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38 Crimes sexuais contra vulnerável - 5 Semestre

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e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
 Estupro de vulnerável (art. 217-A) 
 Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. 
- Pena: reclusão, de 8 a 15 anos. 
 § 1º: incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput 
com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer 
outra causa, não pode oferecer resistência; 
 § 3º: se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave. Pena de 
reclusão, de 10 a 20 anos; 
 § 4º: se da conduta resulta morte. Pena de reclusão, de 12 a 30 anos. 
 Observação: vulnerável é qualquer pessoa em situação de fragilidade ou 
perigo. Ademais, a lei não se refere aqui à capacidade para consentir ou à 
maturidade sexual da vítima, mas ao fato de se encontrar em situação de maior 
fraqueza moral, social, cultural, fisiológica, biológica, etc. 
- Ademais, incluem-se no rol de vulnerabilidade casos de doença mental, 
embriaguez, hipnose, enfermidade, idade avançada, pouca ou nenhuma 
mobilidade de membros, perda momentânea de consciência, deficiência 
intelectual, má formação cultural, miserabilidade social, sujeição a situação 
de guarda, tutela ou curatela, temor reverencial, enfim, qualquer caso de 
evidente fragilidade. 
 O estupro de vulnerável é considerado crime hediondo. 
→ Objeto jurídico 
 O crime tutela a dignidade sexual do indivíduo menor de 14 anos ou daquele 
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência. 
→ Elemento do tipo 
1. Ação nuclear 
 A conduta típica consiste em ter conjunção carnal ou praticar outro ato 
libidinoso com menor de 14 anos. Ademais, de acordo com o § 1º, incorre na 
mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
 Observação: conjunção carnal é a cópula vagínica, ou seja, a introdução do 
pênis na cavidade vaginal da mulher; já o ato libidinoso compreende outras 
formas de realização do ato sexual, que não a conjunção carnal. Ou seja, são 
os coitos anormais (exemplo, a cópula oral, anal). 
2. Sujeito ativo 
 Pode ser qualquer pessoa (crime comum). 
3. Sujeito passivo 
 É o indivíduo menor de 14 anos ou aquele que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por 
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
- Ademais, tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos passivos do 
crime em exame. 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
 As circunstâncias legais previstas no art. 217- A do CP, de onde se depreende 
a vulnerabilidade da vítima: 
a. Vítima com idade inferior a 14 anos: o menor de idade, pela imaturidade, 
não pode validamente consentir na prática dos atos sexuais; 
b. Vítima que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato: deve-se provar, no caso concreto, que, 
em virtude de tais condições, ela não tem o necessário discernimento para 
a prática do ato. Cumpre, portanto, que sejam comprovadas mediante laudo 
pericial, sob pena de não restar atestada a materialidade do crime, por se 
tratar de elementar, a qual integra o fato típico; 
c. Vítima que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência: por 
vezes a vítima não é menor de idade nem tem enfermidade ou deficiência 
mental, mas por motivos outros está impossibilitada de oferecer resistência. 
Exemplos: embriaguez completa, narcotização, etc. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade de ter conjunção carnal ou praticar outro 
ato libidinoso com indivíduo nas condições previstas no caput ou § 1º do artigo. 
- Ademais, não é exigida nenhuma finalidade especial, sendo suficiente a 
vontade de submeter a vítima à prática de relações sexuais. 
→ Formas 
1. Simples 
 Prevista no caput e § 1º do art. 217-A do CP. 
2. Qualificadas 
 Estão contempladas no § 3º: se da conduta resulta lesão corporal de natureza 
grave a pena é de reclusão, de 10 a 20 anos; e no § 4º: se da conduta resulta 
morte a pena é de reclusão, de 12 a 30 anos. 
 Observação: as penas previstas no caput e nos § 1º, 3º e 4º deste artigo 
aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter 
mantido relações sexuais anteriormente ao crime. 
→ Ação Penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 Corrupção de menores (art. 218) 
 Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. 
- Pena: reclusão, de 2 a 5 anos. 
- Assim, o agente, que induzir vítima menor de 14 anos a satisfazer a lascívia 
de outrem, responderá pelo crime autônomo do art. 218 do CP. 
→ Objeto jurídico 
 O crime tutela a dignidade sexual do menor de 14 anos que é levado a 
satisfazer a lascívia de outrem. Assim, procura-se também, com esse amparo 
legal, impedir o desenvolvimento desenfreado da prostituição, o qual é, 
comumente, estimulado pela ação de terceiros que exploram o “comércio 
carnal”. 
- Embora esse tipo penal não puna a ação de induzir o menor a satisfazer a 
lascívia de um número indeterminado de pessoas, isto é, a prostituição, ele 
incrimina um estágio que podemos considerar inicial ao estímulo da 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
prostituição, qual seja, o de induzir alguém a satisfazer a lascívia de pessoa(s) 
determinada(s). 
→ Elementos do tipo 
1. Ação nuclear 
 Consubstancia-se no verbo induzir, que significa persuadir, aliciar, levar o 
menor, por qualquer meio, a praticar uma ação para satisfazer a lascívia de 
outrem, ou seja, a atender o desejo erótico de terceiro, por exemplo, convencer 
o menor a desnudar-se. 
 Observação: lascívia diz com a sensualidade, libidinagem. 
 Mencione-se que o agente deve induzir a vítima a satisfazer a lascívia de 
outrem, isto é, de pessoa(s) determinada(s), isto é, de pessoas certas. 
- Entretanto, se leva a pessoa a atender a lascívia de um número 
indeterminado, impreciso, de indivíduos, o crime passará a ser outro: o de 
favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de 
vulnerável (art. 218-B, CP). 
2. Sujeito ativo 
 Qualquer pessoa pode praticar o delito em tela, homem ou mulher, exceto 
aquele com quem se realiza o ato libidinoso. 
3. Sujeito passivo 
 Qualquer pessoa, homem ou mulher. Ademais, será qualificado o crime se o 
agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou 
curador ou pessoa a que esteja confiada para fins de educação, de tratamento 
ou de guarda. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de induzir a vítima a 
satisfazer a lascívia alheia, devendo o agente ter ciência de que pratica a 
conduta em face de menor de 14 anos. 
→ Consumação e tentativa 
 Não se trata de crime habitual. Assim, consuma-se com a prática de qualquer 
ato pela vítima destinado a satisfazer a lascívia de outrem. Com isso, não se 
exige efetiva satisfação sexual desse terceiro. 
- Ademais, a tentativa é possível. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal incondicionada. 
 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 
218-A) 
 Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, 
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria 
ou de outrem. 
- Pena: reclusão, de 2 a 4 anos. 
 O atual dispositivo legal protege a dignidade sexual, a moral sexual, do menor 
de 14 anos, incriminando a conduta daquele que o expõe aos atos de 
libidinagem. 
→ Elementos do tipo 
1. Ação nuclear 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
 O tipo penal pune a ação de praticar, na presença de alguémmenor de 14 anos, 
ou induzi-lo (convencê-lo, persuadi-lo, aliciá-lo, levá-lo) a presenciar 
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria 
ou de outrem. 
Assim, incrimina-se a realização de conjunção carnal ou de ato libidinoso 
diverso, pelo agente com outrem, na presença de menor de 14 anos. Da mesma 
maneira, incrimina-se a ação de persuadir menor a assistir a prática da 
conjunção carnal ou outros atos libidinosos levados a efeito por terceiros. 
 Deve-se comprovar no caso que o agente determinou a vontade do menor. 
Assim, se este, por acaso, surpreende um indivíduo praticando atos libidinosos, 
e se mantém na espreita para assisti-los, não há aqui qualquer ato de 
induzimento do menor. 
 Observação: o tipo penal refere-se à conjunção carnal e aos atos libidinosos, 
isto é, todos aqueles capazes de provocar a libido da vítima, de despertar nela 
o gosto pelos prazeres sexuais. 
- Ademais, caso o agente induza o menor de 14 anos a ter com ele conjunção 
carnal ou praticar outro ato libidinoso, portanto, a satisfazer a lascívia 
própria, terá a sua conduta enquadrada no art. 217-A (estupro de 
vulnerável). 
2. Sujeito ativo 
 Trata-se de crime comum. Assim, tanto o homem quanto a mulher podem 
praticá-lo. 
3. Sujeito passivo 
 Sujeito passivo é a pessoa menor de 14 anos, ainda que corrompida. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de praticar, na presença 
de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou 
outro ato libidinoso, com o fim especial de satisfazer lascívia própria ou de 
outrem (elemento subjetivo do tipo). 
 Observação: lascívia diz com a sensualidade, libidinagem. 
 O agente deve ter ciência a respeito da idade da vítima, pois, do contrário, 
poderá haver erro de tipo. 
→ Causas de aumento de pena 
 As causas de aumento previstas no art. 234- A não se aplicam, pois exigem o 
efetivo contato sexual entre o agente e a vítima e não sua mera contemplação. 
→ Consumação e tentativa 
 Consuma-se o crime com a prática, na presença de alguém menor de 14 anos, 
da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso. Ademais, no ato de induzir, o 
crime se consuma no instante em que o menor é efetivamente convencido, levado 
pelo agente a presenciar o ato sexual. 
 A tentativa é admissível em ambas as modalidades delituosas. 
→ Estatuto da Criança e do Adolescente 
i. Art. 240 do ECA: produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou 
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, 
envolvendo criança ou adolescente. 
- Pena: reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
 § 1º: incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, 
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou 
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem 
com esses contracena; 
 § 2º: aumenta-se a pena de 1/3 se o agente comete o crime: no 
exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade; ou prevalecendo-se de relações de parentesco 
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, 
curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer 
outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. 
ii. Art. 241-D do ECA: constitui crime aliciar, assediar, instigar ou 
constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com 
ela praticar ato libidinoso. 
- Pena: reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Nas mesmas penas incorre quem: 
 Facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo 
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
 Pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de 
induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente 
explícita. 
 Observação: as condutas tipificadas no art. 241-D devem ser praticadas por 
meio de comunicação, em regra, pela rede mundial de computadores (internet) 
e devem visar à criança, que, nos termos do art. 2º do ECA, é a pessoa até 12 
anos de idade incompletos. 
iii. Art. 244-B do ECA: corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 
anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. 
- Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 
 § 1º: incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica 
as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios 
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet; 
 § 2º: as penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de 
1/3. 
 Observação: de acordo com o art. 241-E, cena de sexo explícito ou 
pornográfica é qualquer situação que envolva criança ou adolescente em 
atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos 
genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 
 Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B) 
 Consiste no favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração 
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Assim, consiste em 
submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual 
alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou 
dificultar que a abandone. 
- Pena: reclusão, de 4 a 10 anos. 
 Observação: prostituição é o comércio habitual do próprio corpo, exercido pelo 
homem ou mulher, em que estes se prestam à satisfação sexual de 
indeterminado número de pessoas. Ademais, não é necessária a finalidade 
lucrativa. Assim, a prostituição em si, embora seja um ato considerado imoral, 
não é crime, mas a exploração do lenocínio por terceiros é reprimida pelo 
Direito Penal, pois as lesões, ao favorecer a prostituição, acabam por fomentá-
la ainda mais. 
- Entretanto, a exploração sexual pode ser definida como uma dominação e 
abuso do corpo de crianças, adolescentes e adultos (oferta), por exploradores 
sexuais (mercadores), organizados, muitas vezes, em rede de comercialização 
local e global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e por consumidores de 
serviços sexuais pagos (demanda), admitindo quatro modalidades: 
prostituição (atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de 
pagamento, não apenas monetário); turismo sexual (é o comércio sexual, bem 
articulado, em cidades turísticas, envolvendo turistas nacionais e estrangeiros 
e principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de países de Terceiro 
Mundo); pornografia (produção, exibição, distribuição, venda, compra, posse 
e utilização de material pornográfico, presente também na literatura, cinema, 
propaganda, etc.); e tráfico para fins sexuais (movimento clandestino e ilícito 
de pessoas através de fronteiras nacionais, com o objetivo de forçar mulheres 
e adolescentes a entrar em situações sexualmente opressoras e exploradoras, 
para lucro dos aliciadores, traficantes, etc.). 
→ Objeto jurídico 
 O crime tutela a dignidade sexual do indivíduo vulnerável que é levado à 
prostituição ou outra forma de exploração sexual. Entretanto, em segundo 
plano, protege-se a moral média da sociedade, os bons costumes. 
→ Elementos do tipo 
1. Ação nuclear 
 As ações nucleares típicas consubstanciam-se nos verbos: 
i. Submeter: sujeitar, entregar; 
ii. Induzir: persuadir, isto é, atuar sobre o convencimento da vítima, 
criando-lhe na mente a ideia de se prostituir ou de ser explorada 
sexualmente; 
iii. Atrair: seduzir, fascinar, chamar a atenção da vítima para o fato de 
se prostituir. Entretanto, não há uma atuação persistente e continuada 
no sentido de fazê-la mudar de ideia e iniciar a prostituição. Aqui, 
importa em atividadede menor influência psicológica do que a indução, 
pois o agente propaga a ideia, sem atuar tão decisiva e diretamente 
sobre a mente da pessoa. 
- Pode-se, por exemplo, atrair, simplesmente levando a pessoa para o 
ambiente sem, no entanto, ficar dizendo que ela tem de se prostituir; 
iv. Facilitar: favorecer o meretrício, prestar qualquer forma de auxílio, 
por exemplo, arranjando cliente; 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
v. Impedir o abandono: significa obstar, obstruir, não consentir, proibir, 
tornar impraticável a saída da vítima do prostíbulo. Assim, aqui a 
vítima já exerce o meretrício e é impedida de abandonar essa função; 
vi. Dificultar que alguém a abandone: significa tornar difícil ou custoso 
de fazer, pôr impedimentos, por exemplo, condicionar a saída da 
prostituta do meretrício ao pagamento de dívidas que ela possua com o 
seu aliciador. 
vii. Sujeito ativo 
 Trata-se de crime comum. Assim, qualquer pessoa pode praticar o delito em 
análise. 
viii. Sujeito passivo 
 É o menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem 
o necessário discernimento para a prática do ato. 
 Observação: pode ser a própria prostituta, pois o tipo penal prevê a conduta de 
facilitar a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou impedir ou 
dificultar que alguém a abandone. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de submeter, induzir ou 
atrair o menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, à prostituição ou outra 
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a 
abandone. 
 Observação: se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. 
→ Consumação e tentativa 
 O crime se consuma no momento em que a vítima passa a se dedicar 
habitualmente à prostituição, após ter sido submetida, induzida, atraída ou 
facilitada tal atuação pelo agente, ou ainda quando já se dedica usualmente a 
tal prática, tenta dela se retirar, mas se vê impedida pelo autor. 
- Ademais, para a consumação, será necessário que a pessoa induzida, etc. 
passe a se dedicar habitualmente à prática do sexo mediante contraprestação 
financeira, não bastando que, em razão da indução ou facilitação, venha a 
manter, eventualmente, relações sexuais negociadas. Assim, o que deve ser 
habitual não é a realização do núcleo da ação típica, mas o resultado dessa 
atuação, qual seja, a prostituição da ofendida. Não havendo habitualidade no 
comportamento da induzida, o crime ficará na esfera da tentativa. 
 A tentativa é admissível em todas as hipóteses. 
→ Formas 
1. Simples 
 Está prevista no caput (art. 218-B, caput) 
2. Equiparadas (art. 218-B, § 2º) 
 De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas: 
i. Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém 
menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput do 
artigo: ademais, se a vítima for menor de 14 anos, ou por enfermidade 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, haverá o delito de estupro de vulnerável; 
ii. O proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se 
verifiquem as práticas referidas no caput o artigo: eles devem ter 
ciência que estas ocorrem dentro do seu estabelecimento. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena 
de sexo ou pornografia (art. 218-C) 
 Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, 
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio (inclusive por meio de 
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática), fotografia, 
vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro 
de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o 
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia. 
- Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
→ Objeto jurídico 
 Tutela-se aqui a intimidade sexual, sobretudo no âmbito dos meios de 
comunicação, especialmente o virtual. 
→ Elementos do tipo 
1. Ação nuclear 
 A ação nuclear está consubstanciada pelos verbos oferecer, trocar, 
disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou 
divulgar, por qualquer meio, inclusive por meio de comunicação de massa ou 
sistema de informática ou telemática, fotografia, vídeo ou outro registro 
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que 
faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena 
de sexo, nudez ou pornografia. 
 Observação: os objetos materiais são fotografia, vídeo ou qualquer outro 
registro audiovisual. 
2. Sujeito ativo 
 Trata-se de crime comum, portanto o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, 
homem ou mulher. 
3. Sujeito passivo 
 Trata-se de crime comum, portanto o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, 
homem ou mulher. Contudo, se o crime é praticado por agente que mantém ou 
tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou 
humilhação, incide a causa de aumento de pena do § 1º. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo. Ademais, o tipo não exige finalidade específica e não se admite a forma 
culposa. 
→ Consumação e tentativa 
 A consumação se dá no momento da prática de qualquer um dos verbos 
nucleares descritos no tipo. 
e Crimes sexuais contra vulnerável 
Disciplina: Direito Penal IV 
- Ademais, a tentativa é possível nas formas plurissubsistentes. 
→ Formas 
1. Simples (art. 218-C, caput) 
 Está prevista no caput. 
2. Causa de aumento de pena (art. 218-C, § 1º) 
 A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado por agente que mantém 
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança 
ou humilhação. 
 A presente causa de aumento se justifica, pois é mais grave a conduta do agente 
que se aproveita do fato de manter ou ter mantido relação sexual com a vítima 
em relação afetiva, e, depois, pratica uma das condutas nucleares do tipo, 
expondo sua intimidade em razão de motivo fútil e torpe, caracterizados pela 
vingança ou humilhação. Tal prática é conhecida por “pornô de vingança” 
(revenge porn). 
3. Exclusão da ilicitude (art. 218-C, § 2º) 
 Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste 
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica 
com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada 
sua prévia autorização, caso seja maior de 18 anos. 
→ Ação penal 
 O crime é de ação penal pública incondicionada.

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