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Crimes contra a administração pública ➔ Trata-se dos crimes funcionais, praticados por determinados grupos de pessoas – funcionários públicos – no exercício de sua função, associado ou não com a pessoa alheia aos quadros administrativos, impregnando o correto funcionamento dos órgãos do Estado. ➔ Afetam, a probidade administrativa, promovendo o desvirtuamento da administração pública nas suas várias camadas, ferindo, dentre outros, os princípios norteadores da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência. ➔ O agente, representante de um poder estatal, tem por função principal cumprir regularmente os deveres, confiados pelo povo. ➔ No geral o princípio da insignificância é inadmissível, não obstante algumas decisões isoladas admitindo a insignificância. Crimes funcionais. Os delitos funcionais são divididos em 2 espécies: ➔ Os crimes funcionais próprios, faltando a qualidade de funcionário público autor, o fato passa a ser tratado como indiferente penal, não se substituindo a nenhum outro tipo incriminador. ➔ Já nos crimes funcionais impróprios desaparecendo a qualidade de servidor do agente, desaparece também o crime funcional, operando-se, porém, a desclassificação da conduta para outro delito, de natureza diversa (ex: peculato furto). Conceito de funcionário público para efeitos penais Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. a) Os funcionários públicos, titulares de cargo público efetivo, regidos por normas do direito administrativo. b) Os empregados públicos, jungindo ao regime da CLT. c) Os servidores ocupantes de cargo em comissão, providos sem concurso e regidos também pelo direito administrativo. d) Os servidores temporários, contratados sem concurso, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária. Não apenas o servidor legalmente investido em cargo público, mas também o que exerce emprego público, ou, de qualquer modo, uma função pública, ainda que de forma transitória. • Ex: o jurado, os mesários eleitorais... ➔ Os titulares de cartórios de notas e de registros só considerados servidores públicos para fins penais. o mesmo não ocorre com os funcionários dos respectivos cartórios que são contratados livremente e não ocupam cargo público. ➔ Já que o Estado vem terceirizando seus serviços, entendeu o legislador ser necessário ampliar o conceito de funcionário público por equiparação, incluindo, por meio da lei 9.983/2000, aqueles que trabalham nas empresas prestadoras de serviço contratadas ou conveniadas. • Tal equiparação não abrange, os funcionários atuantes em empresas contratadas para prestar serviços atípicos para a administração pública, como exemplo, uma empresa contratada para funcionar num cerimonial de recepção a um chefe de governo estrangeiro. ➔ O estagiário que exerce uma atividade em empresa pública pode ser equiparado a funcionário público para fins penais. ➔ É possível que aquele que não detenha a qualidade de funcionário público, responda por crime funcional, como co-autor ou partícipe, em face do disposto no art. 30 do CP. Exige-se que esse terceiro saiba da qualidade de funcionário público do outro. Nessas hipóteses o funcionário público é denominado intraneus e o não funcionário público é denominado extraneus. Os prefeitos, governadores e presidente da República, quando autores dos crimes funcionais, estão inevitavelmente compreendidos da majorante? O STJ por maioria entendeu que sim. Peculato próprio = primeira parte do caput. Peculato desvio = segunda parte do caput. Peculato furto = Parágrafo primeiro Peculato culposo = parágrafo segundo Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. ➔ O peculato não é crime contra a ordem tributária . ➔ Entendimento do STF: "No peculato, a lesão patrimonial se configura ainda quando a coisa apropriada, ou desviada, pertença ao patrimônio particular. É o que diz o art. 312, caput, do CP, quando se refere ao "valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular...". SUJEITO DO CRIME ➔ O delito somente pode ser praticado por funcionário público, no amplo conceito previsto no art. 327 do CP. ➔ O sujeito passivo é o Estado lesado no seu patrimônio, material e moralmente. Se o bem apropriado for de propriedade de particular, também este será vítima do crime. • Diante do conceito abrangente da expressão, além da União, Estados e Municípios, podem ser vítimas as autarquias e as entidades paraestatais diante da equiparação prevista pelo art. 327 do CP. ➔ Mesmo o servidor aposentado, se conserva consigo a Posse de bem ilegalmente apropriado durante o exercício e em razão do cargo antes ocupado, responderá pelo crime de peculato. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá um aumento de 1/3. ➔ O crime admite o concurso de pessoas estranhas aos quadros da administração. ➔ Embora os diretores de associações de identidade sindicais não sejam considerados funcionários públicos, o fato por eles praticado fica igualado ao peculato. ➔ De acordo com a jurisprudência do STF, o STJ decidiu que os conselhos de fiscalização profissionais exercem função típica do Estado, sendo assim possível o cometimento do crime de peculato envolvendo os representantes de tal entidade. ➔ Considera-se também que o servidor público que recebe seus vencimentos, mas não presta o serviço não comete o crime de peculato, que pressupõe apropriação, desvio ou subtração. CONDUTA O caput do artigo 312, pune o peculato próprio, cuja conduta consiste na apropriação ou desvio de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. Ações nucleares: Apropriar-se: É inverter o título da posse ou da detenção, inicialmente lícita;Desviar: É empregar o objeto material enfim diverso de sua destinação específica. Subtrair (peculato impróprio): É retirar o bem ou concorrer para a sua retirada. CONDUTA PECULATO APROPRIAÇÃO ➔ Na primeira parte do caput (apropriação), o agente apodera-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel que tem sob a sua posse legítima, passando, arbitrariamente, a comportar-se como se fosse o dono. ➔ A posse ou detenção tem que ser lícita, pois se a entrega do bem decorre de fraude, há estelionato; se a posse decorreu de violência ou grave ameaça, haverá roubo ou extorsão. ➔ Corresponde há um tipo especial de apropriação indébita, qualificada pelo fato de ser o agente funcionário público, no exercício da sua função, prejudicando não só a moral, mas o patrimônio da administração. CONDUTA PECULATO DESVIO Já na segunda parte do caput (desvio), o funcionário dá destinação diversa à coisa, em benefício próprio ou de outrem, podendo o proveito ser material ou moral, auferindo vontade outra que não necessariamente a de natureza econômica. ➔ Necessário que o funcionário tenha a posse lícita do bem. ➔ O desvio deve ser em proveito próprio ou de terceiros porque, se for em proveito da própria administração, haverá o crime do art. 315 do CP (emprego irregular de verbas ou rendas públicas) ➔ Não se pode desconsiderar que o funcionário público, estará igualmente praticando uma apropriação, mas de modo especial, o que torna dispensável a divisão de condutas estampadas no tipo em apreço. ➔ O STJ firmou a tese de que reiterados desvios oriundos da mesma causa, como, por exemplo, de um contrato administrativo a partir do qual diversas somas foram desviadas, não podem ser considerados como crime único com sucessivos exaurimentos. Identificadas as circunstâncias do artigo 71 do código penal, a crime continuado. ➔ Também foi decidido que comete o crime o administrador público que ordena o desconto de parcelas de empréstimos consignados dos salários de servidores públicos e não as passa a instituição financeira que concedeu o crédito. ➔ A reparação do dano anterior ao recebimento da denúncia é causa de diminuição da pena, nos termos do art. 16 do CP. Se posterior ao recebimento, atenuante genérica (art. 65, III, d), cf. entendimento doutrinário e jurisprudencial. Há crime de peculato quando agente público com poder de nomeação recebe parte do salário dos funcionários nomeados? As “rachadinhas”, ocorre quando o legítimo detentor do poder discricionário de nomear escolhe determinada pessoa para uma função vinculada ao exercício de um cargo de confiança e recebe uma fração dos vencimentos, como se cuidasse de um preço ou de um encargo, para manter vigentes os efeitos diretos e reflexos do ato de nomeação. 1° corrente: Reconhece a prática de peculato desvio nestes casos. Mas, de acordo com o STJ, tratando-se de verbas públicas, o peculato desvio se caracteriza pelo emprego com finalidade diversa daquela imposta por lei, não pelo simples emprego irregular. 2° corrente: Sustenta haver o crime de concussão, previsto no artigo 316 do código penal, pois a efetiva exigência de parcela do salário dos funcionários nomeados para que eles se mantenham na função. 3° corrente: Argumenta que o fato se ajusta ao crime de corrupção passiva, previsto no artigo 317 do código penal, pois o agente não exige, mas solicita, no exercício da função, parcela do salário de seus colaboradores, que normalmente já são nomeados sobre o compromisso do repasse. VOLUNTARIEDADE É o dolo, expressado pela vontade consciente do agente em transformar a posse da coisa em domínio ou desviá-la em proveito próprio ou de terceiros. ➔ O peculato desvio contêm o elemento subjetivo específico, em que o funcionário público deve praticar a conduta em proveito próprio ou alheio. CONSUMAÇÃO ➔ O crime se consuma na primeira modalidade (apropriação), no momento em que o funcionário se apropria do dinheiro, valor ou bem móvel de que tem posse em razão do cargo. ➔ Já no caso de desvio, o crime irá se consumar quando o funcionário altera o destino normal da coisa, empregando-a enfim outros que não o próprio. ➔ Pouco importa se a vantagem visada é conseguida ou não. TENTATIVA Podendo a conduta a ser fracionada, tratando-se assim de crime plurissubsistente, a tentativa é perfeitamente possível. ➔ Descrito no segundo parágrafo do artigo 312 do código penal. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo- se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. ➔ Caracteriza-se não pela apropriação ou desvio, mas pela subtração de coisas sob guarda ou custódia da administração. ➔ Neste caso o servidor público típico ou atípico, não tem a posse, mas, valendo-se da facilidade que a condição de funcionário lhe concede, subtrair coisa do ente público ou de particular sob custódia da administração. ➔ É necessário que o agente para a subtração possua alguma facilidade proporcionada pelo seu cargo, pois sem esse requisito, haverá apenas furto. Helena Silva errado ➔ O funcionário atua com animus furandi, que consiste na vontade consciente de subtrair, ou concorrer para que seja subtraída, para si ou para outrem, coisa pública ou privada sob guarda da administração, valendo-se de facilidade proporcionada pelo seu cargo. ➔ Deve estar presente a intenção de não devolver, a coisa ao real proprietário. CONSUMAÇÃO É ocorrida com a efetiva subtração da coisa, dispensando a posse mansa e pacífica do bem. TENTATIVA Sempre que, fracionado o Iter criminis, não lograr o agente substituir a posse do ofendido por circunstâncias alheias à sua vontade. Está previsto no segundo parágrafo do artigo 312, e ocorre quando o funcionário, através de manifesta negligência, imperícia ou imprudência, infringe o dever de cuidado objetivo, criando condições favoráveis à prática do peculato doloso, em qualquer de suas modalidades. ➔ É requisito desse crime que terceiro pratique um crime doloso aproveitando-se da facilidade provocada culposamente pelo funcionário público. ➔ Observe-se que não, se trata de concurso de pessoas entre o autor do peculato culposo e o terceiro que comete o crime doloso, pois não existe participação culposa em crime doloso e vice-versa. CONSUMAÇÃO Consuma-se no momento em que se aperfeiçoa a condição dolosa do terceiro (consuma o crime de terceiro), havendo necessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira que o primeiro tenha possibilitado a prática do segundo. ➔ Se o terceiro tentar praticar crime doloso, aproveitando-se da colaboração culposa de um funcionário público, responderá por tentativa desse crime doloso, já o funcionário não responderá por nenhum delito, pois inexistiu qualquer prejuízo ao erário. TENTATIVA Por se tratar de modalidade culposa, a tentativa fica inviável. Peculato mediante erro de outrem = artigo 313 Peculato eletrônico = artigo 313 A e B Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causardano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. ➔ Se assemelha a figura de apropriação de coisa havida por erro. SUJEITOS DO CRIME ➔ O sujeito ativo é o funcionário público lato sensu. ➔ O sujeito passivo é o Estado, mais especificamente a administração pública. Havendo particular lesado pela conduta típica do funcionário, concorrerá como vítima secundária. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. ➔ Nada impede o concurso de particular, desde que saiba, por ocasião dos fatos, da condição de funcionário público do autor (art.30 do CP). CONDUTA ➔ Inverte o agente, no exercício do seu cargo, a posse de valores recebidos por erro de terceiro. O bem apoderado, não está naturalmente na posse do agente, derivando de erro alheio. ➔ O erro do ofendido deve ser espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário, poderá configurar o crime de estelionato. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, em que o agente tem a vontade consciente de apropriar-se de dinheiro que recebeu por erro de outrem, ciente do engano cometido. ➔ Não é necessária a existência do dolo no momento do recebimento da coisa, mas deve existir no instante em que o funcionário dela se apropria. CONSUMAÇÃO A consumação se dá no momento, quando agente, percebendo o erro de terceiro, não o desfaz, apropriando-se da coisa recebida, e agindo assim como se dono fosse. TENTATIVA Para a doutrina a tentativa é possível. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ➔ Advindo da lei 9.983 / 2000. ➔ Tutela-se aqui administração pública no que concerne a guarda de dados, que somente devem ser modificados para o atendimento do interesse público, nos limites estabelecidos. SUJEITOS DO CRIME ➔ O sujeito ativo é somente o funcionário público autorizado, sendo assim, aquele que estiver lotado na repartição encarregada de cuidar dos sistemas informáticos ou banco de dados da administração pública. ➔ A conduta típica ofende diretamente os interesses da administração pública, e, indiretamente, também o do administrado eventualmente prejudicado com a falsidade ou suprimento de dados. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. CONDUTA ➔ Na primeira parte do tipo em estudo, pune-se a conduta de inserir ou facilitar, mediante ação ou omissão, a inserção de dados falsos. ➔ já na segunda parte, é incriminada alteração ou exclusão, indevida, de dados corretos, ou seja, a diz configuração dos arquivos, de modo a alterar os registros originais. ➔ Deve o agente agir prevalecendo-se do acesso privilegiado inerente ao seu cargo. VOLUNTARIEDADE É o dolo, em que o agente busca obter vantagem indevida para si ou para outrem ou de causar dano, de acordo com as condutas típicas do artigo. ➔ Se a conduta, não tiver essa finalidade, não se enquadrará deste artigo. CONSUMAÇÃO Consuma-se com a prática de qualquer uma das condutas, independentemente da obtenção da indevida vantagem ou dano causado pelo agente. TENTATIVA É admitida, devido o possível fracionamento do delito. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa ➔ Tutela-se o próprio sistema de informação ou programa de informática. SUJEITOS DO CRIME ➔ O sujeito ativo é o funcionário público, típico ou por equiparação, independente do cargo que ocupa. ➔ O sujeito passivo é o Estado, mais especificamente a administração pública. ou o eventualmente prejudicado com a conduta do agente é igualmente vítima do delito. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. ➔ É possível a participação do particular, desde que saiba, por ocasião do fato, da condição especial ostentada pelo funcionário autor. CONDUTA Dividido em 2 tipos de conduta, a primeira ocorre com a modificação do próprio sistema, dando-lhe nova forma; a segunda, ocorre com a alteração, conturbando a sua forma original. ➔ Neste o funcionário público altera a própria programação a fim de modificar o meio e o modo de geração e criação de arquivos e dados. VOLUNTARIEDADE É o dolo, em que o agente está ciente de que irá praticar uma conduta criminosa. ➔ É irrelevante a obtenção de eventual resultado. ➔ Não existe forma culposa. CONSUMAÇÃO Ocorre com a modificação ou alteração do sistema ou programa de informática, objetos materiais do tipo penal em estudo. ➔ A eventual existência de dano, ao invés de mero exaurimento, serve como causa de aumento de pena, conforme dispôs no parágrafo único deste artigo. TENTATIVA É teoricamente possível. AÇÃO PENAL A ação será pulica incondicionada. . Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. ➔ Tutela-se o regular andamento das atividades administrativas, buscando-se inibir atos de funcionários que violam a confiança neles depositadas. SUJEITOS DO CRIME ➔ Apesar da maioria da doutrina alegar que o sujeito ativo é o funcionário público em sentido amplo, Nelson Hungria restringe, alegando que o sujeito ativo há de ser apenas o agente incumbido, ratione officii da guarda do livro ou documento. ➔ O sujeito passivo é o Estado e, eventualmente, o particular proprietário do documento confiado à administração pública. ➔ Sendo o sujeito ativo servidor em exercício junto à partição fiscal ou tributária, o extravio de livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento por ele causado configura crime especial, previsto no artigo terceiro, inciso primeiro da lei 8.137/90. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. CONDUTA A lei pune 3 condutas, são elas: 1) Extraviar (fazerdesaparecer). 2) Sonegar (deixar de informar). 3) Inutilizar (fazer inútil). ➔ Tais condutas devem recair sobre o livro oficial ou qualquer documento guardado pelo funcionário em razão da sua função. ➔ É indiferente que a destruição de um documento seja total ou parcial, desde que desapareça parte essencial, comprometendo ao todo. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, em que o agente está ciente de que a sua conduta é criminosa. ➔ Eventual conduta culposa, caracterizado pela falta de zelo com documento ou livros públicos, poderá caracterizar apenas falta funcional. CONSUMAÇÃO Consuma-se no momento quando ao efetivo extravio, sonegação ou inutilização de livro oficial ou qualquer outro documento. TENTATIVA É admitida, porém limitada às hipóteses do extravio e inutilização. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. ➔ Busca proteger as verbas públicas de uma administração irregular e despótica. SUJEITOS DO CRIME O sujeito ativo não é qualquer funcionário público, mas apenas aquele que tem o poder de administração de verbas ou rendas públicas, como exemplo, o Presidente da República e seus Ministros, Governadores, Secretários... ➔ Admite-se, no entanto, a cooperação de particulares. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. CONDUTA Pune-se, o emprego irregular de fundos públicos, contrariando a destinação prévia em lei. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, em que o agente está ciente de que irar praticar um crime. ➔ Não se pune criminalmente a modalidade culposa. • Não se descarta, ainda, a dirimente da inexigibilidade de conduta diversa, como no exemplo, do comandante que desvia dinheiro para abastecer viatura de policiamento preventivo, com o objetivo de não deixar a população local desprotegida. CONSUMAÇÃO Ocorre com a efetiva aplicação irregular das verbas ou renda sem finalidade outra que não específica em lei. TENTATIVA A simples destinação, sem posterior aplicação, constitui tentativa, gerando perigo para a regularidade administrativa. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. OBJETO JURÍDICO Visa proteger o normal desenvolvimento dos encargos funcionais, por parte da administração pública, e a conservação e tutela do decoro desta. De forma secundária, protege-se também o patrimônio do particular contra a forma especial de extorsão cometida pelo funcionário, que se vale, para a prática do delito, de função que desempenha, empregando-a como meio de coação para a obtenção de seus fins. CONDUTA ➔ A conduta típica está centrada no exigir vantagem indevida. ➔ Se a vantagem for devida, haverá crime de abuso de autoridade do art. 4º, h, da Lei n. 4.898/65. ➔ Exigir significa ordenar, reclamar imperiosamente, impor como obrigação (RT558/343). ➔ A exigência pode ser direta, isto é, o sujeito expressamente a fórmula ao sujeito passivo, ou, ainda, indireta, quando o autor do fato se vale de interposta pessoa para chegar ao conhecimento da vítima a sua pretensão, ou formula a exigência de maneira velada, capciosa ou maliciosa. ➔ A lei buscou incriminar qualquer tipo de vantagem, podendo ser de cunho patrimonial, sentimental, sexual... ➔ A concussão, na realidade, é uma forma especial de extorsão praticada por funcionário público, com abuso de autoridade. Não se confunde com concussão porque não envolve a exigencia de vantagem ilicita. ➔ Decidiu o STF, considerar se funcionário público, para fins penais, o médico particular em atendimento pelo sistema único de saúde (SUS). • De quem é a competência para julgar o crime de concussão cometido pelo médico servidor do SUS? Para Douglas Fischer, considerando que a reunião integra o SUS, há interesse jurídico de sua parte, o que sempre atrai a competência da justiça federal, entretanto, a quem entenda ser de competência da justiça estadual. SUJEITOS DO CRIME ➔ Em face da concussão ser delito próprio, só pode ser o cometido o crime por funcionário público. ➔ O sujeito passivo é Estado (administração pública), titular da regularidade dos atos administrativos, e, concomitantemente, aquele que vem a ser lesado pela exigência. ➔ Mesmo que o agente ainda não tenha assumido a função em que já passou no concurso, mas ainda não tomou posse ou esteja fora da função (horário de descanso férias, Licença). ➔ Contudo, na hipótese em que o sujeito se faz passar por policial e exige dinheiro para não prender alguém, não há concussão, pois o agente não é funcionário público, há, na realidade, o crime de extorsão. ➔ Pode o particular ser co-autor ou partícipe, comunicando-se a ele a circunstância elementar de ser o agente funcionário público. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. . VOLUNTARIEDADE ➔ O dolo, que consiste na vontade livre e consciente de exigir a vantagem indevida prevalecendo-se da função. ➔ Indiscutível, também, para a existência do delito, que a vantagem seja "para si ou para outrem". Se a vantagem for para a administração, não há o delito de concussão, entretanto, a correntes com pensamentos inversos. ➔ Inexiste a modalidade culposa. CONSUMAÇÃO ➔ Consuma-se o crime, que é de natureza formal, com a simples exigência da vantagem indevida. ➔ Não se exige, para a consumação do delito, a consecução do fim visado pelo agente, qual seja, a obtenção da indevida vantagem. ➔ Assim, não desnatura o crime a devolução posterior da vantagem (mero arrependimento posterior, art. 16 do CP) ou a ausência de prejuízo. CONCUSSÃO EXAURIDA ➔ A concussão é delito formal ou de consumação antecipada. ➔ Se conseguida a vantagem aumejada, fala-se em concussão exaurida, circunstância que não altera o título do delito nem a pena abstraia. Influi, contudo, na pena concreta. Obs.: A vítima que entrega o dinheiro exigido não comete o delito de corrupção ativa, pois o faz por ter sido constrangida. A corrupção ativa pressupõe a iniciativa do particular, não se punindo a mera entrega. TENTATIVA ➔ É possível, se houver possibilidade de cindir o iter criminis (fracionar). Exemplo: O caso da carta compulsória interceptada antes de chegar ao conhecimento do lesado. AÇÃO PENAL A ação serápublica incondicionada. Vem descrito nos §§ 1º e 2º do art. 316. ➔ Trata-se de subtipo do crime de concussão. § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: ➔ § lº - A figura descrita no § l.° diferencia-se da figura fundamental pela característica de que o sujeito ativo não visa o proveito próprio ou alheio, mas exige o tributo e o encaminha aos cofres públicos, ou, então, no desempenho de sua função, excede-se nos meios de sua execução. ➔ A fixação da pena mínima acima de dois anos pela Lei n. 8.137/90 (somente alterou a pena do § l.°) tomou esse crime inafiançável e, portanto, não se exige procedimento preliminar do art. 514 do CPP, que só se aplica aos crimes afiançáveis ➔ § 2º - Pune-se a conduta do funcionário que, após praticar a lª modalidade do delito de excesso de exação (exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido), em vez de recolher o tributo aos cofres públicos, o desvia em proveito próprio ou de outrem. CONDUTA ➔ Pune se o funcionário que se exceder na cobrança de tributo ou contribuição social, tive por que cobra, o que não é devido, ou, mesmo que devido, utiliza se de meio vergonhoso ou que traz ao contribuinte maiores ônus. ➔ Excesso no modo de exação: há uma exigência de tributo ou emolumento que não é devido, tendo o sujeito ativo consciência da ilegitimidade. ➔ No primeiro parágrafo, o tributo, depois de exigido, é encaminhado aos cofres públicos. ➔ O Estado, mesmo enriquecido com o crime, repudia com veemência, as arbitrariedades do seu servidor. SUJEITOS DO CRIME ➔ Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por funcionário público, ➔ O sujeito passivo principal é o Estado, em segundo lugar, o particular que foi vítima da conduta (como também outro funcionário). ➔ Admitindo-se, entretanto, a participação de particular. ➔ Não é necessário que o autor do delito tenha a missão funcional de arrecadação de impostos, taxas e emolumentos. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, que consiste na vontade livre e consciente de exigir tributo ou contribuição social que sabe (dolo direto) ou deveria saber (dolo eventual) indevido. ➔ Considerável parcela da doutrina ensina que o delito, em sua primeira parte, pune também a modalidade culposa, conforme se extrai da expressão “deveria saber”. ➔ Se há dúvida ou erro sobre a ilegitimidade, não há crime por ausência de tipicidade. Logo, o agente deverá ter ciência plena de que se trata de imposto, taxa ou emolumento não devido. CONSUMAÇÃO ➔ Na primeira modalidade típica, o delito consuma- se no momento em que a vítima toma conhecimento da exigência. ➔ Na segunda, o crime atinge a consumação com o emprego do meio vexatório ou gravoso. ➔ Independe, do efetivo recebimento de qualquer valor do tributo ou contribuição social. ➔ A conduta consiste em exigir, sem dependência do recebimento. TENTATIVA ➔ É admissível, como no crime de concussão, desde que a conduta seja plurissubsistente. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. ➔ A corrupção passiva pode ser considerada uma forma de “comércio” de atos de ofício que devem ser realizados pelo funcionário. CONDUTA ➔ Condutas típicas: • Solicitar, explícita ou implicitamente, vontade indevida: O próprio funcionário público quem toma a iniciativa. • Receber referida vantagem: Supõem uma dação voluntária, a iniciativa é do corruptor, podendo este transferir a vantagem até de modo simbólico. • Aceitar promessa de tal vantagem, anuindo com futuro recebimento: A particular que faz a proposta e consequentemente tendo corrupção por parte do corruptor. ➔ É indiferente que a oferta ou a promessa seja feita ao funcionário público diretamente pelo corruptor ou por interposta pessoa. ➔ Nada impede que a aceitação também ocorra através de terceira pessoa, co-autor, que, em nome do funcionário, comunica ao extraneus a sua concordância com a vantagem prometida. ➔ É indispensável para a caracterização do ilícito em estudo que a prática do ato tenha relação com a função do sujeito ativo (ratione oficiï). ➔ Há crime, assim, se a vantagem solicitada é recebida, ou se a promessa é aceita para a prática de ato regular e legal, pois visa-se resguardar a probidade administrativa. ➔ O objeto do ilícito é a vantagem indevida. Ocorre uma espécie de troca entre a vantagem indevida visada pelo agente e a ação ou omissão funcional que beneficiara o terceiro. ➔ Se diferencia da chamada “carteirada”, que é uma espécie de abuso de autoridade tipificado no artigo 33 parágrafo único, da lei 13.869/19. ➔ Existe corrupção ainda que a vantagem seja entregue ou prometida não diretamente ao funcionário, mas algum familiar seu. ➔ Classifique-se como imprópria a corrupção que visa a prática de ato legítimo, e, como própria, a que tiver por finalidade a realização de ato injusto. ➔ Se a vantagem ou recompensa é dada ou prometida em vista de uma ação, positiva negativa, futura, a corrupção denomina-se antecedente; se é dada ou prometida por uma ação, positiva ou negativa, já realizada, chama-se subsequente. SUJEITOS DO CRIME ➔ Crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público sem distinção, ainda que afastado de seu exercício, assim como, aquele que ainda não assumiu o seu posto. ➔ O sujeito passivo é o Estado, titular do bem jurídico penalmente tutelado, bem como a pessoa constrangida, quando este não pratica o crime de corrupção ativa. ➔ Admite-se, entretanto a participação do particular, mediante induzimento, instigação ou auxílio secundário. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. Obs: O fiscal que exige ou solicita vantagem para não cobrar imposto prática delito específico, previsto no art. 3, II, da Lei n. 8.137/90. cuja pena é mais alta (03 a 08 anos de reclusão). VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das modalidades da conduta típica, tendo o agente consciência da sua ilicitude. ➔ Há ainda o elemento subjetivo específico extraído da expressão ”para si ou para outrem”, que deve permeara conduta típica. ➔ Não se exige que o sujeito ativo tenha a intenção de realizar ou deixar de realizar o ato de ofício que deu ensejo à corrupção. ➔ Não se pune a forma culposa. Consumação ➔ Crime formal, atinge a consumação no instante em que a solicitação chega ao conhecimento do terceiro, ou em que o funcionário recebe a vantagem ou aceita a promessa de sua entrega. ➔ O delito independe de qualquer resultado ou conduta posterior. • Assim, se o funcionário corrompido promete, em face da vantagem recebida, a realização de um ato funcional, o delito está consumado com o recebimento, independentemente do cumprimento da promessa. Se, contudo, realiza o prometido, incide a causa de aumento de pena prevista no § 1° do art. 317, o que, em princípio seria mero exaurimento, funciona como aumento de pena por expressa previsão legal. Nas modalidades receber e aceitar, há a prática, por outra pessoa, do crime de corrupção ativa (CP, art. 333). TENTATIVA ➔ Admitisse a tentativa apenas na modalidade solicitar, quando formulada por meio escrito. ➔ Não há que se falar em corrupção passiva quando a solicitação feita pela gente mostra se impossível de ser atendida pelo constrangido (art.17, CP). Diferença entre concussão e corrupção passiva ➔ Na concussão o funcionário público constrange, exige a vantagem indevida e a vítima, em razão de uma ameaça, temendo alguma represália, cede a exigência. ➔ Na corrupção passiva, em sua primeira figura, há um mero pedido, uma mera solicitação e a vítima visa, na realidade, obter, benefícios em troca da vantagem prestada, por essa razão a pena da concussão é mais elevada. MAJORANTE ➔ De acordo com o primeiro parágrafo, punisse mais severamente o corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica com infração do dever funcional. Aqui, o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor. ➔ Se a violação praticada pelo agente público constitui um novo crime, haverá concurso formal ou material a depender do caso, entre a corrupção passiva e a infração dela resultante. FORMA PRIVILEGIADA ➔ No segundo parágrafo, o agente, sem visar satisfazer interesse próprio, sede pedido, pressão a influência de outrem. ➔ O crime, nesta figura, é material. Se não cede a pedido ou influência de terceiro, mas por mera indulgência: crime do art. 320 do CP. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. Outras classificações atribuídas pela doutrina ao crime de corrupção. 1. Negra, cinza ou branca. ➔ É negra quando tanto a elite quanto o restante da sociedade percebem o ato de corrupção como inadmissível ➔ É cinza quando há discordância entre cada um dos lados ➔ É branca quando nenhuma dos lados considera o ato reprovável. 2. Grande ou pequena ➔ É grande quanto envolve alto volume de recursos. ➔ É pequena quando envolve valores de baixos, recebidos por funcionários em grau hierárquico inferior. 3. Política ou administrativa ➔ É política quando cometida por agentes políticos, dotados de maior Liberdade de atuação do que funcionários públicos comum, que podem cometer a corrupção administrativa. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. CONCEITO ➔ Contrabando É o fato de importar ou exportar mercadorias que são totais ou parcialmente proibidas de entrar ou sair de nosso país. ➔ Descaminho A importação e a exportação da mercadoria são permitidas, consistindo o delito na fraude tendente a evitar o pagamento do tributo devido. CONDUTA Comete o crime o funcionário que, no exercício funcional, facilita a prática do contrabando ou descaminho. Tanto aquele que indica ao autor do contrabando ou descaminho as vias mais seguras para a entrada ou saída da mercadoria, como quem, propositadamente, não efetua regularmente as diligências de fiscalização junto à aduana. SUJEITOS DO CRIME ➔ É o funcionário público com dever funcional de repressão ao contrabando ou descaminho. ➔ O sujeito passivo será o Estado, titular da regularidade da administração no que se refere à importação e exportação e aos tributos devidos nessas atividades. ➔ Se o funcionário público, sem infringir dever funcional, concorre para o contrabando, responde, como partícipe, pelo delito do art. 334 do CP. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. ➔ Pode ocorrer, porém, que o funcionário, sem violação do dever funcional inerente ao contrabando ou descaminho, venha a concorrer na facilitação realizada pelo funcionário público violador de seus deveres junto à atividade aduaneira. Neste caso, será partícipe da presente figura do art. 318. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, que consiste na vontade de facilitar o contrabando ou descaminho, e a consciência de estar violando o dever funcional. ➔ Se inexiste a consciência de o funcionário estar infringindo um dever funcional específico, não há que se falar no crime do art. 318, passando a responder como partícipe de contrabando ou descaminho (arts. 334 e 334-A). CONSUMAÇÃO ➔ Ocorre com a realização da conduta, comissiva ou omissiva, de facilitação. ➔ Crime formal independe a consumação da prática de efetiva de contrabando ou descaminho. TENTATIVA ➔ É admissível quando a facilitação é realizada mediante conduta comissiva; tratando-se, entretanto, de facilitação mediante omissão, a tentativa é inadmissível. MAJORANTE Se o sujeito ativo exerce cargo em comissão ou função de direção ou assessoramento em determinadas entidades ligadas à atividade alfandegária do Estado, aplica-se a causa de aumento de pena prevista no art. 327, § 2°. do CP. COMPETÊNCIA É da Justiça Federal, ainda que o funcionário seja estadual, conforme entendimento jurisprudencial. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. CONCEITO Consiste na infidelidade ao dever de ofício, em que o agente não cumpre as obrigações inerentes à sua função, ou a prática contra disposição legal, para satisfazer a interesse ou sentimento pessoal. CONDUTA ➔ São três as condutas: 1. Retardar: é atrasar, delongar, adiar, indevidamente ato de ofício 2. Deixar de praticar: constitui-se na omissão do agente, que não tem intenção de praticar o ato devido. 3. Praticar: é a conduta comissiva em que o agente executa o ato de forma ilegal. ➔ Prevê a lei expressamente, nas duas primeiras hipóteses, que a omissão seja indevida (ilegal, injusta ou injustificada), inscrevendo, assim, no tipo, um elemento normativo, concernente à antijuricidade. ➔ Tratando-se de conduta comissiva,exige-se que seja esta ilegal, contra disposição expressa de lei (trata-se de uma norma penal em branco). ➔ Não pode haver prevaricação se o ato praticado, omitido ou retardado, refoge ao âmbito da competência funcional do servidor, já que o delito se caracteriza pela infidelidade do dever funcional e pela parcialidade no seu desempenho. SUJEITOS DO CRIME ➔ Crime próprio, só pode ser cometido por funcionário público (ex.: jurado). ➔ Não se exclui, porém, a participação de terceiro não qualificado. ➔ Sujeito Passivo é o Estado, eventualmente, pode também ser o sujeito passivo o particular que vem a sofrer dano ou perigo de dano em face da realização, omissão ou retardamento da prática do ato de ofício. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, vontade de retardar, omitir ou praticar ilegalmente o ato de ofício. ➔ Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo que é o intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal indispensável à caracterização do ilícito. • O interesse pode ser patrimonial (desde que não haja recebimento de vantagem indevida, pois seria corrupção passiva) ou moral. • Se houver interesse material, seria o crime de corrupção passiva. ➔ O erro de interpretação exclui o crime, quando a lei não é clara. ➔ A negligência, preguiça ou desleixo excluem o dolo. No entanto, se fica caracterizado que o agente, por preguiça, regularmente não praticava ato de ofício, há crime. CONSUMAÇÃO ➔ Consuma-se o crime com o retardamento, omissão ou prática do ato, independentemente de estar sujeito a confirmação ou recurso. TENTATIVA ➔ Tratando-se das formas passivas, não há que se falar em tentativa; ou existiu o retardamento ou omissão e o crime está consumado, ou o agente pratica o ato na ocasião devida, inexistindo conduta executiva. ➔ Na forma, comissiva, porém é possível o início da execução, obstada a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Distinção entre o delito de prevaricação e corrupção passiva ➔ Na corrupção passiva, o funcionário público negocia seus atos, visando a uma vantagem indevida. ➔ Na prevaricação isso não ocorre. Aqui, o funcionário público viola sua função para atender a objetivos pessoais. AÇÃO PENAL A ação será publica incondicionada Distinção entre o delito de prevaricação e corrupção passiva privilegiada ➔ Na corrupção passiva privilegiada, o agente atende a pedido ou influência de outrem. ➔ Na prevaricação não há este pedido ou influência. O agente visa a satisfazer interesse ou sentimento pessoal. CAUSA DE AUMENTO ➔ Está no art. 337, § 2°. § 2 o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I - (VETADO) II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. PREVARICAÇÃO IMPROPRIA ➔ Prevista no artigo 319-A. CONSIDERAÇÕES Protege-se a administração pública contra comportamentos de funcionários que, ignorando o seu dever funcional, colocam em risco a segurança interna e externa dos presídios, não vedando o acesso dos presos a aparelhos de comunicação. ➔ Chama a atenção a pequeneza, a brandura da pena, desproporcional considerando a gravidade da conduta. SUJEITOS DO CRIME ➔ O seu jeito ativo não poderá ser qualquer funcionário público, somente aquele que, no exercício das suas funções, tem o dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos de comunicação proibidos. ➔ Sujeito passivo será o Estado e a sociedade ➔ O preso que for surpreendido com o aparelho, em princípio, prática falta grave, sujeito a sanção disciplinar. CONDUTA ➔ Consiste em deixar o agente de cumprir seu dever funcional de vedar ao preso o acesso a aparelho que possibilite a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. ➔ Qualquer outra pessoa, sem o dever funcional, que ingressar, promover, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional, cometerá o crime do artigo 349-A. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. VOLUNTARIEDADE É o dolo, consistente na vontade de não ver dar, quanto obrigado, o acesso do preço ao aparelho de comunicação. ➔ Não se pune a forma culposa. CONSUMAÇÃO ➔ Consuma-se o crime com a omissão do dever, sendo dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho de comunicação. TENTATIVA ➔ Tratando-se de crime omissivo puro, a tentativa não é admitida . AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. SUJEITO DO CRIME ➔ O sujeito ativo do delito é o funcionário público hierarquicamente superior ao servidor infrator. ➔ Sujeito passivo é o Estado, mais especificamente a administração pública, afetada com a conduta imoral do seu funcionário. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. CONDUTA ➔ Pune-se o fato de tolerar o funcionário público a prática, por parte de seu subordinado, de infração administrativa ou penal, no exercício do cargo, deixando de responsabilizá-lo ou, fazendo lhe tal atribuição, não comunicando a violação da autoridade competente para aplicar a sanção. ➔ As irregularidades praticadas pelo subordinado extra officio (fora do cargo) e toleradas pelo seu superior hierárquico, não configura o crime em estudo. ➔ Se o superior hierárquico se omite por sentimento outro que não indulgência, espíritos tolerância ou concordância, o crime poderá ser outro, como exemplo, prevaricação ou corrupção passiva. VOLUNTARIEDADE ➔ É o dolo, entendido como a vontade consciente do superior de não responsabilizar o seu funcionário subordinado, movido pelo sentimento de indulgência. ➔ Exige-se que o agente tenha conhecimento não apenas da inflação ocorrida, mas também da sua autoria. CONSUMAÇÃO ➔ Se consuma o crime com qualquer uma das omissões criminosas, ou seja, quando o funcionário superior, depois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo legalmente previsto para a tomada de providências contra o subordinado infrator. TENTATIVA ➔ Impossível a tentativa, por se tratar de crime omissivo próprio. Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ➔ É crime formal. ➔ Consiste em patrocinar no sentido de pleitear. ➔ A ratio da lei, o que a lei queria evitar é que haja o corporativismo entre os funcionários públicos. • Exemplo: MP vai a um determinadojuiz pedindo para julgar mais rápido o processo de uma prima. • Para efeito de confronto, há previsão legal no art. 3o, II da lei 8137 e no art. 91 da lei 8666/93. ➔ A lei qualifica a conduta se o interesse é ilegítimo. SUJEITOS DO CRIME ➔ O sujeito ativo do delito é o funcionário público. ➔ O sujeito passivo do crime é a administração pública, diretamente interessada em coibir o patrocínio de interesses privados junto aos seus órgãos. ➔ Possível se mostra a participação do particular, desde que conhecedor das qualidades do autor assessorado (art.30, CP). ➔ Tratando-se de crime contra a ordem tributária, aplica se o artigo 3°, III, da Lei 8.137/90, que pune aquele que “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração Fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público”. ➔ Caso funcionário público ocupe cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da admissão direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, apenas sofrerá aumento de 1/3. CONDUTA ➔ Consiste em patrocinar o agente, direta ou indiretamente, ainda que não no exercício do cargo, mas valendo-se da sua qualidade de funcionário, interesse privado perante a administração pública. ➔ Patrocinar, é defender, pleitear junto à companheiros ou superiores hierárquicos ou interesse particular. • É necessário e indispensável que pratique a ação aproveitando-se das facilidades que a sua qualidade de funcionário lhe proporciona. ➔ A expressão patrocínio, buscou o legislador limitar a incriminação às hipóteses em que o agente defende interesse alheio, não existindo a inflação quando o funcionário pleiteia interesse próprio. ➔ Se o interesse visado for ilegítimo, incidirá agravante do parágrafo único. VOLUNTARIEDADE ➔ A conduta é punida a título de dolo, caracterizado pela vontade consciente do funcionário em patrocinar interesse privado alheio perante a administração pública. ➔ Não se pune a modalidade culposa CONSUMAÇÃO ➔ Consuma-se o crime com a prática de ato revelador do patrocínio, independentemente da obtenção de qualquer vantagem. TENTATIVA ➔ A maioria da doutrina entende ser possível a tentativa, assim como no caso da carta interceptada antes de chegar ao seu destino. AÇÃO PENAL A ação será pública incondicionada. .
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