Prévia do material em texto
83. MONTAGEM, ORGANIZAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DIDÁTICA DE FRUTOS – CARPOTECA. Jadson Viana da Silva1, Sonia Maciel da Rosa Osman2 1 Estudante do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Amazonas. Manaus, Amazonas; email: jadson.ifam@gmail.com 2 Professora do Departamento de Biologia da Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas; Manaus, Amazonas; email: sonia.maciel.rosa@gmail.com INTRODUÇÃO A Flora Amazônica é muito rica e abundante e constitui uma das maiores potencialidades econômicas e científicas do país, e uma das formas de se documentar essa enorme diversidade é através da organização dos dados disponíveis em coleções botânicas, reunidas nos herbários.A catalogação dessa flora pode ser obtida por meio de coleções estruturadas em herbários, carpotecas, xilotecas e espermatecas. Essas coleções representam uma ferramenta para estudo e registro da composição florística de áreas importantes, principalmente por se tratar de um bioma como o Amazônico, onde muitos ecossistemas estão sujeitos a alterações, seja pela ação antrópica, ou por efeito das intempéries1. Os documentos que certificam a diversidade e a riqueza da flora de uma determinada região ou país encontram-se depositados nas coleções botânicas. Essas coleções são bancos de matérias (espécimes ou exemplares) vivos ou preservados e os dados a eles associados. Os jardins botânicos, os arboretos e os bancos de germoplasma são exemplos de coleções vivas. Os Herbários, as carpotecas, as palinotecas e as xilotecas são exemplos de coleções preservadas2. A partir da Conferência das Nações Unidades sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento cresceu a necessidade de se conhecer a biodiversidade; sendo então as coleções botânicas um dos principais meios de documentação da diversidade e riqueza de uma determinada região. Além de auxiliar na elaboração de monografias e demais trabalhos científicos. As coleções botânicas são reconhecidas hoje por toda a sociedade, e não apenas pelos cientistas, como prioritárias para se levar a cabo estudos da biodiversidade, manejo sustentável dos recursos naturais, programas de recuperação ambiental, ecoturismo e outros2. Dentre esses diversos tipos de coleções assinalados acima, destaca-se a Carpoteca, uma coleção científica de frutos que apesar de atrelado ao herbário, tem outros critérios, uma vez que muitos deles por serem grandes e de consistência lenhosa ou carnosa não permitem seu armazenamento junto à exsicata correspondente1. A existência de uma carpoteca é imprescindível para pesquisas e estudos, servindo como ferramenta para taxonomistas e estudantes em geral, pois o fruto pode ser a parte do material que difere uma espécie de outra3. A associação entre Herbário e Carpoteca permite estudos principalmente na área de Taxonomia, contribuindo com informações a respeito da classificação, descrição e identificação das amostras e serve de base para outros ramos da biologia, como a genética, ecologia, entomologia, entre outros1. Tais autores afirmavam a importância de se estudar os frutos e defendiam que classificá-los contribui para uma visão mais universal da carpologia de angiospermas, além de servir de material aos conteúdos teóricos das disciplinas voltadas para a flora. As carpotecas representam uma importante coleção associada aos Herbários, subsidiando diversos estudos dentre eles, taxonômicos, ecológicos e anatômicos. As carpotecas assim como outros tipos de coleções botânicas presentes em um herbário, que compõem o corpo de reconstituição da flora de um dado ecossistema, se configura em uma ferramenta imprescindível para elaboração, avaliação e aplicação de políticas públicas de caráter conservacionista.Deste modo, contribuindo para o conhecimento e ao mesmo tempo com a preservação da flora característica dos diferentes ambientes que constituem o ecossistema Floresta Amazônica.Partindo dessa problemática, o presente trabalho teve como objetivo, organizar uma coleção didática de frutos para o laboratório de Biologia da Universidade do Estado do Amazonas, com intuito de ser utilizado nas aulas práticas das disciplinas de botânica. METODOLOGIA As coletas foram realizadas em reservas naturais localizadas na cidade de Manaus, dentre elas, se destacam o Parque Sumaúma (Avenida Bacuri, 274 - Cidade Nova, Manaus - AM, CEP: 69095-110), Parque do Mindú (Rua Perimetral s/n, Parque dez, Manaus-AM), Reserva do INPA (Av. André Araújo, 2936 – Aleixo, Manaus-AM, CEP:69.060-001) e Jardim Botânico da Reserva Ducke (Reserva Florestal Adolpho Ducke, Zona Leste, Manaus-AM). Depois de coletados esse material foi acondicionado em sacos plásticos e levados para o laboratório para efetuar a desidratação, identificação, armazenamento e digitalização. A identificação a nível de Família e gênero foi feita através de literatura especializada e também comparação com a coleção de frutos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –INPA4. O trabalho foi desenvolvido na Universidade do Estado do Amazonas, na Escola Normal Superior com o intuito de montar uma carpoteca para o laboratório de Biologia, no qual são desenvolvidas as aulas práticas da disciplina de Morfologia das Fanerógamas e Sistemática Vegetal. Foi feita a organização da carpoteca, a digitalização das amostras de frutos secos, produção de etiquetas, classificação dos tipos de frutos, descrições botânicas e mailto:jadson.ifam@gmail.com mailto:jadson.ifam@gmail.com mailto:sonia.maciel.rosa@gmail.com informações sobre o uso. De posse desses dados, este trabalho propiciará um maior conhecimento sobre frutos da Região Amazônica, maximizando assim a qualidade de acesso às informações que podem ser úteis aos diversos estudos efetuados. O acervo concentra predominantemente espécimes oriundos do bioma Amazônico, sendo, no entanto, uma coleção de frutos regionais. Os frutos foram organizados em caixas de mdf, delimitados por divisórias, etiquetados e identificados a nível de família e gênero, mas enfocando principalmente a tipificação do fruto. Os frutos secos foram colocados em estufa (500C) para secagem completa, sendo classificados quanto a: consistência, deiscência, modo de dispersão e nomenclatura. Os espécimes também foram pintados com verniz incolor, para evitar a proliferação de fungos e fotografados no laboratório, imagens que fazem parte do catálogo didático. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao todo foram analisados 65 frutos secos provenientes das reservas naturais localizadas na cidade de Manaus. Dentre os frutos registrados, foram identificadas três categorias de acordo com sua abertura: Fruto Simples Seco Deiscente Pluricarpelar (Figura 1A), Fruto Simples Seco Indeiscente (Figura 1B) eFruto Simples Seco Deiscente Unicarpelar (Figura 1C)5. Dentre essas três categorias foi possível identificar as seguintes tipificações presentes na carpoteca: Pixídio (9), Cápsula (6), Legume (29), Síliqua (1), Sâmara (1), Craspédio (1) e Drupa (18),sendo o fruto do tipo legume o que foi encontrado com maior expressividade, provenientes da Família Fabaceae. Já as tipificações síliqua, craspédio e sâmara somente um exemplar coletado nos ambientes de reserva (Figura 2). Verificou-se prevalências das espécies de acordo com as famílias (Figura 3). Figura 2: Porcentagens das tipificações identificadas na coleção didática – carpoteca. Porcentagens das tipificações encontradas 1% 2% 2% 9% 14% 44% 27% Cápsula Pixídio Drupa Vagem legume Pseudofruto Síliqua Craspédio 1% Figura 3: Porcentagens das famílias encontradas na coleção. Quanto as famílias identificadas as que apresentaram maior quantidade de frutos foram a Família Fabaceae e Lecythidaceae, com 22 % do total cada, em seguida a Família Meliaceae com 14 % dos frutos, as demais tiveram uma representatividade de 7%, dentre elas: Mimosaceae, Bignoniaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae,Arecaceae, Anacardiaceae.As Famílias Combretaceae e Chrysobalanaceae apresentaram apenas um tipo de fruto não sendo mostradas no gráfico abaixo, por terem pouca representatividade (Figura 3). Dentre as tipificações foram identificadas 17 espécies presentes nessas famílias: Bertholletia excelsa, Eschweilera coriaceae, Cedrela fissilis, Leucaena leucocephala sp, Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don., Luffa operculata (L.) Cogn., Parkia multijuga, Hymenaea courbaril L., Caesalpinia ferrea, Parkia nitida, Tabebuia sp, Hevea brasilienses, Buchenavia grandis, Anacardium occidentale L., Couepia longipendulata, Astrocaryum aculeatum e Oenocarpus bacaba (Tabela 1). Desta forma, os presentes resultados obtidos vêm contribuir para melhor ensino-aprendizagem e desenvolvimento de pesquisas na área de carpologia de frutos oriundos da Região Amazônia, bem como influenciar tomadas de decisão de caráter conservacionista. Tabela 1. Relação das tipificações com as famílias mais representativas encontradas e suas espécies. REFERÊNCIAS 1. OLIVEIRA RB, SOUZA MC. Diversidade de frutos da Região do Alto Juruá, Acre, Brasil. Centro Científico Conhecer,Goiânia, v. 10, n. 19, p. 2129-40, 2009. Disponível em:<http://www.conhecer.org.br/enciclop/> Acesso em: 15 de maio 2015. 2. MORIM MP, PEIXOTO AL.Coleções Botânicas: documentação da Biodiversidade brasileira. Ciência e Cultura,São Paulo, v. 55, n. 3, p. 21-24, jul./set. 2003. Disponível em:<http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic>. Acesso em 15 de maio 2015. 3. RODRIGUES TS, CHALCO FP. Frutos da Família Lauraceae Coleta, Identificação, Descrição e Armazenamento na Carpoteca do CESP/UEA. In: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA PROGRESSO DA CIENCIA, 65, 2013. Anais.Recife: UFPE, 2013.Disponível Famílias encontradas 7% 7% 22% 7% lecythidaceae Meliaceae Bignoniaceae 7% 14% 7% 22% 7% Fabaceae Apocynaceae Mimosaceae Euphorbiaceae Anacardiaceae Arecaceae http://www.conhecer.org.br/enciclop/ http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic em:<http://www.sbpcnet.org.br/livro/65ra/resumos/resumos/5578.htm> Acesso em: 15 de maio de 2015. 4. JUDD WS, CAMPBELL CS, KELLOG, EA, STEVENS PF, DONOGHUE MJ. Sistemática Vegetal – Um enfoque filogenético. 3ª ed. Editora Artmed, Porto Alegre. 2009. 5. DE SOUZA LA. Morfologia e Anatomia vegetal: Célula, tecidos, órgãos e plântula. Ponta Grossa: UEPG, 2013. http://www.sbpcnet.org.br/livro/65ra/resumos/resumos/5578.htm http://www.sbpcnet.org.br/livro/65ra/resumos/resumos/5578.htm