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Sumário Direito Penal 1 Princípios do Direito Penal 1 Evolução Histórica do Direito Penal 3 Escolas Penais 4 Direito Penal do Inimigo 5 Evolução do Direito Penal Brasileiro 5 Fontes do Direito Penal 5 Lei Penal 6 1. Definição 6 2. Classificação 6 3. Características 6 4. Interpretação da Lei Penal 6 5. Lei Penal no Tempo 8 6. Lei Penal no Espaço 9 Conflito Aparente de Normas 10 Direito Penal 1. Definições: a. Franz Von Liszt: “Conjunto de normas jurídicas estabelecidas pelo Estado que associam o crime como fato e a pena como legítima consequência”. b. Luiz Régis Prado: “Refere-se a comportamentos considerados reprováveis ou danosos ao organismo social que afetam gravemente bens jurídicos necessários à sua própria conservação e progresso”. 2. Objetivos: a. Proteger bens jurídicos essenciais. b. Limitar o poder punitivo do Estado. 3. Sistema Penal: a. Conjunto de leis e órgãos que realizam o controle social punitivo. b. Objetivos voláteis, e mais suscetíveis aos objetivos da classe dominante. Princípios do Direito Penal 1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (P. da Humanidade): a. Previsto no Art. 1°, III, CF. b. Alicerce de onde se emanam os demais princípios. c. Proíbe resposta estatal que atente contra a dignidade da pessoa humana - Art. 5°, XLVII, CF. 2. Princípio da Legalidade (P. da Reserva Legal): a. Art. 5°, XXXIX, CF: nullum crimen, nulla poena sine lege (não há crime sem lei anterior que o defina). b. Lei deve ser escrita, estrita e certa. c. Não admite analogia. 3. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal: a. Art. 5°, XL, CF: Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. b. Consequência do Princípio da Legalidade. 4. Princípio da Intervenção Mínima: a. Lei penal intervém apenas quando extremamente necessário (ultima ratio). b. Utiliza-se o Direito Penal quando outros ramos do direito não forem suficientes para a proteção de determinado bem jurídico. 5. Princípio da Fragmentariedade: a. O Direito Penal só protege os bens jurídicos imprescindíveis para a sociedade. 1 6. Princípio da Lesividade (P. da Ofensividade): a. Determinado comportamento somente será incriminado se realmente provocar lesão ou criar risco a um determinado bem jurídico protegido pelo direito penal. 7. Princípio da Insignificância (P. da Bagatela): a. Direito Penal só agirá se o bem jurídico for atacado com certa gravidade. b. Requisitos do STF: mínima ofensividade da conduta, inexistência de periculosidade social do ato, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão provocada. 8. Princípio da Culpabilidade: a. Nulla poena sine culpa. b. Culpa é um fundamento da pena. c. Não há crime sem dolo ou culpa. d. Necessita-se conhecer a ilicitude de uma conduta. e. Agente deve ser culpável. f. Culpabilidade = sentimento de reprovação social. g. Pena não pode ser maior que o sentimento de reprovação social. h. Culpabilidade é fundamento e limite para a imposição da pena. 9. Princípio da Proporcionalidade: a. Pena deve ser proporcional à gravidade do crime praticado. 10. Princípio da Razoabilidade: a. Legislador deve aplicar o princípio da proporcionalidade com critérios razoáveis para atingir os fins da pena. b. Pena deve ser a mais branda possível. 11. Princípio da Personalidade da Pena: a. Pena não pode ultrapassar a pessoa do apenado. b. Os efeitos secundários podem ultrapassar (ex.: se um pai é preso, a família sofre). 12. Princípio do “ne bis in idem": a. Não se pode julgar uma pessoa duas vezes pelo mesmo fato. b. Vedação da dupla punição pelo mesmo fato. c. Crime maior absorve o maior; crime fim absorve o crime meio. 13. Princípio da Adequação Social: a. Direito Penal cuida das ações socialmente relevantes (ex.: lesões em prática esportiva não é competência do Direito Penal). 14. Princípio da Alteridade: a. Claus Roxin: Direito Penal não deve incriminar condutas meramente internas. 2 b. Patrimônio jurídico alheio deve ser atingido para que o Direito Penal atue. 15. Princípio da Necessidade e Suficiência da Pena: a. Pena deve ser necessária e suficiente para cumprir os fins a que se destina: reprimir e prevenir o delito. 16. Princípio da Individualização da Pena: a. Pena deve ser aplicada respeitando a condição individual de cada apenada. b. Legislador, julgador e executor. Evolução Histórica do Direito Penal 1. Fases: a. Vingança Divina: i. Crime é um ataque a Deus. ii. Sanção é aplicada pelo Sacerdote. iii. Pena é proporcional à grandeza de Deus. iv. Função de retratação perante Deus. b. Vingança Privada: i. Crime é um ataque ao particular ou ao seu grupo. ii. Sanção é aplicada pelo particular ou seu grupo (justiça pelas próprias mãos). iii. Lei de Talião (olho por olho e dente por dente) e composição. iv. Função de proteger a vítima/grupo ofendido. c. Vingança Pública: i. Crime é um ataque à ordem de paz. ii. Sanção é aplicada pelo soberano. iii. Penas de morte, corporais, etc. iv. Função da pena é proteger o soberano. v. Possibilidade de recurso: apelação para o povo. d. Direito Penal Romano: i. Ciclo jurídico completo: Vingança divina, privada e pública. ii. Civil Law. iii. Direito Penal subjetivo. iv. Princípio do dever moral. v. Princípio da reserva legal/legalidade. vi. Princípio da culpabilidade. vii. Distinção de dolo e culpa. e. Direito Penal Germânico: i. Vingança privada e, posteriormente, pública. ii. Direito Penal objetivo. 3 f. Direito Penal Canônico: i. Vingança pública. ii. Poder exercido pela Igreja. iii. Direito Penal subjetivo. iv. Humanização das penas, penas privativas de liberdade, individualização das penas. g. Direito Penal Comum: i. Século VI a XVII - Idade Média. ii. Estudos dos modelos anteriores. iii. Glosadores e pós-glosadores. iv. Uniformização do direito. v. Evolução da escrita. vi. Absolutismo - autoritarismo. vii. Período mais cruel. h. Período Humanitário: i. Iluminismo, revolução social, contratualismo, antropocentrismo. ii. Humanização das penas. iii. Penas proporcionais à gravidade do delito. Escolas Penais 1. Classificação: a. Escola Clássica: i. Contratualismo ou jusnaturalismo. ii. Poder punitivo está no livre arbítrio. iii. Crime é um ente jurídico e a quebra do contrato social. iv. Pena reafirma o contrato social. v. Objetos de estudo: crime, pena e processo. vi. Autores: Cesare Beccaria e Carrara. b. Escola Positivista: i. Evolução científica. ii. Fases antropológica, sociológica e jurídica. iii. Crime é um ente biológico ou social. iv. Poder punitivo fundamenta-se na periculosidade do autor. v. Pena visa a defesa social. vi. Objetos de estudo: crime, pena, processo e delinquente. vii. Autores: Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Rafael Garofalo. viii. Não há livre arbítrio, o delinquente já nasce assim (determinismo). 4 Direito Penal do Inimigo 1. Características: a. Conceituado por Günther Jakobs. b. Direito penal do cidadão X Direito penal do inimigo. c. Direito Penal do Cidadão: i. Direito garantista, tradicional, limitador do Estado. ii. Cidadão é o signatário do Contrato Social (Rousseau). d. Direito Penal do Inimigo: i. Direito punitivista, estado de guerra, sem garantias e nem princípios. ii. Direito Penal de 3ª Velocidade. iii. Inimigo rescinde o Contrato Social, não merece receber o mesmo tratamento que o cidadão. Evolução do Direito Penal Brasileiro 1. Fases: a. Direito posto a partir de 1.500: i. Sem raízes brasileiras. ii. Reflexo do Período Comum (Idade Média). iii. Poder nas mãos dos donatários. iv. Direito penal do terror. b. Código Penal do Império (1.830): i. 1° Código Penal 100% brasileiro. ii. Grandes inovações: crimes e penas descritos de forma clara, humanização, dias-multa, etc. c. Código Penal da República (1.890): i. Considerado o pior código - atrasado e afastado da realidade jurídica. ii. Sofreu muitas reformas, leis especiais o complementaram. d. Código Penal Atual (1.940): i. Adequado para seu tempo. ii. Sofreu diversasalterações (principal em 84 - Teoria Finalista da Ação), leis especiais o complementam. Fontes do Direito Penal 1. Fonte Material (ou de Produção): a. Estado (União) - Art. 22, I, CF. 2. Fontes Formais (ou de Conhecimento): a. Imediata: i. Lei. 5 b. Mediata: i. Costumes (secundum legem - de acordo com a lei, praeter legem - complementa a lei, contra legem - contra a lei). ii. Princípios. iii. Doutrina. iv. Jurisprudência. Lei Penal 1. Definição: a. Norma: mandamento legal. b. Lei: Forma pela qual a norma se expressa. 2. Classificação: a. Lei Penal Incriminadora: i. Preceito Primário: descrição da conduta proibida. ii. Preceito Secundário: consequência jurídica da prática proibida. b. Lei Penal não incriminadora: i. Permissivas: hipóteses de permissão para comportamentos descritos nas leis penais incriminadoras - Exemplo: Art. 23, CP. ii. Exculpantes: afastam a culpabilidade do indivíduo - Exemplo: Art. 26, CP. iii. Explicativas: esclarecem os conceitos - Exemplo: Arts. 24 e 327, CP. c. Lei Penal em branco: i. Incriminadoras. ii. Descrição da conduta punível mostra-se lacunosa ou incompleta. iii. Necessita de outro dispositivo legal para sua complementação. iv. Exemplo: Art. 33 da Lei de Tóxicos - tipifica o tráfico de drogas, mas não especifica o que é droga. 3. Características: a. Exclusividade: somente a lei penal pode definir crimes e cominar sanções. b. Anterioridade: deve ser anterior ao fato delitivo. c. Imperatividade: seu descumprimento acarreta a imposição da pena. d. Generalidade: destina-se a todos. e. Impessoalidade: não se refere a pessoas específicas. 4. Interpretação da Lei Penal: a. Quanto às fontes: i. Autêntica ou Legislativa: 1. Realizada pelo Legislativo. 2. Uma lei explica o significado de outra. 6 3. Tem caráter vinculante. ii. Jurisprudencial: 1. Realizada pelos tribunais. 2. Conjunto de decisões acerca de um mesmo tema. 3. Caráter vinculante no processo em que é realizada. iii. Doutrinária: 1. Produzida pelos doutrinadores. 2. Fruto de estudos da ciência jurídica. 3. Não possuem caráter vinculante, apenas orientam os legisladores e julgadores. b. Quantos aos meios: i. Gramatical ou literal: 1. Procura o significado das palavras. 2. Interpretação textual. 3. Primeira e mais perigosa forma de interpretação. 4. Insuficiente. ii. Histórica: 1. Conceitos legais ligados a momentos históricos. 2. Legislação é compreendida como expressão do pensamento de um povo. 3. Evolução das leis. iii. Sistemática: 1. Toda lei é parte integrante de um todo legislativo. 2. Interpretação deve se realizar de acordo com o ordenamento jurídico. 3. Lei como parte de algo maior. c. Quanto aos resultados: i. Declarativa: 1. Expressa o sentido literal do texto. ii. Extensiva: 1. Texto legal diz menos do que deveria. 2. É preciso ampliar o entendimento. iii. Restritiva: 1. Texto legal diz menos do que deveria. 2. É necessário restringir a interpretação. 7 3. Exemplo: Art 147, CP - Crime de ameaça - sujeito ameaçado deve ser interpretado como indivíduo que tenha condições biopsíquicas de entender a promessa de mal futuro, injusto e grave. d. Analogia: i. Proibida nas normas penais incriminadoras. ii. Permite-se a aplicação da analogia in bonam partem (a favor do réu) nas normas penais não incriminadoras. iii. Texto legal determina possibilidade em que devemos realizar uma interpretação analógica. iv. É a interpretação necessária para extrair o sentido da norma mediante os elementos fornecidos por ela. 5. Lei Penal no Tempo: a. Conceito: i. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal - Art. 5°, XL, CF. ii. Irretroatividade da lei penal mais severa = Retroatividade/Ultratividade da lei penal mais benéfica: 1. Ultratividade: lei já revogada surte efeitos se o fato tiver ocorrido durante sua vigência e for mais benéfica que alguma lei surgida posteriormente. 2. Retroatividade: lei nova abrange os fatos ocorridos antes. iii. Lei Penal Intermediária: lei que entrou em vigor depois do fato e foi revogada antes do julgamento. É ultraativa e retroativa. iv. Leis Penais Excepcionais e Temporárias: possuem o período de vigência determinada na publicação, pertencem ao fato típico, terão ultratividade mesmo se mais severa for. b. Tempo do crime: i. Teoria da Ação: O tempo do crime é o momento da ação ou omissão. ii. Teoria do Resultado: tempo do crime é o momento em que o delito se consuma, em que ocorre o resultado final. iii. Teoria da Ubiqüidade ou Mista: tempo do crime pode ser tanto o momento da ação como o momento do resultado. iv. O Brasil adota a Teoria da Ação - Art. 4°, CP. 8 6. Lei Penal no Espaço: a. Princípio da Territorialidade: i. Lei Penal se aplica por toda a extensão do território de determinado país - Art. 5°, CP: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional. ii. Embarcações e aeronaves públicas (de guerra ou a serviço do governo) devem ser compreendidas como extensão do território nacional. b. Extraterritorialidade: i. Lei penal brasileira pode ser aplicada para crimes cometidos além dos limites de suas fronteiras. ii. Princípio Real (P. da Proteção ou P. da Defesa): 1. Proteção de determinados bens independentes de outras condições - Art. 7°, I, CP. iii. Princípio da Personalidade: 1. Todo delito praticado por brasileiro no exterior ou por estrangeiro contra brasileiro, ainda que no exterior, está sujeito à aplicação da lei penal brasileira. 2. Aplica-se tanto para sujeito ativo quanto passivo. iv. Princípio da Bendeira (P. do Pavilhão ou P. da Representação): 1. Aplica-se a lei penal brasileira quando o delito for cometido no interior de embarcação ou aeronave privada em águas ou espaço aéreo internacionais, desde que não seja aplicada a lei penal do país onde se deu a infração. v. Princípio da Universalidade: 1. Por tratados e convenções, o Brasil se obriga a reprimir determinados crimes (Ex.: genocídio, tráfico de drogas, terrorismo, etc.). 2. Art. 7°, II, CP. c. Local do Crime: i. Teoria da Ação: lugar do crime é o lugar da ação ou omissão. ii. Teoria do Resultado: lugar do crime é o local onde o delito se consuma, em que ocorre o resultado final. iii. Teoria da Ubiqüidade ou Mista: lugar do crime pode ser tanto o local da ação como o local do resultado. iv. CP adota a Teoria da Ubiqüidade - Art. 6°, CP. Algumas exceções: crimes dolosos contra a vida, atos infracionais, crimes de menor 9 potencial ofensivo, contravenções penais e crimes falimentares, usa-se a Teoria da Ação para determinar a competência. d. Extradição: i. É a entrega de um estrangeiro (acusado ou condenado por um delito) por um Estado a outro competente para julgar o crime, desde que o país que extradita não seja competente para julgar. ii. Brasileiro nato ou naturalizado não pode ser deportado. A extradição de cidadão naturalizado pode ser feita desde que o delito seja anterior à naturalização, ou em caso de condenação por tráfico de drogas. iii. Processo judicial de extradição corre no Supremo Tribunal Federal. O STF autoriza (ou não) o presidente da República a extraditar (só o presidente pode extraditar). iv. O STF analisa: 1. Se existe tratado ou acordo bilateral que permita a extradição (princípio que tem perdido força com base no Princípio da Reciprocidade). 2. Se o crime apontado no processo é também crime no Brasil (Princípio da dupla incriminação: o fato tem que ser crime tanto no país que requer quanto no requerido). 3. Se o delito não está prescrito nem no Brasil, nem no país requerente. 4. Se o crime é político ou de opinião (nesse caso, não pode haver extradição - a jurisprudência tem estendido essa norma a crimes religiosos e militares). v. Condições para a extradição: 1. Prisão preventiva aplicada no Brasil deverá ser computada na pena a ser cumprida no país requerente. 2. Se o país requerente possuir prisão perpétua, pena de morte ou de castigo corporal, esse deverá se comprometer a aplicar apenasa pena privativa de liberdade. 3. O extraditado não poderá ser julgado por outro crimes que não aqueles solicitados no processo de extradição. Conflito Aparente de Normas 1. Definição: a. É a aparente incidência de várias leis a um único fato delituoso. 2. Critérios para a resolução: a. Critério da Especialidade: i. Lei especial derroga a lei geral. 10 ii. Lei especial tem um elemento adicional. iii. Lei especial é mais específica para o caso em questão. iv. Exemplo: Art. 121, CP e Art. 302, CTB. b. Critério da Subsidiariedade: i. Lei primária derroga a lei subsidiária. ii. Aplica-se um tipo penal quando o outro não puder ser aplicado. iii. Surgimento de uma conduta incriminadora que pela gravidade configura outro crime. iv. Furto é subsidiário ao roubo. v. Exemplo: Art. 132, CP: perigo para a vida ou saúde de outrem (explícita e subsidiária). Art. 129 e seus parágrafos: lesão corporal (implícita). c. Critério da Consunção: i. Lei consuntiva derroga lei consumida. ii. Crime meio (menos severo e anterior) e crime fim (mais severo e posterior). iii. Pune-se o crime fim. iv. O crime meio “não será punido”. v. Para satisfazer a intenção criminosa, pratica-se dois ou mais crimes. vi. Exemplo: falsificação de identidade para praticar estelionato. d. Pós-fato impunível: i. Algumas ações são compreendidas como necessárias ao esgotamento do crime. ii. Contrário da consunção. iii. Exemplo: pessoa furta bem e depois o vende. 11
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