Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Princípios de Gestão e Ética BASES HISTÓRICAS DA ADMINISTRAÇÃO São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores. Esses conceitos foram evoluindo ao longo do tempo, se ajustando a cada momento histórico. Assim, muito do que se estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que buscavam resolver problemas enfrentados pelas organizações. Apesar da semelhança entre os problemas, em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto era distinto. Origens da administração Referências históricas demonstram que conceitos administrativos de cerca de 1200 a.C. ainda são utilizados hoje. Contudo, a administração surgiu ainda com as primeiras comunidades primitivas. Os homens, em suas expedições de caça e pesca, além de construírem suas próprias ferramentas, também tomavam decisões, planejavam e dividiam o trabalho. Eles precisavam definir a rota de caça, o local onde ficariam acampados, as armadilhas, etc. Assim, pode-se considerar que as expedições já tinham características de organizações, e seus líderes, características de gerentes. • 3000 a.C., Mesopotâmia: Sumérios. Registro de operações comerciais; primeiros dirigentes e funcionários administrativos. A administração foi utilizada na formação de uma sociedade de irrigação idealizada pelos primeiros colonizadores da Mesopotâmia. Como a água era abundante, seu uso foi organizado por pequenas comunidades autossuficientes e interligadas. Os funcionários e esses produtos eram pagos com o que sobrava da agricultura irrigada. • 3100 a.C., Egito: Construção da Grande Pirâmide. Evidências de planejamento, organização e controle. Construíram as pirâmides, que exigiram dos egípcios habilidades técnicas e administrativas para resolver grandes problemas relacionados à mão de obra, aos arquitetos e à logística. • 2350 a 2256 a.C., China: Principio da assessoria utilizado pelo imperador Yao. Uma técnica que se tornou tradicional na administração pública da China foi a de aconselhamento com os assessores, delegando a eles autoridade para a resolução de problemas. • 2000 a.C., Babilônia: Código de Hamurabi. Escrituração meticulosa e ênfase no controle. Tinham um registro de transações comerciais feitos cuidadosamente em placas de argila, com as cores sendo utilizadas para o controle da produção, dos estoques de tecidos e dos celeiros. O código do rei Hamurabi, com 282 regras, é um dos primeiros e talvez o mais famoso conjunto de leis da história. Os babilônios foram responsáveis ainda pela criação de um sistema de incentivos salariais, como o pagamento destinado às mulheres encarregadas da fiação e da tecelagem, que recebiam de acordo com a produção individual. Destacam-se também os assírios, que contribuíram para o grande avanço na área da organização militar, servindo de modelo para exércitos posteriores, principalmente em relação a depósitos de suprimentos, colunas de transporte e companhias para a construção de pontes, demonstrando grande preocupação com a logística. • 1600 a.C., Egito: Descentralização do reino; logística militar. Mantinham uma rede de fortes com soldados assalariados e com suprimentos suficientes para 12 meses. • 1100 a.C., China: Constituição da dinastia Chow: manual de administração com oito regulamentos e regras de administração pública. • 800 a.C., Roma: Criação das instituições administrativas modernas. Construíram e mantiveram o Império Romano por muitos anos com seus princípios e técnicas. Entre as contribuições dos romanos para a administração, estão: o planejamento e o controle das finanças públicas; a autoridade formal e as regras de convivência definidas legalmente; os diversos tipos de executivos, como senadores, magistrados e imperadores; a criação de empresas privadas; a divisão dos povos para governar, entre outros. • 600 e 500 a.C., China: Doutrina sobre comportamento ético dos cidadãos e governantes por Confúcio. Sistematização dos princípios da administração por Mêncio. • 500 a.C., Grécia: Democracia, ética, qualidade, método científico e outras ideias. Produção de ideias e da solução de problemas com debates e proposições sobre temas como democracia, estratégia, igualdade de todos diante da lei, ética na administração pública, planejamento urbano, entre outros. • 400 a.C., China: Prescrição dos princípios de estratégia e comportamento dos gerentes por Sun Tzu. O tratado A Arte da Guerra apresenta teorias para evitar batalhas e intimidar psicologicamente os inimigos utilizando o tempo, em vez da força, para desgastá-los e atacá-los quando estivessem desprevenidos. • 300 a.C., Roma: Modelo de exército influenciando organizações. Grandes filósofos da Antiguidade também contribuíram para a administração moderna. ⎯ Sócrates enxergava a administração como habilidade pessoal; ⎯ Platão, filósofo grego, expôs em sua obra A República sua percepção sobre democracia e administração dos negócios públicos; ⎯ Aristóteles, também filósofo grego, em sua obra A Política, se preocupou com a organização do Estado, dividindo a administração em monarquia, aristocracia e democracia; ⎯ Confúcio, pensador e filósofo chinês, defendia a ideia da meritocracia e do ingresso na burocracia por meio do mérito; ⎯ Mêncio, também filósofo chinês e fiel seguidor de Confúcio, defendia a meritocracia e a democracia, o povo como o elemento mais importante de uma nação e a sistematização para a condução dos negócios públicos, além de que se preocupava com o profissionalismo na administração pública. Nomes como Francis Bacon, René Descartes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Maquiavel também contribuíram significativamente para a ciência administrativa, bem como a Igreja Católica Romana. Assim, grande parte da história da administração é a história de cidades, governos, exércitos, países e organizações religiosas. Foi somente a partir do final do século XIX e início do século XX que a administração começou a ser tratada como ciência, tornando- se um corpo organizado de conhecimentos e teorias. Fases históricas da administração A administração passou por várias fases e vem evoluindo ao longo dos tempos, influenciando o mundo todo. Cada momento de sua história se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. Fase artesanal (até 1780) ➢ Da Antiguidade até a Revolução Industrial. Fabricação de produtos em pequenos estabelecimentos, de forma artesanal e sem padronização. Fase de transição do artesanato à industrialização (1780 a 1860) ➢ Período de adaptação das oficinas para a nova tecnologia da máquina a vapor. Aumento da produção das pequenas indústrias e surgimento das grandes indústrias da época. Primeira Revolução Industrial. Carvão e ferro como principais recursos para o desenvolvimento dos países. Oficinas se transformam em fábricas e usinas; máquinas substituem o trabalho humano. Fase do desenvolvimento industrial (1860 a 1914) ➢ Segunda Revolução Industrial. Desenvolvimento da indústria; aço e eletricidade como principais recursos para o desenvolvimento do País. Influência da ciência e da tecnologia na indústria; surgimento do automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo sem fio, dos bancos e instituições financeiras; invenção do motor à combustão; substituição do vapor pela eletricidade; surgimento de máquinas automáticas e ampliação do mercado. Fase do gigantismo industrial (1914 a 1945) ➢ Época entre as duas grandes guerras em que organização e tecnologias eram utilizadas na indústria bélica; expansão das empresas no mercado internacional; crescente aplicação técnica-científica nas indústrias; ênfase em materiais petroquímicos, contribuindopara o aperfeiçoamento dos setores de transporte e comunicação. Fase moderna (1945 a 1980) ➢ Surgimento de produtos e processos mais sofisticados decorrentes de avanços tecnológicos; surgimento das primeiras empresas de grande porte no Brasil e dos primeiros problemas econômicos, gerando incerteza e imprevisibilidade no mercado. Fase da globalização ou incerteza (após 1980) ➢ Marcada por grandes e novos desafios, dificuldades, oportunidades, ameaças; ambiente complexo e dinâmico; escassez de recursos; concorrência acirrada; dificuldade de compreensão do mercado e de informações; mudança no modelo de gestão das organizações; revolução dos computadores substituindo o homem. A globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Com as mudanças cada vez mais rápidas, o mercado se tornou altamente competitivo e alvo de rápidas transformações políticas, sociais, ambientais e tecnológicas, originando novos perfis de atores sociais, novos concorrentes, novos padrões de consumo, etc. O conhecimento e a informação são outros aspectos fundamentais na administração atual. São considerados uma das principais vantagens competitivas da organização. Na sociedade contemporânea, o acesso às informações é cada vez mais amplo, e a comunicação independe do tempo e da distância. Por isso, as informações precisam ser administradas para que cumpram seu papel. É importante compreender os fluxos de informação como processos que agregam valor à informação e que podem ser explorados para promover melhorias. Uma das funções do administrador é tomar decisões, para tal, ele precisa estar bem informado e conhecer o ambiente em que a organização está inserida, não só o ambiente interno, mas os fatores externos que influenciam sua gestão. O conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações valiosas da mente humana (argumentos, reflexão e síntese), que precisa ser bem gerenciado. A informação e o conhecimento são essenciais nas organizações, pois são a base de todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim como o processo de decisão. Por isso, devem ser geridos para a busca de novas fontes de vantagem competitiva, melhorando o funcionamento da organização e tornando-a mais eficiente. Outros aspectos importantes para a administração nos dias atuais é a mudança de estratégias de gestão e a adoção de práticas de descentralização, que incentivem a criatividade e a inovação. Contar com trabalhadores estimulados, comprometidos e envolvidos com a missão da organização de forma a realizar as mudanças necessárias também é fundamental. É nesse contexto que surge a necessidade de aprimoramento da gestão, ou seja, além de possuir conhecimentos técnicos e teóricos sobre a arte e a ciência da administração, os administradores precisam estar atualizados, acompanhando as mudanças que ocorrem não somente no ambiente que envolve as organizações, mas nos conhecimentos produzidos no campo da administração. Ou seja, o administrador precisa estar em constante processo de aprendizagem, uma vez que o mundo da administração é altamente complexo. Alguns dos desafios que se colocam à administração e aos administradores: • Desafios tecnológicos: necessidade e capacidade de introduzir novas tecnologias para agilizar, flexibilizar e modernizar os processos administrativos. • Desafios sociais e humanos: dirigir pessoas e grupos com competências, experiências e culturas diferentes e particulares. Capacidade de lidar com a diversidade. • Desafios de mercado: conhecer os clientes, a concorrência, os clientes potenciais, o ambiente interno e externo da organização. Satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, agregando valor ao produto ou serviço. • Desafios de negócio: gerar lucros e dividendos para os stakeholders. • Desafios comunitários: manter um bom relacionamento com a comunidade em que está inserida e contribuir para o seu desenvolvimento. • Desafios ambientais: adotar produção consciente, ou seja, respeitar as leis e normas ambientais, não causando danos ao meio ambiente e buscando a sustentabilidade do negócio. • Desafios globais: administrar global e localmente ao mesmo tempo. • Desafios de inovação: criar produtos, processos e sistemas inovadores, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados. • Desafios da concorrência: buscar continuamente meios de alcançar vantagem competitiva e superar a concorrência. • Desafios éticos e sociais: dirigir o negócio com ética e transparência e ser uma empresa socialmente responsável com seu público interno e externo. TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Funções clássicas da administração na elaboração da estrutura organizacional Por meio da Teoria Clássica, foi possível estruturar a forma com que as organizações deveriam exercer suas atividades para garantir a eficiência a todas as partes envolvidas, sejam elas departamentos ou setores, além de todos os colaboradores. Jules Henri Fayol foi o grande responsável por criar a Teoria Clássica da Administração, a partir de uma abordagem sintética, global e universal da instituição. A figura abaixo apresenta as cadeias de comando e escalar, criadas por Fayol Fayol partiu do princípio de que todas as organizações possuem funções básicas, como: • Técnicas: relativas à produção de bens ou de serviços da organização; • Comerciais: referentes a atividades de compra, venda e permutação; • Financeiras: pertinentes à procura e gerenciamento de capitais; • De segurança: relacionadas à proteção e preservação dos produtos e dos indivíduos; Presidente Diretor Gerente Chefe Supervisor Execução • Contábeis: condizentes com inventários, balanços, registros, custos e estatísticas; • Administrativas: referentes à integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas organizam e sincronizam as outras incumbências da instituição, estando sempre acima delas. Faz-se necessário formular o programa de ação da organização, a fim de criar seu corpo social, coordenar os esforços e harmonizar as ações, ou seja, administrar. Para isso, o administrador deverá prever, organizar, comandar, coordenar e controlar para que a organização tenha uma direção a seguir e possa alcançar resultados positivos. Mas a função administrativa não pode restringir-se apenas a níveis hierárquicos mais elevados da organização, já que quanto menor estiver na escala hierárquica, maiores serão as proporções das outras atividades da instituição; já quando se sobe, aumenta-se a extensão e o volume das funções administrativas. Fayol realiza uma distinção entre o conceito de administração e organização, onde a administração é a totalidade da qual a organização é apenas uma das partes. A administração é compreendida como um composto de métodos entrosados e unificados, englobando pontos que a empresa, por si só, não envolve, como controle, comando e previsão. Já a organização incorpora apenas a definição da estrutura e da forma, sendo estática e limitada. Por isso, a organização terá dois conceitos diferenciados: • Organização como uma entidade social: aqui os indivíduos compartilham ideias entre si para alcançar objetivos estabelecidos. Assim, irá significar um empreendimento humano moldado propositalmente para chegar a determinadas metas. As empresas são um modelo de organização social. • Organização como função administrativa: é uma porção do processo administrativo, como comando, coordenação, controle e previsão. Assim, a organização representa o ato de organizar, estruturar e alocar os recursos, além de estabelecer os órgãos encarregados de sua administraçãoe determinar as atribuições e relações entre eles. A Teoria Clássica entende a organização como uma estrutura. Esse pensamento surge a partir da constatação de que a estrutura organizacional é influenciada pelas concepções antigas de organização tradicionais, rígidas e hierarquizadas. A estrutura organizacional é uma rede de controle, ou seja, uma linha de poder que relaciona as posições da organização e define quem se subordina a quem. A cadeia de comando, também conhecida como cadeia escalar, fundamenta-se através do princípio da unidade de comando, que expressa que cada colaborador deve se reportar somente a um superior. Assim, a Teoria Clássica deve ser considerada de cima para baixo, ou seja, da direção para a execução, e do todo dos elementos, realizando o estudo da síntese para a análise, ao contrário do que era compreendido na Teoria da Administração Científica. A divisão do trabalho é outro ponto fortemente defendido por Fayol. Todavia, acreditava que esta conduziria ao domínio e à diferenciação das funções, ou seja, à heterogeneidade. A concepção era de que as empresas com maior distribuição de trabalho seriam mais eficientes do que outras com pouco fracionamento de tarefas. Assim, traz a preocupação com a divisão do nível dos órgãos que constituem a empresa, como os setores, departamentos e unidades. A divisão do trabalho poderá ocorrer em duas direções: • Divisão vertical do trabalho: aponta degraus da organização que possuem diferentes níveis de autoridade. A hierarquia irá determinar a posição das responsabilidades de acordo com a função de autoridade. Em toda empresa existirá uma proporção hierárquica de autoridade. • Divisão horizontal do trabalho: atribui variados tipos de atividades da empresa. Em um mesmo nível hierárquico, cada setor será responsável por uma tarefa específica e própria. Assim, ao atingir homogeneidade e equilíbrio, passará a ser chamada de departamentalização. Percebe-se que a Teoria Clássica da Administração, através de sua preocupação em estruturar as instituições, muito contribui para o desenvolvimento das Teorias da Administração. Princípios clássicos da Administração Fayol estabeleceu princípios gerais de administração, sistematizando sem qualquer criatividade, obtendo-os de vários autores de seu tempo. Os 14 princípios gerais da Administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho: representa a especialização das funções e dos indivíduos para elevar a eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de fornecer orientações e o poder de ser obedecido. A responsabilidade é decorrência da autoridade e quer dizer o dever de prestar contas. 3. Disciplina: necessita da obediência, aplicação, intensidade, respeito, além de comportamento às diretrizes estabelecidas. 4. Unidade de comando: cada colaborador deverá receber instruções de apenas um superior. Trata-se do princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção: uma pessoa e um plano para cada grupo de atividades que possuam o mesmo objetivo. 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: os interesses gerais da organização devem ser superiores aos interesses particulares dos indivíduos. 7. Remuneração do pessoal: deve existir uma satisfação justa e segura para os trabalhadores e para a empresa em termos de retribuição. 8. Centralização: trata-se da concentração da autoridade superior da hierarquia da instituição. 9. Cadeia escalar: série de autoridade que começa desde o escalão superior ao inferior em função do princípio de comando. 10. Ordem: um local para cada item e indivíduo, e cada objeto e pessoa em seu devido lugar. 11. Equidade: gentileza e justiça para atingir a lealdade dos indivíduos. 12. Estabilidade do pessoal: a rotatividade dos colaboradores é desvantajosa para a eficiência da empresa. Quanto maior for o tempo de permanência do colaborador no mesmo cargo, melhor será para a organização. 13. Iniciativa: habilidade de idealizar um plano e possibilitar pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: a relação e a harmonia entre os indivíduos são grandes forças para a empresa. Após Fayol fundar a Teoria Clássica, outros autores propuseram alguns elementos para incrementá-la. Eles acreditavam que não bastava apenas expressar os elementos da administração, era necessário também, determinar as condições e as diretrizes dentro das quais as funções do administrador devem ser empregadas e desenvolvidas. O administrador precisa obedecer às normas de comportamento, ou seja, aos princípios que outorgam as funções de planejar, dirigir, coordenar e controlar. Por isso, surgiram os Princípios Gerais da Administração, sendo capazes de solucionar as dificuldades organizacionais. Urwick sugeriu quatro princípios da Administração: 1. Princípio da especialização: cada indivíduo precisa exercer apenas uma função, o que define apenas uma ocupação, uma divisão especializada no trabalho. Assim, surgem as organizações de linha, de staff e funcional. 2. Princípio da autoridade: deve existir uma autoridade visivelmente definida, conhecida e reconhecida por todos os indivíduos, desde a parte superior da empresa até cada colaborador da base. 3. Princípio da amplitude administrativa: cada autoridade precisa ter um determinado número de subordinados. O superior terá indivíduos para supervisionar, além das relações com os colaboradores que supervisiona. O número correto de subordinados irá diferir a partir do nível e da natureza dos cargos, da complexidade do trabalho e do preparo dos indivíduos. 4. Princípio da definição: deveres, carências e obrigações de cada colocação e suas relações com os outros cargos precisam ser definidos por escrito e comunicados a todos. Teoria Clássica e o gerenciamento contemporâneo Fayol apresentou uma atuação essencial na história da Administração, contribuindo com a criação de métodos que melhorassem o ambiente de trabalho, isto é, passou a refletir sobre a estrutura organizacional, além de todas as esferas da empresa, como as operacionais e as gerenciais. A fim de descomplicar as tarefas e entendê-las melhor, Fayol desenvolveu o reducionismo, ou seja, subdividia as ações realizadas pelos colaboradores em diversas partes mais simples. Após essa desconstrução seria possível analisar e estabelecer melhorias nos processos, sendo possível uni-las novamente, estabelecendo soluções para as organizações. Outro fator apresentado por Fayol foi o mecanicismo, onde o intuito é analisar a causa e efeito de problemas que pudessem surgir na organização. Atualmente, as funções administrativas são formadas pelas áreas das empresas, isto é, receberam o conceito de departamentalização através da produção, do marketing, das finanças, dos recursos humanos, da administrativa, etc. A função administrativa tem a mesma perspectiva que Fayol apresentou em sua obra, pois é incumbida de constituir seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar as práticas. As práticas da Teoria Clássica ainda são as mais aplicadas pelos iniciantes em Administração, já que possibilita uma visão simples e ordenada. Além disso, para a execução de funções administrativas habituais, a abordagem clássica examina o trabalho organizacional em grupos compreensíveis e úteis. Os princípios possibilitam diretrizes gerais que concedem ao administrador o poder de manipular os deveres do dia a dia do seu trabalho com afirmação e confiança. Entretanto, em uma década como a atual, de mudanças e de instabilidades que o país está passando, a Teoria Clássica manifesta-se de maneira rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi criada em tempos de estabilidade e permanência. Entretanto, ainda é indispensável para que as organizações compreendam as bases da moderna Administração.A rotina faz parte da execução das operações das empresas atuais. Algumas instituições permanecem com suas atividades 24 horas por dia, todos os dias do ano, alternando apenas os turnos de trabalho de seus colaboradores, de maneira metódica e ininterrupta. A Teoria Clássica da Administração também destaca aspectos mecanicistas. Afinal, ao ser criada, a organização foi imaginada como uma máquina, onde seria formada por partes, com cargos estabelecidos, padrões de autoridade, subordinação, em que todas as tarefas devem evoluir e funcionar da melhor forma através de padrões estabelecidos. Algumas empresas de sucesso, como o Mc Donald’s, utilizam o modelo mecanicista, construindo uma bela reputação de enorme desempenho no segmento de fast-food. A organização mecanizou as suas lojas da franquia no mundo inteiro, permitindo que todas produzissem o mesmo produto. O consumidor, por sua vez, acaba constantemente avaliando os serviços, a qualidade dos itens e a rapidez no atendimento, pois sabe que deve cobrar e reclamar sempre que identificar algum problema. A abordagem mecanicista nas instituições age perfeitamente em ambientes estáveis, onde se produz sempre o mesmo item, através de práticas contínuas, e essencialmente quando existe subordinação dos colaboradores aos processos planejados. Entretanto, as organizações que adotam rotinas mecanicistas possuem também algumas limitações, como a dificuldade de enfrentar mudanças, a insistência em uma extrema burocracia indesejável, trazendo efeitos sobre os colaboradores, principalmente aqueles que estão em níveis mais baixos na escala hierárquica. Além disso, acabam não planejando suas ações para a inovação, apenas para atingir os objetivos já determinados. Mas é possível manter instituições mecanicistas e adotar a inovação. Para isso, deve existir pesquisa e desenvolvimento procurando saber o que o consumidor deseja. O Mc Donald’s, por exemplo, após analisar a nova tendência de qualidade de vida e reeducação alimentar por parte de seus clientes, realizou o lançamento de saladas em seu cardápio. Assim, demonstrou que conseguiu se adequar às novas exigências do mercado. Enfim, percebe-se que Henri Fayol teve grande influência para o desenvolvimento da Administração como ciência e suas práticas ainda são adotadas em muitas empresas atuais. A Teoria Clássica buscou entender e interpretar as ações e as obrigações que envolvem um administrador, de forma simples e objetiva, possibilitando o seu entendimento e apoiando o desenvolvimento e o futuro da ciência. TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Principais norteadores da Teoria Neoclássica Com a Revolução Industrial, muitas mudanças surgiram em nossa sociedade; no meio empresarial, a principal delas ocorreu, justamente, na forma de administrar. Essas mudanças foram evidenciadas nas primeiras abordagens sobre Administração, por meio do estudo das Teorias da Administração Científica, Burocrática e Clássica – que tiveram grande importância em todo o desdobramento inicial em que foram desenvolvidas. Posteriormente, também foram apontadas pelas Teorias Neoclássica, Estruturalista, Comportamental, das Relações Humanas, dos Sistemas, do Desenvolvimento Organizacional e da Contingência, que construíram, no decorrer de seus estudos, os fundamentos da ciência e da arte de administrar. Tudo isso foi impulsionado por mudanças nas tarefas, nas estruturas, nos relacionamentos com as pessoas nas organizações, no ambiente corporativo e social, na competitividade junto ao mercado e nas novas tecnologias. Toda teoria precisa de um sistema de princípios, que requer definições claras. Os principais norteadores para o embasamento das teorias administrativas são os princípios prescritivos normativos e os princípios descritivos. • Os princípios prescritivos normativos são aqueles que estabelecem e ditam as regras do que deve ser feito e de que forma deve ser feito. • Os princípios descritivos são aqueles que descrevem o relacionamento entre as variáveis de controles geridos pela organização. A aplicação desses princípios proporciona melhoria no entendimento, no desempenho da colaboração interna e na eficiência administrativa, facilitando na análise do trabalho executado e simplificando o treinamento dos trabalhadores; na busca do melhor conhecimento sobre a organização e tudo que possa ser instrumento para o aperfeiçoamento da prática administrativa; no planejamento das ações futuras; na idealização de novos controles; e no agrupamento das atividades diárias de trabalho. A Teoria Neoclássica considera os princípios administrativos prescritivos e normativos como base de sustentação de uma empresa, pois são eles que formam as regras e princípios gerais de funcionamento, determinando parâmetros e normas de como os procedimentos e ações devem ser tomados e executados nas organizações. Os princípios descritivos também se somam a essa abordagem, eles analisam e explicam as organizações de forma descritiva, permitindo ao administrador ou gestor fazer a melhor escolha e decidir a melhor forma de agir, de acordo com o tipo de negócio, atividade, cultura, equipes, etc. Elementos do processo administrativo A base normativa e descritiva dos princípios administrativos desenvolve-se a prática das funções e as características básicas da Administração e dos elementos do processo administrativo. Os elementos do processo administrativo são: • Planejar para determinar caminhos, metas e objetivos a serem seguidos, com foco nas ações que serão implantadas para alcançá-los e nas decisões tomadas. • Organizar para dimensionar e distinguir funções e ações que os indivíduos exercerão em uma organização. • Liderar para dirigir, inspirar, influenciar e conciliar as pessoas para colaborar e cumprir com as metas organizacionais e relacionais em equipes. • Controlar para mensurar e avaliar o desempenho individual e organizacional e assegurar que os resultados aconteçam efetivamente. • Administrar pessoal com enfoque nos resultados se integra à Teoria Neoclássica para preencher e manter funções e cargos na estrutura organizacional formal e na colaboração do trabalho em conjunto, cada um conhecendo os seus papéis e competências a desenvolver e o modo como suas funções e estruturas se inter-relacionam para um trabalho final eficaz. A cooperação entre as pessoas e suas multidisciplinaridades no exercício profissional, por meio das funções e cargos descritos em sua estrutura, somada à clareza de um propósito comum congregam ao objetivo único para atingir as metas organizacionais. Essa visão é o grande diferencial do que trata a Teoria Neoclássica, convergindo aos resultados práticos no dia a dia do trabalho. Peter Drucker, um dos pensadores da Administração, reconhecido como “o guru dos gurus da Administração”, popularizou seus estudos e experimentos administrativos ao concluir que os trabalhadores de uma empresa são os ativos mais valiosos dela. Para ele, toda tomada de decisão deve ser levada até os níveis hierárquicos mais baixos possíveis na organização, por meio de pesquisas e ferramentas de coleta de dados, pois o centro de toda organização são os indivíduos que a formam e a fazem acontecer. A organização passa a ser compreendida também como um ente social, e não apenas um instrumento de lucro. Isso faz com que o administrador precise aprender a lidar com as pessoas. Esse pensamento teve início mais evidenciado nas práticas organizacionais na década de 1950, com a construção da Teoria Neoclássica por seus autores; ele ainda é desenvolvido em grande parte das organizações atuais. Na Teoria Neoclássica, o processo administrativo tende a tornar a Administração mais dinâmica, integrando os conceitos, princípios e técnicas relacionadas com a tarefa de administrar. Escola do Processo Administrativoou Escola Operacional – outros nomes atribuídos à Teoria Neoclássica – reconhece a ciência e a teoria como um grupo central. Ela também recebe contribuições de várias outras escolas, como, por exemplo, a Teoria de Sistemas, os conceitos de qualidade e reengenharia, a Teoria da Decisão, as Teorias de Motivação e Liderança, os comportamentos individuais e coletivos, os sistemas sociais e cooperação, as comunicações. Também se utiliza da análise e de conceitos matemáticos para a medição de desempenho e resultados, filtrando, nesses casos, por aquilo que for aderente, mais útil e relevante para a Administração. Ciência e Teoria da Administração da escola, do processo administrativo e das demais escolas Sistemas sociais e de cooperação Conceitos matemáticos Teoria da decisão Outros conceitos de qualidade Reengenharia Comunicação Teoria de sistemas Teoria comportamental administrativa No exercício prático da Teoria Neoclássica, uma empresa organizada depende de seu ambiente externo: o ramo a qual pertence, as inovações de mercado, o sistema econômico e a sociedade em que participa. Por esses canais de informação, ela recebe seus dados, transforma-os e devolve os resultados ao ambiente. Esses insumos podem ser, por exemplo, os consumidores que exigem produtos de qualidade e com bom preço ou os funcionários que querem salários mais altos. Essa abordagem prática e operacional foi levantada no livro Princípios de Administração, de Harold Koontz e Cyril O’Donnell – um marco da Teoria Neoclássica. O livro expõe temas como administração, planejamento, organização, departamentalização, hierarquização, assessoria, recursos humanos, enquadramento de pessoal, direção, motivação, comunicação, liderança e técnicas de controle de qualidade; ele considera a forma de administrar como um processo de fazer e executar tarefas por meio de equipes diversas, porém com mesmo objetivo, enfatizando a grande importância das pessoas no cuidado, dedicação e excelência na entrega de seu trabalho. A partir dessa ideia, os autores desenvolvem os conceitos de eficiência e eficácia. A tarefa do administrador é interpretar insumos e respondê-los por meio de ações concretas, de maneira eficaz e eficiente, oferecendo respostas como: implantação de um programa de desempenho, de carreira, de meritocracia, de sucessão; busca de parcerias com novos fornecedores; implementação de SAC (Setor de Atendimento ao Cliente). Essas ações podem ser efetuadas pelo campo de observação e análise da eficácia e eficiência organizacional. Para a Administração, quando considerarmos as metas e os objetivos como fatores fundamentais na organização, seremos eficazes; mas, quando nos preocuparmos com o desempenho, o meio pelo qual alcançaremos os resultados, buscaremos a eficiência. Peter Drucker afirma que “fazer as coisas certas” é atingir a eficácia de uma ação ou atividade, e “fazer certo as coisas” é ter eficiência, sendo ágil na entrega da atividade ou tarefa, com baixo custo e qualidade. A eficiência está mais relacionada ao meio e recursos gastos, e a eficácia, aos resultados. Principais estruturas na Teoria Neoclássica Nos processos administrativos, reflete-se sobre as estruturas de decisão e as atividades da empresa, além da forma como funcionam, que pode ser centralizada ou descentralizada. Os processos de centralização são as relações de poder nas tomadas de decisões. Já os processos de descentralização são as relações das atividades. Se as decisões são tomadas nos níveis mais elevados da administração (presidência, diretoria, gerentes), essa estrutura é centralizada no poder, na autoridade. Se as decisões são distribuídas por todos os níveis hierárquicos da empresa, essa estrutura é descentralizada. As formas mais comuns desses modelos de gestão e estrutura se dão pela departamentalização e os seus tipos de composição. Veja alguns tipos de departamentalização: • Funcional: agrupamento das atividades de acordo com as funções da empresa. • Territorial ou geográfica: as atividades são agrupadas por área ou território. Este tipo de departamentalização é utilizado em Vendas e Produção, normalmente em grandes empresas. • Por grupo de clientes: são agrupadas as atividades que mostrem interesse principal pelos clientes, normalmente com maior peso econômico. • Por produto: agrupamento de atividades de acordo com produtos ou linhas de produto, em especial em grandes empresas com diversas linhas de produtos. • Unidades Estratégicas de Negócio (UEN): áreas diferentes de uma mesma empresa são estabelecidas como unidades para assegurar que determinados produtos ou linhas de produtos sejam promovidos e dirigidos, com se cada uma fosse uma empresa – por exemplo, uma empresa química industrial de grande porte. A departamentalização é uma estrutura organizacional tradicional, dividida em diversos níveis hierárquicos e representada normalmente por organogramas. Esses organogramas demonstram graficamente a estrutura hierárquica de uma organização, seus elementos e a interligação das atividades na empresa. Departamento de Publicidade CEO Departamento de Comunicação Departamento de Vendas Diretor Copywriter Community Manager Diretor Criativo Contas Diretor Comercial Gerente de Vendas Comercial Estruturas organizacionais de âmbito global As estruturas organizacionais de âmbito global operam de forma mais específica, diferente das demais estruturas. Este tipo de estrutura depende de inúmeros fatores, como o grau de orientação, o compromisso e os pactos internacionais. Uma empresa pode internacionalizar sua operação, criando uma departamentalização internacional em seus escritórios centrais, liderados, por exemplo, por um gerente de produção. Nessas estruturas, os gerentes devem ser capazes de definir a estrutura de organização mais adequada para suas operações. Nas estruturas organizacionais, os níveis de autoridade nas relações existentes são visíveis. Essa autoridade pode ser distribuída conforme o tipo, o porte ou negócio por exemplo. • A autoridade de linha: é a relação em que um superior exerce autoridade diretamente sobre um funcionário, submetido a sua responsabilidade. • A autoridade de staff: é a relação em que a posição identificada como staff é descrita como um suporte, uma assessoria ou um apoio à linha diretamente a ela designada. • A autoridade funcional: é quando se institui uma relação de delegação a funcionários ou departamento(s) sobre determinadas áreas, processos, práticas, ou alguma questão referente à atividade de outro departamento que não o que pertence. Com o decorrer das análises e constatações de resultados, percebe-se que a organização é um sistema aberto que opera dentro do ambiente e interage com ele. Por meio de seus funcionários, a organização traz influências externas para proporcionar maiores argumentos e experimentações na sua manutenção e crescimento. A Administração é considerada ciência e arte, pois pode ser experimentada e explorada por meio dos estudos feitos; e tem o poder de transformar realidades organizacionais, individuais e de uma sociedade – que se encontra em constante mutação, ainda mais com advento de inovações tecnológicas, comportamentos e metodologias de aprendizagem. ÉTICA E MORAL NAS ORGANIZAÇÕES Os conceitos de ética e moral As palavras ética e moral têm origem nas palavras ethos, do grego, e mores, do latim, respectivamente. Referem-se à reflexão sobre os princípios que direcionam a ação do ser humano, e tornam possível diferenciar o bem do mal, ou o correto do incorreto. A ética deve ser entendida como a busca pela vida bem vivida, e a moral comoa norma e a noção do dever. A ética e a moral devem sempre andar juntas, pois enquanto uma é a reflexão, a outra é a prática. A ética é o conjunto de princípios e valores utilizados pelos indivíduos para responder a três perguntas enquanto refletem sobre o que fazer diante de uma situação: quero? Posso? Devo? A moral é a prática das respostas a essas perguntas. Uma vez que a ética tem relação direta com a teoria e a reflexão, e a moral tem relação direta com a prática e a ação, temos que: ⎯ Problema teórico-ético é o que acontece quando um líder avalia se um subordinado pode escolher entre várias alternativas de ação. ⎯ Problema prático-moral é o que acontece quando um líder está diante de uma decisão de agir numa situação concreta. A ética é uma reflexão sobre aquilo que está acima das regras da cultura de um povo; é uma teoria da moral, uma reflexão sobre as regras e sobre as relações do indivíduo consigo mesmo e com os outros. Ela pode ser definida como uma prática reflexiva, pois está muito ligada à constituição de um ser humano capaz de refletir com liberdade sobre os destinos que quer para a sua vida, devendo ser pensada como uma reflexão sobre a maneira de viver. Ética Moral Reflexão Ação A ética faz parte da área da Filosofia, que estuda os princípios e valores morais da conduta humana e que indica as normas que devem ajustar-se às relações entre os membros da sociedade. Ela tem validade universal, pois não muda com a crença, os valores, os costumes, a cultura e a religião. A moral pode ser definida como um código de regras de obediência a um princípio superior e universal, ou seja, um imperativo categórico e absoluto, como se fosse um “dever”. Ela é um conjunto de regras estabelecidas pela família, pela religião, pela escola, pelo trabalho, pela cultura, e consideradas como válidas para um tempo, lugar e grupo de pessoas. A moral envolve uma ação pautada nas nossas faculdades morais, que são a vergonha, o brio, a honra, a dignidade e os valores. Ela envolve um conjunto de regras assumidas pelo indivíduo como uma forma de garantir o seu bem viver, expressando seus valores, costumes, hábitos e o que deseja e julga bom para a sua convivência em sociedade. A moral envolve a distinção entre certo e errado, justo e injusto, bom ou ruim, para avaliar a ação entre ética e não ética. A moral, ao contrário da ética, depende do lugar, do tempo e do grupo em que o indivíduo está inserido. A ética pode ser caracterizada como: • um princípio; • de caráter permanente; • universal; • uma regra; • teoria; • reflexão. A moral pode ser caracterizada como: • uma conduta específica; • de caráter temporal; • dependente da cultura; • uma conduta da regra; • prática; • ação. As relações entre trabalho e ética Para que um trabalhador alcance a sua excelência profissional, é importante que siga padrões e valores da sociedade e, principalmente, da organização em que trabalha. A credibilidade vem da postura ética adotada pelo trabalhador, uma vez que a sua atuação deve ser consequência de uma reflexão sobre a melhor maneira de agir. A ética proporciona o ganho de confiança e respeito dos gestores e colegas. A ética no trabalho vai além do ponto de vista do dever, da obrigação, ou das normas de conduta que funcionam como um código moral dos funcionários. Ela pode ser entendida como um conjunto de: ⎯ saberes, que forma a moral do trabalho, entendida como algo que define a forma como os trabalhadores devem conduzir as suas vidas enquanto estiverem trabalhando; ⎯ normas éticas que devem formar a consciência do profissional e ser imperativas para a sua conduta; ⎯ princípios morais que devem ser observados no exercício de uma profissão; ⎯ valores e normas de comportamento e relacionamento que são adotados no ambiente de trabalho, no exercício de uma atividade. As organizações adotam padrões éticos profissionais, aplicando-os às suas regras de comportamento internas, visando o bom andamento de todos os processos organizacionais, o atingimento das metas e o alcance dos objetivos estratégicos. A ética no trabalho é a ferramenta de exercício cotidiano de honestidade, lealdade e comprometimento, que conduzem as ações do indivíduo no exercício de suas atividades na empresa. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores. Quanto maior a organização, mais se faz necessário um código de ética, para que ele sirva para padronizar os procedimentos de trabalho e estabeleça regras e valores de conduta para todas as áreas. O código de ética prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área. Normalmente as organizações disponibilizam canais de comunicação próprios para denúncias, em que os funcionários podem relatar fatos de descumprimento das normas estabelecidas no código de ética e que tenham sido observados no ambiente de trabalho ou na relação com clientes. A ética no trabalho serve para construir relações de qualidade com os colegas de trabalho, chefes e subordinados, e para contribuir para o bom funcionamento das rotinas de trabalho, uma vez que relações amigáveis e respeitosas contribuem para o aumento do nível de confiança e comprometimento dos funcionários, refletindo no aumento da produção e do desenvolvimento da empresa. Os comportamentos antiéticos, por outro lado, prejudicam o clima organizacional, afetando o rendimento das equipes. A relação entre a ética no trabalho e os processos de subjetivação, ou seja, a maneira como podemos pensar a ética e o trabalho de forma mais abstrata e subjetiva, pode ser compreendida como: ⎯ um código normativo, que age como um mecanismo disciplinador e de submissão dos funcionários; ⎯ um processo de identificação, relacionado ao reconhecimento social do funcionário como um cidadão; ⎯ o conjunto de possibilidades trazidas pelo código normativo associado ao trabalho, que influencia a ética como prática reflexiva da liberdade, ou seja, uma reflexão sobre as decisões dos trabalhadores quanto ao próprio destino. O grau de liberdade para a reflexão ética vai depender dos valores morais que envolvem as formas de gestão e a cultura das empresas, bem como as restrições que são impostas pelo mercado de trabalho. Algumas profissões têm conselhos de representação que têm a responsabilidade de criar os códigos de ética específicos de cada área de atuação e, também, de fiscalizar o seu cumprimento. Esse código, chamado de código de ética profissional, é o conjunto de normas éticas que devem ser seguidas pelos profissionais enquanto exercem seu trabalho, independentemente da empresa em que estiverem. Ele existe para padronizar procedimentos operacionais e condutas de comportamento, garantindo a segurança dos profissionais e dos usuários de serviços específicos. Ele também prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área. Os efeitos das transformações contemporâneas nos códigos normativos A discussão em torno das transformações da ética no trabalho gera duas definições sobre o tema: ⎯ é um código antigo, com origem na doutrina protestante e que se associou ao espírito capitalista da modernidade; ⎯ é a discussão sobre a remodelação desse código devido às transformações sociais, que possibilitam a reflexão sobre o lugar que o trabalho exerce na vida das pessoas. O termo ética no trabalho, ou ética protestante do trabalho, surgiu no Brasil em 1967, depois da tradução brasileira da obra A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de Max Weber. Ele faz referência às condições morais para o surgimento do capitalismo,condições essas que estavam presentes na ética protestante. O protestantismo foi um movimento religioso que eclodiu na Europa Central, no início do século XVI, como reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval. A motivação psicológica para o trabalho era uma forma de a doutrina protestante se assegurar. O trabalho passou a ser visto como obrigação moral para as pessoas e o capitalismo passou, então, a não precisar mais da religião como um suporte. No princípio, os fundamentos da ética no trabalho eram: • a busca individual do sucesso; • a capacidade de o indivíduo postergar o seu prazer e divertimento em prol do acúmulo de dinheiro; • a aceitação da existência de uma obrigação moral de trabalhar de forma disciplinada, mesmo que o trabalho fosse árduo e difícil; • a obediência às ordens do patrão, sempre com o devido sentimento de obrigação em relação a elas; • a importância do trabalho em todos os aspectos da vida, significando valorização pessoal. Na sociedade industrial, a ética no trabalho passou a ser considerada como um elemento essencial para a modernização da sociedade, e muitos estudos tentaram estabelecer a relação existente entre a ética no trabalho e as transformações possivelmente trazidas pelo capitalismo. No Brasil, o trabalho passou a ser valorizado com a criação da carteira de trabalho, documento que demonstra o exercício da cidadania do indivíduo e o esforço do país em atribuir ao trabalho um caráter essencial na vida dos indivíduos. O trabalho passou a ser visto então como uma fonte de dignidade e de moralidade e uma ferramenta de ascensão na sociedade, além de uma forma de servir ao sustento do país por meio da submissão e da obediência. Atualmente, a relação entre trabalho e cidadania e a associação dos valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova estruturação do capitalismo. Nos países capitalistas, os códigos normativos começaram a passar por transformações contemporâneas devido ao aumento do individualismo, à diminuição dos laços sociais, à cultura do narcisismo, à perspectiva de incerteza generalizada na sociedade, à competição extremada, à destruição das garantias das estabilidades e à consideração do código moral como algo de importância relativa. A sensação de insegurança e a impossibilidade de planejar o futuro a longo prazo, decorrentes do modelo produtivo da atualidade, começaram a afetar o caráter dos trabalhadores, que passaram a se sentir hesitantes com relação ao padrão moral de comportamento que será oferecido para as próximas gerações. As pessoas se sentem incapazes de transmitir parâmetros sobre o que é certo ou errado. A nova configuração de mundo e sociedade gera incertezas, tornando indefinidos os critérios para o julgamento moral. O comportamento passou a se deslocar da ética profissional para a ética do consumo, que é caracterizada pela necessidade de satisfação imediata. A transformação do trabalhador da modernidade, que era produtor, para o consumidor contemporâneo, indica uma acentuação do individualismo: o consumo é essencialmente individual, enquanto o trabalho é coletivo. Além disso, os novos modelos de gestão procuram individualizar os trabalhadores que exercem suas atividades em equipe, visando avaliá-los. Passou a existir uma nova forma de reflexão da ética, que surgiu da sociedade moderna e teria como fundamento os cuidados dos indivíduos consigo mesmos. Antes, no modelo cultural da era industrial, os cuidados próprios estavam sempre relacionados com as obrigações frente aos outros, sendo que esses outros podiam ser a religião, os filhos, os amigos próximos, a família e a sociedade como um todo. A autorrealização do indivíduo era proporcionada pelo esforço do trabalho, projetado no futuro. Nesse novo modelo de reflexão ética, a satisfação imediata é o que importa, e existe a sensação de um presente permanente, o que traduz a importância do individualismo. As altas taxas de desemprego, as modificações tecnológicas e as alterações organizacionais das empresas são, na realidade, os dispositivos responsáveis pelas transformações na reflexão ética. A ética, como está hoje, é sustentada pelo individualismo, por um dever do indivíduo para com ele próprio, em uma busca incessante pela sua autossatisfação. O individualismo da atualidade também está ligado à solidariedade, só que uma solidariedade direcionada para com os grupos aos quais as pessoas são mais próximas, ou seja, para com a sua microssociedade. Assim, são formadas comunidades pela livre escolha dos indivíduos, ao contrário do que acontece com as relações no trabalho, que são impostas. A crise de identidade pela qual as pessoas passam na atualidade está relacionada com a crise no modelo cultural, pois todo o conjunto de significados e valores que existia está, hoje, desestabilizado. Essa crise cultural provoca nos indivíduos mais jovens uma reflexão sobre as melhores formas de existir. Ela passa a ser uma crise da própria identidade do indivíduo, que se vê em uma situação de indefinição, uma vez que a liberdade existente para as escolhas quanto ao modo de viver – como relacionamentos amorosos, lazer, amizades, divertimentos, produtos de consumo, entre outros – não existe no trabalho e no mundo profissional. Até mesmo a escolha do próprio trabalho é limitada pelas imposições estabelecidas pelo mercado. A saída para os indivíduos mais jovens poderia ser, então, a transferência da sua realização pessoal para a vida fora do trabalho, pois esta não seria moderada por regras e princípios morais. A consequência disso, a longo prazo, pode ser o surgimento de um indivíduo contemporâneo completamente desconectado do que é social, alguém que não vê sentido na sociedade, que ignora o fato de fazer parte de uma sociedade e que, por isso, não possui senso de responsabilidade para com as regras sociais. O individualismo exagerado pode conduzir o indivíduo a achar que não é nada, e que não está ou não pertence a qualquer lugar. O código moral referente ao trabalho na sociedade atual vai se transformando à medida que o capitalismo muda suas estratégias para dominar, cada vez mais, o mundo. A ética, então, volta a se tornar essencial na nossa sociedade, pois o aumento do individualismo, que se revela sob a forma de narcisismo, resulta da impossibilidade de se pensar em um futuro, o que traz uma vontade incontrolável de aproveitar os momentos do presente da forma mais intensa possível. A perspectiva desse tempo presente, que pede essa pressa dos indivíduos, traduz a ausência de princípios que possibilitem enxergar um sentido para a vida em comunidade, o que denota uma fragilidade nos laços sociais e um fortalecimento do individualismo, consequência da destruição dos valores e da dissolução dos laços centrados no trabalho, sem que eles tenham sido substituídos por quaisquer outros que não sejam apenas aqueles que valorizam a própria existência. Somente o respeito pelo outro e o reconhecimento de que temos limites e somos finitos é que podem acabar com o individualismo e possibilitar um retorno à solidariedade. A ética profissional é um conjunto de padrões de conduta que normalmente está estabelecido nos códigos normativos das empresas, mas é também um elemento de reconhecimento e identificação da sociedade. A transformação dos códigos morais e a consequente mudança na ética do trabalho dependem do grau de liberdade existente para uma prática reflexiva, indispensável para se pensar a ética. A atual conjuntura implica uma transformação do código moral que sustenta as relações em sociedade. A ética no trabalho muitas vezes surge somente como uma teoria, e não como algo presente na rotina de ações das pessoas. Embora seja algo ainda muito solicitado no perfil de executivos, a ética se encontra subordinadaa valores maiores, que são o individualismo e a competitividade.
Compartilhar