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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMERGÊNCIA EM NEFROLOGIA 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
EMERGÊNCIA EM NEFROLOGIA 
 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 
 
ATENDIMENTO AO ALUNO 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
 
 
 
 
mailto:editora
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
ANATOMIA RENAL .................................................................................................................... 5 
FISIOLOGIA RENAL .................................................................................................................. 9 
HEMODIÁLISE ......................................................................................................................... 14 
EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA NO BRASIL ........................................... 17 
TERAPIAS DIALÍTICAS ATUAIS ............................................................................................. 23 
GLOMERULOPATIAS .............................................................................................................. 33 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO......................................................................................... 35 
INCIDÊNCIA ............................................................................................................................. 36 
NEFROPATIA DE REFLUXO................................................................................................... 40 
NEFRITE LÚPICA .................................................................................................................... 43 
NEFROPATIA DIABÉTICA ....................................................................................................... 45 
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ................................................................................ 48 
NEFROLITÍASE ........................................................................................................................ 52 
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................................................ 57 
TRATAMENTO ......................................................................................................................... 57 
MÉTODOS DIALÍTICOS NA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................. 58 
DOENÇA RENAL CRÔNICA.................................................................................................... 59 
PRINCÍPIOS BÁSICOS ............................................................................................................ 63 
APARELHO PARA HEMODIÁLISE ......................................................................................... 65 
ÁGUA PARA HEMODIÁLISE ................................................................................................... 68 
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE ......................................................................... 71 
DIALISADORES ....................................................................................................................... 73 
MEMBRANAS ........................................................................................................................... 74 
REUTILIZAÇÃO DE DIALISADORES ..................................................................................... 75 
CUIDADOS COM O DIALISADOR .......................................................................................... 75 
SOLUÇÕES ESTERILIZANTES .............................................................................................. 76 
TÉCNICA DE REPROCESSAMENTO .................................................................................... 76 
ANTICOAGULAÇÃO ................................................................................................................ 77 
SELEÇÃO DO ANTICOAGULANTE ........................................................................................ 78 
COAGULAÇÃO DO CIRCUITO EXTRACORPÓREO ............................................................. 79 
AÇÕES DE ENFERMAGEM .................................................................................................... 80 
 
 
 
4 
COMPLICAÇÕES DURANTE A HEMODIÁLISE..................................................................... 80 
AÇÕES DE ENFERMAGEM .................................................................................................... 82 
CONTROLE DE INFECÇÕES NA UNIDADE DE HEMODIÁLISE .......................................... 82 
INFECÇÃO RELACIONADA À CONTAMINAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE DIÁLISE............... 83 
INFECÇÃO RELACIONADA AO ACESSO VASCULAR PARA HD ....................................... 84 
INFECÇÕES VIRAIS EM UNIDADE DE HD............................................................................ 85 
ENFERMAGEM NO REUSO DE DIALISADORES ................................................................. 89 
FUNÇÕES DO ENFERMEIRO ................................................................................................ 89 
FUNÇÕES DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM ....................................................................... 92 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODIÁLISE ................. 93 
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ............................................................................................ 98 
SELEÇÃO DO RECEPTOR ................................................................................................... 100 
DOADOR CADÁVER.............................................................................................................. 100 
DOADOR VIVO....................................................................................................................... 101 
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO RECEPTOR DE RIM DE DOADOR CADÁVER ......... 101 
AVALIAÇÃO DO DOADOR VIVO .......................................................................................... 105 
PREPARO DO PACIENTE ..................................................................................................... 108 
COMPLICAÇÕES DO TRANSPLANTE RENAL ................................................................... 109 
DISFUNÇÃO INICIAL DO ENXERTO .................................................................................... 109 
REJEIÇÃO DO ENXERTO ..................................................................................................... 109 
TIPOS DE REJEIÇÃO ............................................................................................................ 110 
COMPLICAÇÕES TARDIAS .................................................................................................. 113 
COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS ......................................................................................... 114 
COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS ........................................................................................... 115 
ENFERMAGEM NO TRANSPLANTE COM DOADOR VIVO ............................................... 117 
ENFERMAGEM NO TRANSPLANTE COM DOADOR CADÁVER ...................................... 120 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Anatomia Renal 
 
Os rins são órgãos pares com formato semelhante a um grão de feijão. A 
coloração é marrom-avermelhada, envolvidos por uma resistente cápsula fibrosa. Sua 
localização é retroperitoneal, ou seja, estão posicionados atrás do revestimento 
peritoneal da cavidade abdominal, um de cada lado da coluna vertebral, paralelo ao 
músculo psoas maior. Quando estamos em pé sua margem superior está ao nível da 
primeira vértebra lombar e a inferior, na altura da quarta vértebra lombar. Eles se 
deslocam com a respiração cerca de 1,9 cm, atingindo até 4,1 cm de deslocamento 
durante a inspiração profunda. O órgão direito é um centímetro menos que o esquerdo 
e encontra-se levementemais inferior. 
A medida de um rim adulto varia de 11 a 13 cm de comprimento, a largura está 
entre 5 e 7,5 cm, a espessura entre 2,5 e 3 cm e o peso está entre 125 a 170 gramas, 
em pessoas do sexo masculino, e entre 115 a 155 gramas em pessoas do sexo 
feminino. Há tendência à diminuição do peso com a idade. Em recém-natos o peso 
varia de 13 a 44 gramas. A variação de tamanho dos rins está mais associada à 
superfície corporal do que a outros fatores, tais quais etnias, sexo ou idade. O nível 
de hidratação do organismo e a pressão arterial também provocam alteração no 
tamanho do rim. 
 
 
 
 
6 
 
Fonte: RIELLA, M.C 
 
Relações anatômicas dos rins com a estrutura musculoesquelética em uma 
visão posterior da região lombar. *Extraído de RIELLA, M.C. Princípios de nefrologia 
e distúrbios do equilíbrio hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
Na porção medial interna de cada rim está localizado o hilo renal, onde se 
observam a artéria e a veia renal, além de vasos linfáticos, plexos nervosos e o ureter, 
que se expande para o interior do seio renal, formando a pelve. É envolto por uma 
cápsula de tecido conjuntivo e apresenta uma região mais externa (córtex renal) e 
uma estrutura triangular (medula renal) localizada profundamente no interior do rim. 
Na medula renal podem ser observadas estruturas em forma de cones, as pirâmides 
renais. Cada pirâmide é separada de outra pelas colunas renais, que são projeções 
do córtex renal. A extremidade inferior da pirâmide, denominada ápice, está voltada 
em direção à pelve renal, responsável pela coleta da urina produzida pelo rim e que 
forma a extremidade superior do ureter. As margens, em forma de taça da pelve renal, 
que coletam a urina formada pelo rim. 
 
 
 
7 
 
 Figura -Rim direito seccionado em vários pontos expondo o parênquima e a 
pelve renal. *Extraído de RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios do 
equilíbrio hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
 
A menor unidade do rim é o néfron, formado por uma parte inicial dilatada, o 
corpúsculo de Malpighi, ao qual se seguem o túbulo contorcido proximal, a parte 
espessa e delgada da alça de Henle, o túbulo contorcido distal e o ducto coletor. Cada 
néfron nasce no glomérulo, que é um novelo de capilares recobertos por células 
epiteliais que têm por função a filtração do sangue. O glomérulo é formado pela 
invaginação de um tufo de capilares para o interior da extremidade dilatada do néfron, 
a cápsula de Bowman. O líquido da cápsula de Bowman flui para um segmento 
contorcido, o túbulo contorcido proximal. O túbulo contorcido proximal termina no 
segmento delgado do ramo descendente da alça de Henle. 
 
 
 
8 
 
Figura- Relações entre os vários segmentos do néfron e o córtex e a medula 
renal. *Extraído de RIELLA, M.C. Princípios de nefrologia e distúrbios do equilíbrio 
hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
 
O ramo ascendente da alça de Henle termina em outro segmento contorcido, o 
túbulo contorcido distal. Os túbulos distais formam os ductos coletores, que passam 
através do córtex e da medula renal e se esvaziam na pelve do rim, nos ápices das 
pirâmides medulares. Os glomérulos são compostos de três camadas filtradoras: 
endotélio capilar, epitélio e membrana basal. A membrana glomerular é responsável 
 
 
 
9 
pela filtração, permitindo a passagem do líquido e de pequenas moléculas e 
bloqueando o acesso de moléculas maiores como células sanguíneas e a albumina. 
 
Fisiologia Renal 
 
O sistema urinário desempenha diversas funções essenciais para a 
homeostasia do organismo. Assim, o rim possui basicamente duas funções: 
endócrina, mesmo não sendo uma glândula endócrina, e homeostática, que se 
configura com a sua principal função. A realização da função endócrina do rim é 
sabida, porém, as estruturas renais envolvidas nesse processo são desconhecidas. 
Estima-se que esteja no córtex renal, no complexo justaglomerular, a porção secretora 
do rim. 
 
Quadro 
Funções do rim 
 Formação da urina; 
 Excreção de produtos residuais; 
 Regulação de eletrólitos; 
 Controle do equilíbrio hídrico; 
 Controle da pressão arterial; 
 Clearance renal; 
 Regulação da produção de eritrócitos; 
 Síntese de vitamina D ativa; 
 Secreção de prostaglandina. 
 
Função endócrina 
 
O rim secreta a renina, substância responsável pela ativação do sistema 
Reninaangiotensina II através da ação enzimática sobre a reação de transformação 
de angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez transforma-se em 
 
 
 
10 
angiotensina II sob ação da enzima conversora de angiotensina (ECA) que também 
atua hidrolisando a bradicinina. A Angiotensina II possui diversas formas de atuação. 
 
Quadro 
Atuação da Angiotensina II 
 Modifica a ação renal, promovendo maior ação de vasoconstricção das 
arteríolas eferentes no rim, aumentando assim a filtração glomerular; 
 Influencia o córtex da adrenal, levando à produção de aldosterona que, por 
sua vez, age nos túbulos renais estimulando a retenção e absorção de sódio; 
 Aumenta a absorção de água, através de mecanismos osmóticos, como 
consequência há um aumento da pressão arterial; 
 Promove redução do ritmo de filtração glomerular contraindo as células 
mesangiais, diminuindo a área de filtração glomerular; 
 Secreta o 1,25 dihidroxi-calciferol, importante para a absorção de cálcio no 
túbulo renal e no depósito de cálcio no osso; 
 Secreta eritropoetina, fator de crescimento com ação de estímulo da medula 
óssea em produzir glóbulos vermelhos. 
 
 
Função homeostática 
 
Dentre as formas pelas quais os rins desempenham a regulação do equilíbrio 
no organismo observa-se: 
 Manutenção da tonicidade - ocorre em função da excreção de água e 
solutos, formando um gradiente osmolar adequado entre os 
compartimentos intra e extracelulares, ou seja, em equilíbrio osmótico; 
 Regulação da concentração de íons – com o auxílio da excreção de água 
e solutos as concentrações de sódio, potássio, cloreto, bicarbonato, 
magnésio e fosfato são reguladas; 
 
 
 
11 
 Manutenção do pH – a manutenção do pH ocorre na ação conjunta de rins 
e pulmões que possuem a capacidade de excretar H+ e reabsorver HCO-3; 
 Manutenção da concentração de nutrientes – através da reabsorção 
tubular, nutrientes, como a glicose, por exemplo, são reabsorvidos ao invés 
de ser eliminados pela urina, caso estejam em níveis mais baixos que os 
desejados; 
 Eliminação de escórias – produtos do metabolismo como ureia, ácido úrico 
e timina são excretados na urina. Além disso, são eliminadas drogas e 
outras substâncias tóxicas presentes nos alimentos. 
 
Clearance ou depuração plasmática geral 
 
É a capacidade renal para depurar solutos a partir do plasma. A coleta de urina 
de 24 horas é o teste primário do clearance renal para avaliação da função excretora 
do rim. O clearance depende de vários fatores. Utiliza-se a medição do clearance de 
creatinina, de modo mais particular, para investigar as alterações na depuração renal 
dessa substância, indicativo de alteração na função renal. 
 
Quadro 
Fatores que interferem no clearance 
 Velocidade de filtração glomerular da substância; 
 Quantidade de substância reabsorvida pelos túbulos; 
 Quantidade de substância secretada para o interior dos túbulos. 
 
A creatinina é o produto residual do metabolismo da creatina, presente nas 
fibras dos músculos esqueléticos. Ela é filtrada pelo glomérulo, atravessa os túbulos 
e é excretada na urina. Por essa razão, o clearance de creatina é utilizado para 
monitorar a função renal, pois à medida que a função renal diminui, diminui também o 
clearance de creatinina. O clearance de creatina é também uma boa medida do ritmo 
de filtração glomerular (RFG), calcula-se utilizando uma fórmula matemática. 
 
 
 
12 
 
Quadro 
Fórmulado clearance de creatinina 
 
(Volume da urina [ml/min] x creatinina urinária [ mg/dL] 
Creatinina sérica (mg/dL) 
 
Néfron 
 
É subdivido em duas porções interrelacionadas: 
 Porção circulatória: composta pela arteríola aferente, glomérulo e 
arteríola eferente; 
 Porção urinária, composta pela cápsula de Bowman, túbulos renais e 
ducto coletor. 
 
É a arteríola aferente a responsável por fornecer fluxo de sangue aos capilares 
glomerulares, formando um líquido sem proteínas, o ultrafiltrado, que escoa para a 
cápsula de Bowman, transpassando a barreira dos vasos glomerulares, a barreira 
justaglomerular. O ultrafiltrado possui concentração igual a do plasma, excetuando-se 
a presença de proteínas. O líquido atravessa o capilar e chega à cápsula de Bowman 
ganhando os túbulos renais, formando então a urina. 
O capilar glomerular é constituído de três estruturas: 
 Endotélio; 
 Membrana basal; 
 Diafragma 
A estrutura do capilar do glomérulo representa a barreira pela qual o plasma 
atravessa formando o ultrafiltrado. Porém, apenas uma fração do plasma é filtrada e, 
associado a isso, existem substâncias que são reabsorvidas, total ou parcialmente, 
pelos túbulos renais e podem contribuir em pequena parte na composição final da 
urina. 
 
 
 
13 
 
 Mecanismos básicos da formação da urina 
 
A filtração glomerular não depende apenas da membrana capilar, mas também 
de uma somatória de pressões que estão vinculadas ao glomérulo renal: 
 Pressão hidrostática capilar (PHC) - pressão do sangue que chega às 
arteríolas aferentes e tende a deslocar líquido do capilar para o espaço 
de Bowmann. A PHC é muito alta no glomérulo, pois as distâncias entre 
a aorta e a artéria renal e entre a artéria renal e a arteríola aferente são 
curtas; não existe resistência ao fluxo de sangue da aorta abdominal até 
a arteríola aferente e a arteríola eferente tem diâmetro menor que a 
aferente, dificultando o escoamento sanguíneo e deixando o glomérulo 
repleto de sangue, levando a um maior PHC. A PHC varia entre 80 e 85 
mmHg; 
 Pressão de Bowmann - exercida pelo líquido formado previamente no 
espaço de Bowmann, tendendo a retê-lo neste local. Esta é a pressão 
de Bowmann (pB) e ela varia entre 5 e 15 mmHg; 
 Pressão efetiva de filtração - a somatória das pressões, denominada 
pressão efetiva de filtração (PEF), a pressão efetiva de filtração é de 
aproximadamente 40 mmHg e é dada pela seguinte equação: 
 
PEF = Phc – Ponc – PB. 
 
Teorias Miogênica (localizada nas artérias renais) 
 
Segundo esta teoria, um aumento no Pam provocaria um estímulo da 
musculatura lisa da arteríola aferente, o que levaria a uma vasoconstricção, causando 
a redução do fluxo de filtração glomerular. Por outro lado, uma queda na Pam 
provocaria relaxamento da musculatura da arteríola aferente com consequente 
vasodilatação, provocando um aumento do fluxo de filtração glomerular. 
 
 
 
14 
 
Teoria do metabolismo 
 
Uma redução do fluxo sanguíneo leva a um acúmulo de substâncias 
vasodilatadoras (principalmente cininas e prostaglandinas) que, por sua vez, 
provocam aumento do fluxo sanguíneo. O contrário também é verdadeiro, ou seja, um 
aumento do fluxo promove uma drenagem maior de substâncias vasodilatadoras 
diminuindo a vasodilatação do vaso. Isso provoca uma redução do fluxo sanguíneo. 
 
Teoria da mácula densa (controle local do RFG) 
 
A mácula densa encontra-se na porção final da alça de Henle, túbulo localizado 
entre as arteríolas aferente e eferente e pelo qual passa o filtrado glomerular. A mácula 
densa capta alterações na concentração de sódio, sendo que uma maior 
concentração de sódio no filtrado é entendida como um elevado RFG. Frente a esta 
situação, a mácula densa envia um estímulo para a arteríola aferente promovendo 
sua vasoconstricção, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo e do RFG. Quando 
se trata de uma diminuição da concentração de sódio o inverso ocorre, tendo como 
resultado um aumento no RFG. 
 
Histórico da Diálise 
 
Hemodiálise 
 
Willen Kollf é considerado o “Pai da Diálise”, entretanto, diversos experimentos 
foram pré e pós-Kolff. 
Quadro 
 
ANO 
 
 
ACONTECIMENTO 
 
 
 
15 
 
1912 
John Jacob Aerel, juntamente com Rowntree e Turner, do 
laboratório de farmacologia do John Abel Medical School de 
Baltimore, realizam a primeira diálise com sucesso em um animal 
vivo. 
 
1913 
John Jacob e seus colegas publicam a experiência realizada com a 
técnica de vividifusão, mais tarde chamada de hemodiálise. 
 
 
1926 
O médico, Georg Haas submete um paciente de 20 anos a uma 
sessão de diálise utilizando a técnica descrita por Aerel; 
A sessão dura 35 minutos e apresenta problemas ligados à 
anticoagulação e ao dialisador durante o procedimento*. 
1937 William Thalhimer descobre o celofane como membrana dialisadora. 
1940 Willen Kolff desenvolve um protótipo de rim artificial. 
 
1943 
Kolff realiza a primeira diálise em seres humanos, utilizando um 
tambor rotativo que continha um tubo de celofane enrolado em forma 
de hélice em torno de um eixo mergulhado em um grande 
reservatório contendo solução de diálise. 
 
1946 
John Merrill implementa o rim artificial em maior escala de uso; 
Nils Alwal introduz a tela de proteção; 
 Willen Kolff usa celofane selada em fibra de vidro; 
 Jack Leonards insere a placa de fluxo paralelo. 
 
1948 
É realizada a primeira hemodiálise em sistema complexo sem 
complicações, no Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque. 
 
1949 
No Brasil, o médico Tito Almeida emprega um rim artificial para tratar 
um portador de Doença Renal Crônica. 
1956 É lançado no mercado o primeiro dialisador do tipo ”coil 
descartável”. 
 
1960 
O primeiro “shunt” de teflon arteriovenoso é implantado em humano 
por Scribner e Wayne Quinton 
 
1964 
James Cimino desenvolve a técnica da fístula arteriovenosa 
utilizando a ceia arterializada, cuja técnica ainda é utilizada. 
 
 
 
16 
* Mesmo tendo encontrado problemas durante a sessão, Haas repete o 
procedimento por mais três vezes. 
 
As primeiras hemodiálises realizadas no Brasil tinham por finalidade o 
tratamento de pacientes com Insuficiência Renal Aguda. Somente na década de 60 a 
hemodiálise e a diálise peritoneal passam a ser modalidades de tratamento para a 
doença renal crônica. A partir de então, devido aos avanços tecnológicos e científicos, 
diversos modelos foram desenvolvidos. 
 
Diálise Peritoneal 
 
A história da Diálise Peritoneal se inicia com a publicação do trabalho de 
Putnam, no qual demonstra que o peritônio pode ser usado como uma membrana 
dialisadora. Porém, experimentos no campo da DP datam de pré-Putnam e se seguem 
até os dias atuais. 
 Quadro 
 
ANO 
 
 
ACONTECIMENTO 
1.500 a.C. Descrição da cavidade peritoneal em papiros. 
1877 Wegner observa os princípios da osmose e da difusão. 
1923 A diálise através da membrana do peritônio é utilizada pela 
primeira vez como procedimento terapêutico (Ganter). 
1960 Scribner inicia a técnica da Diálise Peritoneal como manutenção 
de vida. 
1964 O cateter de longa permanência é descoberto por Palmer, 
Quinton e Gray.* 
 
1976 
Nos Estados Unidos, Moncrief e Popovich criam a Diálise 
Peritoneal Contínua (CPD); 
O Sistema fechado com bolsas flexíveis para Diálise Peritoneal 
é desenvolvido; 
 
 
 
17 
 
1977 
No Canadá, o médico Oreopoulus e seus colaboradores 
comprovam a eficácia da técnica da Diálise Peritoneal Contínua 
com o Sistema Standard.** 
1978 Surge a Diálise Peritoneal Ambulatória Contínua (CAPD) 
 
1980 
No Brasil, Miguel Riella, introduz o conceito da Terapia 
Ambulatorial Contínua e se torna pioneiro nesta modalidade. 
Daisy Pasqual, enfermeira, introduz o Programa Educacional 
que habilita e capacita o paciente e um membroda família para 
a realização em domicílio da CAPD. 
*Posteriormente este cateter foi modificado por Tenckhoff. 
**Nesta época a CAPD era conhecida por Sistema Standard. Este era 
composto por um único segmento de linha, que ao mesmo tempo conectava-se ao 
paciente e à bolsa de diálise. 
 
 
 
A partir dos anos 80 a evolução se desenvolve no aperfeiçoamento tecnológico 
dos sistemas de conexão de CAPD, o que fez diminuir a ocorrência de episódios de 
peritonites nos pacientes que estão sob esta modalidade terapêutica. 
 
Epidemiologia da doença renal crônica no Brasil 
 
A doença renal crônica (DRC) apresenta crescimento progressivo e em 
proporções epidêmicas, em todo o mundo, com elevadas taxas de mortalidade e 
morbidade. No Brasil ainda não existe um sistema nacional de registro que possa 
fornecer dados confiáveis do ponto de vista epidemiológico sobre a doença renal, 
como ocorre em determinados países como os Estados Unidos, que conta com o 
United States Renal Data System (USRD), que fornece informações precisas sobre o 
perfil da doença no país. Entretanto, inúmeros esforços são realizados para a coleta 
de dados sobre a DRC no Brasil, em especial o censo anual da Sociedade Brasileira 
 
 
 
18 
de Nefrologia (SBN), que busca os dados diretamente das clínicas de terapia renal 
em todo o país. 
A doença renal em estágio terminal (DRET) é uma doença grave que no ano 
de 2000 teve sua taxa de mortalidade maior que a maioria dos casos mais letais de 
câncer. No Brasil, segundo dados do censo realizado em março de 2008 pela SBN, 
são 41.614 pacientes em diálise, sendo a maioria na região sudeste do país. 
 
 
Figura - Pacientes em diálise no Brasil, por região. Fonte: Censo de diálise 
SBN 2008. 
 
Em março de 2008, a prevalência de pacientes em diálise por milhão da 
população (pmp) era de 470. Essa taxa segue apresentando um aumento progressivo 
nos últimos anos, chamando a atenção dos profissionais como um problema de saúde 
pública. 
 
 
 
 
19 
 
 Figura - Prevalência de pacientes em diálise no Brasil, de 1994 a 2008. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 Figura - Total de pacientes em tratamento dialítico no Brasil por ano. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008 
 
 
 
20 
O maior percentual de pacientes em diálise agrega a faixa etária compreendida 
entre 40 a 59 anos (43,7%). É importante destacar que 36,3% dos pacientes em diálise 
têm mais de 60 anos de idade, e que essa proporção tende a se elevar com o aumento 
progressivo da expectativa de vida da população brasileira. Atualmente 57% dos 
pacientes em diálise são do sexo masculino e 43% do sexo feminino. 
 
 
Figura-Distribuição por sexo dos pacientes em diálise no Brasil. Fonte: 
Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
A prevalência de sorologia positiva para Hepatite B é de 1,9%, enquanto para 
Hepatite C se mostra bem mais frequente, atingindo o índice de 7,6%. A sorologia 
para HIV se mostra em 0,7%. Esses percentuais têm decaído ao longo dos anos em 
função de cuidados associados ao reuso de dialisadores e adoção de medidas de 
proteção na prática profissional. As comorbidades mais frequentes nos pacientes em 
diálise foram insuficiência cardíaca congestiva (10,4%), insuficiência coronariana 
(8,2%), doença venosa periférica (5,2%), infecções (3,9%), AVE (3,7%) e neoplasias 
(1,8%). 
 
 
 
21 
O alto índice de doenças ligadas ao coração deve-se, principalmente, ao fato 
de a maioria dos pacientes em diálise apresentarem como doença de base a 
hipertensão arterial sistêmica (HAS), 35,8%. Entre as outras causas principais de DRC 
estão o diabetes mellitus (DM), 25,7% e as glomerulopatias (15,7%). A causa mais 
importante de DRC continua, ao longo dos anos, no Brasil, a HAS. Isto se deve, entre 
outros fatores, ao fato de muitos indivíduos não saberem que são hipertensos, o que 
os impede de adotar medidas de controle dos agravos em decorrência dos altos níveis 
pressóricos. 
Embora a prevalência de diabéticos tenha aumentado no Brasil (16,7% em 
1999) muitos pacientes morrem antes de atingir o estágio terminal da doença renal. 
Nos Estados Unidos, cerca de 40% dos pacientes em diálise têm nefropatia diabética. 
Entre as glomerulopatias, a glomeruloesclerose segmentar e focal e a glomerulonefrite 
membranosa são as que, com frequência, levam os pacientes para a DRC. 
 
 
 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 
 
22 
Com relação à modalidade de terapia renal substitutiva, cabe destacar que 
89,4% estão sob a modalidade Hemodiálise e 10% recebem Diálise Peritoneal, sendo 
4,9% em Diálise Peritoneal Automatizada (DPA), 5,3 em Diálise Peritoneal 
Ambulatorial contínua (CAPD) e 0,4% em Diálise Peritoneal Intermitente (DPI). O 
número de óbitos dos pacientes em diálise é 6.180 (15,2%), porém, estima-se que o 
número chegue a 
13.338 óbitos/ano. A principal causa é dada por problemas cardiovasculares 
com 36,9% do número total de óbitos, seguida de infecções (26%) e causas cérebro-
vasculares (9,9%). Outras causas ou causas desconhecidas agregam 27,2% do total 
de óbitos de pacientes em diálise no Brasil. 
 
 
 Figura - Pacientes conforme a terapia de substituição renal. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 
 
23 
 
Figura -Distribuição do percentual de causa de óbito. 
Fonte: Censo de diálise SBN 2008 
 
 
 
 
Estas informações são importantes para descrever a situação atual da DRC no 
Brasil, o que permite promover ações que melhorem a assistência ofertada a esses 
pacientes. Além disso, esses dados servem para alertar para a importância da criação 
de um sistema de informações acerca da DRC constando de registro, análise e 
divulgação de dados epidemiológicos de pacientes portadores da DRC e em terapias 
renais substitutivas. 
 
Terapias Dialíticas Atuais 
 
O termo diálise descreve o transporte de água e solutos por meio de uma 
membrana semipermeável que pode ser artificial, como as membranas dos 
dialisadores empregados na Hemodiálise ou biológica, como o peritônio, na Diálise 
Peritoneal. A remoção de solutos durante a diálise ocorre por meio de dois princípios: 
difusão e ultrafiltração. 
 
 
 
24 
 
Quadro 
Princípios de diálise 
 Difusão: passagem de solutos do meio mais concentrado (plasma) para 
o menos concentrado (solução de diálise ou dialisato). 
 Ultrafiltração (UF): filtração da água do plasma através da membrana 
dialítica. 
 
 
 
As moléculas, através de movimentos randômicos, colidem de maneira 
aleatória com a membrana semipermeável promovendo assim o transporte de solutos 
por difusão. Ao encontrar um poro por onde seja possível a passagem, a molécula 
atravessa a membrana. Para que isso ocorra, alguns fatores são levados em 
consideração como o peso da molécula, a resistência da membrana ao soluto além 
do gradiente de concentração dos meios envolvidos neste processo. 
Na ultrafiltração, o gradiente de pressão entre os dois lados da membrana, ou 
gradiente de pressão transmembrana (PTM), determina a velocidade de passagem 
de água de um lado para o outro. No caso de pressão hidráulica, ocorre a passagem 
de água do lado maior para o de menor pressão. Em se tratando de pressão osmótica, 
ocorre o lado de maior osmolaridade. O transporte por convecção tem importante 
clínica quando grandes volumes de ultrafiltrado são obtidos em curto espaço de 
tempo. Por isso, na hemodiálise ou na diálise peritoneal, a convecção contribui pouco 
para o transporte de solutos. Esse tipo de transporte é importante na hemofiltração, 
na qual há significativa passagem de solutos acompanhando grandes volumes de UF. 
 
Hemodiálise 
 
É um método de terapia de substituição da função renal caracterizado pela 
circulação extracorpórea do sangue do paciente para ser ‘filtrado’ e ‘depurado’. Os 
 
 
 
25 
objetivos da Hemodiálise(HD) consistem na extração de toxinas nitrogenadas do 
sangue e remoção do volume excessivo de água utilizando-se de alguns elementos. 
O sangue, contendo as toxinas e resíduos nitrogenados, é desviado do paciente para 
um aparelho, o dialisador, onde é limpo e, em seguida, devolvido ao paciente. 
 Quadro 
 
Elemento 
 
 
Características 
 
 
Dialisador 
 
Também chamado de “capilar” ou “filtro”. Tubo cilíndrico 
contendo uma câmara externa, para passagem do dialisato, e 
uma câmara interna contendo fibras de membranas 
semipermeáveis por onde circula o sangue do paciente. 
 
Linha arterial 
 
Circuito tubular plástico que leva o sangue contendo as 
escórias do paciente para o dialisador, impulsionado através da 
bimba de sangue. 
 
 
Linha venosa 
 
Circuito tubular plástico que leva o sangue ‘filtrado’ do 
dialisador para o paciente. Possui um dispositivo de segurança 
de forma cilíndrica, que captura as bolhas de ar do sistema a 
fim de evitar embolia, o cata-bolhas. 
 
 
Máquina de diálise 
 
Também chamada de “rim artificial”. Máquina onde é realizada 
a HD, contém a bomba de sangue, aquecedor, monitor de 
pressão, temperatura, condutividade do dialisato, fluxo de 
dialisado e sangue, além de dispositivos de segurança. 
Normalmente funciona por proporção. 
 
 
Dialisato 
 
Também chamado de “banho de diálise”. Líquido estéril 
semelhante ao plasma sanguíneo que preenche e percorre a 
 
 
 
26 
câmara externa do dialisador, em sentido contrário ao sangue 
(câmara interna), promovendo osmose. 
 
Agulha de fístula 
Arteriovenosa 
 
Agulhas especiais descartáveis para HD, com segmento longo, 
que permite sua conexão às linhas arterial e venosa a partir da 
punção da fístula. 
 
 
A difusão, a ultrafiltração e a osmose são os princípios da HD. A difusão é 
responsável pela remoção das toxinas. Isto ocorre pela movimentação da área mais 
concentrada (plasma) para a menos concentrada (solução de diálise ou dialisado). 
 
Quadro 
Características do dialisato 
Composição semelhante ao plasma. 
Dois tipos: 
 Bicarbonato – diminui a acidose metabólica, reduzindo as 
alterações hemodinâmicas, não promove queda do PCO2 sanguíneo; 
a solução de bicarbonato tende a precipitar cálcio e bicarbonato, por 
isso deve-se ter rigorosa esterilização na máquina de diálise; 
 Acetato - 
 
 
O ajuste do banho de dialisado, por possuir características muito semelhantes 
ao plasma, é capaz de controlar os níveis dos eletrólitos no sangue do paciente. A 
difusão de grandes moléculas, como as proteínas e os eritrócitos, é impedida pela 
membrana semipermeável. 
 
Quadro 
 
 
 
27 
Composição do dialisato para HD 
Na – 130/140 mEq/L; 
K – 1/ 2,5 mEq/L; 
 
Ca – 2,5/3,5 mEq/L; 
Mg – 1,0/ 1,5 mEq/L; 
Cloreto – Aprox. 106mEq/L; 
Glicose – 0/2,5 mEq/L*; 
Acetato ou Bicarbonato – Aprox. 36 mEq/L 
 *Utiliza-se solução glicosada a fim de evitar a hipoglicemia durante a HD. 
 
 Através da osmose, o excesso de água é removido através da movimentação 
da área de maior concentração (sangue) para a de menor concentração (o dialisato). 
A movimentação, sob alta pressão, da água para uma área de menor pressão é tida 
como ultrafiltração (UF), sendo esta mais eficaz na remoção da água que a osmose. 
A UF é realizada ao se aplicar uma força de aspiração na membrana de diálise. Esta 
força é aplicada para restabelecer o equilíbrio hídrico do paciente que, por si só, não 
é capaz de excretar a água em excesso. O dialisato é responsável pela manutenção 
do sistematampão do corpo. No procedimento é administrado anticoagulante, em 
geral heparina, para evitar a coagulação do sangue no circuito extracorpóreo. 
 
 
 
28 
Dialisador 
ou Capilar 
Figura - Máquina de diálise e circuito extracorpóreo. 
 
O sangue, livre das escórias, é devolvido ao paciente que ao findar a sessão 
do tratamento tem restabelecido o sistema-tampão. 
 
Terapias contínuas lentas 
 
Essas terapias estão indicadas para pacientes que apresentam insuficiência 
renal aguda ou crônica e estão muito instáveis para realização de HD tradicional. As 
modalidades de terapias contínuas lentas são: 
 
 
 
 
29 
 Hemofiltração Arteriovenosa Contínua (CAVH) – Iniciou-se para 
tratamento de sobrecarga hídrica, em 1977. Nesta modalidade o sangue 
é circulado através de um filtro de pequeno volume e baixa resistência, 
usando a própria pressão arterial do paciente em substituição a bombas, 
como na HD. Como é necessário um gradiente de pressão para a 
filtração contínua, geralmente é usado um cateter arterial inserido na 
artéria femoral do paciente como meio de ligação do sangue ao 
hemofiltro. O posicionamento na artéria femoral propicia o gradiente 
necessário nas pressões arterial e venosa. Logo após a filtragem o 
sangue retorna ao paciente através de cateter venoso. Como na CAVH 
não há gradiente de concentração para permitir a filtragem apenas do 
líquido, há perda de eletrólitos que são removidos juntamente com o 
líquido, portanto, os líquidos intravenosos podem ser administrados para 
repor a volemia perdida através do procedimento. Para a instalação da 
CAVH é necessária equipe de diálise treinada. O monitoramento, em 
geral, é realizado pelos profissionais da terapia intensiva; 
 Hemodiálise Arteriovenosa Contínua (CAVHD) – semelhante à 
CAVH, porém, para fins de aceleração na depuração da ureia, conta um 
gradiente de concentração ao promover a circulação do dialisado em um 
lado de uma membrana semipermeável. Como na CAVH o fluxo 
sanguíneo depende da pressão arterial do paciente e a instalação requer 
equipe de diálise treinada. O monitoramento pode ser realizado pela 
equipe da terapia intensiva; 
 Hemofiltração Venovenosa Contínua (CVVH) – empregada no 
tratamento da insuficiência renal aguda. Para obtenção do fluxo 
sanguíneo é inserido um cateter venoso de duplo lúmen pelo qual o 
sangue é bombeado através de um hemofiltro e, logo após, devolvido ao 
paciente pelo mesmo cateter. Na CVVH os efeitos hemodinâmicos são 
mais tolerados e brandos, pois a remoção de líquidos PE é lenta e 
contínua. Quando comparada à CAVH, se mostra mais vantajosa pelo 
 
 
 
30 
fato de não haver necessidade de acesso arterial e da equipe de diálise 
para instalação, que pode ser feita pela equipe da terapia intensiva; 
 Hemodiálise Venovenosa Contínua (CVVHD) – é semelhante à 
CVVH, tendo o sangue bombeado através de um cateter venoso de 
duplo lúmen através de um hemofiltro e, em seguida, devolvido ao 
paciente pelo mesmo cateter. A CVVHD também agrega o gradiente de 
concentração a fim de facilitar a remoção das escórias urêmicas do 
paciente. Os efeitos hemodinâmicos são leves e todo o processo pode 
ser feito pela equipe da terapia intensiva. 
 
Diálise Peritoneal 
 
É um método de substituição da função renal onde se utiliza a membrana 
peritoneal como filtro dialisador. A solução de diálise possui composição especial e é 
colocada na cavidade peritoneal, utilizando-se um cateter intra-abdominal. A perda de 
líquidos ocorre por UF osmótica, geralmente pela adição de glicose ao dialisato. A 
glicose é um agente osmoticamente ativo e permite a transferência das toxinas do 
sangue para a solução. 
A diálise peritoneal é uma modalidade de escolha para pacientes que não 
podem submeter-se à HD nem, tampouco, ao transplante renal. Pacientes que 
apresentam problemas como doença cardiovascular, hipersensibilidade e reações 
adversas ao anticoagulante heparina (de forma sistêmica), hipertensão grave, entre 
outros fatores, são candidatos a esta modalidade de tratamento. 
Para o tratamento crônico pode ser realizadas duas formas de DP: 
Diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) – as infusões são 
realizadas pelo próprio paciente, de modo manual, em seu domicílio. São realizadas 
quatro trocas de solução por dia,com volume de infusão de 2 a 2,5 litros em cada 
uma (referência para pacientes adultos), com intervalo de 6 horas entre cada troca; 
Diálise peritoneal automática (APD) – as trocas são feitas utilizando uma 
máquina, a cicladora. Nesta modalidade as trocas noturnas possuem números 
 
 
 
31 
variados enquanto, no período diurno, o paciente pode permanecer com o líquido na 
cavidade (diálise peritoneal contínua por cicladora - CCPD) ou drenar o líquido (diálise 
peritoneal noturna intermitente - NIPD). 
 
http://nefroclinica-se.com.br/servicos 
 
 
Na DP os banhos se apresentam em bolsas plásticas transparentes, que são 
recebidas em casa. A composição da solução de diálise peritoneal envolve os 
seguintes componentes: sódio, magnésio, cálcio, lactato, cloro e um agente osmótico, 
geralmente a glicose que está disponível em três concentrações diferentes de 
dextrose monoidratada: 1,5%, 2,5% e 4,25% (Tabela 1). A glicose é facilmente 
absorvida, o que limita a capacidade de UF. Além disso, sua absorção gera 
complicações metabólicas, tais como hiperinsulinemia, hiperglicemia, dislipidemia e 
ganho de peso. O paciente ou o cuidador são treinados pela equipe de enfermagem 
especializada para realizar a conexão das bolsas e o cateter de maneira estéril. Este 
treinamento visa evitar a infecção do peritônio (peritonite). 
 
 
 
32 
 
Tabela 1 Dextrose 
1,5% 
 
2,5% 
 
4,25% 
Na (mEq/L) 132 132 132 
K (mEq/L) 0 0 0 
Cl (mEq/L) 95 95 95 
Ca (mEq/L) 3,5 3,5 3,5 
Mg (mEq/L) 0,5 0,5 0,5 
Lactato (mEq/L) 35 35 35 
Glicose (mg/dL) 1.369 2.270 3.860 
pH 5,2 5,2 5,2 
Osmolaridade 
(mOsm/kg) 
 
345 
 
395 
 
484 
* Extraído de Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto Alegre, 2006. 
 
 
O cateter utilizado na diálise peritoneal crônica é um tubo flexível que possui 
diversos poros na extremidade intra-abdominal, que deve permanecer livre na região 
pélvica. Sua porção média é implantada na parede abdominal através do cuff presente 
no corpo do cateter, o cuff de Dacron. Para o implante do cateter é fundamental uma 
equipe cirúrgica experiente, uma vez que a técnica empregada no implante influencia 
significativamente sua evolução ao longo do tempo. 
As complicações da DP são, em geral, simples. Porém quando não tratadas 
podem representar graves riscos ao paciente. As mais comuns são: 
 Peritonite; 
 Extravasamento do dialisato; 
 Sangramento. 
Para evitar as complicações em decorrência de falhas assépticas durante as 
conexões das bolsas, o enfermeiro deve, constantemente, checar o modo pelo qual 
os pacientes estão realizando o procedimento e aplicar, sempre que necessário, 
 
 
 
33 
novos treinamentos a fim de melhorar a capacidade do paciente ou cuidador lidar com 
as técnicas que visam diminuir os riscos de infecção e outras complicações. O 
monitoramento por parte da equipe e a observação e adoção das recomendações 
recebidas pela equipe multiprofissional são essenciais para manutenção e melhoria 
da qualidade de vida. 
 
 
 
 
Glomerulopatias 
 
Geralmente conhecidas como glomerulonefrites (GN), as glomerulopatias são 
doenças que acometem os glomérulos, pequenas massas arredondadas de novelos 
de alças capilares que se projetam no lúmen de um corpúsculo renal. São variadas e 
podem possuir natureza aguda ou crônica; podem ser inflamatórias ou não; algumas 
delas são tratáveis e outras não. 
 
Classificação 
 
Podem ser primárias, quando acontecem nos rins e acometem apenas esses 
órgãos, ou podem ser secundárias a patologias já existentes, dentre outras, o 
diabetes, hepatites, doenças autoimunes. Podem ser assintomáticas ou apresentar 
edema de membros inferiores, face ou edema de todo corpo e ainda sintomas 
urinários como diminuição do volume urinário. Ao exame de urina é possível observar 
a presença de hemácias (hematúria) e/ou de proteínas (proteinúria). 
 
Quadro Clínico 
 
 
 
 
34 
Em alguns casos, como a doença de lesões mínimas, a glomerulosclerose 
segmentar e focal e a glomerulopatia membranosa podem ser observadas grandes 
perdas de proteína pela urina que, em geral, determinam síndrome nefrótica. Na 
síndrome nefrótica há um aumento na permeabilidade da membrana basal dos 
capilares que ocasiona proteinúria maciça (> 3,5g/24h/1,73m² de superfície corporal), 
sendo comum acompanhar-se de tendência a edema, hipoalbuminemia e 
hipercolesterolemia. Outras glomerulopatias têm apresentação mais aguda e 
frequentemente associam-se a déficit de função renal, como a glomerulonefrite difusa 
aguda (GNDA), embora possam ter um curso autolimitado, como costuma acontecer 
com a glomerulonefrite pós-estreptocócica. 
 
Diagnóstico 
A função renal no momento do diagnóstico pode estar normal ou, ainda, 
apresentar-se diminuída ou deficiente. Muitas vezes a biópsia renal é utilizada para a 
determinação do tipo de glomerulopatia, o que norteia a terapêutica que será 
empregada. O diagnóstico precoce é importante, pois o tratamento adequado pode 
controlar os sinais e sintomas e impedir a progressão da doença para insuficiência 
renal terminal. 
 
Tratamento 
 
Nos casos agudos, de modo geral, visam tratar os sintomas na tentativa de 
preservação da função renal e tratamento das complicações imediatas. A terapia 
farmacológica depende da causa da GN. Nos casos de GN aguda rapidamente 
progressiva podem ser prescritos corticosteroides, porém, na maioria dos casos, 
esses medicamentos não possuem valor positivo, podendo agravar a retenção de 
líquido e a hipertensão. Podem ser prescritos diuréticos de alça para controle de 
hipertensão. As proteínas da dieta são restringidas caso haja desenvolvimento de 
insuficiência renal e retenção de nitrogênio. 
 
 
 
35 
Em casos crônicos, o tratamento é baseado na sintomatologia do paciente. O 
peso é monitorado diariamente e há prescrição de diuréticos para tratar a sobrecarga 
hídrica. As infecções do trato urinário devem ser tratadas a fim de evitar maiores 
complicações. Para manutenção da condição física do paciente e evitar as alterações 
hidroeletrolíticas, a diálise é prescrita de modo precoce. 
 
Atenção de enfermagem 
 
Em pacientes agudos é importante orientar o paciente a seguir as 
recomendações médicas que incluem a ingestão abundante de carboidratos para 
diminuir o catabolismo de proteína, o consumo de líquidos de acordo com as perdas 
diárias. É importante, ainda, orientar o paciente e/ou cuidador quanto à importância 
do autocuidado seguro e efetivo em ambiente domiciliar. Em pacientes crônicos é 
importante atentar para as alterações no estado hidroeletrolítico do paciente bem 
como os sinais e sintomas de diminuição da função renal. As alterações cardíacas e 
neurológicas devem ser observadas e tão logo comunicadas ao médico. O enfermeiro 
deve promover, para o paciente e familiar, ações de controle para a ansiedade que, 
em geral, encontra-se em níveis bastante elevados. Promover um espaço para troca 
de informações e sanar dúvidas pode auxiliar para eficácia desta ação. 
 
Infecção do Trato Urinário 
 
A infecção do trato urinário (ITU) se configura como um dos agravos mais 
frequentes na prática clínica, sendo observada na comunidade e em paciente 
hospitalizado, ocorrendo em todas as faixas etárias. Caracteriza-se pela presença de 
microrganismos nas vias urinárias, habitualmente bactérias, seja na bexiga, próstata, 
sistema coletor ou rins. Em geral são classificadas de acordo com sua localização 
como ITU inferior ou superior. Quando associada à condição pré-existente a ITU pode 
ser complicada, aumentando assim o risco de falha na terapêutica empregada e o 
tempo de tratamento necessário. O microrganismo que mais frequentemente causa 
 
 
 
36 
ITU é Escherichia coli. A ITU de repetição se deve a inúmeros fatores e deve ser 
investigada. 
 
IncidênciaÉ variável conforme a faixa etária, sendo mais comum no primeiro ano de vida 
no sexo masculino devido à maior incidência de má-formações congênitas do trato 
urinário. Na fase pré-escolar e no adulto a incidência é maior no sexo feminino com 
picos no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação e na menopausa. 
Devido aos problemas relacionados à próstata a incidência no sexo masculino volta a 
aumentar na faixa etária compreendida entre 50 e 60 anos. A maior incidência no sexo 
feminino se deve a fatores anatômicos, além de possuir a uretra mais curta que os 
homens, há maior proximidade do ânus com a uretra e a cavidade vaginal, o que torna 
maior a possibilidade de colonização destes por enterobactérias que habitualmente 
causam ITU. 
 
Classificação 
Pode-se classificar o paciente com ITU de diferentes maneiras. A mais comum 
segue dois critérios: 
 Presença de complicações; Localização da infecção. 
Uma forma de classificar as ITUs é de acordo com a presença ou ausência de 
complicações. 
 
Quadro 
Classificação da ITU quanto à presença de complicações 
ITU não complicada 
 
 
 
37 
- mulheres (não grávidas); 
- sem alterações anatômicas do trato urinário; 
- sem alterações funcionais do trato urinário; 
- sem cateteres urinários; 
- sem alterações da imunidade; 
- adquirida na comunidade. 
ITU complicada 
- homens; 
- obstrução urinária; 
- alterações anatômicas do trato urinário; 
- alterações na função do trato urinário; 
- microrganismos resistentes; 
- corpo estranho; 
- imunossupressão; 
- cateteres urinários; 
- presença de cálculos urinários. 
 
Quanto à localização são classificadas em: 
 ITUs inferiores - acometem bexiga e estruturas abaixo da bexiga. São 
mais comuns e incluem cistite, prostatite e uretrite. 
 ITUs superiores - acometem os rins e os ureteres. São menos comuns 
e incluem nefrite intersticial bacteriana ou pielonefrite (aguda ou crônica) 
e abscessos renais. 
 
Cistite: é uma ITU inferior comum, caracterizada pela invasão e aderência de 
microrganismos na bexiga, ocasionando uma resposta inflamatória. Clinicamente 
caracteriza-se por dificuldade na emissão de urina (disúria), emissão frequente de 
urina (polaciúria), tenesmo vesical e dor na região hipogástrica. Aproximadamente 
30% das ITUs inferiores apresentam comprometimento alto oculto e o tratamento 
nestes casos deve ser feito para ITU superior. O diagnóstico de ITU superior oculta 
 
 
 
38 
deve ser feito quando estiver presente uma das complicações mencionadas no 
Quadro ou idade avançada, infecção hospitalar, gestação, procedimento cirúrgico 
recente do trato urinário, história de ITU na infância, persistência de sintomas por sete 
dias ou mais, uso recente de antibióticos e diabetes melito. 
Uretrite: a disúria e polaciúria são abundantes, porém a urocultura se mostra 
negativa, e sedimento urinário normal ou com presença de leucócitos. É 
habitualmente associada às infecções por microrganismos não habituais e cistites não 
infecciosas. 
Pielonefrite: também chamada de nefrite intersticial bacteriana, caracteriza-se 
pela invasão de microrganismos no rim, gerando resposta inflamatória. Caracteriza-
se por dor em flanco, presença do sinal de Giordano (sensibilidade na região lombar), 
febre, acompanhados de urocultura positiva. 
 
Diagnóstico laboratorial 
 
O diagnóstico ocorre através de urocultura. A urina colhida deve ser, de 
preferência, a primeira do dia e a amostra deve ser obtida através do método do jato 
médio e colhida com assepsia em pacientes que não apresentem anormalidades 
funcionais do trato urinário. Caso não seja possível colher a primeira urina do dia, a 
amostra deve ser obtida com intervalo mínimo de duas horas após a última micção. A 
presença de nitrito no exame bioquímico da urina é específica para infecção do trato 
urinário. Indica a atividade redutora de nitrato causada por enterobactérias. 
 
Tratamento 
 
É realizado baseando-se na localização e presença de determinados fatores 
(Tabela 2). A recorrência de ITU pode se manifestar como recaída quando verificada 
a presença do mesmo microrganismo, que não foi efetivamente eliminado. Acontece 
até duas semanas após o fim do tratamento realizado. Quando ocorre um novo 
episódio de infecção, seja pelo mesmo microrganismo ou por outro diferente do 
 
 
 
39 
causador da infecção anterior, chamamos de reinfecção. Nesse caso, os sintomas 
reaparecem num período maior que duas semanas após o fim do tratamento adotado. 
Tabela 2 
Tratamento da ITU 
 
 
 
 
Tratamento 
 
Tipo ITU inferior ITU superior 
 
Comunitária 
 
 
Em gestantes 
 
 
 
 
Não complicada 
 
- 7 dias 
- norfloxacin 
- ácido pipemídico 
- cefuroxima 
- 14 dias 
- ciprofloxacin 
- 7 dias 
- cefalexina 
- cefuroxima 
- 14 dias* 
- cefalotina 
- cefuroxina 
 
- 7 dias 
- norfloxacin 
- ácido pipemídico 
- cefalexina 
- nitrofurantoína 
- cefuroxima 
- 14 dias* 
- ciprofloxacin 
*o administração deve ser iniciada por via endovenosa, passando a via oral 
quando da melhora do estado geral do paciente. 
 
 
ITU de repetição é uma condição comum em mulheres com investigação do 
trato urinário sem anormalidades devido à maior susceptibilidade de colonização 
vaginal, mesmo em períodos assintomáticos. Há vários fatores de risco, entre eles 
estão o ato sexual; uso de contraceptivos com espermicida, no último ano; novo 
parceiro sexual no último ano; primeira infecção urinária antes dos 15 anos; mãe com 
história de infecção urinária; distância significativamente menor entre o ânus e a 
 
 
 
40 
uretra; incontinência urinária depois da menopausa; resíduo pós-miccional; alteração 
do pH vaginal (associada a alterações hormonais). 
A repetição da ITU pode danificar os rins e por esta razão devem ser 
investigadas e tratadas. Diversas medidas podem ser adotadas como profilaxia da 
repetição da ITU, como alteração do método contraceptivo, maior ingesta hídrica, 
micção pós-coital, quimioprofilaxia contínua e tratamento de episódios, quando 
aparecem, sem profilaxia nos intervalos. 
 
Nefropatia de Refluxo 
 
Através de uma anomalia congênita ocorre a passagem da urina da bexiga para 
o ureter promovendo sucessivas lesões glomerulares semelhantes às causadas pela 
pielonefrite crônica. Por conta das lesões há sempre perda focal ou difusa do 
parênquima renal. As cicatrizes provocadas por essas lesões são mais comuns nos 
polos renais superiores e inferiores e promovem a diminuição do tamanho do órgão. 
 
Classificação 
 
As cicatrizes renais englobam tanto alterações renais congênitas quanto as 
adquiridas. A maioria dos casos são identificados e classificados durante a avaliação 
do paciente que apresenta ITU 
 
 
 
 
41 
Quadro 
Classificação das cicatrizes renais 
 
1. Congênitas ou primárias: resultam da ação de condições atuantes no período 
intrauterino e se manifestam em áreas focais ou difusas de displasia renal; 
2. Adquiridas: depende de ITU com febre podendo ou não apresentar refluxo 
vésico-ureteral. 
 
No Quadro são listados os fatores envolvidos na nefropatia de refluxo. 
 
Quadro 
Fatores etiopatogênicos envolvidos na nefropatia de refluxo 
- Refluxo intrarrenal 
- Infecção urinária 
- Pressão intravesical 
 - Displasia Renal 
- Genéticos 
 
 
Incidência 
 
É uma das doenças mais frequentes em crianças, que se manifesta, 
geralmente, como ITU. Em 30% dos casos de ITU foi identificado o refluxo 
vesicoureteral. Estima-se que a nefropatia de refluxo acometa cerca de 1% a 2% dos 
lactentes normais. Ela é responsável por 15 a 30% dos casos de DRC em adultos e 
crianças. 
 
Diagnóstico 
 
 
 
 
42 
Para o diagnóstico da nefropatia de refluxo são utilizados exames de imagem 
tais como: 
 Cintilografiarenal com DMSA (padrão para o diagnóstico da nefropatia 
de refluxo); 
 Urografia excretora 
 Ultrassonografia; 
 Ressonância magnética. 
 
Tratamento 
 
O tratamento clínico pauta-se na quimioprofilaxia e na monitorização da função 
renal, seguindo os seguintes princípios: 
 Quimioprofilaxia antimicrobiana prolongada e diária; 
 Prevenção e tratamento da constipação intestinal; 
 Realização de higiene perineal eficiente nas meninas; 
 Tratamento da disfunção miccional, caso haja; 
 Realização de exames de urina a cada dois a três meses, ou quando 
houver sinais ou sintomas de ITU; 
 Avaliação por imagem, no diagnóstico e no seguimento, conforme 
evolução clínica; 
 Monitorização clínica quanto ao aumento da pressão arterial. 
 
Também é adotado o tratamento endoscópico, as cirurgias aberta e 
laparoscópica como métodos de corrigir a disfunção. Existem alguns fatores que 
agregam o risco de aparecimento das cicatrizes renais. 
 
 Quadro-Fatores de risco para cicatrizes renais 
- Início tardio do tratamento; 
- Baixa idade no início; 
 
 
 
43 
- Infecções urinárias febris recorrentes; 
- Refluxo vesicoureteral primário; 
- Síndrome de disfunção das eliminações. 
 
Atenção de enfermagem 
 
As ações de enfermagem, no que tange a nefropatia de refluxo, visam erradicar 
ou prevenir a recorrência de ITU. Para tanto é importante investir no planejamento de 
ações educativas de promoção da saúde que esclareçam os pacientes acerca da 
doença, seu tratamento e suas complicações. A promoção do autocuidado eficaz visa 
diminuir a ocorrência de ITU, com consequente queda nos níveis de lesão renal. 
 
Nefrite Lúpica 
 
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença causada pelo distúrbio 
multifatorial e envolve susceptibilidade genética, fatores ambientais, fatores 
imnunoneuroendócrinos e fatores hormonais. A associação desses fatores provoca a 
produção exagerada de autoanticorpos. Esse aumento resulta na função anormal da 
célula T supressora, alteração da regulação imune e disfunção da resposta 
inflamatória. No LES a inflamação estimula os antígenos, que, por sua vez, estimulam 
anticorpos adicionais e o ciclo se repete. 
O comprometimento renal associado ao LES é um fator importante, geralmente 
de mau prognóstico da doença. Aproximadamente 90% dos pacientes com LES 
apresentam depósitos de imunocomplexos no tecido renal, a presença dessa lesão 
aumenta em até duas vezes a mortalidade nesses pacientes. 
 
Incidência 
 
 
 
 
44 
A prevalência da nefropatia em paciente lúpicos é 90% maior para quem tem 
caráter polimorfo, e a morbimortalidade dos pacientes depende do tipo de 
comprometimento renal. A sobrevida dos pacientes com LES que apresentavam ou 
não comprometimento renal, nas últimas décadas, aumentou. Isto porque tratamentos 
mais efetivos que permitem o diagnóstico precoce têm sido empregados. 
 
Diagnóstico 
Normalmente a nefrite lúpica evolui a logo prazo, tendo episódios de recidivas 
e períodos de remissão. Um dos fatores importantes nesse pacientes é a detecção 
precoce de injúria renal. O exame do sedimento urinário, quando comparado aos 
exames anteriores, pode ser uma ferramenta importante na avaliação da função renal. 
Outros exames de avaliação da função renal são marcadores fracos da condição 
renal, podendo não revelar a real gravidade das lesões. 
 
Tratamento 
 
O prognóstico e tratamento da nefrite lúpica estão relacionados à lesão 
subjacente, ao grau de comprometimento da filtração glomerular e, possivelmente, 
aos índices de atividade e cronicidade revelados pela biópsia renal. 
 
Atenção de enfermagem 
 
Alguns dos problemas mais comuns nos pacientes lúpicos. O curso natural da 
doença, ou seu tratamento, pode provocar nos pacientes alterações na aparência que 
afetam diretamente o modo de vida destes indivíduos na medida em que promovem 
seu sofrimento. As alterações e a evolução imprevisível do LES exigem habilidades 
de avaliação e cuidados de enfermagem especializados e sensibilidade para as 
reações psicológicas do paciente. Os pacientes podem beneficiar-se da participação 
nos grupos de apoio através do recebimento de informações sobre a doença. 
 
 
 
45 
 
Quadro 
Problemas comuns vivenciados pelos pacientes lúpicos 
 Fadiga; 
 Integridade cutânea prejudicada; 
 Distúrbios da imagem corporal; 
 Falta de conhecimento para as decisões sobre o autotratamento. 
 
Apoio social e dicas para monitoramento diário das condições individuais 
podem auxiliar o tratamento. Orientações para evitar a exacerbação ou a atividade da 
doença, como evitar a exposição ao sol e a luz ultravioleta ou se proteger com o uso 
de filtros solares e roupas. 
 
Nefropatia Diabética 
 
Uma complicação comum no diabetes mellitus (DM) é a doença renal 
provocada pelas alterações microvasculares ocasionadas no rim, a Nefropatia 
Diabética (ND). 
 
Incidência 
 
A ND é, ao lado da nefropatia hipertensiva, a principal causa de doença renal 
crônica em pacientes que ingressam nos programas de diálise em países 
desenvolvidos e, no Brasil, estudos recentes indicam progressão no número de 
pacientes diabéticos em hemodiálise, cerca de 26%. 
 
 
 
 
46 
Classificação 
 
A albumina é uma das proteínas sanguíneas mais importantes que se 
extravasam para a urina. É baseando-se nos valores de excreção urinária dela que se 
classifica a ND em estágios (Tabela 3). 
 
Tabela 3 
Valores de albuminúria utilizados no diagnóstico 
da ND 
 
Estágio 
 
 
 
Urina de 24 h (mg/24 h) 
 
Normoalbuminúria 
 
< 30 
 
Microalbuminúria 
 
30 a 299 
 
Macroalbuminúria 
 
> 300 
 *Adaptada de American Diabetes Association. Nephropathy in Diabetes Care 
2004; 27:S79-83 
 
Normoalbuminúria: estágio em que se observa concentração normal de 
albumina na urina (< 30mg/24 h). 
Microalbuminúria: é o achado clínico mais precoce na ND é a microalbuminúria. 
Observa-se a presença de pequenas quantidades de albumina na urina, (30 a 
299mg/24h), que métodos convencionais não são capazes de detectar. Constitui um 
fator de risco para doença arterial coronariana e para o aumento da mortalidade em 
pacientes com DM tipo 1 e nos que apresentam o tipo 2 da doença. É considerado um 
fator de risco para o desenvolvimento de macroalbuminúria, porém nem todos os 
pacientes progridem para esse estágio e alguns retornam para a normoalbuminúria. 
 
 
 
47 
 Macroalbuminúria: caracterizada pela presença de proteinúria, 
detectada tradicionalmente através de fitas reagentes que se tornam positivas a partir 
do valor de proteínas totais na urina equivalente a 500mg/24h. 
O controle da hiperglicemia e da HAS constitui um fator importante na redução 
do desenvolvimento da ND que tem a maior prevalência entre os negros, asiáticos e 
americanos nativos. 
Quadro 
Fatores de risco para ND 
 Etnia 
 Dislipidemia 
 Tabagismo 
 Proteinúria 
 Fatores alimentares 
 Hiperfiltração glomerular 
 
 
Tratamento e Prevenção 
 
O tratamento envolve a prevenção da instalação da ND, prevenção primária, 
medidas para evitar a progressão de microalbuminúria para macroalbuminúria, 
prevenção secundária e desaceleração na diminuição do ritmo de filtração glomerular 
na macroalbuminúria visando o impedimento do progresso para insuficiência renal 
terminal, prevenção terciária (Tabela 4). 
Tabela 4 
Tratamento da ND 
 
 
 
Tratamento 
Complicação DM 1 DM 2 
 
IECA 
 
IECA 
 
 
 
48 
Microalbuminúria 
Persistente 
 
Proteinúria 
 
 
IECA 
Tratamento combinado com 
IECA, AAS, melhor controle de 
glicemia, PA, colesterolemia, 
HDL-colesterol e 
trigliceridemia. 
 
 
Atenção de enfermagem 
 
Como o tratamento do DM envolve a necessidade do conhecimento de uma 
série de conceitos alémde habilidades para desenvolver ações do tratamento em 
longo prazo, é importante que o enfermeiro desenvolva, junto ao paciente e/ou 
familiar, atividade educativa que oriente questões sobre a doença, tratamento, 
complicações além de práticas saudáveis que o auxiliem no cotidiano crônico de 
saúde vivenciado. 
Alguns elementos são essenciais no plano educativo para o paciente, realizado 
pelo enfermeiro, entre eles: 
 Informações acerca do DM (causa, tratamento, complicações...), a fim 
de reconhecer os déficits de conhecimento do paciente; 
 Treinamento de habilidades necessárias para a realização de 
automedicação (insulinodependentes) e de verificação periódica da 
glicemia capilar; 
 Orientações para o autocuidado (cuidado com a pele e pés); 
 Orientações/esclarecimentos acerca das recomendações dietéticas; 
 Monitoramento de possíveis complicações; Continuidade do cuidado. 
 
 
Hipertensão Arterial Sistêmica 
 
 
 
 
49 
Ao ano no Brasil a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a principal causa de 
doença renal crônica em estágio terminal. Em síntese, é a HAS quem leva a maioria 
dos pacientes à necessidade de terapia de substituição renal. Além disso, para os 
pacientes portadores de doença renal crônica, a HAS representa um fator de risco 
importante para o desenvolvimento de doença cardiovascular, maior morbidade e 
mortalidade. 
 
Incidência 
 
No início da terapia renal substitutiva, cerca de 80% dos pacientes apresentam 
HAS. No Brasil, em 2008, 35,8% dos pacientes em diálise tem por doença de base a 
hipertensão, os outros que apresentam este problema o têm como causa secundária 
em função de outra patologia ou lesão renal. 
 
Classificação 
 
A HAS é definida a partir de valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 
mmHg e pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pessoas que não fazem 
uso de anti-hipertensivos. 
 
Diagnóstico 
 
Para firmar o diagnóstico do paciente é fundamental conhecer a história clínica 
do paciente para identificar fatores de risco, hábitos de vida que favorecem o 
surgimento de HAS; exame físico e avaliação laboratorial inicial do paciente 
hipertenso a fim de verificar o comprometimento de outros órgãos e sistemas e definir 
metas de prevenção e retardo da progressão da doença renal. 
 
 
 
50 
A HAS é um fator que deve ser permanentemente avaliado. A avaliação se 
inicia pela investigação clínico-laboratorial que deve compreender as seguintes 
etapas: 
 Verificação da elevação dos valores pressóricos e confirmação do 
diagnóstico; 
 Avaliação a presença de lesões em órgãos-alvo; 
 Identificação de fatores de risco para doenças cardiovasculares; 
 Diagnóstico de doenças ligadas à hipertensão; 
 Investigação da causa da hipertensão arterial (quando houver); 
 
 
 Figura - Fluxograma de exame de urina para grupo de risco de DRC. 
 *Extraído de Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica nº 15: 
Hipertensão Arterial Sistêmica 
 
 
Tratamento 
 
O tratamento da HAS pode ser de dois tipos: 
 Não farmacológico: consiste no controle do excesso de peso, adoção 
de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas 
 
 
 
51 
alcoólicas, abandono do tabagismo, prática de atividades físicas 
regulares; 
 Farmacológico: agentes anti-hipertensivos, esquemas terapêuticos 
(monoterapia ou terapia combinada), terapia antiagregante plaquetária. 
 
Os medicamentos anti-hipertensivos mais eficazes no retardo da progressão 
da doença renal são os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), 
porém, seu uso é geralmente associado a alguma outra droga como diuréticos e 
propranolol. Deve-se monitorar o aumento de potássio e creatinina quando utilizado o 
IECA no tratamento da HAS. 
 
 Quadro 
 Objetivos da terapia anti-hipertensiva em portadores de DRC 
 Reduzir a pressão arterial para níveis abaixo de 130 /85 mmHg; 
 Diminuir o risco cardiovascular; 
 Limitar a progressão da doença renal; 
 Reduzir a proteinúria. 
 
 
 
 
Atenção de enfermagem 
 
A principal ação para controle da HAS e seus efeitos em outros órgãos e 
sistemas visando retardar a progressão da lesão renal provocada por níveis 
pressóricos elevados é a elaboração de estratégias para o controle rigoroso da 
pressão arterial. Tendo em vista esse princípio, cabe ao enfermeiro: 
1. Capacitar a equipe de enfermagem; 
2. Realizar consulta, abordando fatores de risco, tratamento não-
medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento; 
 
 
 
52 
3. Desenvolver atividades de promoção de saúde e atividades educativas 
individuais ou em grupo com os pacientes hipertensos; 
4. Estabelecer estratégias que possam favorecer a adesão a grupos de 
hipertensos; 
5. Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências; 
 
Nefrolitíase 
 
Também conhecido com cálculo renal ou pedra nos rins, é um problema comum 
que acomete cerca de 10% da população, sendo mais comum no sexo masculino (três 
homens para cada mulher), atingindo a faixa etária compreendida entre 20 e 50 anos. 
É mais frequente em países industrializados, países de clima tropical, pessoas com 
história de cálculos renais na família e cerca de quatro vezes mais comum em pessoas 
de etnia branca. Constantemente observa-se a recorrência do problema em pacientes 
que, após o episódio de cálculo não se submeteram a nenhum tipo de tratamento. 
Cerca de 50% desses pacientes apresentarão um novo episódio em até dez anos 
após o primeiro. 
 
Classificação 
 
Os cálculos são formados quando as concentrações de determinadas 
substâncias aumentam no organismo supersaturando a urina e envolvendo fatores 
como o pH urinário, a quantidade de substância e a força iônica (Tabela 5). 
 
Tabela 5 
Fator de formação dos cálculos 
 
Características 
 
 
Oxalato de cálcio 
 
- Tipo mais comum, correspondendo a 
mais de 65% dos cálculos renais; 
 
 
 
53 
- Isolado ou associado a fosfato; 
- Causado pelo aumento do cálcio 
urinário sem aumento nos níveis séricos de 
cálcio (hipercalciúria idiopática)*. 
 
 
Estruvita 
 
- Relacionados à infecção urinária por 
microrganismos produtores de urease; 
- Tipo mais comum de cálculos 
coraliformes; 
- Causado pela deposição de cristais de 
estruvita, produto da hidrólise da ureia 
provocada pela urease. 
 
 
 
Ácido úrico 
 
- Relacionado ao pH, baixa ingestão de 
líquidos e altos níveis de ácido úrico; 
- São invisíveis à radiografia quando 
estão associados a cálculos de oxalato de 
cálcio. 
 
Cistina 
 
 
- Ocorre em pacientes com uma doença 
autossômica recessiva ligada ao transporte 
renal e intestinal da cistina, a cistinúria. 
 
Cristais de Indinavir 
 
 
- Desenvolve-se durante o tratamento de 
pacientes com HIV1 com o medicamento 
sulfato de indinavir, um inibidor de protease. 
* Os fatores envolvidos na hipercalciúria envolvem o aumento da absorção 
intestinal do cálcio pelo intestino, o aumento da desmineralização óssea e a perda 
renal de cálcio. 
 
A supersaturação urinária é a principal condição para a formação de cálculo 
renal, considerando os principais mecanismos fisiopatogênicos. A formação do cálculo 
 
 
 
54 
pode não ocorrer mesmo em situações onde haja a supersaturação da urina. Isto se 
deve à ação de substâncias inibidoras da cristalização que agem, principalmente, na 
superfície dos cristais, bloqueando as zonas de agregação de outros cristais. Os 
principais inibidores são o citrato, o pirosfato, o magnésio e os glicosaminoglicanos. 
Através das ligações destas substâncias os cristais têm seu crescimento bloqueado. 
A deficiência destes inibidores também pode ser um fator formador de cálculos em 
situações onde não há supersaturação ou fatores de risco associados. 
 
Quadro 
Fatores de risco para formaçãode cálculos urinários 
 Distúrbios metabólicos 
 Infecções urinárias 
 Anormalidades anatômicas 
 pH urinário 
 Volume urinário 
 Fatores dietéticos 
 Causas idiopáticas 
 Uso de medicamentos como sulfato de indinavir 
 
 
 
Quadro clínico 
 
As manifestações clínicas principais são dor, hematúria, obstrução e aumento 
do risco de infecção urinária. Entretanto, existem casos assintomáticos em que os 
cálculos são descobertos por ‘acidente’ durante a realização de exames para 
investigação de outros agravos. A dor em cólicas, popularmente conhecida como 
cólica renal, ocorre por conta de espasmo ureteral produzido pela passagem do 
cálculo ou coágulo que obstrui a mesma. Manifesta-se na região lombar, geralmente 
 
 
 
55 
com início repentino e aumento progressivo, necessitando de analgesia potente, como 
morfina e derivados. Pode vir acompanhada de vômitos, agitação e íleo paralítico. 
Durante a passagem do cálculo pelo ureter é comum haver obstrução deste. 
Em geral, é temporária e/ou parcial, e não oferece maiores problemas ao paciente. 
Cálculos com menos de 5 mm normalmente são eliminados espontaneamente e a 
metade dos cálculos entre 5 e 7mm também são eliminados. Já os cálculos maiores 
que 7 mm são raramente eliminados. A desobstrução torna-se emergencial quando 
há infecção urinária. 
A obstrução crônica pode provocar perda da função renal irreversível. 
 
Tratamento 
 
O tratamento clínico envolve orientações dietéticas, reduzindo a ingestão de 
alimentos que contenham as substâncias formadoras do cálculo. No tratamento da 
cólica, na crise aguda, envolve analgesia e diminuição na ingestão de líquidos a fim 
de evitar o aumento da filtração renal, o que aumentaria a dor. Para dor leve e 
moderada são utilizados analgésicos e/ou antiinflamatórios não-esteroides (AINES) e 
em casos de dor intensa são utilizados morfina e seus derivados, além de outros 
opiáceos. 
No tratamento intervencionista a maior parte dos cálculos pode ser tratada de 
maneira não-invasiva através de litotripsia extracorpórea por ondas de choque 
(LECO), descartada a necessidade de anestesia e internação. A escolha do 
tratamento envolve fatores tais como: o tamanho do cálculo, sua composição e sua 
localização anatômica. Há alguns anos os cálculos eram tratados através de 
processos cirúrgicos, o que aumentava o risco de infecção e morbidades, além dos 
custos com o tratamento. Hoje a cirurgia está indicada apenas para os casos em que 
outros tratamentos não são prescritos, pois não há possibilidade de erradicação 
voluntária do cálculo. 
 
 
 
 
56 
Atenção de enfermagem 
 
As ações de enfermagem no tratamento e orientação dos pacientes com 
cálculos renais envolvem metas para alívio da dor e desconforto além de orientação 
para evitar novos episódios e complicações. No âmbito hospitalar as ações pautam-
se na analgesia eficaz, no controle e registro de eliminações vesicais, bem como sua 
análise macroscópica (para verificar a eliminação de cálculos). Orientar o paciente 
quanto à possibilidade de mover os cálculos (quando possui tamanho que permita sua 
eliminação espontânea) através da deambulação. 
O enfermeiro deve conhecer a história do paciente, os fatores envolvidos na 
formação do cálculo e os meios de prevenir recidiva do problema. Para tanto é 
necessária a ação educativa do enfermeiro, fornecendo ao paciente e seus familiares 
informações acerca do problema e orientações para evitar a formação de novos 
cálculos. 
 
Quadro 
Evitando os cálculos renais recorrentes 
 Seguir rigorosamente a dieta prescrita; 
 Durante o dia, ingerir líquidos (de maneira ideal, água) a cada 1 a 2 horas; 
 Beber dois copos de água na hora de dormir e um copo adicional a cada despertar 
noturno para evitar que a urina fique muito concentrada; 
 Evitar atividades que provocam a sudorese excessiva e a desidratação; 
 Evitar aumentos súbitos nas temperaturas ambientes que possam causar 
sudorese excessiva e desidratação; 
 Contatar o médico-assistente ao primeiro sinal de uma ITU. 
*Extraído de SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner & Suddarth. Tratado de 
enfermagem médico-cirúrgica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. v.3, 
p.1420. 
 
 
 
 
57 
Uma recomendação importante é manter a elevada ingestão de líquidos, 
preferencialmente água – dentro dos padrões de normalidade, cerca de 30ml/Kg/dia 
– pois se sabe que os cálculos se formam mais facilmente em urina concentrada. 
 
Insuficiência Renal Aguda 
 
É a perda súbita da função renal provocando o acúmulo de escórias no 
organismo. Possui diferentes causas: 
 Pré-renais 
Hipovolemia: perdas gastrointestinais, desidratação, diuréticos, insolação, 
hemorragias importantes; 
Insuficiência Cardíaca: falência do coração, infarto agudo do miocárdio, sepse, 
arritmias, choque anafilático; 
 Obstrução Arterial: trombose, aneurismas, embolias 
 Renais: 
 Isquêmicas: pielonefrite, rejeição do enxerto (transplante), necrose cortical, 
gestação; 
Nefrotóxicas: antibióticos, quimioterápicos, metais pesados, contraste iodado, 
alcoolismo, choque elétrico, intoxicação e hemólise; 
 Pós-renais: obstruções por litíase, tumor ou traumatismo, aumento da 
próstata. 
 
Tratamento 
 
O tratamento da IRA tende restabelecer o equilíbrio da homeostase e é adotado 
o controle hídrico e da pressão arterial sistêmica, prevenção de infecções, visando 
evitar a sepse, e modificações dietéticas para prevenir o acúmulo maior das escórias 
no sangue do paciente. Terapias dialíticas são empregadas com visas a realizar a 
 
 
 
58 
função que o comprometimento renal não permite realizar. As terapias indicadas nos 
casos de IRA serão descritas a seguir. 
 
Métodos Dialíticos na Insuficiência Renal Aguda 
 
Os tipos de diálise disponíveis e indicados atualmente para pacientes que 
apresentam insuficiência renal aguda (IRA) são: 
 Terapia renal substitutiva intermitente (TRSI): qualquer terapia 
extracorpórea de depuração sanguínea indicada para substituir a 
ausência da função renal, seja parcial ou total, aplicada por período 
menor que 12 h/dia; 
 Terapia renal substitutiva contínua (TRSC): idêntica a TRSI, porém é 
aplicada por período prolongado de tempo, durante 24 h/dia; 
 Hemodiálise contínua (HDC): o tratamento procede de maneira 
ininterrupta, 24 por dia, com fluxos de sangue (100 a 150mL/min.) e de 
solução de diálise (0,5 a 2 L/h), oferecendo menor instabilidade 
hemodinâmica no paciente. 
 Hemodiafiltração contínua: é a diálise com a capacidade de depuração 
dos hemofiltros alterada por uma membrana de alto fluxo; 
 Hemodiálise diária estendida (HDDE): solutos e água são transportados 
através de uma membrana de baixo fluxo, semipermeável artificial 
(celulose ou sintética) para o dialisato; a duração é inferior a 12 horas; 
 Hemodiálise sustentada de baixa eficiência (HDSBE): solutos e água 
são transportados através de uma membrana de baixo fluxo, 
semipermeável (celulose ou sintética) para o dialisato, a duração é de 
12 horas; 
 Ultrafiltração isolada contínua (UFIC): processo de remoção de líquidos, 
contínuo, através de uma membrana de baixa permeabilidade; 
 
 
 
59 
 Ultrafiltração isolada (UFI): processo agudo de remoção de líquidos 
através de uma membrana de baixa permeabilidade, sem o uso de 
dialisato; 
 Hemoperfusão (HP): o sangue é exposto a uma substância com 
propriedades adsortivas (carvão ativado, proteína A ou material 
sintético), com a finalidade de remover fármacos, toxinas, solutos ou 
outras substâncias. O balanço hídrico não é alterado e não exige a 
reposição de solutos. 
 
Doença Renal Crônica 
 
A doença renal crônica (DRC) é a fase final de diversas patologias renais, 
sendo, muitas vezes, somente diagnosticada a partir de sintomatologia urêmica. É 
definida pela presença destes sintomas por

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