Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal É a principal via de comunicação entre o encéfalo e o restante (periferia) do organismo. Nela são encontradas as vias aferentes e eferentes e ainda, eventos denominados reflexos. GLOSSÁRIO Substância Cinzenta – tecido nervoso constituído de neuróglia, corpos de neurônios e fibras predominantemente amielínicas. Núcleo - massa de substância cinzenta dentro da substância branca, ou grupo delimitado de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e mesma função. Substância Branca – tecido nervoso constituído de neuróglia e fibras predominantemente mielínicas. Trato - feixe de fibras nervosas com aproximadamente a mesma origem, mesma função e mesmo destino. Na denominação de um trato, o primeiro nome indica a origem e o segundo a terminação das fibras. Pode haver ainda um terceiro nome indicando a posição do trato. Fascículo - se refere a um trato mais compacto. Lemnisco - o termo significa fita e é usado para alguns feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao tálamo. Nocicepção/algesia – recepção de estímulos aversivos, transmissão, modulação e percepção de estímulos agressivos – dor. Propriocepção/cinestesia – capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Medula Espinal ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal LOCALIZAÇÃO, FORMA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA A medula espinhal é uma massa cilindroide, de tecido nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem ocupá-lo completamente. No homem adulto, mede aproximadamente 45 centímetros, sendo um pouco menor na mulher. Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo, aproximadamente ao nível do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica e, no adulto, situa-se geralmente na 2ª vértebra lombar (L2). A medula termina afilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. A medula é o maior condutor de informações que sai e entra no encéfalo através dos nervos espinhais. Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior, fazem conexão pequenos filamentos nervosos denominados filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente, as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas raízes, por sua vez, se unem para formar os nervos espinhais, ocorrendo essa união em um ponto situado distalmente ao gânglio espinhal que existe na raiz dorsal. A conexão com os nervos espinhais marca a segmentação da medula. Considera- se segmento medular de um determinado nervo a parte da medula onde fazem conexão ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal os filamentos radiculares que entram na composição deste nervo. Existem 31 pares de nervos espinhais, aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos: oito cervicais, 12 torácicos, cinco lombares, cinco sacrais e, geralmente, um coccígeo. Existem oito pares de nervos cervicais, mas somente sete vértebras. O primeiro par cervical (C1) emerge acima da 1ª vértebra cervical, portanto entre ela e o osso occipital. Já o 8º par (C8) emerge abaixo da 7ª vértebra, o mesmo acontecendo com os nervos espinhais abaixo de C8, que emergem, de cada lado, sempre abaixo da vértebra correspondente. GENERALIDADES A medula participa de quatro funções essenciais: -Primeiro, ela recebe impulsos sensoriais primários dos receptores na pele, nos músculos esqueléticos e nos tendões (fibras somatossensitivas) e dos receptores das vísceras torácicas, abdominais e pélvicas (fibras viscerossensitivas). -Segundo, a medula espinal contém neurônios motores somáticos que inervam os músculos esqueléticos e neurônios motores viscerais que, depois de fazerem sinapses nos gânglios periféricos, influenciam os músculos lisos e cardíacos e o epitélio glandular. -Terceiro, fibras somatossensoriais entram na medula espinal e influenciam os neurônios motores no corno anterior direta ou indiretamente através de interneurônios. Estes neurônios motores ativados, por sua vez, produzem rápidas contrações involuntárias dos músculos esqueléticos. -Quarto, a medula espinal contém fibras descendentes que influenciam a atividade dos neurônios medulares. Essas fibras se originam no córtex cerebral e no tronco cerebral, e sua lesão influencia adversamente a atividade dos neurônios motores e sensoriais medulares. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal • Medula significa miolo. • Estrutura cilíndrica de tecido nervoso, ligeiramente achatada no sentido anteroposterior. • Dilatada em duas regiões (intumescências cervical e lombar) devido conexão com as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral, destinadas à inervação dos membros superiores e inferiores. • Se inicia ao nível do forame magno até a altura da 2ª vértebra lombar (L2). • Ocupa parte da coluna vertebral. Medula: na substância cinzenta estão os núcleos, que nada mais são do que aglomerados de corpos celulares e tudo que sobra é a substância branca, que é formada por um conjunto de axônios mielinizados. TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR O desenvolvimento longitudinal (em comprimento) da medula espinal só é proporcional ao da coluna vertebral até o terceiro mês de vida intrauterina, ocupando, praticamente, todo o canal vertebral e apresentando um trajeto horizontal dos nervos espinais. A partir desse período ocorre uma desproporção no crescimento da coluna vertebral em relação à medula espinal, promovendo uma aparente ascensão da medula dentro do canal. Desse modo o trajeto dos nervos se torna oblíquo, principalmente em regiões inferiores. De superior para inferior, o diâmetro da medula começa com um maior diâmetro e vai diminuindo; começa achatada e, quando chega no fim da região torácica e início da lombar fica mais cilíndrica. Isso acontece porque nossas vias querem buscar o centro superior, portanto, conforme a medula vai ascendendo, mais fibras vão entrando. Por conta disso, quanto mais alta for a lesão, maior a quantidade de prejuízo, pois tem muito mais fibras. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal MORFOLOGIA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA • Intumescência cervical (C3-T2) • Intumescência lombar (L1-S3) • Cone medular • Filamento terminal • Cauda equina • Ligamento coccígeo • Ligamento denticulado Intumescências: A medula espinal é alargada em duas regiões relacionadas com a inervação dos membros. A intumescência cervical estende-se dos segmentos C4 a T1 da medula espinal, e a maioria dos ramos anteriores dos nervos espinais originados dela forma o plexo braquial de nervos que supre os membros superiores. A intumescência lombossacral estende- se do segmento T11 ao segmento S1 da medula espinal, abaixo do qual a medula continua atédiminuir e formar o cone medular. Os ramos anteriores dos nervos espinais que se originam dessa intumescência formam os plexos lombar e sacral de nervos que suprem os membros inferiores. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal ESTRUTURAS FIXADORAS Cone Medular é a extremidade inferior cônica da medula espinhal. Filamento terminal origina-se da extremidade do cone medular, o filamento terminal desce entre as raízes dos nervos espinais na cauda equina. Sua extremidade proximal (a parte pial do filamento terminal) consiste nos vestígios de tecido neural, tecido conectivo e tecido neuroglial cobertos por pia-máter. O filamento terminal perfura a extremidade inferior do saco dural, ganhando uma camada de dura-máter e continuando através do hiato sacral como a parte dural do filamento terminal para se fixar no dorso do cóccix. O filamento terminal serve como ponto de fixação para a extremidade inferior da medula espinal e para as meninges espinais. Liga a medula com a dura-máter. Cauda equina: o canal sacral é a continuação do canal vertebral no sacro contém o feixe de raízes dos nervos espinais originadas abaixo da vértebra L1, conhecido como cauda equina, que desce após o término da medula espinal. Nas faces pélvica e dorsal do sacro, entre seus ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal componentes vertebrais, há normalmente quatro pares de forames sacrais para a saída dos ramos posteriores e anteriores dos nervos espinais. Ligamento coccígeo: Continuação do filamento terminal, ele se dirige inferiormente e, ao passar pela dura-máter, continua junto com essa meninge com a denominação de ligamento da dura-máter, indo inserir-se no cóccix como ligamento coccígeo. Fixa a dura- máter no cóccix. Ligamento denticulado: Lateralmente à medula espinal, a pia-máter apresenta prolongamentos com forma triangular entre as raízes espinais, também com função de fixação na dura-máter. Em cada nível vertebral ela emite um ligamento. Tanto no encéfalo quanto na medula, a pia-máter está aderida (colada) no tecido nervoso, e a dura-máter, está aderida ao osso. • A porção final da medula se afina formando o cone medular. • Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua-se caudalmente formando o filamento terminal. O filamento continua continua-se até o cóccix e insere-se no seu periósteo. No trajeto atravessa o saco dural e recebe vários prolongamentos da dura-máter (filamento da dura-máter espinal) e constitui o ligamento coccígeo. • A pia-máter forma de cada lado da medula uma prega longitudinal denominada ligamento denticulado, que se dispõe em um plano frontal ao longo de toda a extensão da medula (elementos de fixação da medula). • O filamento terminal juntamente com as raízes nervosas dos últimos nervos espinais forma a chamada cauda equina. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal SULCOS LONGITUDINAIS • Fissura mediana anterior • Sulco mediano posterior • Sulco intermédio posterior (apenas na medula cervical) • Sulco lateral anterior • Sulco lateral posterior (raízes ventrais e dorsais) A fissura é sempre ventral/anterior, e sempre é usada como guia para separar direito e esquerdo. • Superfície apresenta sulcos longitudinais que a percorrem em toda extensão: fissura mediana anterior, sulco mediano posterior, sulco lateral anterior, sulco lateral posterior. • Nos sulcos laterais fazem conexão pequenos filamentos nervosos - filamentos radiculares, que se unem para formar as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinais. As duas raízes, por sua vez, se unem para formar os nervos espinhais, ocorrendo essa união em um ponto situado distalmente ao gânglio espinhal que existe na raiz dorsal • Na medula cervical e torácica alta existe o sulco intermédio posterior, situado entre os sulcos mediano posterior e lateral posterior (divide o funículo posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme). A substância branca é formada por fibras, a maior parte delas mielínicas, que sobem e descem na medula e podem ser agrupadas de cada lado em três funículos: • Funículo anterior • Funículo lateral • Funículo posterior – Fascículo grácil – Sulco e septo mediano posterior (na medula cervical) Medula Espinal – substância branca ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal – Fascículo cuneiforme A substância branca da medula espinhal consiste em: (1) tratos ou fibras ascendentes e descendentes longas, que ligam a medula espinal aos níveis mais altos do neuro-eixo, e (2) fibras propriomedulares que se projetam de um nível medular para outro. As fibras ascendentes transportam informações para os níveis mais altos do neuro-eixo. Algumas fibras descendentes modulam a transmissão das informações nociceptivas no corno posterior, enquanto outras influenciam a atividade dos neurônios motores. As fibras propriomedulares formam a base para uma ampla variedade de reflexos intramedulares. Em muitas situações o nome do trato ou do grupo de fibras indica três fatos importantes sobre aquela população de fibras: (1) se são ascendentes ou descendentes (corticoespinal versus espinocerebelar); (2) a localização do corpo celular de origem (córtex versus medula espinal); e ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal (3) o lugar onde os axônios no trato terminam (medula espinal versus cerebelo). Existe uma membrana bem fina de epineuro que reveste os fascículos, isolando um do outro, como se fossem várias tubulações passando umas ao lado das outras. • Os funículos lateral e anterior são mistos, ou seja, passam por eles tanto aferências quanto eferências. • Já o funículo posterior é 100% sensitivo/aferente. Por ele passam as informações sensitivas mais primitivas, que é a propriocepção e o tato grosseiro que nos correlaciona com o espaço. Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta ou de um H. Nela distinguimos, de cada lado, três colunas que aparecem nos cortes como cornos e que são as colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral, entretanto, só aparece na medula torácica e parte da medula lombar. No centro da substância cinzenta localiza-se o canal central da medula (ou canal do epêndima), resquício da luz do tubo neural do embrião. O H medular é dividido em 10 lâminas principais. A contagem éde dorsal para ventral, lembrando que a região dorsal é 100% sensitiva. Portanto, as lâminas de 1 a 6 vão ter os núcleos logados à sensibilidade. A lâmina 9 pertence exclusivamente a neurônios motores. Os neurônios motores do tronco são mais mediais e das extremidades mais laterais. A via motora é composta por dois neurônios: superior (está no cérebro) e inferior (no corpo e na medula – lâmina 9). Medula Espinal – substância cinzenta ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal CONEXÃO COM OS NERVOS DOS SULCOS LATERAIS • Filamentos radiculares • Raízes ventrais e dorsais • Gânglio espinal • Nervos espinais ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal Toda informação que é nociceptiva vai ascender por um nervo periférico misto e vai sinalizar o corno dorsal do H medular. Os sulcos laterais existem, pois, são os locais de saída dos axônios mielinizados. Os nervos espinais são formados pela junção das raízes posteriores e anteriores da medula espinhal. Como existem 31 níveis medulares (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais, 1 coccígeo), há também 31 pares correspondentes de nervos espinais. Cada nervo espinal contém fibras aferentes que transportam impulsos sensoriais da periferia e fibras eferentes que se originam nos neurônios motores medulares. Como todo o sistema nervoso central, a medula é envolvida por membranas fibrosas denominadas meninges, que são: dura-máter; pia-máter e aracnoide. A dura-máter é a mais espessa. DURA-MÁTER A meninge mais externa é a dura-máter, formada por abundantes fibras colágenas que a tornam espessa e resistente. Envolve toda a medula como se fosse um dedo de luva – saco dural. • Cranialmente - contínua com o folheto interno da dura-máter encefálica. • Caudalmente – termina em fundo de saco, acompanhada pela aracnóide-máter, em S2. • Prolongamentos laterais – prolongamentos laterais da dura-máter embainham as raízes dos nervos espinhais, continuando com o tecido conjuntivo (epineuro) que envolve estes nervos ARACNÓIDE-MÁTER: • Folheto justaposto à dura-máter. • Emaranhado de trabéculas une este folheto à pia-máter. PIA-MÁTER: Meninges Nervos Espinais ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 4º Semestre – Bases teórico-cognitivas do sistema nervoso Neuroanatomia da Medula espinal A pia-máter é a meninge mais delicada e mais interna. Ela adere intimamente ao tecido nervoso da superfície da medula e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua caudalmente, formando um filamento esbranquiçado, denominado filamento terminal. Este filamento perfura o fundo-do-saco dural e continua caudalmente até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, o filamento terminal recebe vários prolongamentos da dura-máter e o conjunto passa a ser denominado filamento da dura-máter espinhal. Este, ao inserir-se no periósteo da superfície dorsal do cóccix, constitui o ligamento coccígeo. A pia-máter forma, de cada lado da medula, uma prega longitudinal denominada ligamento denticulado, que se dispõe em um plano frontal ao longo de toda a extensão da medula. Os dois ligamentos denticulados são elementos de fixação da medula e importantes pontos de referência em certas cirurgias deste órgão.
Compartilhar