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XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NO ÂMBITO DIGITAL: OS LIMITES PARA SE INVESTIGAR E PRODUZIR PROVAS EM CRIMES VIRTUAIS NO BRASIL Guilherme Brianez da Silva¹ Ricardo da Silveira e Silva² ¹ Acadêmico do Curso de Direito, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. guilhermebrianez1@hotmail.com ² Mestre, professor UNICESUMAR/UNIFATECIE/UNIFCV. advocaciamaringa@uol.com.br RESUMO O principal objetivo desta pesquisa é parametrizar os limites investigatórios de um crime virtual, demonstrando as dificuldades que o Ministério Público e as autoridades policiais possuem ao investigar e o Poder Judiciário ao julgar um crime tentado ou consumado via meio digital. Para tal, os objetivos específicos contribuem a apontar a complexidade e toda a cautela envolvida em uma investigação criminal tecnológica assim como constatar a facilidade e a praticidade em que os crimes mediante dispositivos eletrônicos são praticados. Com a facilitação ao acesso à tecnologia, especificamente à internet nas últimas décadas, os crimes deixaram de existir somente na esfera física, mas também passaram a figurar na esfera virtual através de diversas modalidades, com maior incidência em crimes patrimoniais e contra a honra da pessoa humana. Os crimes virtuais, assim por denominação, são todos aqueles que se utilizam de dispositivo eletrônico e/ou da internet como ferramenta para a sua consumação. Obviamente que com as novas práticas, o legislador brasileiro teve de se atualizar, alterando e incrementando em alguns pontos o Código Penal e criando leis específicas (como por exemplo a Lei 12.737/2012, intitulada Lei Carolina Dieckmann, que promoveu alterações em nossa cartilha penal e dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos) como forma de inibir e prevenir tais ilícitos. Nos dias atuais, onde qualquer pessoa, da mais variada idade, possui em seu bolso um smartphone com acesso à internet, os crimes digitais se proliferaram, sendo o seu procedimento investigatório extremamente delicado pelas autoridades competentes. Empregou-se o método teórico bibliográfico. PALAVRAS-CHAVE: Crimes; Investigação; Produção de provas; Tecnologia. 1 INTRODUÇÃO Devido ao crescimento do número de ocorridos envolvendo crimes virtuais, foi se demonstrando certa dificuldade ao se investigar os respectivos delitos. Com o avanço diário da tecnologia e a criação de novas formas de se praticar os mais variados crimes, o investigador competente deve se atualizar e ter todos os recursos necessários para garantir a efetivação da investigação e a devida produção de provas. Enquanto os indícios de um crime comum são fisicamente existentes, passível de sentidos humanos como visão, tato e olfato, no que tange os crimes virtuais, as evidências se abrigam em dispositivos eletrônicos, de acesso e análise na maioria das vezes desfavorável ao investigador, podendo tais evidências ser facilmente alteradas, modificadas ou danificadas pelo autor do delito ou de interessado pela não identificação do mesmo. Outro empecilho à investigação criminal virtual é que vários serviços utilizados pela população brasileira são de empresas sediadas no exterior, portanto, estas empresas apresentam resistência ao cumprimento de ordens judiciais expedidas pelo judiciário nacional, resultando em evidente conflito de leis, caso a legislação do país sede da empresa seja contrária à brasileira. Cada vez mais o Brasil se submete às leis estrangeiras quando estes provedores de serviços obstam a investigação de um crime virtual se utilizando da normativa de seu país de origem, desta forma, impossibilitando o alcance e a identificação de pessoas que cometem crimes no Brasil, criando uma problemática na jurisdição e comprometendo a soberania nacional. mailto:guilhermebrianez1@hotmail.com mailto:advocaciamaringa@uol.com.br XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 Em contrapartida, o Brasil começa a demonstrar interesse em solucionar parcialmente este problema, tendo em vista que mantém um Acordo de Cooperação Judicial com os Estados Unidos (MLAT’s), para investigação e produção de provas em crimes que possuem elementos internacionais em virtude ao uso da internet, integrado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto Federal n° 3.810 de 2001. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Na presente pesquisa, foi utilizado o método teórico bibliográfico, que consiste na pesquisa de obras, artigos, leis e material eletrônico que abordam o tema. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Espera-se, com este resultado, apontar novas práticas que facilitem as investigações virtuais, como também sugerir alterações legislativas que garantam a efetivação de tais métodos investigativos de forma sólida e sem prejuízos materiais e temporais ao conteúdo a ser colacionado em eventual litígio e promover a devida persecução criminal. Também espera-se demonstrar a importância de acordos de cooperação judicial internacional objetivando na investigação de delitos virtuais praticados em território brasileiro, mas se utilizando de serviços hospedados em territórios estrangeiros. Busca-se aqui também, demonstrar de forma exemplificativa, casos reais de ações judiciais prejudicadas pela limitação em sua investigação e a frustração na produção de provas, analisando principalmente o motivo pelo qual a investigação não se concretizou de forma integral e o prejuízo gerado ao devido processo legal, previsto constitucionalmente. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O avanço da legislação brasileira ao abordar o tema “Crimes Virtuais” vem se mostrando importante quanto às formas de investigação e produção de provas. O investigador hoje, possui maior segurança e concretude naquilo que está investigando e qual a sua finalidade em comparação à 10 ou 20 anos atrás, tendo em vista às tipificações penais criadas com as mais recentes leis. De qualquer forma, o legislador não pode se manter estático frente a esta modalidade de crime, por se tratar de crimes que se atualizam quanto à sua forma dia a dia e também pelo advento de novos delitos. A legislação brasileira ainda hoje se mostra defasada frente à determinados assuntos pertinentes aos Crimes Virtuais, havendo amplo espaço para debates e potenciais projetos de lei. A persecução criminal envolvendo ilícitos virtuais não pode ser prejudicada pela fragilidade da investigação e pela falta de provas, devido ao grande risco de condenações injustas ou absolvições indevidas. Além da necessidade do amplo embasamento legal acerca do tema, a complexidade envolvendo a investigação criminal virtual enseja outros incentivos, como por exemplo o investimento em capacitação do investigador e em estrutura para que o devido procedimento investigatório e a consequente produção de provas sejam concluídas com êxito. As autoridades competentes pelas investigações, como a Polícia Civil de cada unidade da federação e a Polícia Federal devem possuir equipamentos apropriados e avançados para esta finalidade, sendo a realidade atual destes órgãos distante do ideal. XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos e dá outras previdências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm>. Acesso em: 31 jul. 2019. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31 jul. 2019. BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Escola de Magistrados. Investigação e prova nos crimes cibernéticos. São Paulo : EMAG, 2017. JESUS, Damásio de; MILAGRE, José Antonio. Manual de crimes informáticos. São Paulo : Saraiva, 2016. BRASIL. Decreto-lei n° 3.810,de 02 de maio de 2001. Promulga o Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3810.htm> Acesso em: 30 jul. 2019. GUIDI, Guilherme Berti de Campos; REZEK, Francisco. Crimes na internet e cooperação internacional em matéria penal entre Brasil e Estados Unidos. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v.8, n°1, 2018. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3810.htm
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