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AULA 09 - art. 213 a 226 CP - Crimes Contra a Dignidade Sexual

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CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Art. 213 a 226 CP
Aula 09 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
“Dignidade” tem o sentido de decência, compostura, respeito.
1.1-ESTUPRO (ART.213, CP) – CONCEITO LEGAL
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
A objetividade jurídica do crime é a liberdade para o ato sexual.
1.2-Sujeito ativo – Na primeira modalidade somente o homem pode cometer o delito. Na segunda modalidade o sujeito ativo é qualquer pessoa.
1.3-Sujeito passivo – Na primeira modalidade somente a mulher, na segunda modalidade é qualquer pessoa (PROSTITUTA, GAROTO DE PROGRAMA, VIRGEM, PROMÍSCUA, HONESTA SEXUALMENTE, ETC).
1.4-Tipo objetivo – “Constranger” é obrigar, coagir, forçar a vítima ao ato sexual. “Violência” é a prática de lesão corporal ou homicídio contra a vítima.
“Grave ameaça” é a intimidação psíquica, a violência moral.
“Conjunção carnal” é o relacionamento sexual normal, com coito vagínico. Introductio ou intromissio penis in vaginam. 
“Ato libidinoso” é todo ato destinado ao prazer sexual, para satisfazer a libido sexual. Exemplos: apalpação dos seios, coito oral, coito anal, etc.
1.5-Modalidades: na primeira parte a violência é empregada para a extorsão da conjunção carnal. A mulher é obrigada a manter o coito vagínico.
Na segunda parte do dispositivo, o crime pode ser praticado de duas formas: 1ª) o agente obriga a vítima a praticar um ato libidinoso diverso da conjunção carnal. A vítima, neste caso, tem um comportamento ativo no ato sexual. Exemplo: o agente obriga a vítima a masturbá-lo.
Na 2ª forma do crime, o comportamento da vítima é passivo no ato sexual. A vítima é obrigada a permitir que com ela se pratique o ato libidinoso. Exemplo: a vítima é obrigada a manter sexo anal com o acusado.
1.6- Consumação – Na primeira parte do art. 213, a consumação se dá com a introdução do pênis na vagina da vítima, total ou parcial, podendo ou não haver ejaculação.
Na segunda parte do art. 213, o delito se consuma quando a vítima pratica ou permite que com ela se pratique o ato libidinoso. Nesta hipótese, basta o toque físico eficiente para gerar a lascívia do acusado e o constrangimento da vítima.
Não há necessidade que a vítima coagida realize o ato sexual com o agente do crime, pode ser com um terceiro, ou ainda em si mesma como no caso de automasturbação.
Comete ainda o crime de estupro a pessoa que se deparando com uma pessoa despida, obriga essa pessoa a permanecer nua para contemplá-la.
Esse crime somente pode ser cometido de modo doloso. 
1.7- Qualificação – As modalidades qualificadas estão previstas nos §§ 1º e 2º do art. 213. São formas preterdolosas do delito. Ler.
RESULTADO QUALIFICADOR E QUALIFICADORA: “Se da conduta resulta”, ou seja, se da violência ou grave ameaça resulta lesão corporal ou morte, haverá aumento de pena naqueles termos. Na 1ª parte do § º há um resultado qualificador e na 2ª parte uma qualificadora (ser a vítima menor de 18 anos e maior de 14).
Quando o estupro é cometido no dia em que a vítima completa 14 anos, Damásio de Jesus entende que deve incidir a qualificadora do §1º, a despeito da lei não prever.
O resultado qualificador pode se dar por dolo ou culpa (exceto quando o legislador deixa claro a exclusão do dolo como fez no §3º do art. 129).
Há quem sustente que deve existir nos delitos sexuais, para a configuração do resultado qualificador, a incidência somente de culpa. Se existir dolo haveria concurso de crimes entre homicídio ou lesão corporal.
EXEMPLO: “Um homem ao tentar estuprar uma mulher, derruba a vítima que bate a cabeça em uma pedra e morre. A corrente doutrinária majoritária entende haver ocorrido a modalidade qualificada do crime do parágrafo segundo. Uma corrente minoritária entende haver tentativa qualificada de estupro.
Na hipótese de estupro de menor de 18 e maior de 14 anos vier a ocorrer morte da vítima, aplica-se a pena do § 2º.
1.7- CAUSAS DE AUMENTO DE PENA PREVISTAS NOS ARTS. 234-A e 226.
A) Nos crimes contra a dignidade sexual a pena é aumentada:
1- De metade se do crime resultar gravidez.
2- De um sexto até a metade, se o agente transmitir à vítima doença sexualmente transmissível, de que sabe ou deveria saber ser portador.
3- De quarta parte, quando o crime é cometido mediante concurso de duas ou mais pessoas.
4- De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio ou irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
1.8- AÇÃO PENAL – (ART. 225) A ação penal será pública condicionada a representação.
No parágrafo único, a ação penal será pública incondicionada, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável.
1.9- SEGREDO DE JUSTIÇA – Segundo o art. 234-B Os processos que apuram crimes contra a dignidade sexual correrão em segredo de justiça.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1) Não haverá concurso de crimes se o agente realizar conjunção carnal e outro ato libidinoso diverso com a vítima. Vicente Greco Filho minoritariamente defende a possibilidade de existir concurso entre as duas modalidades de estupro. Todavia, o juiz deve levar em consideração este comportamento duplo a quando da dosimetria da pena.
2) Somente ocorrerá concurso se o agente cometer novamente o ato sexual em outro cenário, em outras circunstâncias.
3) O dissenso da vítima deve ser durante todo o ato sexual, assim como a cessação do consentimento para o ato sexual pode ocorrer a qualquer momento, impedindo o autor de prosseguir o ato, incorrendo no delito se prosseguir.
4) O estupro em qualquer de suas modalidades é considerado crime hediondo.
5) Para a prática do crime, não é necessário o contato físico. Exemplo: A, um homem, ameaça B, uma mulher, com uma arma de fogo e obriga a vítima a se despir em sua frente, o que lhe confere prazer sexual, comete o delito consumado (Guilherme de Souza Nucci). 
2- Violação Sexual Mediante Fraude (conceito legal – art. 215)
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”.
Pena: reclusão de 2 a 6 anos.
2.1- Objetividade Jurídica – a liberdade sexual.
2.2- Sujeito ativo – na modalidade “ter conjunção carnal”, o delito é próprio, somente pode ser praticado pelo homem. Na segunda modalidade, qualquer pessoa pode ser autora do crime.
2.3- Sujeito passivo – Na primeira modalidade é a mulher. Na segunda modalidade é qualquer pessoa.
2.4- Tipo Objetivo – “ato libidinoso”, e “conjunção carnal”, já foram explanados no art. 213, CP. “Fraude” é o ardil, o engano, o artifício. Um verdadeiro estelionato sexual.
Diante da fraude, a vontade da vítima é viciada, pois se conhecesse a realidade, a vítima não consentiria o ato sexual. Exemplos: a simulação de casamento; um homem penetra no quarto de uma mulher fingindo ser seu esposo. O caso dos gêmeos Cosme e Damião em que um se faz passar pelo outro.
“Outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vítima” deve ser um meio análogo à fraude. Exemplo: embriaguez incompleta da vítima.
2.5- Consumação – Na modalidade conjunção carnal, a consumação ocorre nos mesmos moldes do crime de estupro; Na segunda modalidade, com a realização do ato libidinoso.
A tentativa é admitida.
2.6- Elemento subjetivo – somente pode ser praticado dolosamente.
Se existir finalidade econômica, aplica-se também a multa.
2.7- Causas de aumento da pena: (art. 234-A). Ler.
3 - ASSÉDIO SEXUAL (ART. 216-A)
“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. 
3.1- Objetividade Jurídica – é a liberdade sexual.
3.2-Sujeito ativo e passivo é qualquer pessoa. O agente deve se encontrar em uma posição de superioridade hierárquica ou ascendência em relação à vítima, decorrente de cargo, emprego ou função.
A vítima deve se encontrar em uma posiçãode subalternidade em relação ao agente.
“Constranger” é coagir. O constrangimento pode ser por qualquer meio de comunicação (verbal, escrito ou mímica). O constrangimento não pode ser físico.
A vantagem e o favorecimento podem ser de diversas ordens, desde que tenham um cunho sexual.
Não se exige que o ato sexual seja de relevo.
A vantagem ou o favorecimento podem ser para o próprio agente ou para terceiro, ainda que sem o conhecimento deste. Se o terceiro tem ciência do constrangimento, poderá responder como partícipe do delito.
Não é preciso que o agente obtenha o que pretendia, basta o intuito. 
3.3- Consumação – Ocorre no momento em que o agente realiza a ação de constranger, independentemente de obter ou não o favor sexual buscado. Na hipótese do constrangimento ter sido por escrito, admite-se a forma tentada.
OBS. No art. 216-A foi acrescentado pela lei 12.015, o §2º, com a seguinte redação: “a pena é aumentada em até um terço, se a vítima é menor de 18 anos.”
A doutrina critica essa formula por não prever um mínimo de aumento, somente o máximo é previsto.
4- Estupro de Vulnerável (art. 217-A) “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos”. Reclusão de 8 a 15 anos.
4.1- Introdução – o dispositivo visou substituir a presunção de violência existente na legislação anterior, tratando a matéria de modo claro, prevenindo interpretações divergentes.
4.2- Objetividade jurídica - a liberdade sexual e o desenvolvimento sexual.
4.3- Sujeito ativo – Na primeira modalidade somente o homem. Na segunda é qualquer pessoa. Sujeito passivo deve ser pessoa vulnerável.
4.4- Tipo objetivo – O núcleo do tipo penal é o verbo “ter”, que difere do verbo “constranger” empregados no art. 213. Ou seja, não se exige, nesta forma especial de estupro, que o agente empregue violência ou grave ameaça. CONJUNÇÃO CARNAL E ATO LIBIDINOSO FORAM CONCEITUADOS NO ESTUDO DO CRIME DE ESTUPRO (ART. 213).
Mesmo que sem violência ou grave ameaça, mesmo a vítima consentindo o ato sexual, ainda assim haverá o crime.
PESSOA VULNERÁVEL é aquela menor de 14 anos ou portadora de doença mental ou deficiência mental, que não possui discernimento para a prática do ato sexual ou ainda o que não pode, por qualquer motivo, oferecer resistência (art. 217-A, §1º).
Não incorre no crime o agente que mantém relação sexual com a vítima no dia de seu aniversário de 14 anos, porque a lei se refere a “ menor de 14 anos.” A idade da vítima é provada pela certidão de nascimento ou outro documento idôneo.
A vulnerabilidade pode ser relativa ou absoluta. Pergunta Nucci: Pode-se considerar, o menor de 13 anos, absolutamente vulnerável, a ponto de seu consentimento para a prática sexual ser completamente inoperante, ainda que tenha experiência sexual comprovada?
Ou será possível considerar relativa a vulnerabilidade em alguns casos especiais, avaliando-se a o grau de conscientização do menor para a prática sexual?
Ele entende que essas perguntas devem ser formuladas quanto ao menor entre 12 e 14 anos, já que a criança (menor de 12 anos) a vulnerabilidade deve ser absoluta. 
Por curiosidade, na Espanha e na Argentina o limite mínimo de idade é 13 anos.
Depois que a vítima completa 14 anos, somente poderá ser vítima de crime sexual nas seguintes hipóteses:
1. Se o ofendido, embora voluntário o ato, encontra-se em situação de prostituição (art. 218, §2º, I)
2. Se o ato sexual for praticado sem o seu consentimento (art. 213 ou 215).
Quanto a enfermidade mental ou deficiência mental pode-se sustentar o mesmo: deve-se avaliar a falta de discernimento (caráter absoluto) ou discernimento incompleto (caráter relativo), aplicando-se conforme a situação o art. 215 (violação sexual mediante fraude) ou o art. 217§1º (estupro de vulnerável). Neste caso, não importa a idade do ofendido.
A enfermidade mental deve ser provada pericialmente. Não basta alegar.
Se o agente for enganado quanto a idade da vítima ou as circunstâncias do caso concreto (altura, compleição física, desenvoltura, comportamento, etc.) levarem o agente a presumir que a vítima tem mais de 14 anos, poderá haver erro de tipo (ART. 20, CP).
Quanto a enfermidade mental ou deficiência mental pode-se sustentar o mesmo.
Pode uma pessoa, mesmo portadora de doença mental ou deficiência mental manter relação sexual e isso não configurar o crime em estudo, como no caso de uma pessoa portadora de epilepsia.
A impossibilidade de resistência da vítima é exemplificada quando uma pessoa por debilidade orgânica ou velhice, excepcional esgotamento, sono mórbido, desmaio, embriaguez, em coma num hospital, anestesiada, hipnotizada, etc., não reúne condições de resistir ao ato.
4.5- Consumação – Ocorre nos mesmos moldes do crime de estupro (art. 213, CP).
4.6- Modalidades Qualificadas: Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave, a reclusão passa a ser de 10 a 20 anos (§1º). Se resulta morte, a pena é de 12 a 30 anos.
4.7- Causas de aumento de pena: Estão previstas no art. 234-A E 226, CP:
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA PREVISTAS NOS ARTS. 234-A e 226.
A PENA É AUMENTADA:
1- De metade se do crime resultar gravidez.
2- De um sexto até a metade, se o agente transmitir à vítima doença sexualmente transmissível, de que sabe ou deveria saber ser portador.
3- De quarta parte, quando o crime é cometido mediante concurso de duas ou mais pessoas.
4- De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio ou irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
4.8- Ação Penal – Tendo em vista a vulnerabilidade da vítima, a ação penal é pública incondicionada (art. 225). O processo deverá correr em segredo de justiça.
4.9- Concurso de Crimes – pode ocorrer entre o art. 217-A e lesão corporal (art. 129,CP) ou ameaça (art. 147) se foram estes os meios empregados pelo agente. 
5 -CORRUPÇÃO DE MENORES ( NUCCI DENOMINA este CRIME DE “MEDIAÇÃO DE VULNERÁVEL PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM” –(ART. 218) 
“Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem.” Reclusão de 2 a 5 anos.
“Induzir” é incutir a ideia na cabeça da vítima ou convencê-la à prática do comportamento previsto no tipo penal. Exemplos do crime: Induzir a vítima a realizar um ensaio fotográfico exibindo-se para a satisfação sexual de alguém; 
Com a mesma finalidade, exibi-la durante um banho; induzir à automasturbação da vítima; a ficar deitada sem roupas; danças eróticas semi-nua; streaptease, etc.
Trata-se de uma modalidade especial de lenocínio (ato de tirar proveito da sexualidade alheia), onde o sujeito presta assistência à libidinagem de outrem. (COMPARAR COM O ART. 227).
A mediação para servir a lascívia de outrem envolvendo apenas adultos é crime vetusto e de raríssima aplicação que já deveria ter sido revogado do CP.
Não satisfeito de manter esse tipo penal, o legislador ainda criou a “mediação de vulnerável para servir a lascívia de outrem”. 
Aquele que desafoga na vítima sua libidinagem responde por estupro de vulnerável (art. 217-A). Trata-se de uma exceção pluralística à teoria monista. 
Se A induz (dar idéia) a menor de 14 anos B a ter conjunção carnal com C, responderá pelo art. 218, enquanto C deve ser processado como incurso no art. 217-A (estupro de vulnerável). O partícipe moral tem pena mínima de 2 anos, enquanto aquele que realizou o ato sexual tem pena mínima de 8 anos.
A consequência dessa falta de bom senso será a possibilidade de aplicar por analogia in bonam parte, ao partícipe em geral do estupro de vulnerável a figura privilegiada do art. 218, uma vez que não tem sentido em punir o indutor com pena de 2 a 5 anos e o instigador com pena de 8 a 15 anos. 
Criou-se uma figura privilegiada e inadequada para a participação moral em relacionamento sexual de menor de 14 anos, prejudicando a aplicação da figura de estupro de vulnerável.
Lascívia é a concupiscência, a luxúria, a sensualidade, a libidinagem.
Exige-se que o sujeito passivo seja induzido a satisfazer a lascívia de determinada pessoa. Se o induzimentoé para que a vítima satisfaça a libidinagem de indeterminado número de pessoas, o crime será o do art. 218-B (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável).
5.1- Objetividade Jurídica – é a dignidade sexual e o desenvolvimento sexual normal da vítima, prevenindo seu ingresso precoce na vida sexual.
5.2 - Sujeito Ativo e passivo. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Sujeito passivo é o menor de 14 anos. Se a vítima tem mais de 14 anos, o crime será o do art. 227, CP.
O crime se consuma quando a vítima satisfaz a lascívia de um terceiro. 
Corrupção de menores no ECA.
5.3- Ação penal é pública incondicionada e deve correr em segredo de justiça (art. 234-A).
6-SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (ART. 218-A)
Essa figura é inédita no Código Penal.
“Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer a lascívia de outrem.”
Para a configuração do crime, o agente deve praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso na presença do menor de 14 anos, com a finalidade de satisfazer a lascívia de outrem. A presença do menor no ato sexual é motivo de prazer para um terceiro.
O menor não pratica nenhum ato sexual, mas apenas assiste essas práticas. “Lascívia” é a sensualidade, luxúria, concupiscência. 
Busca-se punir a conduta da pessoa sexualmente desequilibrada, cuja satisfação da lascívia advém da presença de menor de 14 anos durante a prática do ato libidinoso isolado ou em conjunto com outrem.
O agente do crime não tem qualquer contato físico com o menor de 14 anos nem o obriga a se despir ou a adotar qualquer conduta sexualmente atrativa, pois se assim fizesse estaria cometendo estupro de vulnerável. 
O núcleo do tipo prevê a prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso, destinado ao prazer sexual, para satisfação de lascívia própria ou de terceiro.
O menor de 14 anos a tudo assiste. O tipo penal menciona o termo presença e o verbo presenciar, dando margem a interpretação de que o menor deveria estar fisicamente no local onde o ato sexual se desenvolve. 
Não deveria ser assim, pois a evolução tecnológica já propicia a presença – estar em determinado lugar ao mesmo tempo em que algo ocorre – por meio de aparelho apropriado (web Can). Logo, o menor pode a tudo assistir ou presenciar através de TV ou monitores.
A conduta do agente pode consistir em praticar o ato sexual na presença do menor ou simplesmente induzir (dar a idéia) o menor a presenciar o ato de terceiro. O menor não precisa ter consciência da libidinosidade do ato praticado
Nessa última medida, por cautela, deveria o legislador ter inserido os verbos instigar e auxiliar. Porém, se algum deles se configurar, torna-se viável inserir o autor como partícipe do ato sexual de qualquer modo. 
6.1- Objetividade Jurídica – é a dignidade sexual e o desenvolvimento sexual normal da vítima.
6.1- Sujeito Ativo e passivo. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Sujeito passivo é o menor vulnerável.
7- FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE VULNERÁVEL (ART. 218-B)
“Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone.”
Pena: Reclusão de 4 a 10 anos.
EXPLORAÇÃO SEXUAL é expressão nova na legislação penal que significa tirar proveito ou enganar alguém para lucrar. 
Cuida-se de modalidade especial de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, que tem por vítima a pessoa vulnerável. A vulnerabilidade pode ser relativa ou absoluta, conforme exposto no art. 217-A.
Menores de 18 anos e maiores de 14 vulnerabilidade relativa. Menores de 14 anos,vulnerabilidade absoluta. 
Se a vítima tem menos de 14 anos, o crime poderá ser o de estupro de pessoa vulnerável (art. 217-A).
Quanto ao relacionamento sexual do vulnerável, está vedado quando a pessoa tiver menos de 14 anos (estupro de vulnerável), porém somente está proibido para os que possuem menos de 18 anos quando envolver prostituição ou outra forma de exploração sexual.
As pessoas enfermas ou deficientes mentais também se submetem à análise da vulnerabilidade relativa ou absoluta: 
1) enfermos e deficientes que não têm a menor compreensão e discernimento em relação ao ato sexual, a vulnerabilidade é absoluta (estupro de vulnerável).
2) enfermos e deficientes que têm relativa compreensão e discernimento em relação ao ato sexual, a vulnerabilidade é relativa. Pode configurar-se o crime do art. 215, se não houver pagamento pelo ato, ou o art. 218-B, quando no cenário da prostituição.
Nucci entende que a vulnerabilidade relativa deve inserir, dependendo do caso, os menores com idade entre 12 e 13 anos.
Na modalidade “submeter”, a vítima é subjugada pelo agente, sujeitando-se à prostituição ou a outra forma de exploração sexual (Exs: pornografia, turismo sexual, etc.). 
“Induzir’ é semear na mente da vítima a idéia de prostituir-se. “Atrair” é chamar a atenção da vítima para essa atividade, concedendo-lhe alguma vantagem como presentes, viagens, etc.
Na modalidade “facilitação”, o agente pode proporcionar meios para o exercício da prostituição (carro, apartamento, roupas), ou mesmo conseguindo clientes para a vítima.Neste caso a vítima já vive na prostituição.
Pode ainda o crime ser cometido quando o agente impede ou dificulta a vítima de abandonar a prostituição. A vítima se encontra no exercício da atividade, sendo impedida pelo agente de abandoná-la ou quando o agente dificulta o abandono. 
A vítima com doença mental ou com deficiência mental se deixa explorar sexualmente, sem que ninguém mantenha com ela conjunção carnal ou ato libidinoso. Por exemplo: tirar fotos eróticas, trabalhar em casa de prostituição, em casa de disque-sexo, etc.
Se ocorrer ato sexual poderá ocorrer o crime do art. 217-A (estupro de vulnerável).
O tipo é misto alternativo: a prática de uma só conduta configura o crime. Porém, a prática de mais de um verbo mantém o crime único.
A prostituição e a exploração sexual são elementos normativos do tipo, implicando em exercício do comércio do sexo ou sexo obtido mediante engodo.
Portanto, deve existir prova de habitualidade, ou seja, de que o comércio sexual instalou-se na vida da vítima, ainda que por breve tempo.
Se uma pessoa realizou ato sexual uma única vez mediante paga não há prostituição porque não existe habitualidade. 
§2º: Incorre nas mesmas penas quem: 
I- pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18anos e maior de 14 anos na situação descrita no caput do artigo 218-B.
II- o proprietário, gerente ou responsável pelo local (hotel, motel, boate, danceteria, etc.) em que se verifiquem as práticas referidas no caput do artigo 218-B. 
Ler §3º do artigo em estudo.
7.1- Objetividade Jurídica – a dignidade sexual, no que concerne a moralidade sexual e o desenvolvimento sexual.
7.2- Sujeito Ativo – qualquer pessoa.
7.3- Sujeito passivo – é a pessoa vulnerável.
7.4- Consumação – Ocorre com a realização da conduta descrita no núcleo do tipo penal.
Arts.219,220, 221,222, 223 e 224 foram revogados do Código Penal.
Capítulo III – Do Rapto
Art. 219 Revogado.
Art.220 Revogado.
Art. 221 Revogado.
Art. 222 Revogado
Capítulo IV – Disposições Gerais
1-Art. 223 Revogado
2-Art. 224 Revogado
8-AÇÃO PENAL art. 225
“Nos crimes definidos nos capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação”.
Parágrafo Único: “procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável.”
Observação: Em caso de estupro de pessoa adulta, ainda que cometido com violência a ação penal é pública condicionada à representação.
AUMENTO DE PENA –ART. 226: A pena é aumentada:
1. De quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas;
2. De ½ se o agenteé ascendente, descendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.

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