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Artigo sobre Ética em Simone de Beauvoir

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1 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH 
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA 
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 COLABORAÇÃO DE SIMONE DE BEAUVOIR PARA O CONCEITO 
DE LIBERDADE E COMPREENSÃO DO CORPO FEMININO 
 
 
 
 
 AUTORA: Santos, Iasmim Ferreira1 
 
 
 
 
 SÃO LUÍS-MA 
 2022.2 
 
 
1 Graduanda do curso de Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão- UFMA. E-mail: 
iasmimferreira.com@gmail.com 
mailto:iasmimferreira.com@gmail.com
 2 
RESUMO 
Este presente artigo possui como objetivo fulcral, percorrer pelos conceitos de corpo e 
liberdade no pensamento da filósofa francesa Simone de Beauvoir, sobre um ponto de vista 
feminista fenomenológico; para que se possa compreender tais pensamentos e como ambos, 
são primordiais para a nossa compreensão e visão clara dos dois juízos. Beauvoir em sua 
ilustre obra O Segundo Sexo, nos concede a sua trajetória investigativa sobre a questão “do 
que é ser mulher?”, por intermédio dos estudos feitos em perspectivas biológicas, 
psicológicas, históricas e filosóficas; e através deste entendimento, é através de tal fato, seja 
possível nos direcionar e nos situar no mundo. Desta forma, poderemos analisar possíveis 
relações que o corpo feminino e o mundo, podem estabelecer certa opressão e empecilhos 
para o mesmo, que ocorre com a mulher enquanto, esta, encontra-se no mundo e, como faz-
se necessário, que o âmbito feminino obtenha tal conhecimento de si, para que entenda sua 
posição e valor no meio social como amplitude da sua construção e identidade. 
Palavras-chaves: Beauvoir. Corpo. Feminismo. Liberdade. Mundo. 
 ABSTRACT 
El presente artículo tiene como objetivo principal, recorrer los conceptos de cuerpo y libertad 
a través del pensamiento de la filósofa francesa Simone de Beauvoir, desde un punto de vista 
feminista fenomenológico; para que uno pueda entender tales pensamientos y cómo ambos, 
son primordiales para nuestra comprensión y visión clara de los dos juicios. Beauvoir en su 
ilustre obra El Segundo Sexo nos brinda su trayectoria investigativa sobre la cuestión “de qué 
es ser mujer?” a atraves de los estudios realizados en las perspectivas biológicas, 
psicológicas, históricas y filosóficas; es a atraves de esta comprensión que podemos 
dirigirmos y situarnos en el mundo. De esta manera podemos analisar la posibles relaciones 
que el cuerpo femenino y el mundo pueden estabelecer com ciertos obstáculos de opresión 
que hacen sufrir a las mujeres, mientras esta en el mundo y, cómo es necessario que el ámbito 
femenino obtenga tal conocimiento de sí misma, para que entienda su posición y valor en el 
medio social como la amplitud de su construcción y identidad. 
Palabras-claves: Beauvoir. Cuerpo. Fenomenologia. Feminismo. Libertad. Mundo 
 
 
 
 
 3 
 INTRODUÇÃO 
Obter posicionamentos sobre determinadas situações ou assuntos, é atualmente, uma 
das maneiras mais eficazes para compreender as coisas e tudo que nos rodeia. Este 
princípio, é um dos pontos pelas quais o presente estudo tratará; dando ênfase as 
contribuições de Beauvoir e assim, analisar as descobertas e opiniões que a mesma, 
faz acerca de um dos períodos decisivos do decorrer de sua trajetória e que acabou 
sendo demasiado importante em sua vida, percurso este, que a levou a formação 
como a mais importante pensadora feminista do século XX, preocupada com várias 
questões existenciais, dando forte notoriedade as questões do mundo feminino, e 
como este meio social encontra-se. 
O objetivo central do presente artigo, consiste em evidenciar de maneira clara, todo o 
percurso, processo, desenvolvimento, transformações e até mesmo, os empecilhos 
pelas quais as mulheres infelizmente, encontram no decorrer da sua trajetória de vida. 
E, para tal análise, e de certo modo, norte para esta linha de pensamento, será 
abordada as contribuições grande filósofa francesa, Simone de Beauvoir, que traça 
com objetividade, tratar em sua aclamada e deveras polêmica obra O Segundo Sexo, 
todos os caminhos e experiências possíveis vivenciadas pelas mulheres. Simone de 
Beauvoir trata de forma demasiadamente importante, as questões éticas e morais; 
mais precisamente voltadas às questões existencialistas como uma forma de 
construção para que se tenha em mente os princípios referentes ao âmbito feminino. 
Em O Segundo Sexo, faz-se notório, a marcante ponte que a filósofa destaca acerca, 
de todo um trabalho que inicia-se na constatação do que é de fato é ser mulher, neste 
mundo governado majoritariamente por homens e para homens, com foco nas 
funções e interesses dos mesmos, e acaba ocasionando antes de qualquer coisa, ser 
o segundo sexo. O que consiste no pensamento beauvoriano especificamente, na 
obra mencionada; é um dos pontos de partida para o desbravamento deste 
pensamento na qual, surja possibilidades para algumas indagações das quais, para 
um indivíduo do sexo feminino pode encontrar-se e refletir, como por exemplo: “que 
de fato consiste para a sua existência neste mundo?” “como as mulheres acabaram 
por tornar-se a ser o segundo sexo?” “como foi possível?” por quais meios estás 
perguntas nos possibilitaram a obtenção de discernimento para compreender e 
conhecer as condições para tal existência. Chegaremos a certa conclusão, derivada 
deste percurso que a indagação sobre o que é ser mulher, não sendo obtida por 
 4 
intermédio do destino mas de uma construção complexa que é realizada na vida seja 
em qualquer meio que esteja inserida; Beauvoir, Busca demonstrar como todo esse 
processo em que o ser feminino acaba sendo exposto lida com tais questões tanto no 
seu processo individual de construção como para além da sua própria vida individual 
que permeia até sua convivência com o meio social que está inserido. É, sobretudo, 
uma perspectiva de evolução no âmbito das demasiadas formas e possibilidade da 
libertação com relação ao estado de inferioridade que encontra-se. Simone de 
Beauvoir, trabalha em sua obra de grande reconhecimento, às várias situações em 
que as mulheres até hoje infelizmente, vivem e pelas quais são sucintas a opressões 
que sua existência como ser feminino acaba sendo afetadas. Este artigo trata não 
apenas das problemáticas que o meio feminino tem passado e continua a passar, 
Como também, a construção e evolução da mulher além do seu posicionamento e 
ganho de notoriedade, como a sua própria compreensão do que de fato é o ser em 
sua completa essência. Será possível anotar para além das questões que o sexo 
feminino acaba por lidar como destacar a importância que a mesma tem de se 
compreender se autoconhecer de entender o que a sua liberdade tal como a própria 
pensadora cita “ser livre é também querer livros outros”, e como essa ação de ser livre 
implica e possibilitará alcançar níveis inimagináveis. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. A LIBERDADE SEGUNDO BEAUVOIR COMO GRANDE FOMENTO 
PARA O ENTENDIMENTO DE SI E PARA SI 
A liberdade constitui tema que sempre transpassou no decorrer da história, tese que 
continua influenciando a construção da identidade do ser; o discurso da liberdade e a 
necessidade de conceituá-la, suscitaram na busca de vários pensadores ao decorrer 
da história. O conceito de liberdade vem do termo grego eleuthería e designa, com 
efeito o homem livre ( Mora,2001).Em latim a palavra liberdade está relacionada ao 
adjetivo liber ( deriva de liberto) na qual, aplica-se ao“ homem em que o espírito de 
procriação encontra-se naturalmente ativo” (Mora, 2001). 
 Assim, a concepção de liberdade em latim pode-se definir como condição daquele 
que é livre, com a capacidade de agirpor si mesmo, como independência e autonomia. 
 5 
2Moura(2001) aponta dimensões sobre a liberdade, sendo estas, abrangir a política, 
a ontologia e ética onde podemos elencar perspectivas naturais, sociais e pessoais 
para o conceito. A noção de liberdade não inclui apenas a possibilidade de decisão, 
como também a autodeterminação como uma ideia relacionada a responsabilidade 
consigo mesmo e com os outros, já que ser livre implica a junção de algumas 
obrigações(MORA,2001). O mesmo ressalta que a noção de liberdade sempre está 
ligada a três modos básicos para sua compreensão: liberdade “natural", liberdade 
“social" e uma liberdade “pessoal". Nesse contexto, a concepção de ser livre permeia 
um âmbito ontológico, “na qual o homem só é livre enquanto ser racional e disposto a 
agir como ser racional” (Mora, 2001). 
 Beauvoir, afirma em Pour une morale de l'ambiguité(1947) “ querer a liberdade, 
querer desvelar o ser, é uma única e mesma escolha”3. Afirmar que o ser, quer 
desvelar-se significa dizer que o ser deseja ser livre. O ser possui o desejo de querer 
desvelar a si e o mundo porque é a única consciência real do ser, o querer ser. O ser 
em si, não apresenta nenhuma consistência ou construção, sendo através de seus 
próprios projetos de querer-ser. Como menciona: 
Minha liberdade não deve buscar captar o ser, mas desvelá-lo; 
o desvelamento é a passagem do ser à existência; a meta 
visada por minha liberdade é conquistar a existência através 
da espessura sempre faltosa do ser. (BEAUVOIR, Pour une 
moral de l'ambiguité p,42). 
A pensadora estudou movimentos específicos em que o sujeito (ser) realiza para 
construir e constituir sua liberdade, como também sua existência. São movimentos 
decorrentes da intenção de ser, que são denominados ontológicos. Na qual, ela 
mostra como o ser realiza o processo de transcendência de si; que é basicamente 
quando o mesmo alcança um estado único, tal percurso é observado quando o ser 
assume seu estado original de liberdade e então, realiza seu processo de encontro 
consigo. A filosofa destaca o primeiro momento dessa busca do ser por liberdade 
como momento intencional em que o ser é preenchido pelo desejo de revelar-se 
ocasionando assim, para o ser a visão clara de sua existência e o querer revelar-se, 
no que a pensadora chama de tipo original de querer ser que é o querer ser. Desse 
 
2 Mora, J.F Dicionário de filosofia.4 ed. São Paulo : Martins Fontes, 2001. 
3 BEAUVOIR, Simone de. Pour une moral de l'ambiguité, p 114. 
 6 
modo, fica evidente que os movimentos do ser nos leva inevitavelmente ao conceito 
de liberdade. Que só é possível acontecer porque este conceito encontra-se em 
Beauvoir fortemente enraizados na ideia de movimento ontológico. 
Falar em ser livre para a pensadora é falar de um ser que compreende e realiza o 
movimento intencional de desligamento com o mundo. Para Simone de Beauvoir, é 
no mundo que estão repousadas as possibilidades que podem realizar de certa forma 
cada indivíduo em sua particularidade. Dessa forma, como existe no indivíduo a 
vontade de querer ser, de querer realizar-se como um sujeito livre, são encontrados 
no mundo, possibilidades para tal realização. A mesma, acaba por declarar que a 
ambiguidade é fator que somente atingi aos homens, pois enquanto os animais e 
plantas apenas passam por isso, o homem pensa sobre. O homem “lançado ao 
mundo" é um ser que precisa escolher. Ele não pode fugir, enquanto todas as coisas 
que o cercam( plantas e animais) passam pela existência sem escolhas e ao homem, 
isso foi exigido. A necessidade de escolher entre sim e não, se configura como escolha 
humana, já que é característica do homem a sua liberdade. Tal conceito de liberdade, 
ecoa fortemente no conceito proposto por Jean Paul Sartre: 
 “A liberdade não é um ser: ela é o ser do homem; isto é, o seu 
nada de ser. A liberdade é constitutiva da consciência (...) e eu 
estou condenado a ser livre. Isso significa que (...) não somos 
livres de ser livres. Uma vez lançado à vida, o homem é 
responsável por tudo o que faz do projeto fundamental, isto é, 
da sua vida. Ninguém tem desculpas se falimos, falimos 
porque escolhemos a falência4”. 
Assim, é na própria liberdade que o homem encontra as bases de suas escolhas e 
conduta. Ocorre que, para o homem encontrar as bases da sua conduta de modo que 
sua atitude seja autêntica, é necessário tornar-se livre no mundo, que tenta se fazer 
singular a tarefa a ser superada, no quesito existência, pois a ambiguidade é imanente 
à condição do ser. Frente a uma decisão onde o homem percebe o seu total desespero 
e desamparo, pois não há nada que o salve da tarefa de escolha, ou seja, nada o 
salva de si; desse modo o indivíduo, fundamentando-se em sua liberdade, vê-se com 
desejo de inventar-se, sendo suas escolhas que constroem sua essência. Dessa 
forma ele estabelece através de suas ações, critérios que irão servir de 
 
4 Obra O Ser e o Nada. Ensaio de Ontologia Fenomenológica, Jean Paul Sartre. 6° edição, Rio de Janeiro, 1998 
 7 
direcionamento para suas decisões, o ser acaba por não ter condições de fugir da sua 
condição de liberdade. Porém, na tentativa de livrar-se da angústia que carrega a 
responsabilidade, o ser acaba refugiando-se na má-fé, sendo essa compreendida 
como ato de mentir para si mesmo, de enganar-se e fugir da sua própria consciência, 
ou seja a má-fé como tentativa de atribuir as responsabilidades a outros fatores que 
exercem influencia nas suas decisões. 
 A liberdade pensada pela filósofa está fundamentada na concepção de 
intencionalidade, que por sua vez, é sustentada pelos movimentos ontológicos em 
direção a confirmação da liberdade. Quando o ser, encontra-se no mundo, surge em 
meio a tal situação, um indivíduo no mundo já posto, que busca encontrar por seu ser 
livre; Beauvoir certa vez citou em determinada entrevista “ Que nada nos defina. Que 
nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”. Discutir sobre a 
temática é necessário para que possamos construir conclusões acerca do que nos 
está exposto e assim, alinhar nossas próprias idéias e chegarmos aos nossos 
pensamentos individuais. “Todo indivíduo que se preocupa em justificar sua existência 
sente-a como uma necessidade de transcender5” (BEAUVOIR,1960,p30). 
2. AUTOCONHECIMENTO DO CORPO FEMINIMO COMO FORMA DE 
ABERTURA PARA O MUNDO 
Simone de Beauvoir, ao frisar o questionamento sobre “o que é ser mulher?” acaba 
atravessando várias perspectivas de interpretações permearam por meio de suas 
análises, em decorrência das subjugações e da construção ideológica da mulher, 
como o outro sexo, com o auxílio da formação cultural, na qual, a mulher sempre 
esteve postulada como segunda opção. A liberdade é sem sombra de dúvidas, a ação 
mais importante que configura o fato de conceder a possibilidade do conhecimento de 
si, para si. Beauvoir, nos concede uma bela discussão sobre o corpo feminino e sua 
participação no mundo, de forma que o corpo se situa; a filósofa utiliza a relação entre 
a mulher e o mundo, com ênfase no corpo situado; tal concepção de corpo situado, 
encontra-se fortemente enraizado no fato do corpo estar inteiramente relacionado em 
que eu sou o meu corpo e nós somos no mundo, pela ponte feita do nosso corpo, já 
que não conhecemos outro mundo aqui e nem outro corpo, que não seja aquele que 
nos é possibilitado de possuir. Não é o ser que possui o corpo, mas o ser é o próprio 
 
5 Obra A Força da Idade, Simone de Beauvoir, 6° edição. Rio de Janeiro, 2010. 
 8 
corpo no mundo, o corpo acaba por construir a relação que construímos com o mundo. 
Com isso, deve-se levar em consideração o ponto de vista de Beauvoir, com relação 
que não é o ser que possui o corpo mas, ser é o próprio corpo no mundo o corpo 
acaba por relacionar e construir toda a sua formação no mundo. Com isso, deve-se 
levar em consideração o ponto de vista de Simonede Beauvoir, com relação ao corpo 
feminino na qual, ela argumenta que não é a condição biológica da mulher em si que 
constrói as desvantagens para formação e influências reais que possam transcender 
sua posição na sociedade. O corpo feminino é representado tanto como pontos 
positivos, como negativos na qual, o corpo da mulher é o local da ambiguidade pois, 
ela pode usá-la da melhor forma que desejar, tal como tornar-se um veículo para a 
sua liberdade ou sentir-se oprimida por ela. Não existe nenhuma verdade essencial 
na questão do que é ser mulher, depende da medida em que a mesma, se vê como 
um sujeito livre e não como um objeto do olhar da sociedade. Assim, como a própria 
pensadora cita: 
“É natural que a mulher tente fugir deste mundo, em que 
frequentemente se sente menosprezada e incompreendida; o 
lamentável é que não ouse então os voos audaciosos de um Gerad de 
Nerval6, de um Poe. Há muitas razões que desculpam sua timidez. 
Agradar é sua maior preocupação; e muitas vezes ela já tem medo, 
pelo simples fato de escrever, de desagradar como mulher” (Beauvoir, 
p.532) 
A mulher conforme a filósofa analisa em O Segundo Sexo, contém a possibilidade de 
transcender a situação que situa-se e assim, colocar-se como sujeito com foco em si, 
para depois estar relacionada aos demais; entretanto, é devido à situação que a 
mulher está especialmente, pelas problemáticas contidas por instituições pela cultura 
e pela própria relação com os homens. 
“Há diversas espécies de mitos. Este, sublimando um 
aspecto imutável da condição humana que é o 
“seccionamento” da humanidade em duas categorias de 
indivíduos, é um mito estático; projeta em um céu platônico 
uma realidade apreendida na experiência ou 
conceitualizada a partir da experiência. Ao fato, ao valor, à 
 
6 Foi um grande escritor francês do século XIX, e um dos mais importantes contribuinte da literatura francesa. 
 9 
significação, à noção, à lei empírica, ele substitui uma Ideia 
transcendente, não temporal, imutável, necessária. Essa 
ideia escapa a qualquer contestação porquanto se situa 
além do dado; é dotada de uma verdade absoluta. Assim, 
à existência dispersa, contingente e múltipla das mulheres, 
o pensamento mítico opõe ao Eterno Feminino7 único e 
cristalizado; e se a definição que se dá desse Eterno 
Feminino é contrariada pela conduta das mulheres de 
carne e osso, estas é que estão erradas.”(BEAUVOIR, 
p.329) 
Beauvoir, utiliza a expressão “Eterno Feminino” como termo que contribui para ser um 
demasiado empecilho no âmbito feminino, que acaba auxiliando na construção do 
conceito da mulher como o Outro; o “mito estático” que a pensadora menciona, situa-
se focalizado em uma verdade absoluta que sobressai em toda a construção dos 
valores e significados, que o mito possui com relação as construções que a sociedade 
acaba por limitar. O mito feminino pela qual Beauvoir frisa, é aquela que nega a 
liberdade que cada ser faz de si e aquilo que escolhe. Entretanto, as formas de 
limitações, o que existente e ainda faz escolhas se trata de um indivíduo de carne 
osso, e não de ideal, assim as mulheres embora carreguem o fardo de serem 
mencionadas como o Eterno Feminino na formação de si; que nunca coincidem 
exatamente com o mito, mas sendo este mito considerado uma verdade absoluta e 
acaba por acarretar parar de mulheres como erradas por não corresponderem ao mito. 
Dessa forma, para Simone de Beauvoir o ser feminino deve se sobrepor aos diversos 
empecilhos que a mulher acaba enfrentando em todo o decorrer da sua trajetória para 
que assim, consiga desmistificar todos os preconceitos que a tornam irrelevantes e de 
certo modo, oprimidas; pois, é a partir do momento que a mulher toma conhecimento 
de si, do seu potencial e valor, é que terá em mãos as chaves de oportunidades para 
desbravar e obter o seu real ânimo no meio social que vive, como também, demonstrar 
para todos, o que de fato é ser mulher. 
 
 
7 Simone de Beauvoir, utiliza a expressão “Eterno Feminino" para referir a concepção ideológica da mulher, 
quando seus atos femininos estão sempre observados como afirmação é determinação para ser o segundo 
sexo. 
 10 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Utilizando os contextos propostos ao decorrer deste artigo, conclui-se, que a 
compreensão sobre as diversas formas experiências, atitudes e ações que a mulher 
enfrenta, e pelas quais, a tornam menos livres no âmbito da sua construção social. 
Não é portanto, o foco deste projeto, mencionar tais problemáticas no intuito de fazer 
por encerrado tais empecilhos vividos pelo âmbito feminino tampouco, abarcar todas 
as questões que frisam tais questionamentos. O objetivo fulcral deste artigo, é fazer 
com que algumas questões e observações, possibilitem novos debates e reflexões 
sobre a situação vivida pela mulher, no que tange a obra de Simone de Beauvoir. 
Uma vez que, para nós, essa situação ainda não foi devidamente compreendida em 
sua amplitude, pela história da filosofia e, sobretudo, fomentar para que voltemos à 
ela, tal qual a própria filósofa destaca “Há toda uma região da experiência humana 
que o homem escolhe deliberadamente ignorar porque fracassa em pensá-la: essa 
experiência, a mulher vive.” (BEAUVOIR, Vol.II p.422) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
9 – REFERÊNCIAS 
MORA,J.F. Dicionário de Filosofia. 4 ed. São Paulo : Martins Fontes, 2000 
BEAUVOIR, S. A Força da Idade. Tradução de Sérgio Milliet. 6 ed. Rio de 
Janeiro : Nova Fronteira, 2010 
SARTRE, J.P. O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. 
Tradução: Paulo Perdigão. 6 ed. Rio de Janeiro: Vozes,1998 
KIRKPATRICK,K. Beauvoir: Uma Vida. Rio de Janeiro: Crítica,2020.(Original: 
Be Coming Beauvoir: A Life. London. Bloomsbury Academic,2019) 
BEAUVOIR, S. Por Uma Moral da Ambiguidade. Tradução: Marcelo Jacques 
de Moraes: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005 
BEAUVOIR,S. O segundo sexo: fatos e mitos. (Vol.1) Tradução de Sérgio 
Milliet. 5° edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019 
BEAUVOIR, S. O segundo sexo: A experiência vivida. (Vol.2) Tradução de 
Sérgio Milliet. 5° edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019

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