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CIDADANIA DIMENSÕES DA CIDADANIA

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66 
 
A educação tem um papel importante no sentido de conduzir ao diálogo e a 
tolerância. Ela é decisiva para aproveitar as imensas oportunidades que a conexão 
permanente e o acesso à base de dados oferecem. Isso pode se aplicar a todos os 
âmbitos da vida cotidiana. Trata-se de uma educação que forma pessoas com 
capacidade mental e autonomia para processar informações e aplicá-las a cada tarefa 
e projeto de vida, conforme leciona Fontes (2015). 
10 CIDADANIA 
O Brasil é um país que enfrenta grandes desafios sociais relacionados ao 
aumento da pobreza e das desigualdades sociais, bem como da criminalidade e da 
violência. O tráfico de drogas é o grande responsável pela superlotação dos 
estabelecimentos prisionais e parece adquirir cada vez mais força, sobretudo por 
recrutar crianças e jovens da periferia para executarem tarefas em troca de dinheiro 
rápido e “fácil”. Embora a maioria dos brasileiros conheça o conceito de cidadania e 
saiba que têm direitos e deveres, a preocupação com o social e as possibilidades de 
intervenção ainda são muito pequenas e, em alguns casos, incipientes. 
10.1 Dimensões da Cidadania 
O conceito de cidadania no Brasil ganhou impulso a partir das discussões que 
ocorreram no final do Regime Militar. Nesse período, buscava-se a redemocratização 
do País, o que se consolidou com a escrita da Constituição Federal de 1988, chamada 
de Constituição Cidadã. Como você pode imaginar, o conceito de cidadania é 
complexo. Ele é definido historicamente a partir dos processos e interações que 
ocorrem em sociedade. 
O primeiro autor que definiu as múltiplas dimensões do conceito de cidadania 
foi Marshall (1967), sociólogo britânico que dividiu o conceito em três direitos: civis, 
políticos e sociais. Analisando como esses direitos surgiram na Inglaterra, o autor 
destacou que seguiram esta sequência: começaram com os direitos civis, associados 
à liberdade individual dos homens, seguidos pelos direitos políticos e pela 
necessidade de os sujeitos participarem das decisões de ordem do governo da nação 
e, posteriormente, pelos direitos sociais, entre eles o emprego e a educação popular 
como prioridade. 
 
67 
 
Já no Brasil, o processo histórico não seguiu a mesma sequência. De acordo 
com Carvalho (2008, p. 11), o País apresentou duas principais diferenças: 
 
A primeira refere-se à maior ênfase em um dos direitos, o social, em relação 
aos outros. A segunda refere-se à alteração na sequência em que os direitos 
foram adquiridos: entre nós o social precedeu os outros. Como havia lógica 
na sequência inglesa, uma alteração dessa lógica afeta a natureza da 
cidadania. Quando falamos de um cidadão inglês, ou norte-americano, e de 
um cidadão brasileiro, não estamos falando exatamente da mesma coisa. 
 
É importante você notar que o conceito de cidadania está sempre atrelado ao 
conceito de Estado-nação. Dessa forma, cabe ao Estado prover aos cidadãos tais 
direitos a partir dos órgãos e instituições nacionais, entre elas a própria escola. Com 
a crise atual do Estado-nação, há desconfiança em relação à sua capacidade de 
prover esses direitos. Além disso, ocorre a hegemonia mundial do neoliberalismo. 
Nesse contexto, a cidadania vai ampliar a sua dimensão novamente, uma vez que a 
própria sociedade é convocada a participar da resolução de conflitos e problemas 
sociais existentes. 
Para analisar as relações do Estado com as dimensões da cidadania, 
acompanhe o quadro a seguir: 
 
Dimensões Características Ponto principal 
Direitos civis 
São os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à 
propriedade e à igualdade perante a lei. Incluem o 
direito de ir e vir, escolher o trabalho, manifestar o 
pensamento, organizar-se, ter respeitada a 
inviolabilidade do lar e da correspondência, não ser 
preso a não ser por autoridade competente e de 
acordo com a lei e não ser condenado sem processo 
regular. 
Liberdade individual 
Direitos políticos 
Dizem respeito à participação do cidadão no governo 
da sociedade. Normalmente, limitam-se a uma 
parcela da população e relacionam-se com a 
capacidade de fazer demonstrações políticas, de 
organizar partidos, de votar e ser votado. 
Direito ao voto 
Direitos sociais 
Enfatizam a participação de todos na riqueza 
coletiva. Incluem o direito à educação, ao trabalho, 
ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. 
Justiça social 
 
68 
 
Dependem do Poder Executivo e, em sociedades 
politicamente organizadas, permitem a redução das 
desigualdades produzidas pelo capitalismo e um 
mínimo de bem-estar a todos. 
Fonte: Adaptado em Carvalho (2008). 
 
De acordo com Oliveira (2018, documento on-line), “[...] a cidadania 
multicultural assinala uma preocupação geral com a reconciliação do universalismo 
de direitos e da associação de membros em Estados-nações liberais com o desafio 
da diversidade étnica e demais aspirações de identidade atribuídas [...]”. Nesse 
sentido, é preciso considerar que os grupos étnicos diversos possuem suas histórias, 
que podem apresentar favorecimentos e prejuízos a alguns deles, o que implica o 
cidadão ali presente. Ser cidadão afrodescendente, por exemplo, é diferente de ser 
cidadão “branco”. Afinal, existe todo um processo histórico e social que precisa ser 
resgatado, positivado e corrigido no caso dos afrodescendentes, inclusive no 
ambiente escolar. É o mesmo processo que ocorre quando os mais diversos 
movimentos sociais buscam seus direitos específicos relacionados às suas 
identidades culturais. Nesse caso, eles estão exercendo a sua cidadania multicultural. 
Taylor (2004, p. 5), ao estudar o conceito de cidadania e as suas 
reconfigurações, reforça a ideia de que ela não deve estar restrita ao Estado: 
 
O que nós propomos é que não se insista mais sobre uma cidadania 
abordada através da educação cívica ou da instrução cívica, mas que se 
reinvente, como condição prévia à realização de uma cidadania multicultural, 
uma educação popular (por outras palavras, uma educação autenticamente 
do povo, pelo povo e para o povo) visando a coabitação cultural. 
 
Outro aspecto interessante do conceito de cidadania é que hoje é possível, a 
partir da revolução das comunicações e informações digitais, via internet, a cidadania 
cosmopolita. Tal cidadania busca a construção de um sentido comum em relação aos 
cidadãos globais. Esse conceito desloca os problemas sociais locais, de uma nação 
específica, para reconhecer que eles ocorrem em todas as nações, buscando 
alternativas para minimizar tais problemas de forma global. 
Oliveira (2018, documento on-line) comenta que a cidadania cosmopolita 
defende “[...] o forte senso do coletivo e responsabilidade individual para com o mundo 
como um papel de suporte para desenvolver as efetivas instituições globais a fim de 
 
69 
 
aliviar a pobreza e a desigualdade, a degradação do meio ambiente e a violação aos 
direitos humanos [...]”. Existem inúmeras iniciativas de organizações e voluntários 
baseadas nesse conceito de cidadania cosmopolita. Tais iniciativas procuram assumir 
ações que anteriormente eram vistas como obrigações estatais. Morin (2000), ao 
formular os saberes necessários à educação do futuro, enfatiza um conceito que se 
assemelha ao de cidadania cosmopolita. Veja: 
 
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O 
planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões múltiplas. Dada a 
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos 
e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da 
reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do 
futuro de cidadania planetária (MORIN, 2000, p. 104). 
 
Dessa forma, o conceito de cidadania se refere à capacidade pessoal e coletiva 
de comunicação, interação e análise das racionalidades e mentalidades existentes e 
atuantes que envolvem a formação dos sujeitos sociais contemporâneos. Como você 
pode imaginar,a educação é uma ferramenta primordial para o desenvolvimento 
dessa capacidade. Ser um cidadão contemporâneo significa ser ativo, participante, 
envolvido com as tramas sociais cotidianas. 
Significa buscar uma sociedade melhor, não se aquietar diante de injustiças 
sociais, da violência, da criminalidade, do desemprego e de outras mazelas sociais 
que existem no Brasil (e no mundo) atual. Embora a maioria dos brasileiros conheça 
o conceito de cidadania, saiba que têm direitos e deveres, a preocupação com o social 
e sua possibilidade de intervenção ainda é muito pequena e, em alguns casos, 
incipiente. 
 
 
Fonte: https://pequenosmochileiros.com.br/

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