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Copyright © UNIASSELVI 2014 Elaboração: Prof. Profª Mônica Conzatti Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 370.733 C882o Conzatti, Mônica Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar / Mônica Constate. Indaial: Uniasselvi, 2014. 259 p. ISBN 978-85-7830-852-0 1. Prática de Ensino. 2. Pedagogia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 35 TÓPICO 3 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a)! Nesta nova fase de estudos, apresentaremos alguns conceitos pertinentes à formação de sua identidade, além da influência que os diversos grupos que fazem parte da sua vida, contribuindo também com a formação de sua identidade enquanto pedagogo. Além disso, abordaremos o papel do professor na pós-modernidade e os avanços da pedagogia neste movimento, enfocando principalmente a postura do educador. 2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE Que tal iniciarmos os estudos de uma maneira diferente? Para isto o(a) convidamos para um desafio: em posse de um papel e lápis, pare por um minuto e liste todos os grupos dos quais fez ou faz parte. Dos grupos que você listou, pense agora: qual é a principal razão de fazer parte deles? Certamente você terá mais claro os motivos que o(a) impulsionaram a participar de alguns grupos e talvez ficará em dúvida quanto à sua participação em outros, mas não se preocupe, pois no decorrer desta exposição vamos procurar juntos, as respostas para estas perguntas. Para que possamos compreender melhor estas questões, precisamos inicialmente nos remeter à infância. Toda criança que vem ao mundo adentra a um cenário pronto, ou seja, construído e organizado anteriormente ao seu nascimento que farão parte da vida e, consequentemente, das relações sociais desta criança. Bock (1995) salienta que essas relações sociais ocorrem num primeiro momento na família, que é responsável por orientar a criança a fim de prepará-la para a ampliação do círculo de relações. Ao longo da vida do indivíduo, acontecerá a internalização da realidade e sua formação psíquica, que são construídos a partir de suas experiências de vida em um processo contínuo. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 36 FIGURA 18 – FAMÍLIA FONTE: Disponível em: <http://pastorsantos.no.comunidades.net/index. php?pagina=1135855144>. Acesso em: 15 nov. 2012. A história de vida de cada um é construída mediante o convívio com os vários grupos sociais e como esses agem sobre nós. Por exemplo: na escola, a criança desenvolve várias habilidades, mas poderá apresentar maior desenvoltura em uma determinada área, destacando-se entre os demais, e com isso terá mais afinidade com as pessoas que demonstram a mesma habilidade. Bock (1995) destaca que o grupo social supõe um conjunto de pessoas relacionando-se mutuamente e de forma organizada, tendo por finalidade atingir um objetivo a curto ou longo prazo. Podemos exemplificar este conceito tendo por objetivo imediato (curto prazo) a elaboração de um projeto social, e a longo prazo, alcançar ampliação do laboratório de informática de uma escola que será aberta para a comunidade. Para que os objetivos sejam alcançados, a execução do projeto deverá estar centrado na distribuição das tarefas, no relacionamento entre as pessoas, na comunicação entre todos que fazem parte do grupo e no desenvolvimento dos que dele fazem parte, em prol do alcance do objetivo. Quando falamos na importância das ações do grupo ao alcance do objetivo, estamos nos referindo ao processo grupal, no qual Bock (1995, p. 207) define como: [...] uma rede de relações que pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de uma figura ou subgrupo que detém o poder e determina as obrigações e normas que regulam a vida grupal. As relações de poder no grupo determinam ou influenciam o grau de participação dos membros nas decisões grupais, o processo de comunicação interno, o sistema de normas e punições e suas aplicações. TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 37 Cada grupo tem sua própria história, bem como um sistema de controle próprio para lidar com seus membros, ou seja, quando alguns deles fogem às regras instituídas, cabe aos demais estabelecer quais medidas serão aplicadas a fim de controlar o comportamento dos mesmos. Para que um grupo trabalhe em harmonia, a cooperação é um fator muito importante pois traz vitalidade à equipe, e por isso favorece a resolução de conflitos em relação a valores e regras, entre outros aspectos da vida grupal. Outro movimento que integra a relação nos grupos são os conflitos, pois os mesmos consistem em situações que perturbam a ação ou a tomada de decisões, devido à diversidade de opiniões e crenças dos membros do grupo, porém faz- se necessário pensar que os conflitos nos momentos de hostilidade, podem ser caracterizados como crescimento para um grupo que saiba tirar proveito disso. Ao refletirmos sobre a diversidade, consideramos que o indivíduo faz parte de diversos grupos como, por exemplo, na igreja, na família, no voluntariado, no trabalho, entre outros, sendo que o mesmo também acontece, também ocorre com cada um dos demais participantes e todos trazem consigo as experiências vivenciadas nos demais grupos dos quais fazem ou fizeram parte. Bock (1995, p. 208) ressalta que: Considerar o processo de desenvolvimento grupal significa, também, que o grupo pode propiciar a seus participantes condições de desenvolvimento e crescimento pessoal. Ninguém sai de um grupo igual a quando entrou nele. Participar de um grupo significa partilhar pontos de vista, representações, crenças, informações, emoções, desenvolver habilidades, aprender a desempenhar papéis de estudante, de filho, de profissional etc. Partilhando suas vivências com o grupo, o indivíduo traz à tona o que realmente é, ou seja, o que ele pensa, age, e sente, podendo assim influenciar o grupo de alguma maneira. Assim como influencia também é influenciado pelo grupo. Em ambos os casos, algumas atitudes ou crenças podem ou não ser aceitas, mesmo sendo produto da história de vida de seus envolvidos. Neste momento, estamos falando do processo de socialização. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 38 FIGURA 19 – GRUPO DE ADOLESCENTES FONTE: Disponível em: <http://sociologiamelhormateria.blogspot.com. br/2011/03/tipos-de-agregados-sociais.html>. Acesso em: 15 nov. 2012. Conforme Bock (1995), a socialização é o processo no qual ocorre a internalização do mundo social, com suas normas, valores, modos de representar os objetos e situações que compõe a realidade objetiva; fazendo parte também do processo de constituição de uma realidade subjetiva, formada a partir das primeiras relações do indivíduo com o meio social. É importante destacar que a questão específica que aborda o “que e como” o indivíduo aprenderá vai depender de que grupo ele faz parte, mediante condições peculiares como a classe social e cultural resultando em aprendizados diversificados. Bock (1995) nos chama a atenção para dois processos distintos no que tange à socialização, são eles: a) Socialização primária: ocorre a partir do momento em que são passados à criança os valores referentes às situações vividas pela sua família ou seu substituto, podendo ser a creche ou o orfanato. FIGURA 20 – VALORES FONTE: Disponível em: <http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com. br/2008/02/abordagens-dos-temas-transversais.html>. Acesso em: 21 nov. 2012. TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 39 b) Socialização secundária: nesta fase, os gruposlevados em consideração, são todos aqueles que vão fazer parte da vida do indivíduo ao longo dos anos, ou seja, essa socialização irá ocorrer na escola, no grupo de amigos (especialmente na adolescência, que se torna referência em comportamento, hábitos e valores, principalmente quando tratar do enfrentamento com o adulto) e adiante no grupo de trabalho. Constantemente fazemos parte de algum grupo social, independentemente da idade, pois a socialização não deixará de fazer parte da vida, mesmo quando um adolescente torna-se adulto, já que se trata de um processo ininterrupto. Porém, com a maturidade, as relações passam por mudanças e, consequentemente, o indivíduo vai interferindo no seu próprio processo de construção subjetiva, transformando-a. Desta forma, quando o indivíduo passa a transformar, produzir e interagir no meio que o cerca e, principalmente, em si próprio, ocorre a formação da identidade. Acadêmico(a)! Quando alguém o(a) aborda e pede a sua identidade, certamente você providencia seu documento em que consta uma série de informações que o diferencia das demais pessoas de um mesmo ambiente. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 40 FIGURA 21 – CARTEIRA DE IDENTIDADE FONTE: Disponível em: <http://aevangelista.wordpress.com/2010/03/15/ nossa-identidade/>. Acesso em: 15 nov. 2012. Porém, o conceito de identidade vai muito além de um documento, estamos nos referindo a uma apropriação do indivíduo em si mesmo ou a um autorreconhecimento. Bock (1995, p. 213) bem coloca: [...] o reconhecimento do eu se dá no momento em que aprendemos a nos diferenciar do outro. Eu passo a ser alguém quando descubro o outro e a falta desse reconhecimento do outro não permitiria que eu soubesse quem sou eu, na medida em que não teria elementos de comparação que permitissem que o meu eu se destacasse dos outros eus. Desta forma, podemos dizer que a identidade, o igual a si mesmo, depende da sua diferenciação em relação ao outro, o que faz da categoria uma função de interação entre o indivíduo e sua cultura. A construção da identidade é algo permanente na vida do indivíduo, por meio de seus sonhos, desejos, anseios, personalidade etc. Outro fator importante de constituição da identidade é a atividade. Bock (1995) nos expõe que a atividade constrói a identidade, sendo que o fato de estarmos inseridos nas organizações torna nossa ação fragmentada. Para melhor compreender esta afirmação, é preciso perceber que, dependendo de onde estamos e com quem estamos, desenvolvemos atividades e ocupamos lugares diferentes. Por exemplo, neste momento você está no lugar de estudante, a leitura é pertinente aos seus estudos; diante dos seus colegas de turma, você é visto como um bom estudante, pois é responsável, e tem boas notas. Já para seus amigos mais íntimos, talvez você seja o extrovertido, que está sempre alegre contando histórias, ou seja, como pode perceber houve uma troca de lugares e assim o “bom aluno” foi substituído pelo “amigo extrovertido”. Bock (1995, p. 216) ressalta: TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 41 A identidade é sempre uma identidade pressuposta, mas ao mesmo tempo tal pressuposição é negada pela atividade, já que ao fazer eu me transformo o que faz da identidade um processo em permanente movimento. É nesta movimentação que nos identificamos, fazendo parte de vários grupos durante nossa vida. Nesta conjuntura e tomando como base a sua escolha pelo Curso de Pedagogia, acadêmico(a), você amplia sua rede de relações e coloca em movimento sua identidade pessoal, para assim construir sua identidade profissional enquanto pedagogo, que passará a conhecer melhor a partir de agora. 3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO Vimos que uma das formas de constituição da identidade é a atividade, ou seja, durante nossa vida desempenhamos várias funções nos grupos dos quais fazemos parte e isso nos posiciona diante das pessoas. A escolha profissional é um momento de muitas dúvidas para determinadas pessoas, considerando que algumas deixam o curso superior para mais tarde, a fim de adquirirem maturidade. Acadêmico(a), pare por um momento e pense como foi a sua escolha pela Pedagogia: foi espelhada em alguém que admirava? Foi o testemunho de algum pedagogo que o inspirou? Escolheu por que gosta de crianças? Reflita sobre suas respostas e considere toda a sua caminhada até aqui. Dentre tudo que, provavelmente, você imaginou antes de envolver-se diretamente com a pedagogia, o “ser pedagogo” bem como o papel a desempenhar, deve estar mais claro. Conforme o site Brasil Profissões (2010), o pedagogo é um profissional especialista em educação, cuja função é produzir e difundir conhecimento no campo educacional, no qual deve ser capaz de atuar em diversas áreas educativas e compreender a educação como fenômeno cultural, social e psíquico. 42 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS FIGURA 22 – ESTUDANTE DE PEDAGOGIA FONTE: Disponível em: <http://saojosedoscampos.olx.com.br/sou-estudante- de-pedagogia-procuro-um-trabalho-de-baba-iid-116250137>. Acesso em: 21 nov. 2012. O site ainda sustenta que algumas das características necessárias para ser pedagogo englobam a capacidade de planejamento e execução de planos, dinamismo, boa comunicação facilidade em transmitir ideias; criatividade e competência no enfrentamento dos problemas do cotidiano, assim como flexibilidade, tolerância e atenção à diversidade cultural da sociedade, também são atributos exigidos para o exercício da pedagogia. A partir disso, podemos afirmar que a educação sente diretamente as mudanças provocadas pelas constantes transformações que ocorrem devido à globalização, exigindo dos educadores novas posturas, dinâmicas e abordagens objetivando o preparo dos alunos para que num futuro desenvolvam suas atividades como profissionais competentes, hábeis e polivalentes, cabendo também ao educador transmitir os conceitos necessários para que este aluno entenda e pratique a cidadania em conformidade com a ética e todas as implicações que a mesma confere. Conforme Soares (2006) faz-se necessário dominar conhecimentos, para que seja possível garantir a eficiência e eficácia da ação em prol do resultado, sendo pertinente buscar formação teórica a fim de se unir aos saberes práticos. Estes saberes necessitam estar ligados e sustentados no desempenho do ofício docente desempenhado pelo Pedagogo na construção do processo educacional, levando a uma reflexão no que tange aos conceitos de identidade profissional, saberes, competência, valores, crenças e culturas, princípios estes que contribuem para a caracterização do perfil do pedagogo. TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 43 Diante do exposto, este profissional deve ter clareza do seu papel, pois sua função faz com que ele experimente constantemente novas possibilidades de pensar, agir e compreender seu atuar na sociedade, por fazer parte da construção da história, juntamente com vários outros atores sociais que buscam a mudança e consequentemente a transformação do meio que os cerca em um espaço mais humano, mediante ações competentes e participativas. Para que o pedagogo tenha êxito nesta jornada, faz-se necessário a aquisição de alguns saberes que fundamentem o seu fazer pedagógico. Tardif (2001) os compreende como: • Saberes da formação profissional: são transmitidos pelas instituições responsáveis pela formação (escolas normais ou universidades). O professor e o ensino constituem objeto de saber para as ciências e para as ciências da educação. • Saberes pedagógicos: caracterizam-se como doutrinas ou concepções provenientes de reflexos da prática educativa no seu mais amplo sentido, no qual orientam a prática educativa. • Saberes curriculares: fazem parte deste os objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a constituição escolar categorizae apresenta os saberes sociais. • Saberes experienciais ou práticos: estes compreendem os saberes produzidos pelos professores no exercício da função diária e no conhecimento de seu meio, ou seja, são os saberes validados a partir da experiência. FIGURA 23 – PEDAGOGO FONTE: Disponível em: <http://www.trajetoconsultoria.com.br/ acerteorumo/?cat=66>. Acesso em: 21 nov. 2012. 44 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS Todos estes saberes constituem a identidade do pedagogo, diante das relações que são estabelecidas com os alunos e demais pessoas que fazem parte daquela realidade. Para a construção deste processo, o profissional deve ter claro que a formação teórica é algo essencial para o desenvolvimento de suas atividades, nos quais a ciência, arte e filosofia, fazem parte do trabalho. Conforme Rios (2003), as ações dos docentes abrangem dimensões importantes, sendo: • Dimensão técnica: consiste na capacidade em lidar com os conteúdos conceitos e comportamentos, articulando-os com os alunos em um processo de construção e reconstrução. • Dimensões estéticas: diz respeito à presença da sensibilidade e sua orientação numa perspectiva criadora. • Dimensão política: refere-se à participação na construção da sociedade bem como na reivindicação dos direitos e exercício dos deveres. • Dimensão ética: trata-se do respeito à orientação da ação, tendo como base o respeito e a solidariedade, na direção de um bem coletivo. Diante do exposto, a constituição da identidade do pedagogo parte de saberes teóricos e práticos, para a construção de um trabalho autônomo e competente, na superação dos obstáculos e desafios que surgem em seu cotidiano escolar. De acordo com Soares (2006), os dilemas e conflitos enfrentados diariamente em sua prática o fortalecem nas suas crenças, potencializa suas ações e compromisso ético, agregando crenças, valores e culturas, traçando assim um perfil identitário para esse profissional. Ao desempenhar sua função, o pedagogo contribui diretamente na construção do ser humano, investindo em sua dedicação e compromisso, para que o próximo tenha a oportunidade de exercer e ter o seu direito como cidadão a qualquer momento. 3.1 O PAPEL DO PEDAGOGO NA ATUALIDADE Neste momento, acadêmico(a), vamos nos aprofundar no que diz respeito à atuação do pedagogo na atualidade, sua postura e preparo diante das diversas demandas que a ele se apresentam diariamente. Certamente, em sua época escolar, você deve ter convivido com professores que mantiveram a mesma estrutura de ensino ano após ano, ou seja, totalmente previsíveis na metodologia aplicada, enquanto outros se apresentam criativos e inovadores. A respeito disso, Rêgo (2009, s/p) nos coloca que: O professor, enquanto especialista da aprendizagem, adquiriu formação específica e foi designado pela sociedade através de um processo de seleção acadêmica, para cuidar da aprendizagem dos alunos. O perfil desse professor pós-moderno assume alguns aspectos TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 45 sobremodo relevantes; é ele quem constrói os fundamentos de todo e qualquer perfil profissional. Do ponto de vista do humano é o profissional mais estratégico. Para assumir o compromisso pelo direcionamento da vida profissional de outras pessoas, faz-se necessário que o mesmo adote uma postura articulada e seja dotado de algumas características importantes. Assim, Rêgo (2009) nos mostra quais são as ações que devem ser adotadas pelo professor moderno no ato do seu desenvolvimento profissional: a) O professor deve ser pesquisador: o ato de pesquisar e estar em busca do conhecimento é o que mais define o exercício deste profissional, portanto, lecionar vai além de ministrar aulas e socializar conhecimentos; pois a pesquisa é compreendida como princípio educativo comprometido com a qualidade do ensino. b) O professor precisa saber construir: a aprendizagem tem maior significado a partir do momento em que direcionamos nossas intenções na construção do que queremos transmitir, sendo que quando construímos novas formas de transmissão e aplicação deste conhecimento o conteúdo internalizado é pela via da elaboração. As informações a serem transmitidas tornam-se energia pessoal se elaboradas pessoalmente, assim como o alimento se torna energia pessoal se digerido. Elaborar métodos e estratégias, implicam três aspectos importantes: 1) viabilizar o projeto pedagógico próprio e coletivo; 2) dar conta do material didático próprio; 3) introduzir inovações didáticas próprias, no sentido de nos tornarmos sujeitos das próprias propostas. O professor não pode ser apenas leitor, mas precisa tornar- se autor, e mostrar o caminho visível da passagem do leitor para o autor, do observador para o participante, do discípulo para o mestre. c) O professor precisa teorizar a prática: trata-se de combinar de forma criativa teoria e prática. Podemos arriscar dizer que o conhecimento tem início a partir do questionamento da prática. A própria teoria se não for confrontada com a prática, não é uma teoria socialmente pertinente. Neste aspecto o professor necessita da autocrítica, no que tange à sua competência, pois o professor cujo seu próprio aprendizado é deficitário, não desenvolve no seu aluno o aprendizado de forma eficiente. d) O professor deve buscar atualização permanente: isso sempre faz parte das discussões pedagógicas mais aprofundadas, pois o conhecimento imprime uma coerência assustadora ao processo de inovação, sendo ele próprio objeto de inovação, pois a velocidade da inovação é proporcional à velocidade do envelhecimento. Nenhuma profissão envelhece mais rapidamente quanto a do professor. O desafio na atualização permanente pode ser visualizado sob dois níveis principais: 1) a socialização do conhecimento: representado por seminários, encontros, palestras que permitem ao professor manter contato com pesquisadores, oportunizando momentos de discussão comunicação e informação; 2) nível de captação permanente: consiste na participação em cursos que garantam aprendizagem adequada, baseados na pesquisa e elaboração própria. 46 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS e) O professor deve saber utilizar-se das tecnologias de informação: neste item estão presentes dois desafios: 1) usar os meios disponíveis para fins de socialização de conhecimento e informação, pois tais recursos proporcionam que o aprendizado seja acessível e consequentemente mais atraente, promovendo ambientes mais motivadores e instigadores de aprendizagem; e 2) a produção de materiais didáticos através de meios eletrônicos, sendo o professor autor de propostas criativas. É possível caminhar na direção de uma informática cada vez mais construtiva, que supere a simples transmissão de informação e conhecimento; o “educativo” da informática, não provém dela mesma, mas do educador engajado no processo de aprendizagem do aluno. Assim a informática assume o papel de insumo da educação, enquanto meio para levar o aluno a estudar e a pensar. f) O professor precisa caminhar na direção da interdisciplinaridade: o conhecimento exige que a posição dos especialistas seja mantida, porém a interdisciplinaridade de conhecimentos nas áreas afins, não pode ser deixada de lado. Trata-se de encontrar um meio termo entre o conhecimento profundo e naturalmente verticalizado, e a capacidade de aprender para além da fronteira disciplinar, o professor um profissional polivalente. g) O professor deve revisar o processo de avaliação: cabe ao professor rever sua teoria prática de avaliação, objetivando aprimorar o processo de aprendizagem dos alunos. A avaliação faz parte do processo educativo e num primeiro momento proporciona ao professor a oportunidade de diagnosticar, ou seja, saber em que situação se encontra o aluno, sobretudo as dificuldades de aprendizagem. Diante do exposto,acadêmico(a), verificamos que o professor é um profissional dinâmico que deve caminhar em busca de mudanças, visando ao seu próprio progresso e o dos que estão sob sua responsabilidade. O perfil do professor pós-moderno recebe destaque principalmente aos que elencam a importância a ele merecida e nos que investem em educação, pois por meio da valorização e respeito a este profissional e ao seu saber nos juntaremos ao nível dos países que investiram e colheram bons resultados na qualidade da educação. 4 ÉTICA APLICADA À PEDAGOGIA – UMA BREVE REFLEXÃO A ética é um tema que permeia a maioria das rodas de discussão entre profissionais e na pedagogia não poderia ser diferente. Inúmeras são as situações em que o pedagogo questiona-se sobre o que é certo ou errado, deixando-o em dúvida sobre o que fazer, dizer ou como portar-se diante de uma situação que o desafia em relação à moralidade do comportamento a ser adotado. Em situações cotidianas como chamar a atenção do aluno, avaliar seu desempenho em sala de aula, analisar seu comportamento indisciplinado, ou sua insistência em colar na prova, devem ser pautadas numa postura ética respeitando alunos e instituição, e, sobretudo, valorizando o professor. TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 47 FIGURA 24 – ÉTICA FONTE: Disponível em:<http://filosofandoehistoriando.blogspot.com. br/2010_02_01_archive.html>. Acesso em: 21 nov. 2012. Júnior (2009) afirma que a conduta ética adequada evita a responsabilidade por danos na relação educacional, danos em relação às pessoas envolvidas, bem como dano à própria educação, que é o objetivo maior da atividade da docência. Mas, afinal o que é a ética? Qual seu objeto de estudo? É possível ter um comportamento ético? Essas questões são pertinentes de reflexão, pois referem- se ao nosso atuar, não só em sala de aula, mas diante de várias situações. Assim, Júnior (2009, p. 150) nos coloca que: A ética não é a própria moral, mas a moral é o objeto de estudo da ética em caráter científico. Dessa forma, o estudo da ética não tem a intenção de estabelecer regras fechadas de como se comportar, ou seja, estabelecer soluções para cada problema prático-moral, e sim criar uma ciência com princípios gerais voltados para a reflexão de um comportamento moral e, assim, saber agir e situações problemáticas. A ética não se preocupa com qualquer comportamento humano, mas com aqueles que envolvem problemas de moral, bem como a reflexão sobre estes problemas e a construção de uma ciência, tendo como objeto o comportamento moral. A ética não apresenta soluções para qualquer tipo de comportamento, ou seja, não há regras específicas para cada ação desenvolvida, pois esta tarefa é de responsabilidade do indivíduo. A ética apresenta algumas regras que nos levam a refletir sobre este ou aquele comportamento, e organizar princípios a fim de que o indivíduo possa conduzir suas ações dentro dos padrões éticos. Assim, Júnior (2009) destaca que: 48 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS A forma para cada campo de comportamento humano devem ser analisados os problemas morais enfrentados, refletir cuidadosamente sobre eles, fazer juízo de valor, encontrar soluções, e a teorização destas reflexões se traduz no significado de ética, que depois, como ciência, deve manter a investigação dos casos para poder se contextualizar e se reformular na diversidade de situações de problemas morais dos relacionamentos humanos. Nas relações entre professor e aluno, professor e instituição, os problemas considerados práticos morais sempre acontecerão, pois como cada caso é um caso, e para que se determine uma conduta ética na busca de uma solução, a compreensão da condição dos indivíduos envolvidos deve ser considerada. Nossos comportamentos refletem nos campos sociais e como profissionais atuamos em um sistema, sendo necessário respeitar a ordem do mesmo, para que possamos ter sucesso neste campo. Júnior (2009) nos leva a refletir sobre uma importante questão; o profissional que trabalha somente pelo salário é imprudente não tem consciência que sua atuação profissional faz parte de um sistema social, pois ele é um participante ativo na construção do bem comum, sendo de extrema importância lembrar que o trabalho dignifica o homem não somente pelo fator econômico, e sim pelo social, ou seja, por ser instrumento de realização da construção de uma sociedade. A atuação profissional baseada na ética reforça que o profissional importa- se com os reflexos sociais da sua profissão, mesmo em tempos onde a cultura imediatista capitalista, faz com que muitas vezes os profissionais se esqueçam das implicações sociais da profissão. A importância da ética do professor é defendida por Júnior (2009, p. 152) quando ele coloca que: O comportamento do professor em sala de aula deve ser pensado, pois existe a necessidade de atender regras de comportamento em relação aos alunos, à instituição em que trabalha, bem como aos colegas de classe. Um comportamento antiético atinge não só a harmonia de uma sala de aula, mas de todo o sistema de educação, pois os reflexos de um microssistema (sala de aula) influenciam todo o objetivo de construção social, ainda mais quando este microssistema é relacionado à educação. É preciso refletir que algumas virtudes são consideradas indispensáveis para uma atuação profissional ética. Junior (2009) apud Antônio Lopes de Sá (2001, p. 175), considera como virtudes básicas profissionais, imprescindíveis a qualquer profissão: • Exercício do zelo: o zelo é a responsabilidade do profissional com o objeto do seu trabalho e como demonstra a qualidade de seu serviço. O zelo requer que mesmo em situações extremas, em que aparentemente a solução é difícil, o profissional prime pelo empenho e responsabilidade profissional. TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 49 • Honestidade: o profissional recebe a confiança dos que utilizam seus serviços, por isso honestidade significa ter a responsabilidade perante o bem e a satisfação de terceiros. • Sigilo: a partir do momento em que o profissional tem conhecimento de um fato, ou é confiado e ele algo importante, por meio de suas atividades, tem o dever de manter sigilo. FIGURA 25 – SIGILO FONTE: Disponível em: <http://morgadodeontologia.blogspot.com. br/2012/08/5-simuladas-16701674-sigilo-profissional.html>. Acesso em: 21 nov. 2012. • Competência: significa estar habilitado para a prática de uma determinada profissão, ou seja, conhecer as técnicas do exercício desta. Tal virtude é importante para a credibilidade do profissional e evitar que erros sejam cometidos, podendo causar danos aos envolvidos na atividade desempenhada. Tais virtudes têm serventia a todas as profissões. Existem virtudes específicas, em relação à tarefa do educador mediante a relação com os alunos, as quais estão ligadas ao comportamento ético e adequadas ao modelo de educação desta sociedade. A educação também tem por objetivo promover a adequação dos indivíduos ao convívio social e a manutenção do equilíbrio entre suas várias dimensões, pois a educação é parte integrante da mesma, tendo por missão reproduzir o modelo vigente nesta, em seus aspectos econômicos, sociais e políticos, principalmente na representação da verdade, formando assim indivíduos que perpetuem e atuem frente a este modelo. 50 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 5 O PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE Antes de iniciarmos este assunto, vamos resgatar a história da pós- modernidade, para que possamos entender seus reflexos na atuação do professor. Gonçalves (2008) nos coloca que: O que se chama de pós-modernidade ou pós-modernismo é um movimento sociocultural que ganhou impulso a partir da segunda metade do século XX. Este movimento caracteriza-se por uma severa crítica aos padrões éticos e estéticos que vigoraramno século passado e é típico das sociedades pós-industriais baseado na informação. Passou a incorporar uma visão de mundo relacionada ao fim dos conflitos mundiais e à superação da “guerra-fria”. O pós-modernismo é caracterizado pelo paradigma sociocultural, com base nas transformações e avanços da sociedade. Alguns eventos caracterizaram este movimento como: a ida ao espaço, avanços da saúde e genética, bem como o aumento do consumo nas sociedades capitalistas. As maiores mudanças do movimento pós-modernista foram expressas nas artes, conforme demonstra o quadro a seguir: Modernismo e Pós-Modernismo QUADRO 2 – MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO NAS ARTES Modernismo Pós-Modernismo Cultura elevada Cotidiano banalizado Arte Antiarte Estetização Desestetização Interpretação Apresentação Obra/originalidade Processo/ pastiche Forma/abstração Conteúdo/figuração Hermetismo Fácil compreensão Conhecimento superior Jogo com a arte Oposição ao público Participação do público Crítica cultural Comentário cômico, social Afirmação da arte Desvalorização obra/autor FONTE: Santos (1986, p. 41-42) TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 51 Em relação à organização dos conhecimentos, Gonçalves (2008) nos demonstra que com o pensamento pós-moderno, as formas de conhecer e de pensar o conhecimento não podem mais seguir uma lógica mecanicista e determinista, sendo que as repercussões da globalização sobre as maneiras de pensar e sentir, viver e agir no mundo afetam as concepções filosóficas sobre a realidade. Diante das transformações mencionadas acima, a educação também passou por significativas mudanças e a atuação do professor necessitou ser repensada. Antunes (2009, p. 17) faz uma breve exposição sobre a atuação do professor que não acompanhou essas mudanças: Nessa visão de ensino aplaudia-se o silêncio, e a imobilidade do aluno e a sapiência do mestre, além de se pensar o conhecimento como informações pré-organizadas e concluídas que se passavam de uma pessoa para a outra, portanto, de fora para dentro, do mestre para o estudante. Ensinar significa difundir o conhecimento, impondo normas e convenções para que os alunos assimilassem. Estes levavam a escola à boca – porque da mesma não podia se separar – mas a toda aprendizagem dependia do ouvido, reforçado pela mão na tarefa de copiar. Acadêmico(a)! Esta citação do autor lhe trouxe lembranças de sua época escolar? Acreditamos que para muitos de vocês, ela fez todo o sentido, pois os remeteram às lembranças daqueles professores que faziam uso de métodos rígidos de ensino, em que o diálogo com os alunos era quase inexistente. Se por acaso, você não conheceu este estilo de professor, pergunte a qualquer adulto que tenha mais de quarenta anos e a confirmação virá. FIGURA 26 – O PROFESSOR ANTIGAMENTE FONTE: Disponível em: <http://evanildopj.blogspot.com.br/>. Acesso em: 21 nov. 2012. 52 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS De acordo com as literaturas consultadas, este estilo de conduzir o ensino perpetuou por muito tempo e adentrou o século XX. Esta concepção ditava que era o professor que detinha conhecimento e não aquele que conduzia a aprendizagem de seus alunos. Nesta versão, a responsabilidade pelo aprender era do aluno que repetia o ano quantas vezes fossem necessárias, caso não aprendesse. Com o tempo, a educação necessitou passar por transformações, nos quais trouxeram outras maneiras de conduzir o aluno ao aprendizado, assim, foram pensadas e aos poucos, formas de articulação das disciplinas por meio de novas abordagens como: a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade, das quais faremos um breve resgate. FIGURA 27 – INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE FONTE: Disponível em: <http://andreasmariano.blogspot.com.br/2012/10/va10temas- transversais.html>. Acesso em: 21 dez. 2012. Bastos (2006) nos coloca que a partir do momento em que o professor conduz seus trabalhos disciplinarmente, ele faz uso de situações-padrão que correspondem a modelos preestabelecidos e assim são identificados aspectos da situação estudada que permitem enquadrá-la num padrão, ao qual são aplicados os saberes conhecidos previamente. Para tanto, é preciso conhecer os conceitos que estruturam a disciplina, as relações entre esses conceitos (leis e teorias) e a maneira particular de utilizar essas teorias para chegar a compreender as situações estudadas. Já a abordagem multidisciplinar, ainda de acordo com o autor anteriormente citado, corresponde ao agrupamento de diversas disciplinas objetivando o estudo de um tema em comum, sem identificar uma situação TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO 53 específica. Neste caso, a visão de mundo que está por trás dessa prática pedagógica é a mesma que apoia a prática disciplinar, ou seja, compreender o todo pela justaposição de suas partes. Desta maneira, um tema relevante é cuidadosamente estudado por todas as disciplinas, dentro de suas perspectivas específicas, sem que ocorra uma articulação explícita entre elas. A articulação é deixada para ser feita posteriormente, pelos alunos. O trabalho é conduzido sem que sejam criados modelos mais complexos de situações específicas ligadas ao tema. A abordagem interdisciplinar, conforme Bastos apud Fourez (2001), objetiva a construção de representações em situações específicas, utilizando os conhecimentos das diversas disciplinas. Esta abordagem apoia-se numa visão de mundo que considera que as partes da realidade interagem entre si, não sendo possível compreender um sistema complexo com base na compreensão de suas partes isoladas. Ainda nesta linha de pensamento, Bastos apud Fourez (2001) nos apresenta que: [...] uma abordagem transdisciplinar ocorre quando utilizamos noções, métodos, competências e abordagens próprios de uma disciplina dentro da estrutura de uma outra e num contexto novo. Nesse caso, essas abordagens ou esses conceitos são chamados de transversais e podem ser considerados segundo duas perspectivas: numa visão platônica, esses conceitos e essas abordagens existem independentemente de contextos, devendo ser ensinados de forma geral ou abstrata; numa visão construtivista, ocorre a transferência de uma disciplina para outra, através da modelização de um núcleo, que será transposto, e de uma adaptação posterior ao plano do contexto. Estas reflexões nos fazem perceber que a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade necessitam ser pensadas constantemente na atuação do professor pós-moderno. É necessário saber mais do que as diferenças entre elas, para o desenvolvimento dos trabalhos, pois sua aplicação vai além do somente diferenciar destes conceitos. Atualmente busca-se uma prática baseada na interdisciplinaridade, ou seja, objetiva-se compatibilizar além de métodos e técnicas, um conhecimento integrado e ativo. As constantes mudanças nos vários segmentos dentro do cenário político, econômico e social da coletividade capitalista e globalizada da qual fazemos parte, nos mostra o quanto vivemos em uma sociedade fragmentada, em que em muitos momentos deixa-nos desconcertados, no que condiz ao modo como devemos agir e articular as diversas informações que se fazem presentes, modificadas e atualizadas a todo instante, o que em várias situações vêm a causar bloqueios referentes à elaboração de um pensamento crítico diante de tais mudanças. O papel do professor como agente ativo/crítico no processo educacional e formador da sociedade, faz sua parte em relação a estas constantes mudanças, pois por mais sofisticadas que as tecnologias se apresentem ao nosso dispor, nada poderá substituir a presença desta pessoa que, além de fornecer o testemunho de sua vivência e saber, é também responsável por abrir os caminhos rumo à verdade. 54 UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDOOS CONCEITOS FIGURA 28 – MENSAGEM FONTE: Disponível em: <http://ew-willianlira.blogspot.com.br/2012/10/o-professor-e- eduacacao-para-um-brasil.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.