Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CADERNO DE ESTUDOS CRIMINOLOGIA APLICADA A SEGURANÇA PÚBLICA 2 SUMÁRIO Apresentação 3 Objetivo geral 3 Ementa 3 Capítulo 1 – INTRODUÇÃO A CRIMINOLOGIA 4 1.2. Conceito 4 1.3. Objeto 5 1.4. Método 8 1.5. Funções 9 Capítulo 2 – DA FASE PRÉ-CIENTÍFICA À CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA E SUAS PRINCIPAIS ESCOLAS 10 2.1. Escola Clássica 10 2.2. Escola Positiva 13 2.3. Teorias da Socialização Deficiente/ Teoria Ecológica (Escola de Chicago) 16 2.4. Teoria da Associação Diferencial 19 Capítulo 3 – AS TEORIAS CRIMINOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS 20 3.1. Teoria da Anomia 20 3.2. Teoria do Etiquetamento, Rotulação ou Paradigma da Reação Social. 24 Capítulo 4 – DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA 27 4.1. O modelo Tripartido de Franz Von Liszt 27 3 Apresentação A Criminologia é uma ciência, relativamente, nova, seu reconhecimento como Ciência correspondem aos momento finais do século XIX com a obra do médico psiquiatra Cesare Lombroso, O Homem Delinquente, e ainda podemos suscitar que seu desenvolvimento continua contemporâneamente, através das obras dos mais diversos sociólogos, filósofos, jurístas, criminólogos e tantos outros que se prestam a estudar o fenômeno crimonológico. Este trabalho visa apresentar ao aluno os principais conceitos desenvolvidos ao longo de pouco mais de um século em que os autores, professores e doutrinadores se debrussaram em estudar e teorizar sobre a relação indivíduo-crime-sociedade. Objetivo Geral Desenvolvimento da capacidade de mobilizar conceitos fulcrais da criminologia – crime, criminoso, violência, seus estereótipos e formas de organização e atuação sobre a sociedade – para melhor compreender os fenômenos da violência e do crime em diferentes situações da prática profissional, em que as reflexões antes, durante e após a ação estimulem a autonomia intelectual, bem como sua legitimidade. Ementa Criminologia, conceitos, objetos, métodos e funções. O autor do delito frente ao paradigma etiológico. Microcriminologia: teorias biológicas, psicológicas e psiquiátricas; teorias da aprendizagem; teoria ecológica da Escola de Chicago; teoria de associações diferencial. Teoria da anomia; teoria do etiquetamento ou da rotulação. Paradigma da Reação Social.. Política Criminal e Prevenção Criminal. 4 Capítulo 1 – INTRODUÇÃO A CRIMINOLOGIA 1.1. Conceito O conceito de Criminologia foi e, até certo ponto, ainda é uma construção científica de caráter histórico. À medida que esta ciência evolui seu método científico e sua dinâminca e interelação com outras ciências e fontes de conhecimento, também se atualiza suas bases principiológicas e, consequentemente, seu entendimento como ciência. Tentando melhor explicar a Criminologia, podemos nos socorrer dos autores clássicos da disciplina como o professor Nelson Hungria, que segundo o qual a Criminologia “é o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar- lhe a etiologia e tentar a sua debelação por meios preventivos ou curativos”. A Criminologia segundo Antonio García-Pablos de Molina – é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social do comportamento delitivo, e trata de ministrar uma informação válida e contrastada sobre a gênese, dinâmica e variações principais do crime, contemplando-o como problema individual e social, assim como sobre os programas para sua prevenção especial, as técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e os diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.1 A Criminologia segundo Eugenio Raúl Zaffaroni e Jose Henrique Pierangeli – é a disciplna que estuda a questão criminal do ponto de vista biopsicossocial, ou seja, integra-se com as ciências da conduta aplicadas às condutas criminais2. A Criminologia segundo Edwin H. Sutherland – é um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do deliquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Trata, pois, a Criminologia, da aplicação das ciências sociais e humanas no controle 1 PABLOS DE MOLINA, Antonio Garcia. Criminologia: una introducción y sus fundamientos teóricos. Editorial Tirant lo Blanch, 2007. p.1. 2 ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro – parte geral. Revista dos Tribunais, 12ª Edição, 2018. p. 148. 5 e ressocialização do criminoso com vistas à prevenção da delinquência3. A Criminologia segundo os autores Newton e Valter Fernandes – é a ciência que estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes endógenas e exógenas, que isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a conduta do delinquente, e os meios laborterapêuticos ou pedagógicos de reintegrá-lo ao agrupamento social4. 1.2. Objeto O objeto da moderna Criminologia, segundo o professor Cristiano Menezes - é o crime, suas circunstâncias, seu autor, sua vítima e o controle social. Deverá ela orientar a política criminal na prevenção especial e direta dos crimes socialmente relevantes, na intervenção relativa às suas manifestações e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias. Deverá orientar também a Política Social na prevenção geral e indireta das ações e omissões que, embora não previstas como crimes, merecem a reprovação máxima5. Segundo o professor Paulo Sumariva6, o crime deve preencher os seguintes elementos constitutivos: Incidência massiva na população – não é possível atribuir a condição de crime a fato isolado na sociedade. Se o fato não se reitera, desnecessário considerá-lo como criminoso. Incidência aflitiva do fato pratiado – o crime produz dor a vítima e à sociedade. Para puní-lo no âmbito criminal, é necessário que o fato 3 SUTHERLAND, Edwin H. Apud FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. Revista dos Tribunais, 1ª Edição, 2012, p 24. 4 FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. Revista dos Tribunais, 1ª Edição, 2012, p 24. 5 MENEZES, Cristiano. Noções de Criminologia. Acesso em: (PDF) NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA Professor Cristiano Menezes Instituto Marconi | Emerson Zacarella - Academia.edu. 6 SUMARIVA, Paulo. Criminologia: Teoria e Prática. Editora Impetus, 3ª Edição, Revista, Ampliada e Atualizada, 2021. p. 8. https://www.academia.edu/5830920/NO%C3%87%C3%95ES_DE_CRIMINOLOGIA_Professor_Cristiano_Menezes_Instituto_Marconi https://www.academia.edu/5830920/NO%C3%87%C3%95ES_DE_CRIMINOLOGIA_Professor_Cristiano_Menezes_Instituto_Marconi 6 tenha relevância social. Persistencia espaço-temporal do fato a ser considerando criminoso – para ter um fato como criminoso, além de ser massivo e aflitivo, é necessário que ele se distribua pelo nosso território e ao longo de um tempo juridicamente relevante. Inequívoco consenso a respeito de sua etiologia e de quais técnicas de intervenção seriam eficazes para o seu enfrentamento. Na criminologia moderna, o criminoso tende a ser examinado como unidade biopsicossocial e não mais uma unidade biopsicopatológica. A visão atual do criminoso é de um ser normal, isto é, não é o pecador dos clássicos, não é o animal selvagem dos positivistas, não é o coitado dos correcionalistas e nem a vítima da filosofia marxista. Trata-se de homem real do nosso tempo, que se submete às leis e pode não cumprí-las por razões que nem sempre compreendidas por seus pares7. A vítima, historicamente, foi deixada de lado no estudo do crime e das circunstâncias que o envolvem, tanto que pouco se observa na legislação brasileira atual no amparo as vitimas de delitos, principalmente, aqueles com maior incidência criminôgena como o roubo e o furto, excetuando-se situações excepcionais de proteção à testemunha,a qual apesar de deficitária ainda é existente, vide lei 9807 de 13 de julho de 1999, e a proteção a dignidade sexual tutelada pela recente lei 14.245, de 22 de novembro de 2021. Segundo o professor Paulo Sumariva8, o papel da vítima no contexto delituoso corresponde à pelo menos quatro perspectivas, quais sejam: A vítima como sujeito capaz de influir signitivamente no fato delituoso: em sua estrutura, dinâmica e prevenção. As atitudes e propensão dos indivíduos para se converterem em 7 SUMARIVA, Paulo. Criminologia: Teoria e Prática. Editora Impetus, 3ª Edição, Revista, Ampliada e Atualizada, 2021. p. 9. 8 Ibid., p. 10. 7 vítimas dos delitos. Variáveis que intervem nos processos de vitimização: cor, raça, sexo, condição social, etc. Situação da vítima em face do autor do delito, bem como do sistema legal e de seus agentes. Nesse sentido, a doutrina majoritária ensina que os processos de vitimização se dividem em pelo menos quatro, os quais segundo Haidar e Rossino9: Vitimização Primária – consiste no proprio crime e nos resultados diretos que este irá gerar na vítima. Reflete, portanto, as experiências pessoais do ofendido e os mais variados reflexos produzidos pelo delito (danos materiais, físicos e psicológicos). Vitimização Secundária – é o produto da relação entre a vítima e o sistema jurídico penal. Ou seja, tal categoria reflete a funcionalidade das instâncias formais de controle social. Na prática, a vitimização secundária se concretiza com a ação dos responsáveis pelo processo de resolução de conflito sem a devida consideração em relação as expectativas e ao sofrimento da vítima. Vitimização Terceária – a vítima sofre as consequências que vão além daquelas decorrentes do delito proriamente dito e da ausência de assistência necessária por parte do aparato estatal. O ofendido padece de afastamento da receptividade social, logo, o indivíduo é vitimado justamente por aqueles que o cercam, inclusive, por seu grupo familiar. Tal categoria é decorrente da pressão imposta a vítima pelo sociedade; a repulsa inconsciente à identificação com quem simboliza atributos negativos (responsabilização da vítima em face do crime sofrido por ela, grifo nosso). 9 HAIDAR, Caio Abou e ROSSINO, Isabela Bossolani. Redescobrindo a Vitimologia: Estudos Contemporâneos da Vitimização Quaternária e da Influência Midiática na Criminologia. Artigo científico. Acesso em: https://sites.usp.br/pesquisaemdireito-fdrp/wp- content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf. https://sites.usp.br/pesquisaemdireito-fdrp/wp-content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf https://sites.usp.br/pesquisaemdireito-fdrp/wp-content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf 8 Vitimização Quaternária – é o medo de se converter em vítima que se internaliza pela falsa percepção da realidade a partir das informações levantadas pela mídia. Dessa forma, cria-se um estado irracional de temor que, na prática, não determina a transformação daquele indivíduo aflito em vitima propriamente de um crime (vitimização primária), mas mantém um sentimento latente de insegurança que, por sua vez, tem consequências graves (políticas desastrosas de enfrentamento à criminalidade publicas e privadas, fortalece processos discriminatórios e etc., grifo nosso). O controle social, que segundo o professor Paulo Sumariva10, pode ser definido como o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de convivência social. A doutrina majoritária divide o controle social em formal e informal, se observa a seguir: Controle Social Formal – é constituído pela aparelhagem política do Estado (Polícia, Judiciário, Administração Penitenciária, Ministério Público, etc.), com conotação político-criminal. São os agentes formais do controle social, que atuam em ultima ratio, utilizados como meio coercitivo, através dos órgãos públicos, cuja finalidade será punir o indivíduo infrator das normas impostas. Controle Social Informal – é constituído pela sociedade civil (família, igreja, escola, clubes de serviço, etc.), com uma visão claramente preventiva e e educacional, isto é, operam educando, socializando o indivíduo e inserindo-o na vida em sociedade. 1.3. Método Já quanto ao método utilizado na Criminologia, podemos aludir que sua definição ainda está em desenvolvimento junto com a evolução da própria Criminologia como ciência, tendo em vista que ela se socorre de métodos científicos 10 SUMARIVA, op. cit., p 11 e 12. 9 típicos de outras ciências para construir e desenvolver suas próprias teses criminológicas. Historicamente, a Criminologia nasce como ciência a partir da Escola Positiva, a qual estabeleceu o método empírico-indutivo como método ciêntífico para explicar o fenômeno criminológico. Logicamente, isso não quer dizer que não existia a Criminologia antes da Escola Positiva, apenas que a noção dela como ciência só se reconheceu, após a definição de seu método científico. Nesse sentido, ensina o professor Vitorino Prata Castelo Branco: “Em geral, método é o meio empregado pelo qual o pensamento humano procura encontrar a explicação de um fato, seja referente à natureza, ao homem ou à sociedade. Só o método científico, isto é, sistematizado, por observações e experiências, comparadas e repetidas, pode alcançar a realidade procurada pelos pesquisadores. O campo das pesquisas será, na Criminologia, o fenômeno do crime como ação humana, abrangendo as forças biológicas, sociológicas e mesológicas que o induziram ao comportamento reprovável”.11 Observando o ensinamento acima, pode-se entender que o método da Criminologia é método empírico-indutivo de caráter biopsicosocial, tendo em vista que quantos aos fatores exogenos a pessoa do criminoso esta ciência se socorre dos métodos da sociologia e quanto aos fatores endógenos do autor do delito, ela se ampara na Biologia, Fisiologia, Psicologia, Psiquiatria, etc. 1.4. Funções Assim como qualquer ciência, a Criminologia tem a função de produzir conhecimento para o homem e para a sociedade a fim de melhor lidar com as mazelas ali estudadas. Segundo o professor Paulo Sumariva, a Criminologia tem como função linear: “Informar a sociedade e os poderes públicos sobre o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreeder cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com 11 CASTELO BRANCO, Vitorino Prata. Criminologia Biológica, Sociológica e Mesológica. Editora: Sugestões Literárias, São Paulo, 1980. 10 eficácia e de modo positivo no homem criminoso”12. Desse entendimento, o professor Sumariva conclui que que a função desta ciência é atender o ser humano com um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o crime, sempre se observando a o caráter dinâmico das relações humanas e do próprio crime, já que, para o autor, “a criminologia não é causalista com leis universais exatas e nem mera fonte de dados ou de estatística. Na realidade, trata- se de uma ciência prática, preocupada com problemas e conflitos concretos e históricos”. Capítulo 2 – DA FASE PRÉ-CIENTÍFICA À CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA E SUAS PRINCIPAIS ESCOLAS 2.1. Escola Clássica. A Criminologia como ciência só foi reconhecida a partir de meados do final do século XIX, entretanto, mesmo antes, alguns autores, dentro de sua respectiva área científica, já buscavam explicar o fenômeno criminológico. Segundo o professor Sérgio Salomon Shecaira, a obra do filósofo Cesare Bonesana, mais conhecido como o Marques de Beccaria, denominada de Dos Delitos e Das Penas foi o marco fundamental da Escola Clássica e de todo o pensamento revolucionário filosófico da época, o qual não só contextualizava seu momento histórico a partir do pontode vista da ascenção economica e social de membros da burguesia europeia que se voltava ao antigo regime monárquico, caracterizando-o como autoritário, opressor e arbitrário; mas que representa um marco o pensamento punitivo da época. Nesse sentido, ensina: A rigor, o que se explica sua importância para o direito penal moderno não é a originalidade nem tampouco o conteúdo específico de sua obra. Ele produziu uma síntese das ideias iluministas então em curso, algumas das quais bastante antigas. A concepção filosófico-penal de Beccaria foi a maior expressão da hegemonia da burguesia no plano das ideias penais, motivadas pelas necessidades 12 SUMARIVA, op. cit., p. 12 e 13. 11 de transformações políticas e econômicas.13 Observando os ensinamentos dos professores Alfonso Serrano Maíllo e Luiz Regis Prado, podemos nos situar melhor em como estava as relações jurídicas criminais no período da Criminologia Clássica: No século XVIII, as normas penais eram caóticas (...). Isso inclui que se saiba com uma exatidão mínima quais atos estão proibidos e quais são de cumprimento obrigatório, e ambos os casos sob a ameaça de uma pena, e quais são as penas que receberão no caso de incorrer em alguma de tais condutas. Assim sendo, naquela época predominava uma grande insegurança sobre quais condutas eram constitutivas de delitos e quais penas correspondiam a tais delitos14. Tamanha era a desproporção das penas implementadas naquele período que o renomado filósofo Michel Foucault assim transcreveu em seu livro “Vigiar e Punir: história da violência nas prisões” fazendo alusão às sentenças penais condenatórias estabelecidas naquele século: [Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras: [em seguida], na dita carroça, na praça, de Grève, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, pinche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quato cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.15 Todavia, em que pese o contexto histórico ser por demais importante para entender a Escola Clássica, ainda se deve questionar como essa escola compreendia o fenômeno do crime. Para tanto, nos recorremos das lições de 13 FREITAS, Ricardo de Brito A. P. Razão e Sensibilidade: fundamentos do direito penal moderno. Editora Juarez de Oliveira, Porto Alegre, 2000. p.145. 14 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis. Curso de Criminologia. 3ª Edição, revista, atualizada e ampliada, editora Revista dos Tribunais – São Paulo, 2016. p. 93 e 94. 15 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. 26ª Edição, Editora Vozes – Petrópolis, 2002. p. 9. 12 MAÍLLO e PRADO ao citar BECCARIA: A escola clássica parte da concepção do homem como um ser livre e racional que é capaz de refletir, tomar decisões e atuar em consequência. Em suas decisões, basicamente realiza um cálculo racional das vantagens e inconvenientes que lhe vai proporcionar sua ação, e atua ou não segundo prevaleçam umas ou outras; em sua terminologia, ‘o prazer e a dor’ são os motores da conduta humana. Quando alguém encara a possibilidade de cometer um delito, efetua um cálculoracional dos benefícios esperados (prazer) e os confronta com os prejuízos (sofrimento) que acredita vão derivar da prática do delito; se os benefícios são superiores aos prejuízos, tenderá a cometer a conduta delitiva.16 Nesse sentido, a sanção penal ou pena, segundo a Escola Clássica, devia possuir três características fundamentais para se alcançar a máxima prevenção do delito, quais sejam: Certeza – nem todos os delitos são punidos, por exemplo, porque não se prende o culpado ou por falta de provas. Pois bem, as sanções são tanto mais eficazes quanto mais seguras, ou provável seja sua imposição ao infrator. Se o número de delitos que se pune é relativamente elevado e, portanto, as possibilidades do castigo são elevadas, os prejuízos que haverá de levar em conta o delinquente potencial serão mais altos; se, ao contrário, é difícil que uma conduta delitiva seja punida, tenderá a delinquir com maior facilidade. Rapidez – se os castigos são impostos logo após a prática do fato delitivo, ou seja, com prontidão, terão um efeito preventivo maior do que se forem impostos após certo lapso. Isso se deve a que o homem busca prazeres e pricura evitar sofrimentos, mas sobretudo, próximos no tempo: quanto mais imediatos, mais peso tem. Por esse motivo, uma ação que potencialmente proporcione prazer imediato tenderá a ser escolhida se a sanção ou a dor anexa estiverem mais distanciadas. Severidade – penas severas, por sua duração ou pela intensidade do sofrimento que provocam, tendem a ser mais efetivas que as leves, 16 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 96 13 posto que significam sofrimento ou prejuízo maior. Esses autores também destacam ser fundamental que a sanção guarde proporcinalidade com o delito que se pune. A escola clássica, pois, não apenas não propõe o recurso a sanções crueis ou ao castigo dos inocentes, mas antes, ao contrário representa em geral uma reação contra os abusos e se esforça em denunciar sua inutilidadee sua injustiça. Da análise dessas três características, se pode observar que os autores da Escola Clássica se apresentavam contra a tortura como meir de prova, as penas capitais e as penas atrozes ou de punição excessiva, pois entendiam que ao invés de alcançar a prevenção do delito, pelo contrário, serviam na sociedade um efeito criminógeno, ou seja, ao revés de evitar o crime, tais sanções poderiam incentivar delitos mais graves. 2.2. Escola Positiva Ainda sob a influência do Iluminismo, se desenvolveu, em meados do século XIX, a Escola Positiva também conhecida como Escola Italiana, tendo como seus maiores expoentes o psiquiatra italiano Cesare Lombroso autor da obra “O Homem Delinquente”, seu sucessor Enrico Ferri autor de “Sociologia Criminal” e Rafael Garófalo com sua obra “Criminologia”. Obviamente, o surgimento da Escola Positiva não se deu de forma aleatória ou instantânea, muito pelo contrário, a doutrina atual reconhece que desde o início do século XIX autores como Adolphe Quetelet, o qual deu grandiosa contribuição com a Criminologia, ao desenvolver, baseado em publicações de dados estatísticos ocorridos na França em 1827, três preceitos criminologicos fundamentais, quais sejam: O crime é um fenômeno social; Os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão e Há várias condicionantes a prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima, etc. 14 Segundo o professor Nestor Sampaio Penteado Filho17, além desses três preceitos, Quetelet foi responsável por formular a teoria das leis térmicas, por meio da qual este autor teoriza que durante o inverno existe uma maior incidência da prática de crimes contra o patrimônio, já no verão os crimes contra a pessoa seriam os mais numerosos, enquanto que na primavera os crimes contra os costumes (sexuais) seriam cometidos em maior quantidade. No entanto, apesar de inovador e científico, a doutrina ensina que o próprio Adolphe Quetelet percebeu a limitação de sua teoria. Por ser baseada na esstatística, o autor percebeu que nem todos os crimes eram contabilizados (cifra negra), havendo assim, uma gama de delitos que não entravam para as estatísticas criminais da época, o que, por sua vez, tornou suas conclusões limitadasapenas ao crimes contabilizados. Daí a gradiosidade da teoria Lombrosiana, diferente dos pensadores da Escola Clássica cuja metologia era lógico-dedutiva, a Escola Positiva decidiu por estabelecer o método científico ao estudo do delito. Nas palavras de Maíllo e Prado: A metodologia racionalista da escola clássica – baseada no raciocínio consciente, mas desvinculado da observação empírica sistemática – parecia manifestamente insastisfatória nos anos de maior influência do positivismo ante a explicação e prevenção do delito: para essas funções resultava masis metafísica, e o conhecimento e a técnica humana não avançavam muito desse modo.18 Corroborando a ideia de que havia um aparente limite ao método lógico- dedutivo da Escola Clássica, o sociólogo Edwin Sutherland, assim se manifestou: É altamente intelectual. Assume uma liberdade da vontade que não deixa espaço para investigações ulteriores nem para esforços para prevenir o delito. O sistema de pensamento era essecialmente pré- científico e metafísico; o método foi a especulação superficial sem nenhuma análise detida de dados reais. 19 Nesse sentido, os defensores da Escola Positiva deram a observação e a experiência um papel decisivo na elaboração de suas teorias criminologicas. Cesare 17 PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. Editora Saraiva Educação, 8ª edição, São Paulo, 2018. p. 34. 18 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 108 19 SUTHERLAND, E.H. Principles of Criminology. 3ª edição, Chicago – 1939. p. 50 e 51. 15 Lombroso, por exemplo, realizou um minucioso estudo das caracterísitcas fisionômicas de criminosos e as comparou as estatísticas criminais da época. Em seu livro O Homem Delinquente, o autor anota detalhes como estrutura toráxica, peso, estatura, tipo de cabelo, formato do crânio, comprimento das mãos e das pernas, se possuíam ou não tatuagens nos presos, entre outros detalhes. Ao todo, ao final da 5ª Edição de sua obra, Cesare Lombroso já contava com pelo menos uma amostra de 66 crânios de delinquentes, além da análise antropométrica e fisionômica de outros 832 presos italianos20. A conclusão a que chegou Cesare Lombroso, segundo o professor Penteado Filho, foi de que “o crime não é uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser empregado”21. E mantendo a sua análise, continua o autor que, para Cesare Lombroso, “o criminoso é um ser atávico, um ser que regride ao primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial) que nasce criminoso, cuja degeneração é causada pela epilepsia, que ataca seus centros nervosos”22. Corroborando esse entendimento, recorremos ao lecionado por Bandeira e Portugal: Lombroso não esgota a sua abordagem na tipologia do delinquente nato, mas também do ‘louco moral’, o ‘delinquente epiléptico’, o ‘delinquente louco’, o ‘delinquente passional’, o ‘delinquente ocasional’, a ‘mulher delinquente’ e o ‘delinquente político’. Assim, a teoria lombrosiana sobre a criminalidade trata de integrar atavismo, morbidadee epilepsia.23 Até aqui, é possível perceber que, diferente da Escola Clássica, os positivistas se debruçaram em explicar a origem do crime por meio da análise do criminoso, sem, contudo, desprezar os fatores ambientais e sociais. Apesar de ficar evidente que, ao menos para Cesare Lombroso, os fatores exógenos não eram determinantes para a ocorrência delituosa. 20 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 109. 21 PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. op.cit., p. 34. 22 Ibid, p. 35. 23 BANDEIRA, Thais e PORTUGAL, Daniela. Criminologia. Superintendência de educação a distância da UFBA – 2017. p. 31. 16 Seguindo os ensinamentos de Cesare Lombroso, temos Enrico Ferri, criador da Sociologia Criminal. Seu pensamento difere um pouco de seu antecessor em razão daquele entender o fenômeno criminológico por fatores antropológicos, físicos e culturais. Segundo Penteado Filho: Ferri negou com veemência o livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade; entendeu que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e que a razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão). Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão. 24 Outro pensador destaque da Escola Positiva é o jurista Rafael Garófalo, quem foi responsável por dar o nome Criminologia a esta ciência e, segundo Penteado Filho, também afirmou que: O crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste, criou o coneito de temibilidade ou periculosidade, que seria o propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve se temer em face deste; fixou, por derradeiro, a necessidade de conceber outra forma de intervenção penal – a medida de segurança (...). Classificou os criminosos em natos (instintivos), fortuitos (de ocasião) ou pelo defeito moral especial (assassinos, violentos, ímprobos, e cínicos), propugnando pela pena de morte aos primeiros.25 E dando continuidade ao desenvolvimento do método científico estabelecido pela Escola Positiva, porém com um enfoque diferente, muito mais voltada a análise dos fatores exógenos ao indivídiuo deliquente, temos a fundação da Universidade de Chicago, em 1892, cujo Departamento de Sociologia dos Estados Unidos, contribuíu de forma brilhante ao desenvolvimento de uma nova forma de se estudar o fenõmeno criminológico. 2.3. Teorias da Socialização Deficiente/ Teoria Ecológica (Escola de Chicago). Os intelectuais da Escola de Chicago foram os responsáveis por desenvolver diversas pesquisas científicas na área da Sociologia Criminal, cujo enfoque estava no estudo do comportamento humano e social, baseados em preceitos teóricos e, fundamentalmente, na observação objetiva. 24 Ibid., p. 36. 25 Idem, p.36 17 No entanto, diferentemente de seus antecessores positivistas, os membros da Escola de Chicago, não consideravam os fatores biológicos como preponderantes para a explicação da origem do crime, muito pelo ccontrário, essa escola tem como principal característica o interacionismo simbólico e a ecologia humana. O primeiro corresponde, nas palavras de Maíllo e Prado: “Essa perspectiva parte da importancia que a sociedade tem para os individuos; estes se movem em grupos mais ou menos pequenos e íntimos e se comunicam, interagem, inter-relacionam por meio da linguagem; e é precisamente essa interação que influi em sua personalidade e em sua conduta. A imagem que alguém tem de si mesmo, do mundo em que vive e, em geral, das situações que se lhe apresentam se forma principlamente a partir das concepções dos demais”.26 Essa escola também ficou marcada pela sua metodologia voltada a observação participante que consistia num acompanhamento por parte do investigador com a pessoa ou grupo que estava sendo pesquisado, ou seja, o investigador basicamente convivia com as pessoas investigadas. Já quanto a teoria da Ecologia Humana, assim ensina Maíllo e Prado: Partindo de um enfoque semelhante, que se tinha utilizado no estudo das plantas, propugnou-se o estudo da ecologia humana, a qual se ocupa das relações dos seres humanos com seu meio, ou mais concretamente das relações que tem as pessoas no hábitat urbano.27 Tendo esses preceitos em mente, o sociólogo Ernest Burgess destacou em seus estudos que as cidades americanas tendiam a se organizar, idealmente, formando círculos concêntricos. Nessa linha de pensamento, a zona central corresponderia, às cidades americas da época, aos locais de negócios e indústria; segundo o autor, em seguida teríamos as zonas em transição, local onde os menos ricos residiam e à medida em que se afastava do centro era possível observar um aumento da condição econômica-finaceira das familias que ali se estabeleciam, culminando com conhecidos subúrbios americanos,ou bairros residenciais.28 26 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 120. 27 Ibid., p. 122. 28 BURGES, Ernest W. The growth of the city: an introduction to a research Project. In: PARK, R.E et al. The city. Suggestions for the investigation of human behavior in the urban environment. Chicago e London: the university of chicago press – 1984. 18 E reconhecendo as investigações de Ernest Burgess entre outros, Clifford Shaw e H. D. Mckay desenvolveram a teoria da desorganização social, a qual consiste na ideia de que “os delinquentes não estão distribuídos de maneira uniforme pelas cidades, mas se concentram em determinadas zonas”29. Esses autores observaram que as áreas em que os delinquentes se estbeleciam possuíam algumas características, quais sejam: Baixo status socioeconômico – muitas famílias recebiam subsídios, suas rendas médias eram baixas, poucos eram proprietários de sua residência; Alta mobilidade da população – ou seja, a população tendia a se mudar e, portanto, os mesmos grupos não ficavam muito tempo nelas e a população tendia a baixar. Nisso influía o fato de que ditas zonas se caracterizavam por um alto grau de deterioração física, como as explorações industriais já mencionadas ou edifícios demolidos ou danificados e, portanto, eram poucos atrativos como residencias; e Concentração de grupos pertencentes as minorias – sobretudo imigrantes e negros, o que conduzia a que em tais zonas houvesse certa heterogeneidade. Com essas premissas reconhecidas, os pensadores da Escola de Chicago concluíram que que a criminalidade e comportamentos deviantes podiam ser, até certo ponto, controlados pela própria comunidade (controle social informal) e em menor medida por controles formais como as instituições govenamentais como a polícia. No entanto, eles também reconheciam que para que esse controle informal fosse efetivo era necessário que os membros dessas comunidades, possuam entre si o reconhecimento de que fazem parte daquele comunidade e se identifiquem com aquela cidade, bairro, localidade, etc. Daí um dos problemas observados nas famílias de imigrantes e negros, essencialmente, a maior parte deles só habitavam 29 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 124. 19 certas localidades de estrutura precária, em razão dos poucos recursos que possuíam, tanto que tão logo se melhovara a condição financeira familiar, tais famílias tediam a se mudar para outras localidades, deixando seus membros, inclusive, de praticar certos delitos ou comportamentos desviantes. Nesse sentido conclui James F. Short citado por Maíllo e Prado: “portanto, nem o tratamento ou prevenção individual nem a intervenção policial ou os recursos a sanções se apresentavam como muito promissores em dito trabalho – o qual originou reações fortemente adversas. O que se tinha de fazer, pelo contrário, era devolver à comunidade o controle dos bairros e, consequentemente, do delito”.30 E, talvez, de forma até inovadora para sua realidade, o sociólogo Clifford R. Shaw também idealizou e dirigiu um programa de prevenção e tratamento da delinquência juvenil chamado de Chicago Area Project (CAP), em 1932, o qual acabou sendo um grande destaque e seus fundamentos ainda são utilizados ainda hoje. 2.4. Teoria da Associação Diferencial. Outra teoria que ganhou grande destaque nos estudos de Criminologia é a Teoria da Associação Diferencial desenvolvida por Edwin H. Sutherland, o qual depois trabalhar junto aos pensadores da Escola de Chicago, acabou por desenvolver sua própria teoria a partir, obviamente, do interacionismo simbólico. De acordo com essa teoria, o criminoso é um pessoa como qualquer outra, e assim como em qualquer atividade o delinquente é possui a capacidade de aprender. Nesse sentido, o sociólogo Edwin Sutherland visava desconstituir a ideia de hereditariedade criminógena, conforme podemos inferir de Maíllo e Prado: A aprendizagem do delito – na verdade, de qualquer conduta – ocorre basicamente mediante processos de interação, de comunicação com outras pessoas, m especial nos pequenos grupos íntimos e nas relações diretas, tanto verbais como gestuais.31 De suas teorias sobre a Associação Diferencial, Edwin Sutherland destacou um novo paradigma a ser estudo pela Criminologia, o autor definiu que o crime pode ser cometido por qualquer pessoa, independenmente, de sua herença genética e do 30 MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis, op.cit., p. 128. 31 Ibid., p. 132. 20 seu local de moradia, mas ainda sujeita a fatores sociais relevantes. Dessa forma, e diferentemente do que seus antecessores apresentaram, até então, o renomado sociólogo apresentou a cifra oculta dos crimes do colarinho branco. Tal quebra de paradigma ocasionou uma nova forma de pensar não só do delinquente, mas também das peculiaridades criminosas de acordo com a classe social do criminoso. Assim como, permitiu que autores como o também sociólogo Robert Merton questionassem como os meios de controle social formais e informais agiam de acordo com essa diferença entre os crimes praticados e punidos por delinquentes pobres e ricos. Nesse sentido, ensina o professor, filósofo, sociólogo e jurista Alessandro Baratta: As primeiras mostravam quão grande era a discrepância entre as estatísticas oficiais da criminalidade e a criminalidade oculta, especialmente no caso da criminalidade, predominantemente econômica, de pessoas ocupantes de posições sociais de prestígio. Por isso, a teoria da maior exposição dos estratos sociais inferiores à delinquência era integrada com esses dados, e o principio da espcífica exposição das classes pobres ao desvio inovador encontrava um terreno fecundo de controle, devendo-se verificar até que ponto a criminalidade de colarinho branco podia explicar-se com a discrepância entre fins culturais e acesso aos meios institucionais.32 Do anteriormente desenvolvido por Edwin Sutherland, deriva para autores como Robert Merton o suficiente para a elaboração de sua própria teoria a fim de alcançar de forma satisfatória o que, em tese, a teoria da Associação Diferencial não conseguiu responder. Capítulo 3 – AS TEORIAS CRIMINOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS 3.1. Teoria da Anomia. Anomia é uma palavra cuja origem é o grego e significa sem lei (a = ausência; nomos = lei), e seu conceito dentro da Criminologia foi amplamente 32 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e crítica ao Direito Penal: Introdução à Sociologia do Direito Penal. Instituto Carioca de Criminologia, 3ª edição, editora Revan – Rio de Janeiro, 2002. p. 34 e 35. 21 desenvolvido pelo sociólogo, filósofo e antropólogo Émile Durkheim, o qual conceituava anomia como sendo aquele estado social de ausência, falta ou desintregação de normas. Segundo Shecaira33, a acepção da palavra conforme os ideais de Durkheim podem ser resumidos nas seguintes proposições: A situação existente de transgressão das normas por quem pratica ilegalidades – é o caso do delinquente; A existencia de um conflito de normas claras, que tornam difícil a adequação do indivíduo aos padrões sociais; A existência de um movimento contestátório que descortina a inexistência de normas que vinculem as pessoas num contexto social. É a chamada crise de valores, causadora das grandes mudanças comportamentais de nosso tempo. Obviamente, não importa qual proposição seja considerada, todas representam uma ruptura aos padrões sociais pré-estabelecidos. O filósofo Émile Durkheim acaba por desenvolver a teoria da estrutural-funcionalista da anomia dando uma olhar diverso do fenômeno criminôgeno muito diferente do que se tinha estabelecido em sua época e que, posteriormente, foi desenvolvido pelas Escolas Clássica, Positiva, de Chicago e etc. Ressalta-se que o Pai da Sociologia, segundo lições de Alessandro Baratta34, entende que: As causas do desvio não devem ser pesquisados nem em fatores bioantropológicos e naturais (clima, raça), nem em uma situação patológica da estrutura social. O desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social. Somente quando são ultrapassados determinados limites, o fenômeno do desvio é negativo para a existência e o desenvolvimento da estrutura social, seguindo-se um estado de desorganização, no qual todo o sistema de regras de conduta perde valor, enquanto um novo sistema não se afirmou (esta 33 SHECAIRA, Sergio Salomão. Criminologia. Editora Revista dos Tribunais, 8ª edição, revista, atualizada e ampliada – São Paulo, 2020. p. 247 34 BARATTA, op cit., p. 59 e 60. 22 situação de “anomia”). Ao contrário, dentro de seus limites funcionais, o comportamento desviante é um fator necessário e útil para o equilíbrio e o desenvolvimento sócio-cultural. Nesse sentido, o conceito de anomia de Emile Durkheim se fundamenta na ideia de consciência coletiva ou comum, o que, por sua vez, corresponde, nas lições de Sergio Shecaira, a um “conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade e que forma um sistema determinado que tem sua vida própria”35. Para Émile Durkheim, não existe sociedade sem criminalidade, logo a criminalidade faz parte da vivência social, assim como a conduta não desviante. E o autor ainda vai mais além em seu raciocínio, entende ele que o crime possui uma funcionalidade social, ou seja, ele serve de parâmetro para o desenvolvimento da própria sociedade. Como bem leciona o professor Alessadro Baratta: Este paradoxo se explica tendo em vista aquilo em que consiste a normalidade e funcionalidade do delito para o grupo social: em primeiro lugar, o delito, provocando e estimulando a reação social, estabiliza e mantém vivo o sentimento coletivo que sustenta, na generalidade dos consócios, a conformidade às normas. Mas o delito é também um fenômeno de entidade particular, sancionado pelo direito penal. O fato de que a autoridade pública, sustentada pelo sentimento coletivo, descarregue a própria reação reguladora sobre fenômenos de desvio que atingem a intensidade do crime, permite uma maior elasticidade em relação a outras setores normativos, e torna possível, desse modo, mediante o desvio individual, a transformação e a renovação social. Nesse sentido, o fato criminoso só será realmente relevante, segundo a filosofia de Émile Durkheim, quando afetar a consciência coletiva para além do aceitável socialmente por aquela mesma sociedade. O que provocaria uma reação social contrária ao delito, o que por sua vez exigirá das intituições de controle social a sanção daquela conduta criminosa. Ou numa outra perspectiva, provocará a revalorização dos preceitos sociais a fim de não mais considerar aquela conduta como criminosa. Outro sociólogo que, aprovetando os ensinamentos de Emile Durkheim, também desenvolveu a teoria da Anomia no sentido de demonstrar o quanto certas 35 SHECAIRA, op. cit., p. 247. 23 estruturas sociais precionam membros da sociedade para que sigam condutas não conformistas, ao invés de seguir os valores socialmente aprovados, foi Robert King Merton. Este autor, ao definir a estrutura cultural como, segundo Sérgio Shecaira, “o conjunto de valores normativos que governam a conduta comum dos membros de uma determinada sociedade ou grupo”36 e por estrutura social, nada mais, nada menos que “o conjunto organizado de relações sociais, no qual os membros da sociedade ou grupo são implicados de várias maneiras”37, acaba por definir que a conduta criminosa advém da relação desbalanceada de pressão sofrida pelo indivíduo entre a estrutura cultural em relação as contradições da etrutura social. De uma maneira mais simples, significar dizer: A anomia, fomentadora da criminalidade, advém do colapso na estrutura cultural, especialmente de uma bifurcação aguda entre as normas e objetivos culturais e as capacidades (socialemente estruturadas) dos membros do grupo de agirem de acordo com essa normas e objetivos. Para Robert Merton, o crime se origina no momento em que o indivíduo ao se ver inserido em uma determinada sociedade (ou grupo), a qual exige de seus membros que sejam bem sucedidos e este indivíduo percebe não possuir os meios adequados para alcançar o sucesso exigido, busca no crime uma forma de alcançar seu objetivo. Entretanto, nem todos buscarão o crime como alternativa, assim o autor previu cinco tipos de adaptação (adequação social) possíveis aos membros de uma sociedade, segundo Alessandro Baratta38, quais sejam: Conformidade – corresponde à adesão aos fins culturais, sem respeito aos meios institucionais. Ritualismo – corresponde ao respeito somente formal aos meios institucionais, sem a persecução dos fins culturais. Inovação – corresponde a adesão aos fins culturais, sem o respeito aos meios institucioanis. 36 SHECAIRA, op. cit., p. 255. 37 Idem, p. 255. 38 BARATTA, op cit., p. 64. 24 Apatia – corresponde a negação tanto dos meios institucionais quanto dos fins culturais. Rebelião – corresponde, não à simples negação dos fins e dos meios institucionais, mas a afirmação substitutiva de fins alternativos, mediante meios alternativos. Segundo essas premissas, o criminoso seria classificado como parte da INOVAÇÃO, pois compreende àquele indivíduo que pressionado pela estrutura cultura que vive e não possuindo os meios institucionais para alcançar, por exemplo, a riqueza, recorre ao crime como um atalho ao seu objetivo (fins culturais). 3.2. Teoria do Etiquetamento, Rotulação ou Paradigma da Reação Social. O desenvolvimento dessa teoria reflete muito do que as sociedades estadunidense e europeia ocidental estavam vivendo em meados de 1960. Nos EUA, por exemplo, varios movimentos sociais ganharam destaque sob a bandeira da igualdade social, de gênero e negação a guerra e ao grandemente incentivado american way of life. Essa quebra de paradigma também se refletiu na Criminologia, o que servio de subtrato para uma teoria que, novamente, passou a analisar o fenômeno criminológico por uma outra perspectiva. Enquanto o clássicos pensavam no criminoso como um ser humano comum que utlizava de seu livre-arbítrio para cometimento de seus delitos, enquanto os positivistas viam no criminoso um ser pouco evoluído que trazia consigo um herança genética capaz de fazê-lo predisposto ao delito, enquanto a escola de chicago se preocupava em analisar o criminoso a partir do local onde ele residia e sua interação com ele e a teoria da anomia se orientava seus estudos no sentido de identificar a relação que a estrutura cultural e social exigiam deste indivíduo uma certa conduta ou o alcance de certos parâmetros sociais previamente estabelecidos. A teoria do Etiquetamento irá questionar, entre outros preceitos, o “por quê de tal ou tais condutas são consideradas crimes?”. Nesse sentido, os teóricos dessa teoria deixam de lado a tentativa de explicar o fenômeno criminológico por meio da ação do indivíduo e passam a ver no ato criminoso uma reação aos preceitos sociais e culturais estabelecidos. 25 O criminoso, então, é um indivíduo que ao cometer um delito acaba por ser etiquetado ou rotulado (desviação primária) e assim será tratado pelas instituições formais (ex.: a polícia, o ministério público, o judiciário, etc.) e informais (ex.: os meios de comunicação, as mídeas sociais, etc.) como criminoso em um caráter perpétuo, o qual por sua vez implicarão na pessoa do delinquente a crença de ele é essencialmente um criminoso (desviação secundária). Ou seja, o próprio delinquente passa a se ver como criminoso e, portanto, deve agir como tal. Nessa concepção, ao estigmatizar um indivíduo como criminoso, os meios institucionais formais e informais acabam por criar um ciclo de reincidência criminal. Nesse sentidoensina Sérgio Shecaira: Neste passo, há que se fazer uma breve recapitulação para melhor compreensão dos novos conceitos introduzidos pelos adeptos dessa teria. A desviação primária é poligenética e se deve a uma variante de fatores culturais, sociais, psicológicos e sociológicos. A desviação secundária traduz-se num resposta de adaptação ao problemas ocasionados pela reação social à desviação primária. Surge a teoria do estigma, etiqueta ou rótulo, status diferenciado que vai aderir ao autor do crime e com o qual ele interagirá. Toda reação à conduta criminal passa por cerimônias degradantes, processos ritualizados a que é submetido o réu e que atinge a autoestima do agente do delito. Quando a reação à conduta criminal é uma pena privativa de liberdade, nasce um processo institucionalizador que recolhe o condenado a um local isolado de moradia com rotina diária e administração formal. As consequências disso serão, sempre, a acentuação da carreira criminal e a institucionalização do condenado, potencializando-se a recidiva. A interação e a autoimagem tendem a polarizar-se em torno do papel do desviante, o que cria o role engulfment (grifo nosso). 39 Ao tentar entender melhor esta teoria, algumas considerações precisam ser melhor explanadas, de início é tentar compreender o conceito de desviação primária, a qual nada mais é do que o primeiro delito praticado por um indivíduo que, segundo esta teoria, pode ser originado por diversos fatores de cunho pessoais, sociais, culturais, econômicos, etc. Nesse sentido, ensina Alessadro Baratta: Se reporta, pois, a um contexto de fatores sociais, culturais e psicológicos, que não se centram sobre a estrutura psíquica do indivíduo, e não conduzem, por si mesmos, a uma ‘reorganização da atitude que o indivíduo tem para cosigo mesmo, e do seu papel 39 SHECAIRA, op. cit., p. 340. 26 social’.40 A desviação secundária, por sua vez, compreende ao ciclo de continuidade delitiva que, segundo a teoria da rotulação, equivale a reação social da sociedade em face do delito cometido, por intermédio dos meios formais e informais de controle social, os quais passam a tratar o indivíduo como um ser a parte da própria sociedade; taxando-o, etiquetando-o ou rotulando-o como criminoso. Como bem se observa: Os devios sucessivos à reação social (compreendida a incriminação e a pena) são fundamentalmente determinados pelos efeitos psicológicos que tal reação produz no indivíduo objeto da mesma; o comportamento desviante (e o papel social correspondente) sucessivo à reação ‘torna-se um meio de defesa, de ataque ou de adaptação em relação aos problemas manifestos e ocultos criados pela reação social ao primeiro desvio’.41 Ainda se deve ressaltar a observação feita pelo Sérgio Shecaira ao afirmar: Muitas instituições destinadas a desencorajar o comportamento desviante operam, na realidade, de modo a perpetuá-lo. Essas instituições acabam reunindo pessoas que estão a margem da sociedade em grupos segregados, o que a eles a oprtunidade de ensinar uns aos outros as habilidades e comportamentos da carreira delinquente e, até mesmo, provocar o uso dessas habilidades para reforçar o senso de alienação do resto da sociedade.42 Já quanto as cerimônias degradantes e a institucionalização, podemos nos socorrer das lições de Sergio Shecaira, para o qual os primeiros correspondem aos “processos de ritualizados a que se submetem os envolvidos com um processo criminal, em que um indivíduo é condenado e despojado de sua identidade, recebendo uma outra degredada”43. Enquanto que a segunda, corresponde ao modo de vida dos detentos nas casas penais que, em um primeiro momento, acabam por ser uma novidade imposta pela instituição de controle formal, porém que, num segundo momento, passa a ser, para o detento, um modo de vida. E por fim, outro conceito fundamental a ser entedido sobre esta teoria é a concepção de Role Engulfment, a qual, por uma tradução livre corresponde ao 40 BARATTA, op cit., p. 90. 41 BARATTA, op cit., p. 90. 42 SHECAIRA, op. cit., p. 331. 43 Ibid, p. 332. 27 envolvimento do indivíduo com o papel que ele deve interpretar, ou seja, é o envolvimento que o delinquente irá adquirir em relação a desviação secundária e o quanto ele irá se envolver com aquela condição de delinquente. Nas palavras de Sergio Shecaira: Role engulfment – à medida que o mergulho no papel desviado cresce, há uma tendência para que o autor do delito defina-se como os outros o definem. A personalidade do agente se referenciará no papel do desviado ainda que ele se defina como não desviado.44 Capítulo 4 – DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA 4.1. O modelo Tripartido de Franz Von Liszt Criminologia Direito Penal Política Criminal Ocupa-se com o estudo da origem do crime. Volta-se para o estudo, a interpretação e a sistematização das normas penais. Compreende as políticas de prevenção ao crime. Durante muito tempo, a doutrina majoritária de Direito Penal ou Dogmática Penal, acreditou que tanto a Criminologia quanto a Política Criminal seriam disciplinas ou ciências auxiliares ao Direito Penal. No entanto, com o tempo, a doutrina majoritária percebeu a diferença de objeto de estudo de cada uma dessas ciências e seus respectivos métodos de análise. Muito desse entendimento adveio dos ensinamentos do jurista alemão Franz Von Liszt e sua teoria que ao perceber a complexidade e a importancia do Direito Penal para a sociedade, em razão, logicamente, dele lidar exatamente com as relações humanas indesejadas. Este autor foi o primeiro a pensar nos fenômenos criminológicos a partir de uma visão interdisciplinar, para o qual chamou de modelo 44 Ibid, p.331. 28 tripartido da Ciência Total do Direito Penal ou Ciência Conjunta do Direito Penal. Bandeira e Portugal ao analisar a doutrina de Von Liszt, ensina: Para o autor alemão, existiria a necessidade do estudo da infração penal a partir de uma abordagem total que reunisse o objeto de estudo da Dogmática Criminal, da Criminologia e da Política Criminal, todas ligadas em uma unidade funcional, mas com campos de observação autônomos.45 O modelo de Von Liszt reconhecia que a Dogmática Penal, sozinho, era insuficiente para entender e explicar o fenômeno da criminalidade, tão pouco era capaz de prevení-lo. Daí socorrer-se da Criminologia e da Política Criminal, a primeira voltada para explicar a origem do crime, o criminoso, suas razões e motivações, enquanto que a segunda auxiliava a Dogmática Penal pensando em políticas futuras de prevenção criminal. Conforme podemos inferir dos ensinamentos do Doutor Mario Lucio Garcez Calil: Tal Criminologia, denominada de Criminologia Positivista, cumpria a função de ciência auxiliar da Dogmática Penal, munindo-a de conhecimentos antropológicos psicológicos e sociológicos para a construção dos conceitos dogmáticos de interpretação da lei penal, bem como da sua operacionalização para ser aplicada pelas agências judiciárias.46 No entanto, deve-se ressaltar que o modelo tripartido de Von Liszt, apesar de inovador só se apresentou eficiente na medida que os conceitos criminlógicos serviam como auxiliares aos preceitos da Dogmática Penal. A medida que a Criminologia se tornou mais complexa e buscou na relação homem-sociedade novos paradigmas criminológicos, novos problemas foram levados ao modelo tripartido de Von Liszt. Conforme podemos observar: A Criminologia “positiva” foi estudada durante a maior parte do século XX. Em determinado momento, todavia, recebeu nova modelagem, passando a julgar o Direito Penal e sua própria roupagem, passando a não existir por si e per si, mas, sim, a ser socialmente construíd, convertendo o sistema penal em seu objeto e problemática. A criminologia etiológica e o direito penal dogmático são denunciados por su função instrumentalizadora e legitimadorada seletividade. Nasce uma nova problemática para a Política Criminal, 45 BANDEIRA, Thais e PORTUGAL, Daniela. Criminologia. Superintendência de Educação a Distância, 2017. p. 24. 46 CALIL, Mario Lucio Garcez et all. Ensinar Criminologia entre Liszt e Baratta. Revista de Direito Brasileira, Florianópolis – 2020, p. 473. 29 concernente a prisão e ao sistema penal.47 Nesse sentido, ao criticar toda a estrutura da Dogmática Penal e do sistema jurídico e carcerário, a Criminologia evoluiu como ciência e acabou por não mais condizir com a condição de ciência auxiliar modelada pela Ciência Total do Direito Penal. Com o tempo, pensar na estrutura tripartite de Von Liszt deixou de ser um pensar dogmático penal que buscava na Criminologia e na Política Criminal meios auxiliares para explicar seus próprios conceitos e teorias e passou a se pensar de forma multidisciplinar e interdisciplinar. Da mesma forma, a Política Criminal se distanciou da Dogmática Penal ao estabelecer parâmetros próprios na tentativa da alcançar a prevenção delituosa. Nesse sentido, Penteado Filho48 destaca o menos três modelos de prevenção fundamentais: Prevenção Primária – ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança, etc.); aqui desponta a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais progressiva e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva, a prevenção primária liga-se a garantia de educação, saúde, trabalho, segurança e qualidade de vida do povo, instrumentos preventivos de médio e longo prazo. Prevenção secundária – destina-se a setores da sociedade que podem vir a padecer do problema criminal e não ao indivíduo, manifestando-se a curto e médio prazo de maneira seletiva, ligando-se à ação policial, programas de apoio, controle das comunicações, etc. Prevenção terciária – voltada ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência (sistema prisional; realiza-se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade assistida, a prestação de serviços comunitários, etc. 47 Ibid., p. 474. 48 PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. Editora Saraiva Educação, 8ª edição, São Paulo – 2018, p.107. 30 Bibliografia BANDEIRA, Thais e PORTUGAL, Daniela. Criminologia. Superintendência de Educação a Distância, 2017. BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e crítica ao Direito Penal: Introdução à Sociologia do Direito Penal. Instituto Carioca de Criminologia, 3ª edição, editora Revan – Rio de Janeiro, 2002. BURGES, Ernest W. The growth of the city: an introduction to a research Project. In: PARK, R.E et al. The city. Suggestions for the investigation of human behavior in the urban environment. Chicago e London: the university of chicago press – 1984. CALIL, Mario Lucio Garcez et all. Ensinar Criminologia entre Liszt e Baratta. Revista de Direito Brasileira, Florianópolis – 2020. CASTELO BRANCO, Vitorino Prata. Criminologia Biológica, Sociológica e Mesológica. Editora: Sugestões Literárias, São Paulo, 1980. FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. Revista dos Tribunais, 1ª Edição, 2012. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. 26ª Edição, Editora Vozes – Petrópolis, 2002. FREITAS, Ricardo de Brito A. P. Razão e Sensibilidade: fundamentos do direito penal moderno. Editora Juarez de Oliveira, Porto Alegre, 2000. HAIDAR, Caio Abou e ROSSINO, Isabela Bossolani. Redescobrindo a Vitimologia: Estudos Contemporâneos da Vitimização Quaternária e da Influência Midiática na Criminologia. Artigo científico. Acesso em: https://sites.usp.br/pesquisaemdireito- fdrp/wp-content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf. MAÍLLO, Alfonso Serrano, PRADO, Luiz Regis. Curso de Criminologia. 3ª Edição, revista, atualizada e ampliada, editora Revista dos Tribunais – São Paulo, 2016. MENEZES, Cristiano. Noções de Criminologia. Acesso em: (PDF) NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA Professor Cristiano Menezes Instituto Marconi | Emerson Zacarella - Academia.edu. PABLOS DE MOLINA, Antonio Garcia. Criminologia: una introducción y sus fundamientos teóricos. Editorial Tirant lo Blanch, 2007. PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. Editora Saraiva Educação, 8ª edição, São Paulo, 2018. SHECAIRA, Sergio Salomão. Criminologia. Editora Revista dos Tribunais, 8ª edição, revista, atualizada e ampliada – São Paulo, 2020. https://sites.usp.br/pesquisaemdireito-fdrp/wp-content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf https://sites.usp.br/pesquisaemdireito-fdrp/wp-content/uploads/sites/180/2017/01/caio-haidar.pdf https://www.academia.edu/5830920/NO%C3%87%C3%95ES_DE_CRIMINOLOGIA_Professor_Cristiano_Menezes_Instituto_Marconi https://www.academia.edu/5830920/NO%C3%87%C3%95ES_DE_CRIMINOLOGIA_Professor_Cristiano_Menezes_Instituto_Marconi https://www.academia.edu/5830920/NO%C3%87%C3%95ES_DE_CRIMINOLOGIA_Professor_Cristiano_Menezes_Instituto_Marconi 31 SUMARIVA, Paulo. Criminologia: Teoria e Prática. Editora Impetus, 3ª Edição, Revista, Ampliada e Atualizada, 2021. SUTHERLAND, E.H. Principles of Criminology. 3ª edição, Chicago – 1939. SUTHERLAND, Edwin H. Apud FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. Revista dos Tribunais, 1ª Edição, 2012. ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro – parte geral. Revista dos Tribunais, 12ª Edição, 2018.
Compartilhar