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Catharina Moura Parasitologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. A Giardia lamblia é um parasita intracelular que se hospeda no intestino delgado de mamíferos. morfologia Ela apresenta duas formas evolutivas: (1) trofozoíto e (2) cisto. O trofozoíto apresenta formato de pêra, uma face dorsal lisa e convexa e uma face ventral côncava, contendo uma estrutura semelhante a uma ventosa – disco ventral ou suctorial. Abaixo do disco é possível visualizar duas formações paralelas – corpos medianos. No interior dessa forma evolutiva, são encontrados dois núcleos e na sua porção externa, quatro pares de flagelos. O cisto, por sua vez, é oval ou elipsoide e no seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos. ciclo biológico A G. lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. A via normal de infecção do homem é pela ingestão de cistos – um pequeno número (10 a 100) de cistos é suficiente para produzir infecção! *O trofozoíto não é um meio de infecção tão significativo para o homem, exceto em fezes diarreicas. Após a ingestão do cisto, o processo de desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e finalizado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos trofozoítos. Os trofozoítos, pro sua vez, se multiplicam por divisão binária longitudinal – ocorre a divisão nuclear, duplicação das organelas e por fim, a divisão do citoplasma, resultando em dois trofozoítos binucleados. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior pelas fezes – o ceco é o principal sítio de encistamento. Dentre os fatores que levam ao encistamento, temos: pH intestinal, estímulo de sais biliares e destacamento do trofozoíto da mucosa. Os cistos são resistentes e em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver por até 2 meses no ambiente – quando o transito intestinal está aumentado, pode-se encontrar trofozoíto nas fezes. transmissão A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, que podem ser transmitidos por: (1) ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas, (2) alimentos contaminados – verduras cruas e frutas mal lavadas, esses alimentos também podem ser contaminados por cistos veiculados por vetores mecânicos, (3) de pessoa a pessoa, (4) locais de aglomeração humana... manifestações clínicas A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos assintomáticos até pacientes com quadros de diarreia aguda e autolimitada, ou um quadro de diarreia persistente, com perda de peso e síndrome da má absorção. A variação do quadro está associada a fatores do parasita – cepa e número de cistos ingeridos, e ao hospedeiro – resposta imune, estado nutricional, pH estomacal, microbiota intestinal... De forma geral, a maioria das infecções é assintomática tanto em adultos quanto em crianças, que podem eliminar cistos nas fezes por um período de até 6 meses. Na forma aguda do quadro, comum na primo- infecção com a ingestão de um elevado número de cistos, é possível observar diarreia do tipo aquosa, explosiva, com odor fétido, acompanhada de gases e distensão abdominal – muco e sangue são raros. A forma aguda dura poucos dias e seus sintomas podem ser confundidos com diarreias virais ou bacterianas! Apesar de ser um quadro autolimitado na maioria dos casos, 30 a 50% dos indivíduos podem desenvolver diarreia crônica acompanhada por esteatorreia, perda de peso e problemas de má absorção (nutrientes – vitaminas: K, E, D, A, vitamina B12, ferro, xilose e lactose). giardíase Catharina Moura Parasitologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. patogenia Pode induzir alteração na arquitetura da mucosa intestinal, que pode se apresentar completamente normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades. Ainda que as vilosidades se apresente normais, é possível identificar lesões nas microvilosidades dos enterócitos - os trofozoítos aderidos ao epitélio intestinal podem romper e distorcer as microvilosidades na região em que o disco suctorial entra em contato com a membrana celular. Além disso, o parasita parece liberar substãncias citopáticas na luz intestinal – proteases que agem sobre as glicoproteínas da superfície celular, rompendo a sua integridade e lesionando o epitélio. Outra justificativa para a alteração morfológica e funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos inflamatórios que são desencadeados pela presença do parasito, pela resposta imune do hospedeiro. Ocorre comprometimento das enzimas existentes nas microvilosidades dos enterócitos, gerando diarreia. diagnóstico Clínico + laboratorial. • Laboratorial: Deve-se realizar o parasitológico de fezes para identificar cistos (fezes formadas) ou trofozoítos (fezes diarreicas) nas fezes. *Entero-test. profilaixia Como já foi visto, a transmissão ocorre pela contaminação ambiental e de alimentos por cistos do parasitos e de pessoa a pessoa em ambientes aglomerados. Por isso, recomenda-se higiene das mãos, destino correto das fezes, proteção dos alimentos e tratamento da água (filtros de areia e de terra de diatomáceas são capazes de reter os cistos do parasita). Além disso, apesar de resistirem a cloração da água, os cistos são destruídos em água fervente. Outro fator importante é o tratamento precoce do doente, procurando diagnosticar a fonte da infecção! tratamento Metronidazol, Tinidazol, Ornidazol, Secnidazol, Mebendazol e Albendazol. Quando o parasita apresenta resistência a terapêutica empregada, recomenda-se um intervalo de 5 a 10 dias para a eliminação do primeiro medicamento e completar a terapia com outro princípio ativo.
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