Buscar

Crimes contra a dignidade sexual (2) [Salvo automaticamente]

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Crimes contra a dignidade sexual
Breve histórico:
Antes os delitos contra a dignidade sexual eram chamados de crimes contra o costume. Após o advento da Lei. 12.015/09 houve alteração para chama-los de crimes contra a dignidade sexual.
Costume: reiteração de comportamento em face da crença na sua obrigatoriedade. O termo era preconceituoso, pois o legislador queria estabelecer um padrão de sexualidade média que deveria ser seguido pelas pessoas. A proteção era somente da “mulher honesta”.
A atual nomenclatura tem fundamento na dignidade da pessoa humana. Dignidade consiste no direito de cada pessoa escolher o seu parceiro sexual.
Lei 13.718/18
-Com o advento da Lei 13.178/18 TODOS os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal pública incondicionada à representação.
-A lei criou o tipo penal de importunação sexual, que é o ato libidinoso praticado contra alguém, e sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro.
-Tornou criminosa a divulgação, por qualquer meio, de vídeo e foto de cena de sexo ou nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, além de divulgação de cenas de estupro.
-A lei aumenta a pena em até 2/3 se o crime for praticado por pessoa que mantém ou tenha mantido relação íntima afetiva com a vítima, como namorado, namorada, etc (conhecida pela expressão “pornografia da vingança”).
-Define a causa de aumento do estupro coletivo e corretivo.
O que são estupro coletivo e corretivo?
Coletivo: duas ou mais pessoas
Corretivo: estupro para “curar” sexualidade ou comportamento social da vítima.
Lei 13.175/18
-Dispõe sobre hipóteses de perda do poder familiar pelo autor de determinados crimes contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.
ESTUPRO
Estupro x atentado violento ao pudor
-Com o advento da Lei 12.015/09 o atentado violento ao pudor foi formalmente revogado. Porém, passou a integrar o tipo penal de estupro.
-Princ. da continuidade normativo-típica
Estupro (em todas as suas modalidades) é crime hediondo? SIM
Espécies de estupro
Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) SIMPLES. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
-Estupro qualificado pela lesão grave ou gravíssima
§ 1o: Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave 
Pena: 08 a 12 anos.
-Estupro qualificado pela idade da vítima
§1º: ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
-Estupro qualificado pela morte
§ 2o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena 12 a 30 anos.
Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a partir de outros elementos de prova presentes nos autos. Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. No caso concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou que esta poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial, das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12.700-AC, voto vencedor Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), Rel. para acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 (Info 563)
Objetividade jurídica
O estupro é crime pluriofensivo, pois atinge dois ou mais bens jurídicos. Protege a dignidade sexual (liberdade sexual), a integridade física (quando há violência) ou a liberdade individual (quando há ameaça).
Núcleo do tipo
-Constranger: obrigar alguém a fazer algo contra sua vontade.
Qual é a diferença entre o estupro e o constrangimento ilegal?
-No constrangimento não há finalidade específica, já no estupro há.
-Conjunção carnal: introdução total ou parcial do pênis na vagina. (cópula vagínica).
-Ato libidinoso: qualquer ato com conotação sexual (sexo oral, toques íntimos, beijo lascivo, masturbação)
Condutas típicas: 
Fórmula geral: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
1-a ter conjunção carnal (papel da vítima é ativo ou passivo)
2-a praticar outro ato libidinoso (papel da vítima é ativo)
3-a permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (papel da vítima é passivo)
-É dispensável o contato físico entre o agente e a vítima.
A contemplação lasciva configura estupro? 
Ex.: homem observa e deseja uma mulher que está parada em determinado local.
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587).
Alguns doutrinadores sustentam ser crime de constrangimento ilegal.
Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da boca. O STF entendeu que essa conduta caracteriza o chamado “beijo lascivo”, havendo, portanto, a prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal. Não é possível desclassificar essa conduta para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.668/41). Para determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de poder, mais precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto, estão presentes a conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há como desclassificar a conduta do agente para a contravenção de molestamento (que não detém essa conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei imponha punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato libidinoso diverso ou a conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se subsome, em regra, ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).
Vítima é obrigada a presenciar ou assistir a ato sexual. É estupro? Prevalece que não. Todavia, pode configurar constrangimento ilegal ou se a vítima for menor de 14 anos (delito do art. 218-A)
O estupro pode se caracterizar ainda que a roupa da vítima não seja retirada?
Retirar a roupa da vítima sem obriga-la à prática sexual configura estupro ou constrangimento ilegal?
O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de satisfazer sua lascívia, o que ficou demonstrado por sua declarada intenção de "ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos – e pela ação de impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida subjugada pelo agressor, que a imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta configura o delito do art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1.611.910-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016 (Info 592).
Concurso
Praticar conjunção carnal e ato libidinoso contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático configura concurso de crimes ou crime único?
1-STJ e STF: crime único
Estupro contra duas vítimas no mesmo contexto fático...
-Entende-se que há crime continuado (art. 71, p. único)
Várias pessoas estupram uma mesma vítima...
-Há quem diga ser continuidade delitiva quando há um revezamento entre os autores (um segura a vítima e o outro faz a conjunção carnal,e vice-versa).
Estupro e perigo de contágio de moléstia venérea
-Caso o estuprador saiba ou deve saber que está contaminado com doença venérea, responde em concurso FORMAL de crime. (estupro e perigo de contágio de moléstia venérea)
Várias conjunções carnais feitas por vários agentes
-Concurso material e não um só estupro qualificado pelo concurso de agentes.
SUJEITO ATIVO
-qualquer pessoa 
-Admite coautoria e participação
Coautor: aquele que emprega a violência ou grave ameaça, mas não realiza a conjunção carnal ou ato libidinoso. Ex.: segura a vítima para que outro realize a conjunção carnal.
SUJEITO PASSIVO
-qualquer pessoa.
-Se a vítima for um índio não integrado à civilização? Há estupro com pena aumentada de 1/3. (art. 59, Lei 6001/73).
-A conjunção carnal após a morte constitui estupro? Art. 212 do CP (Vilipêndio a cadáver)
-Idade da vítima e seus reflexos:
18 anos ou mais: estupro simples
Entre 14 e 18 anos: estupro qualificado
-menor de 14 anos: estupro de vulnerável
Se a vítima é estuprada no dia em que completa 18 anos...estupro simples? Sim.
Exceção de Romeu e Julieta
Aduz essa teoria que não se deve considerar estupro de vulnerável quando a relação sexual se dá com uma pessoa com diferença de idade de até 05 anos, pois ambas as partes se encontram na mesma etapa de desenvolvimento sexual. Ex.: relação sexual entre adolescentes de 12 e 14 anos.
O STJ adota essa teoria? Não. Vide súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo de constranger + finalidade específica (conjunção carnal ou ato libidinoso)
Não se exige que o dolo seja para satisfazer a lascívia..o intuito pode ser chacota, vingança, fútil, etc.
CONSUMAÇÃO
Trata-se de crime material e causal.
Não se exige a ejaculação para consumar o crime.
Pergunta interessante:
-Inseminação artificial forçada configura estupro? Se resulta em gravidez admite o aborto?
PROVA DO ESTUPRO
Necessita de perícia? Não se exige perícia se foi com grave ameaça ou violência presumida (HC 85.955-RJ, Ellen Gracie), por não deixar vestígios. Se há violência, deve haver perícia. 
O agente levou a vítima (menina de 12 anos de idade) para o quarto, despiu-se e, enquanto retirava as roupas da adolescente, passou as mãos em seu corpo. Ato contínuo, deitou-se na cama, momento em que a garota vestiu-se rapidamente e fugiu do local. O crime se consumou. Assim, se o réu praticou esse fato antes da Lei 12.015/2009, responderá por atentado violento ao pudor com violência presumida (art. 214 c/c art. 224, “a” do CP) ou, se depois da Lei, por estupro de vulnerável (art. 217-A), ambos na modalidade CONSUMADO. Para que o crime seja considerado consumado, não é indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo (introdução do membro viril nas cavidades da vítima). Logo, toques íntimos podem servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1.309.394-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3/2/2015 (Info 555). 
É possível a condenação de um acusado de estupro com base somente nas palavras e no reconhecimento efetuado pela vítima?
TENTATIVA
É cabível. Deve-se analisar o dolo do agente. 
Disfunção erétil
-impotência coeundi (nunca terá ereção): crime impossível (ineficácia absoluta do meio de execução) Leia-se: conjunção carnal
-Impotência generandi (é a incapacidade para a reprodução): o estupro é possível. 
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE (art. 215)
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Diferença para o estupro de vulnerável:
a)A vítima está consciente, mas possui uma falsa representação da realidade;
b)No 215 há capacidade de resistência, que pode ser utilizada a partir do momento em que se percebe a situação real, já no 217-A a vulnerabilidade da pessoa inconsciente retira qualquer capacidade de resistência;
c)No 217-A, existe a ideia de violência presumida, uma vez que o agente aproveita-se da falta de capacidade da vítima, no 215, a vítima é presumidamente capaz, no entanto, a falsa percepção da realidade forma um consentimento falho, que não existiria caso os fatos fossem realmente conhecidos.
“A violação sexual mediante fraude, também conhecida na terminologia anterior (posse sexual) como estelionato sexual, é de difícil caracterização, pois não é qualquer meio enganoso que serve de suporte a essa entidade criminal. Necessita, para se configurar, que a vítima seja levada a situação de erro, ou nela seja mantida, quanto à identidade do sujeito ativo ou mesmo quanto à legitimidade do ato sexual. É preciso o emprego de artifícios e estratagemas, criando uma situação de fato ou uma disposição de circunstâncias que torne insuperável o erro do ofendido. (...)
(...)Já afirmávamos ante a redação anterior, que a relação sexual obtida com promessa de casamento ou como prova de virgindade não tipifica este crime. A doutrina refere como exemplos possíveis do crime o fato de o agente simular celebração de casamento, a substituição de uma pessoa por outra, hipóteses de casamento por procuração etc.”
Fonte: Cezar Roberto Bitencourt
ASSÉDIO SEXUAL (art. 216-A)
 Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Constranger está no sentido de: embaraçar, acanhar, criar uma situação ou posição constrangedora para a vítima
Crime de menor potencial ofensivo
Aumenta-se em 1/3 a pena: se a vítima é menor de 18 anos
Exige-se que vise a obter vantagem ou favorecimento sexual se há relação de superioridade profissional 
É bipróprio: homem e mulher podem ser sujeitos ativos e passivos.
Exige dolo específico: finalidade sexual
Consumação: com a prática que evidencie o assédio.
Condição especial
-Relação hierárquica: escala demarcando posições, graus ou postos ordenados configuradores de uma carreira funcional.
-Ascendência: não existe organização funcional, mas situação de influência ou respeitoso domínio, podendo atingir o nível de termo reverencial.
Desnecessidade da prática de atos libidinosos
O sujeito ativo, para que se configure o constrangimento da vítima, deve prevalecer-se de sua condição de superior ou ascendente inerentes ao emprego, cargo ou função, com o intuito de obter benefícios sexuais
Patrão e empregado doméstico:
É possível, haja vista existir a relação empregatícia. É possível que a própria diarista também seja vítima do crime.
“Simples gracejos, meros galanteios ou paqueras não têm idoneidade para caracterizar a ação de constranger. Nesse sentido, contamos com a companhia de Luiz Flávio Gomes, que, lucidamente, afirma: “É preciso bom senso para distinguir o constrangimento criminoso do simples “flert”, do gracejo, da ‘paquera’. Nem toda ‘abordagem’ é assédio. Em outros termos, para ser erigido à condição de crime é necessário que o assédio sexual crie uma situação embaraçosa, constrangedora ou de chantagem para a vítima, que, mesmo não o aceitando, isto é, não correspondendo às investidas de seu algoz, sinta-se efetivamente em risco, na iminência ou probabilidade de sofrer grave dano ou prejuízo de natureza funcional ou trabalhista.
(...)Esse dano ou prejuízo que a vítima, assediada ou constrangida, tem medo ou receio de sofrer não se limita à possibilidade de desemprego, demissão ou redução de sua remuneração; eventuais empecilhos, discriminações ou dificuldades de qualquer natureza para a progressão na carreira, no emprego, cargo ou função também podem configurar meio, forma ou modo do constrangimento sofrido pela vítima.”
Cesar Roberto Bitencourt
Relação entre professor x aluno
Acreditamos que tampouco o eventual assédio sexualentre professores e alunos encontra-se recepcionado no art. 216-A, na medida em que a relação docente-discente não implica relação de superioridade ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função, nem mesmo em se tratando de instituições de ensino público. Com efeito, ainda que o professor de instituição pública exerça cargo ou função, sua relação com o aluno é inerente à docência, não prevista no limitado tipo penal em exame. (Cesar Roberto Bitencourt)
E professor x secretário, diretor?
O incesto configura assédio ?
REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL (Art. 216-B)
Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes
-O agente produz (cria, financia) ou registra (fotografa, filma, grava, etc) cena de nudez
-ou ato sexual ou libidinoso 
-de caráter íntimo e privado
-sem autorização dos participantes
“O tipo preenche a lacuna que existia em relação à punição da conduta de indivíduos que registravam a prática de atos sexuais entre terceiros. Foi grande a repercussão quando, em janeiro de 2018, um casal alugou um apartamento para passar alguns dias no litoral de São Paulo e, depois de se instalar, percebeu uma pequena luz atrás de um espelho que guarnecia o quarto. O inusitado sinal faz com que um deles vistoriasse o espelho e, espantado, descobrisse que ali havia uma câmera instalada. O equipamento foi imediatamente desligado e, logo em seguida, o casal recebeu uma ligação do proprietário do imóvel, que indagou se havia ocorrido algum problema, o que indicava que as imagens estavam sendo transmitidas em tempo real
Sujeito Ativo
qualquer pessoa...crime bicomum
Elemento subjetivo
É o dolo, porém não exige especial fim de agir.
Não admite modalidade culposa
Caráter íntimo e privado
A cena registrada deve ter sido praticada em caráter íntimo e privado
O agente que filma casal fazendo sexo em uma praça, não configura o tipo penal.
Sem autorização dos participantes
Se há autorização, não há crime. Exceto se a vítima for criança ou adolescente, hipótese em que configura o art. 240 do ECA.
Se um dos participantes autoriza, e o outro não, HAVERÁ o crime.
Tentativa
Admissível, pois é crime plurissubsistente. 
Princípio da especialidade
Se o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena, configura os crimes do art. 216-B e 218-C em concurso material.
Ação penal: incondicionada à representação
Infração de menor potencial ofensivo
Figura equiparada
Parágrafo único.  Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
No caput: a cena registrada é verdadeira
No parágrafo único: a fotografia, vídeo ou áudio não é verdadeiro.
Ex.: agente pega imagem de uma modelo nua e, por meio de programa de computador troca o rosto e coloca o da vítima.
Sujeitos
-Tanto o ativo, quanto o passivo podem ser qualquer pessoa
-Crime bicomum
Elemento subjetivo
É o dolo. Não exige especial fim de agir.
Não admite modalidade culposa.
O delito se consuma ainda que a montagem tenha sido por diversão, com o intuito de brincar com a vítima.
Lei 13.772/2018
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
(...)
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
CORRUPÇÃO DE MENORES (art. 218)
Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem. 
Não se confunde com o art 244-B do ECA.
Há concordância por parte do menor. 
Lascívia não é ato de libidinagem nem conjunção carnal. 
Induzir (criar ideia até então inexistente)
Consuma-se com a indução
LFG sustentava que esse tipo só alcança práticas sexuais meramente contemplativas (deleite visual). Ex.: induzir menor a se vestir sensualmente.
Ex.: “A” induz (dá a ideia) menor de quatorze anos “B” a satisfazer a lascívia de “C”, responderá pelo delito, enquanto “C” não responderá pelo mesmo, por faltar-lhe a elementar “satisfazer a lascívia de outrem” (satisfez a própria lascívia). (Cezar Roberto Bitencourt)
No art. 218, tratando-se de vítima menor de 14 anos não pode consistir em conjunção carnal ou atos libidinosos diversos da cópula normal, pois, nesses casos, haverá o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Limita-se, portanto, às práticas sexuais meramente contemplativas, como, por exemplo, induzir alguém menor de 14 anos a vestir-se com determinada fantasia para satisfazer a luxúria de alguém”
O tipo penal também abrange o “instigador”?
Levar menor de 14 anos para assistir à prática de ato de libidinagem será crime do art. 218-A. Se o menor já era corrompido, há crimes mesmo assim. 
O art. 227, §1º do CP: o sujeito passivo do crime do novo art. 218 é menor de 14 anos, enquanto naquela outra norma, o sujeito passivo é a pessoa maior de 14 e menor de 18 anos. 
O cliente que conscientemente se serve de prostituição de adolescente, com ele praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no inc. I do §2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de oura forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual, sem habitualidade. STJ. 6a turma. HC 288.375-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 5/6/2014 – Info 543.
O crime se consuma mesmo que haja apenas uma habitual relação sexual? SIM. O tipo penal não exige. Basta um único contato consciente com a adolescente. Cuidado. No caso do crime do art. 244-A do ECA, exigia-se habitualidade.
O fato de a vítima já ser prostituta há um bom tempo exclui o crime? NÃO! O fato de a vítima á ser corrompida, atuante na prostituição, é irrelevante para o tipo penal
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (ART. 218-A)
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Bem jurídico: dignidade sexual do menor de 14 anos. Resguardar a formação moral sexual dos menores, protegendo-os contra a depravação e a luxúria a que não podem e não devem ser expostos.
Sujeito ativo: crime comum.
Sujeito passivo: menor de 14 anos.
1-Praticar, na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso
-O agente desrespeita a presença do menor vulnerável e pratica ato libidinoso para satisfazer a lascívia própria ou de terceiro.
2-Induzir a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso
-O agente interfere na liberdade de vontade da vítima, fazendo-lhe nascer a ideia de presenciar ato de libidinagem.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (Art. 218-B)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
§ 2º Incorre nas mesmas penas: I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita nocaput deste artigo; II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento
Bem jurídico tutelado
Proteger o desenvolvimento e a formação saudável da personalidade do menor, para que, na sua fase adulta, possa decidir livremente, e sem traumas psicológicos, seu comportamento sexual.
Sujeito ativo: crime comum
Sujeito passivo: somente pode ser o menor de 18 anos, desde que maior de 14 anos, sob pena de configurar estupro de vulnerável.
CRIME DO ART. 218-B do CP
Cliente pode ser punido sozinho; a vulnerabilidade é relativa; o tipo penal não exige habitualidade, comportando a aplicação da continuidade delitiva!!! O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta. Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o programa sem intermediários, haverá o crime Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na prostituição ou outra forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído ou sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). 
O tipo penal não exige habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida à prostituição para que se configure o crime O crime previsto no inciso I do § 2º do art. 218 do Código Penal se consuma independentemente da manutenção de relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é possível que haja o referido delito ainda que tenha sido um único ato sexual. Logo, como não se exige a habitualidade para a sua consumação, é possível a incidência da continuidade delitiva, com a aplicação da causa de aumento prevista no art. 71 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645).
“Incorreria na mencionada figura típica o agente que explorasse sexualmente a vítima para que tirasse fotos eróticas, trabalhasse em casas de strip--tease, ou mesmo de disque-sexo, simulando, para o cliente, atos sexuais através do telefone etc.” Rogério Greco

Outros materiais