Buscar

381637030-Livro-Cinza-Bioma-Caatinga-ABILIO-ORG-2010

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMA CAATINGA 
Ecologia, Diversidade, Educação 
Ambiental e Práticas Pedagógicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Francisco José Pegado Abílio 
Organizador 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMA CAATINGA 
Ecologia, Diversidade, Educação 
Ambiental e Práticas Pedagógicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editora Universitária da UFPB 
João Pessoa 
2010 
 
 
5 
 
 
 
 
 
6 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Capítulo I – Bioma Caatinga: caracterização e aspectos gerais. Francisco 
José Pegado Abílio, Camila Simões Gomes, Antônio Carlos Dias de Santana 
 ......................................................................................................................... 06 
 
Capítulo II – Vegetação da Caatinga. Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, 
Francisco José Pegado Abílio, Zelma Glebya Maciel Quirino. ........................ 20 
 
Capítulo III – Fauna da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Thiago Leite 
de Melo Ruffo. ................................................................................................. 38 
 
Capítulo IV – Impactos ambientais na Caatinga. Francisco José Pegado 
Abílio, Hugo da Silva Florentino. ..................................................................... 52 
 
Capítulo V – Conservação da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Hugo 
da Silva Florentino, Thiago Leite de Melo Ruffo. ............................................. 78 
 
Capítulo VI – Corpos aquáticos da Caatinga paraibana. Francisco José 
Pegado Abílio, Maria Cristina Crispim, Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza, 
José Etham de Lucena Barbosa. ..................................................................... 90 
 
Capítulo VII – Convivência no semi-árido: as populações humanas no 
contexto do bioma Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Aparecida de 
Lourdes Paes Barreto, Antonia Arisdélia Fonseca M. A. Feitosa. ................. 116 
 
Referências. ................................................................................................. 135 
 
Sobre os Autores. ....................................................................................... 157 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos este livro: 
 
À Profa. Drª. Takako Watanabe pela sua contribuição 
aos estudos e pesquisas no semi-árido paraibano. 
 
 
Gostaríamos de agradecer: 
 
Ao Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento, 
pelo financiamento das pesquisas no Cariri paraibano; 
À Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPB, 
pelo Auxílio à Editoração, através do edital 01/2008/PRPG/UFPB. 
Aos Biólogos Thiago Leite de Melo Ruffo e Hugo da Silva Florentino 
e a professora Drª. Cristina Crispim pelas 
contribuições na formatação e revisão geral dos textos; 
Ao Professor e amigo Nivaldo Maracajá pelo seu apoio e parceria no 
Projeto de Educação Ambiental em São João do Cariri; 
Aos docentes e educandos da Escola Estadual de Ensino 
Fundamental e Médio José Leal Ramos, município de 
São João do Cariri – Paraíba, pelo apoio e amizades. 
 
 
8 
APRESENTAÇÃO 
 
O efeito combinado entre as condições climáticas da região semi-árida 
paraibana e as práticas inadequadas de uso e aproveitamento do solo e 
demais recursos naturais, tem acentuado o desgaste da paisagem natural, 
provocando a perda da biodiversidade e o esgotamento dos recursos naturais, 
além de acentuar o processo de desertificação nas áreas susceptíveis. Buscar 
a Conservação pela gestão não é algo facilmente executável, principalmente 
quando as propostas de intervenção apresentadas se contrapõem aos padrões 
comportamentais da comunidade (1). A mudança de comportamento está 
diretamente relacionada com a elevação do nível de consciência dos grupos 
humanos envolvidos. 
A Escola representa um espaço de trabalho fundamental para iluminar o 
sentido da luta ambiental e fortalecer as bases da formação para a cidadania(2). 
Assim, a análise da prática da Educação Ambiental na escola é importante à 
medida que procura desvendar a natureza do trabalho educativo e como ele 
contribui no processo de construção de uma sociedade sensibilizada e 
capacitada a enfrentar o desafio de romper os laços de dominação e 
degradação que envolve as relações humanas e as relações entre a sociedade 
e natureza. 
Os movimentos de reforma educativa da última década têm contribuído 
para o estudo da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, e muitos 
investigadores focalizam a atenção sobre a capacidade docente e sobre a 
necessidade de tornar mais atraente e prazerosa a prática pedagógica, tanto 
para educadores quanto para educandos (3). Portanto, adequar o ensino a essa 
realidade é incentivar os professores e educandos a serem praticantes da 
investigação em suas aulas, estabelecendo um sentido maior de valor e 
dignidade à prática docente. 
 
1
 GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000. 
2
 SEGURA, D.S.B. Educação Ambiental na Escola Pública: da curiosidade ingênua à consciência 
crítica. São Paulo: Annablume / Fapesp, 2001. 
3
 ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 
 
 
 
9 
Neste sentido, faz-se necessário levar em consideração as percepções 
e concepções dos docentes e educandos para organizarmos uma nova ação 
educativa, que venha resolver ou amenizar os problemas que o homem tem em 
relação ao ambiente, para que estes atores sociais percebam o ecossistema 
em que estão inseridos, e assim, sensibilizados e/ou conscientizados, possam 
melhorar sua qualidade de vida, assim como contribuir para a conservação do 
bioma Caatinga. 
Encontramo-nos, neste caso, diante de uma proposta de mudanças. 
Portanto, nada mais adequado que buscarmos o desenvolvimento da cidadania 
e formação da consciência ambiental dentro das escolas, sendo a mesma o 
local adequado para a realização de um ensino ativo e participativo, buscando 
o conhecimento e a importância da Biodiversidade do Bioma Caatinga e das 
problemáticas ambientais da bacia hidrográfica do rio Taperoá, no Cariri 
paraibano, região semi-árida. 
A produção deste livro é resultado de estudos e pesquisas da equipe do 
Sub-Projeto “Ecologia Humana e Educação Ambiental”, coordenado pelo Prof. 
Dr. Francisco José Pegado Abílio (DME/CE/UFPB), vinculado ao PELD 
(Programa Ecológico de Longa Duração)/CNPq “Bioma Caatinga: Estrutura e 
Funcionamento” coordenado pela Profa. Dra. Maria Regina de Vasconcellos 
Barbosa (DSE/CCEN/UFPB). 
Este livro tem um caráter paradidático e pretende contribuir para ampliar 
o conhecimento e entendimento do Bioma Caatinga, assim como servir de 
material didático e de pesquisas para os professores de escolas de ensino 
fundamental e médio que estão inseridos no referido ambiente, uma vez que 
neste você vai poder encontrar desde uma caracterização geral do bioma, sua 
fauna e vegetação, corpos aquáticos, impactos ambientais e conservação, 
assim como a questão da convivência com o semi-árido na busca de uma 
sustentabilidade ambiental, com ênfase a exemplos do estado da Paraíba. Ao 
final de cada capítulo é possível encontrar sugestões de atividades educativas 
que podem ser aplicadas no âmbito da sala de aula. 
Boa leitura. 
 
 
 
10 
CAPÍTULO I 
BIOMA CAATINGA: CARACTERIZAÇÃO E 
ASPECTOS GERAIS 
 
 
FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO 
CAMILA SIMÕES GOMES 
ANTÔNIO CARLOS DIAS DE SANTANA 
 
 
ASPECTOS GERAIS 
 
Aproximadamente 40% dos solos do planeta Terra correspondem às 
zonas áridas e semi-áridas e de 20% a 40% da população humana vive nessas 
regiões. A região semi-árida brasileira representa aproximadamente 13,5% do 
país e 74,3% da região Nordeste (DINIZ, 1995). 
O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região 
Nordeste, ocupa uma área de aproximadamente 800.000 km2 (PRADO, 2005), 
dos quais 200.000 km2 foram reconhecidoscomo Reserva da Biosfera. 
O conceito de bioma está representado pela interação recíproca dos 
fatores bióticos e abióticos, na qual a formação vegetal clímax possui 
características uniformes, como por exemplo, a Floresta Amazônica, a Mata 
Atlântica, o Cerrado e a própria Caatinga. O bioma inclui não somente a 
vegetação, como também o clímax edáfico (ou seja, do solo) e as etapas de 
desenvolvimento, os quais são dominados, em muitos casos, por outras formas 
de vida (LIMA-E-SILVA et al., 2002). 
O bioma Caatinga estende-se pelos estados de Sergipe, Alagoas, Bahia, 
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, parte do Maranhão 
e a região norte de Minas Gerais (BERNARDES, 1999). Este termo é originário 
 
 
11 
da língua Tupi-Guarani, que significa Mata Branca (4), esse nome, define com 
primazia/veracidade o aspecto da vegetação desta região durante a época da 
seca, quando suas folhas caem e apenas os troncos branco-acinzentados das 
árvores e arbustos destacam-se na paisagem (PRADO, 2005). 
A Caatinga é o mais negligenciado dos biomas brasileiros, nos mais 
diversos aspectos, embora sempre tenha sido um dos mais ameaçados em 
decorrência dos vários anos de exploração e uso inadequado dos seus solos e 
recursos naturais (VELLOSO et al., 2002). Tendo como apoio para a 
visualização deste fato, Cortez et al. (2007), afirma que menos de 2% da área 
de Caatinga remanescente está protegida por entidades governamentais e/ou 
não-governamentais, mostrando assim, a grande necessidade de conservação 
dos seus sistemas naturais, bem como, da ampliação do conhecimento 
científico direcionado a este ecossistema. 
Localizada em uma área de clima semi-árido (Figura 1), o bioma 
Caatinga apresenta uma ampla variedade de paisagens e significativa riqueza 
biológica. As plantas e animais deste bioma possuem propriedades diversas 
que lhes permitem viver nessas condições aparentemente desfavoráveis. O 
conjunto de interações entre eles é adaptado de tal maneira que o total de 
plantas, animais e suas relações formam um bioma especial e exclusivo no 
planeta. 
 
 
Figura 1. Localização do Semi-árido brasileiro (esquerda) e a distribuição do bioma 
Caatinga (direita) (Fonte: Embrapa). 
 
(4)
 A etimologia Tupi-Guarani da palavra Caatinga consiste das partículas ca’a, planta ou 
floresta; ti, branco e o sufixo ‘ngá, que lembra, perto de. Assim, “a mata esbranquiçada”. 
 
 
12 
Estudos demonstram que existe uma impressionante taxa de 
endemismo no bioma Caatinga, ou seja, uma biodiversidade que ocorre 
exclusivamente desta região, desmistificando a idéia geralmente disseminada 
de que essa região é “o que sobrou da Mata Atlântica” (MAIA, 2004) ou que 
seja um ambiente pobre e sem vida. 
A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características 
xerofíticas (que apresentam adaptações ao clima seco), entre as quais 
podemos destacar as folhas, que de um modo geral são finas, inexistentes ou 
modificadas em espinhos para evitar a predação e diminuir a transpiração. 
Algumas plantas, como as cactáceas (cactos), possuem raízes rasas, 
praticamente na superfície do solo, para maximizar a absorção da água da 
chuva. Estas plantas podem ainda armazenar água em seus caules. 
A vegetação da Caatinga (Figura 2) é composta basicamente por 
arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de altura), com folhas 
caducas (caducifólias, folhas que caem) e com grande quantidade de plantas 
espinhosas, como as leguminosas e as cactáceas. Possui uma elevada 
diversidade e um alto nível de endemismo, o que mostra sua importância para 
a biodiversidade brasileira (COSTA et al., 2009). Para mais detalhes sobre a 
vegetação da Caatinga veja o Capítulo II. 
 
 
Figura 2. Gravura representando a vegetação do Bioma Caatinga - Bico de pena de 
Percy Lau de 1940. (Fonte: BERNARDES, 1999). 
 
 
13 
 
CARACTERÍSTICAS DO CLIMA E SOLO DA CAATINGA 
 
O clima semi-árido caracteriza-se pelas altas temperaturas, com média 
anual de 25ºC, baixa pluviosidade (entre 250 e 800 mm anuais) e a presença 
bem definida de duas estações distintas durante o ano (Figura 3): a estação 
chuvosa, pode variar de 3 a 5 meses, com chuvas bastante irregulares e locais; 
e a estação seca, que dura entre 7 e 9 meses, praticamente sem chuvas 
(CALDEIRON, 1992, MAIA, 2004). 
Paradoxalmente, neste longo período de secura com forte acentuação 
de calor, está inserido o inverno meteorológico. Mas o povo que sente na pele 
os efeitos deste calor, em virtude da ausência de perenidade dos rios e de 
água nos solos, não tem dúvidas em designá-lo simbolicamente por “verão”; 
em contrapartida, chama o verão chuvoso de “inverno” (AB’SÁBER, 2003). O 
autor ainda ressalta que os conceitos tradicionais para as quatro estações são 
válidos apenas para as regiões que vão dos trópicos até a faixa dos climas 
temperados, tendo quase nenhuma validade para as regiões tropicais, como é 
o caso do bioma Caatinga. 
 
 
 
 
Figura 3. Paisagem da vegetação Caatinga. A) Durante a época chuvosa; B) durante 
a época seca. Fotos do município de Boa Vista – Cariri paraibano (Fonte: acervo do 
grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 
 
Nos anos em que o índice pluviométrico se mantém muito baixo, 
podemos encontrar o fenômeno das “secas” (VELLOSO et al., 2002), situação 
que é agravada pela grande insolação e pela presença de ventos fortes e 
 
 
14 
secos, contribuindo assim, para a aridez da região. A região apresenta ainda a 
mais alta taxa de radiação solar - 2800 a 3200 h/ano, com a umidade relativa 
variando acentuadamente e elevada evapotranspiração (REIS, 1976). 
Os Solos são freqüentemente rasos e muito pedregosos, quase ou 
totalmente desprovidos de matéria orgânica, isto é devido principalmente à 
presença marcante de afloramentos rochosos na região. Uma outra 
característica marcante dos solos da Caatinga é a sua acidez, que pode ser 
explicada pela grande abundância de Rochas Calcárias na região, associadas 
ao acúmulo de sais da água devido à alta evaporação. 
Segundo Ab’Sáber (2003), em relação aos solos no domínio típico das 
áreas de caatingas, impera a seguinte combinações de fatos: alteração muito 
superficial das rochas, não raro com afloramentos de lajedos (irregulares e 
superfícies rochosas); solos rasos e variados, raras vezes salinos; pode 
apresentar também campos de inselbergs (5) (por exemplo, morrotes ou colinas 
sertanejas). 
Durante muito tempo, todas estas características da região semi-árida 
foram utilizadas como justificativa para a falta de investimento no 
desenvolvimento regional ou mesmo pela falta de gerenciamento efetivo das 
ações desenvolvimentistas tendo os fenômenos ambientais usados como 
explicação para os alarmantes indicadores sociais, fazendo com que o 
Nordeste brasileiro sustentasse por muito tempo o título de ”inviável” em quase 
todos os sentidos (SOUZA, 2005), além de ser palco de disputas políticas que 
deram origem ao termo “indústria da seca”. 
No Cariri paraibano a Caatinga é do tipo hiperxerófila, decorrente do tipo 
climático que envolve a região, BSh – semi-árido quente com chuvas de verão, 
segundo Köppen e um bioclima do tipo 2b (9 a 11 meses secos) - subdesértico 
quente de tendência tropical, mediante classificação de Gaussen. Nesta região, 
a umidade relativa é de aproximadamente 70% e a evapotranspiração é de 
2.000 mm/ano (PARAÍBA, 1985). 
 
(5)
 Inselbergue: Elevação que aparece em climas áridos quentes e semi-áridos. Caracteriza-se 
por seu isolamento, remanescente de uma superfície mais elevada que ocorria no passado 
geológico da área, onde a erosão o modelou. (LIMA-E-SILVA et al. 2002). 
 
 
15 
Diante da importância e das peculiaridades da Caatinga, é fundamental 
que a escola, em suas atividades pedagógicas diárias, incorpore conteúdose 
discussões relacionados com a realidade da Caatinga, buscando assim, 
reverter a visão apresentada na maioria dos Livros Didáticos de que este 
ecossistema é pobre em biodiversidade e com pouca importância biológica. 
Para tanto, é necessário que haja a implementação de práticas 
pedagógicas voltadas para um despertar da consciência ambiental entre todos 
os atores sociais relacionados com a escola. Porém, a falta de integração entre 
as disciplinas ainda é uma fonte de sérios problemas no planejamento e 
aprendizado dos conteúdos referentes ao Meio Ambiente e à Educação 
Ambiental (BRASIL, 1998). Os professores de ensino fundamental e médio 
precisam buscar alternativas e/ou instrumentos para desenvolver estes 
conteúdos no seu cotidiano escolar, com o intuito de promover um aprendizado 
significativo (GUERRA; ABÍLIO, 2006). 
A seguir, são apresentadas algumas sugestões de atividades 
relacionadas com o bioma Caatinga e a região semi-árida que podem ser 
trabalhadas no dia a dia da escola. 
 
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS 
 
Atividade 1: Trabalhando com poemas 
 
 A Poesia é um instrumento educativo e, quando bem trabalhado, é uma 
atividade que irá atrair e motivar a participação do aluno. Segundo Zóboli 
(2004), a poesia apresenta valores como: aprimora a linguagem; desenvolve e 
enriquece as experiências culturais dos alunos; leva o indivíduo a apreciar o 
belo; despertam bons sentimentos e emoções; eleva espiritualmente o 
declamador e os ouvintes; desenvolve a memória e a imaginação, estimulando 
a criatividade do aluno. 
Além disso, o poema é uma arte que opera na recriação da realidade, 
possibilitando aos seres humanos o conhecimento de si e dos outros; daí a 
consideração sobre a experiência criadora e estética que é capaz de 
 
 
16 
proporcionar na educação escolar (JOSÉ, 2006). Para Fronckowiak e Richter 
(2005), o poema deve abordar diferentes perspectivas de uma mesma 
temática, desde temas folclóricos a temas mais globais, facilitando assim o 
melhor entendimento e a apreensão daquilo que deve ser transmitido. 
 É possível encontrar uma grande quantidade de poemas que retratam 
e/ou descrevem o semi-árido nordestino e o bioma Caatinga. A seguir, 
apresentamos dois exemplos de poemas que podem ser trabalhados em 
qualquer disciplina com diferentes enfoques. 
Exemplo 1: O cheiro da Caatinga (Autoria de Alexandre Eduardo de Araújo) 
 
Senti o cheiro da Caatinga 
Da fulô da Catingueira 
Da casca do Cumaru 
Do Pau Pedra e da Aroeira 
Na "carta" de Severino 
Eu voltei a ser menino 
Descendo em minha ribeira 
Ribeira das Espinharas 
De Mofumbo e de Favela 
De Mulungus e Oiticicas 
Ipês de flor rocha e amarela 
Da moita de Jaramataia 
Na beira do rio se "espaia" 
Só restam saudades dela. 
 
 
Exemplo 2: Caatinga: Nossa Terra, Nosso Lugar (Autoria de Tânia Cristina 
da Silva): 
 
A cultura Nordestina, 
Estamos aqui pra mostrar, 
O valor da Caatinga, 
Nossa terra, nosso lugar. 
Onde o sol é causticante, 
Morre planta, morre gente. 
Mas o homem não desiste, 
Porque ele é persistente. 
 
Convivendo com o Clima 
Que castiga a região, 
O nordestino arruma um jeito 
De reverter a situação. 
Cria meios, inventa técnicas 
Para viver na sua terra 
Que não é só seca, não! 
 
Mesmo com as chuvas escassas 
E a falta de fontes perenes, 
Ainda se encontra jeito 
De ajudar toda essa gente, 
Que não perde a esperança 
E tem fé em Deus presente. 
 
Captando a água das chuvas, 
Valorizando a Vegetação, 
Criando animais 
Típicos da região. 
O homem vai aprendendo 
A conviver com o Semi–Árido, 
Não deixando sua cultura 
Viver só de passado 
 
Basta apenas os governantes 
No Sertão acreditar, 
Fazendo com que o homem do campo 
Permaneça no seu lugar, 
Planejando e desenvolvendo ações 
Para sua vida melhorar. 
 
 
17 
Sugestão de leitura: “Plantas, Prosa e Poesia do Semi-árido” (PEREIRA, 2005), 
na qual há diferentes poemas e músicas com a temática do sertão e da 
Caatinga, que podem ser utilizadas de forma interdisciplinar e multidisciplinar 
no contexto da sala de aula. 
 
Atividade 2: Uso e Produção de Vídeos Educativos sobre a Caatinga 
 
Possíveis observações poderão ser realizadas diretamente no mundo 
concreto e representadas em articulação com as perguntas levantadas a partir 
do programa visto pela Televisão. Na educação, cada meio expressivo tem um 
caminho e aplicações concretas, e o Vídeo Educativo luta para encontrar sua 
identidade específica como meio expressivo integrado no processo educativo 
(FERREIRA; SILVA-JÚNIOR, 1986). 
A televisão pode ser aplicada na educação quando ela se presta como 
fonte de ampliação de conhecimentos, como motivação da aprendizagem ou 
mesmo como veículo de formação e instrução (ZÓBOLI, 2004). 
A transposição de uma linguagem para outra realizada com emoção e 
reflexão são importantes para o processo de transmissão e assimilação de 
conhecimentos, atitudes, valores e informações do mundo. As representações 
em imagens e sons aproximam-se mais do mundo real do que somente as 
representações verbais, orais ou escritas e, portanto, a utilização do vídeo 
permite integrar essas representações (FERRÉS, 1996). 
Os filmes oferecem vantagens quanto à observação dos acontecimentos 
de uma maneira altamente significativa, pois, através destes, fatos históricos, 
sistemas de vida, mensagens, arte, recreação são oferecidos de forma 
atraente, constituindo-se num incentivo visual, sensitivo e auditivo 
(SANT´ANNA; SANT´ANNA, 2004). 
 
Sugestões de Vídeos Educativos: Tv Escola, o programa Globo Ecologia (rede 
Globo de Televisão), a Tv Cultura, a Tv Educativa e o canal Futura produziram 
alguns vídeos sobre a Caatinga, os quais podem ser utilizados como recurso 
didático para ilustrar e ampliar os conhecimentos sobre o bioma. 
 
 
18 
Dependendo do acervo tecnológico (filmadoras, DVD player, televisão, 
etc.) da escola é possível produzir vídeos sobre a Caatinga. O uso do 
computador (ou até mesmo, câmeras digitais ou celulares) também pode ser 
incentivado no contexto da sala de aula, utilizando imagens deste bioma com 
intuito de produzir pequenos vídeos. 
 
Atividade 3: Leitura de Imagens 
 
Quando não é possível a realização da excursão didática e para 
aproximar os alunos de situações do meio, é possível utilizar a técnica da 
Leitura de Imagens. 
Como afirma Carlos (2008), em um cenário histórico-cultural, marcado 
pelo signo da imagem e da cultura visual, pelo imperativo da aquisição da 
informação, por meio do jogo das cores, das formas e dos movimentos 
iconográficos, é imprescindível que os indivíduos aprendam a lidar com essa 
realidade. Com efeito, o exercício da cidadania contemporânea demanda a 
aprendizagem de novas competências, exige uma educação do olhar, do ver e 
do analisar criticamente o mundo pela mediação da Imagem. 
O uso de fotografias e gravuras retiradas de revistas e jornais, materiais 
didáticos pouco dispendiosos, simples e acessíveis, pode favorecer a 
motivação dos alunos, ajudando no desenvolvimento da observação, 
complementam e enriquecem as aulas expositivas, assim como despertam e 
mantêm o interesse dos alunos nas atividades propostas (ZÓBOLI, 2004). 
A percepção dos elementos visuais abstraídos de uma imagem requer 
não apenas um olhar aguçado sobre o objeto, mas um conhecimento prévio 
das categorias ali representadas. Portanto, essa é uma atividade que poderia 
ser perfeitamente aplicada para o fechamento de um tema ou assunto 
previamente trabalhado com os alunos, comportando-se inclusive, como um 
instrumento de avaliação. Se utilizada como ponto de partida para determinado 
tema ou assunto, deverá ser retomada ao final, de modo que os alunos 
percebam os equívocos da primeira leitura da imagem. 
 
 
 
19 
Objetivos da atividade: Aguçar a percepção ambiental; Exercitar o diálogo; 
trabalhar conceitos e desenvolver conteúdos; relacionar áreas de estudo; 
integrar as idéias no sentido de ampliara visão de mundo e da vida; 
Reconhecer os diferentes usos dos recursos naturais e os diversos tipos de 
ocupação do espaço geográfico. 
 
Categorias a serem analisadas nas imagens: Elementos físicos e biológicos: o 
natural (lagoas, rio, riachos, açudes, vegetação, fauna, etc.); Elementos 
culturais: o construído (cidade, bairro, casas, pessoas, modo de vida, cultura). 
 
Procedimento: Distribua diferentes “imagens”, fotos e/ou esquemas gráficos de 
paisagens; discuta com o grupo sua percepção sobre o que vê e tente 
descrevê-la enfocando os aspectos elencados nas categorias; reflita sobre 
suas características e os problemas (impactos) ambientais e socialize as 
discussões entre os grupos. 
 
Observação: É importante selecionar fotos e imagens de ecossistemas de sua 
cidade ou região próxima (Figura 4), a fim de facilitar o processo de 
aprendizagem. 
 
Figura 4. Discussões sobre as imagens e montagem de um painel com fotografias da 
Caatinga, trabalho resultante de oficinas pedagógicas com professores da Escola 
Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB 
(Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 
 
 
 
 
20 
Atividade 4: Leitura da Paisagem, Estudos do Meio e Trilhas Ecológicas 
Interpretativas 
 
Objetivos da atividade: Despertar a necessidade de conservação do bioma 
Caatinga; Reconhecer diferentes elementos da natureza, tais como, tipos de 
vegetação e grupos animais da Caatinga. 
 
Procedimento: Os professores podem selecionar uma área próxima à escola ou 
uma reserva ecológica para desenvolver estas atividades (Figura 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. Trilhas interpretativas e estudos da paisagem no entorno do açude 
Namorados, realizados com professores e alunos da Escola Estadual de Ensino 
Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do 
grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 
 
 
Através da Leitura da Paisagem podemos relacionar a escola com a 
comunidade onde vive o educando, para que ele se torne consciente da 
realidade que o circunda e da qual ele deve participar. 
 A realização de Estudos do Meio é motivadora para os alunos, pois 
desloca o ambiente de aprendizagem para fora da sala de aula (BRASIL, 
2002b). Permite a aquisição de atitudes de observação crítica da realidade e 
despertar da sua curiosidade assim como possibilita a percepção integral da 
realidade local e obtenção de dados informativos sociais, políticos, históricos, 
geográficos, econômicos, que o ajudarão a analisar melhor a realidade que o 
rodeia (ZÓBOLI, 2004). 
 
 
21 
Quando falamos em Trilhas Ecológicas e Interpretativas (Figura 5), 
estamos falando de um instrumento importante para o desenvolvimento da 
Educação Ambiental, como forma de despertar a consciência, trazendo à tona 
a importância de se conservar, por meio de atividades ou dinâmicas que 
aproximam o público das realidades sobre as questões ambientais, sociais, 
culturais, históricas e artísticas. Visa à sensibilização do indivíduo, sobre o seu 
papel como cidadão, garantindo uma atitude consciente no meio em que vive e 
colaborando para um meio ambiente equilibrado para atuais e futuras gerações 
(MAMEDE, 2003). 
 
Atividade 5: Construindo conhecimento socializado sobre o semi-árido e 
a Caatinga através do uso de jornais no contexto da sala de aula. 
 
Objetivos da atividade: Desenvolver a capacidade criativa do aluno; Selecionar 
conteúdos referentes ao semi-árido e a Caatinga no contexto dos jornais 
locais/nacionais; Utilizar uma técnica lúdica-construtiva-interacionista através 
da produção de um recurso didático inovacional-alternativo; Aplicar o uso de 
uma Metodologia da Descoberta/Redescoberta no contexto da sala de aula. 
 
Procedimento: Utilizar jornais de circulação local/nacional e através destes 
produzir cartazes referentes à temática estudada (Figura 6). O aluno deve 
utilizar as figuras e/ou gráficos dos jornais e produzir um recurso didático 
criativo (Cartaz, Painel, etc.), contextualizado e adequado ao tema proposto. 
 
Observações: É interessante que sejam seguidas às normas de elaboração de 
um recurso visual, evitando colocar muito texto (colar reportagens inteiras), 
produzir o recurso com título, figuras, etc. 
Após a elaboração do recurso (que pode ser realizadas em grupos), 
estes devem discutir e apresentar seu recurso à turma, explicando o conteúdo 
deste. 
 
 
22 
 
Figura 6. Oficina de produção e apresentação de cartazes utilizando jornais realizada 
com professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal 
Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação 
ambiental no semi-árido paraibano). 
 
 
Atividade 5: Caatinga: temática multidisciplinar 
 
Em geral, a pouca discussão existente sobre o bioma Caatinga está 
restrita aos livros didáticos de Biologia ou de Geografia, sem haver qualquer 
relação com as demais disciplinas do currículo escolar. Desta forma, se torna 
cada vez mais difícil transmitir para os educandos a realidade desta região, 
criando-se uma barreira para o despertar do interesse pela conservação deste 
ecossistema. 
Dentro desta perspectiva de integração entre as disciplinas, é totalmente 
possível que um texto de um livro didático de Biologia, por exemplo, seja 
utilizado por um professor de Português, Inglês ou Matemática como texto-
base para discussões em sala de aula. 
A seguir, apresentamos uma sugestão de um texto retirado de um livro 
de Biologia e traduzido para o Inglês, para que a temática da Caatinga seja 
abordada de forma multidisciplinar e/ou interdisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Exemplo: O bioma Caatinga (Texto retirado de: AMABIS, J.M ; MARTHO, G.R. 
Biologia: Biologia das populações, São Paulo: Moderna, 2004, v. 3, 2 ed. ). 
 
A Caatinga é um bioma que ocupa cerca de 10% do território brasileiro, 
estendendo-se pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais. A Caatinga tem 
índices pluviométricos baixos, em torno de cerca de 500 mm a 700 mm anuais. Em 
certas regiões do Ceará, por exemplo, embora a média para anos ricos em chuva 
seja de 1000 mm, pode chegar a chover apenas 200 mm, nos anos secos. A 
temperatura situa-se entre 24 e 26 ºC, variando pouco ao longo dos anos. Além de 
suas condições climáticas serem rigorosas, a região das Caatingas está submetida 
a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de 
seca. 
A vegetação é formada por plantas com marcantes adaptações ao clima 
seco, como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis, 
caules que armazenam água, etc. essas adaptações compõem o aspecto 
característico das plantas da Caatinga, denominadas xeromórficas (do grego 
xeros, seco, e morphos, forma aspecto). São plantas cactáceas, como Cereus sp. 
(mandacaru e facheiro) e Pilocereus sp. (xiquexique), e também arbustos e 
árvores baixas, como mimosas, acácias, amburanas (leguminosas), que em sua 
maioria perdem as folhas (caducifólias) na estação das secas, conferindo à região 
seu aspecto típico, espinhoso e agreste. Entre as poucas espécies da Caatinga 
que não perdem as folhas na época da seca, destaca-se o juazeiro (Zizyphus 
joazeiro), uma das plantas mais típicas desse bioma. 
 
The Caatinga biome (Texto traduzido por Camila Simões Gomes) 
 
The Caatinga is a biome that occupies about 10% of Brazilian territory, 
extending the state of Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, 
Sergipe, Alagoas, Bahia and North of Minas Gerais. The pluviometric indices in 
Caatinga are generally low, around 500 mm to 700 mm per year. In certain regions 
of Ceará, for example, although the medium precipitations for rainy year is around 
1,000 mm, during doughty years can reach only 200 mm per year. The temperature 
is between75 and 79º F, showing a little variation over the years. Aside from its 
rigorous climatic conditions, the region of the Caatingas is subjected to strong and 
dry winds, contributing to the dryness of the scenery in the months of drought. 
The vegetation is formed by plants with outstanding capacity of adaptations 
to the dry climate, such as leaves turned into thorns, highly waterproof cuticles, 
stems that store water and so on. These adaptations compose the characteristic 
aspect of the plants of the Caatinga, so-called xeromorphics (from the greek xeros, 
dry and morphos, shape, aspect). They are cactaceous plants, like Cereus sp. 
(mandacaru and facheiro) and Pilocereus sp. (xiquexique), and also shrubs and 
low trees, like mimosas, acacias, amburanas (leguminous plants), which in its 
majority lose the leaves (caducifólias) in the dry station, giving the region its typical, 
thorny and rural aspect. Among few sorts of the Caatinga species that do not lose 
the leaves in the time of the drought, it stands out the Juazeiro (Zizyphus joazeiro), 
one of the most typical plants of this biome. 
 
 
24 
CAPÍTULO II 
VEGETAÇÃO DA CAATINGA 
 
 
MARIA REGINA DE VASCONCELLOS BARBOSA 
FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO 
ZELMA GLEBYA MACIEL QUIRINO 
 
 
ASPECTOS GERAIS 
 
A vegetação de Caatinga ocupa a maior parte do semi-árido nordestino 
estendendo-se, porém, até o norte de Minas Gerais. Um conjunto de 
características básicas comuns define a Caatinga como uma vegetação 
caducifólia, com plantas xerófitas (adaptadas à deficiência hídrica), 
apresentando acúleos, espinhos ou suculência (RODAL; SAMPAIO, 2002). As 
ervas são anuais e efêmeras, aparecendo apenas na curta estação chuvosa, 
predominando arbustos e árvores de pequeno porte, sem formar um dossel 
contínuo. Cactos e bromélias terrestres são elementos importantes da 
paisagem da Caatinga. 
As espécies, em geral, possuem folhas pequenas ou com lâminas 
subdivididas existindo, inclusive, algumas sem folhas (áfilas), como os cactos 
(Figura 1) nos quais estas estão transformadas em espinhos para reduzir ao 
máximo a perda de água por transpiração. 
Existem vários subtipos de Caatinga, sendo a principal diferença 
fisionômica entre eles a predominância de arbustos ou árvores, distinguindo-se 
dessa forma: Caatinga arbustiva, Caatinga arbustiva-arbórea ou Caatinga 
arbórea. A densidade de indivíduos arbustivos ou arbóreos por sua vez define 
se aquela é uma vegetação aberta, quando rala, ou fechada, quando mais 
densa. Assim, como por exemplo, poderíamos ter tanto uma Caatinga 
arbustiva-arbórea aberta quanto uma Caatinga arbustiva-arbórea fechada. 
 
 
25 
 
Figura 1. (A) Representação da vegetação e paisagem típica da Caatinga no Cariri 
Paraibano e algumas espécies nativas: (B) Mandacaru, (C) Coroa-de-frade (D) e 
Macambira. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido 
paraibano). 
 
 
A primeira é a mais comum e compreende as áreas com vegetação 
lenhosa aberta, onde o estrato dominante é o arbustivo, podendo ocorrer 
indivíduos arbóreos esparsos. 
Embora a precipitação seja o principal fator determinante nas variações 
em porte e biomassa das comunidades vegetais na Caatinga, a profundidade 
do solo associada à sua permeabilidade secundariamente explicariam grande 
parte da variação encontrada (SAMPAIO et al., 1981). 
A vegetação de Caatinga, segundo Sampaio e Rodal (2000), ocupava 
uma área de aproximadamente 935 mil km2, sendo 297 mil com Caatinga 
hiperxerófila (característica de áreas extremamente secas); 247 mil com 
Caatinga hipoxerófila (em áreas um pouco mais úmidas). Os restantes 391 mil 
km2 correspondiam a áreas mescladas ou em contato com florestas secas (169 
mil), cerrado (110 mil km2), floresta e cerrado (101 mil km2) e campos de 
altitude (22 mil km2). No entanto, estas são áreas de ocupação potencial, 
sendo grande parte delas já desmatadas ou muito antropizadas. 
 
 
26 
Estudos recentes sobre o bioma Caatinga identificaram uma ampla 
diversidade de espécies vegetais (Quadro I). Considerando que as estimativas 
para a flora do Brasil estão em torno de 60 mil espécies, a região Nordeste 
compreende cerca de 15% do total da flora brasileira (BARBOSA et al., 2006). 
No semi-árido encontram-se 5.344 espécies, dessas ocorrem na Caatinga 
aproximadamente 28% (QUEIROZ et al., 2006a). 
 
Quadro I. Resumo da diversidade vegetal para o bioma Caatinga no Nordeste 
brasileiro e no estado da Paraíba (Fonte: GIULIETTI et al. 2002, BARBOSA et al. 
2006, QUEIROZ et al. 2006b, BARBOSA, 2007). 
 
LOCALIDADE NÚMERO DE ESPÉCIES 
Flora Total do Nordeste 
8.026 espécies em 177 famílias de 
Angiospermas 
Flora da Caatinga 1.512 espécies, sendo 318 endêmicas 
Flora do Cariri Paraibano 
400 espécies em 85 famílias de 
Angiospermas 
 
 
Todavia, diversas espécies já se encontram ameaçadas de extinção, 
como a Aroeira, Jaborandi e a Baraúna. 
As famílias arbóreas e arbustivas mais diversas são: Leguminosae 
(exemplos: catingueira - Caesalpinia pyramidalis Tul., juremas - Mimosa spp., 
mulungu – Erythrina velutina Willd.); Euphorbiaceae (exemplo: o marmeleiro – 
Croton sonderianus Müll. Arg.); Cactaceae (exemplo: mandacaru - Cereus 
jamacaru DC.) e Bromeliaceae (exemplo: macambira), tradicionalmente 
associadas à fisionomia da Caatinga, também estão bem representadas nessa 
vegetação, todavia, mais em função do número de indivíduos do que 
propriamente do número de espécies. 
A catingueira, as juremas e os marmeleiros são as plantas mais 
abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento realizados em 
remanescentes de Caatinga. Outras espécies comuns à Caatinga arbustivo-
arbórea podem ser citadas, tais como: facheiro (Pilosocereus pachycladus 
F.Ritter); xique-xique (Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & 
G.D.Rowley); macambira (Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. f.) e caroá 
(Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez). 
 
 
27 
Agra (1997) apresentou uma estimativa de 150 espécies de plantas que 
são empregadas para fins medicinais na Caatinga Para o Cariri paraibano, em 
dados mais recentes, Agra et al. (2007) registrou 70 espécies de plantas de 
uso etnomedicinais. No quadro II apresentamos alguns exemplos de 
Angiospermas da Caatinga e seus usos. 
 
Quadro II. Algumas espécies de angiospermas e seus respectivos usos medicinais 
(Retirado e adaptado de Agra et al., 2007). 
 
Algumas espécies de 
Angiospermas 
Alguns tipos de usos medicinais 
Myracrodruon urundeuva Allemão 
(Aroeira) 
A casca do caule é usada como 
antiinflamatório ovariano, uso tópico contra 
úlceras externas. 
Spondias tuberosa Arruda 
(Umbuzeiro) 
A casca do caule é empregada como 
oftálmico; Os frutos oferecem grande 
quantidade de vitaminas. 
Aspidosperma pyrifolium Mart. 
(Pereiro, Pau-Pereiro) 
A casca do caule é utilizada contra 
inflamações do trato urinário, e externamente 
contra dermatites. 
Tabebuia aurea (Silva-Manso) Benth. 
& Hook.f. ex S. Moore (Craibera) 
O xarope da casca do caule é indicado no 
tratamento de gripes e bronquites. 
Bromeilia laciniosa Mart. ex schult. f. 
(Macambira) 
O chá da raiz é empregado no tratamento de 
hepatites; a “farinha” da macambira é 
utilizada como fonte de proteína. 
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. 
B. Gillett (Imburana, Umburana) 
O lambedor da casca do caule é empregado 
no tratamento de gripes, tosses e bronquites. 
Licania rigida Benth. (Oiticica) 
O macerado das folhas é utilizado no 
tratamento do diabetes. 
Combretum leprosum Mart. 
(Mofumbo) 
O xarope das folhas e cascas do caule é 
usado como expectorante, contra tosses e 
coqueluches. 
Cnidoscolus quercifolius Pohl 
(Favela) 
O macerado da casca do caule é utilizado 
contra inflamações dos ovários e próstatas. 
Caesalpinia pyramidalis Tul. 
(Catingueira) 
O macerado do caule, misturado em vinho ou 
cachaça é indicado como afrodisíaco; O 
xarope do caule é empregado como 
expectorante e indicado contra bronquitese 
tosses. 
Ziziphus cotinifolia Reiss. 
Ziziphus joazeiro Mart. 
(Juazeiro) 
A parte mais utilizada desta planta é a casca 
do caule, que é utilizada para a escovação 
dentária e contra caspas e seborréia. A partir 
desta pode-se ainda fazer um xarope, que 
pode ser utilizado no tratamento da tosse. 
Anadenanthera colubrina var. cebil 
(Griseb.) Altschul (Angico) 
O xarope da casca do caule é empregado no 
tratamento de tosses, coqueluches e 
bronquites. 
 
 
28 
Dentre as plantas da Caatinga, as Cactáceas se destacam como um 
grupo predominante na sua fisionomia, apresentando importância econômica, 
com várias espécies sendo cultivadas como ornamentais, forrageiras, 
medicinais e/ou alimentícias (Quadro III). 
 
Quadro III. Alguns tipos de cactáceas e seus respectivos usos. (ANDRADE, 2008, 
AGRA et al., 2007). 
 
Cactácea Alguns tipos de usos 
Melocactus zehntnerii Britton & 
Rose 
(Coroa-de-Frade, Cabeça-de-
Frade) 
Medicinal: a raiz é utilizada como remédio para 
“quentura”; a polpa do caule misturado ao açúcar 
ou mel é indicada no tratamento de bronquites, 
tosses e debilidades físicas; O cacto integral é 
utilizado para ornamentar casas; O fruto serve 
para alimentação humana; Culinária: serve para 
fazer doces. 
Cereus jamacaru DC. 
(Mandacaru-de-Boi, 
Mandacaru) 
Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis, 
problema de uretra, dor nos rins, etc.; a polpa do 
caule misturado ao açúcar, é indicada no 
tratamento de úlceras do estômago; O espinho, 
dentre outras funções, pode ser utilizado para 
costurar roupas; Ornamental e alimentação 
humana e animal. 
Pilocereus catingicola (Guerke) 
Byles & Rowley 
(Mandacaru-Babão, 
Mandacaru-de-facho) 
A planta integral é utilizada para fazer cerca viva; 
A medula serve para fazer ripas de casas e para 
alimentação humana; O fruto é utilizado para 
alimentação humana e animal. 
Opuntia ficus-indica (L.) Mill. 
(Palma-de-Gado, Palma-
forrageira) 
Medicinal: a raiz é utilizada para inflamação na 
vagina e no útero, gripe e chá “pra quentura”; do 
cladódio (caule) pode-se fazer chá para dor de 
barriga; Alimentação humana e animal. 
Opuntia dillenii (Ker-Gawler) 
Haworth - (Palma-de-Espinho) 
Serve para alimentação animal; A planta integral 
é utilizada para fazer cerca viva. 
Opuntia palmadora Britton e 
Rose - (Palmatória) 
A planta inteira é utilizada para fazer cerca viva; 
O cladódio (caule) é utilizado para alimentar 
seres humanos. Medicinal: a raiz é utilizada para 
fazer chás para “quentura” e problemas na 
uretra. 
Harrisia adscendens (Gürke) 
Britton & Rose 
(Rabo-de-Raposa) 
Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis, 
problema de uretra, dor nos rins e coluna. Serve 
também para fazer “bochechada” para dor de 
dente; O fruto é utilizado é utilizado para 
alimentação humana e animal; A planta inteira é 
utilizada na ornamentação de casas. 
Pilosocereus gounellei (F.A.C. 
Weber) Byles & G.D. Rowley 
(Xique-Xique) 
O fruto é utilizado é utilizado para alimentação 
humana e animal; A planta inteira é utilizada na 
ornamentação de casas e para fazer cerca viva; 
 
 
 
29 
Na Paraíba, a família Cactaceae está representada por 17 espécies 
subordinadas a nove gêneros, que se encontram distribuídas nas diversas 
microrregiões do Estado (ROCHA et al. 2006). Para o Cariri paraibano, são 10 
espécies registradas (BARBOSA et al. 2007). 
Nas áreas onde as condições edafo-climáticas são menos favoráveis 
como no caso da região do Seridó, a Caatinga constitui-se praticamente de um 
estrato herbáceo quase contínuo de capim panasco (Aristida setifolia Kunth), 
com esparsas touceiras de xique-xique e alguns indivíduos de catingueira e 
jurema, bem separados entre si. 
Já nas áreas onde a umidade é mais elevada e os solos mais profundos, a 
Caatinga era originalmente do tipo arbórea. Deveriam ser comuns espécies de 
porte elevado como a baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), a aroeira 
(Myracrodruon urundeuva (Allemão) Engl.), o angico (Anadenanthera colubrina 
(Vell.) Brenan) dentre outras, hoje bastante raras. Todavia, em função do 
elevado grau de antropização, predomina hoje nessas áreas uma vegetação de 
porte arbustivo com domínio de favela (Cnidosculos quercifolius Pohl), pereiro, 
marmeleiro (Croton sonderianus Müll. Arg.), jurema preta (Mimosa tenuiflora 
(Willd.) Poir.), e outras espécies do gênero Mimosa. 
Ao longo das margens de alguns rios ocorrem oiticicas (Licania rigida 
Benth.), craibeiras e indivíduos de carnaúba (Copernicea prunifera (Mill.) 
H.E.Moore) representando os restos de antigas matas ciliares. 
As principais espécies forrageiras (6), segundo Maia (2004), são o 
angico, o pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.), a catingueira, a aroeira, 
canafístula (Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby), o 
marizeiro (Geoffroea spinosa Jacq.), o juazeiro, e outras espécies arbóreas, 
como a Jurema Preta, além de frutíferas como o umbuzeiro, que servem de 
alimento à população local. De fato, o umbuzeiro é de grande importância para 
as populações rurais das regiões mais secas do Nordeste, fornecendo frutos 
 
(6)
 Qualquer espécie de vegetação, natural ou plantada, que cobre uma área e é utilizada para 
alimentação de animais, seja ela formada por espécies de gramíneas, leguminosas ou plantas 
produtoras de grãos. Disponível em 
<http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/tiny1/.>. Acesso em 31 jul. 2009. 
 
 
30 
saborosos e nutritivos e túberas radiculares (“batatas do umbuzeiro”) doces e 
ricas em água (MENDES, 2001). 
A Caatinga, através da sua cobertura vegetal, presta inúmeros serviços 
ambientais em escala global, como o seqüestro de carbono, a manutenção de 
padrões regionais de clima, a preservação do solo e da água. 
 
FENOLOGIA, POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO NA CAATINGA 
 
A fenologia compreende uma área da Ecologia a qual estuda o 
funcionamento dos ecossistemas e seus eventos biológicos cíclicos, como 
períodos de floração e frutificação, queda de folhas e brotamento das espécies. 
Observações sobre épocas de floração e frutificação das espécies existem 
desde antiguidade, por estarem diretamente relacionados com alimentação da 
humanidade. 
O conhecimento sobre o período vegetativo (brotamento e queda de 
folhas) e reprodutivo (floração e frutificação) das espécies fornece informações 
sobre a disponibilidade de recursos para polinizadores e dispersores, assim 
como a organização temporal destes, dentro das comunidades e ecossistemas 
(NEWSTRON et al. 1991; MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1990). 
 Atualmente, o conhecimento fenológico vem sendo reconhecido como 
importante parâmetro a ser utilizado para caracterizar ambientes (LIETH, 
1974). Segundo Bowers; Dimmitt (1994), o tempo de floração e frutificação 
afeta aspectos críticos do ciclo de vida das plantas, particularmente a 
polinização e a dispersão de sementes, estabelecendo, desta forma, as 
próximas fases do ciclo de vida (germinação das sementes e estabelecimento 
das plântulas). 
No caso das regiões áridas, como a Caatinga, ocorre sazonalidade, isto 
é, uma diferença marcante entre as estações seca e chuvosa, o que interfere 
no comportamento fenológico das populações vegetais, que estão submetidas 
a longos períodos de seca. A maioria das plantas apresenta comportamento 
decíduo (perdem as folhas) na estação seca, mas também podem ser 
encontradas espécies perenes (sempre apresentam folhas). 
 
 
31 
A existência de ritmos periódicos para as fenofases vegetativas e 
reprodutivas em florestas tropicais tem sido ressaltada especialmente para 
savanas tropicais (SARMIENTO; MONASTÉRIO, 1983; MANTOVANI; 
MARTINS, 1988; BATALHA; MANTOVANI, 2000; BATALHA; MARTINS, 2004) 
e Caatinga (BARBOSA et al. 1989; MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006). 
De maneira geral, as fenofases no bioma Caatinga ocorrem de maneira 
concentrada, caracterizando um padrão sazonal nas comunidadesjá 
estudadas (MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006). 
A queda de folhas, por exemplo, ocorre durante a estação seca, em 
meados de setembro, de forma quase sincrônica, ou seja, com todos os 
indivíduos perdendo as folhas no mesmo período. A proporção de espécies 
decíduas é de 85 a 90%, valores maiores que o de outras florestas secas (ex. 
Costa Rica e Chaco Argentino). Porém, a intensidade de queda foliar pode 
variar entre os anos, com espécies decíduas comportando-se como semi-
decíduas (perdendo apenas parte das folhas), por exemplo, Aspidosperma 
pyrifolium (Pereiro), Caesalpinia ferrea (Pau-ferro) e Ceiba glaziovii (Kuntze) 
K. Schum. (Barriguda). A intensidade de perda de folhas esta diretamente 
relacionada com a variação do estado hídrico, ou seja, em anos com estação 
chuvosa mais longa, menor a perda de folhas. Segundo Reich; Borchert (1984) 
e Borchert et al. (2002), a queda foliar representa uma resposta ao estresse 
hídrico, estando, portanto, envolvida na capacidade de suportar a perda de 
água, capacidade esta que varia de espécie para espécie. 
A fase de brotamento também é marcadamente sazonal, ocorrendo no 
final da estação seca, possivelmente sendo induzida pela perda de folhas, 
principalmente nas espécies arbóreas. Segundo Borchert (1994) e Reich; 
Borchert (1984), a perda de folhas permite redução na taxa de transpiração, 
possibilitando assim a reidratação de ramos sem folhas e, a partir disto, o início 
da produção de novas folhas, ainda na estação seca. 
O padrão sazonal para floração não é encontrado para as comunidades 
de Caatinga em geral. O período de floração ocorre em três grupos: um 
pequeno número de espécies floresce no início da estação chuvosa, um 
segundo grupo na transição entre chuvosa e seca e o ultimo grupo formado 
 
 
32 
principalmente por árvores florescendo na durante a estação seca (Quadro IV). 
Com a floração na comunidade ocorrendo de maneira contínua (sensu 
Newstrom et al. 1994), embora apresentando dois períodos principais de 
produção de flores, este padrão facilita a manutenção de polinizadores, e, em 
se tratando de ambientes sazonais, além da manutenção, reduz a competição 
por polinizadores. 
A frutificação apresenta-se durante todo o ano, com maior concentração 
de frutos maduros na estação chuvosa. O período de frutificação também está 
associado às características como: tipo de fruto, modo de dispersão e melhor 
período de germinação das sementes. O amadurecimento dos frutos 
zoocóricos (dispersos por animais) ocorre no período úmido e dos 
anemocóricos (dispersos pelo vento) na estação mais seca (Quadro IV). Uma 
pequena proporção de espécies zoocóricas apresenta frutos maduros na 
estação seca, e este fato deve estar relacionado à disponibilidade de água no 
solo, ajudando na manutenção da fauna, disponibilizando recursos alimentares 
em períodos de escassez. 
A distribuição de espécies com flores e frutos ao longo das estações 
possibilita a existência de recursos disponíveis durante todo o período para 
polinizadores e dispersores, embora se tratando de uma região com uma 
grande sazonalidade climática. 
As flores da Caatinga apresentam uma grande variedade de forma, 
tamanho e cores, isso faz com que várias espécies de animais polinizadores 
possam estar envolvidas nos mecanismos de polinização da flora. 
A existência de adaptações entre flores e animais polinizadores foi 
inicialmente relatada por Christian Konrad Sprengel em 1793 (ENDRESS, 
1994). Tais adaptações são definidas como síndromes de polinização, ou seja, 
o estudo das características florais e a identificação do possível vetor de pólen, 
que acaba nos levando a uma melhor compreensão da relação planta-
polinizador. 
Os polinizadores buscam diversos recursos florais, como néctar, pólen, 
óleo, resina e odores. O mais abundante nas espécies de Caatinga é o néctar, 
 
 
33 
o qual serve de alimento para abelhas, borboletas, mariposas, beija-flores e 
morcegos. 
Após o início da estação chuvosa encontramos diversas espécies em 
floração, como a Aroeira, a qual possui flores claras e com odor adocicado, 
sendo visitadas por abelhas. Na estação seca uma das espécies mais 
conhecidas é o Umbuzeiro, cuja floração ocorre na estação seca, sendo, 
portanto, um importante recurso para as abelhas neste período. Os exemplos 
acima citados são plantas conhecidas como melitófilas, ou seja, que possuem 
características morfológicas que facilitam a polinização por abelhas. 
Na Caatinga podemos encontrar também espécies ornitófilas 
(polinizadas por pássaros) como o Caroá. Outro tipo de polinizador bastante 
conhecido são espécies de morcegos nectarívoros, os quais visitam 
frequentemente espécies de Cactaceae, como o Facheiro (Pilosocereus 
piauhiensis) e o (Xique-xique), sendo denominadas de flores polinizadas por 
morcegos ou quiropterófitas. 
As espécies com antese noturna, ou seja, que disponibilizam os 
recursos de suas flores durante a noite, como o Mandacaru e a Pata-de-vaca 
(Bauhinia cheilantha (Bong) Steud), são visitadas frequentemente por espécies 
de mariposas, são denominadas plantas esfingófilas. A Caatinga possui 
diferentes síndromes de polinização, com uma distribuição temporal. A 
manutenção destes recursos contribui, portanto, para a manutenção das 
interações existentes ente plantas e animais. 
É necessário ressaltar que ainda é necessário obtenção de mais dados 
sobre a fenologia na Caatinga, com o acompanhamento de vários anos, talvez 
com auxílio de informações das comunidades locais, para que conclusões mais 
completas sobre as interações entre o clima e vegetação possam ser obtidas. 
 
 
34 
Quadro IV. Lista de espécies da Caatinga, hábito e estação de floração e frutificação 
(seca - estação seca; chuvosa - estação chuvosa; transição - na transição entre as 
estações seca e chuvosa) e dispersão (zoo - zoocórica; ane - anemocórica e aut - 
autocórica). Fonte: Barbosa et al. 1989; Machado et al. 1997; Quirino, 2006. 
 
Família / Espécie Hábito Floração Frutificação Dispersão 
ANACARDIACEAE 
 Spondias tuberosa Arruda 
(Umbuzeiro) 
árvore seca chuvosa zoo 
 Myracrodruom urundeuva Fr. 
Allen (Aroeira) 
árvore seca chuvosa zoo 
ANNONACEAE 
 Rollinia leptopetala R. E. Fr 
(Pinha Brava) 
 
árvore 
 
seca 
 
chuvosa 
 
ane 
APOCYNACEAE 
 Aspidosperma pyrifolium Mart 
(Pereiro) 
 
árvore 
 
seca 
 
seca 
 
zoo 
 Allamanda blanchetti DC. 
(Pente-de-macaco ou Quatro 
pataca) 
erva chuvosa seca ane 
BORAGINACEAE 
 Cordia leucocephala Moric. 
(Moleque duro) 
 
arbusto 
 
chuvosa 
 
chuvosa 
 
zoo 
BROMELIACEAE 
 Bromelia laciniosa Mart. ex 
Schultf. (Macambira) 
 
arbusto 
 
transição 
 
seca 
 
ane 
BURSERACEAE 
 Commiphora leptophloes 
(Mart.) J. B. Gillett (Amburana ou 
Imburana) 
 
árvore 
 
chuvosa 
 
transição 
 
zoo 
CACTACEAE 
 Cereus jamacaru DC. 
(Mandacaru) 
 
arbusto 
 
início 
chuvosa 
 
chuvosa 
 
zoo 
 Melocactus zehntneri (Britton & 
Rose) Luetzelburg (Coroa-de-
frade) 
- ano todo ano todo zoo 
 Pilosocereus catingolas 
(Facheiro) arbusto chuvosa 
chuvosa 
e transição 
zoo 
 Opuntia inamoema K. Schum 
(Combeba) 
 transição ano todo zoo 
 Pilosocereus gounellei (Weber) 
Byl. Et Rowl. (Xique-xique) 
arbusto chuvosa chuvosa zoo 
COCHLOSPERMACEAE 
 Cochlospermum sp. (Algodão 
bravo) 
 
 
arbusto 
 
seca 
 
seca 
 
ane 
 
 
35 
COMBRETACEAE 
 Combretum leprosum Mart. 
(Mofumbo) 
 
arbusto 
 
chuvosa 
 
transição 
 
ane 
 Combretum pisonioides Taub. 
(Canela-de-veado) 
arbusto chuvosa transição ane 
EUPHORBIACEAE 
 Jatropha molissima (Pohl) Baill 
(Pinhão) 
 
arbusto 
 
chuvosa e 
seca 
 
transição 
 
aut 
 Manihot caricaefolia Pohl 
(Maniçoba) 
arbusto chuvosa chuvosa aut 
 Croton rhamnifolioides Pax & 
H. Hoffm. (Marmeleiro branco) 
arbusto chuvosa chuvosa aut 
 Croton sonderianusMuell. Arg. 
(Marmeleiro) 
arbusto chuvosa chuvosa aut 
FABACEAE (Leguminosas) 
 Amburana cearensis (Allemão) 
A.C. Smth (Cumaru) 
 
árvore 
 
chuvosa 
 
chuvosa 
 
aut 
 Anadenanthera colubrina (Vell.) 
Brenan (Angico) árvore seca 
final da seca 
seguinte 
aut 
 Bauhinia cheilantha (Bong) 
Steud. (Mororó) 
árvore chuvosa chuvosa aut 
 Dioclea grdiflora Mart. Ex 
Benth. (Mucunã) 
trepadeira chuvosa chuvosa aut 
 Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul. 
(Pau-ferro) 
árvore chuvosa transição aut 
 Caesalpinia pyramidalis Tul 
(Caatingueira) árvore 
chuvosa e 
seca 
chuvosa 
e seca 
aut 
 Piptadenia stipulaceae (Benth) 
Ducke (Jurema branca) 
árvore transição transição aut 
 Mimosa sp. (Jurema vermelha) 
árvore 
chuvosa e 
seca 
seca aut 
 Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 
(Jurema preta) 
árvore seca seca aut 
MALVACEAE 
 Ceiba glaziovii (Barriguda) 
 
árvore 
 
transição 
 
seca 
 
ane 
NICTAGINACEAE 
 Guapira sp. (João mole) 
 
árvore 
 
transição 
 
transição 
 
zoo 
RHAMNACEAE 
 Ziziphus joazeiro Mart. 
(Juazeiro) 
 
árvore 
 
chuvosa 
 
chuvosa 
 
zoo 
RUBIACEAE 
 Tocoyena formosa (Cham. & 
Schltdl) Schum. (Jenipapo) 
 
árvore 
 
chuvosa 
 
transição 
 
zoo 
 
 
 
 
36 
SUGESTÃO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS 
 
Atividade 1: Elaboração de calendário das flores 
 
Objetivos da atividade: Desenvolver a curiosidade e a investigação sobre a 
paisagem; Reconhecer e classificar as plantas da Caatinga quanto ao período 
de floração e frutificação. 
 
Procedimento: Os professores podem sugerir aos alunos que elaborarem um 
calendário, verificando a cada mês as espécies que se encontram em período 
de floração. 
 
Sugestão: De forma multi-interdisciplinar os docentes das diferentes disciplinas 
podem sugerir atividades tais como: o professor de artes pode produzir uma 
oficina de desenhos e pinturas sobre as flores da Caatinga; o professor de 
português pode solicitar a produção de textos e/ou poemas relacionados à 
cores e cheiros da flora; etc. 
 
ATIVIDADE 2: Trabalhando com a produção de textos na sala de aula 
 
Objetivo da atividade: Desenvolver a criatividade e a capacidade de escrita dos 
educandos. 
 
Procedimento: A partir de palavras chaves sobre a Caatinga, elencadas pelos 
alunos, é possível construir textos sobre o bioma. No exemplo abaixo é 
possível ver a produção de um texto de alunas de uma escola pública do Cariri 
paraibano. 
 
Exemplo: A seca e a chuva na Caatinga (de autoria das alunas Ingrid Renaly 
Ramos Cantalice e Maria Nazaré Alves da Silva; trabalho orientado pela 
professora Maria Stela Maracajá – Escola Estadual de Ensino Fundamental e 
Médio Jornalista José Leal Ramos). 
 
 
37 
Um retrato da Caatinga 
 
 O solo da Caatinga é um solo com muita pedra, um solo meio 
avermelhado e muito difícil para escavação. No Cariri, tem uma vegetação que 
no período da seca as árvores perdem as folhas para diminuírem o gasto de 
água para que ela possa resistir à seca. 
 O período da chuva da Caatinga é de março em diante, mas costuma 
chover no mês de dezembro. As árvores predominantes da Caatinga são: o 
umbuzeiro, o juazeiro, o xique-xique e o mandacaru. De animais a gente tem a 
ema, a seriema, o tatu e a juriti. 
 A Caatinga é uma região muito quente com uma evaporação muito 
grande de água, chegando a faltar na seca. Quando chove, as plantas 
estabelecem as suas folhas, e a mata volta a ser verdinha de novo. 
 
A seca e a chuva 
 
 Na seca, eu vi que tudo é mais difícil. Os animais ficam mais magros, 
outros morrem, pois seus donos não podem dar água pra eles beberem porque 
eles não têm. Muitas famílias perdem plantações, pois não chove e às vezes 
até passam fome e sede, pois não podem vender o milho que plantaram 
porque não choveu e eles perdem toda a plantação, e o calor aumenta cada 
vez mais. 
 Mas quando chega a chuva tudo melhora. Muitas crianças vão tomar 
banho de chuva, suas mães colocam baldes nas bicas para encher, o rio 
Taperoá se enche, as árvores ficam mais verdes, as famílias podem vender 
seu milho, os animais ficam mais gordos e o calor diminuí, muitos homens 
saem para pescar e pegam muitos peixes. 
A chuva transforma a paisagem, tudo melhora e voltamos a “viver”. 
 
 
 
 
 
 
38 
Atividade 3: Trabalhando com Poemas 
 
Objetivos da atividade: Desenvolver a temática a partir de uma atividade lúdica; 
Sensibilizar os diferentes atores sociais para a necessidade da conservação da 
diversidade tanto biológica quanto cultural. 
 
Procedimento: A partir do poema abaixo, discutir na sala de aula aspectos 
relacionados com um exemplo de planta típica da Caatinga “aroeira” e suas 
propriedades medicinais, assim como é possível analisar aspectos da cultura 
local. 
 
AROEIRA-DO-SERTÃO - (Autoria de Mary Anne M. Bandeira) 
 
 
Aroeira, dádiva da natureza 
Abrigo onde a Arara se deleita, 
És bênção nativa do nosso sertão, 
És sombra e luz 
Do pobre sem proteção. 
 
És pau para toda obra. 
Estruturas uma casa, 
Como se fosses uma rocha. 
E, se por necessidade, 
Te põem fogo, 
No fogão, és tição 
Que pernoita e não se apaga, 
Como o amor no coração 
De quem ama. 
 
 
 
 
Árvore forte e firme, 
Como o sertanejo 
Que contigo convive. 
Mas se nele aparece a ferida, 
A inflamação, 
Em nome de Deus, 
Tu és a salvação. 
Após preparado, no teu sumo, 
A mulher se assenta. 
Tu saras as partes escondidas. 
Tu estancas a criança que vaza. 
A fêmea que parir tu lavas. 
 
Aroeira-do-sertão, 
Em nossas mãos serviste 
De experiência. 
Agora, tu és ciência. 
A ti, a nossa gratidão.
 
ATIVIDADE 4: Trabalhando com Músicas 
 
Dependendo do conteúdo a ser ensinado, a música pode ser uma boa 
ferramenta para uma maior aprendizagem do ensino, estimulando por sua vez 
a participação do aluno nas atividades programadas. Através da música, os 
alunos também têm oportunidade de recreação, quando o professor utiliza o 
 
 
39 
canto coletivo, os brinquedos cantados, as histórias cantadas, as danças e o 
teatro musicado (ZÓBOLI, 2004). 
 
Objetivos da atividade: Tornar a aula dinâmica e levar o aluno a participar 
durante as atividades desenvolvidas pelo professor; Contribuir para uma 
aprendizagem significativa dos conteúdos através de uma técnica lúdico-
pedagógica. 
 
Procedimentos: Acompanhar a letra da música durante a execução do áudio; 
reconhecer na letra os diferentes vegetais nativos (e não exóticos e/ou 
introduzidos) que ocorrem na Caatinga. 
 
Exemplos de músicas que discutem a flora da Caatinga: 
 
CATINGUEIRA (Autoria de Onildo Almeida e José Maria Assis) 
 
Catingueira, catingueira 
diz o segredo que existe 
que somente a catingueira 
enfeita a paisagem triste 
 
Catingueira se és feliz 
não zombes nunca 
deste teu contraste 
segura tua raiz e pede a Deus 
que ela nunca se gaste 
 
Tão resseca a Imburana 
a terra quente e rachada 
o Marmeleiro se enrama 
mas não agüenta a queimada 
sentindo como quem ama 
a terra quente pede invernada 
quanto mais seca a ribeira 
a catingueira fica enfolharada 
 
Catingueira se um vintém 
puder se tornar um milhão 
pede a Deus por quem não tem 
prá cair chuva no chão 
pois somente a catingueira 
enfeita a seca lá no meu Sertão 
sertanejo não quer nada 
vê na invernada a maior benção 
 
 
40 
 
A música MATANÇA (Autoria de Augusto Jatobá - Interpretação: 
Jatobá/Geraldo Azevedo), retirado de Parâmetros em Ação – PCN Meio 
Ambiente na Escola (BRASIL, 2001), apresenta ao longo de sua letra espécies 
típicas da Caatinga. 
 
Quem Hoje é Vivo corre Perigo... 
Cipó caboclo tá subindo na Virola 
Chegou a hora do Pinheiro balançar 
Sentir o cheiro do mato da Imburana 
Descansar morrer de sono na sombra da Barriguda 
 
 
De nada vale tanto esforço do meu canto 
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar 
Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica 
Arvoredos seculares impossível replantar 
 
 
Quetriste sina teve Cedro nosso primo 
Desde de menino que eu nem gosto de falar 
Depois de tanto sofrimento seu destino 
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar 
Quem por acaso ouviu falar da Sucupira 
Parece até mentira que o Jacarandá 
Antes de virar poltrona, porta, armário 
Morar no dicionário vida eterna milenar 
Quem hoje é vivo corre perigo 
E os inimigos do verde da sombra o ar 
Que se respira e a clorofila 
Das matas virgens destruídas vão lembrar 
Que quando chega a hora 
É certo que não demora 
Não chame Nossa Senhora 
Só quem pode nos salvar: 
 
 
É Caviúna, Cerejeira, Baraúna 
Imbuía, Pau-d’arco, Solva 
Juazeiro, Jatobá, Gonçalo-Alves, 
Paraíba, Itaúba, Louro, Ipê, 
Paracaúba, Peroba, Maçaranduba 
Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro 
Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá 
Pau-ferro, Angico, Amargoso, 
Gameleira, Andiroba, Copaíba, 
Pau-brasil, Jequitibá. 
 
 
 
41 
ATIVIDADE 3: O Jogo – Caça palavras 
 
Objetivos da atividade: Dinamizar a aula e levar a participação de todos no 
contexto da sala de aula; Contribuir para uma aprendizagem significativa dos 
conteúdos através de uma técnica lúdico-pedagógica; 
 
Procedimento: A partir dos nomes das plantas grifadas na letra da música 
“Matança” (de autoria de Augusto Jatobá) sugerir aos educandos a procura e o 
destaque da palavra no jogo. 
 
 
 
 
 
 
 
42 
CAPÍTULO III 
FAUNA DA CAATINGA 
 
 
FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO 
THIAGO LEITE DE MELO RUFFO 
 
 
ASPECTOS GERAIS 
 
O conhecimento sobre a biodiversidade da Caatinga ainda é insuficiente. 
Isto pode ser justificado pelo fato de que há poucos recursos financeiros 
alocados para estudos neste bioma, bem como pela falta de interesse de 
alguns pesquisadores em estudá-lo. Dentre os poucos estudos já realizados, 
constata-se que mais de 40% da região não foi amostrada e cerca de 80% das 
áreas estudadas foram sub-amostradas. 
Diante disso, existe um preconceito em relação à riqueza da 
biodiversidade da Caatinga, onde muitas pessoas acreditam que este bioma 
apresenta poucas espécies vegetais e animais. Todavia, apesar de apresentar 
um número reduzido de espécies quando comparada a ambientes de maior 
pluviosidade, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, a biodiversidade 
da Caatinga, ao contrário do que muitos pensam, também é bem elevada. 
Considerando todas as regiões semi-áridas do planeta, o bioma 
Caatinga é um dos mais ricos (se não o mais rico) em biodiversidade. Para 
Mendes (1997), onde existem matas e/ou afloramentos de rochas 
intemperizadas, muitas vezes ocorrem micro-climas mais úmidos que 
sustentam comunidades mais diversificadas e com maiores densidades de 
povoamento. Estas informações tornam evidente e urgente a necessidade de 
ampliar o conhecimento e os estudos dos recursos biológicos da Caatinga. 
 
 
 
 
43 
OS ANIMAIS DA CAATINGA 
 
A fauna da Caatinga é constituída basicamente por organismos de 
pequeno porte. Muitos destes são essencialmente noturnos, fugindo da 
insolação diurna. Neste bioma, podemos encontrar diversas espécies de 
mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. 
Em relação à Mastofauna (mamíferos) da Caatinga, esta tem sido 
geralmente reconhecida como depauperada, representativa de apenas um 
subconjunto da fauna de mamíferos do Cerrado, proposição esta, longe de ser 
verdadeira (BRASIL, 2002a). Revisões taxonômicas recentes envolvendo 
amostras de mamíferos da Caatinga têm revelado sua distinção com relação a 
populações de outros ecossistemas. Estes achados sugeriram a necessidade 
de uma reavaliação da relevância dessa mastofauna à luz destes novos 
conhecimentos (OLIVEIRA et al., 2005). 
Inventários taxonômicos recentemente publicados sobre a diversidade 
da mastofauna do bioma Caatinga desmistificam a pobreza relativa e o baixo 
grau de endemismo das espécies de fauna da Caatinga. Todavia, apesar de se 
tratar um dos grupos de vertebrados mais representativos, os estudos sobre os 
mamíferos deste bioma ainda são escassos. 
Até o momento, são 148 espécies registradas de mamíferos, sendo 19 
consideradas endêmicas. Os grupos representativos (número de espécies) são 
os quirópteros (organismos da ordem Chiroptera, que incluem os morcegos) e 
os roedores (ordem Rodentia, entre os quais podemos citar o preá, mocó e o 
rato-bico-de-lacre). Outros exemplos de mamíferos da Caatinga são o veado 
catingueiro, o gato-maracajá, o tatu-bola e o tatu-peba. De acordo com a 
literatura científica, até o momento tem-se o número de 19 espécies de 
mamíferos da Caatinga. 
Em relação à Ornitofauna (aves) já são 510 espécies registradas, sendo 
91,96% destas (469 espécies) residentes na Caatinga, ou seja, se reproduzem 
comprovadamente ou potencialmente nesta região; destas 469 espécies, 284 
(60,5%) são dependentes ou semi-dependentes, isto é, só ocorrem em 
ambientes florestais ou em mosaicos formados pelo contato entre florestas e 
 
 
44 
formações vegetais abertas e semi-abertas, demonstrando assim a importância 
das florestas da região para este grupo de vertebrados (SILVA et al., 2005). 
Entre os vários representantes da avifauna da Caatinga estão o Carcará, a Asa 
branca, a Coruja-buraqueira e a Seriema. 
Um dos problemas para definir quais são as aves endêmicas da 
Caatinga é determinar os limites deste bioma (OLMOS et al., 2005). Além 
disso, existe na Caatinga um número bastante elevado de espécies de aves 
migrantes, o que torna ainda difícil identificar quais as espécies são endêmicas 
deste bioma. De acordo com Silva et al. (2005) a migração sazonal é a 
resposta mais comumente observada na avifauna da Caatinga em resposta à 
semi-aridez, onde os indivíduos seguem para áreas de maior umidade e com 
oferta abundante de recursos. 
No que se refere aos répteis e anfíbios (Herpetofauna), foram 
registradas até o momento 157 espécies, sendo os grupos mais 
representativos os Anura (sapos, rãs e pererecas) e os Squamata (cobras e 
lagartos); contudo, pouco ainda se conhece sobre a diversidade destes grupos 
no Bioma Caatinga (RODRIGUES, 2005). 
De acordo com Freitas e Silva (2007), fatores como baixos índices 
pluviométricos e irregularidade das chuvas acarretam uma menor diversidade 
de anfíbios na Caatinga, quando comparamos com outros biomas brasileiros. 
Com fisiologia totalmente dependente de constante umidade na pele, os 
anfíbios estão em desvantagem em relação aos répteis. Como adaptação ao 
clima semi-árido, estes organismos podem se enterrar em locais úmidos a 
espera de um novo período de chuvas. 
Assim, os anfíbios que vivem na Caatinga apresentam, até o momento, 
a menor diversidade de espécies entre todos os biomas encontrados no Brasil. 
No entanto, a diversidade deste grupo, assim como os demais grupos de 
vertebrados, ainda é pouco conhecida. O exemplo mais representativo de 
anfíbios da Caatinga é o sapo-cururu, que representa a maior espécie de sapo 
encontrada no Brasil. Em geral, os adultos desta espécie atingem cerca de 10 
a 15 centímetros de comprimento. 
 
 
45 
Por apresentarem uma fisiologia mais independente da água em relação 
aos anfíbios, os répteis ocupam com maior sucesso os ambientes semi-áridos 
do Nordeste brasileiro. Assim sendo, os répteis podem ser observados com 
freqüência durante todo o ano, pois a pele escamosa destes animais está 
adaptada ao ambiente semi-árido da Caatinga. 
Portanto, no bioma Caatinga, a diversidade deste grupo é bastante 
significativa, havendo um número proporcionalmente maior de espécies que os 
anfíbios e também uma maior taxa de endemismos, o que reflete uma maior 
complexidade adaptativa a este ambiente semi-árido (FREITAS; SILVA, 2007). 
Assim sendo, temos uma fauna de répteis bastante diversificada no 
bioma Caatinga, onde podemos encontrar um grande número de lagartos e 
cobras. Os representantes mais conspícuos são o teju (teiú), o calango-verde e 
a jararaca. 
Sobre os invertebrados do bioma Caatinga, agrande maioria dos 
pesquisadores indica a Caatinga como ambiente menos conhecido para todos 
os grupos de invertebrados. Além disso, uma boa parcela das publicações 
referentes aos invertebrados da Caatinga trata de trabalhos restritos ao estudo 
de uma determinada família, o que torna difícil fazer uma avaliação deste grupo 
de animais para o bioma Caatinga. 
Entretanto, a grande heterogeneidade ambiental e a singularidade de 
certos ambientes permitem predizer que a fauna de invertebrados deste bioma 
deve ser riquíssima, com várias espécies endêmicas (BRASIL, 2002a). 
Estudos recentes têm demonstrado que a riqueza biológica do bioma é 
bastante superior à descrita na literatura, e que os invertebrados, 
especialmente insetos, parecem ter sido subestimados nos poucos estudos de 
campo conduzidos na região até o momento. 
A enorme importância econômica e ecológica dos invertebrados revela-
se nos agroecossistemas, onde estes atuam como “pragas” de plantas 
cultivadas e grãos armazenados, como agentes polinizadores e de controle 
biológico de insetos, ou ainda como bioindicadores. Tais papéis biológicos são 
mais evidenciados em ambientes expostos à intensa ação antrópica, como é o 
caso do bioma Caatinga (IANNUZZI et al., 2006). 
 
 
46 
Neste bioma, os grupos mais estudados são os Coleoptera (besouros) e 
Hymenoptera (abelhas e formigas). De acordo com Ianuzzi et al. (2006), a 
caracterização da diversidade de Coleoptera da Caatinga é importante para 
subsidiar estudos de impacto ambiental, para contribuir no conhecimento da 
biodiversidade local e para detectar espécies com potencial status de “praga”. 
Zanella e Martins (2003) constataram que a fauna de abelhas no bioma 
Caatinga ainda está subamostrada. 
Por se tratar de uma região semi-árida, as condições da Caatinga são 
um pouco desfavoráveis para a sobrevivência dos animais neste ambiente. 
Assim sendo, alguns animais da Caatinga possuem adaptações fisiológicas 
e/ou comportamentais que permitem que estes sobrevivam neste local. Por 
exemplo, Mendes (1997) afirma que durante os estios anuais, conhecidos 
como verão, muitos animais abandonam a região voltando na época das 
chuvas, chamada de inverno, ou então quando amadurecem os frutos, em 
busca de sementes. Assim sendo, pode-se dizer que as secas diminuem a 
biodiversidade de maneira direta, negando alimento e água aos animais 
nativos, que migram, morrem ou deixam de se reproduzir nestes períodos. 
Diante do exposto, podemos concluir que o conhecimento sobre a 
composição da fauna de invertebrados na Caatinga é extremamente 
importante, não apenas por este ser o bioma menos conhecido para este 
grupo, mas também pelo fato que um inventário desta fauna forneceria 
subsídios para possíveis programas de conservação e manejo de espécies. 
Logo abaixo, no Quadro I, apresentamos um resumo da diversidade 
faunística do bioma Caatinga. Tais informações desmentem o mito de que este 
é um bioma pobre em biodiversidade. 
 
 
47 
Quadro I. Resumo da diversidade faunística da Caatinga registrada até o momento a 
partir de diversas fontes pesquisadas (*). 
 
GRUPOS ANIMAIS DISTRIBUIÇÃO DE TÁXONS POR GRUPOS 
Anelídeos Estimativa de 15-20 espécies de Oligoquetos (minhocas). 
Aracnídeos Estimativa de 30-40 espécies de Aranhas. 
Insetos 
Estimativa de 28 espécies de Cupins. 
Estudos apontam 42 famílias de Coleoptera, 1/4 do total de 
famílias registradas para esta ordem de Besouros. 
187 espécies, distribuídas em 77 gêneros de Abelhas; 
61 espécies, distribuídas em cinco subfamílias de Formigas. 
Anfíbios 
48 espécies de Anfíbios Anuros (sapos, pererecas e rãs); 
03 espécies de Gymnophiona (conhecidos popularmente 
por cecílias ou cobras-cega). 
Répteis 
47 espécies de Lagartos (teiú ou teju; calango-verde, bico-
doce ou bebe-ovo; calanguinho), sendo 25 endêmicos; 
10 espécies de Anfisbenídeos (lagartos geralmente sem 
patas, conhecidos como cobra de duas cabeças); 
52 espécies de Serpentes (salamanta-da-Caatinga, cobra 
cipó, cobra-verde, jararaca, coral falsa e coral verdadeira); 
04 espécies de Quelônios (cágados); 
03 espécies de Crocodilos (jacaré-do-papo-amarelo, por 
exemplo). 
Aves 
510 espécies distribuídas em 62 famílias, das quais 469 se 
reproduzem na região; 
15 espécies são endêmicas e cerca de 30 estão ameaçadas 
de extinção; 
Como exemplos de aves da Caatinga, podemos citar: 
seriema, carcará, coruja-buraqueira, asa branca ou arribaçã, 
fogo-apagou, periquito da Caatinga, rola-caldo-de-feijão, 
tetéu ou quero-quero. 
Mamíferos 
148 espécies, sendo 19 endêmicas e sete ameaçadas de 
extinção; 
10 espécies de Marsupiais (exemplo: catita); 
09 espécies de Edentados (exemplos: tamanduá mirim, 
tatu-bola e tatu-peba); 
69 espécies de Quíropteros (morcegos); 
34 espécies de Roedores (exemplos: mocó, preá, rato-bico-
de-lacre); 
01 espécie de Lagomorfo (exemplo: tapiti); 
14 espécies de Carnívoros (exemplos: gato-do-mato, gato-
maracajá e raposa); 
05 espécies de Ungulados (cateto, queixada, veado 
catingueiro, veado-mateiro e anta); 
06 espécies de Primatas (exemplos: macaco guariba, 
macaco-prego e sagüi). 
 
(*) Fontes pesquisadas: Brandão; Yanamoto (2003), Zanella; Martins (2005), 
Rodrigues (2005), Silva et al. (2005), Oliveira et al. (2005), Iannuzzi et al. (2005), Leal 
et al. (2005), Rosa et al. (2005), Freitas; Silva (2007), Fabián (2008). 
 
 
 
48 
FAUNA DA CAATINGA: UTILIZAÇÃO, IMPORTÂNCIA E IMPACTOS 
 
A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza e 
fonte de imenso potencial de uso econômico; é base das atividades agrícolas, 
pecuárias, piscícolas, florestais, assim como a base para a estratégica indústria 
da biotecnologia. No Brasil, apesar da riqueza de espécies nativas, a maior 
parte das atividades econômicas está baseada em espécies exóticas (ROCHA, 
2007), inclusive no bioma Caatinga. 
A fauna da Caatinga vem sendo bastante utilizada pela população local 
para diversos fins, como por exemplo, para alimentação e transporte. As 
espécies mais utilizadas são exóticas, como é o caso dos caprinos, bovinos, 
alguns peixes, algumas espécies de abelhas e do jumento, este último bastante 
utilizado como meio de transporte. Os caprinos e bovinos são os mais 
utilizados na pecuária, uma das atividades principais das populações inseridas 
na Caatinga. 
De acordo com Drumond et al. (2000), em função das condições 
edafoclimáticas desfavoráveis, a pecuária se constituiu ao longo do tempo 
como atividade principal de uma grande parcela das comunidades rurais, 
todavia, fatores como condições de semiaridez predominante nas áreas de 
Caatinga, associado às irregularidades das chuvas limitam o desenvolvimento 
desta atividade no bioma Caatinga. 
Os caprinos ainda são ícones de festas populares, como é o caso da 
festa do Bode-Rei, realizada no município de Cabaceiras-PB. O Capítulo IV 
(Impactos Ambientais da Caatinga) traz outras informações sobre a pecuária 
no bioma Caatinga. 
Em relação à fauna nativa da Caatinga, atualmente esta se encontra 
bastante escassa, isto em função da caça e pesca predatória, dos 
desmatamentos e das queimadas e da superexploração dos recursos naturais, 
que, ao longo dessas últimas décadas, vêm comprometendo a biodiversidade. 
A exploração predatória dos recursos faunísticos da Caatinga sempre foi 
a prática corrente na região semi-árida, sendo responsável pelo 
desaparecimento de algumas espécies, como é o caso do jacaré-do-papo-
 
 
49 
amarelo (Caiman latirostris), do jacú-verdadeiro (Penelope jacucaca), da arara-
azul-de-lear (Anodorhynchus leari), do gato-do-mato (Leopardus trigrinus) e da 
onça-parda (Puma concolor), que já se encontram ameaçadas de extinção 
neste bioma. Algumas espécies, como a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) já foi 
extinta oficialmente da natureza. Estima-se que haja no mínimo 34 espécies de 
fauna ameaçadas de extinção no bioma Caatinga (7), sendo os mamíferos o 
grupo mais ameaçado

Continue navegando