Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS EQA5331 - OPERAÇÕES UNITÁRIAS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR I PROF. GERMÁN AYALA VALENCIA PROJETO - TROCADOR DE CALOR INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EQUIPE: Arthur Sesterheim Barth Adams Giancarlo Dominoni Maria Eduarda Voigt Sarti Mayara Schmidt Florianópolis, 2022 1. Introdução A indústria leiteira está presente no nosso cotidiano, então nesse presente trabalho, será dimensionado o trocador de placas, muito utilizado nas indústrias leiteiras. Nesse sentido, para realizar o dimensionamento do trocador de calor em placas, é necessário definir os dados iniciais dos fluidos, sendo estes: as medidas mecânicas do trocador de calor, a vazão mássica do fluido frio e do fluido quente, a temperatura de entrada de ambos os fluidos, a temperatura de saída do fluido quente, e buscar na literatura os dados do: calor específico de ambos os fluidos, a viscosidade de ambos, a massa específica e a condutividade térmica do fluido frio e do quente. Assim, com estas informações pode-se calcular a temperatura de saída do fluido frio, a taxa de transferência de calor e o comprimento do trocador tanto para o de escoamento paralelo quanto para o de escoamento cruzado. Para isto é necessário realizar diversos cálculos (LAUBE, 2018). 2. Desenvolvimento Suposições: • Regime permanente; • Sem geração de calor; • Sem mudança na energia cinética e potencial; • Condutividade térmica da tubulação constante; • Coeficiente de transferência de calor por convecção dos fluidos constantes (vai depender do caso); • Trocador de calor isolado; • Em cada seção perpendicular do trocador, as temperaturas dos fluidos podem ser representadas por temperaturas médias; Esquema: Fonte: (TADINI et al., 2016) Cálculos: Os fluidos de troca térmica são leite bovino integral, com , e𝑇 𝑓,𝑒 = 4 °𝐶 𝑇 𝑓,𝑠 = 75 °𝐶 , e água tratada para alimentação de caldeiras, e𝑚 𝑓 ˙ = 5 𝑘𝑔/𝑠 𝑇 𝑞,𝑒 = 100 °𝐶 .𝑚 𝑞 ˙ = 5 𝑘𝑔/𝑠 a) Método LMDT Com as temperaturas de entrada e saída do fluido frio e sua vazão vamos encontrar a quantidade de calor recebida pelo leite: �̇� = �̇� 𝑓 𝑐𝑝 𝑓 (𝑇 𝑓,𝑠 − 𝑇 𝑓,𝑒 ) onde é a vazão mássica do leite e é o seu calor específico na temperatura�̇� 𝑓 𝑐𝑝 𝑓 média, .𝑇 𝑓,𝑚é𝑑 Fonte: (OLIVEIRA, 2013) 𝑇 𝑓,𝑚é𝑑 = 𝑇 𝑓,𝑒 +𝑇 𝑓,𝑠 2 = 39, 5 °𝐶 ⇒ 𝑐𝑝𝑓 = 3814, 05 𝐽 𝑘𝑔·𝐾 �̇� = �̇� 𝑓 𝑐𝑝 𝑓 (𝑇 𝑓,𝑠 − 𝑇 𝑓,𝑒 ) = 5 × 3814, 05 × (75 − 4) = 1 353 986 𝑊 Agora que já sabemos quanto calor o leite recebe, vamos descobrir a temperatura de saída da água: �̇� = �̇� 𝑞 𝑐𝑝 𝑞 (𝑇 𝑞,𝑒 − 𝑇 𝑞,𝑠 ) ⇔ 𝑇 𝑞,𝑠 = 𝑇 𝑞,𝑒 − 𝑄 �̇� 𝑞 𝑐𝑝 𝑞 𝑇 𝑞,𝑠 = 100 − 1 353 9865×4217 = 35, 78 °𝐶 Com as quatro temperaturas, calculamos o ΔTlm: ∆𝑇 1 = 𝑇 𝑞,𝑠 − 𝑇 𝑓,𝑒 = 37, 78 − 4 = 33, 78 °𝐶 ∆𝑇 2 = 𝑇 𝑞,𝑒 − 𝑇 𝑓,𝑠 = 100 − 75 = 25 °𝐶 ∆𝑇 𝑙𝑚 = ∆𝑇 1 −∆𝑇 2 ln(∆𝑇 1 /∆𝑇 2 ) = 35,78−25 ln(35,78/25) = 28, 26 °𝐶 Vamos assumir que há apenas fluxo contracorrente no trocador, ou seja, . 𝑓 𝐿𝑀𝐷𝑇 = 1 O coeficiente global de troca térmica, U, será assumido igual a 1398,9 W/m²K (apresentaremos seu cálculo em um item posterior) 𝑄 = 𝑈𝐴∆𝑇 𝑙𝑚 𝑓 𝐿𝑀𝐷𝑇 ⇔ 𝐴 = 𝑄𝑈∆𝑇 𝑙𝑚 𝑓 𝐿𝑀𝐷𝑇 𝐴 = 1 353 9861390,9×28,26×1 = 34, 25 𝑚² Escolhemos um trocador a placas, então precisamos calcular a área de troca térmica de cada placa: ϕ = 45° 𝐿 𝑝 = 0, 75 𝑚 𝑤 𝑔 = 0, 5 𝑚 𝑒 𝑐 = 0, 0025 𝑚 𝑒 𝑝 = 0, 0015 𝑚 𝑓 𝐴𝑃 = 1 𝑛 𝑐 = 30 𝑛 𝑝 = 1 Fonte: (TADINI et al., 2016) 𝐴 = 𝑓 𝐴𝑃 𝑤 𝑔 𝐿 𝑝 (por placa)𝐴 = 1 × 0, 5 × 0, 75 = 0, 375 𝑚² Número de placas: 𝑛 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = 𝐴 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝐴 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 + 2 = 34,250,375 + 2 = 93, 34 Para calcular o comprimento do trocador, , vamos acrescentar 20% para𝐿 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 considerar as placas fixa e de aperto e a coluna de sustentação. 𝐿 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 = 1, 2𝑛 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 (𝑒 𝑝 + 𝑒 𝑐 ) = 1, 2 × 93, 34 × (0, 0025 + 0, 0015) = 0, 45 𝑚 Incrustação: 𝑅 𝑖 = 1𝑈 𝑠𝑢𝑗𝑜 − 1𝑈 𝑙𝑖𝑚𝑝𝑜 ⇔ 𝑈 𝑠𝑢𝑗𝑜 = 1 𝑅 𝑖 + 1𝑈 𝑙𝑖𝑚𝑝𝑜 , ,𝑅 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑒 = 0, 00028 𝑚²𝐾𝑊 𝑅á𝑔𝑢𝑎 = 0, 00018 𝑚²𝐾 𝑊 𝑈𝑙𝑖𝑚𝑝𝑜 = 1398, 9 𝑊 𝑚²𝐾 𝑈 𝑠𝑢𝑗𝑜 = 1 (0,00028+0,00018)+ 11398,9 = 851, 2 𝑊𝑚²𝐾 b) Método NTU Com o método NTU vamos encontrar a efetividade de transferência do nosso trocador de calor. Já obtidos os dados de calor específico da água a 68 oC e do leite a 39,5 oC vamos encontrar com as seguintes equação:𝐶 𝑚𝑖𝑛 𝐶 𝑓 = 𝑚 * 𝐶 𝑝,𝑐 = 19070, 2 𝑊/𝐾 𝐶 𝑞 = 𝑚 * 𝐶 𝑝,ℎ = 20944 𝑊/𝐾 Sendo o o menor valor entre eles. Encontramos o menor valor para o leite𝐶 𝑚𝑖𝑛 (fluido frio). Utilizando esse valor encontramos a transferência máxima do trocador de calor com a equação: 𝑄 𝑚á𝑥 = 𝐶 𝑚𝑖𝑛 * (𝑇 𝑓,𝑒𝑛𝑡 − 𝑇 𝑞,𝑒𝑛𝑡 ) A efetividade da transferência de calor é a relação entre o e o pelaε 𝑄 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑄 𝑚á𝑥 equação: ε = 𝑄𝑄 𝑚á𝑥 E o já calculamos no método LMDT. Logo a efetividade da transferência de𝑄 𝑟𝑒𝑎𝑙 calor será: ε = 73, 96% Como a efetividade é a ε = Q/Qmáx, para que se tenha valores melhores da efetividade térmica, é necessário que: ● Se a diferença de temperatura entre o fluido quente na entrada e o fluido frio na saída for menor, teremos um trocador mais eficiente, porém será necessário aumentar a área do projeto ou diminuir a vazão; ● Diminuir a temperatura de entrada do leite; ● A diferença entre o cpmin e cp sejam zero, alterando as vazões, ou seja, aumentando a vazão do fluido quente; C) Cálculo dos coeficientes de convecção A primeira etapa para o cálculo dos coeficientes de convecção é o cálculo da velocidade média do fluido quente e do fluido frio, através das seguintes equações: Para o fluido quente: 𝑣 𝑞 = 𝑚 𝑞 ˙ ρ 𝑞 ( 𝑛 𝑐 𝑛 𝑝 ) 𝑣 𝑞 = 0, 133 𝑚/𝑠 Para o fluido frio: 𝑣 𝑓 = 𝑚 𝑓 ˙ ρ 𝑓 ( 𝑛 𝑐 𝑛 𝑝 ) 𝑣 𝑓 = 0, 128 𝑚/𝑠 Em seguida fazemos o cálculo do diâmetro equivalente do canal do trocador: 𝐷 ℎ = 2𝑒 𝑐 𝑓 𝐴𝑃 𝐷 ℎ = 0, 005𝑚 Com esses valores é possível realizar o cálculo dos adimensionais, sendo o primeiro deles o número de Reynolds. Para o fluido quente: 𝑅𝑒 𝑞 = 𝐷 ℎ 𝑣 𝑞 ρ 𝑞 µ 𝑞 𝑅𝑒 𝑞 = 2264, 76 Para o fluido frio: 𝑅𝑒 𝑓 = 𝐷 ℎ 𝑣 𝑓 ρ 𝑓 µ 𝑓 𝑅𝑒 𝑓 = 317, 46 Em seguida calculamos o número de prandtl para os dois fluidos: 𝑃𝑟 𝑞 = 𝐶𝑝 𝑞 µ 𝑞 𝑘 𝑞 𝑃𝑟 𝑞 = 15, 79 𝑃𝑟 𝑓 = 𝐶𝑝 𝑓 µ 𝑓 𝑘 𝑓 𝑃𝑟 𝑓 = 1, 75 Agora podemos calcular o número de Nusselt: 𝑁𝑢 = 𝑏 1 (𝑅𝑒 ) 𝑏2(𝑃𝑟 ) 0,33 ( µµ 𝑝 ) Para determinar os valores de b1 e b2, utilizamos a tabela abaixo: Fonte: (TADINI et al., 2016) Assim obtemos: 𝑁𝑢 𝑞 = 135, 037 𝑁𝑢 𝑓 = 16, 45 Com o coeficiente de Nusselt é possível realizar o cálculo dos coeficientes de convecção através da seguinte correlação: 𝑁𝑢 = ℎ 𝑑ℎ𝑘 Isolando o "h" na equação, nós obtemos: ℎ 𝑞 = 16980, 03 (𝑊/𝐾 * 𝑚2) ℎ 𝑓 = 1667, 61 (𝑊/𝐾 * 𝑚2) Com os valores de h, podemos utilizar a equação abaixo para obter o valor de U: 1 𝑈 = 1 ℎ 𝑞 + 𝑒 𝑝 𝐾 𝑚 + 1ℎ𝑓 𝑈 = 1398, 91 (𝑊/𝐾 * 𝑚2) Para a obtenção de diferentes valores de h e U, variamos a vazão mássica do leite e da água, e repetimos o processo acima, podendo assim traçar os gráficos (vide planilha do excel). d) Queda de pressão e potência da bomba: Para a queda de pressão buscamos na literatura uma equação que se aproximasse do tipo de trocador que temos. Encontramos uma para o regime turbulento com ângulo de corrugação de 60o. Fonte: (GUT et al., 2003) Fluido Frio: para uma vazão mássica de 5 kg/s.𝑊 = ( 1,38 104 ℎ) = ( 1,38 104 474, 07) = 0, 01684 ∆𝑃 = 11, 25 * (𝑊)1,9 = 11, 25 * (0, 01684)1,9 = 0, 0048. Potência da bomba: 𝑚*∆𝑃ρ = 5 *0,0048 1030,6 = 23, 3 × 10 −6𝑊 A tabela abaixo representa os mesmos cálculos acima, apenas variando a vazão, logo variando o h e repetindoo mesmo procedimento para . Tabela: Potência da bomba (W) Vazão mássica (kg/s) ℎ𝑓𝑟𝑖𝑜 W ∆𝑃 Potência da bomba (W) 5 474,07 0,01684268412 0,004801025352 0,00002329237993 20 750,63 0,03355718001 0,01778872789 0,0003452110982 30 1.188,53 0,06685894507 0,06591065235 0,001918610102 50 1.555,10 0,100065126 0,1418044111 0,006879701682 60 1.881,88 0,1332091694 0,2442121971 0,01421767109 Fonte: Autores, 2022. Plotando o gráfico da queda de pressão e da potência da bomba em função da vazão mássica temos: Custo desse bombeamento na cidade de Florianópolis: 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 0, 0000142 𝑘𝑊 * 0, 51𝑅$/𝑘𝑊ℎ * 24ℎ = 𝑅$ 0, 000174/𝑑𝑖𝑎 Conclusão Portanto, podemos concluir que ao seguir o roteiro para o dimensionamento de um trocador de calor em placas, aplicando a teoria aprendida em sala de aula, foi desenvolvido este projeto, na parte de troca térmica do trocador de calor. Nesse sentido, o trocador de placas escolhido para a indústria leiteira foi o trocador de placas, visto que é amplamente usado na indústria, tanto para o aquecimento, quanto para o resfriamento de ambientes. Com a finalidade de variar o condicionamento do fluido, para a conservação do leite, por meio do processo de pasteurização, ou seja, esterilização da microbiota patogênica, assim garantindo uma maior tempo de prateleira. Ademais, é de grande importância o estudo de trocadores de calor para projetar e dimensionar equipamentos que sirvam para a função desejada. Nessa linha de raciocínio, o trocador de calor em placas se mostrou muito eficiente pelo custo, assim sendo um dos mais utilizados na indústria e quando comparado com os seus custos, este possui um custo bem inferior pelo seu ciclo de vida, ou seja é durável e muito bom financeiramente. Referências BYLUND, Gösta. DAIRY PROCESSING HANDBOOK. Tetra Pak Processing Systems. Lund, Sweden 1995. CANO, Igor Auad. Modelagem e simulação dinâmica da pasteurização contínua de leite sujeito à incrustação. 2016. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. GUT, Jorge Andrey Wilhelms. Configurações ótimas para trocadores de calor a placas. 2003. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. LAUBE, Felipe Pisklevitz. ROTEIRO DE CÁLCULOS DE UM TROCADOR DE CALOR E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOS FLUIDOS EM CFD. IGNIS Periódico Científico de Arquitetura e Urbanismo, Engenharias e Tecnologia de Informação, p. 29-38, 2018. OLIVEIRA, Edilma Pereira et al. Estimação das propriedades termofísicas de leite integral através da técnica analítico-experimental. 2013. TADINI, Carmem Cecilia et al. OPERAÇÕES UNTÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS. LTC - GEN, 2016.