Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 1 Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 Aspectos gerais • Doação de sangue: o Quem pode doar? ▪ Pessoas entre 16 e 69 anos; ▪ Peso mínimo de 50 kg; ▪ Em bom estado de saúde; ▪ Homens → Hb > 13,5/ Mulheres → Hb > 12; o O momento da doação: ▪ Sangue total → homens (60 dias; máx. 4 doações/ano) / mulheres (90 dias; máx. 3 doações/ano); ▪ Plaquetaférese → doação com intervalo de 48 horas/ máximo 4x por mês e 24x por ano; Hemocomponentes • Concentrado de hemácias: o Particularidades: ▪ Volume 220-280 ml, com validade de 42 dias a 2-6º C; ▪ Tempo: 1h e 30 min (máximo 4h); ▪ Incremento → 1g/dl e 3% Ht; OBS – O objetivo é reverter ou prevenir a hipóxia tissular resultante da diminuição da massa eritrocitária; o Indicações: ▪ Sintomáticos → geralmente Hb < 7 g/dL; ▪ Assintomáticos → controverso; ✓ Cardiopatas → Hb < 8-9 g/dL (risco de IAM); ▪ Hemorragia → perda > 30% (~1500 ml); o Processamento: ▪ Leucodepleção → reduz o nº de leucócitos (↓ reações febris, ↓ transmissão de CMV e ↓ aloimunização contra HLA); OBS – Fundamental, sobretudo, em pacientes que receberão muitas transfusões; ▪ Lavagem → remove o plasma (↓ reações alérgicas graves); ▪ Irradiação → inativa leucócitos remanescentes (↓ doença enxerto x hospedeiro transfusional); ▪ Fenotipado → previne aloimunização; • Concentrado de plaquetas (buffy coat): o Particularidades: ▪ 1U buffy coat → 50-60 ml (1U/10 kg – randômica); Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 2 ▪ 1 pool de plaquetas (5-6 U de CP randomizadas); ▪ Validade de 5 dias a 20-24º C em agitação contínua; o Indicações: A. Profilática: ▪ < 10.000 para todos; ▪ < 20.000 se febre; ▪ < 50.000 se procedimento invasivo – sobretudo para procedimentos cirúrgicos convencionais; ▪ < 100.000 se neurocirurgia ou cirurgia oftalmológica; B. Terapêutica: ▪ < 50.000 em sangramentos; • Plasma fresco congelado: o Particularidades: ▪ Composição → água, proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação, carboidratos e lipídeos); ▪ Volume aproximado > 180 ml, congelado a -20º C a -30ºC, com validade por 2 anos; o Indicações: ▪ Coagulopatia + sangramento/ pré-operatório; ▪ INR > 10 – oriundo do uso inadvertido da Varfarina; ▪ Transfusão maciça, hepatopatas; o Dose → 15-20 ml/kg; • Crioprecipitado: o Particularidades: ▪ Composição → sobrenadante rico em fibrinogênio, fator VIII, fator de von Willebrand, fator XIII e fibronectina; ▪ Volume aproximado de 10-50 ml, congelado tem prazo de 1 ano; o Indicações: ▪ Repor fibrinogênio na CIVD (alvo > 100), outras causas de hipofibrinogenia; ▪ Sangramento em pacientes urêmicos, hepatopata com sangramento; o Dose → 1-1,5 U/10 kg; OBS – Na prescrição do hemocomponente é preciso descrever qual o tipo, a quantidade e o tempo de infusão; OBS – Gotejamento → nº gotas/min = volume em ml/tempo em min x 20; Reações transfusionais • Considerações: ▪ O que é reação? → efeito ou resposta indesejável observado em uma pessoa, associado temporalmente com a administração de sangue ou hemocomponente; ▪ Ocorrem em cerca de 1-3% dos pacientes transfundidos; ▪ Pode ser classificada quando ao tempo de aparecimento do quadro clínico e/ou laboratorial em: a) Imediato → durante ou até 24h após o início da transfusão; b) Tardio → após 24h do início da transfusão; ▪ Ainda pode ser dividida quanto à gravidade em: a) Grau 1 ou leve → ausência de risco à vida, sem comprometimento de órgão ou função; b) Grau 2 ou moderada → quando há necessidade de internamento ou prolongamento desta e/ou deficiência ou incapacidade persistente ou significativa ou necessidade de intervenção médica; c) Grau 3 ou grave → ameaça imediata à vida e intervenção médica obrigatória para evitar a morte; d) Grau 4 ou óbito → óbito atribuído à transfusão; ▪ As reações transfusionais são de notificação compulsória ; Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 3 o Quando suspeitar? ▪ Febre e/ou calafrios, náuseas com ou sem vômitos; ▪ Dor no local da infusão, na região torácica ou lombar; ▪ Hipo ou hipertensão, dispneia, taquipneia, hipóxia , sibilos; ▪ Prurido, urticária, exantema, edema genera lizado ou localizado; ▪ Sangramento anormal, cefaleia, oligúria ou anúria; o O que fazer? ▪ Interromper a transfusão e não reinstalar até resolver o problema; ▪ Manter acesso venoso com SF 0,9%; ▪ Conferir as identificações do hemocomponente e do receptor; ▪ Verificar os sinais vitais; ▪ Se indicado, coletar e enviar amostras de sangue do paciente junto à bolsa e o equipo para o serviço de hemoterapia e amostra de sangue e/ou urina para o laboratório clínico; ▪ Registrar as ações no prontuário do paciente e not ificar o serviço de hemoterapia; ▪ Notifique a reação; • Imunes: o Reação febril não hemolítica: ▪ A mais comum – 1 a 4/100 transfusões ; ▪ Anticorpos anti-HLA do receptor x leucócitos do doador; ▪ Quadro clínico → febre >/= 38º C com aumento de 1º C em relação ao valor pré- transfusional e/ou tremores e calafrios (até 4 hrs após) e ausência de outras causas – contaminação bacteriana, reação hemolítica, etc ; pode ocorrer náuseas, vômitos e cefaleia; ▪ Tratamento → interromper transfusão + antitérmicos/ meperidina (dolantina) – se tremores intensos ; ▪ Profilaxia → leucodepleção; o TRALI (Injúria pulmonar aguda relacionada à transfusão): ▪ Anticorpos anti-HLA do doador x leucócitos do receptor – sobretudo da vasculatura pulmonar (até 6 hrs após a transfusão); ▪ Quadro clínico → vasodilatação → edema pulmonar (não cardiogênico), dispneia, hipoxemia (súbita), hipotensão com PVC normal ou baixa, cianose, febre, calafrios; ▪ A maioria dos pacientes recupera a função respiratória em 48-96 hrs; ▪ Principal causa de morte em situações transfusionais; ▪ Diagnóstico → Rx (infiltrado pulmonar bilateral), ausência de hipertensão de AE, ausência de outras causas; ▪ Tratamento → medidas de suporte ventilatório e/ou circulatório; o Reação hemolítica aguda: ▪ Rápida destruição de eritrócitos durante a transfusão ou até 24 hrs após, por incompatibilidade ABO (mais comum) e Rh; ▪ Grupo ABO → não demanda sensibilização prévia/ menor concentração nas hemácias; ▪ Grupo Rh → (+) possui antígeno D/ (-) não possui antígeno D → demanda contato prévio/ alta concentração nas hemácias; Hemossiderose Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 4 ▪ Ocorre por erro operacional; ▪ Quadro clínico → ansiedade, agitação, sensação de morte iminente, tremores/ calafrios, rubor facial, dor (no sítio de acesso, abdominal, lombar e em flancos), epistaxe, oligúria/anúria, hemoglobinúria, febre, hipotensão, dor torácica, choque e até CIVD; ▪ Diagnóstico → teste de hemólise (+) e 2 ou mais dos seguintes: ✓ Teste de imunoglobulina direto (+) para anti-IgG ou anti-C3; ✓ Teste de eluição (+); ✓ LDH elevada, queda de hemoglobina e hematócrito; ✓ BI elevada, haptoglobina baixa e hemoglobinúria; ▪ Tratamento → interromper + cristaloides (manter uma diurese de 100 ml/h por pelo menos 18-24 hrs) + diurético + vasopressores (se hipotensão) e tratar CIVD* (hemácias, plasma, plaquetas ou Crioprecipitado); o Reação alérgica: ▪ Leucócitos do receptor x proteínas plasmáticas do doador (durante ou até 4 hrs após); ▪ Quadro clínico → 2 ou + → pápulas, prurido, urticária, tosse, rouquidão, edema (labial, lingual, periorbital, conjuntival ou de úvula); ▪ Tratamento → interromper + anti-histamínicos, corticoides e adrenalina (se grave); ▪ Profilaxia → lavagem e anti-histamínico prévio (se histórico); o Reação anafilática: ▪ Manifestações ocorrem em poucos segundos ou minutos após o início da transfusão; ▪ Quadro clínico → edema de laringe, cianose, insuficiência respiratória, broncoespasmo,estridor respiratório, podendo ocorrer também ansiedade, taquicardia, perda de consciência, hipotensão e choque; ▪ Tratamento → interromper +: ✓ Adrenalina aquosa 1:1000 – 0,2 a 0,5 ml – pode-se repetir a cada 15-20 minutos ; ✓ Cristaloide ou coloide; ✓ Dopamina, noradrenalina; ✓ Ventilação mecânica, inalação com beta-2 adrenérgico, corticoide; ▪ Profilaxia → lavagem e anti-histamínico prévio (se histórico); o Doença enxerto x hospedeiro transfusional: ▪ Linfócitos T do doador x tecidos do receptor; ▪ Receptor imunodeprimido ou sangue de parente próprio (não eliminados da circulação) ; ▪ Quadro clínico → rash, febre, hepatite, diarreia, aplasia de medula; ▪ Tratamento → TX de medula ou imunossupressão; ▪ Demora de 4 a 30 dias para ocorrer; ▪ Profilaxia → irradiação; • Não imunes: o TACO (congestão circulatória associada à transfusão): ▪ Ocorre por sobrecarga de volume; ▪ Quadro clínico → angústia respiratória aguda, surgimento ou piora de edema pulmonar, dispneia, hipoxemia, taquicardia, hipertensão arterial, balanço hídrico (+). Pode ocorrer também: turgência jugular, dor torácica, tosse, estertores, sinais de hipoperfusão cerebral e pressão de pulso alargada; ▪ Tratamento → suporte ventilatório (se necessário) + colocar o paciente sentado + diurético + vasodilatadores; o Reação hipotensiva: ▪ Quadro clínico → hipotensão rapidamente reversível com a suspensão da transfusão, rubor facial, náuseas, dor abdominal, perda de consciência, dispneia; ▪ Tratamento → suspender a transfusão; o Outras reações: ▪ Hipotermia → geralmente com o plasma; ▪ Hipercalemia → sobretudo em bolsas velhas (hemólise → liberação de K+); Hemoterapia e reações transfusionais Acd. Paulo Roberto T30 5 ▪ Toxicidade pelo citrato: ✓ É um quelante do cálcio; ✓ Quadro clínico → hipocalcemia → parestesias perioral e de extremidades, tontura, calafrios, tremores, espasmos musculares e arritmias cardíacas; ✓ Tratamento → cálcio VO ou IV; ▪ Hemocromatose → > 100 CH; ▪ Coagulopatia dilucional → transfusão maciça (10 CH em 24h ou 4 CH em 1h); ▪ Sepse → hemocomponente contaminado, geralmente nas plaquetas (pseudomonas, etc); Contaminação bacteriana Enxerto-hospedeiro Acd. Paulo Roberto T30 Aspectos gerais Hemocomponentes Reações transfusionais
Compartilhar