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A criminologia positiva, em que pese ter impulsionado a cientifização da criminologia e, portanto, do próprio desenvolvimento das teorias criminoló...

A criminologia positiva, em que pese ter impulsionado a cientifização da criminologia e, portanto, do próprio desenvolvimento das teorias criminológicas, atualmente sofre críticas radicais, em especial, pelo fundamento etiológico apresentado desde Cesare Lombroso, na obra “O homem delinquente”. Assim, a perspectiva naturalista foi objeto de desconstrução no desenvolvimento das teorias criminológicas, pois, segundo Alessandro Baratta, na obra “Criminologia Crítica e Crítica ao Direito Penal, “a criminologia contemporânea, dos anos 30 em diante, se caracteriza pela tendência de superar as teorias patológicas da criminalidade, ou seja, as teorias baseadas sobre as características biológicas e psicológicas que diferenciam os sujeitos “criminosos” dos indivíduos “normais”, e sobre a negação do livre arbítrio mediante um rígido determinismo. Essas teorias eram próprias da criminologia positivista que, inspirada na filosofia e na psicologia do positivismo naturalista, predominou entre o final do século passado e princípios deste”. Tal tendência à superação do paradigma etiológico nos permite entender a virada criminológica, ou seja, da essencialização do crime à análise das estruturas de poder que seletivamente criminalizam as chamadas condutas criminosas, naquilo que a criminologia crítica, a grosso modo, denominará a reação social. Nesse sentido, destacamos o que sustenta o prof. Salo de Carvalho, no texto “Perspectivas metodológicas na criminologia crítica brasileira: diretrizes fundacionais e mapeamento de fontes de referência, quando afirma o seguinte: “Como é sabido, a criminologia crítica, ao romper com o paradigma etiológico causal, deslocou sua análise da dimensão classificatória para a dimensão do poder. De uma microcriminologia que orbitava em torno da criminalidade, a crítica direciona seus questionamentos para as formas estruturais e institucionais da violência e, em consequência, aos processos de criminalização. Não por outra razão, seletividade e imunidade são temas-chave na produção crítica. Ocorre que

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José Rocha Filho rocha

Vamos analisar os argumentos fundamentais de três teorias criminológicas que contribuíram significativamente para a desconstrução da perspectiva etiológica do positivismo criminológico:


1. **Teoria do Labelling Approach (Abordagem do Etiquetamento)**:

  - Fundamento: Esta teoria argumenta que a criminalidade não é inerente a certos indivíduos, mas é construída socialmente por meio de processos de rotulagem. Em vez de focar nas características biológicas ou psicológicas dos indivíduos, o Labelling Approach enfatiza como as instituições sociais, como o sistema de justiça criminal, atribuem rótulos de "criminoso" a certos comportamentos e grupos sociais. Essa rotulagem pode resultar na auto-realização do rótulo, levando os indivíduos a adotarem comportamentos criminosos que, de outra forma, não teriam adotado. Assim, essa teoria destaca a importância dos processos sociais e das interações na construção da criminalidade, em vez de atribuí-la a fatores individuais.


2. **Teoria Crítica**:

  - Fundamento: A perspectiva crítica da criminologia critica as estruturas de poder que estão por trás da criminalização seletiva de certos comportamentos e grupos sociais. Em vez de buscar explicações biológicas ou psicológicas para o crime, essa teoria questiona como as instituições sociais, como o sistema de justiça criminal, são moldadas por relações de poder que privilegiam certos grupos em detrimento de outros. Ela destaca como o sistema de justiça criminal pode ser usado para controlar e manter o status quo, marginalizando grupos sociais vulneráveis e perpetuando desigualdades sociais e econômicas. Portanto, a teoria crítica enfatiza a importância de analisar as estruturas sociais e institucionais na compreensão do crime, em vez de simplesmente atribuí-lo a características individuais.


3. **Teoria do Conflito**:

  - Fundamento: A teoria do conflito na criminologia enfatiza como o crime surge devido a conflitos entre diferentes grupos na sociedade. Em vez de focar em características individuais, essa teoria destaca como as desigualdades de poder e recursos podem levar à criminalidade. Ela argumenta que grupos marginalizados ou oprimidos podem recorrer ao crime como uma forma de resistência ou adaptação a essas desigualdades. Além disso, a teoria do conflito também examina como o sistema de justiça criminal pode ser usado para proteger os interesses dos poderosos e reprimir dissidências políticas, ampliando ainda mais as disparidades sociais. Portanto, essa teoria destaca a importância de considerar os conflitos de interesse na análise do crime, em vez de atribuí-lo a fatores individuais.


Essas três teorias criminológicas oferecem perspectivas alternativas à abordagem etiológica do positivismo criminológico, destacando a importância dos processos sociais, das estruturas de poder e dos conflitos na compreensão do crime e da criminalização. Ao desafiar as noções de determinismo biológico ou psicológico, essas teorias contribuíram significativamente para uma compreensão mais complexa e contextualizada do fenômeno criminal.

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