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teoria-das-janelas-quebradas-uma-anAílise-social-psicolAgica-e-jurAdica-ao-projeto-de-lei-45402021

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E-mail para contato costarebeca741@gmail.com IES: ESTÁCIO SÃO PAULO
Autor(es): Rebeca do Carmo Costa
Palavra(s) Chave(s): Janelas Quebradas; Furto; Ilicitude; Atipicidade.
Título: TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS: UMA ANÁLISE SOCIAL; PSICOLÓGICA E JURÍDICA AO PROJETO DE LEI 4.540/2021 – 
FURTO POR NECESSIDADE
Curso: DIREITO
Ciências Jurídicas
RESUMO
Este artigo visa abordar em uma análise crítica; a Teoria das Janelas Quebradas – “broken windows theory” – em consonância ao Projeto de Lei 
4.540/2021; apresentado pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ); que prevê uma alteração polêmica no Código Penal; descriminalizando o ato 
de furto de alimentos por necessidade. a nova alteração se daria sobre o artigo 155 apresentando “furto por necessidade” e “furto 
insignificante” – com punição leve; apenas multas; a depender do caso. Diante deste projeto de Lei apresentado pela Deputada; podemos 
correlaciona-lo a uma Teoria muito relevante no Direito Penal: tratando-se das “Janelas Quebradas”. Teoria esta que mostra as raízes da 
criminalidade no âmbito criminológico. Broken windows Theory”; esta é a denominação em inglês à Teoria das Janelas Quebradas. Esta pesquisa 
realizada nos Estados Unidos; na década de 60; visa estudar quais as raízes da criminalidade. Philip Zimbardo; professor responsável pela pesquisa 
na Stanford University; nos Estados Unidos; dirigiu um experimento com tese voltada para a área da psicologia social. Zimbardo para realizar este 
experimento; deixou juntamente com sua equipe de observadores; dois carros; extremamente idênticos; em bairros distintos; um carro foi 
“abandonado” em Bronx; bairro periférico de Nova York e o outro carro no bairro de alto padrão; em Palo Alto; bairro nobre da Califórnia. em 
Bronx; os observadores perceberam que o carro “abandonado” foi apedrejado; em alto nível de vandalismo; pneus furtados; entre outros. O 
mesmo modelo de carro “abandonado” em Palo Alto; permanecia intocável. Percebendo que o carro no bairro de alto padrão da Califórnia 
permanecia intacto; a equipe de pesquisadores decidiu quebrar o vidro da janela do carro. Pós este proposital acidente; percebe-se que o ato de 
vandalismo – mesmo tratando-se de um bairro de alto padrão – deu-se início. com este resultado alarmante; concluiu-se que o ato de 
vandalismo não estava ligado diretamente a pobreza ou a criminalidade do bairro de Bronx; mas sim; às condutas sociais e humanas; ao 
observarem que pós um “cidadão” ; que tratava-se da equipe de observadores – quebrar o vidro do carro; a sensação de impunidade; resultou 
em atos de vandalismo no bairro de alto padrão. Os pesquisadores chegaram a conclusão que os cacos de vidro das janelas do carro; traçavam 
uma percepção de decadência social; nulidade de punição; falta de policiamento entre outros aspectos sociais. a continuidade sobre a Teoria das 
Janelas Quebradas; deu-se pelo político James Q. Wilson e o psicólogo criminalista George Jelling em 1982; quando ambos consensualmente; 
entenderam que se os pequenos delitos não fossem punidos; nasceriam crimes mais gravosos; concluindo que se uma janela for quebrada e não 
for reprimido o delito; condutas mais gravosas surgiriam. O campo da psicologia social é o ramo da psicologia que estuda o comportamento 
humano em situações sociais. Busca entender o quanto os pensamentos; sentimentos e ações das pessoas são influenciadas pelos outros e pelo 
ambiente em que elas estão inseridas. Você deve considerar; assim; a cognição humana em relação com percepção; memória; linguagem; 
aprendizagem; emoções e pensamentos. O todo influencia a compreensão do objeto; o que demonstra que o comportamento das pessoas é 
determinado por suas percepções da realidade e não pela realidade em si. Emma breve cognição desta definição com a teoria das janelas 
quebradas; analisamos que a percepção da realidade do bairro de alto padrão da Califórnia; era em um primeiro momento; a percepção da 
impunidade por parte do Estado; pois a realidade em si daquele bairro; era de um lugar aparentemente seguro e com alto nível de segurança. a 
teoria da dissonância cognitiva; pode exemplificar bem este conceito. Pode haver dissonância quando existem dois objetos ou situações 
psicologicamente contraditórias. Basicamente seria: “sei que é errado vandalizar; mas todos estão vandalizando “. O comportamento pode ser 
definido como conjunto de atitudes e reações que o indivíduo apresenta em resposta a estímulos que recebe do ambiente e que ocorre em 
determinadas circunstâncias. Chega-se ao comportamento desajustado; classificado como comportamentos decorrentes de rebeldia; momentos 
sociais; etc. Alguns autores entendem como funcionamento cognitivo ou social deficiente; aliado a um autocontrole insuficiente ou excessivo; 
que causam problemas no convívio social e sofrimento. Este desajuste social resulta em condutas que fogem do padrão esperado pela sociedade. 
O comportamento é um estudo iniciado por vários pesquisadores. O primeiro estudo sobre o comportamento humano foi o behaviorismo; pelo 
psicólogo John Broadus Watsos; que entende o comportamento humano uma interação entre a ação do sujeito e o ambiente onde a ação 
acontece; sendo o comportamento objeto de resposta do sujeito a um estímulo. “A ação necessária é a subtração de coisa móvel que possa 
satisfazer necessidades materiais imediatas; em geral; mas não apenas alimentos” esta é uma das justificativas expostas pela Deputada Talíria 
Petrone (PSOL; RJ) à consumação do “furto por necessidade”. de acordo com a proposta; não haverá crime; mesmo que o reincidente; se o autor 
do furto cometer o delito para saciar sua fome ou necessidade básica imediata sua ou de sua família”. O furto ou roubo de alimentos; é passível 
de punição; todavia; cabendo ao juiz analisar o caso concreto; relevando a extrema necessidade. Base esta; que Ministros do Supremo Tribunal 
Federal (STF) já sentenciaram a insignificância à casos de baixíssimo grau de lesividade ao bem jurídico tutelado. O artigo 155 do Código Penal 
que rege do crime de furto; em seu parágrafo 2° autoriza o juiz a substituir a pena de reclusão pela de detenção ou apenas a pena de multa; se o 
réu for primário ou é de pequeno valor a coisa furtada. no teor da justificativa da deputada; ela afirma: “...a aplicação do princípio da 
insignificância pelo sistema de justiça é muito restritiva e; acima de tudo; inconsistente[...]” Pesquisas revelam que aproximadamente 116,8 
milhões de brasileiros; conviveram com algum grau de insuficiência alimentar no final de 2020. O histórico da pandemia da COVID-19; colaborou 
para o aumento da fome do Brasil; ocasionado principalmente pelo elevado índice de desempregados; decorrente do cenário presenciado. “O 
direito a vida deve prevalecer sobre o direito de prioridade” este é um trecho retirado da justificativa da deputada. Não há em que se negar que a 
vida se sobressai sim em virtude da propriedade. Temos como exemplo às exceções de inviolabilidade de domicílio em casos específicos; entre 
eles; para os casos de prestação de socorro (art.5°; XI; CF/88). Todavia; tratando-se de furto; abre-se uma alternativa muito ampla de 
sobrevivência em casos de extrema necessidade; a alternativa de furtar. Continuando com a justificativa; a deputada ainda indaga que “...o 
Estado deve ocupar-se de lesões significativas; crimes que têm potencial de efetivamente causar lesão” sendo assim; minimizando os crimes de 
menor potencial; os furtos por necessidade. Volta-se a teoria das janelas quebradas; enquanto o carro estava intacto no bairro de alto padrão da 
Califórnia; nenhum cidadão tocava no veículo. Bastou uma janela quebrada para que o ato de vandalismo começasse. Um ato “banal” – janela 
quebrada – resultou em atos de maior gravidade. Será que o mesmo não pode acontecer com a PL 4540/2021; o furto por necessidade? a 
liberação de pequenos furtos; não abririam portas para grandes delinquências? “Aquele que furtava; não furte mais; antes trabalhe...”. Este é um 
pequenotrecho retirado do Livro Bíblico de Efésios – 4:28 – trazendo-nos a historicidade do labor. Entendemos sim que a fome precisa com todas 
as forças ser combatida; porém a qual preço? Quando o furto é cometido; a propriedade de um trabalhador está sendo afetada – diretamente ou 
indiretamente – causando revolta popular e desordem social. Qual a justificativa para que a criminalidade aumente significativamente em nosso 
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país? O incentivo a tais condutas – como abordado na Criminologia; sendo como marcos incentivadores da Criminologia Cultural – alarga o viés 
da criminalidade. com pequenos furtos e o sentindo de impunidade (como foi observado no bairro de alto padrão da Califórnia) torna a conduta 
mais praticada socialmente. Percebe-se que o aumento da criminalidade; de acordo com estudos das ciências criminais; está fortemente ligada a 
questão do desemprego; fazendo com que ódio venha ser nutrido dentro desta camada menos favorável aos que detém posses; fazendo assim 
uma camada de criminal do indivíduo. Não seria um ponto crucial ao aumento deste ódio; tornado atípico o furto por necessidade? Retornamos 
ao ponto crucial de que a pobreza; a fome; desigualdade precisa sim ser combatida; mas não aumentando os índices de criminalidade; pois um 
furto de pequeno valor; pode amanhã ou depois; se tornar um crime irreparável. Neste contexto; ao invés de aumentar o índice de delitos por 
menores que sejam; pode-se criar meios mais sociais em ajudar pessoas em situação de precariedade alimentar.
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