponhamos uma situação de competição e rivalidade entre equipes médi-
cas de um hospital. Imaginamos que um seja uma equipe diurna e a outra noturna, o 
mais sensato - se estivesse tratando, por exemplo, um mesmo paciente - seria que hou-
vesse modos de comunicação entre ambas as equipes, ou a existência de normas claras, 
deixando por escrito o que cada pessoa fez. O veículo entre eles seria um escrito, um 
papel. Se o montante de rivalidade é muito grande, núcleos psicóticos vão se projetar 
nas articulações temporais entre uma equipe e outra.
E como acontece?
Todos os integrantes vão reconhecer e concordar que é necessário se comu-
nicar, mas todos vão transgredir, de distintas maneiras, e isso não vai se cumprir. Essa 
transgressão vai mostrar uma projeção de conteúdos irracionais sobre a realidade. Em 
que parte é mais frágil? No ponto de interseção entre um turno e outro. Esse grau de 
resistência a compreender e executar a integração é importante de ser entendido, pois 
aparentemente as falas são de sucesso, mas a prática não. Essas projeções servem de 
manutenção a uma suposta integração egoísta.
Há ainda a necessidade de se entender que existem instituições que, de 
acordo com suas tarefas e formas de desempenhar, vão requerer de seus integrantes 
uma maior projeção ou menor tendência a uma projeção.
Por exemplo: se estamos em uma instituição de recuperação à saúde, que 
tem uma situação mais estressante - como a CTI e o serviço de puericultura - seus 
integrantes vão ter tendências a uma projeção mais massiva. Já uma escola vai ter ten-
dência de projeção massiva em determinados momentos do ano, por exemplo: quando 
realiza as provas.
Assim, a burocracia se mostra como uma forma de cristalização desses con-
teúdos. Por isso, é tão complicado desburocratizar e mudar nas instituições, pela mobi-
lização que isso provoca nos conteúdos psíquicos. Ou dito de outra forma: a burocrati-
zação de organizações produz dano psíquico e, ao mesmo tempo, preserva o equilíbrio 
perdido dos que participam dela.
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Isso se deve a uma antitendência de viver os processos que levariam a maior 
interdependência. A burocracia garante a clivagem e bloqueia os níveis de relações sin-
créticos. É interessante pensarmos que, muitas vezes, os problemas vividos num órgão 
de escalão não se manifestam diretamente nele, mas nos níveis inferiores ligados a eles. 
Assim como tensões e conflitos entre os pais que, com muita frequência, não aparecem 
neles, mas como sintomas em seus filhos.
Sincrético: que é produto da fusão de diferentes religiões, seitas,

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