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FALHA DO ENGENHO_QUO VADIS

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Ouro Preto, MG 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE 
CURSO 
 
FALHA DO ENGENHO: QUO VADIS? 
 
 
Luand Piassa 
Monografia Nº 122 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 
ESCOLA DE MINAS 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
i 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FALHA DO ENGENHO: QUO VADIS? 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
ii 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
iii 
 
 
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 
Reitor 
Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas Souza 
Vice-Reitora 
Profa. Dra. Célia Maria Fernandes Nunes 
Pró-Reitor de Graduação 
Prof. Dr. Marcílio Sousa da Rocha Freitas 
 
ESCOLA DE MINAS 
Diretor 
Prof. Dr. Issamu Endo 
Vice-Diretor 
Prof. Dr. José Geraldo Arantes de Azevedo Brito 
 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
Chefe 
Prof. Dr. Fernando Flecha Alkmim 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
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 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
Nº 122 
 
 
 
FALHA DO ENGENHO: QUO VADIS? 
 
 
 
Luand Piassa 
 
 
Orientador 
Issamu Endo 
 
 
 
Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Departamento de Geologia da Escola 
de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial á obtenção do Título de 
Engenheiro Geólogo em cumprimento ao disposto nas normas da Universidade Federal de Ouro Preto. 
 
 
OURO PRETO 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
vi 
2014 
 
 
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br 
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br 
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/ 
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita 
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais 
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 
 
Direitos de tradução e reprodução reservados. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou 
reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral. 
 
Revisão geral: Issamu Endo 
 
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do 
 Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.sisbin.ufop.br 
 
 
 
 
 
 
P581f Piassa, Luand Roberto Aparecido 
 Falha do Engenho [manuscrito] : Quo Vadis? / Luand Roberto Aparecido 
Piassa - 2014. 
 
 xii, 106 f.; il. color.; tab.; mapas. (Monografia n.122) 
 
 Orientador: Prof. Dr. Issamu Endo. 
 
 Monografia (Graduação em Engenharia Geológica) - Universidade Federal de 
Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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Dedicatória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, José Roberto Piassa e Márcia Inocente Piassa 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
viii 
Agradecimentos 
Agradeço ao prof. Issamu Endo, por todo ensinamento, apoio e paciência. 
Aos que me ajudaram nesse trabalho, Msc. Thiago Madeira, pelo auxilio nos campos, Luiz Dutra por 
todo o trabalho de escritório e Rogério Rocha na petrologia. 
Meus irmãos Luanda Piassa e José Roberto Piassa Jr. 
Ao DEGEO, à Escola de Minas e à Universidade Federal de Ouro Preto pela infraestrutura e subsídio 
na realização desse projeto. 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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Sumário 
1.1 APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................13 
2-LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ...................................................................................................15 
3- METODOLOGIA DE TRABALHO ......................................................................................................17 
3.1 PRIMEIRA ETAPA .....................................................................................................................17 
3.2 SEGUNDA ETAPA .....................................................................................................................17 
3.3 TERCEIRA ETAPA ......................................................................................................................19 
4-GEOLOGIA REGIONAL ....................................................................................................................21 
4.1- LITOESTRATIGRAFIA ...............................................................................................................21 
4.2- ARCABOUÇO ESTRUTURAL E EVOLUÇÃO TECTÔNICA .............................................................23 
5-GEOLOGIA E DESCRIÇÃO DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS ....................................................................27 
5.1- SEÇÃO ENGENHO ...................................................................................................................27 
5.1.1 – Introdução .....................................................................................................................27 
5.1.2 – Geologia ........................................................................................................................28 
5.1.3 – Modelo Estrutural ..........................................................................................................31 
5.2.1 – Introdução .....................................................................................................................35 
5.2.2 – Geologia ........................................................................................................................36 
5.2.3 – Modelo Estrutural ..........................................................................................................40 
5.3- SEÇÃO LAVRAS NOVAS ...........................................................................................................43 
5.3.1- Introdução.......................................................................................................................44 
5.3.2- Geologia ..........................................................................................................................45 
5.3.3 – Modelo Estrutural ..........................................................................................................50 
5.4- SEÇÃO SANTO ANTÔNIO DO SALTO ........................................................................................53 
5.4.1- Introdução.......................................................................................................................54 
5.4.2- Geologia ..........................................................................................................................55 
5.4.3 – Modelo Estrutural ..........................................................................................................58 
6- DISCUSSÃO ...................................................................................................................................61 
7- CONCLUSÃO .................................................................................................................................67 
REFERÊCIAS:......................................................................................................................................69 
 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
x 
Sumário Figuras 
Figura 1: Articulação das seçõesgeológicas a serem levantadas no projeto Falha do Engenho. .........15 
Figura 2: Extrato do mapa geológico mostrando o contexto regional da área estudada .....................16 
Figura 3: Relações entre acamamento e xistosidade e tramas lineares associadas (lineações de 
interseção e mineral) em torno de um sistema dobrado multi-acamadado ..........................................18 
Figura 4: Esquema ilustrativo dos elementos de trama de uma zona de cisalhamento dúctil não 
coaxial e respectivo eixos de coordenada cinemáticos (e.g. Ramsay 1967). No caso de deformação 
com simetria monoclínica o eixo cinemático “b” é paralelo ao eixo do vórtice ISA3. .........................18 
Figura 5: Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero com as principais litologias . .....................22 
Figura 6: Relação entre as nappes Curral e Ouro Preto ....................................................................24 
Figura 7: Articulação das seções geológicas levantadas no projeto Falha do Engenho . .....................27 
Figura 8: Extrato do mapa geológico local da seção Engenho . .........................................................28 
Figura 9: Detalhe do contato abrupto na passagem do quartzito passando para um filito e depois para 
um xisto, este situado mais a sul, distante 10 metros. Atitude 030/30. Corte subvertical com visada 
para norte, ponto EN 01a; B- Aspecto geral da zona de contato entre o xisto e o quartzito suposta zona 
de dano da falha do Engenho. Visada para leste; C- Foliação bem pronunciada no xisto, ponto EN 03.
 .........................................................................................................................................................29 
Figura 10: Fotomicrografia de quartzo mica xisto (EN01A) nos planos YZ (A) e XZ (B) .................30 
Figura 11: Fotomicrografia de quartzito do ponto EN04, nos planos YZ (A) e XZ (B) ......................30 
Figura 12: Relação de alto ângulo entre a xistosidade e o acamamento. Corte sub-horizontal e visada 
para norte, ponto EN 04. ...................................................................................................................32 
Figura 13: Perfil Engenho ................................................................................................................34 
Figura 14: A- Estratificações cruzadas acanaladas com topo para sul. Corte vertical com visada para 
leste, ponto OB 02; B- Aspecto geral da lineação de interseção entre o acamamento e a xistosidade. 
Corte vertical, visada para norte, ponto OB 06; C- Estratificações cruzadas acanaladas de pequeno 
porte com topo para norte corte horizontal, visada para norte, ponto OB 06. ......................................37 
Figura 15: Fotomicrografia de quartzito, OB01. ...............................................................................38 
Figura 16: Fotomicrografia de quartzito, OB10B, nos planos YZ (A) e XZ (B).. ..............................38 
Figura 17: Extrato do mapa geológico local da seção Ouro Branco . .................................................40 
Figura 18:Perfil Ouro Branco ...........................................................................................................43 
Figura 19: Extrato do mapa geológico local da seção Lavras Novas. ................................................45 
Figura 20: A- Metaconglomerado com seixos estirados de orientação geral 110/20. Corte horizontal e 
visada para norte, ponto LN 01. B- Veio de quartzo evidenciando um boudin extensional sinistral de 
eixo 090/15. Corte em plano vertical com visada para ENE, ponto LN 14; C- Clasto de quartzo 
intensamente cisalhado com vorticidade anti-horária (sinistral) em torno do eixo do clasto 100/30. 
Corte em plano horizontal e visada para sul, ponto LN 15, leito do rio Maynard; D- Veio de quartzo 
dobrado, com a atitude do eixo da dobra em 090/30: vorticidade anti-horária (sinistral). Corte em 
plano horizontal e visada para sul, ponto LN 15. ...............................................................................47 
Figura 21: Fotomicrografia de quartzito, LN10A.. ............................................................................48 
Figura 22:Fotomicrografia de quartzito, LN11A, nos planos YZ (A) e XZ (B).. ................................48 
Figura 23: Fotomicrografia de quartzito, LN11B.. ............................................................................48 
Figura 24: Perfil Lavras Novas .........................................................................................................53 
Figura 25: Extrato do mapa geológico local da seção Santo Antônio do Salto. ..................................54 
Figura 26: Amostra de mão mostrando a disposição do acamamento e xistosidade em alto ângulo 
indicando uma relação de zona de charneira, ponto SL 01; B-Estratificações acanaladas com topo para 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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norte, fotografia retirada na vertical com visada para oeste, ponto SL 17; C- Estratificações acanaladas 
com topo para norte, fotografia retirada na vertical com visada para oeste, ponto SL 14.....................56 
Figura 27: Fotomicrografia de quartzito, SL01. . ..............................................................................57 
Figura 28: Perfil Santo Antônio do Salto ...........................................................................................61 
Figura 29: Lineação de estiramento mineral paralela a lineações de interseção: relação entre strain e 
geometria de dobra. ...........................................................................................................................65 
Figura 30: Proposta de modelo tectônico associado aos mecanismos de dobramento e redobramento 
em regime de deformação constriccional. Neste contexto, zonas de cisalhamento interestratais podem 
ser geradas por deslizamento interestral ou fluxo flexural. .................................................................66 
 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
xii 
Sumário Tabelas 
Tabela 5.1 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Engenho.........................33 
Tabela 5.2 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Ouro Branco.....................41 
Tabela 5.3 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Lavras Novas....................51 
Tabela 5.4 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Santo Antônio do Salto...59 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
13 
1- INTRODUÇÃO 
1.1 APRESENTAÇÃO 
O presente trabalho apresenta os resultados obtidos no levantamento de quatro seções 
transversais à falha do Engenho, em escala de detalhe (1:1000), situadas na porção sul do 
Quadrilátero Ferrífero (MG), com objetivo de contribuir para um melhor entendimento da 
natureza e do arcabouço estrutural da região descrita como uma falha (e.g. Dorr 1969). 
Devido à importância econômica e sua complexidade, o Quadrilátero Ferrífero é uma 
das áreas mais estudadas e mapeadas no Brasil. Porém, muitas de suas estruturas ainda 
carecem de estudos estruturais de detalhe, como a própria falha do Engenho, a qual muitos 
autores remetem todo o conhecimento a Dorr (1969), não apresentando dados inéditos ou 
novos que sustentem as propostas de modelos de evolução e também no arcabouço estrutural 
da região. 
1.2- NATUREZA DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVAS 
Dorr (1969), Barbosa (1969) e Johnson (1955) caracterizaram as principais unidades 
litológicas e características estruturais locais em torno da falha do Engenho com base na 
cartografia geológica-estrutural, em escala 1:25.000. 
Dorr (1969) descreve a falha do Engenho como uma falha de rasgamento (tear fault) 
com componente de movimento sinistral, delimitando, na borda sul do Quadrilátero Ferrífero, 
o Supergrupo Minas doSupergrupo Rio das Velhas. Possui extensão de 70 km na direção E-
W, sofrendo inflexão para SW na extremidade oeste e para SE na extremidade oposta. Na 
concepção de Dorr (1969), o bloco sul, representado pelas rochas do Supergrupo Rio das 
Velhas, encontra-se alçado em relação ao bloco norte, representado pelas rochas que 
compreendem o Supergrupo Minas, com um deslocamento vertical mínimo de 2000 metros. 
O deslocamento da componente horizontal não pode ser estimado, mas acredita-se que na 
Serra de Ouro Branco o deslocamento horizontal seja mínimo. Guild (1957) descreve a falha 
do Engenho nas proximidades da cidade de Congonhas como uma falha de deslocamento para 
cima e oeste do bloco sul. Na serra do Batateiro é observado um deslocamento de quase um 
quilômetro do bloco norte. Já nas proximidades do canto sudeste da quadricula Casa de Pedra 
esse deslocamento torna-se maior, duplicando de magnitude. A mais proeminente escarpa 
encontra-se no Pico do Engenho cuja face sudeste mergulha cerca de 300 metros com uma 
inclinação de 45 graus. A falha do Engenho acabaria na seção oriental da serra da Boa Vista 
onde as camadas mergulham com a mesma direção da falha. O projeto Geologia do 
Quadrilátero Ferrífero, realizado pela CODEMIG descreve a falha do Engenho como uma 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
14 
falha transcorrente com direção preferencial leste-oeste, com deslocamento direcional dextral 
de segmentos do Supergrupo Rio das Velhas, do Grupo Itacolomi e do embasamento, situada 
no extremo sul do QFe, bordejando o flanco meridional do sinclinal Dom Bosco. Segundo 
Ribeiro (2001), a falha do Engenho seria uma falha transcorrente ou de rejeito oblíquo a qual 
se articula um conjunto de falhas curvas em forma de canoa (canoe-shape thrust fault). Outra 
interpretação atribuída à falha do Engenho é de uma falha de rejeito direcional sinistral (e.g. 
Marshak & Alkmim 1989, Chemale et al. 1992). 
Estudos específicos sobre a falha do Engenho suportados em dados estruturais e 
estratigráficos são escassos, onde a maioria dos autores que fazem referência a ela remete a 
Dorr (1969), não apresentando dados novos, originais, sobre esse magnífico acidente 
geomorfológico e/ou tectônico. Aporte de novos dados estruturais e estratigráficos 
envolvendo todo o segmento da falha do Engenho foi realizado pelos projetos de 
mapeamentos geológicos executados pelo DEGEO/EM/UFOP, em escala de detalhe 1:10.000. 
O objetivo deste estudo visa revisitar a falha do Engenho no sentido de contribuir para 
o entendimento do significado tectônico deste acidente estrutural tão bem marcado nas 
imagens de satélite. A integração destes dados poderá subsidiar o entendimento do arcabouço 
estrutural da porção meridional do Quadrilátero Ferrífero, contribuindo para a caracterização 
do papel da falha do Engenho na evolução tectônica da Nappe Ouro Preto, determinando, em 
particular, a interação entre os metassedimentos do Supergrupo Minas e as rochas arqueanas 
localizadas na porção meridional do Quadrilátero Ferrífero, incluindo o complexo gnáissico 
Santo Antônio do Pirapetinga. 
A metodologia a ser empregada neste estudo consiste na análise geométrica e 
cinemática da zona de dano da falha do Engenho e caracterizar o arcabouço estrutural das 
rochas adjacentes, mediante o levantamento detalhado de 4 seções transversais ao traço da 
falha, em escala de 1:2.500, distribuídos de forma equiespaçada ao longo dos seus 70 
quilômetros de extensão (Fig. 1). 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
15 
 
Figura 1: Articulação das seções geológicas a serem levantadas no projeto Falha do Engenho (Mod. 
de Chemale Jr. et al., 1994). 
2-LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO 
A área de estudo do trabalho corresponde à borda sul do Quadrilátero Ferrífero, 
precisamente na falha do Engenho que engloba as localidades de Lavras Novas, Ouro Branco, 
Congonhas, no estado de Minas Gerais. Essa área está inserida entre os paralelos 20033’00’’ e 
20026’00’’ de latitude sul e os meridianos 44000’00’’ e 43020’00’’ de longitude oeste (Fig. 2). 
O acesso pode ser feito através da rodovia MG 443 (antiga Estrada Real), partindo de 
Ouro Preto em direção a Ouro Branco. Outra alternativa é através da BR 040 partindo de Belo 
Horizonte em direção ao Rio de Janeiro. A região é provida de uma boa malha de estradas 
vicinais as quais permitem acessos diversos e também uma linha férrea. 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
16 
Essa área encontra-se inserida nas folhas Mariana, Ouro Preto, Congonhas e Casa de 
Pedra, escala 1:50.000 (Projeto Geologia do Quadrilátero Ferrífero). 
 
Figura 2: Extrato do mapa geológico mostrando o contexto regional da área estudada (CODEMIG 
2005). 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
17 
3- METODOLOGIA DE TRABALHO 
A metodologia aplicada no presente trabalho foi dividida em três etapas. A primeira 
etapa consistiu no levantamento de trabalhos prévios sobre a região e a falha do Engenho. Na 
segunda etapa foram realizados os levantamentos de campo e a terceira etapa consistiu na 
integração, análise e interpretação dos dados e a elaboração da monografia. 
3.1 PRIMEIRA ETAPA 
Pesquisa bibliográfica com levantamento do acervo dos trabalhos no Quadrilátero 
Ferrífero, principalmente na porção sul do mesmo. Enfoque nos trabalhos que tratavam 
especificamente da falha do Engenho, que se referem à caracterização estratigráfica e a 
definição do arcabouço estrutural e dos modelos de evolução geológica. 
3.2 SEGUNDA ETAPA 
Foi realizado o levantamento de quatro perfis geológicos durante o mês de outubro 
de 2013 a fim de coletar dados estruturais e estratigráficos além de amostras de rocha da 
região compreendida pela falha do Engenho. Os caminhamentos foram feitos com base nos 
conhecimentos prévios das estruturas presentes, pela ocorrência dos afloramentos e facilidade 
de acesso. Foram coletadas 22 amostras orientadas para a confecção de 44 lâminas delgadas a 
fim de observar a composição mineralógica, grau metamórfico e estruturas. A coleta 
sistemática das amostras foi feita, levando-se em conta principalmente os tipos petrográficos, 
obtendo um quadro representativo da diversidade litológica envolvida no levantamento dos 
perfis e também nas estruturas internas presentes. 
O reconhecimento e cartografia das unidades litoestratigráficas foram feitos em 
campo com base em observações macroscópicas a olho nu e com auxílio de lupa. Foram 
levados em consideração o grau de alteração, os constituintes minerais, a homogeneidade, a 
espessura das camadas, a variação litológica e a relação entre o acamamento e xistosidade, 
por serem estas características de grande importância para a determinação do empilhamento 
estratigráfico. Os perfis geológicos foram elaborados a partir dos dados estruturais obtidos em 
campo como relação de contato, estratificações, relação entre xistosidade e acamamento, 
bandamentos e indicadores cinemáticos. 
 A metodologia empregada para a caracterização do arcabouço estrutural da área foi a 
da clássica análise da relação entre a xistosidade (Sn) e o acamamento (S0) em um sistema de 
dobramento resultante do mecanismo de flambagem (Fig. 3). As posições estruturais de 
flanco normal e inverso podem ser obtidas também por meio da análise da vorticidade da 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
18 
foliação S/C quando mecanismos de dobramento por deslizamento flexural e/ou por fluxo 
flexural estão atuantes (Fig. 4) (e.g. Ramsay 1967, Loczy & Ladeira 1976, Hobbs et al. 1976, 
Park 1983, Davis 1984, Ramsay & Huber 1987, Suppe 1985, Twiss & Moores 1992). 
 
Figura 3: Relações entre acamamento e xistosidade e tramas lineares associadas (lineações de 
interseção e mineral) em torno de um sistema dobrado multi-acamadado (mod.de Loczy & Ladeira 
1976). 
A assimetria estrutural dos elementos da trama e a vorticidade foram caracterizadas 
segundo a visada no sentido de caimento do eixo da dobra ou da lineação de interseção os 
quais materializam o eixo cinemático finito “b” que, numa deformação de simetria 
monoclínica, é paralelo ao eixo do vórtice ISA13 (e.g. Passchier & Williams 1996, Xypolias 
2009 e 2010). 
 
Figura 4: Esquema ilustrativo dos elementos de trama de uma zona de cisalhamento dúctil não 
coaxial e respectivo eixos de coordenada cinemáticos (e.g. Ramsay 1967). No caso de deformação 
com simetria monoclínica o eixo cinemático “b” é paralelo ao eixo do vórtice ISA3. 
 
1 Instantaneous Stretching Axes – ISA (e.g. Xypolias 2010) 
SxC = Linter = b 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
19 
3.3 TERCEIRA ETAPA 
Desenvolvida com base na integração, análise e interpretação dos dados obtidos em 
campo e das descrições de laminas delgadas. 
A confecção dos perfis foi realizada com o auxílio do programa Coreldraw X6. Os 
mapas foram criados no Arcgis 9.2. 
Os estudos petrográficos foram realizados em seções delgadas, sendo que a maioria 
das lâminas estava orientada com intuito de descrever as microestruturas e os minerais 
constituintes. As unidades litológicas foram distribuídas no Grupo Sabará devido aos recentes 
estudos realizados pelos alunos de graduação do Departamento de Geologia da Escola de 
Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (e.g. Almeida 2005). Porém, a confecção dos 
mapas foi realizada com base nas divisões estratigráficas enunciadas nos mapas da 
CODEMIG. 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
20 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
21 
4-GEOLOGIA REGIONAL 
4.1- LITOESTRATIGRAFIA 
O Quadrilátero Ferrífero é composto estratigraficamente por complexos metamórficos, 
sequências vulcanossedimentares arqueanas, coberturas plataformais de idade 
paleoproterozóica, intrusões ígneas pós Minas e coberturas sedimentares fanerozóicas. As 
unidades, descritas nesse capítulo, correspondem as aflorantes na porção sul do Quadrilátero 
Ferrífero, abolindo portanto, as unidades que afloram ao norte do sinclinal Dom Bosco. 
A associação de rochas metamórficas engloba os Complexos Metamórficos 
constituintes do embasamento cristalino e a sequência vulcanossedimentar greenstone belt do 
Supergrupo Rio das Velhas (Ladeira 1985). A associação de rochas paleoproterozóicas 
engloba os metassedimentos do Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi (Dorr 1969). Os 
depósitos fanerozóicos englobam os sedimentos de bacias terciarias interiores (Guild 1957). 
Os Complexos Metamórficos, que possuem ampla distribuição na porção sul do 
Quadrilátero Ferrífero, constituem-se de domos de rochas granito-gnáissicas circundadas por 
sequências supracrustais. A sequência de rochas do Supergrupo Rio das Velhas encontra-se 
discordante sobre as rochas destes complexos e são cortadas por intrusões graníticas (Dorr 
1969). É constituído por sequências vulcanossedimentares, composto em ordem cronológica 
pelo Grupo Nova Lima e Maquiné. As rochas do embasamento apresentam um metamorfismo 
regional na fácies anfibolito e um retrometamorfismo na fácies xisto verde, Carneiro (1992). 
As rochas do Supergrupo Rio das Velhas apresentam metamorfismo na fácies xisto-verde 
com um aumento para leste, alcançando à fácies anfibolito, Carneiro (1992a). 
O Supergrupo Minas é constituído por sedimentos plataformais (Dorr 1969, Alkmim 
& Marshak 1998) que englobam quatro grandes grupos: Caraça, que compreende sedimentos 
de origem detrítica e sobrepõem em discordância às unidades do Supergrupo Rio das Velhas 
(Dorr 1969), o ambiente deposicional deste grupo é fluvial a fluvio-deltaica evoluindo para 
uma sequência marinha rasa a profunda no topo (Chemale et al. 1991). Subdividido em duas 
formações, Formação Moeda na base e Formação Batatal no topo (Dorr 1969); Itabira, que 
apresenta contato gradacional com a unidade sotoposta (Grupo Caraça), essa unidade constitui 
uma sequência química (Dorr 1969) de ambiente deposicional sendo uma continuação da 
sequência anterior (Chemale et al. 1991), este grupo é subdividido em duas formações: 
Formação Cauê na base e a Formação Gandarela no topo (Dorr 1969). O Grupo Piracicaba 
sotoposto ao Grupo Itabira apresenta com contato erosivo e é a porção superior do 
Supergrupo Minas. O ambiente deposicional deste grupo corresponde a uma continuação do 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
22 
ambiente do grupo anterior sendo assim uma continuação de uma sequência marinha rasa a 
profunda (Chemale et al. 1991). Este é subdividido da base para o topo nas formações 
Cercadinho, Fecho do Funil e Barreiro. 
Grupo Sabará apresenta-se sobreposto ao Grupo Piracicaba, com um contato em geral 
concordante, podendo observar contatos abruptos e transicionais localmente (Dorr 1969). 
Barbosa (1969) descreve essa unidade como sendo uma fase flysch depositada em uma bacia 
de antepaís. 
O Grupo Itacolomi (Dorr 1969) dispõe-se em discordância angular erosiva com o 
Grupo Sabará e é constituído de metassedimentos depositados em ambiente deltaico ou 
litorâneo. Apresenta duas fácies uma mais quartzosa denominada de Itacolomi e outra mais 
filítica designada de Santo Antônio. 
A Figura 05 apresenta uma síntese das litologias que constituem as associações 
arqueanas e paleoproterozóicas do Quadrilátero Ferrífero. 
Idade Supergrupo Grupo Formação Litologia
It
ac
ol
om
i
Indivis o
Quartzi tos (ferruginosos), fi l i tos 
qua rtzosos, fi l i tos e conglomerados 
com seixos de i tabiri to
Sa
ba
rá
Indivis o
Clorita -xis to, grauvaca s, ma tatufos, 
congl omera dos qua rtzi tos , 
dia mi cti tos , turbiditos e i tabi ri tos
Barrei ro Fi l i tos e fi l i tos grafi tosos
Fecho do Funi l
Fi l i tos ,fi l i to dol omítico e fi l i to 
s i l icoso
Cerca dinho
Quartzi to ferruginos o, qua rtzi tos , 
fi l i tos ferruginos os e dolomitos
Gandarela
Dol omitos, fi l i to dolomítico e 
ca lcá rio
Ca uê
Itabiri to, i ta biri to dol omítico, 
hematita , lentes de xistos e fi l i tos
Batata l
Fi l i tos , fi l i tos grafi tosos , formaçã o 
ferrífera
Moeda
Meta conglomera do, quartzi tos e 
fi l i tos
M
aq
ui
né
Indivis o
Qua rtzi tos , conglomerados, xis tos e 
fi l i tos
N
ov
a 
Li
m
a
Indivis o
Fi l i tos , xistos, forma ção ferrífera , 
dol omitos, qua rtzi tos , metacherts , 
rochas má ficas e ultra má ficas
Gnai sses e granitosComplexos Metamórficos
Pi
ra
ci
ca
ba
Ar
qu
ea
no
Ri
o 
da
s 
Ve
lh
as
It
ab
ir
a
Ca
ra
ça
M
in
as
Pa
le
op
ro
te
ro
zó
ic
o
 
Figura 5: Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero com as principais litologias (modificado de 
Dorr 1969). 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
23 
4.2- ARCABOUÇO ESTRUTURAL E EVOLUÇÃO TECTÔNICA 
A configuração geral do Quadrilátero Ferrífero é marcada por estruturas do tipo 
domos, representados pelos complexos metamórficos do embasamento e calhas, representados 
pelos megassinclinais que encerram as unidades supracrustais dos supergrupos Rio das 
Velhas e Minas e do Grupo Itacolomi (Alkmim & Marshak 1998). 
Inicialmente Dorr (1969), com base nas relações estratigráficas e na geometria 
espacial das megaestruturas do Quadrilátero Ferrífero, descreve três eventos que estruturam o 
arcabouço do Quadrilátero Ferrífero. O primeiro de idade arqueana, considerado como um 
evento pós-Rio das Velhas e pré-Minas, justificado pela discordância angular entre as duas 
unidades, afetou somente as rochas de idade arqueana. O segundo evento, considerado como 
sendo pós-Minas e pré-Itacolomi, indicado pelo soerguimento e arqueamentodas rochas, 
principalmente do Supergrupo Minas. O terceiro evento, considerado como sendo pós-
Itacolomi, afetou todas as sequências anteriores e foi o responsável pela geração das grandes 
estruturas do Quadrilátero Ferrífero, como os complexos do embasamento e os sinformes e 
antiformes. 
Marshak & Alkmim (1989) propõem um modelo com quatro grandes eventos 
tectônicos pós-Minas, sendo que três desses eventos seriam de caráter compressional e um de 
caráter extensional. O primeiro, de idade paleoproterozóica e caráter compressional 
relacionado ao ciclo Transamazônico, foi responsável pela geração de dobras e falhas com 
vergência para NW em um contexto de fold-thrust belt. O Segundo evento, com caráter 
compressional e vergência para N relacionado ao ciclo Uruçuano ocorrido no final do 
paleoproterozóico, gerou falhas de empurrão de alto ângulo e dobras. O terceiro evento, de 
caráter extensional ocorrido no mesoproterozóico, gerou falhas normais e intrusão de diques 
máficos. O quarto evento, de caráter compressional relacionado ao ciclo Brasiliano, teria 
ocorrido no neoproterozóico sendo responsável pela geração de dobras e falhas com vergência 
para W. 
Posteriormente, Alkmim & Marshak (1998) propuseram um novo modelo no ciclo 
Transamazônico representado por eventos de colisão e colapso de blocos continentais. 
O primeiro de natureza compressional gerou dobramentos e empurrões com vergência 
para NW, fruto do fechamento de uma bacia de margem passiva. Este evento resultou em 
estruturas com direção NE, zonas de cisalhamento e dobras em escala regional, deposição dos 
sedimentos da Formação Sabará e formação dos sinclinais e anticlinais (Alkmim & Marshak 
1998). O Segundo evento de caráter extensional representou o colapso das rochas 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
24 
supracrustais, responsável pela estruturação de domos e calhas do Quadrilátero Ferrífero. 
Também foram gerados dobramentos de xistosidade, clivagem espaçada, dobras e falhas 
reversas de direção E-W, redobramento do sinclinal Ouro Fino, anticlinal de Mariana e o 
soerguimento Rio das Velhas (Alkmim & Marshak 1998). 
Endo et al. (2005) e Almeida (2004) propuseram um modelo de arcabouço estrutural para o 
QFe constituído por duas nappes superpostas: a Nappe Curral e a Nappe Ouro Preto (Fig. 6). 
Figura 6: Relação entre as nappes Curral e Ouro Preto (Endo 1997, Endo et al. 2005, Almeida et al. 
2001, 2002 e 2005, Almeida 2004). 
A nappe Curral é uma megadobra alóctone vergente para norte que domina o cenário 
estrutural do Quadrilátero Ferrífero (Endo et al. 2005). A sequencia Minas que se dispõe na 
serra do Curral, em posição estratigráfica invertida, representa o flanco inverso dessa nappe. 
O seu núcleo é ocupado pelas unidades do Supergrupo Rio das Velhas. Entre Casa Branca e 
Brumadinho o núcleo da nappe está representado pelos gnaisses Souza Noschese e Alberto 
Flores, que pela sua peculiaridade será designada de anticlinal Bonfim. A zona da charneira 
da nappe Curral compreende a região da junção serra do Curral-sinclinal Moeda materializada 
pela anticlinal Curral cuja atitude axial é 120/30. O flanco normal da nappe, que se encontra 
redobrado formando o sinclinal Moeda, se estende continuamente desde Capão Xavier até as 
proximidades da mina de Fábrica. A partir daí para sul ele se encontra recoberto pela nappe 
Ouro Preto e dobras subsidiárias (e.g. Ouro Branco e Santo Antônio). De Fábrica, o segmento 
correspondente ao flanco leste do sinclinal Moeda irá infletir para leste formando a anticlinal 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
25 
de Mariana e o flanco oeste irá infletir para sudoeste o qual se estende até as imediações de 
Lavras. 
A xistosidade S1 encontra-se associada a dobras de variadas escalas as quais se 
articulam com a estrutura principal que é a nappe Curral. Dobramentos de ordens inferiores 
ocorrem em toda a área com geometrias e escalas variadas que vão de abertas a fechadas e de 
centimétricas a quilométricas, principalmente, nos itabiritos, mármores e dolomitos, onde sua 
geração foi favorecida pelas propriedades reológicas destas rochas, atingindo, por vezes, uma 
magnitude tal que proporcionou a formação de um novo bandamento, transpondo o 
acamamento primário. 
As principais dobras associadas à nappe Curral são as anticlinais Bonfim, Curral, dos 
Fechos e Catarina e os sinclinais Moeda, Mutuca, Gaivotas e Mangabeiras. 
A nappe Ouro Preto está representada pelo seu flanco inverso no interior dos sinclinais 
Moeda e Dom Bosco sobreposta à nappe Curral. A sucessão estratigráfica invertida desta 
nappe engloba as unidades dos grupos Itabira, Piracicaba e Sabará (Endo 1997, Almeida et al 
2001, Almeida et al. 2002, Endo 2003, Almeida 2004, Almeida et al. 2005). A sequencia de 
metarenitos da serra de Ouro Branco também faz parte da nappe por meio de um 
redobramento de uma megadobra isoclinal. A esta geração de dobras associa-se uma 
xistosidade S1 penetrativa e plano-paralela ao acamamento. Feições subsidiárias desta fase 
estão presentes nos demais domínios do QFe em todas as escalas, em geral representadas por 
dobras isoclinais sem raiz. 
 Na sequência da deformação, a nappe Ouro Preto foi redobrada coaxialmente gerando 
clivagem e xistosidade S2 penetrativa e oblíqua ao acamamento. A vergência deste 
dobramento é para SSW. A relação entre o acamamento e a clivagem S2 forma uma 
proeminente lineação de interseção com caimento para ESE, sendo esta invariavelmente 
paralela às lineações mineral, de estiramento mineral e de alongamento de seixos (Almeida et 
al 2001). Tais feições já tinham sido reconhecidas na serra de Ouro Branco por Pericon & 
Quémeneur (1982). Ao longo de toda a serra observam-se nos metarenitos relações de 
ortogonalidade entre o acamamento e a xistosidade S2. Na serra do Pires a sucessão de 
metarenitos, itabiritos e filitos dobrados com eixo rumando para SE constitui a expressão da 
anticlinal Santo Antônio de Barbosa (1949). 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
26 
 As principais dobras associadas à nappe Ouro Preto são as anticlinais de Mariana, 
Santo Antônio e Conceição e os sinclinais Gandarela, Ouro Fino, Santa Rita, Itabira, 
Monlevade, Vargem do Lima e Dom Bosco. 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
27 
5-GEOLOGIA E DESCRIÇÃO DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS 
As seções são perfis levantados ao longo da falha do Engenho de forma equiespaçada 
e transversais ao trend da mesma (Fig. 7). Foram levantados quatro perfis: Engenho (A), Ouro 
Branco (B), Lavras Novas (C) e Santo Antônio do Salto (D), em escala de detalhe (1:1.000) 
visando obter as relações de contato entre as rochas do embasamento e as supracrustais, assim 
como caracterizar o arcabouço estrutural e a da polaridade dos eventos tectônicos. 
 
Figura 7: Articulação das seções geológicas levantadas no projeto Falha do Engenho (Extrato do 
mapa geológico de Dorr 1969). A- Engenho, B- Ouro Branco, C- Lavras Novas e D- Santo Antônio do 
Salto. 
5.1- SEÇÃO ENGENHO 
5.1.1 – Introdução 
A seção Engenho, situada nas proximidades do Pico do Engenho, foi escolhida pois, é 
nesta região que Dorr (1969) descreve a falha homônima. O relevo da região é caracterizado 
por terras altas e baixas condicionadas respectivamente pela presença de quartzitos e 
itabiritos, rochas estas mais resistentes à erosão, e de xistos e filitos. O Pico do Engenho é 
uma porção que exibe muito bem este tipo de morfologia elevada. Os xistos e filitos ocupam 
regiões de elevações intermediárias ocorrendo em altitudes médias a baixas. As rochas 
metaultramáficas e os gnaisses migmatíticos, devido ao alto grau de alteração e 
consequentemente a sua menor resistência ao intemperismo, apresentam-se nas porções mais 
baixas dos terrenos, ocorrendo principalmente naparte sul da escarpa da falha do Engenho. O 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
28 
contato entre as rochas, de menor resistência ao intemperismo com as rochas de maior 
resistência foi interpretado como a zona focal da falha do Engenho (e.g. Guild 1957, Dorr 
1969) (Fig. 08). 
Esta zona de contato, pelas características de seus litotipos envolvidos, está em sua 
maior parte encoberta por um espesso manto de intemperismo, ou por solo ou por vezes por 
uma cobertura de tálus impedindo o exame minucioso da sua natureza. Entretanto, com a 
construção de uma linha férrea interligando Jeceaba-Congonhas-Itabirito, segmento da 
chamada Ferrovia do Aço, expos significativos trechos desse contato, possibilitando assim 
analisar em detalhe a natureza e as características da zona de dano da falha do Engenho. A 
seguir serão apresentadas as características dos materiais envolvidos bem como as estruturas e 
as suas relações macro e microestruturais. 
 
Figura 8: Extrato do mapa geológico local da seção Engenho (mod. Dorr 1969, Guild 1957 e 
CODEMIG 2005). 
5.1.2 – Geologia 
Unidades Litoestratigráficas 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
29 
As unidades serão descritas seguindo o empilhamento estratigráfico original 
determinado em campo através de interpretações de dados litoestruturais. 
Na porção sul da seção afloram os xistos cinza-esverdeados e filitos cinza escuros 
(Figs. 8, 09B e 09C) sendo interpretados por Guild (1957) e Dorr (1969) como pertencentes 
ao Grupo Nova Lima. O contato desta unidade com a unidade superior é no geral de natureza 
transicional podendo, localmente, ser de natureza abrupta (Fig. 09A). 
 
Figura 9: Detalhe do contato abrupto na passagem do quartzito passando para um filito e depois para 
um xisto, este situado mais a sul, distante 10 metros. Atitude 030/30. Corte subvertical com visada 
para norte, ponto EN 01a; B- Aspecto geral da zona de contato entre o xisto e o quartzito suposta zona 
de dano da falha do Engenho. Visada para leste; C- Foliação bem pronunciada no xisto, ponto EN 03. 
Macroscopicamente, a rocha apresenta coloração cinza-esverdeada com alterações 
cinza-arroxeadas (Figs. 09A e 09B), com as micas brancas e cloritas determinando muito bem 
os planos de foliação. A unidade sotoposta formada essencialmente por camadas de quartzito 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
30 
é interpretada por Guild (1957) e Dorr (1969) como pertencente ao Supergrupo Minas. 
Macroscopicamente, os quartzitos apresentam coloração esbranquiçada, devido ao elevado 
conteúdo de quartzo em sua composição mineralógica além de mica branca, epidoto e opacos. 
Em camadas de quartzitos mais grossos notas a presença de trilhas de grânulos formados por 
quartzo fumê formando, francamente, uma lineação de estiramento mineral. 
Microscopicamente, os xistos apresentam textura granolepidoblástica, equigranular com 
contatos nos grãos de quartzo interlobados e presença de clivagem disjuntiva penetrativa. A 
composição mineralógica é: quartzo, clorita, sericita e acessórios (Fig. 10) (Anexos 03 e 04). 
Os quartzitos apresentam textura granuloblástica, inequigranular com grãos de quartzo 
apresentando estrutura núcleo-manto, por nucleação e migração de borda, com extinção 
ondulante e contatos poligonais a interlobados. A sericita apresenta duas direções 
preferenciais, com textura lepidoblástica (Anexos 01, 02, 05 e 06) (Fig. 11). 
 
Figura 10: Fotomicrografia de quartzo mica xisto (EN01A) nos planos YZ (A) e XZ (B). 
Granulolepidoblástica, equigranular, com extinção ondulante e contatos interlobados, apresenta 
clivagem disjuntiva. Sua composição é de 65% de quartzo, 30% de sericita e 5% de opacos. 
 
 
 
Figura 11: Fotomicrografia de quartzito do ponto EN04, nos planos YZ (A) e XZ (B). 
Granuloblástica, inequigranular, com extinção ondulante e contatos interlobados, estrutura núcleo 
manto por nucleação e migração de borda. Sua composição é de 90% de quartzo, 8% de sericita, 1% 
de zircão e 1% de opacos. 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
31 
Geologia Estrutural 
A principal estrutura que determina o arcabouço estrutural local é a geometria do 
acamamento o qual pode ser facilmente identificado nas camadas de quartzitos e metarenitos 
em unidades interpretadas como sendo da Formação Moeda (Fig. 12). A feição sedimentar 
que caracteriza o acamamento é dada pela variação granulométrica tanto lateral quanto 
vertical dispostos em lâminas e camadas de espessuras variáveis em escala métrica a 
decamétrica. Além do acamamento, foram observadas estruturas sedimentares como 
estratificações cruzadas porém, não foi possível, a partir delas, determinar com segurança a 
relação de topo e base da unidade. A atitude média do acamamento é 042/56 (Fig. 13). 
É marcante a presença de uma foliação penetrativa S1 a qual pode ser classificada 
como uma xistosidade plano-axial associada ao processo de dobramento das rochas da região. 
É caracterizada pela orientação preferencial de filossilicatos e grãos de quartzo achatados e 
alongados. A atitude média dos planos da xistosidade é 145/38. Os planos do acamamento e 
da xistosidade S1 produzem uma proeminente lineação de interseção, observada em todos os 
litotipos e possui orientação média em torno de 093/39. Outro elemento da trama notável é a 
presença da lineação de estiramento mineral dada pelo alongamento de grânulos de quartzo 
fumê cuja orientação preferencial é 097/27 (Fig. 13). 
Adicionalmente, observa-se nos clorita e quartzo-mica xistos a presença de uma 
xistosidade S2 oblíqua à xistosidade S1, menos proeminente, porém igualmente penetrativa, 
formando um par geometricamente similar à foliação S/C (Tabela 5.1). 
5.1.3 – Modelo Estrutural 
A macroestrutura principal caracterizada na região do pico do Engenho é diversa da 
estrutura proposta por Dorr (1969) e Guild (1957) como uma falha de rasgamento (tear fault) 
com componente de movimento sinistral. 
A trama penetrativa dominante observada em todos os litotipos é a xistosidade S1 e as 
lineações de interseção e de estiramento mineral que se orientam subparalelamente entre si 
segundo as atitudes 093/39 e 097/27, respectivamente. (Fig. 13). As feições sedimentares 
encontram-se francamente preservadas como acamamento, estratificações plano-paralelas e 
estratificações cruzadas. 
A relação estrutural entre as atitudes dos planos da xistosidade e do acamamento 
resulta em uma vorticidade anti-horária. As atitudes médias dos planos de acamamento e da 
xistosidade dada respectivamente por 042/56 e 145/38 (Fig. 13) bem como aquelas obtidas 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
32 
aos pares nos afloramentos são consistentes e indicam que o segmento de estratos rochosos, 
componentes da seção Engenho, se faz relacionar ao flanco inverso de uma megadobra de 
eixo E-W e caimento axial em torno de 30° para E. 
A presença de afloramentos exibindo a relação de alto ângulo entre os planos de 
acamamento e da xistosidade (Fig. 12), observado na região em torno do ponto EN04, vem 
corroborar a hipótese das relações estruturais estarem associadas aos processos de dobramento 
por mecanismos de flambagem. 
Figura 12: Relação de alto ângulo entre a xistosidade e o acamamento. Corte sub-horizontal e visada 
para norte, ponto EN 04.
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
33 
Tabela 5.1 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Engenho. 
Estação Coordenadas UTM Rocha Atitudes Estruturais* Vorticidade** 
EN 001a 611080 / 7732357 quartzo-mica xisto 
acamamento 030/30, xistosidade 110/25 e lineação de interseção 
090/10. 
AH 
EN 001b 611080 / 7732357 metarenito 
acamamento 154/72, xistosidade 140/57 e lineação de interseção75/35. 
AH 
EN 002 611345 / 7732437 quartzo-mica xisto foliação S[C] 160/55[140/35], lineação de interseção S[C] 090/45. AH 
EN 003 611669 / 7732602 metarenito 
acamamento 025/70, xistosidade 100/40, lineação de interseção 096/28 
e lineação de estiramento mineral 090/35. 
AH 
EN 004 611571 / 7732687 metarenito 
acamamento 048/58, xistosidade 165/38 atitude, lineação de interseção 
104/28 e lineação de estiramento mineral 093/13. zona de charneira. 
M 
*As atitudes de acamamento - xistosidade e de foliação S[C] são pares estruturais combinados. 
**H- horário, AH- anti-horário, no- não observado, na- não se aplica. 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
34 
Figura 13:
Seção 
Engenhoerfil 
Engenho 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
35 
5.2- SEÇÃO OURO BRANCO 
5.2.1 – Introdução 
A seção da Serra de Ouro Branco localiza-se nas proximidades da MG010, entre as 
cidades de Ouro Preto e Ouro Branco, e foi escolhida por apresentar estruturas sedimentares 
bem preservadas como estratificações cruzadas acanaladas e boas exposições ao longo da 
rodovia. A característica morfológica da região de Ouro Branco é definida pelo tipo de rocha 
presente, em que as porções mais elevadas são representadas pelos quartzitos da Serra de 
Ouro Branco, rochas estas mais resistentes à erosão. 
Os xistos, filitos, gnaisses e rochas metaultramáficas ocupam a porção sul, ocorrendo 
em altitudes médias e baixas devido ao alto grau de alteração e consequentemente a sua 
menor resistência ao intemperismo. O contato entre as rochas de menor resistência ao 
intemperismo e as rochas de maior resistência determina a escarpa da Serra de Ouro Branco. 
As interpretações acerca do arcabouço estrutural do bloco da serra de Ouro Branco 
tem evoluído desde Dorr (1969) a partir do aporte de novos conhecimentos do 
posicionamento estratigráfico das unidades que compõem a serra. Dorr (1969) e Johnson 
(1955) ao considerarem que estas unidades são correlativas ao Grupo Tamanduá ou Grupo 
Caraça, respectivamente, este bloco fica delimitado a norte pela falha do Engenho e a sul se 
dispõe em contato normal com as unidades do Supergrupo Rio das Velhas. 
Pericon & Quémeneur (1982) estruturam o bloco da serra de Ouro Branco como uma 
megadobra alóctone ao estilo de uma nappe. Interpretações similares são oferecidas por 
Alkmim (1985 e 1987), Almeida et al. (2001 e 2002), Almeida (2004). Neste caso, os limites 
norte e sul do bloco serra de Ouro Branco são de caráter tectônico e se dão por meio de falhas 
de cavalgamento os quais se conectariam a falha de Engenho. 
Exceto à interpretação de Pericon & Quémeneur (1982) as demais surgem face ao 
posicionamento estratigráfico mais jovem dado aos quartzitos da serra de Ouro Branco como 
ao Grupo Itacolomi (e.g. Alkmim 1987) ou ao Grupo Sabará (Almeida 2004 e 2005). Ainda 
assim, os limites desse bloco carecem de dados estruturais precisos acerca da sua geometria e 
cinemática. 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
36 
5.2.2 – Geologia 
Unidades Litoestrátigráficas 
A seção Ouro Branco inicia-se a norte nos clorita xistos, filitos e camadas de quartzito 
ferruginoso do Grupo Piracicaba e no contato com os quartzitos da serra de Ouro Branco 
ocorre uma intensa venulação de quartzo numa faixa de largura superior a 40 metros e 
extensão lateral de alguns quilômetros. Além disso, há a ocorrência de vários veios de quartzo 
de potência métrica de direção N-S. Os clorita xistos e filitos formam corpos homogêneos 
exibindo uma pronunciada foliação metamórfica que mergulha para norte e encontram-se 
bastante intemperizados. O contato inferior com o quartzito de granulação fina a muito fina é 
abrupto. 
Este contato é interpretado por Dorr (1969), Johnson (1955) e Alkmim (1985 e 1987) 
como um contato tectônico por falha de cavalgamento. Já o estudo detalhado realizado por 
Gonçalves & Costa (2007) e Gonçalves et al. (2007), na rodovia MG010, mostrou tratar-se de 
uma transição, marcada por um nível de aproximadamente 80 cm de um metassiltito em 
sequência estratigráfica normal. 
 O quartzito da serra de Ouro Branco possui uma espessura superior a 2000m. 
Constitui-se de quartzito sericítico, quartzito, quartzito com níveis de seixos finos e camadas 
de metaconglomerados. O acamamento no quartzito é marcado pela diferença granulométrica, 
níveis ou filmes de óxido de ferro definindo a geometria dos estratos cruzados acanalados 
(Fig. 14A e 14C) e em geral apresenta mergulhos elevados da ordem de 60º a 80º e direção 
paralela ao eixo maior da serra. A granulometria dos quartzitos diminui, prevalecendo os 
quartzitos sericíticos, em direção aos contatos norte e sul com os xistos. 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
37 
 
 
Figura 14: A- Estratificações cruzadas acanaladas com topo para sul. Corte vertical com visada para 
leste, ponto OB 02; B- Aspecto geral da lineação de interseção entre o acamamento e a xistosidade. 
Corte vertical, visada para norte, ponto OB 06; C- Estratificações cruzadas acanaladas de pequeno 
porte com topo para norte corte horizontal, visada para norte, ponto OB 06. 
 
 
 
 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
38 
Microscopicamente, os quartzitos apresentam textura granuloblástica, inequigranular. 
Os grãos de quartzo apresentam estrutura núcleo-manto, com extinção ondulante e contatos 
interlobados. A sericita se dispões em apenas uma direção preferencial, com textura 
lepidoblástica (Figs. 15 e 16) (Anexos 07 a 17). 
 
Figura 15: Fotomicrografia de quartzito, OB01. Granuloblástica, ineequigranular, e contatos 
interlobados, estrutura núcleo manto. Sua composição é de 75% de quartzo, 24% de sericita e 1% de 
opacos. No plano YZ (A) os grãos de quartzo apresentam textura granuloblástica, e no plano XZ (B) é 
possível observar que os mesmos tem uma textura com tendência para lepidoblástica e a clivagem 
disjuntiva fica mais evidente. 
 
 
Figura 16: Fotomicrografia de quartzito, OB10B, nos planos YZ (A) e XZ (B). Granulolástica, 
equigranular, com extinção ondulante e contatos poligonais, estrutura núcleo manto por nucleação e 
migração de borda. Sua composição é de 69% de quartzo, 30% de sericita e 1% de opacos. 
 Os xistos afloram na porção sul da serra de Ouro Branco (Fig. 17) são constituídos por 
quartzo-mica xistos e quartzo xistos de coloração arroxeada com pronunciada xistosidade. O 
contato com os quartzitos da serra de Ouro Branco é de natureza transicional. Corpos 
intrusivos de granitoides e rochas ultramáficas se distribuem nos xistos do setor sul da seção e 
diques de diabásio alcançam os quartzitos da serra de Ouro Branco. 
 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
39 
Geologia Estrutural 
O acamamento sedimentar é identificado com facilidade nos quartzitos devido à 
presença de lâminas de óxido de ferro (Figs. 14 A e C). Estas permitiram determinar a relação 
de topo e base unidade pois, havia presença de estratificações cruzadas acanaladas (Figs. 14 A 
e C). Entretanto, nos xistos o acamamento sedimentar não pode ser determinado devido ao 
alto grau de intemperismo e a má qualidade dos afloramentos. Em geral, o acamamento 
mergulha para N (010º) e a xistosidade plano-axial para NE (050º) gerando uma vorticidade 
anti-horária ou dobras parasíticas em padrão “S” com atitudes médias em torno de 014/75 e 
052/44, respectivamente (Tabela 5.2, Fig.18). 
Localmente, o mergulho do acamamento inflete para NNW e a xistosidade respectiva 
para ENE, acentuando o valor angular entre estas duas feições planares, a exemplo do 
observado no ponto OB007 (Tabela 5.2). Observa-se este fenômeno quando os litotipos 
envolvidos são mais grossos conferindo a eles uma propriedade reológica mais viscosa.Em 
um sistema de dobramento essa deflexão da xistosidade em relação à superfície dobrada pode 
ser entendida como resultado da refração da clivagem. 
Nos contatos entre os quartzitos da serra de Ouro Branco com os litotipos dos grupos 
Piracicaba e Nova Lima, respectivamente, observa-se a presença de foliações S[C] com 
vorticidades horárias indicando movimento reverso para sul (Tabela 5.2). 
Macroscopicamente, tais foliações parecem ser geometricamente coplanares à xistosidade não 
havendo indícios de mudança de regime de deformação. 
Os planos do acamamento em geral, se dispõem na serra de Ouro Branco em 
mergulhos elevados da ordem de 60º a 80º e direção paralela ao eixo maior da serra. Os 
critérios geoptais de topo e base indicam que, aproximadamente, a metade norte do segmento 
longitudinal da serra de Ouro Branco apresenta topo estratigráfico para sul e a outra metade, 
sul, topo para norte. Esta relação demonstra a configuração do bloco quartzítico da serra de 
Ouro Branco em uma geometria sinclinorial cerrada a isoclinal de eixo sub-horizontal 
(Fig.18). 
A lineação de estiramento mineral é proeminente nos quartzitos de granulometria mais 
grossa os quais apresentam grânulos de quartzo e seixos de quartzo alongados de forma 
prolata. A orientação preferencial é 120/30 (Fig. 18). A lineação de interseção (Fig. 14 B) 
entre o acamamento e a xistosidade constitui uma feição notável podendo ser observada em 
todos os afloramentos. Possui orientação 110/30 (Fig. 18). 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
40 
5.2.3 – Modelo Estrutural 
A macroestrutura principal caracterizada na região estudada nesse perfil é destoante 
das estruturas descritas anteriormente por Dorr (1969). A trama penetrativa observada em 
todos os litotipos da seção Ouro Branco é a xistosidade S1 plano-axial de dobras F1 com 
atitude média de 052/44 (Fig. 18). As lineações de interseção, eixos de dobras e de 
estiramento mineral se dispõem, notavelmente, paralelas entre si de 105/45 e 109/27, 
respectivamente (Fig. 18). 
A relação entre os elementos tectônicos e estratigráficos sugere que a região se articule 
por meio de uma megadobra cerrada redobrada a qual se manifesta pela superposição da 
xistosidade S1. Os indicadores de vorticidade dados pela relação entre o acamamento e a 
xistosidade indicam o flanco inverso de um antiforme vergente para SSW. Nesse contexto, a 
foliação S[C] de movimento reverso para SSW sinalizaria a atuação de um mecanismo de 
cisalhamento descontínuo com as rochas do núcleo do antiforme cavalgando sobre o seu 
flanco. 
 
Figura 17: Extrato do mapa geológico local da seção Ouro Branco (mod. Johnson 1955, Dorr 1969 e 
CODEMIG 2005). 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
41 
Tabela 5.2 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Ouro Branco. 
Estação Coordenadas UTM Rocha Atitudes Estruturais* Vorticidade** 
OB 001a 639369 / 7733483 
Quartzito sericítico 
fino e quartzo-
mica xisto 
foliação S[C] 030/55[050/35], lineação de interseção 115/10 e lineação 
mineral 110/25. 
H 
OB 001b 639369 / 7733483 
quartzito 
ferruginoso 
foliação S[C] 030/60[045/50], lineação de interseção S[C] 090/50 , 
dobras parasíticas em padrão "S", superfície axial 030/60 e eixo de 
atitude 110/20. 
H e AH 
OB 002 639709 / 7732777 quartzito 
acamamento 010/75, xistosidade 050/55, lineação de interseção 095/50, 
lineação de estiramento mineral 100/45, Topo estratigráfico para Sul. 
AH 
OB 003 639563 / 7732519 metadiabásio rocha isótropa. na 
OB 004 639479 / 7732453 quartzito 
acamamento 010/70, xistosidade 030/60, lineação de interseção 070/50, 
lineação de estiramento mineral 110/45 e Topo estratigráfico para 
Norte. 
AH 
OB 005 638815 / 7732092 quartzito 
acamamento 010/80, xistosidade 050/45, lineação de interseção 105/55 
e Topo estratigráfico para Norte. 
AH 
OB 006 640041 / 7732485 quartzito 
acamamento 010/80, xistosidade 050/45, lineação de interseção 105/55, 
lineação de estiramento mineral 090/40 e Topo estratigráfico para Sul. 
AH 
OB 007 641842 / 7731963 
quartzito grosso 
com camadas de 
seixos 
acamamento 330/80, xistosidade 070/35, lineação de interseção 050/35, 
lineação de estiramento mineral 090/36 e Topo estratigráfico para 
Norte. 
AH 
OB 008 641855 / 7731625 quartzito 
acamamento 060/45, xistosidade 045/60, lineação de interseção 110/30 
e lineação de estiramento mineral 100/35. 
AH 
OB 009 641597 / 7731569 metadiabásio rocha isótropa. na 
OB 010 641176 / 7731384 
quartzito sericítico 
fino 
foliação S[C] 15/60[040/30] e lineação de interseção 090/30. H 
OB 011 641128 / 7731342 
quartzo-mica xisto 
e xisto clorítico 
foliação S[C] 355/60[010/50] e lineação de interseção 055/40. H 
OB 012 641363 / 7731550 quartzito fino 
acamamento 000/60, xistosidade 050/40, lineação de interseção 060/40 
e topo estratigráfico para Norte. 
AH 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
42 
 
OB 013 639637 / 7730697 
granitóide 
leucocrático 
xistosidade 050/70. no 
OB 014 641464 / 7729831 
diabásio e 
granitóide 
xistosidade 180/70. no 
OB 015 642878 / 7729632 xisto clorítico foliação S[C] 045/50[070/30], lineação de interseção 110/40. H 
*As atitudes de acamamento - xistosidade e de foliação S[C] são pares estruturais combinados. 
**H- horário, AH- anti-horário, no- não observado, na- não se aplica. 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
43 
 
 
 
 Figura 18Perfil 
Ouro Branco 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
44 
 
5.3- SEÇÃO LAVRAS NOVAS 
5.3.1- Introdução 
A seção Lavras Novas encontra-se no distrito de Lavras Novas e inicia-se nos 
quartzitos da serra de Lavras Novas, que pertence à Formação Estrada Real – Grupo Sabará 
(e.g. Almeida et al. 2004 e Almeida 2005) indo terminar nos gnaisses Serra do Carmo – 
Complexo Santo Antônio do Pirapetinga. As propriedades físicas díspares destes litotipos 
frente aos processos intempéricos produzem características geomorfológicas notáveis como 
essa da serra de Lavras Novas com escapas muito íngremes e de desnível altimétrico da 
ordem de 570m. A espessura aproximada da Formação Estrada Real, na região, é 2400 m. A 
seção abrange cerca de 1600 m. 
A sul da seção Lavras Novas predominam os gnaisses Serra do Carmo, porém, 
subordinadamente, há ainda quartzo xistos, granitoides intrusivos nos gnaisses e rochas 
máficas e metaultramáficas (Fig 19). O contato entre as rochas de menor resistência ao 
intemperismo e as rochas de maior resistência determina a escarpa da serra do Salto, onde em 
seu sopé escoa o rio Maynard. Este contato constitui o lócus da falha do Engenho (e.g. Dorr 
1969, Barbosa 1969a e 1969b). No leito do rio Maynard se observam as melhores exposições 
de rochas frescas, interpretadas por diversos autores como o produto do cisalhamento da falha 
do Engenho (e.g. Dorr 1969, Chemale et al. 1991, 1994, Endo 1997, Alkmim & Marshak 
1998, Ribeiro 2001, Rolim & Alkmim 2004). 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
45 
 
 
Figura 19: Extrato do mapa geológico local da seção Lavras Novas (mod. Barbosa 1969, Dorr 1969, 
CODEMIG 2005). 
5.3.2- Geologia 
As unidades serão descritas seguindo o empilhamento estratigráfico original 
determinado em campo através de interpretações de dados litoestruturais. As relações 
estruturais e estratigráficas indicam que as unidades apresentam mais de uma fase de 
dobramento e elas se dispõem em um arranjo de flanco inverso de uma megadobra antiformal 
vergente para SSW, como será demonstrado. 
Unidades Litoestrátigráficas 
Os gnaisses que ocorrem na porção sul da área pertencem ao Complexo Santo Antônio 
do Pirapetinga sendo reconhecido como gnaisse Serra do Carmo (Fig. 19). São gnaisses 
acinzentados, de composição tonalíticae constituído essencialmente por quartzo, plagioclásio 
e biotita, localmente, com porções migmatíticas e pegmatóides. A maioria dos afloramentos 
desta unidade é constituída por rocha alterada, saprólitos e solo. Estes apresentam-se 
homogêneos dotados de foliação metamórfica pronunciada e/ou bandamento gnáissico, 
paralelos entre si, granulação média a grossa. Localmente, verifica-se um bandamento 
gnáissico incipiente formado principalmente por horizontes difusos e descontínuos de 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
46 
 
composição quartzo-feldspática e subordinadamente por níveis enriquecidos em minerais 
máficos igualmente difusos e descontínuos. Nos horizontes gnáissicos bandados percebe-se a 
presença de uma foliação gnáissica oblíqua às bandas gnáissicas. 
Sotoposto ao gnaisse Serra do Carmo encontra-se uma sucessão de metassedimentos 
iniciando-se com quartzo-clorita xisto seguido de quartzitos tabulares de variadas 
granulometrias e localmente quartzitos bandados. 
A camada de xisto aflora em uma pequena porção da área, atingindo espessura 
superior 80 metros e adelgaçando lateralmente e desaparecendo em uma extensão de poucos 
quilômetros. Afloramentos frescos podem ser encontrados no leito do Rio Maynart, 
possibilitando reconhecer estruturas em excelente estado de preservação (Figs. 20 B, C e D). 
Macroscopicamente, a rocha apresenta-se esverdeada devido ao elevado conteúdo em clorita e 
mica branca que delineiam os planos da xistosidade. Localmente, este xisto exibe uma fina 
laminação rica em quartzo, denotando representar o acamamento e, por conseguinte tem-se a 
presença da xistosidade oblíqua a ele. 
Sotoposto ao xisto encontra-se o quartzito com lentes conglomeráticas (Fig. 20 A) que 
delimita a escarpa da serra do Salto. Essa camada de quartzito apresenta dezenas de metros de 
espessura, na maioria das vezes os afloramentos encontram-se muito bem preservados sendo 
possível observar as estruturas sedimentares, possibilitando a identificação de topo e base da 
sequência estratigráfica. Macroscopicamente, a rocha é esbranquiçada devido ao elevado teor 
de quartzo com níveis mais ricos em sericita e óxidos de ferro sendo que este delimita os 
planos de acamamento da rocha. 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
47 
 
 
 
 
Figura 20: A- Metaconglomerado com seixos estirados de orientação geral 110/20. Corte horizontal e 
visada para norte, ponto LN 01. B- Veio de quartzo evidenciando um boudin extensional sinistral de 
eixo 090/15. Corte em plano vertical com visada para ENE, ponto LN 14; C- Clasto de quartzo 
intensamente cisalhado com vorticidade anti-horária (sinistral) em torno do eixo do clasto 100/30. 
Corte em plano horizontal e visada para sul, ponto LN 15, leito do rio Maynard; D- Veio de quartzo 
dobrado, com a atitude do eixo da dobra em 090/30: vorticidade anti-horária (sinistral). Corte em 
plano horizontal e visada para sul, ponto LN 15. 
Microscopicamente, os quartzitos apresentam textura granolepidoblástica, 
inequigranular. Os grãos de quartzo apresentam estrutura núcleo-manto, por nucleação e 
migração de borda, com extinção ondulante e contatos poligonais a interlobados. A sericita se 
dispõe em duas direções preferenciais, com textura lepidoblástica (Figs. 19, 20 e 21) (Anexo 
18 ao 27). 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
48 
 
 
Figura 21: Fotomicrografia de quartzito, LN10A. Granolepidoblástica, inequigranular, com extinção 
ondulante e contatos poligonais a interlobados, estrutura núcleo manto por nucleação e migração de 
borda. A sericita dispõe-se com estruturação em “rede”. Sua composição é de 80% de quartzo, 19% de 
sericita e 1% de opacos. No plano YZ (A) os grãos de quartzo apresentam textura granuloblástica e no 
plano XZ (B) os mesmos apresentam-se mais achatados com uma textura lepidoblástica. 
 
Figura 22:Fotomicrografia de quartzito, LN11A, nos planos YZ (A) e XZ (B). Granolepidoblástica, 
equigranular, com e contatos poligonais, recristalização por migração de borda. A sericita dispõe-se 
com estruturação em “rede”. Sua composição é de 79% de quartzo, 20% de sericita e 1% de opacos. 
Figura 23: Fotomicrografia de quartzito, LN11B. Granolepidoblástica, inequigranular, recristalização 
por migração de borda. A composição é de 79% de quartzo, 20% de sericita e 1% de opacos. No plano 
YZ (A) é perceptível a presença de foliação S/C e os grãos de quartzo com textura granuloblástica. No 
plano XZ (B) os grãos de quartzo apresentam uma textura lepidoblástica. 
 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
49 
 
Geologia Estrutural 
O acamamento constitui uma estrutura sedimentar marcante nos quartzitos sendo 
caracterizado pela variação granulométrica e composicional além da presença de lâminas de 
óxido de ferro nas estratificações cruzadas acanaladas, comuns em grande parte dos 
afloramentos observados. A orientação geral do acamamento é de mergulhos moderados a 
elevados para norte (40º a 70º) e, localmente, ele verticaliza e o mergulho muda de quadrante. 
O valor máximo modal obtido é 180/75 (Fig. 24). Os critérios geopetais indicam a sequência 
estratigráfica com topo dirigido para norte. Foi possível também identificar o acamamento nos 
xistos que ocorrem no sopé da serra do Salto. 
A xistosidade S1 é a estrutura tectônica mais proeminente e penetrativa sendo formada 
nos quartzitos pela orientação preferencial de sericitas, grânulos e grãos de quartzo alongados, 
nos xistos por micas, cloritas e quartzo recristalizado, nos gnaisses por biotitas e moscovitas. 
A sua relação geométrica tanto com o acamamento quanto com o bandamento gnáissico é se 
apresentar, obliquamente, com mergulhos invariavelmente menores para norte, em torno de 
45º (Tabela 5.3), resultando em vorticidade anti-horária em torno da lineação de interseção 
110/14 (Fig. 24). A norte da seção foi caracterizada uma dobra de escala hectométrica em 
padrão “S” com eixo 110/12 (Fig. 24). 
Adicionalmente, observa-se outra foliação, pré-S1, de ocorrência localizada nos 
quartzitos, xistos e gnaisses, caracterizada pela orientação preferencial de sericitas, cloritas, 
biotitas e moscovitas. Geometricamente, esta foliação parece constituir relictos de uma fase 
anterior sobrevivendo em macrolitons de 10 a 50cm de espessura com vorticidade horária em 
torno de eixo 110/15 (LN 11) ou em macrolitons exibindo nítida superposição da xistosidade 
S1 sobre a foliação pré-S1 formando uma estrutura em rede (LN 04, LN 08 e LN10) (Fig. 21). 
O volume de macrolitons com estrutura pré-S1 semi-preservada não ultrapassa a 3% do total 
da seção Lavras Novas. Contrariamente à xistosidade S1 esta foliação apresenta mergulhos 
moderados para sul (Tabela 5.3). Nos xistos do leito do rio Maynard (LN 15) observa-se 
relictos da fase pré-S1 em macrolitons 
A lineação de interseção resultante da interação entre o acamamento e a xistosidade S1 
ou entre o acamamento e a foliação pré-S1 ou entre a xistosidade S1 e o bandamento 
gnáissico se mantém consistentemente orientado segundo 110/15 (Fig. 24). A lineação de 
estiramento mineral é proeminente nos quartzitos de granulometria mais grossa os quais 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
50 
 
apresentam grânulos de quartzo e seixos estirados com orientação preferencial em torno de 
110/10 e nos xistos em torno de 270/10 (Fig. 24). 
5.3.3 – Modelo Estrutural 
A macroestrutura principal caracterizada para a região de Lavras Novas e serra do 
Salto é bastante diversa das postuladas, anteriormente, por Dorr (1969), Chemale et al. (1991 
e 1994), Endo (1997), Alkmim & Marshak (1998), Ribeiro (2001), Rolim & Alkmim (2004). 
A trama penetrativa observada em toda a seção de quartzitos do Grupo Sabará na serra do 
Salto é a xistosidade plano axial S1 (010/40) gerada duranteo evento de dobramento F1. As 
lineações de interseção e de estiramento mineral são notavelmente subparalelas entre si em 
torno de 110/15 (Fig. 24). A vorticidade da fase F1, dada pela relação geométrica entre o 
acamamento e a xistosidade S1 em torno do eixo 110/15, é anti-horária. Essas relações 
tectônicas aliada aos critérios geopetais com topo das estratificações acanaladas dirigido para 
norte faz da seção Lavras Novas um segmento de flanco inverso de um antiforme de escala 
regional vergente para sul. Nestas condições, a sequência estratigráfica envolvida na seção 
Lavras Novas devida à fase F1 corresponde ao redobramento de um flanco inverso de uma 
dobra recumbente regional vergente para sul com o núcleo representado pelo gnaisse Serra do 
Carmo. Em uma fase tardia dessa fase, a fase pré-S1, o gnaisse Serra do Carmo se desloca 
rumo à charneira da dobra propagando lateralmente zonas de cisalhamento com vorticidade 
horária. Os macrolitons exibindo pares de foliação e dobras apresentando vorticidade oposta a 
da fase F1, ou seja, horária representam os relictos das estruturas tardias da fase pré-S1. 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
51 
 
Tabela 5.3 – Sumário dos elementos estruturais representativos da Seção Lavras Novas. 
Estação Coordenadas UTM Rocha Atitudes Estruturais* Vorticidade** 
LN 001 654217 / 7736198 
metarenito e 
metaconglomerado 
acamamento 020/60, xistosidade 065/25 e lineação de interseção 95/20. H 
LN 002 654822 / 7734558 quartzito acamamento 015/60, xistosidade 030/35 e lineação de interseção 95/15. AH 
LN 003 655336 / 7734395 quartzito acamamento 180/80, xistosidade 180/55 e lineação de interseção 90/00. AH 
LN 004 655368 / 7734182 quartzito 
acamamento 180/20, xistosidade 190/75 e lineação de interseção 
102/05. zona de charneira. 
M 
LN 005 655618 / 7733987 quartzito acamamento 180/70, xistosidade 165/35 e lineação de interseção 90/10. AH 
LN 006 655804 / 7733910 quartzito 
acamamento 175/75, xistosidade 180/30 e lineação de interseção 
120/15. 
AH 
LN 007 655826 / 7733757 quartzito acamamento 180/75, xistosidade 170/45 e lineação de interseção 95/15. AH 
LN 008 655731 / 7733669 quartzito acamamento 180/80, xistosidade 180/40 e lineação de interseção 90/00. AH 
LN 009 655858 / 7733639 quartzito 
acamamento 180/70, xistosidade1 175/40 e (xistosidade2 005/45), 
lineação de interseção1 100/10 e lineação de interseção2 90/05. 
H e (AH) 
LN 010 656117 / 7733521 quartzito 
acamamento 010/70, xistosidade 190/40, lineação de interseção 100/30, 
(foliação S[C] 190/65 [190/50]). 
H e (AH) 
LN 011 656232 / 7733475 quartzito foliação S[C] 190/60 [190/80] H 
LN 012 656233 / 7733431 quartzito foliação S[C] 195/40 [180/60] H 
LN 013 656361 / 7733361 
clorita-quartzo 
xisto 
xistosidade 020/50 no 
LN 014 656479 / 7733144 
clorita-quartzo 
xisto 
foliação S[C] 045/35[025/45] e lineação de interseção 80/30. H 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
52 
 
LN 015 656939 / 7733145 
clorita-quartzo 
xisto 
acamamento 015/85, xistosidade 025/70 e lineação de interseção 
100/30 . 
AH 
LN 016 657129 / 7733071 gnaisse bandamento gnáissico 235/70, xistosidade 225/55. H 
LN 017 657437 / 7732956 gnaisse bandamento gnáissico 190/70, xistosidade 180/60. H 
LN 018 658806 / 7732948 gnaisse bandamento gnáissico 355/60, xistosidade 355/35. AH 
*As atitudes de acamamento - xistosidade e de foliação S[C] são pares estruturais combinados. 
**H- horário, AH- anti-horário, no- não observado, na- não se aplica 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
53 
 
 Figura 24: 
Perfil Lavras 
Novas 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
54 
 
5.4- SEÇÃO SANTO ANTÔNIO DO SALTO 
5.4.1- Introdução 
A seção Santo Antônio do Salto foi descrito nas proximidades do distrito com nome 
homônimo e seguindo as margens do rio Maynart, quando este segue o seu curso para norte, 
transversalmente, a serra do Salto e, ortogonalmente, às estruturas tectônicas até a usina 
hidroelétrica. A seção de quartzitos pertence à Formação Estrada Real – Grupo Sabará (e g. 
Almeida 2004, Almeida et al. 2005) e apresenta espessura aproximada de 1600 m (Fig. 25). O 
contato norte se dá com xistos quartzosos e xistos ferruginosos da Formação Saramenha (e g. 
Almeida 2004, Almeida et al. 2005) e a sul com os gnaisses Serra do Carmo. A faixa de 
quartzitos se dispõe em contato tectônico com estas unidades (e.g. Dorr 1969, Barbosa 1969a, 
Chemale et al. 1991, 1994, Endo 1997, Alkmim & Marshak 1998, Ribeiro 2001, Rolim & 
Alkmim 2004). 
 
Figura 25: Extrato do mapa geológico local da seção Santo Antônio do Salto (mod. Barbosa 1969, 
Dorr 1969, CODEMIG 2005). 
 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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5.4.2- Geologia 
As unidades metassedimentares e gnáissicas aflorantes na região de Santo Antônio do 
Salto se dispõem, geometricamente, na zona de charneira da uma megadobra da fase F1 (Fig. 
26A). Esta relação fica demonstrada nos pontos SL 01 e SL 02 onde o gnaisse Serra do 
Carmo se sotopõe ao quartzito da Formação Estrada Real e, adicionalmente, a relação angular 
entre o acamamento (sub-horizontal) e a xistosidade (sub-vertical) é de alto ângulo (Tabela 
5.4). 
Unidades Litoestrátigráficas 
O gnaisse Serra do Carmo domina a porção meridional da seção e se dispõe em 
morros elevados e abaulados na direção E-W. São gnaisses homogêneos, granulação média a 
grossa, com foliação metamórfica pronunciada e/ou bandamento gnáissico, paralelos entre si. 
Localmente, tem-se a presença de um bandamento gnáissico incipiente formado 
principalmente por horizontes difusos e descontínuos de composição quartzo-feldspática e 
subordinadamente por níveis enriquecidos em minerais máficos igualmente difusos e 
descontínuos. Localmente, porções migmatíticas e pegmatóides podem ocorrer. Apresentam 
composição tonalítica constituído, essencialmente, de quartzo, plagioclásio e biotita. Em 
geral, o contato inferior com os quartzitos encontra-se encoberto por tálus e solos a exceção é 
o afloramento do ponto SL01. 
Os xistos cloríticos afloram em uma pequena porção da área, em forma lenticular, 
atingindo uma espessura de poucos metros, aparentemente, confinados em uma zona transição 
entre o gnaisse Serra do Carmo e os quartzitos da Formação Estrada Real. 
Macroscopicamente, a rocha apresenta coloração avermelhada bastante intemperizados, 
podendo ainda ser caracterizados os planos do acamamento e da xistosidade. 
Sotoposto ao gnaisse encontra-se o quartzito com uma coloração cinza-esbranquiçada, 
granulação média a grossa sendo frequentes horizontes com grânulos ou seixos finos além de 
estratificações cruzadas acanaladas marcadas por trilhas de óxido de ferro. Ao longo do perfil 
transversal a serra do Salto, na margem direita do rio Maynard, o acamamento se verticaliza e 
a sequencia estratigráfica se normaliza com topo para norte (Figs. 26C e D). 
Piassa L. R. A, 2014, Falha do Engenho: Quo Vadis? 
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Figura 26: Amostra de mão mostrando a disposição do acamamento e xistosidade em alto ângulo 
indicando uma relação de zona de charneira, ponto SL 01; B-Estratificações acanaladas com topo para 
norte, fotografia retirada na vertical com visada para oeste, ponto SL 17; C- Estratificações acanaladas 
com topo para norte, fotografia retirada na vertical com visada para oeste, ponto SL 14. 
 Microscopicamente, os quartzitos apresentam textura granolepidoblástica, 
inequigranular. Os grãos de quartzo apresentam estrutura núcleo-manto, por nucleação e 
migração de borda, com extinção ondulante e contatos poligonais a interlobados. A sericita 
 Monografia do Trabalho de Conclusão de Curso – nº122, 106p. 2014 
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dispõe-se em duas direções preferenciais,

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