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Natáli� Baron� Spach� Resumo de assuntos abordados para P2 VETT 375 Fluidoterapia: AFECÇÕES COM INDICAÇÃO DE TRATAMENTO COM FLUIDOTERAPIA Afecção a ser tratada Causas Informações adicionais Como identificar? Achados laboratoriais Tratamento Fluidoterápico (REGIME DE REPOSIÇÃO) - quadros leves de desidratação (5 a 10%)) onde não há hipotensão e choque associados Desidrataçã o → Quando ocorrem alterações na entrada de líquido no organismo, mas principalmente de aumento de perdas de líquido do organismo, o paciente entra em desequilíbrio hídrico (desidratação). A causa mais comum de desidratação é pelo aumento de perdas de líquido, principalmente perdas pelo TGI (vômito e diarréia). A perda maior de água pelo corpo associada a uma menor ingestão hídrica (animal com vômito e diarreia fica prostrado, deixando de ingerir água e alimentos), faz com que se instale um quadro de desidratação. → A desidratação, de início, atua com maior intensidade no espaço intersticial. Isso ocorre pois com a perda de água corpórea generalizada, mecanismos de manutenção hídrica dentro das células e dos vasos são ativados, já que a presença de quantidades normais de líquido nos vasos e dentro das células é fundamental para o indivíduo se manter vivo. Como a água do espaço intersticial é de menor importância no organismo do que a dos outros espaços citados, o organismo primeiramente faz uso dessa reserva intersticial de líquido, o que gera um Déficit de líquido no Espaço Intersticial. → Através da anamnese e do exame físico já se pode classificar o paciente em percentual/grau de desidratação: -Indetectável: < 4%; -Grau leve: 4-5%; -Grau moderado: 6-8%; -Grau grave: 10-12%; -Grau gravíssimo (desidratação severa, hipovolemia, choque, risco iminente de morte): 12-15%. → Objetivo de realizar Fluidoterapia: - Animais com grau leve, moderado e grave: Reposição de volume perdido. Pode ser feita lentamente. - Animais com desidratação severa (>12%): Regime de Ressuscitação (há necessidade de reversão rápida do quadro). São administrados grandes volumes de fluido e de forma rápida no intuito de retirar o paciente do estado de choque hipovolêmico. → Sinal clássico de desidratação: O sinal mais clássico de desidratação pode ser observado através do Turgor cutâneo (pregueamento de pele na região toracolombar). Como há pouca quantidade de líquido no espaço intersticial no paciente desidratado, ao puxar e soltar a pele do animal, a mesma demora a voltar a seu estado natural. → Identificação da desidratação: É feita através da anamnese + exame físico + exames laboratoriais complementares. -Anamnese: relato do tutor referente a falta de ingestão hídrica e alimentar sugere paciente desidratado; -Exame físico: é onde podemos confirmar o relato do tutor através da utilização de parâmetros clínicos para avaliar grau de hidratação ou desidratação dos pacientes. São observados: turgor cutâneo, umidade de mucosas, posição do globo ocular e nível de consciência do paciente; -Exames complementares laboratoriais: Hematócrito e Proteína total. Ambos mensuram sólidos totais presentes no sangue. Sendo assim, um paciente desidratado apresenta esses marcadores aumentados. → ⬆Ht → ⬆Pt total → ⬆Densidade Urinária (considerando um paciente com função renal normal) → ⬆Uréia e Creatinina (Azotemia pré-renal): pela diminuição do fluxo sanguíneo renal por conta de hipotensão e hipovolemia geradas pela desidratação (mecanismo do organismo para preservar volume de sangue para coração, cérebro e grandes vasos, causando vasoconstrição para os demais órgãos e tecidos). → Não se deve usar solução hipertônica. → São utilizadas soluções cristalóides isotônicas (de tonicidade semelhante à do plasma); → Para casos de vômito e diarréia (perdas gastrointestinais) as soluções de preferência são soluções com eletrólitos. Essas soluções são mais balanceadas, ou seja, a sua composição em termos de eletrólitos é parecida com a composição plasmática: ● Solução Ringer com lactato; ● Solução Ringer simples; ● Solução fisiológica e glicofisiológica. → A solução glicosada a 5% pode ser usada também, porém ela não possui eletrólitos, e quando estamos diante de pacientes com vômito e diarréia é importante que se faça a reposição de eletrólitos. Sendo assim, a solução glicosada é utilizada mais para manutenção, exceto se o paciente tiver hipoglicemia associada (mas nesses casos geralmente não se usa a solução de glicose a 5%, mas sim ampolas de glicose com concentrações bem maiores). Afecção a ser tratada Causas Como identificar? Tratamento Fluidoterápico (REGIME DE RESSUSCITAÇÃO) Hipovolemia → A hipovolemia Alguns achados clínicos indicam situações de → Com uso de CRISTALÓIDES: Natáli� Baron� Spach� se instala quando há perda aguda de volume circulante. Isso pode ser decorrente de: -Desidratação grave; -Grandes hemorragias (politraumatismos) . hipovolemia e choque. Esses sinais são conhecidos como Estágios do Choque: → Estágio 1 - paciente compensado: Há atuação de mecanismos compensatórios tentando restabelecer volume sanguíneo e pressão sanguínea: -Liberação de adrenalina e noradrenalina. A maior liberação de catecolaminas provoca vasoconstrição periférica, concentrando o fluxo de sangue para grandes vasos, cérebro e coração; - FC e FR de normais a aumentadas (taquicardia e taquipnéia), pois pacientes estão sob o efeito de adrenalina; -Paciente alerta, assustado, atento (estado de luta ou fuga). → Estágio 2 - paciente com descompensação inicial:Nessa fase também ocorre atuação dos mecanismos compensatórios com liberação de muita adrenalina e noradrenalina, mas o paciente começa a apresentar outros sinais como: - Taquicardia e Taquipnéia mais pronunciadas; - Mucosas pálidas; - TPC < 2seg (dentro da normalidade) → isso ocorre graças a liberação de adrenalina e noradrenalina; - Pulso fraco com sinais iniciais de hipotensão e hipotermia; - Nível de consciência diminuído em relação ao do estágio 1. → Estágio 3 - paciente em descompensação terminal:Esta é a fase tardia do choque. Os pacientes nessa fase apresentam: - FC reduzida; - Mucosas pálidas ou cianóticas; - TPC ausente; - Pulso fraco; - Hipotensão severa; - Hipotermia; - Alto nível de alteração de consciência (estado de estupor). ● Faz-se o volume de fluido em bolus IV de 20ml/kg, podendo chegar até a valores de 90ml/kg em cães e de 10 a 50ml/kg em gatos. ● Preconiza-se estabilizar os animais antes de se chegar aos valores “teto” de administração. ● O risco dessa prática é uma administração de fluido em excesso, o que pode gerar edemas. ● Exemplificando em cães: ○ Inicia-se com um bolus de 20ml/kg durante 10 minutos; ○ Se em 10 minutos o animal não apresentar melhora, deve-se acrescentar 10ml/kg de fluido a cada 10 minutos; ○ Se após 30 minutos o paciente ainda não tiver respondido à terapia, é indicada a associação de simpatomiméticos como Efedrina, Dopamina ou Dobutamina, no intuito de elevar a PA; ○ Deve-se monitorar os sinais vitais do paciente, principalmente a Pressão Arterial, que em pacientes em choque é menor do que 80mmHg. ○ O paciente se mostra estabilizado quando possui PA igual ou maior do que 80 mmHg. → Com uso de COLÓIDES: ● São realizados bolus menores do que os de cristalóides. São bolus de 5 a 10ml/kg EV durante 10 a 20 minutos (tempo maior do que quando se usa somente cristalóides); ● Além do colóide, administra-se conjuntamente 10mg/kg de solução cristalóide e se observa a resposta do paciente durante o processo; ● A diferença básica da ressuscitação com colóides é que o fluido colocado dentro dos vasos possui também macromoléculas que tendem a permanecer mais tempo no espaço vascular. Por conta disso os colóides são chamados de expansores de volume plasmático → levam ao aumento da PA (desejado em paciente com hipovolemia); ● Os colóides sintéticos possuem maior quantidade de moléculas maiores do que os colóides naturais, como o plasma. Sendo assim, os colóides sintéticos possuem maior capacidade de expansão do volume plasmático. Além disso, há menos risco de reaçõesadversas quando se trabalha com colóides sintéticos, em relação aos naturais. → Com uso de SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA 7,5%: ● Essa solução é uma solução cristalóide que pode ser utilizada em pacientes com choque, porém não é indicada para uso em pacientes com desidratação; ● É aplicada em menor volume do que as duas soluções anteriormente citadas: 3 a 5 ml/kg em bolus IV; Natáli� Baron� Spach� ● Essa solução tem alta osmolaridade pois contém muito sódio. Administrando, então, essa solução por via endovenosa o sódio aumenta a osmolaridade plasmática e acaba atraindo água para dentro dos vasos. Isso aumenta o volume circulante e aumenta a PA. ● Em uma situação de hipotensão é desejável. Porém, quando temos um paciente que já está desidratado (como no caso das gastroenterites), a solução hipertônica já não surte tanto efeito. → O efeito da solução hipertônica é de atrair para o meio vascular, a água presente no interstício, porém os animais com desidratação intensa possuem pouca água no interstício, tornando o efeito da solução hipertônica nulo ou gerando agravamento da desidratação intersticial e intracelular. ● A solução hipertônica, portanto, terá melhor resultado em pacientes com condição hídrica normal. Sendo assim, ela é mais utilizada para pacientes que cursam SOMENTE com hipovolemia (casos de pacientes politraumatizados e com choques hipovolêmicos em decorrência dos traumas). Em pacientes desidratados por uma gastroenterite não se utiliza a solução hipertônica, pois pode agravar a desidratação intersticial e pode gerar problemas intracelulares. Tipos de Fluido para Fluidoterapia Soluçõe� Cristalóide� Soluçõe� Colóide� ● Compostas basicamente por água com eletrólitos e glicose ○ exceto a solução glicosada, que não contém eletrólitos; ● São baratas; ● Exemplos: ○ Solução ringer; ○ Solução ringer com lactato; ○ Solução fisiológica (NaCl 0,9%); ○ Solução glicosada a 5%; ○ Solução glicofisiológica. ● As soluções cristalóides são líquidos que quando administrados em via endovenosa, permanecem pouco tempo no espaço vascular, extravasando rapidamente para o interstício → por esse motivo são muito empregadas para correção de desidratação; ● Cuidados em relação ao volume de fluido administrado: ○ Não administrar volume excessivo pois isso pode gerar formação de edemas. Se gerar edema pulmonar, há risco de óbito. ○ Calcular bem o volume a ser administrado em gatos e em cães muito pequenos. ● Contém moléculas de peso molecular elevado; ● São mais caras do que as soluções cristalóides; ● Exemplos: ○ Colóides Naturais: ■ Sangue total ou Derivados do sangue (ex.: plasma) → líquido + células + albumina (alto peso molecular), etc. ○ Colóides Sintéticos: ■ Soluções de amido a 6% (solução composta por Amilopectina. Seu nome comercial é Voluven); ■ Soluções à base de hidroxietilamido a 6% (nome comercial: Plasmin). Vias de Administração de fluidos Intravenosa ou Endovenosa Intramedular/Intraóss ea SC Intraperitoneal Oral (enteral) Natáli� Baron� Spach� É a via de administração preferencial, sobretudo em casos mais graves (hipovolemia). É uma boa opção para administração em pacientes muito pequenos, como neonatos, nos quais a punção das veias é difícil. Realiza-se a administração com a colocação de uma agulha no canal medular de ossos como fêmur e crista ilíaca. Quando feito por essa via de administração, o fluido tem absorção bastante lenta, por conta disso essa via não é indicada para pacientes em estado grave. Podem ocorrer reações cutâneas no local de administração. Utilizada para volumes de aplicação entre 50 a 100ml. Via não muito recomendada por ser mais invasiva, com risco de contaminação e mais dolorida. É a via de administração “mais fisiológica”, mas possui a limitação do paciente estar apresentando quadro de vômito, por exemplo. (Cães e Gatos apresentam vômito com um problema muito frequente. Nesses pacientes com vômito a administração oral não é suficiente). ETAPAS DA FLUIDOTERAPIA 1) Reposição de déficit ➔ A estipulação/cálculo do déficit hídrico é feita a partir do percentual de desidratação observado no exame físico do paciente: Volume de fluido a ser administrado (mL) = (% de desidratação x peso do animal x 10) ➔ Quando a reposição do déficit ocorre em situação de emergência ela é chamada de Regime de Ressuscitação. ➔ Quando a reposição do déficit ocorre em situação não emergencial, apenas para reidratação, e não para restabelecimento rápido da volemia e da pressão, ela é chamada de Regime de Reposição. 2) Manutenção ➔ Ocorre depois da reposição do déficit considerando requerimentos basais de líquido em 24h e uma estimativa das perdas. 1a) Regime de Ressuscitação 1b) Regime de Reposição Basal + Perdas ● Regime de reposição de déficit para pacientes emergenciais (hipovolêmicos e com hipotensão severa - com risco iminente de morte); ● Consiste na administração de grandes volumes de fluido (em bolus) por via endovenosa em um curto espaço de tempo (5 a 10 min. por bolus). ● Regime de reposição de déficit para pacientes não emergenciais. ● É realizada infusão lenta, ao longo de várias horas (6 a 8 horas iniciais do primeiro dia de internação) ● Administra-se uma quantidade específica de fluido determinada pelo cálculo que leva em consideração: ○ o requerimento basal do volume de líquido que o animal precisa ingerir em 24h ; ○ e a estimativa das perdas de líquido que estão ocorrendo (se for perda por vômito e diarréia intensos, utilizam-se valores de perda de 40 a 60ml/kg/dia) ● Requerimento basal: ○ Calculado em média por 50mL/kg/dia. ○ Cães de porte grande: esse valor pode ser menor, pois o animal é mais pesado → 30 a 40mL/kg/dia ○ Gatos ou Cães de porte pequeno: considerar um volume de requerimento basal maior → 60 a 70 mL/kg/dia. ● Perdas gastrointestinais: ○ São perdas não muito sensíveis, ou seja, de difícil mensuração exata. Por conta disso, utilizam-se valores estimados entre 40 a 60 mL/kg/dia (média de 50mL/kg/dia). Ordem das etapas da fluidoterapia: ● Paciente Desidratado gravemente e hipovolêmico (em choque): 1 → 1a → 1b → 2 ○ Pacientes que são acometidos por gastroenterites geralmente cursam com desidratação (déficit de líquido no espaço intersticial) por conta de perda por vômito e diarréia, e hipovolemia (déficit no volume vascular) associados. São casos emergenciais. Natáli� Baron� Spach� ○ Nesses casos, a hipovolemia deve ser corrigida prioritariamente, e isso é feito através do Regime de ressuscitação (ETAPA 1a), onde parte do fluido a ser administrado (definido pelo cálculo do déficit (ETAPA 1) é realizado. ○ Após o Regime de ressuscitação, o paciente recebe o restante do fluido calculado anteriormente na ETAPA 1b, a de Regime de Reposição. ○ Exemplo de caso → Animal com 10kg da entrada no HOV no dia 1, com 12% de desidratação: ■ 1) Cálculo do déficit hídrico (ETAPA 1): ● 12 x 10 x 10 = 1200 mL ■ 2) Regime de ressuscitação (ETAPA 1a): ● No regime de ressuscitação o animal recebeu 400 ml de fluido em 30 min, que deve ser subtraído do volume total calculado→ 1200 - 400 = 800mL ■ 3) Regime de reposição (ETAPA 1b): ● Os 800ml restantes do volume de déficit serão administrados de forma mais lenta (nas primeiras 6 a 8h), pois o paciente já saiu do estado de choque e portanto não precisa mais do regime de ressuscitação; ■ 4) Fluidoterapia de manutenção (ETAPA 2): ● Nesse ponto acabamos de repor o déficit hídrico do animal e nas horas seguintes até completar as primeiras 24h faz-se o volume de fluidoterapia basal + perdas. ■ 5) No caso de o animal precisar ficar internado mais de 1 dia (mais de 24h): ● Se o animal necessitar ficar mais de um dia internado, no segundo dia a fluidoterapia instituída será somente com o volume basal + perdas, pois nesse dia o paciente já não tem mais déficit hídrico (ele está em equilíbrio hídrico desde que foi aplicado o volume de fluidoterapia referente a reposição de déficit). ● Paciente Desidratado, mas não em estado de choque: 1 → 1b → 2 ○ Exemplo de caso → Animalcom 10kg dá entrada no HOV as 8h00 da manhã, com 8% de desidratação: ■ 1) Cálculo do déficit hídrico: ● 8 x 10 x 10 = 800mL ■ 2) Reposição do déficit hídrico (ETAPA 1 e 1b): ● A reposição do déficit deve ser feita nas primeiras 6h de internação do animal, ou seja, 800mL distribuídos das 8h00 da manhã até as 14h00 da tarde. ■ 3) Cálculo do requerimento basal e das perdas (ETAPA 2): ● requerimento basal médio = 50ml/kg/dia ○ animal com 10kg → requerimento basal = 500ml/dia ● perdas médias = 50mL/kg/dia ○ animal com 10kg → perdas = 500ml/dia ■ 4) Estabelecimento do volume de manutenção (ETAPA 2): ● Volume de manutenção = requerimento basal + perdas = 500ml/dia + 500ml/dia = 1000mL/dia ■ Em resumo: ● Para esse animal deveria ser feito 800mL para reposição do déficit nas primeiras 6h (até as 14h), e durante as 18h restantes do dia (24h de internação) administrar 1L (até às 8h do dia seguinte). ● Volume total administrado em fluidoterapia = 1,8L Observações quanto às etapas de fluidoterapia: ● A reposição de déficit e a manutenção basal e de perdas devem ser realizadas durante as primeiras 24 horas de internação do paciente. ○ Opções de administração: ■ administrar o volume de reposição de déficit durante as primeiras 6 horas de internação e o volume de manutenção durante as 18 horas finais do dia. ■ dividir o volume total a ser administrado na fluidoterapia (reposição + manutenção) durante as 24 horas do primeiro dia de internação. ○ Apesar de termos estas duas opções, o mais recomendado é que se faça o cálculo em separado do volume de reposição e do de manutenção pois muitas vezes, no fluido de manutenção necessita-se de adicionar cloreto de potássio, já que os animais que cursam principalmente com vômito e diarréia e que não estão se alimentando bem, precisam de reposição deste sal (estão hipocalêmicos). Para a reposição de potássio temos que nos atentar a velocidade de administração (existe uma velocidade que não pode ser ultrapassada). A velocidade deve ser lenta para não ter risco de causar arritmias. Fluidoterapia de MANUTENÇÃO: ● Na fluidoterapia de manutenção deve-se evitar que todo o volume de manutenção seja baseado somente em ringer e ringer+lactato, pois se isso ocorrer, há risco de acabarmos fornecendo sódio em excesso para o paciente; ● A administração de sódio em excesso gera muita sede no animal e pode causar alterações cardíacas e edemas; Natáli� Baron� Spach� ● É recomendado então, que para a fluidoterapia de manutenção se intercale solução de ringer com solução glicosada na proporção 1:2 respectivamente; ● O volume de manutenção deve ser recalculado por dia (a cada 24h) e a fluidoterapia de manutenção é realizada até o momento de alta hospitalar. ● A alta hospitalar ocorre a partir do momento que o animal vai aceitando os volumes necessários de fluido por via oral, e portanto não há mais necessidade de administração IV e nem de internação. Transfusão sanguínea (HEMOTERAPIA): Transfusão Sanguínea ou Hemoterapia Definição Ato de transferir sangue ou hemocomponente de um doador para um receptor. Material Transfusionado Sangue total Mais comum de ser transfusionado. Hemocomponentes São derivados do sangue. A transfusão de Hemocomponentes é mais comum na medicina humana. Exemplos: ● Concentrado de hemácias; ● Plasma fresco congelado; ● Crioprecipitado (rico em fator VII e usado para tratar hemofilia) Tipos sanguíneos Cães Os tipos sanguíneos caninos são denominados de DEAs (Antígenos Eritrocitários Caninos, traduzidos do Inglês). Existem ⅞ subtipos sanguíneos de cães: ● DEA 1.1, 1.2 e 1.3; ● DEA 3 ● DEA 4 ● DEA 5 ● DEA 7 Em relação aos gatos, os cães toleram melhor a transfusão sanguínea do que os gatos, sendo que na 1ª transfusão, os cães raramente apresentam reação transfusional. Gatos ● Tipo A ● Tipo B ● Tipo AB Seleção do doador Cães ● O cão doador deve: ○ Ser saudável; ○ Ter mais de 25kg; ○ Ter fácil acesso a jugular; ○ Ter bom temperamento e boa condição física; ○ Não ter histórico de recepção de transfusão sanguínea anterior; ○ Ser negativo para DEA 1.1, DEA 1.2 e DEA 7, que são os subtipos sanguíneos mas reativos; ○ Possuir Ht > 40%. Gatos ● O gato doador deve: ○ Ter mais de 4,5kg; ○ Ter bom temperamento e boa condição física; ○ Possuir Ht > 35%; ○ Ser negativo para FIV e FeLV Coleta Cães ● O animal deve estar posicionado em decúbito lateral ou esternal; ● A coleta é feita por punção da veia Jugular; ● Coleta de 450ml de sangue ○ ATENÇÃO: A bolsa de 450ml de sangue possui quantidade de coagulante específica para esse volume. Se não se consegue coletar 450mL, o sangue dentro da bolsa fica com alta concentração de anticoagulante e isso gera maior potencial de geração de reações adversas/trasnfusionais. Gatos ● O animal deve ser sedado (Quetamina + Diazepam) para a realização da coleta, mesmo que seja um animal dócil; ● Posicionamento do animal em decúbito dorsal; ● É feita a coleta de 60mL de sangue diretamente em seringa com anticoagulante. Natáli� Baron� Spach� Reação Cruzada (Teste de Compatibilidade) Em laboratório, primeiramente, é feita a centrifugação dos sangues de doador e receptor. Maior Mistura-se hemácias do doador com plasma do receptor. Menor Mistura-se hemácias do receptor com plasma do doador. Controle O controle é o sangue total do doador (hemácias + plasma) Análise da Reação cruzada Reação cruzada positiva: ● Aglutinação Macroscópica: observação de aglutinação de hemácias (indica que existem Acs se ligando a Hemácias) ● Aglutinação microscópica: formação de grumos de células vermelhas (hemácias não podem ser individualizadas) Em caso de reação cruzada positiva, o sangue não deve ser usado no paciente (exceção se for um cão em primeira transfusão!) Reação cruzada negativa: ● Aglutinação ausente Formas de administração do sangue Via A via mais usada é a endovenosa (EV), e é feita em veias como: ● Safena; ● Cefálica; ● ou Jugular. Tempo Nos primeiros 15 minutos fazer a infusão mais lenta e observar se o receptor apresenta sinais adversos de reação transfusional. Se isso ocorrer deve-se suspender o uso daquele sangue naquele paciente. A transfusão total é feita ao longo de 3 a 4 horas ○ não se deve aumentar muito o tempo para transfusão do sangue pois os componentes do sangue vão se degradando, principalmente com a temperatura ambiente. Natáli� Baron� Spach� Dose Estima-se 20ml de sangue / kg de PV animal, ou pode se realizar um cálculo utilizando a fórmula: A dosagem por cálculo e não por estimativa, é recomendada para animais que cursam com anemia muito severa (Ht < 15 - 12%). Outro método de calcular a dosagem a ser administrada é utilizando a proporção de que a cada 2,2 ml de sangue/ kg de animal, gera-se um aumento de 1% no Ht. Reações Transfusionais Tipos ● Febres; ● Tremores; ● Vômito; ● Urticária; ● Angioedema; ● Anafilaxia; ● Choque; ● Infeções; ● Tromboembolismo; ● Hipocalcemia (pode ocorrer por excesso de anticoagulante no sangue transfundido). Procedimentos em caso de reações ● Interrupção imediata da transfusão; ● Fluidoterapia; ● Glicocorticóides; ● Adrenalina, em caso de choque anafilático. Dermatologia: Abordagem direcionada ao problema (principais sintomas dermatológicos associados às doenças nas quais aparecem) Enfermidades causadoras Abordagem diagnóstica geral Prurido ● Ectoparasitoses (Escabiose, Queiletielose, Pediculose, Otocaríase, Demodiciose); ● Hipersensibilidades (Dermatite alérgica à picada de pulga, Alergia alimentar, Dermatite atópica); ● Infecções (Piodermites bacterianas; Malasseziose; Dermatofitose) Investigação do prurido: 1. Descartar ectoparasitismo: pente fino, Exame Parasitológico por Raspado Cutâneo e teste terapêutico; 2. Avaliar para piodermite e malasseziose com auxílio de citologia, cultivos e testes terapêuticos; 3. Investigar doenças alérgicas através do controle de ectoparasitos, dieta teste, ambiente e teste terapêutico; 4. Se até esse ponto não se chegou a nenhum diagnóstico, pode-se recorrer a realização de exames complementaresauxiliares: cultivo fúngico ou biópsia e histopatologia.. Alopecia ● Localizada: ○ Demodiciose e Dermatofitose ● Multifocal: ○ Demodiciose ○ Dermatofitose Na alopecia, independente da distribuição das lesões, sempre há suspeita de Demodiciose e Dermatofitose: ● sugestivo de Natáli� Baron� Spach� ○ Piodermite ● Difusa Simétrica: ○ Demodiciose ○ Dermatofitose ○ Hipotireoidismo ○ Hiperadrenocorticismo demodíciose e dermatofitose. ○ Todo paciente dermatopata, com ou sem prurido, deve ser avaliado para demodiciose E dermatofitose SEMPRE, através de raspado cutâneo e cultivo para dermatófitos. Lesões Ulcerativas em felinos As úlceras geram exposição do colágeno dérmico. Os diagnósticos diferenciais são feitos de acordo com a área anatômica acometida pelas lesões. ● Úlcera focal: ○ Úlcera indolente; ○ Placa eosinofílica; ○ Esporotricose: ○ Granuloma eosinofílico; ○ Picadas de inseto; ○ Queimaduras; ○ Farmacodermia → Para esses casos realizar Citologia, Biópsia e Cultura. ● Nariz e face: ○ Esporotricose; ○ Criptococose; ○ Carcinoma de Células Escamosas (CEC); ○ Hipersensibilidade à picada de inseto; ○ Pênfigo; ○ Linfoma; ○ Farmacodermia; ○ Queimadura. → Para esses casos realizar Citologia, Biópsia e Cultura. ● Generalizada: ○ Dermatite miliar; ○ Farmacodermia ○ Neoplasia ○ Queimadura. → Para esses casos realizar Citologia, Biópsia e Cultura. ● Mucocutânea: ○ Uremia; ○ Pênfigo vulgar; ○ Lúpus sistêmico; ○ Farmacodermia; ○ Infecção viral; ○ Infecção bacteriana. → Para esses casos realizar Citologia, Biópsia e Bioquímica sérica. Doenças dermatológicas Características Diagnóstico Tratamento Escabiose canina (zoonose) → Enfermidade parasitária contagiosa e bastante pruriginosa; → Agente etiológico: Sarcoptes scabie var. canis; → O diagnóstico da escabiose é formado pelos sintomas/histórico do → Sabonete tópico a base de enxofre, Monossulfiram tópico e Amitraz tópico: são medicamentos mais antigos e que não são mais Natáli� Baron� Spach� → Pode ocorrer inflamação secundária ao prurido gerando o aparecimento de lesões eritematosas (vermelhidão); → Sinais comuns: ● Pápulas; ● Alopecia; ● Eritema; ● Crostas (formadas a partir da secagem de exsudatos); ● Escoriação; ● Liquenificação, Hiperpigmentação e alterações de ceratinização como descamação exacerbada (na forma crônica da doença) e ● Linfadenopatia. → Principais locais acometidos: ● Pavilhão auricular; ● Membros; ● Região látero-ventral do corpo do animal. → Dermograma da escabiose canina: ● Lesões distribuídas de forma simétrica e bilateral, acometendo o segmento cefálico, principalmente a margem do pavilhão auricular. ● Lesões nas articulações dos membros torácicos e pélvicos e acometimento de toda a região lateral e ventral em casos avançados da doença. ● O dorso do animal não é acometido na maioria dos casos. Dermograma da Escabiose Canina → A escabiose é uma doença pouco responsiva à glicocorticóides. animal de prurido muito importante não responsivo à corticoterapia, associados à Exame parasitológico do Raspado Cutâneo. Quando não se consegue resgatar o ácaro causador no raspado cutâneo, realiza-se o diagnóstico terapêutico. → Achado negativo no exame parasitológico NÃO DESCARTA a possibilidade de ser um caso de escabiose, pois o agente é difícil de ser isolado. → No exame físico se faz o teste do Reflexo Otopodal:“O reflexo otopodal, é um exame de fácil realização, sendo altamente subjetivo para a escabiose, mas que apresente 80% de exatidão. Ele consiste em se friccionar o pavilhão auricular do animal, desencadeando assim um reflexo automático de coceira (HNILICA, 2012).” (http://www.uece.br/cienciaanima l/dmdocuments/12.%20V%20CE SMEV%20-%20RELATO%20CA SO.pdf) tão utilizados atualmente. Obs.: Amitraz NÃO pode ser usado em felinos! → Fipronil: É uma droga segura para filhotes, gestantes e lactantes. ● Também é utilizada para tratamento de infestação por pulgas e carrapatos; ● É feita aplicação tópica do Fipronil em 3 doses separadas entre sí por 3 semanas cada. → Contactantes e Ambiente:Desinfecção do ambiente e tratamento de animais e humanos que entraram em contato com animal e meio contaminados. → Ivermectina (avermectina): ● Não utilizar nas raças sensíveis à droga (Collies, Shetland Sheepdog, Old English Sheepdog, Australian Sherpherd, Border Collie e seus mestiços); ● Para raças não sensíveis à droga, é um fármaco eficiente e seguro; ● Ivermectina por via oral ou parenteral pode ser feita semanalmente ou quinzenalmente, respectivamente, e o tratamento deve ser por 4 a 5 semanas. → Selamectina (avermectina): ● Aplicação tópica; ● É uma medicação segura até para as raças sensíveis à Ivermectina; ● É eficaz no tratamento de escabiose; ● Além de combater o Sarcoptes scabiei, atua pra outros agentes etiológicos também: Otodectes cynotis, Ctenocephalides spp., carrapatos e parasitas gastrointestinais. → Moxidectina + Imidacloprida: ● Aplicação tópica; ● Possui mesma restrição de raças da Ivermectina. → Fluralaner (Bravecto): é uma opção terapêutica para tratamento de sarna sarcóptica. Atua contra pulgas, carrapatos e escabiose. → Sarolaner (Simparic): Eficaz para tratamento de escabiose. Pediculose - Piolhos → A Pediculose é uma afecção que ocorre em baixa frequência, pois é automaticamente tratada por medicamentos endoparasiticidas usados comumente em rotina http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/12.%20V%20CESMEV%20-%20RELATO%20CASO.pdf http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/12.%20V%20CESMEV%20-%20RELATO%20CASO.pdf http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/12.%20V%20CESMEV%20-%20RELATO%20CASO.pdf http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/12.%20V%20CESMEV%20-%20RELATO%20CASO.pdf Natáli� Baron� Spach� antiparasitária. → A pediculose tem como agentes etiológicos, alguns piolhos mastigadores ou sugadores de sangue: ● Trichodectes canis (mastigador); ● Heterodoxus spiniger (mastigador); ● Linognatus setosus (sugador); (https://www.sciencedirect.com/topics/agricult ural-and-biological-sciences/trichodectes-cani s) DAPP (Dermatite Alérgica à Picada de Pulga) → É uma dermatite pápulo-crostosa que gera prurido; → Causada por hipersensibilidade a componentes proteicos da saliva da pulga (Ctenocephalides canis). → É uma enfermidade muito frequente no Brasil e pouco frequente ou ausente em países onde os invernos são rigorosos. → Sinais: ● Pápulas; ● Crostas; ● Escoriações; ● Alopecia; ● Eritema; ● Hiperpigmentação; ● Dermatite Úmida Aguda (DUA) → Localização das lesões em cães: Lesões primárias e secundárias na região dorsal e ventral da metade caudal do corpo do animal. Forma-se um "triângulo" da DAPP na região dorsocaudal do animal. Podem ocorrer enfermidades seborreicas secundárias à DAPP e liquenificação em quadros crônicos. As lesões poupam o segmento cefálico e os membros dianteiros, Dentre os fármacos disponíveis para tratamento da DAPP, a escolha é pela preferência pessoal do veterinário. → Fipronil; → Imidacloprida; → Lufeneron +/- milbemicina; → Selamectina; → Nitempiram; → Isossalazinas (Fluralaner e Sarolaner): são drogas mais recentes e que podem ser utilizadas para tratamento da DAPP, assim como da escabiose; → Controle do ambiente: não tratar o ambiente significa ausência de controle da pulga no ambiente e, portanto, também nos animais; → Anti-histamínicos e glicocorticóides: são utilizados para controle sintomático do prurido gerado pela DAPP. → Tratar infecções associadas com uso de ATBs tópicos ou sistêmicos. https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/trichodectes-canis https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/trichodectes-canis https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/trichodectes-canis Natáli� Baron� Spach� se concentrando na região médio - caudal em arranjo mediodorsal e ventral → Localização das lesões em gatos: Em felinos a DAPP se manifesta principalmente na região cervical, dorsal e ventral e é caracterizada pela presença de inúmeras pápulas escamocrostosas.A patologia também leva à hiperpigmentação. Alergia Alimentar (Reação adversa a alimentos (RAA) ou intolerância alimentar) → A alergia alimentar é uma doença pruriginosa não sazonal que se instala por hipersensibilidade a alérgenos alimentares; → Quando já se descartou diagnóstico de DAPP, escabiose, infecções bacterianas e de infecções micóticas, há suspeita de que o animal possua alguma alergia alimentar; → A alergia alimentar não apresenta padrão de reação típico, como ocorre nas doenças referidas anteriormente); → Não há predisposição racial ou sexual para a alergia alimentar; → As alergias alimentares são mais comuns de serem relativas à proteínas. → Alérgenos alimentares mais frequentes: ● Carne bovina; ● Leite; ● Frango; ● Ovos; ● Laticínios. → Sinais clínicos dermatológicos: ● Otite externa somente; ● Lesões dermatológicas generalizadas; ● Lesões somente em região lombossacra; períneo e/ou axila; ● Lambedura; ● Pododermatite; ● Piodermite ou malasseziose associadas; ● Fístula perianal; ● Resposta variável à corticoterapia; ● Sinais gastrointestinais estão presentes em apenas 10 a 15% dos pacientes. Nesses casos ocorrem vômitos e constipação. ● Em gatos: a região cranial do corpo é acometida pelas lesões. Animal pode apresentar alopecia simétrica e bilateral. → A RAA é diagnóstico diferencial para várias doenças pruriginosas como otite, escabiose, DAPP, etc. → 1) Descartar a possibilidade de outras doenças causadoras de prurido; → 2) Reconhecer se o animal possui infecções no momento do exame físico; → 3) Tratar o animal com anti-pulgas. → 4) Administração de dieta caseira com proteína nova “A restrição dietética é a única forma de confirmar ou eliminar hipersensibilidade alimentar e deve ser inicialmente prescrita por seis a oito semanas, porém pode-se estender por até doze semanas. Consiste em fornecer ao animal alimentos com os quais tenha tido pouco, ou nenhum contato, como carne de coelho, peixe, cordeiro ou rã como fonte de proteína, e arroz e/ ou batatas como fonte de carboidratos. A dieta caseira com esses ingredientes deve ser a primeira opção para o diagnóstico, pois tem-se uma maior controle das substâncias que o animal está ingerindo. Caso não seja possível, opta-se por rações hipoalergênicas comerciais. Após esse período é ideal realizar a exposição provocativa com o alimento anterior, para assim confirmar a hipersensibilidade alimentar . O retorno dos sinais clínicos, que pode ocorrer horas ou dias após a dieta provocativa, confirma a hipersensibilidade alimentar. Se após o período de teste o prurido e os sinais tegumentares persistirem, conclui-se que o paciente apresenta dermatite atópica” (Caderno Técnico UFMG, Nº71) → Introdução de dieta hipoalergênica; → Uso de anti-histamínicos e glicocorticóides (têm eficiência limitada); → Se existirem infecções associadas, estas devem ser tratadas. Natáli� Baron� Spach� (Caderno Técnico UFMG, Nº71) DA (Dermatite Atópica) → É uma doença alérgica geneticamente programada causada por hipersensibilidade aos antígenos ambientais; → A doença é mediada por anticorpos reagínicos (IgEs). → A DA não tem cura, mas tem controle. → Possui patogênese complexa: ● É uma patologia multifatorial que depende de uma interação imunológica bizarra do indivíduo somada a uma barreira epidérmica defeituosa, gerando uma reação exuberante à alérgenos. ● Animais geneticamente predispostos à Dermatite Atópica possuem deficiência na produção de filagrinas e ceramidas, que formam a barreira epidérmica no extrato córneo. Este fator determina um defeito na barreira cutânea que propicia a entrada e absorção de alérgenos na camada córnea podendo gerar reação de hipersensibilidade. ● Por conta do efeito da barreira epidérmica o alérgeno consegue chegar até os queratinócitos, sensibilizando-os. ● Ao serem sensibilizados, os queratinócitos e as células dendríticas reagem com resposta imunológica tipo TH2, produzindo uma série de interleucinas de atividade pró-inflamatória e pruridogênica. Além disso, essas interleucinas → O diagnóstico da Dermatite Atópica é um diagnóstico de EXCLUSÃO. (Caderno Técnico UFMG, Nº71) → O diagnóstico definitivo de Dermatite Atópica é determinado quando há se excluiu todas as demais causas possíveis de prurido (escabiose, alergia alimentar, DAPP, Infecções como piodermites e malasseziose). → Uma das formas de tratamento da DA é a preparação de vacinas dessensibilizantes com base no alérgeno causador, que aplicadas repetidamente ao longo de um prazo extenso no paciente, fazem com que ele fique menos responsivo ao alérgeno. Mas para essa abordagem temos que saber a qual alérgeno o animal possui hipersensibilidade. → Testes in vitro e intradérmicos possuem utilidade terapêutica, mas não diagnóstica. Nesses testes não se estabelece diagnóstico de DA em sí, mas sim se diagnostica a qual alérgeno o animal reage produzindo IgE reacional. Tratamento - Dermatite atópica aguda (INDUÇÃO DE REMISSÃO): ***Indução de remissão: → casos mais graves: uso de corticóides. → casos menos graves: uso de oclacitinib. Para o tratamento da DA aguda, deve-se realizar uma abordagem multifatorial. ● Evitar contato do animal com potenciais alérgenos como ácaros, fungos, pólens, ectoparasitos e infecções. Esse manejo ambiental pode ajudar bastante ao animal ter uma menor carga alergênica de contato e portanto sinais mais brandos;; ● Tratar as infecções que estiverem presentes; ● Utilizar xampus hipoalergênicos e restauradores de barreira cutânea (xampu ceramidas, colesterol, Natáli� Baron� Spach� provocam ainda maior deficiência na barreira epidérmica. ● O prurido gerado leva a um alto trauma do tecido acometido, lesando ainda mais a barreira. ● Uma das IL produzidas pelos queratinócitos e células dendríticas sensibilizadas é a IL 31, uma IL pruridogênica e que é um alvo potencial de tratamento da doença. ● Atenção: A DERMATITE ATÓPICA CANINA NÃO RESPONDE BEM A ANTI-HISTAMÍNICO, POIS A HISTAMINA É APENAS UM DOS FATORES ENVOLVIDOS NESSA PATOLOGIA. → Segundo os autores Prelaud e Favrot: ● A DA se manifesta em pacientes com menos de 3 anos de idade; ● A DA pode ser bem responsiva aos glicocorticóides; ● É recorrente haver infecção fúngica ou bacteriana secundária associadas à DA. ● Os pacientes com DA podem apresentar mordeduras ou lambeduras dos membros torácicos e da região central do pavilhão auricular; ● A DA não acomete a margem do pavilhão auricular, como ocorre na escabiose. Ela acomete a região central, semelhantemente à otite externa; ● Diferentemente da DAPP, na DA não há formação de estruturas pápulo crostosas. → Locais típicos de prurido na Dermatite Atópica canina: ● Região interdigital ventral das patas; → gerando pododermatite; ● Base côncava da pina; ● Meato acústico → gerando uma otite externa, pelo comprometimento do meato acústico; ● Superfície flexora do metacarpo e metatarso; ● Flexura do cotovelo; ● Axila; ● Abdome ● Região Inguinal ● Região periocular → ácidos graxos); ● Xampus de fitoesfingosina (restauradores de barreira cutânea e anti-inflamatórios); ● Uso de emolientes e umectantes para atuar na diminuição da perda transepidérmica de água (TEWL): ○ O Aumento de TEWL ocorre pela barreira epidérmica defeituosa. Diminuindo-se o TEWL, a pele fica mais hidratada, o que reduz o prurido. ● O uso de glicocorticóides tópicos (como aceponato de hidrocortisona, acetonida de triancinolona e fluorato de mometasona) de alta ação local e baixa absorção sistêmica e por curto espaço de tempo é interessante para tratar lesões localizadas; ● Para pacientes com lesões generalizadas, pode ser realizada terapia sistêmica com glicocorticóide ou com Oclacitinib via oral por curto período (Oclacitinib: fármaco que atua contra a IL 31, que é uma IL pró inflamatória); Produtos com pouco ou nenhum efeito na crise aguda de DA: ● Anti-histamínicos tipo 1; ● Ácidos Graxos essenciais; ● Inibidores de calcineurina tópico ou sistêmico: ○ Tacrolimus é um exemplo de inibidor de calcineurina. Só atua bem em lesões muito localizadas.Tratamento - Dermatite atópica crônica (Prevenção e Manutenção): Nos casos crônicos, deve-se evitar fatores que possam ocasionar a agudização do caso. ● Manejo do ambiente: Identificar os fatores de agudização (possíveis provocadores de infecções, infestação por pulgas, poeira com ácaros etc) e evitá-los; ● Realizar dieta de exclusão para descartar alergia alimentar; ● Realizar controle rígido de Natáli� Baron� Spach� ocasionando blefarite (inflamação das pálpebras); ● Região perioral → gerando queilite (inflamação da pele do lábio) ● Região perianal → gerando anusite. → Em resumo: as 5 “ites” geralmente presentes em pacientes com DA são: ● Otite; ● Pododermatite; ● Queilite; ● Anusite e ● Blefarite ectoparasitos (pulgas e carrapatos); ● Quando possível, investir nos testes diagnósticos para saber a qual alérgeno o animal é sensível e então podermos realizar a Imunoterapia alérgeno Específica (ITAE) → Oferece melhora de qualidade de vida ao animal e tem poucos efeitos colaterais em comparação com os fármacos que podem ser utilizados para tratamento; ● Utilização de xampus hipoalergênicos ou anti seborréicos de 1 a 2 x/semana; ● Na DA crônica, a suplementação oral com Ácidos Graxos Essenciais é recomendada; ● Ou se faz essa suplementação oral de AGEs ou se faz a suplementação da barreira cutânea através de AGEs tópicos; ● Ciclosporina via oral para controle dos sintomas (gera menos efeitos colaterais do que os corticoesteróides): ○ A ciclosporina via oral leva de 4 a 5 semanas para fazer efeito. Sendo assim, se o animal precisar de tratamento imediato podemos usar inicialmente corticóide associado à ciclosporina e, a partir da 4ª semana de tratamento reduzir o corticóide e manter a ciclosporina. Piodermites bacterianas (enfermidade dermatológica mais frequente. É classificada de acordo com a camada de pele acometida) → O principal agente etiológico das piodermites caninas é o Staphylococcus pseudintermediu s Piodermites de superfície (DUA e Intertrigo [das dobras cutâneas]) ● Acometem a camada mais externa da pele, a Epiderme; Dermatite Úmida Aguda: ➢ Também conhecida como dermatite piotraumática; ➢ É uma dermatite localizada e de início muito agudo; ➢ Ocorre formação de placa alopécica, eritematosa e exsudativa por conta do ato de coçar do animal, que traumatiza o local; Diagnóstico das piodermites no geral: ● Histórico do animal associado ao exame físico; ● DEVEM SER REALIZADOS SEMPRE: Exame citológico, Cultura fúngica para Dermatófito e raspado Dermatite Úmida Aguda (DUA) - Tratamento: ● Tricotomia da região; ● Limpeza de crostas e sujidades com soro fisiológico; ● Realização de compressas frias com substâncias adstringentes; ● Banhos com xampus anti sépticos à base de clorexidine ou peróxido de benzoíla; ● Aplicação de pomadas ou Natáli� Baron� Spach� ➢ A partir do momento que a lesão chega no estado relatado acima, a dor passa a substituir o prurido, então o animal para de se coçar e a doença pode até ter um curso autolimitante a partir daí; ➢ Durante a consulta, o diagnóstico clínico da DUA é relativamente fácil. O que deve ser investigado é o motivo pelo qual o animal está causando trauma à si mesmo; ➢ Condições que determinam prurido importante, intenso, focal e localizado: ○ DAPA (Dermatite Alérgica à Picada de Artrópodes); ○ Hipersensibilidad es (DA, Alimentar, etc.); ○ Saculite anal (inflamação das glâmndulas adanais); ○ Otite externa; ○ Dor (doenças ortopédicas); ○ Pelagem comprida mal manejada (mal higienizada). Animais de pelagem média a longa como Labrador, Golden, Pastor Alemão, etc) são mais predispostos a terem DUA; ➢ A DUA tem maior incidência nas épocas do ano que são mais quentes e úmidas. cutâneo; ● Cultura bacteriana → a cultura bacteriana não precisa necessariament e ser feita em todos os caso. Se faz por conta do aumento de resistência bacteriana a ATBs que vem ocorrendo;; ● Resposta terpêutica. sprays contendo ATBs e glicocorticóides que devem ser prescritos para aplicação/tratamento domiciliar até a redução do caso; ● Tratar a base da autotraumatização,, senão a doença está fadada a recorrência. Impetigo - Tratamento: ● Reconhecimento e tratamento das enfermidades imunossupressoras de base; ● Tratamento da lesão de pele propriamente dita: ○ Na grande maioria das vezes, o necessário para tratamento é uso de xampus anti sépticos à base de clorexidine ou peróxido de benzoíla; ○ Utilização de cremes, géis ou sprays a base de antibióticos para lesões mais focais; ○ A utilização de antibioticoterapia sistêmica é pouco frequente, salvo casos de animais adultos acometidos. Piodermites superficiais (Impetigo, Foliculite superficial, Piodermite superficial extensiva, Piodermite mucocutâne a) ● Grupo de piodermites de maior prevalência; Impetigo (dermatite pustulosa superficial): ➢ Acomete a região ventral e de pouco pêlo de animais jovens; ➢ Toda vez que houver manifestação de dermatite pustulosa superficial devemos pensar em bases imunossupressoras que possam ter predisposto ao impetigo: ○ parasitismo; ○ cinomose ○ má nutrição ○ ambiente mal Natáli� Baron� Spach� cuidado; ➢ Se a manifestação da doença for em animais adultos, e não jovens, podemos pensar nas bases imunossupressoras: ○ Síndrome de Cushing; ○ Diabetes melito; ○ Hipotireoidismo; ○ Imunodeficiência s. ➢ O Impetigo não acomete folículo piloso Foliculite Superficial: ➢ É a inflamação do folículo piloso; ➢ Não possui padrão típico de distribuição, dependendo da doença de base; ➢ Podem aparecer pápulas, pústulas foliculares, alopecia, hiperpigmentação, colaretes epidérmicos e escamo crostas.; ➢ Pode ou não ocorrer prurido; ➢ A pelagem do animal se apresenta com aspecto falhado (“padrão como roído por traça”). Piodermite superficial extensiva (ou esfoliativa): ➢ Doença altamente esfoliativa na qual ocorre a coalescência dos colaretes epidérmicos; ➢ Lesões acometem áreas ventrais, intertriginosas, axilar e inguinal; ➢ As lesões são ocasionadas pela toxina esfoliativa produzida por Staphylococcus. Piodermite mucocutânea: ➢ Acomete junções mucocutâneas da boca, nariz, pálpebras e anus; ➢ Cães dolicocefálicos (como pastores) têm predisposição à essa afecção; ➢ Aparecimento de edema, eritema, despigmentação e crostas. Piodermites profundas (Foliculite e Furunculose , Pododermat ites) ● Grande grupo denominado Síndrome de Foliculite e Furunculose, cuja nomenclatura varia de acordo com a região anatômica acometida; ● Em piodermites profundas muito complicadas, além do agente Staphylococcus pseudintermedius, tem-se frequentemente a Natáli� Baron� Spach� associação com outras bactérias, principalmente as G- (E. coli, Proteus, Pseudomonas, etc.) ● Piodermites profundas se caracterizam por 3 fatores principais: ○ Tratos drenantes; ○ Nódulos fistuloses ○ Produção e eliminação de material purulento ou sanguinolento. Foliculite e Furunculose Mentoniana: ➢ Presença de pus com sangue que drena das lesões profundas; ➢ Mais frequente em cães jovens e de pelagem curta; ➢ Não tem cura, somente controle; ➢ Etiologia desconhecida. Foliculite e Furunculose Nasal: ➢ Acomete predominantemente o plano nasal e ocorre mais em cães dolicocefálicos; ➢ A afecção é de rápida progressão e gera lesões em forma de pápulas e placas ulcerativas ao redor do focinho (o focinho propriamente dito não é acometido pela lesão de piodermite nasal). Foliculite e Furunculose Generalizadas: ➢ As lesões acometem todo o corpo do animal; ➢ Sempre devemos nos atentar a possíveis causas de base que possam ter predisposto o animal ao desenvolvimento da piodermite profunda: ○ Imunossupressão ○ Demodiciose ○ Dermatofitose ○ Endocrinopatias ○ Seborréia ○ Alergias ○ Infecções bacterianas mistas G+ e G- ○ Sepse Foliculite e Furunculose do Pastor Alemão: ➢ É uma afecção de cunho genético; ➢ Acomete animais de meia idade; ➢ Deve-se tricotomizar todo o animal para que as lesões possam ser mapeadas. Natáli� Baron� Spach� Pododermatites: ➢ Piodermite profundaque acomete patas e região interdigital; ➢ É uma afecção mais frequente em machos de raças de pelame curto; ➢ Acomete mais pastor alemão, labrador e golden retriever; ➢ Ocorre formação de edema, pápulas, nódulos, bolhas hemorrágicas, tratos drenantes, ulcerações, secreção purulenta e crostas; ➢ Animal tem apoio dificultado pela dor causada pelas lesões e por isso apresenta claudicação ➢ Etiologia das pododermatites: ○ Existem diversas causas para pododermatites. Quando a pododermatite envolve não apenas a parte interdigital, mas também os coxins, pode-se pensar em uma maior gama de doenças para diagnósticos diferenciais. Foliculite Piotraumática: ➢ A foliculite piotraumática aparenta ser uma DUA, mas não é pois não é piodermite da superfície, mas sim profunda causando foliculite e furunculose. Malasseziose Canina ● É uma infecção superficial causada por fungo leveduriforme lipofílico denominado Malassezia pachydermatis; ● O fungo (agente etiológico) utiliza gordura como alimento. ● O fungo é dependente de oleosidade, atrito, aumento de temperatura e aumento de umidade na pele; ● As lesões são causadas por hipersensibilidade que o corpo do animal desenvolve sobre os antígenos de superfície do fungo (proteases, lipases, fosfolipases, lipoxigenases, fosfatases) gerando prurido; A primeira coisa a ser investigada em um diagnóstico de malasseziose é a causa base, assim como nas piodermites. Sinais clínicos da malasseziose em cães: ➔ Pode ser localizada ou generalizada; ➔ Pode acometer lábios, canal auditivo, axila, região cervical ventral, região interdigital, perianal e região medial dos membros; ➔ A doença gera prurido O tratamento da malasseziose consiste em reconhecimento e eliminação da causa base (primária) seguido de tratamento tópico da infecção fúngica em si. Tratamento tópico: ● Sulfeto de selênio a 1% (não utilizar em gatos); ● Solução de 2% de clorexidine + 2% de miconazole ● Loção, creme ou pomada a base de miconazole a 2%. Quando a terapia tópica não é suficiente para debelar a infecção fúngica, acrescenta-se o tratamento sistêmico em associação ao tratamento tópico. Tratamento sistêmico: ● Podem ser utilizados Itraconazole ou Natáli� Baron� Spach� ● A malasseziose é uma doença oportunista e, por isso, na maioria dos casos ocorre associada a doenças de base como seborréicas, alergias, endocrinopatias; ● Pacientes imunossuprimidos ou que fazem uso crônico de antibioticoterapia ou corticoterapia possuem predisposição ao desenvolvimento de malasseziose. Fatores predisponentes à Malasseziose: ➢ Raças predispostas: basset hounds, cocker spaniels, etc; ➢ Hipersensibilidades; ➢ Dermatoses seborreicas; ➢ Em felinos, a malasseziose é mais rara e pode ser marcador cutâneo infeccioso de uma doença de base mais séria como o timoma ou a alopecia paraneoplásica (indica algum tipo de neoplasia pancreática ou hepática); ➢ Clima úmido e quente e regiões anatômicas úmidas (como região axilar, interdigital e inguinal); ➢ Imunossupressão (por retrovírus em gatos, por antibioticoterapia ou por corticoterapia); Em uma parcela dos casos, a enfermidade ocorre de maneira primária, sendo idiopática. importante que pode ser ocasionado por hipersensibilidad e (como doença de base) ou primariamente pela malasseziose; ➔ Ocorre aparecimento de alopecia, pápulas, eritema, descamação, crostas, liquenificação, hiperpigmentaç ão e hiperceratose (sendo as últimas 3, características de cronicidade da doença); ➔ Quando a afecção acomete a unha, é denominada de Paroníquia (secreção amarronzada se espalha pela placa da unha ficando bem aderida). Diagnósticos diferenciais para malasseziose: ❖ Dermatite Atópica; ❖ Alergia alimentar; ❖ Dermatite de contato; ❖ Piodermite; ❖ Demodiciose; ❖ Dermatofitose; ❖ Dermatite seborreica; ❖ Linfoma epiteliotrópico; ❖ Acne felina. Diagnóstico da malasseziose: O diagnóstico da Malasseziose é clínico e citológico. Por meio do exame citológico, o microrganismo causador pode ser encontrado. → Coleta do material: ● Raspado cutâneo; ● Haste algodonosa (material do ouvido); Ketoconazole. Deve-se priorizar o uso de Itraconazole, pois ele é mais eficiente e provoca menos efeito colateral, principalmente em felinos. Usar por 3 a 4 semanas. Natáli� Baron� Spach� ● Fita de acetato (coleta em região interdigital). → Processamento: ● O material coletado é fixado na lâmina em chama e corado → Diagnóstico positivo: ● >10 leveduras / 15 campos de imersão (coleta com fita); ● >2 leveduras / campo de 400x (qualquer método de coleta) O diagnóstico positivo de malasseziose se dá então por, animal com clínica compatível + malassezia encontrada na lâmina citológica. Demodiciose Canina/Felina ● Doença parasitária, inflamatória e não contagiosa; ● Possui base genética em algumas raças e base imunológica (há uma alteração genética que faz com que o animal tenha imunidade celular, mediada por células T, alterada ao ácaro. O paciente apresenta deficiência na produção de ILs, o que determina uma má resposta celular. Isso, associado a uma grande população de ácaros gera um ciclo vicioso entre imunossupressão e elevação da população de agentes) ● Agente etiológico é um ácaro folicular (vive dentro do folículo piloso) ○ cães: Demodex canis, Demodex injai, Demodex cornei. ○ gatos: Demodex cati, Demodex gatoi. → O D. gatoi é responsável pela forma contagiosa da sarna demodécica em felinos. Tipos de demodiciose canina: -Classificadas por distribuição de lesão: ❖ Demodiciose localizada: aparecimento de placas ou massas alopécicas em pouca quantidade (até 5 ou 6 placas no Exame parasitológico por Raspado Cutâneo: ● Como o ácaro é folicular, o raspado é feito de forma mais profunda e pontual do que na escabiose. Na escabiose é realizada uma área maior de raspado e uma raspagem mais superficial, já, na demodiciose se faz uma menor área de raspado, e um raspado mais profundo em vários pontos distintos. ● Há a necessidade de certo nível de sangramento capilar para que o raspado seja eficiente em termos diagnósticos. Exame tricográfico: ● O exame tricográfico é realizado em áreas onde é difícil de se realizar o raspado, como a região palpebral ou interdigital. Demodiciose localizada: ● Na forma juvenil, é comum a regressão espontânea da enfermidade (90% dos casos). ● Recomenda-se manter o animal em observação ou com tratamento tópico de amitraz em óleo mineral 1x/semana. Demodiciose generalizada: Envolve substâncias que possuem ação acaricida: ● Banhos com Amitraz (250-500 ppm/1x/semana); Existem inúmeros cuidados que devem ser tomados ao se utilizar o Amitraz, e o medicamento também pode gerar muitos efeitos colaterais. Em casos de pacientes que apresentem depressão e ataxia (efeitos colaterais neurológicos do uso do Amitraz), utiliza-se a Ioimbina como antídoto. ● Avermectinas e Milbemicinas → substitutas do amitraz, usado antigamente, por conta de possuírem fácil administração. As avermectinas possuem limitações em relação às raças sensíveis a elas. “As avermectinas e as milbemicinas são lactonas macrocíclicas, classificadas como endectocidas. As primeiras incluem ivermectina, abamectina, doramectina e Natáli� Baron� Spach� tegumento total do animal) ❖ Demodiciose generalizada -Classificadas por idade do animal acometido: ❖ Demodiciose juvenil (3 a 18 meses): é mais frequente do que a adulta. ❖ Demodiciose adulta (>4 anos): pior prognóstico, pois indica presença de doença de base imunossupressora e de natureza grave. Sinais clínicos demodiciose canina: ★ alopecia; ★ comedos; ★ descamação; ★ discromias; ★ piodermite secundária (frequente) → acomete principalmente regiões envolta das aberturas oculares, comissura labial, região distal de membros e orelha externa. ★ Demodiciose por D. injai → seborréia oleosa na face e dorso, mais frequente em Terriers. Sinais clínicos demodiciose felina: → Demodiciose por D. cati: ★ Eritema; ★ Hipotricose; ★ Escamo-crostas; ★ Localizada ou generalizada. → Demodiciose contagiosa (por D. gatoi): ★ O D. gatoi éum ácaro superficial e portanto não vive no folículo piloso, como os demais Demodex. É um ácaro menor, translúcido e difícil de ser encontrado em raspado cutâneo. ★ O principal sinal é prurido no tronco. ○ o prurido gera uma alopecia simétrica auto induzida e hiperpigmentação Observação: Demodiciose não acomete focinho (somente seu contorno), pois ele propriamente dito, não tem folículo piloso. Variações em relação ao acometimento por sarna demodécica: ➢ Sarna demodécica generalizada ou sarna selamectina, sendo a própria milbemicina e a moxidectina duas milbemicinas. São produtos derivados da fermentação de actinomicetos do gênero Streptomyces, de ação anti-helmíntica e ectoparasiticida (Ayres e Almeida, 1999)”. (https://www.scielo.br/j/abmvz/a/ k3MwQXhcSRzynCNvDtjTZSf/?f ormat=pdf&lang=pt) Avermectinas: ★ Doramectina: é utilizada de forma semanal ou por 2x na semana. É eficaz no tratamento de sarna demodécica Milbemicinas: ★ Aplicação tópica de Moxidectina:pode ser útil em cães que apresentem a forma mais discreta da demodiciose. Pelo fato dessas lactonas macrocíclicas serem potencialmente causadoras de efeitos colaterais neurológicos, o tratamento com esses fármacos deve ser introduzido em doses graduais. ● Isoxazolinas (ex.: Bravecto) → drogas mais usadas atualmente para o tratamento. As Isoxazolinas são eficientes e seguras para todas as raças. O uso rotineiro desses fármacos nos dias atuais resultam em diminuição da incidência de sarna demodécica. O tratamento deve ter continuidade até 30 dias após a obtenção de raspados negativos sequenciais para a doença. A cura clínica da doença, precede a cura parasitológica; Deve ser feito acompanhamento do animal por 1 ano. https://www.scielo.br/j/abmvz/a/k3MwQXhcSRzynCNvDtjTZSf/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/abmvz/a/k3MwQXhcSRzynCNvDtjTZSf/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/abmvz/a/k3MwQXhcSRzynCNvDtjTZSf/?format=pdf&lang=pt Natáli� Baron� Spach� negra; ➢ Sarna vermelha → eritema generalizado em região ventral; ➢ Sarna demodécica furunculose → presença de piodermite secundária a demodiciose: ○ lesões papulonodulosas, exsudação, crostas melicéricas hemorrágicas; ○ quadro extenso e generalizado. ➢ Pododemodiciose: acometimento dos interdígitos. Dermatofitose (dermatozoonose) ● É uma micose superficial provocada por um fungo micelial que utiliza a ceratina como alimento. ● Esse gênero de fungo micelial pode causar doença em animais (fungos zoofílicos), em humanos (antropofílicos) ou podem decompor a ceratina que cai no solo, podendo infectar também tanto humanos quanto animais (geofílicos). ● A dermatofitose em cães e gatos pode ser ocasionada por: ○ Microsporum canis; ○ M. gypseum; ○ Trichophyton mentagrophytes ● O contágio pode ocorrer de forma direta (por contato com o animal infectado), ou de forma indireta (por fômites). ● Animais jovens (filhotes) e idosos apresentam sistema imunológico imaturo e fraco (respectivamente), por conta disso estão predispostos à dermatofitose. ● O fungo entra na pele do animal através de uma microlesão presente. Adentra o folículo piloso (que contém ceratina) e vai até a zona profunda do folículo piloso, onde ocorre a ceratogênese. ● O fungo pode ser encontrado na pele e nos folículos pilosos e, além disso, pode acometer unhas, determinando uma Onicomicose. A dermatofitose deve ser considerada diagnóstico diferencial em TODOS os cães e gatos que apresentarem problemas de pele → deve-se realizar exame micológico direto e cultivo. O diagnóstico da dermatofitose é composto por: ● Anamnese + exame físico; ● Exame da Lâmpada de Wood para identificação de Microsporum sp. → nesse exame o pêlo fica verde fluorescente quando contaminado pelo fungo; ● Exame tricográfico (micológico direto); Exame micológico direto em óleo mineral. A seta vermelha indica um pêlo doente. As estruturas circulares refráteis apontadas pela seta azul são artroconídeos (esporos do fungo). ● Cultura fúngica em ágar sabouraud: Esse é o exame padrão ouro para o diagnóstico da ● Retirada dos pelos contaminados presentes no animal através de depilação; ● Idealmente, deve - se associar um tratamento tópico com miconazol na forma de xampu a um tratamento sistêmico. ○ Xampus a base de miconazole + clorexidine ○ Fármacos sistêmicos: Itraconazole ou Terbinafina. ● O tratamento deve ser mantido até se ter 2 culturas sequenciais negativas em intervalo de 1 a 2 semanas entre elas. Natáli� Baron� Spach� ● Os sintomas da dermatofitose aparecem cerca de 1 a 3 semanas após a exposição ao agente etiológico. ● O fungo causa lesões/alterações epidérmicas e foliculares no paciente acometido Sinais clínicos da dermatofitose em cães: ➔ Alopecia anular, crostas, descamação, pápulas e pústulas foliculares; ➔ Foliculite-furunculose nasal ou facial simétrica; ➔ Foliculite-furunculose acral; ➔ Seborréia; ➔ Onicomicose (paroníquia ou onicodistrofia); ➔ Granuloma dermatofítico: ocasionalmente o fungo se aprofunda na pele, rompe o folículo piloso, se instala na derme e forma um granuloma dermatofítico (quérion ou pseudomicetoma dermatofítico, que é mais profundo). Focinho de cão com Granuloma Dermatofítico. Neoplasia é um diagnóstico diferencial. A biópsia é a melhor forma de diagnóstico neste caso, e não o cultivo celular. Área anular de alopecia, com descamação e crostas presentes na periferia da lesão. Centro da lesão mais inativo. dermatofitose; Cultivo fúngico em ágar Sabouraud complementado com medidor de pH → o fungo dermatófito gera uma substância ácida que vira o pH, deixando o meio vermelho. Colônias de fungo são coletadas e coradas em lâmina com azul de algodão. Visualização de hifas e de macroconídios em forma de canoa do Microsporum canis. ● PCR; ● Exame histopatológico com coloração que core o fungo em questão → Para casos de lesões granulomatosas/ nodulares e atípicas. Histopatologia de lesões nodulares atípicas. A seta azul aponta um folículo piloso. A parte corada com preto pelo corante Grocott indica a presença de fungo. Natáli� Baron� Spach� Lesão anular com crescimento centrífugo de centro inativo e região da periferia apresentando lesões. É da borda da lesão que se recolhe o material para o exame micológico direto e para cultivo. Sinais clínicos da dermatofitose em gatos: ➔ Os gatos têm relação de convivência com o fungo dermatófito, podendo ser portadores oligossintomáticos (apresentando apenas poucos sinais clínicos), ou aparentarem gatos normais (sem a doença), mas possuindo potencial de espalhar a dermatofitose para humanos e para o ambiente. ➔ Gatos sintomáticos podem apresentar: ◆ Alopecia com ou sem descamação; ◆ Dermatite miliar: formação de lesões papulosas muito pequenas que são mais facilmente sentidas/palpada s do que vistas, durante o exame físico; ◆ Foliculite recidivante do queixo; ◆ Seborréia; ◆ Onicomicose (raro) e pododermatite; ◆ Granuloma (baixa frequência) ➔ Infecções generalizadas são mais frequentes em gatos do que em cães. ◆ A exceção à regra é a raça de cão Yorkshire Terrier, que pode apresentar a forma mais severa da dermatofitose, de Natáli� Baron� Spach� forma parecida com a como os gatos são acometidos pela doença. Yorkshire Terrier com áreas multifocais e coalescentes de lesão de dermatofitose → Doença generalizada Esporotricose (ZOONOSE) ● Doença fúngica causada por fungos do complexo Sporothrix. ● Sporothrix spp. são fungos termodimórficos, ou seja, estão em forma leveduriforme no corpo e em forma miceliana no ambiente. ● A doença se dá por inoculação do fungo em feridas. Nos gatos, também ocorre infecção por inalação. Sinais clínicos em gatos ● Nódulos ulcerados; ● Tratos drenantes; ● Lesões (erosões) em face, membros, região perineal e base da cauda; ● Linfangite; ● Exposição de tendão, ligamento ou osso pela extensão da ulceração; ● Acometimento do trato respiratório; ● A doença pode se manifestar na forma cutânea, linfocutânea ou disseminada. Sinais clínicos em cães: ● É mais benigna em cães; ● Presençade nódulos e úlceras no segmento cefálico; ● É incomum a forma linfocutânea da doença, em cães. Tanto em cães quanto em gatos é comum o aparecimento de infecções bacterianas secundárias às feridas abertas pela esporotricose. Diagnósticos diferenciais para esporotricose: ● Outras doenças granulomatosas como Criptococose, Histoplasmose, Micobacteriose, Leishmaniose e Micetomas; ● Neoplasias como linfoma e Carcinoma de Células Escamosas; ● Doenças imunomediadas como farmacodermias, lúpus e pênfigo Diagnóstico da esporotricose: ➢ Preferencialmen te se faz o diagnóstico de esporotricose com o exame micológico direto (cultivo do fungo em ágar sabouraud). ➢ Outras opções para diagnóstico são: Citologia, Histopatologia, Sorologia ou PCR. Exame citológico. O núcleo grande no centro da imagem é o núcleo de um macrófago. As leveduras do Sporothrix são as estruturas fusiformes presentes dentro do Tratamento (duração de 16 a 80 semanas): ● Isolamento; ● Uso de luvas avental e óculos; Uso de uma das seguintes opções: ● Uso de iodetos de potássio em cães: ○ gatos são mais sensíveis ao iodismo que pode ocorrer por esses fármacos → podem ser usados mas com cautela de dosagem. ● Cetoconazol ● Itraconazol (é o mais usado) ● Terbinafina ● Tratamento combinado ● Criocirurgia + tratamento medicamentoso → para lesões mais localizadas Para casos refratários: combinar o uso de iodeto de potássio com itraconazole. Assim se obtém melhores resultados, mas também são gerados mais efeitos colaterais. Para os casos refratários também pode ser feita aplicação intralesional de anfotericina. Cura clínica VS Cura micológica: Cura clínica e cura micológica são coisas distintas. Para o animal, mesmo depois de cura clínica, deve-se estender o tratamento por mais 1 ou 2 meses, e depois de alguns anos da cura clínica ainda pode ocorrer reativação da enfermidade por algo que afete o sistema imune do animal. Natáli� Baron� Spach� macrófago. Histopatológico com corante PAS→ cora o fungo em cor magenta PIODERMITES Causas base Testes Tratamento ● Ectoparasitismo (especialmente sarna demodécica); ● Alergias (DAPP, DA, Dermatite de contato, Alimentar); ● Endocrinopatias (Hiperadrenocorticismo); ● Distúrbios de ceratinização (síndromes seborreicas); ● Alterações de desenvolvimento (displasias foliculares ou epidérmicas); ● Distúrbios nutricionais e de manejo (nutrição inadequada, manejo inadequado da pelagem); ● Imunodeficiências (primárias ou adquiridas); ● Fatores ambientais e traumáticos. ● Deve-se fazer cultura bacteriana e antibiograma quando: ○ Há redução de menos de 50% das lesões apresentadas pelo paciente após duas semanas de tratamento antibacteriano; ○ Aparecimento de novas lesões durante o tratamento com antibiótico; ○ Permanência de lesões residuais ativas após 4 a 6 semanas de tratamento com antibiótico; ○ Presença de bastonetes e, citologia; ○ Histórico prévio de resistência microbiana. ● Os testes de sensibilidade são recomendados a serem feitos com o seguintes antibióticos: ○ Eritromicina; ○ Clindamicina; ○ Tetraciclina/doxiciclina; ○ Gentamicina; ○ Cefalexina/Cefalotina; ○ Cefpodoxima ○ Amoxicilina + Clavulanato; ○ Oxacilina; ○ Enrofloxacina. 1. Identificar e tratar a(s) causa(s) base; 2. Realização de antibioticoterapia tópica e sistêmica: Tratamento tópico com xampu ou, para lesões localizadas, com uso de cremes, pomadas ou sprays 3. Realizar imunomodulação em animais imunocomprometidos. Piodermites NÃO COMPLICADAS (Piodermites da superfície e Piodermites superficiais):Para o tratamento dessas piodermites, a terapia tópica com antibióticos de ação anti estafilocócica é recomendada como FORMA ÚNICA de tratamento, particularmente para aquelas lesões localizadas, em casos de otite e em feridas superficiais infectadas. → Para piodermites não complicadas, o melhor tratamento em termos de saúde pública é a abordagem tópica, evitando o uso de antibióticos sistêmicos, no intuito de evitar geração de resistência microbiana. → Substâncias utilizadas para tratamento tópico com atividade antibacteriana: ● Clorexidine ○ demonstra ser mais eficiente que os outros produtos quando usado na forma de xampu contra piodermite; ● Peróxido de benzoíla; ● Hipoclorito de sódio ○ Redescoberto atualmente para ser utilizado em função do aparecimento de quadros infecciosos de difícil controle terapêutico → Uso do Dakin com preparação a 0,5%; ● Triclosan; ● Mupirocina; ● Ácido fusídico Usados nas formas de xampus (2 a 3 vezes por semana) ou na forma de pomadas ou sprays ( 7 a 14 dias de tratamento com 2 a 3 aplicações por dia). Natáli� Baron� Spach� Piodermites complicadas: Para casos mais complicados, pode ser realmente necessário o uso de antibioticoterapia sistêmica para o tratamento. Nesse caso, existem 3 linhas de ATBs de escolha que têm atividade conhecida contra estafilococos. Os fármacos de terceira linha só devem ser utilizados em infecções multirresistentes. São fármacos altamente controlados pois são muito potentes. Se desencoraja fortemente o uso rotineiro dos mesmos. Otopatias - Otites e Dermatoses do pavilhão auricular: OTITE EXTERNA Processo patológico inflamatório que acomete o ouvido externo, que vai desde o poro acústico da entrada do ouvido até a membrana timpânica. Fatores Predisponentes (não causa a otite em sí, mas aumentam o RISCO de ocorrência da doença) Anatomia Esquema ouvido de cão: P.A. = Pavilhão Auricular ou Pina; C.V. = Canal Vertical; C.H. = Canal Horizontal; M.T. = Membrana Timpânica; B.T. = Bula Timpânica; O.E. = Ouvido Externo; O.M. = Ouvido Médio ● Pela própria característica anatômica do ouvido do cão, em que mesmo o menor dos cães possui um ouvido com o conduto bem maior em comprimento do que o de nós humanos, percebe-se que algo que entre nessa região ou seja produzido/secretado nessa região, tem muito mais dificuldade em sair por conta da longo comprimento do ouvido de cães e gatos. Estenose ● Fator predisponente de otite externa comumente presente em algumas raças como Sharpay e Rottweiller (raças de ouvido muito estreito); ● A estenose ocorre como resultado de algum processo inflamatório que concursa com edema, hiperplasia dos anexos, fibrose e calcificação (mais tardiamente); ● Essa estenose que ocorre em decorrência do próprio processo inflamatório também é responsável por agravar o quadro de otite externa, pois diminui o lúmen do meato acústico, aumentando a dificuldade de aeração, de drenagem Natáli� Baron� Spach� e de ventilação, o que provoca a elevação da umidade local e das propriedades que facilitam a multiplicação de uma flora bacteriana ou fúngica; ● A estenose impede a realização do exame físico de otoscopia, impede a drenagem/migração epitelial (para um ouvido que está em tratamento, é importante que se consiga realizar a retirada da secreção que é produzida em seu interior) e também dificulta o acesso medicamentoso ao local de inflamação. Pêlos ● Comum em todos os Poodles e seus cruzamentos; ● O excesso dos pêlos deve ser retirado quando impedir a drenagem do conteúdo do meato acústico e em casos de animais com muito pelo que apresentem otites recorrentes. Excessiva produção de cerúmen ● Algumas raças produzem muito cerúmen, como o Cocker Spaniel, Setter e o Pastor Alemão (animais que podem ser seborreicos e terem distúrbios de ceratinização). Isso facilita o aparecimento e instalação de inflamações; ● A superprodução de cerúmen com alteração de sua composição faz com que se percam propriedades antimicrobianas desse componente. Um cerúmen saudável, além de proteção mecânica, também tem função de equilibrar substâncias lipídicas que inibem o crescimento da microbiota. Em animais seborréicos, esse equilíbrio é alterado no sentido de favorecer o crescimento de microrganismos, podendo gerar uma otite ceruminosa. Trauma ● Traumas externos, internos, iatrogenias por limpeza de ouvido com substância ou equipamento não apropriado que causa lesão no epitélio do ouvido externo, trauma por mordidas, por arranhaduras, porpancada, por atropelamento, entre outros; Obstrução dentro do meato acústico Tumores/Neopl asias ● Pode ocorrer em qualquer parte do trajeto do meato acústico; ● Esses neo crescimentos predispõem o aparecimento da otite externa crônica; ● Os animais que possuem neoplasias ou pólipos, podem cursar com quadro assimétrico (acometimento de apenas um ouvido). Além disso, esses animais chegam ao atendimento clínico com muito desconforto, meneios cefálicos (chacoalhar a cabeça), e podem apresentar sintomas neurológicos dependendo da intensidade do quadro (sinais vestibulares); ● As neoplasias podem aparecer de diversas apresentações clínicas: ○ pedunculadas ○ ulceradas ○ lobuladas ○ em placas ● As neoplasias mais frequentes são os tumores de glândulas ceruminosas, tanto em cães (adenomas ceruminosos-benignos), quanto em gatos (adenocarcinomas ceruminosos - malignos). Apesar disso, qualquer outra estrutura cutânea pode ser acometida; ● O ouvido externo é revestido pela mesma pele que reveste o resto do corpo e por isso é muito estudado na dermatologia. Dessa forma, um animal que apresenta um quadro dermatológico em qualquer porção do tegumento, pode ter manifestações de otite; ● Especialmente no ouvido, existem as glândulas ceruminosas (produtoras de cerúmen), e elas são frequentemente acometidas por processos neoplásicos quando ocorre neoplasia no Meato Acústico. ○ Adenomas ceruminosos (benignos); ○ Adenocarcinomas ceruminosos (malignos). Pólipos Inflamatórios ● Pode ocorrer em qualquer parte do trajeto do meato acústico; ● Em felinos, os pólipos inflamatórios mais comuns são os pólipos nasofaríngeos. Esses pólipos se originam no ouvido Natáli� Baron� Spach� médio e podem tanto ir para ouvido externo quanto para a faringe, acometendo cavidade nasal, faringe e por conta disso causando um misto de sintomas otológicos e sintomas respiratórios como: ○ Head tilt; ○ Meneios cefálicos; ○ Nistagmo; ○ Otite crônica; ○ Otorréia; ○ Prurido e desconforto na região do ouvido; ○ Dispneia; ○ Respiração de boca aberta; ○ Espirros; ○ Respiração estertorosa e ruidosa ● Não se conhece com precisão qual é a causa (patogênese) desses pólipos inflamatórios, mas existe certa suspeita da participação de vírus e de ácaros de ouvido; ● O pólipo também pode ser uma resposta à inflamação e irritação crônica que se instala em função desses possíveis agentes patogênicos. ● O tratamento dos pólipos inflamatórios é cirúrgico. Não há tratamento medicamentoso eficaz para esses quadros. Pólipo Auricular Auditivo em Cão: Localizado no póro acústico (saída do meato acústico) e por isso fácil de ser diagnosticado, Em gatos o pólipo, muitas vezes, se localiza no fim do meato acústico e pode ser visto apenas por otoscopia. Ele é visualizado no fim do meato acústico e entrando no ouvido médio. Por conta disso, em gatos, os sinais vestibulares como andar em círculos, head tilt e nistagmo são frequentes. Fatores Primários (são aqueles que CAUSAM DIRETAMENTE a otite externa, independente da presença de fator predisponente ou perpetuante. Podem atingir tanto a pele do resto do corpo quanto a pele do ouvido externo) A pele do ouvido externo tem a mesma origem embriológica do restante do corpo do paciente, por isso, é muito frequente que um paciente dermatológico Parasitas (otite parasitária) ● O parasita Otodectes cynotis comumente pode causar Otocaríase (sarna de ouvido) em cães e gatos; ● O animal acometido apresenta cerúmen enegrecido com aspecto de borra de café e sintoma pruriginoso uni ou bilateral. ● Para tratamento da Otocaríase, antigamente eram utilizados acaricidas tópicos (Piretróides e Tiabendazole), posteriormente passou a se usar as avermectinas e atualmente se faz uso das Isoxazolinas (atividade anti acaricida). Corpos estranhos ● Ocorre principalmente em animais de vida livre, que têm acesso à campos e áreas externas (acesso a possíveis corpos estranhos vegetais). Hipersensibilida des (As alergias como Dermatite Atópica, Dermatite alimentar, Dermatite de contato, Autoimunidades (pênfigo, lupus), endocrinopatias (hipertireoidismo, Desordens de ceratinização (enfermidades seborréicas) ● As enfermidades seborréicas podem ser primárias ou secundárias; ● Existem raças que são seborréicas idiopaticamente, como Cockers, Pastores, Setters e alguns Labradores; ● As causas mais frequentes de desordens de ceratinização são as causas secundárias (endocrinopatias como hipertireoidismo, hiperadrenocorticismo, desbalanço de hormônio sexual com frequência aparecem associadas com otite externa, pois tem alteração da produção de sebo (aumento da produção) com desbalanço de seu componente lipídico, favorecendo então o crescimento de uma flora Natáli� Baron� Spach� apresente otite externa como sintoma associado. Sendo assim, animais alérgicos, com endocrinopatias, seborreicos ou que possuem alguma enfermidade imunomediada ou autoimune, frequentemente apresentam inflamação do ouvido externo como parte de todo o quadro sintomático do paciente. hiperadrenocorticis mo) também podem acometer o ouvido externo da mesma forma que comentem o resto da pele do paciente). Das hipersensibilidades, a Dermatite Atópica (Atopia) e a Alergia Alimentar são as campeãs em causar otite externa. Sendo que alguns animais podem apresentar apenas o otite do ouvido externo como sintoma da enfermidade, não apresentando lambedura de patas, nem coceira no corpo, nas patas e na pálpebra. bacteriana e de leveduras que acabam por causar inflamação). Doenças Imunomediadas ● São pouco frequentes, mas podem acometer meato acústico e pavilhão auricular. Paciente com farmacodermia (reação medicamentosa). Além de corpo (focinho, cabeça e membros) estarem bem acometidos, foram acometidos também o pavilhão auricular e o meato acústico. Cocker Spaniel preto. Crostas e escamas presentes no pavilhão auricular. Esse animal possui Pênfigo. O pênfigo é uma doença pustulosa, que quando rompe deixa as escamas e crostas grudadas na pelagem do animal. Fatores perpetuantes ou secundários (são aqueles que uma vez instalada a otite externa, IMPEDEM A RESOLUÇÃO da mesma a menos que eles também sejam tratados, Bactérias (Otites Bacterianas Agudas) ● Staphylococcus intermedius coagulase negativos ou positivos e Streptococcus alfa e beta hemolíticos. Bactérias (Otites Bacteriana Crônicas) ● Bacilos gram negativos, como Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, E.coli e Klebsiella spp. Fungos (Malasseziose) ● A malasseziose se estabelece por conta do microclima alterado por conta de otites eczematosas, otites ceruminosas ou quando há muita maceração (pele fica em contato com umidade ou com algum fluido por longo período de tempo, ficando mais fragilizada é sujeita à lesões). Alterações Patológicas Progressivas ● Ocorrem na pele do meato acústico na cronicidade da otite e impedem a pronta resolução da afecção; Natáli� Baron� Spach� além de tratar os fatores primários da doença) Bactérias e fungos assumem papel importante na perpetuação da afecção. Mas eles não são fatores primários, ou seja, há alguma afecção que está favorecendo o crescimento bacteriano ou fúngico. Em casos de otites bacterianas ou fúngicas SEMPRE devemos investigar o motivo do animal estar infectado por bactéria ou fungo. (Hiperplasia epidérmica, Hiperqueratose, Edema, Fibrose, Hidradenite, Hiperplasia e dilatação de glândulas ceruminosas) ● Quando se tratar pela primeira vez uma otite aguda deve-se tratá-la muito bem, para evitar que essas alterações patológicas progressivas se instalem e dificultem a resolução do problema. ● Essas alterações patológicas levam ao espessamento da pele por fibrose, por edema, por infiltrado inflamatório e/ou por hiperplasia das glândulas, levando a uma estenose que dificulta a drenagem e a aeração criando assim um ambiente adequado para a multiplicação bacteriana e também fúngica. Conceito de migração epitelial: À esquerda, ouvido normal. À direita, ouvido cronicamente doente apresentando hiperplasia
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