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DESENHO TÉCNICO Fernanda Voigt Cotas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar os aspectos gerais das cotas e definir os elementos da cotagem. � Demonstrar os métodos de execução das cotas nos desenhos. � Identificar as formas de apresentação das cotas e as representações especiais. Introdução Qualquer que seja o tipo ou objetivo de um desenho técnico, ele deve possuir indicações das dimensões do objeto que se quer representar. Isso também independe da escala em que o objeto está representado e, mesmo que o leitor consiga obter todas as medidas por meio do uso de um escalímetro, é sempre necessário que tenhamos as medidas principais junto ao desenho para que, em uma leitura rápida, se obtenha o máximo de informações daquele objeto. Para isso, o desenho técnico conta com as “cotas”. Tratam-se de indi- cações numéricas das dimensões reais referenciadas por meio de linhas guias no próprio desenho. A importância das cotas está tanto para objetos que virão a existir (o caso de um projeto), quanto para objetos reais que se queira documentar, anotar, conferir ou alterar. Neste capítulo, você vai compreender a importância das cotas no desenho técnico, conhecer os elementos da cotagem, os métodos de execução da mesma, além de identificar como representá-la em diversas aplicações reais. Definição de cotagem e seus elementos A cotagem, segundo a NBR 10126 (ASSOCIAÇÃO..., 1987), é definida como sendo a “representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de medida”. Ou seja, tem a função de identificar alguma característica do elemento, porém a forma mais frequentemente utilizada das cotas é para representar as dimensões desse elemento, objeto ou projeto no desenho técnico. Qualquer objeto representado no desenho técnico deve ter as suas dimensões indicadas, tanto das suas partes como do todo, descrevendo o dimensionamento de forma completa e clara. As dimensões aplicadas nos elementos do desenho técnico auxiliam no entendimento do tamanho do objeto, evitam que cálculos em relação às dimensões sejam necessários, além de equívocos na execução dos objetos, pois, muitas vezes, há falta de precisão das dimensões em função da qualidade da impressão dos desenhos. Existem diferentes formas de cotagem que podem ser aplicadas nos dese- nhos, isso dependerá da intenção da informação a ser passada e da configuração do elemento desenhado. Conforme Kubba (2015), as dimensões podem ser representadas de forma linear ou ordenada, além das medidas relacionadas às curvas ou círculos, que necessitam da dimensão de raio ou de diâmetro e, ainda, as indicações de ângulo. Esses tipos diferentes de representações das cotas estão exemplificados na Figura 1. Figura 1. Exemplos dos diferentes tipos de cotas. Fonte: Kubba (2015, p. 50). 33 ,1 1m m 25,63mm 30,83mm 69° C. ÂnguloB. OrdenadaA. Medida linear 25,81mm 53 ,54 mm 45,6 5m m F. AlinhamentoE. DiâmetroD. Medida radial Cotas2 É relevante conhecer quais são os elementos fundamentais da cotagem e as suas características para a correta execução do desenho técnico. Esses elementos são normatizados pela NBR 10126 (ASSOCIAÇÃO..., 1987), que trata da “cotagem em desenho técnico”, e são: linha auxiliar, linha de cota, limite da linha de cota e cota. Tais elementos estão indicados na Figura 2, para que fique mais claro o entendimento. Figura 2. Representações dos elementos da cotagem. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 30 15 20 Linha auxiliar Cota Linha de cota Limite da linha de cota É importante salientar que o elemento referente à “linha de cota” traz outra norma relacionada, a NBR 8403 (ASSOCIAÇÃO..., 1984), que trata sobre “aplicação de linhas em desenhos – tipos de linhas - larguras das linhas”. Essa norma traz as definições sobre larguras de linhas, espaçamentos, evidencia os diferentes tipos de linha e demonstra aplicações. 3Cotas Falaremos, a seguir, sobre cada um desses elementos e sua função na cotagem, com base nas informações fornecidas pela NBR 10126 (ASSOCIA- ÇÃO..., 1987): � Linha de cota: é um segmento de reta ou uma linha curva, geralmente paralela ao contorno e fora do objeto a ser cotado, realizada de forma contínua e usualmente representada mais fina que o contorno do de- senho. Acima dessa linha, consta uma informação, como a dimensão, o raio ou o ângulo do elemento. Em geral, evita-se o cruzamento de linhas de cota (tanto entre si, quanto com outras linhas); pois isso, pode confundir o desenho e interferir na interpretação do mesmo. A linha de cota nunca será interrompida, mesmo que o objeto seja segmentado, conforme apresentado na Figura 3. Figura 3. Representação do elemento interrompido e da linha de cota contínua. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). � Linha auxiliar: é uma linha, em geral, que limita as linhas de cota, pois é desenhada de forma perpendicular ao objeto (e também à linha de cota), de forma fina e contínua. É iniciada com um pequeno espaçamento em relação ao contorno do objeto, para não confundir o desenho, e é um pouco prolongada além da linha de cota. � Limite da linha de cota: o limite da linha de cota deve ser representado com uma seta (aberta ou fechada e preenchida, com inclinação de 15º (ver Figura 4 de exemplo e Figura 5 de aplicação) ou com um traço Cotas4 oblíquo, curto, a 45º (ver Figura 6). Ressalta-se que apenas uma das representações deve ser escolhida para ser utilizada em um mesmo desenho, bem como apenas um tamanho. Figura 4. Representação do limite da linha de cota com os dois tipos de seta possíveis, aberta (acima) e fechada (abaixo). Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). Figura 5. Exemplo de utilização das setas fechadas como limite da linha de cota no desenho técnico. Fonte: Africa Studio/Shutterstock.com. 5Cotas Figura 6. Representação do limite da linha de cota com o traço oblíquo a 45º. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). � Cota: a cota, propriamente dita, é a indicação de uma dimensão (compri- mento, altura, largura) do objeto desenho; também pode ser a indicação de um ângulo, de um raio, ou de um diâmetro. Os métodos de aplicação da cota serão estudados no conteúdo seguinte. Se você quiser entender melhor, com mais exemplos e de forma mais específica sobre os elementos de cotagem, leia a NBR 10126 (ASSOCIAÇÃO..., 1987), a partir do item 4.1, que discorre sobre o tema. Métodos de execução das cotas Existem dois métodos de cotagem, segundo a norma técnica, porém, antes, é necessário saber que, indiferentemente do método utilizado, “as cotas de- vem ser apresentadas em desenho em caracteres com tamanho suficiente para garantir completa legibilidade” (ASSOCIAÇÃO..., 1987). Ou seja, se a função da cota é informar algo, essa informação deve estar clara e legível, independentemente de o desenho ter sido realizado à mão ou no computador. A seguir, estão apresentados os dois métodos de cotagem conferidos pela norma técnica. É importante dizer que somente um dos métodos deve ser utilizado no mesmo desenho. Cotas6 � Método 1: a cota é escrita acima da linha de cota e paralela à mesma e, de preferência, deve estar localizada no centro (ver Figura 7 e Figura 8). Figura 7. Exemplo de representação da cota escrita acima da linha de cota. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 70 39 30 Figura 8. Aplicação das cotas acima da linha de cota no desenho técnico. Fonte: FERNANDO BLANCO CALZADA/Shutterstock.com. 7Cotas Quando o desenho tiver linhas inclinadas, as cotas devem seguir para- lelamente o desenho, com a indicação das dimensões respeitando a base da folha, ou seja, os números não podem estar virados ao contrário do sentido de leitura (ver Figura 9). Para a cotagem de ângulos, duas formas são permitidas (ver Figura 10). Figura 9. Exemplo de execuçãoda cotagem com linhas inclinadas. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 Figura 10. Duas formas diferentes de representar cotagem em ângulos com o método 1. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 60° 60° 60° 60° 60°60° 60 ° 30° 60° 60° 60 ° 30° 30° 30° Cotas8 � Método 2: a cota é escrita centralizada na linha de cota, a qual é inter- rompida apenas para a colocação do número. A leitura deve ser realizada sempre a partir da base do papel, ou seja, o número não “rotacional” em relação à linha de cota (ver Figura 11). Figura 11. Exemplo de representação da cota inserida no meio da linha de cota, interrompendo-a com a leitura dos números a partir da base do papel. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 70 39 30 Para o método 2, quando houver indicação em ângulo, podem ser seguidas as formas da Figura 12. Repare que a indicação do ângulo por fora da linha de cota em curva e com o número sempre no mesmo sentido de leitura (na horizontal) é validado tanto no método 1 quanto no método 2. Figura 12. Duas formas diferentes de representar cotagem em ângulos com o método 2. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 60° 60° 60° 60° 60° 60° 60° 60° 60° 60° 30° 30° 30°30° 9Cotas Formas de apresentação das cotas e suas representações especiais Existem distintas formas de apresentar a cotagem no desenho técnico, para que ele seja de fácil compreensão e sem equívocos. Para esse tema, é importante comentar que a repetição de cotas em um desenho deve ser evitada, sendo que somente casos especiais podem ser considerados; caso contrário, fazemos a cotagem do que é necessário e suficiente para a compreensão do desenho, com cotas parciais (partes do desenho ou elemento) e cotas totais (dimensão total do elemento). Geralmente, a unidade de medida não é apresentada junto às cotas. Para o desenho técnico mecânico, a unidade de medida utilizada usualmente é mm. Portanto, se houver a utilização de alguma unidade de medida diferente, essa deve ser indicada. Neste conteúdo, abordaremos algumas formas de apresentação das cotas. � Em cadeia (em série): as cotas são colocadas lado a lado, em uma mesma direção, sendo utilizadas quando há espaço suficiente para a sua indicação e dos limites da mesma, pois não pode comprometer a correta compreensão das demais dimensões (ver Figura 13). Caso não haja espaço suficiente para inserir uma cota, a mesma pode ser alocada externamente à linha auxiliar, sem que prejudique a compreensão do desenho, conforme mostra a cota 30 da Figura 13. Figura 13. Exemplo de representação das cotas em cadeia. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 160 70 200 30 10 0 15 0 Cotas1010 � Por elemento de referência: utilizada quando as cotas que estiverem em uma mesma direção utilizarem um mesmo elemento de referência. Podem dividir-se em cotagem em paralelo — colocadas em paralelo e espaçadas para colocação do número (ver Figura 14) — ou aditivas — simplificação da cotagem em paralelo, pode ser usada quando há limitação de espaço, porém essa não é tão usual por confundir o desenho. Figura 14. Exemplo de cotagem em paralelo. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 150 420 640 � Por coordenadas: a cotagem por coordenadas exigirá, geralmente, uma tabela (ver Quadro 1) acompanhando a figura (ver Figura 15) com a indicação das coordenadas X e Y, indicando os seus valores; também poderá conter diretamente na figura o valor das coordenadas. A leitura é facilitada quando os pontos são localizados em uma malha. 11Cotas 11 Fonte: ASSOCIAÇÃO..., (1987). X Y 1 10 20 2 80 40 3 70 80 4 20 60 Quadro 1. Exemplo de cotagem por coordenadas. Figura 15. Exemplo de cotagem por coordenadas (deve ter a leitura acompanhada ao Quadro 1). Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 4 3 1 2 � Combinada: é utilizada quando se combinam as cotagens simples, aditiva e por elemento comum. Cotas12 Além dessas formas de apresentação das cotas, é importante lembrar que existem as indicações especiais, quando se trata de raio, diâmetro e ângulo, além de outros elementos específicos. Para tal, os símbolos seguintes são utilizados para facilitar a interpretação do desenho: Diâmetro, ESF: Diâmetro esférico, R: Raio, R ESF: Raio esférico, Quadrado. � Raio: a indicação é realizada com uma seta, por dentro ou por fora do limite da curva, até o seu centro, indicado com o símbolo. � Diâmetro: a indicação é realizada a partir do seu centro até os limites do diâmetro do desenho, também indicado com uma seta e o seu símbolo (ver Figura 16). Figura 16. Exemplo de aplicação de cota de diâmetro em duas peças. Fonte: cherezoff/Shutterstock.com. � Ângulo: a indicação é realizada com uma linha arqueada, cujo centro está no vértice desse ângulo, e a cota é indicada logo acima (ver Figura 17). 13Cotas Figura 17. Exemplo de cotagem com ângulo. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 90 ° 3,5 Acesse o link para resolver em conjunto com o autor do vídeo uma questão de concurso comentada sobre a cotagem no desenho técnico (CONCURTEC, 2016). https://goo.gl/uPnmQv ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403. Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Larguras das linhas – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126. Cotagem em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. CONCURTEC. Desenho Técnico – Cotagem. YouTube, 2016. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=86mEJsLlyLg>. Acesso em: 04 fev. 2018. KUBBA, S. A. A. Desenho Técnico para Construção. Porto Alegre: Bookman, 2015. (Série Tekne). Cotas14 Conteúdo:
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