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33 1 Crimes contra o patrimônio - 4 Semestre

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Crimes contra o patrimônio: 
Disciplina: Direito Penal 111 
 Roubo (art. 157) 
 O roubo constitui crime complexo, pois é composto por fatos que 
individualmente constituem crimes. São eles: furto + constrangimento ilegal 
+ lesão corporal leve, quando houver (as vias de fato ficam absorvidas pelo 
constrangimento ilegal). 
→ Objeto jurídico 
 Tutela-se, além da posse e propriedade, a integridade física e a liberdade 
individual. 
→ Elementos do tipo 
 O Código Penal prevê o chamado roubo próprio e impróprio. Roubo próprio é 
a subtração, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, mediante o 
emprego de grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência; no roubo 
impróprio, o agente, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência 
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
 A ação nuclear do tipo consubstancia-se no verbo subtrair, que significa 
tirar, retirar, de outrem, no caso, bem móvel. 
 São os seguintes os meios executórios do crime de roubo: 
 Mediante o emprego de grave ameaça: trata-se do emprego da vis 
compulsiva, ou seja, da grave ameaça, consubstanciada na promessa 
da prática de mal grave e iminente. 
- A ameaça pode ser praticada mediante o emprego de palavras, 
gestos, ou mediante o porte ostensivo de arma. Assim, basta tão somente 
o porte ostensivo da arma de fogo para que se configure a grave ameaça. 
 Observação: frise-se que a exibição da arma deve ser ostensiva, de modo 
que a vítima perceba que o agente a está portando (exemplo, arma na 
cintura). Se a arma está escondida nas vestes da vítima ou se encontra em 
sua maleta, ou em seu veículo, sem que o agente a tenha utilizado 
ostensivamente para intimidar, não há falar no crime de roubo, mas no crime 
de furto. 
 Mediante o emprego de violência física: trata-se do emprego da vis 
absoluta, ou seja, da força física (da qual decorram lesão corporal ou 
vias de fato) capaz de dificultar ou paralisar os movimentos do 
ofendido, de modo a impedir a sua defesa (exemplo, amarrar as mãos 
da vítima). Constitui a chamada violência própria. 
 Observação: trombada, é o choque/colisão, ou seja, a força física 
empregada pelo ladrão contra o corpo do transeunte para lograr subtrair 
os seus bens; no arrebatamento de objeto preso ao corpo da vítima, o golpe é 
dirigido contra o próprio objeto a ser furtado, vindo o dono da coisa a ser 
atingido por repercussão. 
 Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência: 
cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não 
Crimes contra o patrimônio: 
Disciplina: Direito Penal 111 
constitua violência física ou grave ameaça, como fazer a vítima ingerir 
bebida alcoólica, narcóticos, soníferos ou hipnotizá-la. 
→ Objeto material 
 São a coisa alheia móvel e a pessoa humana. 
→ Sujeitos 
a) Sujeito ativo: trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo, 
com exceção do possuidor ou proprietário do bem; 
b) Sujeito passivo: s ofensa perpetrada no crime de roubo pode ser 
 Imediata: é a perpetrada contra o titular do direito de propriedade ou 
posse. Exemplo: violência empregada contra o dono da loja para que 
este entregue o dinheiro do caixa; 
 Mediata: é a empregada contra terceiro que não seja titular do direito 
de propriedade ou posse. Exemplo: agente que ameaça com arma de fogo 
o empregado da loja para que este lhe entregue o dinheiro do caixa. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade de subtrair coisa alheia móvel, com o 
fim especial de tê-la para si ou para outrem. 
→ Formas 
✓ Roubo próprio: está previsto no caput (pena de reclusão, de 4 a 10 anos, e 
multa); 
✓ Roubo impróprio: está previsto no § 1º (pena de reclusão, de 4 a 10 anos, e 
multa); 
✓ Causas de aumento de pena: estão previstas no § 2º (aumenta-se de 1/3 até 
a metade); § 2º-A (aumenta-se de 2/3); e § 2º-B (aplica-se em dobro a 
pena do caput); 
✓ Roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave: se da violência 
resulta lesão corporal grave, a pena será a de reclusão, de 7 a 18 anos, e 
multa. 
✓ Roubo qualificado pelo resultado morte (latrocínio): se da violência resulta 
morte, a pena será a de reclusão de 20 a 30 anos, e multa. 
→ Roubo próprio (art. 157, caput) 
 No roubo próprio, o constrangimento é empregado no início ou 
concomitantemente à subtração da coisa, ou seja, antes ou durante a 
retirada do bem. 
 O roubo se consuma no momento em que o agente subtrai* o bem do ofendido. 
*Subtrair é retirar contra a vontade do titular. 
→ Roubo impróprio (art. 157, § 1º) 
 No roubo impróprio o agente primeiro subtrai a coisa, sem empregar 
qualquer constrangimento contra a vítima, e somente após efetuá-la 
emprega violência ou grave ameaça com o fim de garantir a sua posse ou 
assegurar a impunidade do crime, isto é, evitar a prisão em flagrante ou a 
sua identificação. 
- Exigem-se, portanto, três requisitos: 
Crimes contra o patrimônio: 
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i. Efetiva retirada da coisa; 
ii. Emprego de violência ou grave ameaça logo depois da subtração: pela 
expressão “logo depois”, deve-se entender a imediatidade entre a 
retirada do bem e o emprego da violência ou grave ameaça; 
iii. Finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da 
coisa para si ou para terceiro. 
 A consumação do crime ocorre no momento em que, após a retirada do bem, 
emprega-se a violência ou grave ameaça contra os perseguidores. 
→ Causas especiais de aumento de pena (roubo qualificado) 
 O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo 
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a 
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
- Assim, a pena é majorada quando há: 
i. Concurso de duas ou mais pessoas; 
ii. Transporte de valores: a pena é agravada se a vítima, regra geral por 
dever de ofício (caixeiro viajante, empresa de segurança especialmente 
contratada para o transporte de valores), realiza serviço de 
transporte de valores (dinheiro, joia, etc.). Assim, exige-se que a 
finalidade do transporte seja a condução de valores de uma localidade 
para outra; 
iii. Roubo de veículo automotor; 
iv. Agente que mantém a vítima em seu poder: a pena aumenta-se de 1/3 
até a metade se, no crime de roubo, o agente mantém a vítima em seu 
poder, restringindo a sua liberdade; 
v. Roubo de substâncias explosivas ou acessórios: a pena aumenta-se 
de 1/3 até a metade, se a subtração for de substância explosiva ou de 
acessório que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, 
montagem ou emprego; 
vi. Violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma branca: a 
pena aumenta-se de 1/3 até a metade, se a violência ou grave ameaça 
é exercida com emprego de arma branca. 
 Observação: arma branca é o instrumento que não foi criado especificamente 
para ataque ou defesa, mas que é capaz de ofender a integridade física 
(como, o facão, faca de cozinha, canivete, machado, barra de ferro); 
vii. Emprego de arma de fogo. 
→ Roubo qualificado pela lesão corporal de natureza grave 
 Trata-se de crime complexo, resultante da somatória de roubo + lesões 
graves. Assim, a pena prevista é de reclusão, de 7 a 18 anos, e multa, se 
da violência resulta lesão corporal grave. 
 Consuma-se o crime com a subtração da res e a produção das lesões 
corporais graves. 
→ Latrocínio 
Crimes contra o patrimônio: 
Disciplina: Direito Penal 111 
 Ocorre quando, do emprego de violência física contra a pessoa com o fim de 
subtrair a res, ou para assegurar a sua posse ou a impunidade do crime, 
decorre a morte da vítima. 
- Trata-se de crime complexo, formado pela junção de roubo + homicídio 
(doloso ou culposo). Há, assim, um crime contra o patrimônio + um crime 
contra a vida. 
 O latrocínio é precipuamente um delito contra o patrimônio, já que a 
finalidade última do agente é asubtração de bens mediante o emprego de 
violência, do qual decorre o óbito da vítima ou de terceira pessoa que não o 
coautor. Assim, pode haver dois sujeitos passivos: um que sofre a espoliação 
patrimonial e outro que suporta a violência física ocasionadora do óbito. 
Exemplo: a morte do guarda-costas da vítima. 
 Observação: a morte deve decorrer do emprego de violência pelo agente com 
o fim de se apoderar da res ou assegurar a sua posse ou garantir a 
impunidade do crime. 
 Dá-se a consumação com a efetiva subtração da res e a morte da vítima. 
Assim, só se cogita, aqui, do latrocínio em que há dolo quanto ao resultado 
agravador morte: 
i. Havendo subtração patrimonial consumada e morte consumada, 
teremos latrocínio consumado; 
ii. Havendo subtração patrimonial consumada e morte tentada, teremos 
latrocínio tentado; 
iii. Havendo subtração tentada e morte consumada, teremos latrocínio 
consumado; 
iv. Havendo subtração patrimonial tentada e morte tentada, teremos 
latrocínio tentado. 
 Em que pese o homicídio ser elemento do crime de latrocínio, ele é de 
competência do juiz singular, e não do Tribunal do Júri. 
 Observação: inclui o latrocínio no rol dos crimes hediondos, assim o mínimo 
de pena privativa de liberdade consiste em 20 a 30 anos de reclusão e multa. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 Extorsão (art. 158) 
 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de 
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar 
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
- Pena de reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. 
→ Objetos jurídicos 
 Tutela-se sobretudo a inviolabilidade patrimonial. Secundariamente 
objetiva-se a tutela da vida, a integridade física, a tranquilidade e a 
liberdade pessoal. 
→ Objeto material 
 O objeto material do crime está contido na expressão fazer, tolerar que se 
faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
Crimes contra o patrimônio: 
Disciplina: Direito Penal 111 
→ Elementos do tipo 
 A ação nuclear do tipo consubstancia-se no verbo constranger, que significa 
coagir, compelir, forçar, obrigar alguém a fazer (exemplo, quitar uma 
dívida não paga), tolerar que se faça (exemplo, permitir que o agente rasgue 
um contrato) ou deixar de fazer alguma coisa (exemplo, obrigar a vítima a 
não propor ação judicial contra o agente). 
- Assim, há primeiramente a ação de constranger realizada pelo coator, a 
qual é seguida pela realização ou abstenção de um ato por parte do coagido. 
 O constrangimento pode ser exercido mediante o emprego de violência ou 
grave ameaça, os quais podem atingir tanto o titular do patrimônio quanto 
pessoa ligada a ele (exemplo, filhos, pai, mãe, esposa etc.). 
 Observação: a ameaça é o meio mais comum utilizado pelo agente para 
constranger a vítima a agir ou se abster de determinado comportamento. 
 O tipo penal contém um elemento normativo representado pela expressão 
“indevida”. Ou seja, é aquela vantagem contrária ao direito. Se for devida, 
configura-se o crime. 
→ Sujeitos 
a) Sujeito ativo: cuida-se de crime comum. Assim, qualquer pessoa pode 
praticá-lo; 
b) Sujeito passivo: Podem ser sujeitos passivos aquele que sofre a violência ou 
grave ameaça; aquele que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo; 
aquele que sofre o prejuízo econômico. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consubstanciado na vontade de constranger outrem, mediante o 
emprego de violência ou grave ameaça, a fazer, tolerar que se faça ou deixar 
de fazer alguma coisa. Ademais, também é necessário um fim especial de 
agir, consistente no intuito de obter vantagem econômica. 
→ Momento consumativo 
 Basta que a vítima, constrangida pelo emprego de violência ou grave 
ameaça, faça, tolere que se faça ou deixe de fazer alguma coisa para que o 
crime se repute consumado, não se exige a obtenção da indevida vantagem 
econômica pelo agente. 
→ Formas 
a) Simples: está prevista no caput (pena de reclusão, de 4 a 10 anos, e multa); 
b) Qualificada: a pena passa a ser de 7 a 18 anos de reclusão, se resultar 
lesão corporal grave. Ademais, o crime de extorsão com morte da vítima é 
da competência do juiz singular, e não do Tribunal do Júri. 
→ Causa especial de aumento de pena 
 A pena é aumentada de 1/3 até a metade, nos casos em que 
 Cometimento do crime por duas ou mais pessoas; 
 Emprego de arma: cuida-se aqui das chamadas armas próprias, ou 
seja, dos instrumentos especificamente criados para ataque ou defesa; e 
impróprias, isto é, os instrumentos que não foram criados 
Crimes contra o patrimônio: 
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especificamente para aquela finalidade, mas são capazes de ofender a 
integridade física (canivete). 
- Assim, o fundamento dessa majorante é o poder intimidatório que a 
arma exerce sobre a vítima, anulando a capacidade de resistência. 
 Observação: a arma deve ter idoneidade ofensiva, ou seja, capacidade de 
colocar em risco a integridade física da vítima. Tal não ocorre com o emprego 
de arma desmuniciada ou defeituosa ou arma de brinquedo. 
→ Qualificada: sequestro relâmpago 
 Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica (pena é de 
reclusão, de 6 a 12 anos, e multa). 
 O sequestro relâmpago, em que o agente restringe a liberdade de locomoção 
da vítima, conduzindo-a até caixas eletrônicos, a fim de obrigá-la a 
entregar-lhe o cartão magnético e a fornecer-lhe a senha, para sacar o 
numerário, configurará o crime de extorsão na forma qualificada. 
- Ademais, se do crime de sequestro relâmpago resultar lesão corporal 
grave, terá pena de reclusão, de 16 a 24 anos; ou morte, terá pena de 
reclusão, de 24 a 30 anos. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
- No tocante ao crime de extorsão qualificada pelo resultado morte, a 
competência para o seu julgamento é do juiz singular, e não do Tribunal do 
Júri. 
 Extorsão mediante sequestro (art. 159) 
 Cuida-se aqui da privação da liberdade da vítima, tendo por fim a obtenção 
de vantagem, como condição ou preço do resgate. 
→ Objeto jurídico 
 Por se tratar de crime complexo, formado pela fusão de dois crimes 
(sequestro ou cárcere privado + extorsão), tutela-se a inviolabilidade 
patrimonial e a liberdade de locomoção, além da integridade física (diante 
da previsão das formas qualificadas pelo resultado lesão corporal grave ou 
morte). 
→ Elemento do tipo 
 Consubstancia-se no verbo sequestrar, que significa privar a vítima de sua 
liberdade de locomoção, ainda que por breve espaço de tempo. O objeto 
material deve ser, necessariamente, pessoa, pois o sequestro de um animal 
de estimação para extorquir seu dono. 
→ Sujeitos 
a) Sujeito ativo: trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Assim, o sujeito ativo do crime não é apenas aquele que realiza o sequestro 
da pessoa, mas também o que vigia a vítima no local do crime para que ela 
não fuja e também aquele que leva a mensagem aos parentes da vítima; 
Crimes contra o patrimônio: 
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b) Sujeito passivo: são sujeitos passivos tanto a pessoa que sofre a lesão 
patrimonial como a que é sequestrada. Ademais, se a vítima possuir idade 
igual ou inferior a 14 anos ou maior de 60, o delito será qualificado. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de sequestrar a vítima, 
acrescido da finalidade especial de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate. 
→ Momento consumativo 
 O crime se consuma com o sequestro, ou seja, com a privação da liberdade 
da vítima, independentemente da obtenção da vantagem econômica. 
- Assim, basta comprovar-se a intenção do agente de obter a vantagem como 
condição ou preço do resgate, o que se faz por intermédio das negociações 
entre o sequestrador e os parentes da vítima, via telefone, quanto às 
condições ou preçodo resgate; ou então por meio de mensagens escritas 
enviadas pelos sequestradores. 
 É crime permanente, cujo momento consumativo se prolonga no tempo, 
enquanto a vítima é mantida no cativeiro A cessação do crime depende única 
e exclusivamente da vontade do agente. Além disso, a prisão em flagrante 
pode ser realizada a qualquer momento, enquanto a vítima ainda se 
encontra sob o poder dos sequestradores. 
→ Formas 
✓ Simples: está prevista no caput. Trata-se de crime hediondo; 
✓ Qualificadas: 
• § 1º: pena de reclusão, de 12 a 20 anos. 
i. Sequestro por mais de 24 horas: o crime é punido de maneira mais 
severa se o sequestro dura mais de 24 horas; 
ii. Sequestro de menor de 18 ou maior de 60 anos; 
iii. Sequestro praticado por associação criminosa. 
• § 2º - extorsão mediante sequestro, qualificada pela lesão corporal de 
natureza grave (pena de reclusão, de 16 a 24 anos): trata-se de crime 
qualificado pelo resultado. Assim, pode resultar tanto dos maus-tratos 
acaso infligidos ao sequestrado quanto da própria natureza ou modo 
do sequestro. 
• § 3º - extorsão mediante sequestro, qualificada pela morte (pena de 
reclusão, de 24 a 30 anos): incidem aqui os comentários ao crime de 
extorsão mediante sequestro, qualificada pela lesão corporal de 
natureza grave. Desse modo, a morte da vítima deve decorrer dos 
maus-tratos dispensados ao sequestrado como da natureza ou modo 
do sequestro. 
→ Lei de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, bem como a 
acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva 
colaboração à investigação policial e ao processo criminal 
 Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão 
judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo 
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primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o 
processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: a 
identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; a 
localização da vítima com a sua integridade física preservada; e a 
recuperação total ou parcial do produto do crime. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 Extorsão indireta (art. 160) 
 Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de 
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a 
vítima ou contra terceiro. 
- O agente, portanto, vale-se da situação economicamente mais fraca da 
vítima, que necessita de auxílio financeiro, para extorquir-lhe garantias 
ilícitas em troca da prestação econômica, garantias estas que se 
consubstanciam em documentos que podem dar causa a procedimento 
criminal contra o devedor, caso este não pague a dívida. 
→ Objeto jurídico 
 Tutela-se o patrimônio, assim como a liberdade individual, já que a vítima, 
diante da necessidade econômica, é obrigada a fazer o que a lei não manda. 
→ Elementos do tipo 
 Trata-se de crime de ação múltipla. O tipo penal contém duas ações 
nucleares: exigir, obrigar, reclamar, sendo uma iniciativa que parte do 
sujeito ativo, exige do sujeito passivo, como garantia de dívida, documento 
que pode dar causa a procedimento criminal; ou receber, aqui o agente, como 
garantia de dívida, aceita o documento fornecido por iniciativa da própria 
vítima. Esta, não tendo outros meios de obter o crédito, oferece ao agente 
como garantia da dívida documentos que a incriminem. 
→ Objeto material 
 É o documento exigido ou recebido como garantia de dívida que possa dar 
causa a procedimento criminal contra vítima ou terceiro. 
→ Sujeitos 
a) Sujeito ativo: é quem exige ou recebe o documento como garantia de dívida; 
b) Sujeito passivo: é a pessoa que cede à exigência do agente ou oferece o 
documento como garantia de dívida. 
→ Elemento subjetivo 
 É o dolo, consistente na vontade de exigir ou receber documento que pode dar 
causa a procedimento criminal. 
→ Momento consumativo 
 Na modalidade exigir, trata-se de crime formal, logo, consuma-se com a 
simples exigência do documento como garantia de dívida; na modalidade 
receber, o crime é material, portanto, consuma-se com o efetivo recebimento 
do documento pelo sujeito ativo. 
→ Ação penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
Crimes contra o patrimônio: 
Disciplina: Direito Penal 111 
- Ademais, é cabível a suspensão condicional do processo, em face da pena 
mínima prevista (reclusão, de 1 a 3 anos, e multa). Por ser infração 
cometida sem violência ou grave ameaça contra a pessoa, admite-se a 
substituição da pena privativa de liberdade por pena alternativa.

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