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Projeto e seleção de trocadores de calor Apresentação Certamente, todos já utilizaram, em algum momento, um equipamento que faz uso de um trocador de calor. Aquecedores de água residenciais, sistemas de refrigeração de motores de automóveis e sistemas de ar condicionado são exemplos de tais equipamentos. Muito além deles, os trocadores de calor desempenham um importante papel na indústria. A maioria das indústrias utiliza a troca de calor para a realização de seus processos e fabricação de produtos; essa troca é, na maioria das vezes, realizada por trocadores de calor. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os diferentes modelos de trocadores de calor e suas vantagens e limitações. Conhecerá também a que aplicação se destina cada modelo e quais são os princípios físicos envolvidos. Aprenderá, por fim, a avaliar e dimensionar trocadores de calor por métodos de cálculo reconhecidos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os tipos de trocadores de calor.• Diferenciar as possíveis aplicações de trocadores de calor.• Calcular projetos e desempenhos de trocadores de calor.• Desafio Trocadores de calor são equipamentos muito comuns na indústria, sendo aplicados nas situações mais diversas. No projeto de novos processos, os trocadores de calor utilizados geralmente são escolhidos por catálogos de fabricantes, de forma que atendam à demanda. Já grandes trocadores de calor, como condensadores ou trocadores casco-tubo utilizados na indústria química, são fabricados sob medida, levando em consideração as especificações da aplicação para qual foram concebidos. Dependendo do processo em que são utilizados, das dimensões e dos custos envolvidos, alguns modelos de trocadores de calor podem ser mantidos como sobressalentes em almoxarifados de plantas industriais, para repor equipamentos que parem de operar. Imagine que você trabalha em uma indústria onde um novo processo de tratamento da água está sendo testado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/3ce0bf72-b0eb-4595-a689-fb24ad86f743/ca989fd1-c23a-4a2d-8c63-883f3c427460.png Com essas informações, escolha qual é o trocador de calor mais adequado para essa aplicação. Apresente os cálculos e justificativas que o levaram a essa conclusão. Infográfico Apesar de existirem em diversas formas e modelos, alguns trocadores de calor são muito populares e atendem a variadas aplicações. Esses trocadores, muitas vezes, são coringas nas indústrias, podendo ser adaptados a condições diferentes de aplicação, inclusive com diferentes fluidos de trabalho. Trocadores de tipo casco-tubo, por exemplo, são muito conhecidos e difundidos em segmentos variados. Entretanto, existem modelos de trocadores com construções mais específicas, que atendem casos e aplicações particulares; eles são, contudo, menos comuns em parques industriais. Confira, neste Infográfico, os modelos mais comuns de trocadores de calor encontrados na prática, assim como os segmentos da indústria e comércio e até equipamentos domésticos que utilizam trocadores de calor. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/bb04946e-9cca-4502-8087-7ba4aa3277c8/bc23634b-f16d-4c74-8875-104e899a5485.png Conteúdo do livro Os trocadores de calor estão presentes em uma infinidade de equipamentos e dispositivos que nos rodeiam. Computadores de alta performance e seus poderosos processadores não conseguem operar sem um sistema de resfriamento eficiente, que utiliza trocadores. Na indústria, diversos processos e sistema precisam realizar aquecimento, resfriamento, condensação e evaporação de fluidos. Todos esses processos são realizados por trocadores de calor. Esses equipamentos indispensáveis são projetados com base nos processos físicos de transferência de calor, levando em conta balanços de energia termodinâmicos, além de avaliações estruturais e econômicas. Entender seu funcionamento e as limitações inerentes à cada modelo é fundamental para que seja possível selecionar e dimensionar corretamente um trocador de calor. No capítulo Projeto e seleção de trocadores de calor, da obra Máquinas térmicas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os trocadores de calor como casco-tubo, trocadores de placas, compactos, entre outros. Entenda seus princípios de funcionamento, os fenômenos físicos envolvidos e suas vantagens e limitações. Você também aprenderá os métodos básicos de avaliação e dimensionamento de trocadores de calor, conhecidos como LMTD - diferença de temperatura média logarítmica e método da efetividade -NTU. Boa leitura. MÁQUINAS TÉRMICAS Conrado Ermel Projeto e seleção de trocadores de calor Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os tipos de trocadores de calor. � Diferenciar as possíveis aplicações de trocadores de calor. � Calcular projetos e desempenhos de trocadores de calor. Introdução Trocadores de calor são dispositivos presentes em diversas aplicações na indústria, no comércio e em nossas casas. Seja nos grandes condensadores encontrados em centrais termelétricas, seja nas unidades condensadoras e evaporadoras de equipamentos de ar-condicionado, sempre que a troca térmica entre fluidos fizer parte do processo, um trocador de calor será utilizado. Diante dos inúmeros modelos existentes, é necessário entender a aplicação de cada um, as suas características construtivas e as suas vantagens e limitações, o que possibilita a escolha do equipamento mais adequado para a aplicação em questão. Neste capítulo, você vai estudar os modelos mais utilizados de tro- cadores de calor, assim como os princípios físicos envolvidos em seu projeto. Você vai compreender também os métodos de avaliação e di- mensionamento mais utilizados para trocadores de calor. 1 Tipos de trocadores de calor Os trocadores de calor, conforme explicam Incropera et al. (2011), são equi- pamentos utilizados em processos que visam a promover a transferência de energia entre dois fluidos, reduzindo assim a temperatura de um deles, em função do aumento da temperatura do outro. Conceitos básicos Como esses equipamentos lidam com o escoamento de fluidos, é usual associar o conceito de entalpia à transferência de energia entre as correntes. Em rela- ção ao balanço de energia geral aplicado ao volume de controle do trocador, observa-se que não há nenhum tipo de trabalho envolvido, logo, o balanço se concentra na diferença de entalpia entre os pontos de entrada e saída de cada corrente mostrados na Figura 1a. Os pontos 1-2 caracterizam a corrente com menor temperatura, que geralmente é constituída de ar, água ou algum fluido refrigerante, e os pontos 3-4 correspondem à corrente de alta temperatura, cujo fluido pode ser vapor, água quente, ar, entre muitos outros. Figura 1. Conceito de trocador de calor: (a) diagrama do conceito geral de trocadores de calor; (b) representação do balanço de energia no volume de controle de um trocador de calor. Fonte: (b) Adaptada de Kakaç, Liu e Pramuanjaroenkij (2012). (a) (b) Projeto e seleção de trocadores de calor2 Na Figura 1b, observa-se o balanço de energia no volume de controle do trocador de calor. Calor é transferido da corrente quente para a corrente fria. A cada área infinitesimal dA, temos uma parcela de calor dQ transferida. Assim, o balanço de energia em um trocador de calor se reduz à troca entre as duas correntes. Se a variação de energias cinética e potencial for desprezada, e considerando-se que não há trabalho envolvido no volume de controle, a primeira lei da termodinâmica para um trocador de calor genérico pode ser escrita como: Q̇ h= Q̇ c (1) ṁh(hh1 – hh2) = ṁc(hc2 – hc1) (2) Figura 2.Classificação de trocadores de calor. Fonte: Adaptada de Shah e Sekulik (2003). 3Projeto e seleção de trocadores de calor Para trocadores que operam com fluidos em apenas um estado, ou seja, em que não há troca de fase, a Equação 2 pode ser reescrita levando-se em consideração a propriedade temperatura, em vez da entalpia. Esse artifício só é possível em situações em que a variação de entalpia do fluido pode ser aproximada pela relação entre a sua temperatura e o calor específico, dh = CpdT, e nas quais se garanta que o calor específico é constante (KAKAÇ; LIU; PRAMUANJAROENKIJ, 2012). Nesses casos, o balanço de energia se torna: Q̇ = (ṁCp)h(Th1 – Th2) = (ṁCp)c(Tc2 – Tc1) (3) Trabalhar com as medições de temperatura é muito mais fácil e comum do que determinar a entalpia do fluido, e essa condição pode ser aplicada a casos em que o fluido é o ar ou a água, por exemplo. Ainda que o objetivo de todos os trocadores de calor seja o mesmo, a forma de se atingir a troca de calor desejada pode mudar em função das características construtivas de cada trocador. Segundo Thulukkanam (2013), os trocado- res de calor podem ser classificados de acordo com as suas características construtivas, a transferência de calor, o tamanho (o quão compacto ele é), o arranjo do escoamento de suas correntes, o caminho percorrido internamente por cada corrente, as fases dos fluidos e os mecanismos de transferência de calor envolvidos. A Figura 2 apresenta um resumo da classificação de trocadores de calor proposta por Shah e Sekulic (2003). Os autores propõem uma classificação baseada nas características construtivas e no princípio de escoamento. Dentro de cada característica, há uma subdivisão de modelos, em que as combinações das diferentes propriedades são resultado da tentativa de engenheiros e fabricantes de atingir resultados cada vez mais efetivos na troca de calor em processos. Muitos desses trocadores são projetados para atender a aplicações especiais, e a frequência com que são encontrados na prática é pequena. Entretanto, alguns modelos são muito versáteis e, por atenderem a diversas aplicações, se tornaram os modelos de trocadores mais populares. Projeto e seleção de trocadores de calor4 Modelos de trocadores Dentre os vários tipos de trocadores que existem, os trocadores tubulares são bastante populares. Talvez o tipo mais simples de trocador de calor é o arranjo de duplo tubo, disposto de forma concêntrica, como mostrado na Figura 3. Ele pode apresentar um arranjo em que os escoamentos da corrente fria e da corrente quente percorrem caminhos com o mesmo sentido dentro do trocador, sendo denominado escoamento paralelo, ou um arranjo em que os escoamentos percorrem sentidos inversos, quando o trocador é denomi- nado contracorrente (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Os escoamentos paralelo e contracorrente são representados nas Figuras 3a e 3b, respectivamente. O perfil da evolução da temperatura de cada corrente é apresentado também acima de cada arranjo. Figura 3. Trocador de duplo tubo: (a) escoamento paralelo; (b) escoamento contracorrente. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 630). 5Projeto e seleção de trocadores de calor Sabe-se que qualquer mecanismo de transferência de calor é diretamente proporcional ao gradiente de temperatura envolvido. Assim, os perfis de temperatura de cada arranjo de escoamento geram perfis de troca de calor diferentes. No escoamento paralelo, o gradiente inicial é muito elevado (o que intensifica a troca). Entretanto seu decaimento é bastante acentuado e, no final do trocador, ele se torna pequeno. Já no arranjo contracorrente, o gradiente tende a se manter mais constante, promovendo uma troca de calor uniforme ao longo do trocador. Outro tipo de trocador de calor tubular muito utilizado na indústria é o trocador conhecido como casco-tubo, apresentado na Figura 4. Figura 4. Trocador casco-tubo com um passe no casco e um passe no tubo. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 631). Ele consiste em um tubo externo de maior diâmetro, pelo qual uma corrente de fluido escoa. Essa parte do trocador é chamada de casco. Dentro desse casco, são acomodados feixes de tubos dentro dos quais o segundo fluido escoa. O arranjo também pode ser paralelo ou contracorrente. Os tubos são acomodados em estruturas chamadas chicanas (em inglês, baffles). Essas estruturas, além de acomodarem e darem suporte estrutural aos tubos internos, também servem de anteparo para o fluido que escoa dentro do casco. Dessa forma, o escoamento sofre repentinas mudanças de direção, tornando-se mais turbulento. Essa turbulência e mistura forçada intensifica a transferência de calor, ainda que a perda de carga fluidodinâmica no escoamento seja também aumentada (ZOHURI, 2017). A Figura 5a mostra um trocador do tipo casco- -tubo em que o feixe de tubos foi retirado do casco para manutenção. O detalhe das chicanas é apresentado na Figura 5b. Projeto e seleção de trocadores de calor6 Figura 5. Trocador casco-tubo: (a) retirada do feixe de tubos para manutenção; (b) detalhe das chicanas. Fonte: (a) manine99/Shutterstock.com; (b) High Simple/Shutterstock.com. (a) (b) Os trocadores de placa têm ampla aceitação em diversas aplicações na indústria. Esses equipamentos são constituídos por uma série de placas cor- rugadas, por entre as quais o fluido frio e o fluido quente escoam de forma alternada, como mostrado na Figura 6b. Dessa forma, a elevada área de contato e a pequena espessura das placas auxiliam em altos rendimentos obtidos por esse tipo de trocador de calor. A Figura 6a mostra a vista explodida de um trocador de placas, em que se percebe que uma das principais vantagens desse modelo é a modularidade. Como a construção forma um sanduíche de placas, um trocador desse tipo pode ter sua capacidade de transferência de calor aumentada ao se inserir mais placas no arranjo construtivo. Essa flexibilidade é um importante ponto desse tipo de trocador. Figura 6. Trocador de placas: (a) vista explodida; (b) sentidos de fluxo das correntes quente e fria. Fonte: Adaptada de Kakaç, Liu e Pramuanjaroenkij (2012). (a) (b) 7Projeto e seleção de trocadores de calor Segundo Khan (2017), as placas são geralmente construídas em ligas de alumínio, o que torna o sistema muito leve, ideal para aplicações em que o peso do trocador de calor pode vir a afetar o sistema como um todo. Por outro lado, o material utilizado e a geometria das placas não permitem a operação do trocador com elevadas pressões e temperaturas, como permitem, por exemplo, os trocadores casco-tubo. 2 Aplicações dos trocadores de calor Trocadores de calor são equipamentos amplamente usados em diversos segmen- tos da indústria, do comércio, possuindo também aplicações domésticas. Para aplicações tão distintas, é natural que exista também uma gama de opções de modelos de trocadores. O desenvolvimento de novos projetos tem sido focado em eficiências cada vez mais altas e custos menores. Assim, é importante entender as aplicações à que cada tipo de trocador se destina (ZOHURI, 2017). Além de apresentarem características construtivas específicas para cada modelo, os trocadores de calor são também divididos em função do fluido de trabalho e do objetivo da transferência de calor. Shah e Sekulic (2003) propõem, assim, a classificação de acordo com a função que o trocador desempenha no processo, como: � condensadores; � mudança de fase líquido-vapor; � aquecedores; � resfriadores; � chillers (sistemas de refrigeração). Alguns dos modelos e aplicações mais comuns serão apresentados nas próximas seções. Projeto e seleção de trocadores de calor8 Trocadores com fluido monofásico Uma classe de trocadores de calor presente em muitos processos industriais é o trocador de calor que promove a interface entre duas correntes, em que o fluido não muda sua fase. Trocadores do tipo casco e tubo são os mais uti- lizados para essa aplicação. Indústrias petroquímicas são um bom exemplo desegmento que utiliza amplamente esses equipamentos (SCHLÜNDER; BRIENZA; GANDY, 1983). Em termos de sua construção, para fluido monofásico, os trocadores casco- -tubo são bastante flexíveis e permitem significativas alterações e adaptações. A Figura 7 apresenta algumas dessas alterações, que vão desde adaptações da conexão do trocador conforme o processo até formatos especiais, para quando há eventual troca de fase no interior do casco. Aplicações típicas envolvem destilação, resfriamento e aquecimento de reatores químicos. Figura 7. Variações construtivas dos trocadores tipo casco-tubo: (a) feixe de tubos fixo com junta de expansão; (b) tubo U; (c) tubo U evaporador; (d) flangeado; (e) cabeça flutuante; (f) cabeça flutuante evaporador; (g) cabeça flutuante (split ring). Fonte: Nitscche e Gbadamosi (2016, p. 16). 9Projeto e seleção de trocadores de calor Trocadores do tipo casco-tubo são muito utilizados, porém, suas dimensões e seu peso elevado impedem sua utilização em setores como as indústrias automotiva, aeronáutica e até espacial (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Porém, os trocadores casco-tubo não são a única opção para fluidos monofásicos — trocadores de placa são também muito utilizados. Algumas limitações se apresentam para esse tipo de trocador, pois fluidos não limpos podem causar incrustação elevada entre as placas, ocasionando aumento na frequência de manutenção. Conforme Shah e Sekulic (2003), esses trocadores ainda têm como limitação a pressão e a temperatura de operação, sendo mais indicados para situações em que é necessária a garantia de limpeza e esterilização. As indústrias farmacêutica e alimentícia são grandes usuárias dos trocadores de placa. Caldeiras e condensadores Uma das áreas em que trocadores de calor são amplamente utilizados é em condensadores. Esses equipamentos têm por finalidade promover a troca de estado de um fluido. Geralmente um dos fluidos é uma mistura líquido-vapor, que, ao passar pelo condensador, muda de estado para totalmente líquido e resfriado (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Condensadores fazem parte de diversos processos industriais. Na Figura 8a, podemos ver a etapa de condensação de um ciclo de potência do tipo Rankine que ocorre à temperatura quase constante entre os pontos 4-1. Na Figura 8b, pode-se observar a imagem real desse grande trocador de calor. Conforme Çengel e Boles (2013), na prática, o sistema todo de conden- sação precisa resfriar o fluido de trabalho, além de garantir que ele retornará ao processo apenas em seu estado líquido, evitando, assim, problemas de cavitação no bombeamento. Projeto e seleção de trocadores de calor10 Figura 8. Condensadores utilizados em centrais termelétricas: (a) diagrama temperatura- -entalpia (T-S) do ciclo Rankine, representando a troca de calor no condensador entre os pontos 4-1; (b) um condensador de vapor real. Fonte: (a) Çengel e Boles (2013, p. 561); (b) engineer story/Shutterstock.com. (a) (b) Outro segmento muito familiar que utiliza trocadores de calor é o de refri- geração. Grandes câmaras frigoríficas, sistemas de ar-condicionado central de shoppings e edifícios e até o ar-condicionado doméstico — todos utilizam trocadores de calor em seu ciclo de refrigeração. Nos ciclos de refrigeração, calor é retirado do ambiente no evaporador e, posteriormente, é transferido para o ambiente externo no condensador. Ambos são trocadores de calor e, dependendo do projeto do sistema de refrigeração, podem apresentar diversas características construtivas. Ciclos como o apresentado na Figura 9a utilizam gás refrigerante, geral- mente amônia, R-22 ou R-134, como fluido de trabalho. No lado externo da tubulação, o ar é o fluido de trabalho. Devido aos menores coeficientes de transferência convectiva, áreas otimizadas são exigidas do trocador; assim, os tubos que conduzem o fluido refrigerante recebem aletas feitas com material de alta condutividade térmica (KAKAÇ; LIU; PRAMUANJARO- ENKIJ, 2012). O amassamento do conjunto de aletas, que pode ser observado em diversas instalações de ar-condicionado, reduz a transferência de calor e, consequentemente, a eficiência do sistema. As Figuras 9b e 9c mostram um evaporador e um condensador de uma unidade de ar-condicionado split, respectivamente. 11Projeto e seleção de trocadores de calor Figura 9. Ciclo de refrigeração: (a) representação e diagrama temperatura-entalpia (T-S) do ciclo de refrigeração, mostrando a troca de calor no condensador entre os pontos 4-1; (b) evaporador de uma unidade de ar-condicionado split; (c) condensador de uma unidade de ar-condicionado split. Fonte: (a) Çengel e Boles (2013, p. 614); (b) PRO Stock Professional/Shutterstock.com; (c) TADSAKORN/ Shutterstock.com. (a) (b) (c) Uma classificação detalhada dos tipos de trocadores de calor é proposta por Zohuri (2017) e apresentada na Figura 10. A classificação é correlacionada com as aplicações dos trocadores como condensadores, também observando seu tipo construtivo e o segmento da indústria em que são utilizados. Projeto e seleção de trocadores de calor12 Figura 10. Classificação de trocadores de calor utilizados como condensadores. Fonte: Adaptada de Zohuri (2017). Chama atenção nessa classificação uma área de grande interesse e aplica- ção na engenharia. Trocadores do tipo casco-tubo, por suportarem elevadas pressões e temperaturas, são muito utilizados na geração de energia elétrica, assim como em diversos processos industriais. 3 Avaliação, projeto e dimensionamento Os projetos de trocadores de calor são complexos, pois envolvem diversos fatores. Não apenas a transferência de calor é importante, mas questões prá- ticas como dimensões, peso e custo são aspectos que devem ser levados em consideração (NITSCCHE; GBADAMOSI, 2016). Alguns conceitos são comuns a todos os modelos de trocadores, como é o caso do coeficiente global de transferência de calor. Para entendê-lo, iniciamos a análise retomando o conceito de resistência térmica, que está representada em uma analogia de circuito elétrico na Figura 11. 13Projeto e seleção de trocadores de calor Figura 11. Resistência térmica em um sistema de dois tubos concêntricos. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 633). Tem-se, então, que a resistência térmica total desse sistema, considerando- -se a troca de calor do fluido quente para o fluido frio, é: (4) Projeto e seleção de trocadores de calor14 onde Ri é a resistência de convecção do lado interno da parede do tubo de interface, e Ro é a resistência de convecção do lado externo da parede do tubo. O termo envolvendo logaritmo representa a resistência de condução da parede do tubo. Conforme Çengel e Ghajar (2012), a taxa de transferência de calor pode, então, ser relacionada com a resistência térmica e com o gradiente de temperatura dos dois fluidos, por meio da Equação 5. (5) Nesse caso, cada lado do tubo terá seu coeficiente global de transferência de calor U, dado em W/m2K. Pela conservação de energia, temos: Q̇ = UiAi∆T = UoAo∆T (6) É importante observar que, apesar de os coeficientes globais interno e externo serem diferentes, Ui ≠ Uo, o produto dos coeficientes globais com suas respectivas áreas é igual para os dois lados — ou seja, UiAi = UoAo. A formação de incrustações na parede do trocador de calor é função do tipo de fluido, da velocidade de escoamento, das características físicas da parede do trocador, entre outros aspectos. Essa incrustação representa uma resistência térmica adicional que pode ou não influenciar o coeficiente global de transferência. Ela pode ser computada pela Equação 7. (7) O termo Rf corresponde ao fator de incrustação da parede, dado em m 2K/W. O fator de incrustação pode ser encontrado em literaturas como Kakac, Liu e Pramuaniaroenkji (2012). 15Projeto e seleção de trocadores de calor Segundo Çengel e Ghajar (2012), a análise de trocadores de calor geralmente envolve dois objetivos: 1. escolher/dimensionar um trocador que atinja determinadas temperaturasdesejadas; 2. prever as temperaturas nas saídas de algum trocador de calor existente. Dentre os métodos mais conhecidos para calcular características de troca- dores de calor, o método da diferença de temperatura média logarítmica (LMTD, do inglês log mean temperature difference) é indicado para calcular o primeiro objetivo. Já o método da efetividade (ε), mais conhecido como NTU (do inglês number of transfer units, ou número de unidades de transferência) ou ε – NTU, é adequado para se atingir o segundo objetivo. Calcule o coeficiente global de transferência de calor para uma placa plana com espessura de 5 mm, com condutividade térmica de k = 80 W/m · K. O coeficiente convectivo interno é de 2.000 W/m2K e o externo é de 1.200 W/m2K. Considere que o tubo tenha um fator de incrustação de 2,5 × 10-4 m2K/W. Solução: A Equação 7, escrita para uma placa plana em que Ai = Ao, fica: Substituindo os valores informados, obtemos: Temos, assim: U ≅ 527 W/m2K Projeto e seleção de trocadores de calor16 Método da diferença de temperatura média logarítmica (LMTD) A análise de um trocador de calor pode ser realizada de diferentes formas. O método LMTD é muito utilizado para identificar as características que um trocador de calor precisa ter para atender a uma dada aplicação. Para isso, algumas hipóteses simplificadoras são adotadas, sem que haja um grande prejuízo na precisão dos cálculos de troca de calor. As hipóteses são as listadas a seguir. � Escoamento permanente (regime permanente). � Propriedades constantes (temperatura, vazão, velocidade, entre outras). � As variações das energias cinética e potencial são desprezíveis. � Calor específico constante para a faixa de temperatura trabalhada. � A condução axial (tubos) ou no sentido transversal (placas) é desprezada. � Não há trocas com o exterior (trocador isolado). As simplificações validam a consideração apresentada nas equações 1 a 3, em que a troca de calor que ocorre pode ser descrita por Q̇ = ṁcCp,c(Tc2 – Tc1) ou Q̇ = ṁhCp,h(Th1 – Th2). Uma propriedade de grande importância na análise de trocadores de calor é a taxa de capacidade térmica do fluido, dada por: Ch = ṁhCp,h e Cc = ṁcCp,c (8) Çengel e Ghajar (2012) definem a capacidade térmica como a taxa de transferência de calor necessária para alterar a temperatura do fluido em 1°C. Assim, fluidos com grande capacidade térmica sofrem pequenas variações de temperatura. Se, em um trocador isolado, todas as propriedades forem mantidas constantes e a vazão for duplicada, a mudança na sua temperatura cairá pela metade. A Figura 12 mostra como se comporta a distribuição de temperatura em um trocador de calor operando com arranjo de escoamentos paralelos, como seria o exemplo mostrado na Figura 3. 17Projeto e seleção de trocadores de calor Figura 12. Perfil de distribuição da temperatura em um escoamento paralelo. Fonte: Incropera et al. (2011, p. 712). A troca de calor infinitesimal é dada por: dq = CcdTc = –ChdTh ≡ U ∆T dA (9) O que leva à variação infinitesimal de temperatura igual a d(∆T) = dTh – dTc. Substituindo da Equação 9, chegamos a: (10) Unindo as Equações 9 e 10 e integrando ao longo de toda a extensão do trocador de calor, obtemos: (11) Reconhecendo-se que ∆T1 = (Th,i – Tc,i) e ∆T2 = (Th,o – Tc,o), a expressão pode ser rearranjada como: (12) Assim, a troca de calor que ocorre no trocador de calor com escoamento paralelo pode ser definida, segundo Incropera et al. (2011), como: q = UA∆Tm (13) Projeto e seleção de trocadores de calor18 onde a diferença média logarítmica de temperatura ∆Tm é dada por: (14) Já no escoamento contracorrente, mostrado na Figura 13, as diferenças de temperatura entre o fluido quente e o fluido frio são muito menores do que no caso do escoamento paralelo (KAKAÇ; LIU; PRAMUANJAROENKIJ, 2012). Figura 13. Perfil de distribuição da temperatura em um escoamento contracorrente. Fonte: Incropera et al. (2011, p. 714). Ainda assim, o equacionamento anterior apresentado é válido, resultando na Equação 13 para a transferência de calor. A variação média logarítmica da temperatura também pode ser descrita pela Equação 14. Para o escoamento contracorrente, no entanto, as variações de temperatura são descritas como: (15) A variação de temperatura dos fluidos envolvidos pode assumir diferentes perfis em aplicações especiais. Incropera et al. (2011) apresentam o caso es- pecial em que dois fluidos com capacidades térmicas iguais, em um trocador contracorrente, apresentam a variação de temperatura constante em todos os pontos do trocador (Figura 14a). 19Projeto e seleção de trocadores de calor Figura 14. Perfil de variação de temperatura em trocadores de calor: (a) dois fluidos com capacidades térmicas exatamente iguais; (b) condensadores em que Ch → ∞; (c) evapora- dores em que Cc → ∞. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 641). (a) (b) (c) Em um condensador, o fluido quente mantém sua temperatura constante — ou seja, Ch → ∞. Por outro lado, em um evaporador, é o fluido frio que é evaporado a uma temperatura constante, sendo Cc → ∞. Veja os exemplos apresentados a seguir. Projeto e seleção de trocadores de calor20 Exemplo 1 É necessário dimensionar um trocador de calor do tipo casco-tubo com esco- amento paralelo para resfriar glicerina que entra no trocador a 40°C. Deve- -se deixá-lo a 30°C, sendo que a vazão necessária é de 8 kg/s. O trocador é composto por 50 tubos de 0,05 m de diâmetro externo. Considere o coeficiente global do trocador como sendo U = 400 W/m2K. Do lado do casco, água fria entrando a 16°C com vazão de 4,7 kg/s é utilizada para o resfriamento. Calcule a área necessária de troca e o comprimento do trocador de calor. Despreze a condução na parede do tubo. O trocador está isolado em relação ao exterior. Solução: Entre 40°C e 30°C, a glicerina apresenta calor específico aproximado de 2.478 J/kg · K (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). Um balanço de energia no trocador é dado por: Q =(ṁ Cp)h(Th1 – Th2) Q = (8 * 2478)(40 – 30) = 198,240 kW O mesmo balanço aplicado na corrente fria (considerando-se Cp,água = 4.187 J/kg · K) resulta em uma temperatura de saída da água de Tco = 26,07°C. O método da LMTD (Equação 14) pode então ser aplicado: Do balanço de energia, considerando o método LMTD (Equação 13), temos q = UA∆Tm. A área de troca pode então ser encontrada, isolando-a na equação: 21Projeto e seleção de trocadores de calor Como o trocador tem um total de N = 50 tubos, podemos determinar o comprimento aproximado pela relação da área do tubo, considerando seu diâmetro externo, A = πdoN L. Assim, o comprimento L do trocador será: Exemplo 2 Para a mesma aplicação do exemplo anterior, calcule a área necessária de troca e o comprimento do trocador de calor se ele for construído com um arranjo de escoamento contracorrente. Solução: Verifica-se que as duas correntes possuem capacidade térmica praticamente iguais. C1 = (ṁCp)h = 8 * 2.478 = 19.824 W/K C2 = (ṁCp)c = 4,7 * 4.187 = 19.679 W/K Assim, temos o caso especial em que a LMTD é constante: ∆Tm = ∆T1 = ∆T1 = 13,9°C A área de troca pode, então, ser encontrada: E o comprimento L do trocador será: Projeto e seleção de trocadores de calor22 A LMTD é concebida e representa com exatidão a situação de dois fluidos em contra- corrente ou em paralelo. Os demais arranjos de escoamento existentes em trocadores de calor não apresentam um desvio em relação ao comportamento das médias de temperatura. Assim, um fator de correção deve ser introduzido no método (THULUKKA- NAM, 2013). Gráficos de correlação para esse fator de correção são apresentados em Çengel e Ghajar (2012). Método da efetividade (NTU) Segundo Kays e London (2017), o método da LMTD pode ser utilizado para determinar a área de troca e as dimensões de um trocador de calor. Entre- tanto, se as temperaturas envolvidas não são conhecidas, sua aplicação para determiná-las implica em um processo iterativo exaustivo. Nesses casos, o método NTU éuma alternativa mais interessante. A efetividade (ε) de um trocador de calor pode ser definida ao se conhecer a condição de máxima troca térmica. Esse adimensional é definido como: (16) A máxima transferência de calor teórica pode ser identificada realizando- -se um balanço de energia na corrente quente ou fria, como mostrado na Equação 3. É preciso considerar que a maior variação de temperatura possível de ocorrer em um trocador de calor está dentro dos limites da temperatura de entrada do fluido quente e do fluido frio. As variações de temperatura de cada um estão relacionadas com a capacidade térmica de cada corrente. 23Projeto e seleção de trocadores de calor Em uma condição ideal, o fluido frio atingirá a temperatura do fluido quente, ou o fluido quente será resfriado até a temperatura do fluido frio. Conforme Çengel e Ghajar (2012), essa condição só pode ser atingida se as capacidades térmicas forem iguais, Ch = Cc. Quando essa condição não ocorre, o que é frequente, a máxima transferência de calor será limitada pela menor capacidade térmica envolvida. Q̇ max = Cmin(Th,i – Tc,i) (17) Portanto, a transferência de calor real esperada em um trocador é dada por: Q̇ = εQ̇ max = εCmin(Th,i – Tc,i) (18) E a efetividade ε de qualquer trocador de calor é, segundo Berman et al. (2011), uma função das capacidades térmicas das correntes e do NTU, tal que: (19) O parâmetro adimensional NTU é o número de unidades de transferência, sendo definido como: (20) A determinação das relações da efetividade e do número de unidades de transferência varia de acordo com o tipo de trocador e o arranjo do escoa- mento. Na prática, utilizam-se tabelas de correlações para definir a correlação e encontrar as temperaturas de operação de um dado trocador. A Figura 15 apresenta algumas correlações para a efetividade, enquanto a Figura 16 traz as correlações para o NTU. Projeto e seleção de trocadores de calor24 Figura 15. Correlações da efetividade (ε) de trocadores de calor. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 656). Figura 16. Relações de número de unidades de transferência (NTU) para trocadores de calor. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 658). 25Projeto e seleção de trocadores de calor Exemplo 3 Um radiador deve refrigerar óleo a partir de um arranjo de casco-tubo de múltiplos passes, conforme mostra a Figura 17. Considere um passe no casco e oito nos tubos, sendo que estes são feitos de cobre, com diâmetro externo de 1,4 cm. A largura do radiador é de 5 m, e o coeficiente global de transfe- rência é U = 310 W/m2K. Determine a transferência de calor e as respectivas temperaturas da água e do óleo. Figura 17. Esquema para o Exemplo 3. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 660). Veja a seguir as hipóteses do problema. ■ Regime permanente de operação. ■ Trocador isolado. Troca de calor apenas entre os fluidos. ■ Espessura da parede do tubo desprezível. ■ Variações de energias potencial e cinética desprezíveis. ■ Coeficiente global de transferência constante e uniforme. Projeto e seleção de trocadores de calor26 A seguir, são apresentadas as propriedades: � Água: 4.180 J/kgK. � Óleo 2.130 J/kgK. Solução: A falta das temperaturas de saída impossibilita o uso do método LMTD; logo, pode-se usar a efetividade NTU. Assim, primeiro determinam-se as capacidades térmicas: Ch = (ṁ Cp)h = 0,3 * 2,13 = 0,639 kW/K Cc = (ṁ Cp)c = 0,2 * 4,18 = 0,836 kW/K Sabe-se então que Cmin = Ch = 0,639 kW/K, e o quociente será: A taxa de transferência de calor máxima será de: Q̇ max = Cmin(Th,i – Tc,i) = 0,639 * (150 – 20) = 83,1 kW A área de transferência requerida é de: As = N(πDL) = 8π(0,014)(5) = 1,76 m 2 Com esses dados, pode-se estimar o valor de NTU do trocador: A efetividade será determinada pela relação 2 da Figura 15, onde ε ≈ 0,47. Para correlações complexas como esta, a determinação da efetividade pode ser feita de maneira gráfica, como mostrado na Figura 18. 27Projeto e seleção de trocadores de calor Figura 18. Determinação da efetividade. Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 657). Assim, a taxa real de transferência de calor será: Q̇ = 0,47 * 83100 = 39.100 W Finalmente, as temperaturas são obtidas pelos balanços de energia realiza- dos em cada corrente, colocando-se em evidência as temperaturas desejadas: A seleção de trocadores de calor está intimamente ligada à necessidade de se conhecer os princípios físicos de cada modelo. Esses princípios podem constituir vantagens no funcionamento em determinadas aplicações, assim como podem significar limitações para outras. Pode-se citar o exemplo do trocador de placas, que, por sua característica construtiva, promove grandes Projeto e seleção de trocadores de calor28 coeficientes de troca térmica, ao mesmo tempo que representa uma grande perda de carga na tubulação, além de não poder operar com elevadas pressões. O dimensionamento, por sua vez, é uma etapa posterior que também de- pende do conhecimento das características do processo e dos princípios físicos do próprio trocador. O conhecimento e a correta aplicação dos métodos de avaliação de trocadores de calor, como o LMTD e o ε – NTU, são as bases para se extrair o melhor custo-benefício desses equipamentos sob seus diversos aspectos. A utilização de ferramentas como a simulação numérica computa- cional nessa tarefa é, sem dúvida, de grande apoio. Entretanto, o profissional que escolhe ou dimensiona trocadores de calor precisa dominar os conceitos físicos envolvidos no processo, para compreender corretamente os resultados dessas ferramentas, garantindo a operação eficiente desses sistemas térmicos. INCROPERA, F. P. et al. Fundamentals of heat and mass transfer. 7. ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2011. ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. KAKAÇ, S.; LIU, H.; PRAMUANJAROENKIJ, A. Heat exchangers: selection, rating, and thermal design. 3. ed. Boca Raton: CRC Press Taylor & Francis Group, 2012. KAYS, W. M.; LONDON, A. L. Compact heat exchangers. 3. ed. New Delhi: Medtech, 2018. KHAN, S. Modeling and temperature control of heat exchanger process. Alemanha: Saarbrucken, 2017. NITSCCHE, M.; GBADAMOSI, R. O. Heat exchanger design guide. Amsterdam: Elsevier, 2016. SCHLÜNDER, E. U.; BRIENZA, B. M.; GANDY, J. B. (ed.). Heat exchanger design handbook. United States: Hemisphere Publishing Corporation, 1983. 5 v. SHAH, R. K.; SEKULIC, D. P. Fundamentals of heat exchanges design. Hoboken: John Wiley & Sons, 2003. THULUKKANAM, K. Heat exchanger design handbook. 2. ed. Boca Raton: CRC Press Taylor & Francis Group, 2013. ZOHURI, B. Compact heat exchangers: selection, application, design and evaluation. Albuquerque: Springer, 2017. 29Projeto e seleção de trocadores de calor Dica do professor Trocadores de calor são projetados das mais diversas formas, com materiais distintos e objetivos diferentes. Em geral, trocadores desenvolvidos para aplicações diferentes podem assumir formas igualmente diferentes. Confira nesta Dica do Professor o conceito de um dos poucos trocadores de calor que tem partes móveis em seu interior, o regenerador rotativo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4ee253e0f1918149f9a3574940963073 Exercícios 1) Um dos principais parâmetros de dimensionamento e análise de trocadores de calor é o coeficiente global de transferência de calor. Considere uma placa plana feita de aço, com condutividade térmica k=63W/mK e espessura 0.005 metros, fluido interno com coeficiente convectivo hi=2000W/m2K e fluido externo ho=1550W/m2K. Defina o coeficiente global de transferência de calor se for somada à placa uma resistência de incrustação de Rfi= 0,00017m2K/W. A) Aproximadamente 717kW/m2K. B) Aproximadamente 717W/m2K. C) Aproximadamente7,17W/m2K. D) Aproximadamente 717W. E) Aproximadamente 717W/m2K. 2) Um trocador casco-tubo com arranjo de escoamento paralelo será usado para resfriar o óleo de um motor estacionário, que entra no trocador a 80°C e deve deixá-lo a 40°C. A vazão da corrente quente é 2kg/s. O trocador tem 42 tubos de 0,03m de diâmetro externo. O coeficiente global do trocador é 900W/m2K. O fluido frio é água, entrando a 20°C com vazão de 3kg/s. Calcule a área necessária de troca e o comprimento do trocador de calor. Despreze a condução na parede do tubo; o trocador está isolado em relação ao exterior. A) Área de troca = 33,1m2. Comprimento do trocador = 12,7m2. Área de troca = 500m2. Comprimento do trocador = 27,3m2. B) C) Área de troca = 1,5m2. Comprimento do trocador = 12,1m2. D) Área de troca = 2,4m2. Comprimento do trocador = 0,6m2. E) Área de troca = 39,3m2. Comprimento do trocador = 0,3m2. 3) Existem diversos modelos de trocadores de calor; cada um é projetado para atender certos tipos de aplicações. Sobre as características construtivas e operacionais dos trocadores de calor, podemos afirmar que: A) trocadores do tipo casco-tubo têm fácil manutenção, pois sua construção permite acesso fácil e retirada completa das partes em contato com os fluidos. B) trocadores de calor de placa têm fácil manutenção, pois podem apenas operar com fluidos na fase gasosa, que carregam menos detritos e sujeiras. C) Trocadores do tipo casco-tubo têm fácil manutenção, pois podem apenas operar com fluidos na fase gasosa, que carregam menos detritos e sujeiras. D) Trocadores de calor de placa têm fácil manutenção e alta versatilidade, sendo uma espécie de coringa, aplicável em praticamente qualquer situação. E) Trocadores de calor de placa têm fácil manutenção, pois sua construção permite acesso fácil e retirada completa das partes em contato com os fluidos. 4) Um trocador de calor de duplo tubo é utilizado para aquecer água de uma piscina de 18°C até 27°C, a uma vazão de 0,82kg/s. Um sistema de aquecimento solar entrega 2kg/s de água quente a 90°C. O tubo tem parede fina e diâmetro externo de 10cm. Considere que o coeficiente global de transferência de calor é de 640W/m2K. Utilizando o método da efetividade - NTU, calcule a área de troca necessária para obter o aquecimento referido. Estime também o comprimento do tubo. A) Área de troca = 4,73m2. Comprimento do tubo = 6,33m. B) Área de troca = 60,73m2. Comprimento do tubo = 4,33m. C) Área de troca = 23,73m2. Comprimento do tubo = 23,33m. D) Área de troca = 0,73m2. Comprimento do tubo = 2,33m. E) Área de troca = 0,3m2. Comprimento do tubo = 3,3m. Trocadores de calor são equipamentos que podem ser analisados do ponto de vista termodinâmico e de transferência de calor; um parâmetro importante em sua análise é a capacidade térmica dos 5) fluidos envolvidos. Há condições especiais em que algumas considerações adicionais podem ser tomadas. Assinale a alternativa que corresponda corretamente aos perfis de temperatura da figura a seguir. A) a) Delta T1 = Delta T2 | Ch = Cc | Delta é constante. b) Evaporador | Tquente = constante | Ch→ infinito. c) Condensador | Tfrio = constante | Cc→ infinito. B) a) Condensador | Ch = Cc | Delta é constante. b) Delta T1 = Delta T2 | Tquente = constante | Ch→ infinito. c) Evaporador | Tfrio = constante | Cc→ infinito. C) a) Delta T1 = Delta T2 | Ch = Cc | Delta é constante. b) Condensador | Tquente = constante | Ch→ infinito. c) Evaporador | Tfrio = constante | Cc→ infinito. D) a) Delta T1 = Delta T2 | Ch > Cc | Delta variável. b) Condensador | Tquente = constante | Cc→ infinito. c) Evaporador | Tfrio = constante | Ch→ infinito. E) a) Delta T2 = Delta T1 | Ch = Cc | Delta é constante. b) Condensador | Tquente → infinito | Ch=constante. c) Evaporador | Tfrio → infinito | Cc=constante. Na prática O projeto de trocadores de calor sempre foi tratado como um assunto complexo. Em linhas gerais, os fabricantes detêm a expertise e os segredos construtivos, para manterem a competitividade. Alguns dos métodos mais tradicionais são tratados em livros acadêmicos, porém o método de tentativa e erro e a quantidade de correlações envolvidas torna o processo relativamente incerto e trabalhoso. Entretanto, tecnologias como a simulação numérica computacional têm mudado a forma de execução dos projetos de trocadores de calor, permitindo maior flexibilidade e assertividade. Confira, Na Prática, como o CFD (computational fluid dynamics) tem auxiliado engenheiros e projetistas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b6f69d44-13c1-43c3-b523-f268fb66e0c2/fc8af463-1919-46af-8bc7-ef78c7b8c09e.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Trocadores de calor - veja como uma falha estrutural comprometeu uma refinaria nos Estados Unidos A manutenção de trocadores de calor é um assunto muito importante. Eles operam muitas vezes com alta temperatura, pressão ou com fluidos combustíveis. Confira no vídeo a seguir um acidente ocorrido em uma refinaria nos Estados Unidos pela falha em um trocador de calor. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Preaquecedor de ar em uma termelétrica O preaquecimento de ar admitido em uma caldeira de uma termelétrica pode elevar a eficiência em até 20%. Nesta aplicação, grandes trocadores rotativos são empregados. Conheça no vídeo a seguir esse modelo de trocador de calor, um dos poucos que utiliza partes móveis em sua construção. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Análise numérica de resfriamento de componentes eletrônicos por trocadores de calor com microcanais Trocadores de calor com microcanais estão em pleno desenvolvimento, à medida que novos processadores, cada vez mais potentes, dissipam mais energia. Na dissertação a seguir, conheça as peculiaridades e desafios que os projetistas encontram no desenvolvimento desses trocadores. https://www.youtube.com/embed/1Dxam3mdoVQ https://www.youtube.com/embed/w4C9KsshY6o Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Simulação numérica de um trocador casco-tubo Ferramentas como a simulação numérica computacional, mais especificamente o CFD (mecânica de fluidos computacional), têm revolucionado o projeto de trocadores de calor. No vídeo a seguir, veja como essa ferramenta é capaz de descrever o funcionamento de um trocador casco-tubo com um nível de detalhe impressionante. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/180142 https://www.youtube.com/embed/zfvM82FGjuo
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