Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMERGÊNCIA EM NEFROLOGIA 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
EMERGÊNCIA EM NEFROLOGIA 
 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 
 
ATENDIMENTO AO ALUNO 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
 
 
 
 
mailto:editora
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
ANATOMIA RENAL .................................................................................................................... 5 
FISIOLOGIA RENAL .................................................................................................................. 9 
HEMODIÁLISE ......................................................................................................................... 14 
EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA NO BRASIL ........................................... 17 
TERAPIAS DIALÍTICAS ATUAIS ............................................................................................. 23 
GLOMERULOPATIAS .............................................................................................................. 33 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO......................................................................................... 35 
INCIDÊNCIA ............................................................................................................................. 36 
NEFROPATIA DE REFLUXO................................................................................................... 40 
NEFRITE LÚPICA .................................................................................................................... 43 
NEFROPATIA DIABÉTICA ....................................................................................................... 45 
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ................................................................................ 48 
NEFROLITÍASE ........................................................................................................................ 52 
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................................................ 57 
TRATAMENTO ......................................................................................................................... 57 
MÉTODOS DIALÍTICOS NA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................. 58 
DOENÇA RENAL CRÔNICA.................................................................................................... 59 
PRINCÍPIOS BÁSICOS ............................................................................................................ 63 
APARELHO PARA HEMODIÁLISE ......................................................................................... 65 
ÁGUA PARA HEMODIÁLISE ................................................................................................... 68 
ACESSO VASCULAR PARA HEMODIÁLISE ......................................................................... 71 
DIALISADORES ....................................................................................................................... 73 
MEMBRANAS ........................................................................................................................... 74 
REUTILIZAÇÃO DE DIALISADORES ..................................................................................... 75 
CUIDADOS COM O DIALISADOR .......................................................................................... 75 
SOLUÇÕES ESTERILIZANTES .............................................................................................. 76 
TÉCNICA DE REPROCESSAMENTO .................................................................................... 76 
ANTICOAGULAÇÃO ................................................................................................................ 77 
SELEÇÃO DO ANTICOAGULANTE ........................................................................................ 78 
COAGULAÇÃO DO CIRCUITO EXTRACORPÓREO ............................................................. 79 
AÇÕES DE ENFERMAGEM .................................................................................................... 80 
 
 
 
4 
COMPLICAÇÕES DURANTE A HEMODIÁLISE..................................................................... 80 
AÇÕES DE ENFERMAGEM .................................................................................................... 82 
CONTROLE DE INFECÇÕES NA UNIDADE DE HEMODIÁLISE .......................................... 82 
INFECÇÃO RELACIONADA À CONTAMINAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE DIÁLISE............... 83 
INFECÇÃO RELACIONADA AO ACESSO VASCULAR PARA HD ....................................... 84 
INFECÇÕES VIRAIS EM UNIDADE DE HD............................................................................ 85 
ENFERMAGEM NO REUSO DE DIALISADORES ................................................................. 89 
FUNÇÕES DO ENFERMEIRO ................................................................................................ 89 
FUNÇÕES DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM ....................................................................... 92 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODIÁLISE ................. 93 
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ............................................................................................ 98 
SELEÇÃO DO RECEPTOR ................................................................................................... 100 
DOADOR CADÁVER.............................................................................................................. 100 
DOADOR VIVO....................................................................................................................... 101 
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO RECEPTOR DE RIM DE DOADOR CADÁVER ......... 101 
AVALIAÇÃO DO DOADOR VIVO .......................................................................................... 105 
PREPARO DO PACIENTE ..................................................................................................... 108 
COMPLICAÇÕES DO TRANSPLANTE RENAL ................................................................... 109 
DISFUNÇÃO INICIAL DO ENXERTO .................................................................................... 109 
REJEIÇÃO DO ENXERTO ..................................................................................................... 109 
TIPOS DE REJEIÇÃO ............................................................................................................ 110 
COMPLICAÇÕES TARDIAS .................................................................................................. 113 
COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS ......................................................................................... 114 
COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS ........................................................................................... 115 
ENFERMAGEM NO TRANSPLANTE COM DOADOR VIVO ............................................... 117 
ENFERMAGEM NO TRANSPLANTE COM DOADOR CADÁVER ...................................... 120 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Anatomia Renal 
 
Os rins são órgãos pares com formato semelhante a um grão de feijão. A 
coloração é marrom-avermelhada, envolvidos por uma resistente cápsula fibrosa. Sua 
localização é retroperitoneal, ou seja, estão posicionados atrás do revestimento 
peritoneal da cavidade abdominal, um de cada lado da coluna vertebral, paralelo ao 
músculo psoas maior. Quando estamos em pé sua margem superior está ao nível da 
primeira vértebra lombar e a inferior, na altura da quarta vértebra lombar. Eles se 
deslocam com a respiração cerca de 1,9 cm, atingindo até 4,1 cm de deslocamento 
durante a inspiração profunda. O órgão direito é um centímetro menos que o esquerdo 
e encontra-se levementemais inferior. 
A medida de um rim adulto varia de 11 a 13 cm de comprimento, a largura está 
entre 5 e 7,5 cm, a espessura entre 2,5 e 3 cm e o peso está entre 125 a 170 gramas, 
em pessoas do sexo masculino, e entre 115 a 155 gramas em pessoas do sexo 
feminino. Há tendência à diminuição do peso com a idade. Em recém-natos o peso 
varia de 13 a 44 gramas. A variação de tamanho dos rins está mais associada à 
superfície corporal do que a outros fatores, tais quais etnias, sexo ou idade. O nível 
de hidratação do organismo e a pressão arterial também provocam alteração no 
tamanho do rim. 
 
 
 
 
6 
 
Fonte: RIELLA, M.C 
 
Relações anatômicas dos rins com a estrutura musculoesquelética em uma 
visão posterior da região lombar. *Extraído de RIELLA, M.C. Princípios de nefrologia 
e distúrbios do equilíbrio hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
Na porção medial interna de cada rim está localizado o hilo renal, onde se 
observam a artéria e a veia renal, além de vasos linfáticos, plexos nervosos e o ureter, 
que se expande para o interior do seio renal, formando a pelve. É envolto por uma 
cápsula de tecido conjuntivo e apresenta uma região mais externa (córtex renal) e 
uma estrutura triangular (medula renal) localizada profundamente no interior do rim. 
Na medula renal podem ser observadas estruturas em forma de cones, as pirâmides 
renais. Cada pirâmide é separada de outra pelas colunas renais, que são projeções 
do córtex renal. A extremidade inferior da pirâmide, denominada ápice, está voltada 
em direção à pelve renal, responsável pela coleta da urina produzida pelo rim e que 
forma a extremidade superior do ureter. As margens, em forma de taça da pelve renal, 
que coletam a urina formada pelo rim. 
 
 
 
7 
 
 Figura -Rim direito seccionado em vários pontos expondo o parênquima e a 
pelve renal. *Extraído de RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios do 
equilíbrio hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
 
A menor unidade do rim é o néfron, formado por uma parte inicial dilatada, o 
corpúsculo de Malpighi, ao qual se seguem o túbulo contorcido proximal, a parte 
espessa e delgada da alça de Henle, o túbulo contorcido distal e o ducto coletor. Cada 
néfron nasce no glomérulo, que é um novelo de capilares recobertos por células 
epiteliais que têm por função a filtração do sangue. O glomérulo é formado pela 
invaginação de um tufo de capilares para o interior da extremidade dilatada do néfron, 
a cápsula de Bowman. O líquido da cápsula de Bowman flui para um segmento 
contorcido, o túbulo contorcido proximal. O túbulo contorcido proximal termina no 
segmento delgado do ramo descendente da alça de Henle. 
 
 
 
8 
 
Figura- Relações entre os vários segmentos do néfron e o córtex e a medula 
renal. *Extraído de RIELLA, M.C. Princípios de nefrologia e distúrbios do equilíbrio 
hidroeletrolíticos. Porto Alegre, 2008. 
 
O ramo ascendente da alça de Henle termina em outro segmento contorcido, o 
túbulo contorcido distal. Os túbulos distais formam os ductos coletores, que passam 
através do córtex e da medula renal e se esvaziam na pelve do rim, nos ápices das 
pirâmides medulares. Os glomérulos são compostos de três camadas filtradoras: 
endotélio capilar, epitélio e membrana basal. A membrana glomerular é responsável 
 
 
 
9 
pela filtração, permitindo a passagem do líquido e de pequenas moléculas e 
bloqueando o acesso de moléculas maiores como células sanguíneas e a albumina. 
 
Fisiologia Renal 
 
O sistema urinário desempenha diversas funções essenciais para a 
homeostasia do organismo. Assim, o rim possui basicamente duas funções: 
endócrina, mesmo não sendo uma glândula endócrina, e homeostática, que se 
configura com a sua principal função. A realização da função endócrina do rim é 
sabida, porém, as estruturas renais envolvidas nesse processo são desconhecidas. 
Estima-se que esteja no córtex renal, no complexo justaglomerular, a porção secretora 
do rim. 
 
Quadro 
Funções do rim 
 Formação da urina; 
 Excreção de produtos residuais; 
 Regulação de eletrólitos; 
 Controle do equilíbrio hídrico; 
 Controle da pressão arterial; 
 Clearance renal; 
 Regulação da produção de eritrócitos; 
 Síntese de vitamina D ativa; 
 Secreção de prostaglandina. 
 
Função endócrina 
 
O rim secreta a renina, substância responsável pela ativação do sistema 
Reninaangiotensina II através da ação enzimática sobre a reação de transformação 
de angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez transforma-se em 
 
 
 
10 
angiotensina II sob ação da enzima conversora de angiotensina (ECA) que também 
atua hidrolisando a bradicinina. A Angiotensina II possui diversas formas de atuação. 
 
Quadro 
Atuação da Angiotensina II 
 Modifica a ação renal, promovendo maior ação de vasoconstricção das 
arteríolas eferentes no rim, aumentando assim a filtração glomerular; 
 Influencia o córtex da adrenal, levando à produção de aldosterona que, por 
sua vez, age nos túbulos renais estimulando a retenção e absorção de sódio; 
 Aumenta a absorção de água, através de mecanismos osmóticos, como 
consequência há um aumento da pressão arterial; 
 Promove redução do ritmo de filtração glomerular contraindo as células 
mesangiais, diminuindo a área de filtração glomerular; 
 Secreta o 1,25 dihidroxi-calciferol, importante para a absorção de cálcio no 
túbulo renal e no depósito de cálcio no osso; 
 Secreta eritropoetina, fator de crescimento com ação de estímulo da medula 
óssea em produzir glóbulos vermelhos. 
 
 
Função homeostática 
 
Dentre as formas pelas quais os rins desempenham a regulação do equilíbrio 
no organismo observa-se: 
 Manutenção da tonicidade - ocorre em função da excreção de água e 
solutos, formando um gradiente osmolar adequado entre os 
compartimentos intra e extracelulares, ou seja, em equilíbrio osmótico; 
 Regulação da concentração de íons – com o auxílio da excreção de água 
e solutos as concentrações de sódio, potássio, cloreto, bicarbonato, 
magnésio e fosfato são reguladas; 
 
 
 
11 
 Manutenção do pH – a manutenção do pH ocorre na ação conjunta de rins 
e pulmões que possuem a capacidade de excretar H+ e reabsorver HCO-3; 
 Manutenção da concentração de nutrientes – através da reabsorção 
tubular, nutrientes, como a glicose, por exemplo, são reabsorvidos ao invés 
de ser eliminados pela urina, caso estejam em níveis mais baixos que os 
desejados; 
 Eliminação de escórias – produtos do metabolismo como ureia, ácido úrico 
e timina são excretados na urina. Além disso, são eliminadas drogas e 
outras substâncias tóxicas presentes nos alimentos. 
 
Clearance ou depuração plasmática geral 
 
É a capacidade renal para depurar solutos a partir do plasma. A coleta de urina 
de 24 horas é o teste primário do clearance renal para avaliação da função excretora 
do rim. O clearance depende de vários fatores. Utiliza-se a medição do clearance de 
creatinina, de modo mais particular, para investigar as alterações na depuração renal 
dessa substância, indicativo de alteração na função renal. 
 
Quadro 
Fatores que interferem no clearance 
 Velocidade de filtração glomerular da substância; 
 Quantidade de substância reabsorvida pelos túbulos; 
 Quantidade de substância secretada para o interior dos túbulos. 
 
A creatinina é o produto residual do metabolismo da creatina, presente nas 
fibras dos músculos esqueléticos. Ela é filtrada pelo glomérulo, atravessa os túbulos 
e é excretada na urina. Por essa razão, o clearance de creatina é utilizado para 
monitorar a função renal, pois à medida que a função renal diminui, diminui também o 
clearance de creatinina. O clearance de creatina é também uma boa medida do ritmo 
de filtração glomerular (RFG), calcula-se utilizando uma fórmula matemática. 
 
 
 
12 
 
Quadro 
Fórmulado clearance de creatinina 
 
(Volume da urina [ml/min] x creatinina urinária [ mg/dL] 
Creatinina sérica (mg/dL) 
 
Néfron 
 
É subdivido em duas porções interrelacionadas: 
 Porção circulatória: composta pela arteríola aferente, glomérulo e 
arteríola eferente; 
 Porção urinária, composta pela cápsula de Bowman, túbulos renais e 
ducto coletor. 
 
É a arteríola aferente a responsável por fornecer fluxo de sangue aos capilares 
glomerulares, formando um líquido sem proteínas, o ultrafiltrado, que escoa para a 
cápsula de Bowman, transpassando a barreira dos vasos glomerulares, a barreira 
justaglomerular. O ultrafiltrado possui concentração igual a do plasma, excetuando-se 
a presença de proteínas. O líquido atravessa o capilar e chega à cápsula de Bowman 
ganhando os túbulos renais, formando então a urina. 
O capilar glomerular é constituído de três estruturas: 
 Endotélio; 
 Membrana basal; 
 Diafragma 
A estrutura do capilar do glomérulo representa a barreira pela qual o plasma 
atravessa formando o ultrafiltrado. Porém, apenas uma fração do plasma é filtrada e, 
associado a isso, existem substâncias que são reabsorvidas, total ou parcialmente, 
pelos túbulos renais e podem contribuir em pequena parte na composição final da 
urina. 
 
 
 
13 
 
 Mecanismos básicos da formação da urina 
 
A filtração glomerular não depende apenas da membrana capilar, mas também 
de uma somatória de pressões que estão vinculadas ao glomérulo renal: 
 Pressão hidrostática capilar (PHC) - pressão do sangue que chega às 
arteríolas aferentes e tende a deslocar líquido do capilar para o espaço 
de Bowmann. A PHC é muito alta no glomérulo, pois as distâncias entre 
a aorta e a artéria renal e entre a artéria renal e a arteríola aferente são 
curtas; não existe resistência ao fluxo de sangue da aorta abdominal até 
a arteríola aferente e a arteríola eferente tem diâmetro menor que a 
aferente, dificultando o escoamento sanguíneo e deixando o glomérulo 
repleto de sangue, levando a um maior PHC. A PHC varia entre 80 e 85 
mmHg; 
 Pressão de Bowmann - exercida pelo líquido formado previamente no 
espaço de Bowmann, tendendo a retê-lo neste local. Esta é a pressão 
de Bowmann (pB) e ela varia entre 5 e 15 mmHg; 
 Pressão efetiva de filtração - a somatória das pressões, denominada 
pressão efetiva de filtração (PEF), a pressão efetiva de filtração é de 
aproximadamente 40 mmHg e é dada pela seguinte equação: 
 
PEF = Phc – Ponc – PB. 
 
Teorias Miogênica (localizada nas artérias renais) 
 
Segundo esta teoria, um aumento no Pam provocaria um estímulo da 
musculatura lisa da arteríola aferente, o que levaria a uma vasoconstricção, causando 
a redução do fluxo de filtração glomerular. Por outro lado, uma queda na Pam 
provocaria relaxamento da musculatura da arteríola aferente com consequente 
vasodilatação, provocando um aumento do fluxo de filtração glomerular. 
 
 
 
14 
 
Teoria do metabolismo 
 
Uma redução do fluxo sanguíneo leva a um acúmulo de substâncias 
vasodilatadoras (principalmente cininas e prostaglandinas) que, por sua vez, 
provocam aumento do fluxo sanguíneo. O contrário também é verdadeiro, ou seja, um 
aumento do fluxo promove uma drenagem maior de substâncias vasodilatadoras 
diminuindo a vasodilatação do vaso. Isso provoca uma redução do fluxo sanguíneo. 
 
Teoria da mácula densa (controle local do RFG) 
 
A mácula densa encontra-se na porção final da alça de Henle, túbulo localizado 
entre as arteríolas aferente e eferente e pelo qual passa o filtrado glomerular. A mácula 
densa capta alterações na concentração de sódio, sendo que uma maior 
concentração de sódio no filtrado é entendida como um elevado RFG. Frente a esta 
situação, a mácula densa envia um estímulo para a arteríola aferente promovendo 
sua vasoconstricção, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo e do RFG. Quando 
se trata de uma diminuição da concentração de sódio o inverso ocorre, tendo como 
resultado um aumento no RFG. 
 
Histórico da Diálise 
 
Hemodiálise 
 
Willen Kollf é considerado o “Pai da Diálise”, entretanto, diversos experimentos 
foram pré e pós-Kolff. 
Quadro 
 
ANO 
 
 
ACONTECIMENTO 
 
 
 
15 
 
1912 
John Jacob Aerel, juntamente com Rowntree e Turner, do 
laboratório de farmacologia do John Abel Medical School de 
Baltimore, realizam a primeira diálise com sucesso em um animal 
vivo. 
 
1913 
John Jacob e seus colegas publicam a experiência realizada com a 
técnica de vividifusão, mais tarde chamada de hemodiálise. 
 
 
1926 
O médico, Georg Haas submete um paciente de 20 anos a uma 
sessão de diálise utilizando a técnica descrita por Aerel; 
A sessão dura 35 minutos e apresenta problemas ligados à 
anticoagulação e ao dialisador durante o procedimento*. 
1937 William Thalhimer descobre o celofane como membrana dialisadora. 
1940 Willen Kolff desenvolve um protótipo de rim artificial. 
 
1943 
Kolff realiza a primeira diálise em seres humanos, utilizando um 
tambor rotativo que continha um tubo de celofane enrolado em forma 
de hélice em torno de um eixo mergulhado em um grande 
reservatório contendo solução de diálise. 
 
1946 
John Merrill implementa o rim artificial em maior escala de uso; 
Nils Alwal introduz a tela de proteção; 
 Willen Kolff usa celofane selada em fibra de vidro; 
 Jack Leonards insere a placa de fluxo paralelo. 
 
1948 
É realizada a primeira hemodiálise em sistema complexo sem 
complicações, no Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque. 
 
1949 
No Brasil, o médico Tito Almeida emprega um rim artificial para tratar 
um portador de Doença Renal Crônica. 
1956 É lançado no mercado o primeiro dialisador do tipo ”coil 
descartável”. 
 
1960 
O primeiro “shunt” de teflon arteriovenoso é implantado em humano 
por Scribner e Wayne Quinton 
 
1964 
James Cimino desenvolve a técnica da fístula arteriovenosa 
utilizando a ceia arterializada, cuja técnica ainda é utilizada. 
 
 
 
16 
* Mesmo tendo encontrado problemas durante a sessão, Haas repete o 
procedimento por mais três vezes. 
 
As primeiras hemodiálises realizadas no Brasil tinham por finalidade o 
tratamento de pacientes com Insuficiência Renal Aguda. Somente na década de 60 a 
hemodiálise e a diálise peritoneal passam a ser modalidades de tratamento para a 
doença renal crônica. A partir de então, devido aos avanços tecnológicos e científicos, 
diversos modelos foram desenvolvidos. 
 
Diálise Peritoneal 
 
A história da Diálise Peritoneal se inicia com a publicação do trabalho de 
Putnam, no qual demonstra que o peritônio pode ser usado como uma membrana 
dialisadora. Porém, experimentos no campo da DP datam de pré-Putnam e se seguem 
até os dias atuais. 
 Quadro 
 
ANO 
 
 
ACONTECIMENTO 
1.500 a.C. Descrição da cavidade peritoneal em papiros. 
1877 Wegner observa os princípios da osmose e da difusão. 
1923 A diálise através da membrana do peritônio é utilizada pela 
primeira vez como procedimento terapêutico (Ganter). 
1960 Scribner inicia a técnica da Diálise Peritoneal como manutenção 
de vida. 
1964 O cateter de longa permanência é descoberto por Palmer, 
Quinton e Gray.* 
 
1976 
Nos Estados Unidos, Moncrief e Popovich criam a Diálise 
Peritoneal Contínua (CPD); 
O Sistema fechado com bolsas flexíveis para Diálise Peritoneal 
é desenvolvido; 
 
 
 
17 
 
1977 
No Canadá, o médico Oreopoulus e seus colaboradores 
comprovam a eficácia da técnica da Diálise Peritoneal Contínua 
com o Sistema Standard.** 
1978 Surge a Diálise Peritoneal Ambulatória Contínua (CAPD) 
 
1980 
No Brasil, Miguel Riella, introduz o conceito da Terapia 
Ambulatorial Contínua e se torna pioneiro nesta modalidade. 
Daisy Pasqual, enfermeira, introduz o Programa Educacional 
que habilita e capacita o paciente e um membroda família para 
a realização em domicílio da CAPD. 
*Posteriormente este cateter foi modificado por Tenckhoff. 
**Nesta época a CAPD era conhecida por Sistema Standard. Este era 
composto por um único segmento de linha, que ao mesmo tempo conectava-se ao 
paciente e à bolsa de diálise. 
 
 
 
A partir dos anos 80 a evolução se desenvolve no aperfeiçoamento tecnológico 
dos sistemas de conexão de CAPD, o que fez diminuir a ocorrência de episódios de 
peritonites nos pacientes que estão sob esta modalidade terapêutica. 
 
Epidemiologia da doença renal crônica no Brasil 
 
A doença renal crônica (DRC) apresenta crescimento progressivo e em 
proporções epidêmicas, em todo o mundo, com elevadas taxas de mortalidade e 
morbidade. No Brasil ainda não existe um sistema nacional de registro que possa 
fornecer dados confiáveis do ponto de vista epidemiológico sobre a doença renal, 
como ocorre em determinados países como os Estados Unidos, que conta com o 
United States Renal Data System (USRD), que fornece informações precisas sobre o 
perfil da doença no país. Entretanto, inúmeros esforços são realizados para a coleta 
de dados sobre a DRC no Brasil, em especial o censo anual da Sociedade Brasileira 
 
 
 
18 
de Nefrologia (SBN), que busca os dados diretamente das clínicas de terapia renal 
em todo o país. 
A doença renal em estágio terminal (DRET) é uma doença grave que no ano 
de 2000 teve sua taxa de mortalidade maior que a maioria dos casos mais letais de 
câncer. No Brasil, segundo dados do censo realizado em março de 2008 pela SBN, 
são 41.614 pacientes em diálise, sendo a maioria na região sudeste do país. 
 
 
Figura - Pacientes em diálise no Brasil, por região. Fonte: Censo de diálise 
SBN 2008. 
 
Em março de 2008, a prevalência de pacientes em diálise por milhão da 
população (pmp) era de 470. Essa taxa segue apresentando um aumento progressivo 
nos últimos anos, chamando a atenção dos profissionais como um problema de saúde 
pública. 
 
 
 
 
19 
 
 Figura - Prevalência de pacientes em diálise no Brasil, de 1994 a 2008. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 Figura - Total de pacientes em tratamento dialítico no Brasil por ano. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008 
 
 
 
20 
O maior percentual de pacientes em diálise agrega a faixa etária compreendida 
entre 40 a 59 anos (43,7%). É importante destacar que 36,3% dos pacientes em diálise 
têm mais de 60 anos de idade, e que essa proporção tende a se elevar com o aumento 
progressivo da expectativa de vida da população brasileira. Atualmente 57% dos 
pacientes em diálise são do sexo masculino e 43% do sexo feminino. 
 
 
Figura-Distribuição por sexo dos pacientes em diálise no Brasil. Fonte: 
Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
A prevalência de sorologia positiva para Hepatite B é de 1,9%, enquanto para 
Hepatite C se mostra bem mais frequente, atingindo o índice de 7,6%. A sorologia 
para HIV se mostra em 0,7%. Esses percentuais têm decaído ao longo dos anos em 
função de cuidados associados ao reuso de dialisadores e adoção de medidas de 
proteção na prática profissional. As comorbidades mais frequentes nos pacientes em 
diálise foram insuficiência cardíaca congestiva (10,4%), insuficiência coronariana 
(8,2%), doença venosa periférica (5,2%), infecções (3,9%), AVE (3,7%) e neoplasias 
(1,8%). 
 
 
 
21 
O alto índice de doenças ligadas ao coração deve-se, principalmente, ao fato 
de a maioria dos pacientes em diálise apresentarem como doença de base a 
hipertensão arterial sistêmica (HAS), 35,8%. Entre as outras causas principais de DRC 
estão o diabetes mellitus (DM), 25,7% e as glomerulopatias (15,7%). A causa mais 
importante de DRC continua, ao longo dos anos, no Brasil, a HAS. Isto se deve, entre 
outros fatores, ao fato de muitos indivíduos não saberem que são hipertensos, o que 
os impede de adotar medidas de controle dos agravos em decorrência dos altos níveis 
pressóricos. 
Embora a prevalência de diabéticos tenha aumentado no Brasil (16,7% em 
1999) muitos pacientes morrem antes de atingir o estágio terminal da doença renal. 
Nos Estados Unidos, cerca de 40% dos pacientes em diálise têm nefropatia diabética. 
Entre as glomerulopatias, a glomeruloesclerose segmentar e focal e a glomerulonefrite 
membranosa são as que, com frequência, levam os pacientes para a DRC. 
 
 
 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 
 
22 
Com relação à modalidade de terapia renal substitutiva, cabe destacar que 
89,4% estão sob a modalidade Hemodiálise e 10% recebem Diálise Peritoneal, sendo 
4,9% em Diálise Peritoneal Automatizada (DPA), 5,3 em Diálise Peritoneal 
Ambulatorial contínua (CAPD) e 0,4% em Diálise Peritoneal Intermitente (DPI). O 
número de óbitos dos pacientes em diálise é 6.180 (15,2%), porém, estima-se que o 
número chegue a 
13.338 óbitos/ano. A principal causa é dada por problemas cardiovasculares 
com 36,9% do número total de óbitos, seguida de infecções (26%) e causas cérebro-
vasculares (9,9%). Outras causas ou causas desconhecidas agregam 27,2% do total 
de óbitos de pacientes em diálise no Brasil. 
 
 
 Figura - Pacientes conforme a terapia de substituição renal. 
 Fonte: Censo de diálise SBN 2008. 
 
 
 
 
 
23 
 
Figura -Distribuição do percentual de causa de óbito. 
Fonte: Censo de diálise SBN 2008 
 
 
 
 
Estas informações são importantes para descrever a situação atual da DRC no 
Brasil, o que permite promover ações que melhorem a assistência ofertada a esses 
pacientes. Além disso, esses dados servem para alertar para a importância da criação 
de um sistema de informações acerca da DRC constando de registro, análise e 
divulgação de dados epidemiológicos de pacientes portadores da DRC e em terapias 
renais substitutivas. 
 
Terapias Dialíticas Atuais 
 
O termo diálise descreve o transporte de água e solutos por meio de uma 
membrana semipermeável que pode ser artificial, como as membranas dos 
dialisadores empregados na Hemodiálise ou biológica, como o peritônio, na Diálise 
Peritoneal. A remoção de solutos durante a diálise ocorre por meio de dois princípios: 
difusão e ultrafiltração. 
 
 
 
24 
 
Quadro 
Princípios de diálise 
 Difusão: passagem de solutos do meio mais concentrado (plasma) para 
o menos concentrado (solução de diálise ou dialisato). 
 Ultrafiltração (UF): filtração da água do plasma através da membrana 
dialítica. 
 
 
 
As moléculas, através de movimentos randômicos, colidem de maneira 
aleatória com a membrana semipermeável promovendo assim o transporte de solutos 
por difusão. Ao encontrar um poro por onde seja possível a passagem, a molécula 
atravessa a membrana. Para que isso ocorra, alguns fatores são levados em 
consideração como o peso da molécula, a resistência da membrana ao soluto além 
do gradiente de concentração dos meios envolvidos neste processo. 
Na ultrafiltração, o gradiente de pressão entre os dois lados da membrana, ou 
gradiente de pressão transmembrana (PTM), determina a velocidade de passagem 
de água de um lado para o outro. No caso de pressão hidráulica, ocorre a passagem 
de água do lado maior para o de menor pressão. Em se tratando de pressão osmótica, 
ocorre o lado de maior osmolaridade. O transporte por convecção tem importante 
clínica quando grandes volumes de ultrafiltrado são obtidos em curto espaço de 
tempo. Por isso, na hemodiálise ou na diálise peritoneal, a convecção contribui pouco 
para o transporte de solutos. Esse tipo de transporte é importante na hemofiltração, 
na qual há significativa passagem de solutos acompanhando grandes volumes de UF. 
 
Hemodiálise 
 
É um método de terapia de substituição da função renal caracterizado pela 
circulação extracorpórea do sangue do paciente para ser ‘filtrado’ e ‘depurado’. Os 
 
 
 
25 
objetivos da Hemodiálise(HD) consistem na extração de toxinas nitrogenadas do 
sangue e remoção do volume excessivo de água utilizando-se de alguns elementos. 
O sangue, contendo as toxinas e resíduos nitrogenados, é desviado do paciente para 
um aparelho, o dialisador, onde é limpo e, em seguida, devolvido ao paciente. 
 Quadro 
 
Elemento 
 
 
Características 
 
 
Dialisador 
 
Também chamado de “capilar” ou “filtro”. Tubo cilíndrico 
contendo uma câmara externa, para passagem do dialisato, e 
uma câmara interna contendo fibras de membranas 
semipermeáveis por onde circula o sangue do paciente. 
 
Linha arterial 
 
Circuito tubular plástico que leva o sangue contendo as 
escórias do paciente para o dialisador, impulsionado através da 
bimba de sangue. 
 
 
Linha venosa 
 
Circuito tubular plástico que leva o sangue ‘filtrado’ do 
dialisador para o paciente. Possui um dispositivo de segurança 
de forma cilíndrica, que captura as bolhas de ar do sistema a 
fim de evitar embolia, o cata-bolhas. 
 
 
Máquina de diálise 
 
Também chamada de “rim artificial”. Máquina onde é realizada 
a HD, contém a bomba de sangue, aquecedor, monitor de 
pressão, temperatura, condutividade do dialisato, fluxo de 
dialisado e sangue, além de dispositivos de segurança. 
Normalmente funciona por proporção. 
 
 
Dialisato 
 
Também chamado de “banho de diálise”. Líquido estéril 
semelhante ao plasma sanguíneo que preenche e percorre a 
 
 
 
26 
câmara externa do dialisador, em sentido contrário ao sangue 
(câmara interna), promovendo osmose. 
 
Agulha de fístula 
Arteriovenosa 
 
Agulhas especiais descartáveis para HD, com segmento longo, 
que permite sua conexão às linhas arterial e venosa a partir da 
punção da fístula. 
 
 
A difusão, a ultrafiltração e a osmose são os princípios da HD. A difusão é 
responsável pela remoção das toxinas. Isto ocorre pela movimentação da área mais 
concentrada (plasma) para a menos concentrada (solução de diálise ou dialisado). 
 
Quadro 
Características do dialisato 
Composição semelhante ao plasma. 
Dois tipos: 
 Bicarbonato – diminui a acidose metabólica, reduzindo as 
alterações hemodinâmicas, não promove queda do PCO2 sanguíneo; 
a solução de bicarbonato tende a precipitar cálcio e bicarbonato, por 
isso deve-se ter rigorosa esterilização na máquina de diálise; 
 Acetato - 
 
 
O ajuste do banho de dialisado, por possuir características muito semelhantes 
ao plasma, é capaz de controlar os níveis dos eletrólitos no sangue do paciente. A 
difusão de grandes moléculas, como as proteínas e os eritrócitos, é impedida pela 
membrana semipermeável. 
 
Quadro 
 
 
 
27 
Composição do dialisato para HD 
Na – 130/140 mEq/L; 
K – 1/ 2,5 mEq/L; 
 
Ca – 2,5/3,5 mEq/L; 
Mg – 1,0/ 1,5 mEq/L; 
Cloreto – Aprox. 106mEq/L; 
Glicose – 0/2,5 mEq/L*; 
Acetato ou Bicarbonato – Aprox. 36 mEq/L 
 *Utiliza-se solução glicosada a fim de evitar a hipoglicemia durante a HD. 
 
 Através da osmose, o excesso de água é removido através da movimentação 
da área de maior concentração (sangue) para a de menor concentração (o dialisato). 
A movimentação, sob alta pressão, da água para uma área de menor pressão é tida 
como ultrafiltração (UF), sendo esta mais eficaz na remoção da água que a osmose. 
A UF é realizada ao se aplicar uma força de aspiração na membrana de diálise. Esta 
força é aplicada para restabelecer o equilíbrio hídrico do paciente que, por si só, não 
é capaz de excretar a água em excesso. O dialisato é responsável pela manutenção 
do sistematampão do corpo. No procedimento é administrado anticoagulante, em 
geral heparina, para evitar a coagulação do sangue no circuito extracorpóreo. 
 
 
 
28 
Dialisador 
ou Capilar 
Figura - Máquina de diálise e circuito extracorpóreo. 
 
O sangue, livre das escórias, é devolvido ao paciente que ao findar a sessão 
do tratamento tem restabelecido o sistema-tampão. 
 
Terapias contínuas lentas 
 
Essas terapias estão indicadas para pacientes que apresentam insuficiência 
renal aguda ou crônica e estão muito instáveis para realização de HD tradicional. As 
modalidades de terapias contínuas lentas são: 
 
 
 
 
29 
 Hemofiltração Arteriovenosa Contínua (CAVH) – Iniciou-se para 
tratamento de sobrecarga hídrica, em 1977. Nesta modalidade o sangue 
é circulado através de um filtro de pequeno volume e baixa resistência, 
usando a própria pressão arterial do paciente em substituição a bombas, 
como na HD. Como é necessário um gradiente de pressão para a 
filtração contínua, geralmente é usado um cateter arterial inserido na 
artéria femoral do paciente como meio de ligação do sangue ao 
hemofiltro. O posicionamento na artéria femoral propicia o gradiente 
necessário nas pressões arterial e venosa. Logo após a filtragem o 
sangue retorna ao paciente através de cateter venoso. Como na CAVH 
não há gradiente de concentração para permitir a filtragem apenas do 
líquido, há perda de eletrólitos que são removidos juntamente com o 
líquido, portanto, os líquidos intravenosos podem ser administrados para 
repor a volemia perdida através do procedimento. Para a instalação da 
CAVH é necessária equipe de diálise treinada. O monitoramento, em 
geral, é realizado pelos profissionais da terapia intensiva; 
 Hemodiálise Arteriovenosa Contínua (CAVHD) – semelhante à 
CAVH, porém, para fins de aceleração na depuração da ureia, conta um 
gradiente de concentração ao promover a circulação do dialisado em um 
lado de uma membrana semipermeável. Como na CAVH o fluxo 
sanguíneo depende da pressão arterial do paciente e a instalação requer 
equipe de diálise treinada. O monitoramento pode ser realizado pela 
equipe da terapia intensiva; 
 Hemofiltração Venovenosa Contínua (CVVH) – empregada no 
tratamento da insuficiência renal aguda. Para obtenção do fluxo 
sanguíneo é inserido um cateter venoso de duplo lúmen pelo qual o 
sangue é bombeado através de um hemofiltro e, logo após, devolvido ao 
paciente pelo mesmo cateter. Na CVVH os efeitos hemodinâmicos são 
mais tolerados e brandos, pois a remoção de líquidos PE é lenta e 
contínua. Quando comparada à CAVH, se mostra mais vantajosa pelo 
 
 
 
30 
fato de não haver necessidade de acesso arterial e da equipe de diálise 
para instalação, que pode ser feita pela equipe da terapia intensiva; 
 Hemodiálise Venovenosa Contínua (CVVHD) – é semelhante à 
CVVH, tendo o sangue bombeado através de um cateter venoso de 
duplo lúmen através de um hemofiltro e, em seguida, devolvido ao 
paciente pelo mesmo cateter. A CVVHD também agrega o gradiente de 
concentração a fim de facilitar a remoção das escórias urêmicas do 
paciente. Os efeitos hemodinâmicos são leves e todo o processo pode 
ser feito pela equipe da terapia intensiva. 
 
Diálise Peritoneal 
 
É um método de substituição da função renal onde se utiliza a membrana 
peritoneal como filtro dialisador. A solução de diálise possui composição especial e é 
colocada na cavidade peritoneal, utilizando-se um cateter intra-abdominal. A perda de 
líquidos ocorre por UF osmótica, geralmente pela adição de glicose ao dialisato. A 
glicose é um agente osmoticamente ativo e permite a transferência das toxinas do 
sangue para a solução. 
A diálise peritoneal é uma modalidade de escolha para pacientes que não 
podem submeter-se à HD nem, tampouco, ao transplante renal. Pacientes que 
apresentam problemas como doença cardiovascular, hipersensibilidade e reações 
adversas ao anticoagulante heparina (de forma sistêmica), hipertensão grave, entre 
outros fatores, são candidatos a esta modalidade de tratamento. 
Para o tratamento crônico pode ser realizadas duas formas de DP: 
Diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) – as infusões são 
realizadas pelo próprio paciente, de modo manual, em seu domicílio. São realizadas 
quatro trocas de solução por dia,com volume de infusão de 2 a 2,5 litros em cada 
uma (referência para pacientes adultos), com intervalo de 6 horas entre cada troca; 
Diálise peritoneal automática (APD) – as trocas são feitas utilizando uma 
máquina, a cicladora. Nesta modalidade as trocas noturnas possuem números 
 
 
 
31 
variados enquanto, no período diurno, o paciente pode permanecer com o líquido na 
cavidade (diálise peritoneal contínua por cicladora - CCPD) ou drenar o líquido (diálise 
peritoneal noturna intermitente - NIPD). 
 
http://nefroclinica-se.com.br/servicos 
 
 
Na DP os banhos se apresentam em bolsas plásticas transparentes, que são 
recebidas em casa. A composição da solução de diálise peritoneal envolve os 
seguintes componentes: sódio, magnésio, cálcio, lactato, cloro e um agente osmótico, 
geralmente a glicose que está disponível em três concentrações diferentes de 
dextrose monoidratada: 1,5%, 2,5% e 4,25% (Tabela 1). A glicose é facilmente 
absorvida, o que limita a capacidade de UF. Além disso, sua absorção gera 
complicações metabólicas, tais como hiperinsulinemia, hiperglicemia, dislipidemia e 
ganho de peso. O paciente ou o cuidador são treinados pela equipe de enfermagem 
especializada para realizar a conexão das bolsas e o cateter de maneira estéril. Este 
treinamento visa evitar a infecção do peritônio (peritonite). 
 
 
 
32 
 
Tabela 1 Dextrose 
1,5% 
 
2,5% 
 
4,25% 
Na (mEq/L) 132 132 132 
K (mEq/L) 0 0 0 
Cl (mEq/L) 95 95 95 
Ca (mEq/L) 3,5 3,5 3,5 
Mg (mEq/L) 0,5 0,5 0,5 
Lactato (mEq/L) 35 35 35 
Glicose (mg/dL) 1.369 2.270 3.860 
pH 5,2 5,2 5,2 
Osmolaridade 
(mOsm/kg) 
 
345 
 
395 
 
484 
* Extraído de Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto Alegre, 2006. 
 
 
O cateter utilizado na diálise peritoneal crônica é um tubo flexível que possui 
diversos poros na extremidade intra-abdominal, que deve permanecer livre na região 
pélvica. Sua porção média é implantada na parede abdominal através do cuff presente 
no corpo do cateter, o cuff de Dacron. Para o implante do cateter é fundamental uma 
equipe cirúrgica experiente, uma vez que a técnica empregada no implante influencia 
significativamente sua evolução ao longo do tempo. 
As complicações da DP são, em geral, simples. Porém quando não tratadas 
podem representar graves riscos ao paciente. As mais comuns são: 
 Peritonite; 
 Extravasamento do dialisato; 
 Sangramento. 
Para evitar as complicações em decorrência de falhas assépticas durante as 
conexões das bolsas, o enfermeiro deve, constantemente, checar o modo pelo qual 
os pacientes estão realizando o procedimento e aplicar, sempre que necessário, 
 
 
 
33 
novos treinamentos a fim de melhorar a capacidade do paciente ou cuidador lidar com 
as técnicas que visam diminuir os riscos de infecção e outras complicações. O 
monitoramento por parte da equipe e a observação e adoção das recomendações 
recebidas pela equipe multiprofissional são essenciais para manutenção e melhoria 
da qualidade de vida. 
 
 
 
 
Glomerulopatias 
 
Geralmente conhecidas como glomerulonefrites (GN), as glomerulopatias são 
doenças que acometem os glomérulos, pequenas massas arredondadas de novelos 
de alças capilares que se projetam no lúmen de um corpúsculo renal. São variadas e 
podem possuir natureza aguda ou crônica; podem ser inflamatórias ou não; algumas 
delas são tratáveis e outras não. 
 
Classificação 
 
Podem ser primárias, quando acontecem nos rins e acometem apenas esses 
órgãos, ou podem ser secundárias a patologias já existentes, dentre outras, o 
diabetes, hepatites, doenças autoimunes. Podem ser assintomáticas ou apresentar 
edema de membros inferiores, face ou edema de todo corpo e ainda sintomas 
urinários como diminuição do volume urinário. Ao exame de urina é possível observar 
a presença de hemácias (hematúria) e/ou de proteínas (proteinúria). 
 
Quadro Clínico 
 
 
 
 
34 
Em alguns casos, como a doença de lesões mínimas, a glomerulosclerose 
segmentar e focal e a glomerulopatia membranosa podem ser observadas grandes 
perdas de proteína pela urina que, em geral, determinam síndrome nefrótica. Na 
síndrome nefrótica há um aumento na permeabilidade da membrana basal dos 
capilares que ocasiona proteinúria maciça (> 3,5g/24h/1,73m² de superfície corporal), 
sendo comum acompanhar-se de tendência a edema, hipoalbuminemia e 
hipercolesterolemia. Outras glomerulopatias têm apresentação mais aguda e 
frequentemente associam-se a déficit de função renal, como a glomerulonefrite difusa 
aguda (GNDA), embora possam ter um curso autolimitado, como costuma acontecer 
com a glomerulonefrite pós-estreptocócica. 
 
Diagnóstico 
A função renal no momento do diagnóstico pode estar normal ou, ainda, 
apresentar-se diminuída ou deficiente. Muitas vezes a biópsia renal é utilizada para a 
determinação do tipo de glomerulopatia, o que norteia a terapêutica que será 
empregada. O diagnóstico precoce é importante, pois o tratamento adequado pode 
controlar os sinais e sintomas e impedir a progressão da doença para insuficiência 
renal terminal. 
 
Tratamento 
 
Nos casos agudos, de modo geral, visam tratar os sintomas na tentativa de 
preservação da função renal e tratamento das complicações imediatas. A terapia 
farmacológica depende da causa da GN. Nos casos de GN aguda rapidamente 
progressiva podem ser prescritos corticosteroides, porém, na maioria dos casos, 
esses medicamentos não possuem valor positivo, podendo agravar a retenção de 
líquido e a hipertensão. Podem ser prescritos diuréticos de alça para controle de 
hipertensão. As proteínas da dieta são restringidas caso haja desenvolvimento de 
insuficiência renal e retenção de nitrogênio. 
 
 
 
35 
Em casos crônicos, o tratamento é baseado na sintomatologia do paciente. O 
peso é monitorado diariamente e há prescrição de diuréticos para tratar a sobrecarga 
hídrica. As infecções do trato urinário devem ser tratadas a fim de evitar maiores 
complicações. Para manutenção da condição física do paciente e evitar as alterações 
hidroeletrolíticas, a diálise é prescrita de modo precoce. 
 
Atenção de enfermagem 
 
Em pacientes agudos é importante orientar o paciente a seguir as 
recomendações médicas que incluem a ingestão abundante de carboidratos para 
diminuir o catabolismo de proteína, o consumo de líquidos de acordo com as perdas 
diárias. É importante, ainda, orientar o paciente e/ou cuidador quanto à importância 
do autocuidado seguro e efetivo em ambiente domiciliar. Em pacientes crônicos é 
importante atentar para as alterações no estado hidroeletrolítico do paciente bem 
como os sinais e sintomas de diminuição da função renal. As alterações cardíacas e 
neurológicas devem ser observadas e tão logo comunicadas ao médico. O enfermeiro 
deve promover, para o paciente e familiar, ações de controle para a ansiedade que, 
em geral, encontra-se em níveis bastante elevados. Promover um espaço para troca 
de informações e sanar dúvidas pode auxiliar para eficácia desta ação. 
 
Infecção do Trato Urinário 
 
A infecção do trato urinário (ITU) se configura como um dos agravos mais 
frequentes na prática clínica, sendo observada na comunidade e em paciente 
hospitalizado, ocorrendo em todas as faixas etárias. Caracteriza-se pela presença de 
microrganismos nas vias urinárias, habitualmente bactérias, seja na bexiga, próstata, 
sistema coletor ou rins. Em geral são classificadas de acordo com sua localização 
como ITU inferior ou superior. Quando associada à condição pré-existente a ITU pode 
ser complicada, aumentando assim o risco de falha na terapêutica empregada e o 
tempo de tratamento necessário. O microrganismo que mais frequentemente causa 
 
 
 
36 
ITU é Escherichia coli. A ITU de repetição se deve a inúmeros fatores e deve ser 
investigada. 
 
IncidênciaÉ variável conforme a faixa etária, sendo mais comum no primeiro ano de vida 
no sexo masculino devido à maior incidência de má-formações congênitas do trato 
urinário. Na fase pré-escolar e no adulto a incidência é maior no sexo feminino com 
picos no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação e na menopausa. 
Devido aos problemas relacionados à próstata a incidência no sexo masculino volta a 
aumentar na faixa etária compreendida entre 50 e 60 anos. A maior incidência no sexo 
feminino se deve a fatores anatômicos, além de possuir a uretra mais curta que os 
homens, há maior proximidade do ânus com a uretra e a cavidade vaginal, o que torna 
maior a possibilidade de colonização destes por enterobactérias que habitualmente 
causam ITU. 
 
Classificação 
Pode-se classificar o paciente com ITU de diferentes maneiras. A mais comum 
segue dois critérios: 
 Presença de complicações; Localização da infecção. 
Uma forma de classificar as ITUs é de acordo com a presença ou ausência de 
complicações. 
 
Quadro 
Classificação da ITU quanto à presença de complicações 
ITU não complicada 
 
 
 
37 
- mulheres (não grávidas); 
- sem alterações anatômicas do trato urinário; 
- sem alterações funcionais do trato urinário; 
- sem cateteres urinários; 
- sem alterações da imunidade; 
- adquirida na comunidade. 
ITU complicada 
- homens; 
- obstrução urinária; 
- alterações anatômicas do trato urinário; 
- alterações na função do trato urinário; 
- microrganismos resistentes; 
- corpo estranho; 
- imunossupressão; 
- cateteres urinários; 
- presença de cálculos urinários. 
 
Quanto à localização são classificadas em: 
 ITUs inferiores - acometem bexiga e estruturas abaixo da bexiga. São 
mais comuns e incluem cistite, prostatite e uretrite. 
 ITUs superiores - acometem os rins e os ureteres. São menos comuns 
e incluem nefrite intersticial bacteriana ou pielonefrite (aguda ou crônica) 
e abscessos renais. 
 
Cistite: é uma ITU inferior comum, caracterizada pela invasão e aderência de 
microrganismos na bexiga, ocasionando uma resposta inflamatória. Clinicamente 
caracteriza-se por dificuldade na emissão de urina (disúria), emissão frequente de 
urina (polaciúria), tenesmo vesical e dor na região hipogástrica. Aproximadamente 
30% das ITUs inferiores apresentam comprometimento alto oculto e o tratamento 
nestes casos deve ser feito para ITU superior. O diagnóstico de ITU superior oculta 
 
 
 
38 
deve ser feito quando estiver presente uma das complicações mencionadas no 
Quadro ou idade avançada, infecção hospitalar, gestação, procedimento cirúrgico 
recente do trato urinário, história de ITU na infância, persistência de sintomas por sete 
dias ou mais, uso recente de antibióticos e diabetes melito. 
Uretrite: a disúria e polaciúria são abundantes, porém a urocultura se mostra 
negativa, e sedimento urinário normal ou com presença de leucócitos. É 
habitualmente associada às infecções por microrganismos não habituais e cistites não 
infecciosas. 
Pielonefrite: também chamada de nefrite intersticial bacteriana, caracteriza-se 
pela invasão de microrganismos no rim, gerando resposta inflamatória. Caracteriza-
se por dor em flanco, presença do sinal de Giordano (sensibilidade na região lombar), 
febre, acompanhados de urocultura positiva. 
 
Diagnóstico laboratorial 
 
O diagnóstico ocorre através de urocultura. A urina colhida deve ser, de 
preferência, a primeira do dia e a amostra deve ser obtida através do método do jato 
médio e colhida com assepsia em pacientes que não apresentem anormalidades 
funcionais do trato urinário. Caso não seja possível colher a primeira urina do dia, a 
amostra deve ser obtida com intervalo mínimo de duas horas após a última micção. A 
presença de nitrito no exame bioquímico da urina é específica para infecção do trato 
urinário. Indica a atividade redutora de nitrato causada por enterobactérias. 
 
Tratamento 
 
É realizado baseando-se na localização e presença de determinados fatores 
(Tabela 2). A recorrência de ITU pode se manifestar como recaída quando verificada 
a presença do mesmo microrganismo, que não foi efetivamente eliminado. Acontece 
até duas semanas após o fim do tratamento realizado. Quando ocorre um novo 
episódio de infecção, seja pelo mesmo microrganismo ou por outro diferente do 
 
 
 
39 
causador da infecção anterior, chamamos de reinfecção. Nesse caso, os sintomas 
reaparecem num período maior que duas semanas após o fim do tratamento adotado. 
Tabela 2 
Tratamento da ITU 
 
 
 
 
Tratamento 
 
Tipo ITU inferior ITU superior 
 
Comunitária 
 
 
Em gestantes 
 
 
 
 
Não complicada 
 
- 7 dias 
- norfloxacin 
- ácido pipemídico 
- cefuroxima 
- 14 dias 
- ciprofloxacin 
- 7 dias 
- cefalexina 
- cefuroxima 
- 14 dias* 
- cefalotina 
- cefuroxina 
 
- 7 dias 
- norfloxacin 
- ácido pipemídico 
- cefalexina 
- nitrofurantoína 
- cefuroxima 
- 14 dias* 
- ciprofloxacin 
*o administração deve ser iniciada por via endovenosa, passando a via oral 
quando da melhora do estado geral do paciente. 
 
 
ITU de repetição é uma condição comum em mulheres com investigação do 
trato urinário sem anormalidades devido à maior susceptibilidade de colonização 
vaginal, mesmo em períodos assintomáticos. Há vários fatores de risco, entre eles 
estão o ato sexual; uso de contraceptivos com espermicida, no último ano; novo 
parceiro sexual no último ano; primeira infecção urinária antes dos 15 anos; mãe com 
história de infecção urinária; distância significativamente menor entre o ânus e a 
 
 
 
40 
uretra; incontinência urinária depois da menopausa; resíduo pós-miccional; alteração 
do pH vaginal (associada a alterações hormonais). 
A repetição da ITU pode danificar os rins e por esta razão devem ser 
investigadas e tratadas. Diversas medidas podem ser adotadas como profilaxia da 
repetição da ITU, como alteração do método contraceptivo, maior ingesta hídrica, 
micção pós-coital, quimioprofilaxia contínua e tratamento de episódios, quando 
aparecem, sem profilaxia nos intervalos. 
 
Nefropatia de Refluxo 
 
Através de uma anomalia congênita ocorre a passagem da urina da bexiga para 
o ureter promovendo sucessivas lesões glomerulares semelhantes às causadas pela 
pielonefrite crônica. Por conta das lesões há sempre perda focal ou difusa do 
parênquima renal. As cicatrizes provocadas por essas lesões são mais comuns nos 
polos renais superiores e inferiores e promovem a diminuição do tamanho do órgão. 
 
Classificação 
 
As cicatrizes renais englobam tanto alterações renais congênitas quanto as 
adquiridas. A maioria dos casos são identificados e classificados durante a avaliação 
do paciente que apresenta ITU 
 
 
 
 
41 
Quadro 
Classificação das cicatrizes renais 
 
1. Congênitas ou primárias: resultam da ação de condições atuantes no período 
intrauterino e se manifestam em áreas focais ou difusas de displasia renal; 
2. Adquiridas: depende de ITU com febre podendo ou não apresentar refluxo 
vésico-ureteral. 
 
No Quadro são listados os fatores envolvidos na nefropatia de refluxo. 
 
Quadro 
Fatores etiopatogênicos envolvidos na nefropatia de refluxo 
- Refluxo intrarrenal 
- Infecção urinária 
- Pressão intravesical 
 - Displasia Renal 
- Genéticos 
 
 
Incidência 
 
É uma das doenças mais frequentes em crianças, que se manifesta, 
geralmente, como ITU. Em 30% dos casos de ITU foi identificado o refluxo 
vesicoureteral. Estima-se que a nefropatia de refluxo acometa cerca de 1% a 2% dos 
lactentes normais. Ela é responsável por 15 a 30% dos casos de DRC em adultos e 
crianças. 
 
Diagnóstico 
 
 
 
 
42 
Para o diagnóstico da nefropatia de refluxo são utilizados exames de imagem 
tais como: 
 Cintilografiarenal com DMSA (padrão para o diagnóstico da nefropatia 
de refluxo); 
 Urografia excretora 
 Ultrassonografia; 
 Ressonância magnética. 
 
Tratamento 
 
O tratamento clínico pauta-se na quimioprofilaxia e na monitorização da função 
renal, seguindo os seguintes princípios: 
 Quimioprofilaxia antimicrobiana prolongada e diária; 
 Prevenção e tratamento da constipação intestinal; 
 Realização de higiene perineal eficiente nas meninas; 
 Tratamento da disfunção miccional, caso haja; 
 Realização de exames de urina a cada dois a três meses, ou quando 
houver sinais ou sintomas de ITU; 
 Avaliação por imagem, no diagnóstico e no seguimento, conforme 
evolução clínica; 
 Monitorização clínica quanto ao aumento da pressão arterial. 
 
Também é adotado o tratamento endoscópico, as cirurgias aberta e 
laparoscópica como métodos de corrigir a disfunção. Existem alguns fatores que 
agregam o risco de aparecimento das cicatrizes renais. 
 
 Quadro-Fatores de risco para cicatrizes renais 
- Início tardio do tratamento; 
- Baixa idade no início; 
 
 
 
43 
- Infecções urinárias febris recorrentes; 
- Refluxo vesicoureteral primário; 
- Síndrome de disfunção das eliminações. 
 
Atenção de enfermagem 
 
As ações de enfermagem, no que tange a nefropatia de refluxo, visam erradicar 
ou prevenir a recorrência de ITU. Para tanto é importante investir no planejamento de 
ações educativas de promoção da saúde que esclareçam os pacientes acerca da 
doença, seu tratamento e suas complicações. A promoção do autocuidado eficaz visa 
diminuir a ocorrência de ITU, com consequente queda nos níveis de lesão renal. 
 
Nefrite Lúpica 
 
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença causada pelo distúrbio 
multifatorial e envolve susceptibilidade genética, fatores ambientais, fatores 
imnunoneuroendócrinos e fatores hormonais. A associação desses fatores provoca a 
produção exagerada de autoanticorpos. Esse aumento resulta na função anormal da 
célula T supressora, alteração da regulação imune e disfunção da resposta 
inflamatória. No LES a inflamação estimula os antígenos, que, por sua vez, estimulam 
anticorpos adicionais e o ciclo se repete. 
O comprometimento renal associado ao LES é um fator importante, geralmente 
de mau prognóstico da doença. Aproximadamente 90% dos pacientes com LES 
apresentam depósitos de imunocomplexos no tecido renal, a presença dessa lesão 
aumenta em até duas vezes a mortalidade nesses pacientes. 
 
Incidência 
 
 
 
 
44 
A prevalência da nefropatia em paciente lúpicos é 90% maior para quem tem 
caráter polimorfo, e a morbimortalidade dos pacientes depende do tipo de 
comprometimento renal. A sobrevida dos pacientes com LES que apresentavam ou 
não comprometimento renal, nas últimas décadas, aumentou. Isto porque tratamentos 
mais efetivos que permitem o diagnóstico precoce têm sido empregados. 
 
Diagnóstico 
Normalmente a nefrite lúpica evolui a logo prazo, tendo episódios de recidivas 
e períodos de remissão. Um dos fatores importantes nesse pacientes é a detecção 
precoce de injúria renal. O exame do sedimento urinário, quando comparado aos 
exames anteriores, pode ser uma ferramenta importante na avaliação da função renal. 
Outros exames de avaliação da função renal são marcadores fracos da condição 
renal, podendo não revelar a real gravidade das lesões. 
 
Tratamento 
 
O prognóstico e tratamento da nefrite lúpica estão relacionados à lesão 
subjacente, ao grau de comprometimento da filtração glomerular e, possivelmente, 
aos índices de atividade e cronicidade revelados pela biópsia renal. 
 
Atenção de enfermagem 
 
Alguns dos problemas mais comuns nos pacientes lúpicos. O curso natural da 
doença, ou seu tratamento, pode provocar nos pacientes alterações na aparência que 
afetam diretamente o modo de vida destes indivíduos na medida em que promovem 
seu sofrimento. As alterações e a evolução imprevisível do LES exigem habilidades 
de avaliação e cuidados de enfermagem especializados e sensibilidade para as 
reações psicológicas do paciente. Os pacientes podem beneficiar-se da participação 
nos grupos de apoio através do recebimento de informações sobre a doença. 
 
 
 
45 
 
Quadro 
Problemas comuns vivenciados pelos pacientes lúpicos 
 Fadiga; 
 Integridade cutânea prejudicada; 
 Distúrbios da imagem corporal; 
 Falta de conhecimento para as decisões sobre o autotratamento. 
 
Apoio social e dicas para monitoramento diário das condições individuais 
podem auxiliar o tratamento. Orientações para evitar a exacerbação ou a atividade da 
doença, como evitar a exposição ao sol e a luz ultravioleta ou se proteger com o uso 
de filtros solares e roupas. 
 
Nefropatia Diabética 
 
Uma complicação comum no diabetes mellitus (DM) é a doença renal 
provocada pelas alterações microvasculares ocasionadas no rim, a Nefropatia 
Diabética (ND). 
 
Incidência 
 
A ND é, ao lado da nefropatia hipertensiva, a principal causa de doença renal 
crônica em pacientes que ingressam nos programas de diálise em países 
desenvolvidos e, no Brasil, estudos recentes indicam progressão no número de 
pacientes diabéticos em hemodiálise, cerca de 26%. 
 
 
 
 
46 
Classificação 
 
A albumina é uma das proteínas sanguíneas mais importantes que se 
extravasam para a urina. É baseando-se nos valores de excreção urinária dela que se 
classifica a ND em estágios (Tabela 3). 
 
Tabela 3 
Valores de albuminúria utilizados no diagnóstico 
da ND 
 
Estágio 
 
 
 
Urina de 24 h (mg/24 h) 
 
Normoalbuminúria 
 
< 30 
 
Microalbuminúria 
 
30 a 299 
 
Macroalbuminúria 
 
> 300 
 *Adaptada de American Diabetes Association. Nephropathy in Diabetes Care 
2004; 27:S79-83 
 
Normoalbuminúria: estágio em que se observa concentração normal de 
albumina na urina (< 30mg/24 h). 
Microalbuminúria: é o achado clínico mais precoce na ND é a microalbuminúria. 
Observa-se a presença de pequenas quantidades de albumina na urina, (30 a 
299mg/24h), que métodos convencionais não são capazes de detectar. Constitui um 
fator de risco para doença arterial coronariana e para o aumento da mortalidade em 
pacientes com DM tipo 1 e nos que apresentam o tipo 2 da doença. É considerado um 
fator de risco para o desenvolvimento de macroalbuminúria, porém nem todos os 
pacientes progridem para esse estágio e alguns retornam para a normoalbuminúria. 
 
 
 
47 
 Macroalbuminúria: caracterizada pela presença de proteinúria, 
detectada tradicionalmente através de fitas reagentes que se tornam positivas a partir 
do valor de proteínas totais na urina equivalente a 500mg/24h. 
O controle da hiperglicemia e da HAS constitui um fator importante na redução 
do desenvolvimento da ND que tem a maior prevalência entre os negros, asiáticos e 
americanos nativos. 
Quadro 
Fatores de risco para ND 
 Etnia 
 Dislipidemia 
 Tabagismo 
 Proteinúria 
 Fatores alimentares 
 Hiperfiltração glomerular 
 
 
Tratamento e Prevenção 
 
O tratamento envolve a prevenção da instalação da ND, prevenção primária, 
medidas para evitar a progressão de microalbuminúria para macroalbuminúria, 
prevenção secundária e desaceleração na diminuição do ritmo de filtração glomerular 
na macroalbuminúria visando o impedimento do progresso para insuficiência renal 
terminal, prevenção terciária (Tabela 4). 
Tabela 4 
Tratamento da ND 
 
 
 
Tratamento 
Complicação DM 1 DM 2 
 
IECA 
 
IECA 
 
 
 
48 
Microalbuminúria 
Persistente 
 
Proteinúria 
 
 
IECA 
Tratamento combinado com 
IECA, AAS, melhor controle de 
glicemia, PA, colesterolemia, 
HDL-colesterol e 
trigliceridemia. 
 
 
Atenção de enfermagem 
 
Como o tratamento do DM envolve a necessidade do conhecimento de uma 
série de conceitos alémde habilidades para desenvolver ações do tratamento em 
longo prazo, é importante que o enfermeiro desenvolva, junto ao paciente e/ou 
familiar, atividade educativa que oriente questões sobre a doença, tratamento, 
complicações além de práticas saudáveis que o auxiliem no cotidiano crônico de 
saúde vivenciado. 
Alguns elementos são essenciais no plano educativo para o paciente, realizado 
pelo enfermeiro, entre eles: 
 Informações acerca do DM (causa, tratamento, complicações...), a fim 
de reconhecer os déficits de conhecimento do paciente; 
 Treinamento de habilidades necessárias para a realização de 
automedicação (insulinodependentes) e de verificação periódica da 
glicemia capilar; 
 Orientações para o autocuidado (cuidado com a pele e pés); 
 Orientações/esclarecimentos acerca das recomendações dietéticas; 
 Monitoramento de possíveis complicações; Continuidade do cuidado. 
 
 
Hipertensão Arterial Sistêmica 
 
 
 
 
49 
Ao ano no Brasil a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a principal causa de 
doença renal crônica em estágio terminal. Em síntese, é a HAS quem leva a maioria 
dos pacientes à necessidade de terapia de substituição renal. Além disso, para os 
pacientes portadores de doença renal crônica, a HAS representa um fator de risco 
importante para o desenvolvimento de doença cardiovascular, maior morbidade e 
mortalidade. 
 
Incidência 
 
No início da terapia renal substitutiva, cerca de 80% dos pacientes apresentam 
HAS. No Brasil, em 2008, 35,8% dos pacientes em diálise tem por doença de base a 
hipertensão, os outros que apresentam este problema o têm como causa secundária 
em função de outra patologia ou lesão renal. 
 
Classificação 
 
A HAS é definida a partir de valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 
mmHg e pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pessoas que não fazem 
uso de anti-hipertensivos. 
 
Diagnóstico 
 
Para firmar o diagnóstico do paciente é fundamental conhecer a história clínica 
do paciente para identificar fatores de risco, hábitos de vida que favorecem o 
surgimento de HAS; exame físico e avaliação laboratorial inicial do paciente 
hipertenso a fim de verificar o comprometimento de outros órgãos e sistemas e definir 
metas de prevenção e retardo da progressão da doença renal. 
 
 
 
50 
A HAS é um fator que deve ser permanentemente avaliado. A avaliação se 
inicia pela investigação clínico-laboratorial que deve compreender as seguintes 
etapas: 
 Verificação da elevação dos valores pressóricos e confirmação do 
diagnóstico; 
 Avaliação a presença de lesões em órgãos-alvo; 
 Identificação de fatores de risco para doenças cardiovasculares; 
 Diagnóstico de doenças ligadas à hipertensão; 
 Investigação da causa da hipertensão arterial (quando houver); 
 
 
 Figura - Fluxograma de exame de urina para grupo de risco de DRC. 
 *Extraído de Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica nº 15: 
Hipertensão Arterial Sistêmica 
 
 
Tratamento 
 
O tratamento da HAS pode ser de dois tipos: 
 Não farmacológico: consiste no controle do excesso de peso, adoção 
de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas 
 
 
 
51 
alcoólicas, abandono do tabagismo, prática de atividades físicas 
regulares; 
 Farmacológico: agentes anti-hipertensivos, esquemas terapêuticos 
(monoterapia ou terapia combinada), terapia antiagregante plaquetária. 
 
Os medicamentos anti-hipertensivos mais eficazes no retardo da progressão 
da doença renal são os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), 
porém, seu uso é geralmente associado a alguma outra droga como diuréticos e 
propranolol. Deve-se monitorar o aumento de potássio e creatinina quando utilizado o 
IECA no tratamento da HAS. 
 
 Quadro 
 Objetivos da terapia anti-hipertensiva em portadores de DRC 
 Reduzir a pressão arterial para níveis abaixo de 130 /85 mmHg; 
 Diminuir o risco cardiovascular; 
 Limitar a progressão da doença renal; 
 Reduzir a proteinúria. 
 
 
 
 
Atenção de enfermagem 
 
A principal ação para controle da HAS e seus efeitos em outros órgãos e 
sistemas visando retardar a progressão da lesão renal provocada por níveis 
pressóricos elevados é a elaboração de estratégias para o controle rigoroso da 
pressão arterial. Tendo em vista esse princípio, cabe ao enfermeiro: 
1. Capacitar a equipe de enfermagem; 
2. Realizar consulta, abordando fatores de risco, tratamento não-
medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento; 
 
 
 
52 
3. Desenvolver atividades de promoção de saúde e atividades educativas 
individuais ou em grupo com os pacientes hipertensos; 
4. Estabelecer estratégias que possam favorecer a adesão a grupos de 
hipertensos; 
5. Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências; 
 
Nefrolitíase 
 
Também conhecido com cálculo renal ou pedra nos rins, é um problema comum 
que acomete cerca de 10% da população, sendo mais comum no sexo masculino (três 
homens para cada mulher), atingindo a faixa etária compreendida entre 20 e 50 anos. 
É mais frequente em países industrializados, países de clima tropical, pessoas com 
história de cálculos renais na família e cerca de quatro vezes mais comum em pessoas 
de etnia branca. Constantemente observa-se a recorrência do problema em pacientes 
que, após o episódio de cálculo não se submeteram a nenhum tipo de tratamento. 
Cerca de 50% desses pacientes apresentarão um novo episódio em até dez anos 
após o primeiro. 
 
Classificação 
 
Os cálculos são formados quando as concentrações de determinadas 
substâncias aumentam no organismo supersaturando a urina e envolvendo fatores 
como o pH urinário, a quantidade de substância e a força iônica (Tabela 5). 
 
Tabela 5 
Fator de formação dos cálculos 
 
Características 
 
 
Oxalato de cálcio 
 
- Tipo mais comum, correspondendo a 
mais de 65% dos cálculos renais; 
 
 
 
53 
- Isolado ou associado a fosfato; 
- Causado pelo aumento do cálcio 
urinário sem aumento nos níveis séricos de 
cálcio (hipercalciúria idiopática)*. 
 
 
Estruvita 
 
- Relacionados à infecção urinária por 
microrganismos produtores de urease; 
- Tipo mais comum de cálculos 
coraliformes; 
- Causado pela deposição de cristais de 
estruvita, produto da hidrólise da ureia 
provocada pela urease. 
 
 
 
Ácido úrico 
 
- Relacionado ao pH, baixa ingestão de 
líquidos e altos níveis de ácido úrico; 
- São invisíveis à radiografia quando 
estão associados a cálculos de oxalato de 
cálcio. 
 
Cistina 
 
 
- Ocorre em pacientes com uma doença 
autossômica recessiva ligada ao transporte 
renal e intestinal da cistina, a cistinúria. 
 
Cristais de Indinavir 
 
 
- Desenvolve-se durante o tratamento de 
pacientes com HIV1 com o medicamento 
sulfato de indinavir, um inibidor de protease. 
* Os fatores envolvidos na hipercalciúria envolvem o aumento da absorção 
intestinal do cálcio pelo intestino, o aumento da desmineralização óssea e a perda 
renal de cálcio. 
 
A supersaturação urinária é a principal condição para a formação de cálculo 
renal, considerando os principais mecanismos fisiopatogênicos. A formação do cálculo 
 
 
 
54 
pode não ocorrer mesmo em situações onde haja a supersaturação da urina. Isto se 
deve à ação de substâncias inibidoras da cristalização que agem, principalmente, na 
superfície dos cristais, bloqueando as zonas de agregação de outros cristais. Os 
principais inibidores são o citrato, o pirosfato, o magnésio e os glicosaminoglicanos. 
Através das ligações destas substâncias os cristais têm seu crescimento bloqueado. 
A deficiência destes inibidores também pode ser um fator formador de cálculos em 
situações onde não há supersaturação ou fatores de risco associados. 
 
Quadro 
Fatores de risco para formaçãode cálculos urinários 
 Distúrbios metabólicos 
 Infecções urinárias 
 Anormalidades anatômicas 
 pH urinário 
 Volume urinário 
 Fatores dietéticos 
 Causas idiopáticas 
 Uso de medicamentos como sulfato de indinavir 
 
 
 
Quadro clínico 
 
As manifestações clínicas principais são dor, hematúria, obstrução e aumento 
do risco de infecção urinária. Entretanto, existem casos assintomáticos em que os 
cálculos são descobertos por ‘acidente’ durante a realização de exames para 
investigação de outros agravos. A dor em cólicas, popularmente conhecida como 
cólica renal, ocorre por conta de espasmo ureteral produzido pela passagem do 
cálculo ou coágulo que obstrui a mesma. Manifesta-se na região lombar, geralmente 
 
 
 
55 
com início repentino e aumento progressivo, necessitando de analgesia potente, como 
morfina e derivados. Pode vir acompanhada de vômitos, agitação e íleo paralítico. 
Durante a passagem do cálculo pelo ureter é comum haver obstrução deste. 
Em geral, é temporária e/ou parcial, e não oferece maiores problemas ao paciente. 
Cálculos com menos de 5 mm normalmente são eliminados espontaneamente e a 
metade dos cálculos entre 5 e 7mm também são eliminados. Já os cálculos maiores 
que 7 mm são raramente eliminados. A desobstrução torna-se emergencial quando 
há infecção urinária. 
A obstrução crônica pode provocar perda da função renal irreversível. 
 
Tratamento 
 
O tratamento clínico envolve orientações dietéticas, reduzindo a ingestão de 
alimentos que contenham as substâncias formadoras do cálculo. No tratamento da 
cólica, na crise aguda, envolve analgesia e diminuição na ingestão de líquidos a fim 
de evitar o aumento da filtração renal, o que aumentaria a dor. Para dor leve e 
moderada são utilizados analgésicos e/ou antiinflamatórios não-esteroides (AINES) e 
em casos de dor intensa são utilizados morfina e seus derivados, além de outros 
opiáceos. 
No tratamento intervencionista a maior parte dos cálculos pode ser tratada de 
maneira não-invasiva através de litotripsia extracorpórea por ondas de choque 
(LECO), descartada a necessidade de anestesia e internação. A escolha do 
tratamento envolve fatores tais como: o tamanho do cálculo, sua composição e sua 
localização anatômica. Há alguns anos os cálculos eram tratados através de 
processos cirúrgicos, o que aumentava o risco de infecção e morbidades, além dos 
custos com o tratamento. Hoje a cirurgia está indicada apenas para os casos em que 
outros tratamentos não são prescritos, pois não há possibilidade de erradicação 
voluntária do cálculo. 
 
 
 
 
56 
Atenção de enfermagem 
 
As ações de enfermagem no tratamento e orientação dos pacientes com 
cálculos renais envolvem metas para alívio da dor e desconforto além de orientação 
para evitar novos episódios e complicações. No âmbito hospitalar as ações pautam-
se na analgesia eficaz, no controle e registro de eliminações vesicais, bem como sua 
análise macroscópica (para verificar a eliminação de cálculos). Orientar o paciente 
quanto à possibilidade de mover os cálculos (quando possui tamanho que permita sua 
eliminação espontânea) através da deambulação. 
O enfermeiro deve conhecer a história do paciente, os fatores envolvidos na 
formação do cálculo e os meios de prevenir recidiva do problema. Para tanto é 
necessária a ação educativa do enfermeiro, fornecendo ao paciente e seus familiares 
informações acerca do problema e orientações para evitar a formação de novos 
cálculos. 
 
Quadro 
Evitando os cálculos renais recorrentes 
 Seguir rigorosamente a dieta prescrita; 
 Durante o dia, ingerir líquidos (de maneira ideal, água) a cada 1 a 2 horas; 
 Beber dois copos de água na hora de dormir e um copo adicional a cada despertar 
noturno para evitar que a urina fique muito concentrada; 
 Evitar atividades que provocam a sudorese excessiva e a desidratação; 
 Evitar aumentos súbitos nas temperaturas ambientes que possam causar 
sudorese excessiva e desidratação; 
 Contatar o médico-assistente ao primeiro sinal de uma ITU. 
*Extraído de SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner & Suddarth. Tratado de 
enfermagem médico-cirúrgica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. v.3, 
p.1420. 
 
 
 
 
57 
Uma recomendação importante é manter a elevada ingestão de líquidos, 
preferencialmente água – dentro dos padrões de normalidade, cerca de 30ml/Kg/dia 
– pois se sabe que os cálculos se formam mais facilmente em urina concentrada. 
 
Insuficiência Renal Aguda 
 
É a perda súbita da função renal provocando o acúmulo de escórias no 
organismo. Possui diferentes causas: 
 Pré-renais 
Hipovolemia: perdas gastrointestinais, desidratação, diuréticos, insolação, 
hemorragias importantes; 
Insuficiência Cardíaca: falência do coração, infarto agudo do miocárdio, sepse, 
arritmias, choque anafilático; 
 Obstrução Arterial: trombose, aneurismas, embolias 
 Renais: 
 Isquêmicas: pielonefrite, rejeição do enxerto (transplante), necrose cortical, 
gestação; 
Nefrotóxicas: antibióticos, quimioterápicos, metais pesados, contraste iodado, 
alcoolismo, choque elétrico, intoxicação e hemólise; 
 Pós-renais: obstruções por litíase, tumor ou traumatismo, aumento da 
próstata. 
 
Tratamento 
 
O tratamento da IRA tende restabelecer o equilíbrio da homeostase e é adotado 
o controle hídrico e da pressão arterial sistêmica, prevenção de infecções, visando 
evitar a sepse, e modificações dietéticas para prevenir o acúmulo maior das escórias 
no sangue do paciente. Terapias dialíticas são empregadas com visas a realizar a 
 
 
 
58 
função que o comprometimento renal não permite realizar. As terapias indicadas nos 
casos de IRA serão descritas a seguir. 
 
Métodos Dialíticos na Insuficiência Renal Aguda 
 
Os tipos de diálise disponíveis e indicados atualmente para pacientes que 
apresentam insuficiência renal aguda (IRA) são: 
 Terapia renal substitutiva intermitente (TRSI): qualquer terapia 
extracorpórea de depuração sanguínea indicada para substituir a 
ausência da função renal, seja parcial ou total, aplicada por período 
menor que 12 h/dia; 
 Terapia renal substitutiva contínua (TRSC): idêntica a TRSI, porém é 
aplicada por período prolongado de tempo, durante 24 h/dia; 
 Hemodiálise contínua (HDC): o tratamento procede de maneira 
ininterrupta, 24 por dia, com fluxos de sangue (100 a 150mL/min.) e de 
solução de diálise (0,5 a 2 L/h), oferecendo menor instabilidade 
hemodinâmica no paciente. 
 Hemodiafiltração contínua: é a diálise com a capacidade de depuração 
dos hemofiltros alterada por uma membrana de alto fluxo; 
 Hemodiálise diária estendida (HDDE): solutos e água são transportados 
através de uma membrana de baixo fluxo, semipermeável artificial 
(celulose ou sintética) para o dialisato; a duração é inferior a 12 horas; 
 Hemodiálise sustentada de baixa eficiência (HDSBE): solutos e água 
são transportados através de uma membrana de baixo fluxo, 
semipermeável (celulose ou sintética) para o dialisato, a duração é de 
12 horas; 
 Ultrafiltração isolada contínua (UFIC): processo de remoção de líquidos, 
contínuo, através de uma membrana de baixa permeabilidade; 
 
 
 
59 
 Ultrafiltração isolada (UFI): processo agudo de remoção de líquidos 
através de uma membrana de baixa permeabilidade, sem o uso de 
dialisato; 
 Hemoperfusão (HP): o sangue é exposto a uma substância com 
propriedades adsortivas (carvão ativado, proteína A ou material 
sintético), com a finalidade de remover fármacos, toxinas, solutos ou 
outras substâncias. O balanço hídrico não é alterado e não exige a 
reposição de solutos. 
 
Doença Renal Crônica 
 
A doença renal crônica (DRC) é a fase final de diversas patologias renais, 
sendo, muitas vezes, somente diagnosticada a partir de sintomatologia urêmica. É 
definida pela presença destes sintomas pormais de três meses e redução gradual da 
excreção de creatinina endógena e/ou evidência de diminuição de tamanho dos rins 
e/ou sinais de agravos oriundos da uremia crônica como: anemia, neuropatia 
periférica e osteodistrofia renal. 
 
Incidência 
 
No Brasil ainda não existe um banco de dados com descrição exata do 
percentual de pacientes em diálise, porém, analisando os resultados dos censos 
realizados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia é possível notar no país a 
tendência que ocorre em todo o mundo com relação à progressão do número de casos 
de DRC. De acordo com o último censo realizado verificou-se que a prevalência de 
470 pacientes em diálise por milhão da população. 
 
Classificação 
 
 
 
 
60 
A DRC é dividida em estágios ou fases classificadas de acordo com o dano 
renal ou a perda de sua função (Tabela 6). 
Tabela 6 Fases 
 
Taxa de filtração glomerular 
Fase 1 Maior ou igual a 90 mL/min 
Fase 2 60-89 mL/min 
Fase 3 30-59 mL/min 
Fase 4 16-29 mL/min 
Fase 5 Menor que 15 mL/min 
 
 
Na Fase 1, embora a filtração glomerular seja normal, o dano renal é 
evidenciado pela presença de marcadores para nefropatia, como proteinúria, por 
exemplo; na Fase 2 existe o dano renal associado à leve diminuição da filtração 
glomerular; na Fase 3 há uma perda moderada da função renal; na Fase 4 a perda da 
função é severa, com filtração glomerular a níveis baixos; a Fase 5, também chamada 
de Insuficiência Renal Terminal, é caracterizada por níveis insatisfatórios de filtração 
( menor que 15mL/min) e necessidade de diálise. 
 
Quadro Clínico 
 
O quadro clínico nas fases iniciais da DRC é de sinais discretos ou ausentes. 
Conforme a progressão da doença, o estado de uremia crônica ocasionado pela 
ineficácia na filtração glomerular com consequente deficiência na eliminação de 
escórias sanguíneas provoca manifestações em várias partes do organismo (Tabela 
7). Em geral, as manifestações clínicas estão associadas às alterações laboratoriais 
séricas (aumento da ureia, creatinina, fósforo, ácido úrico, potássio, magnésio, 
fosfatase alcalina, paratormônio, glicose, colesterol e triglicérides; diminuição de 
bicarbonato, cálcio, ferro, albumina, calcitriol e eritropoetina), urinárias (isotenúria, 
proteinúria e cilindros) e de Imagem (ecografia mostra rins contraídos). 
 
 
 
61 
 
Diagnóstico 
 
Para realização do diagnóstico é importante primeiramente realizar o 
diagnóstico diferencial entre DRC e IRA. Uma vez descartando-se a possibilidade de 
IRA, alguns elementos devem ser adotados para diagnosticar a DRC: 
 História do paciente; 
 Exame físico; 
 Sedimento urinário (quantificação da proteinúria); Biópsia renal. 
 
Tratamento 
 
A escolha do tratamento mais apropriado para o paciente envolve alguns 
fatores. As modalidades de tratamento são: 
 Tratamento conservador: para fases iniciais da DRC, quando é 
possível identificar sinais de dano renal e uremia, consiste no tratamento 
medicamentoso a fim de melhorar a sintomatologia e controlar os sinais 
presentes; 
 Diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal); 
 Transplante renal. 
 
 
Manifestações clínicas da Síndrome urêmica 
Hidreletrolíticas Hiperpotassemia, acidose metabólica, hipocalcemia, hiperfostatemia, 
expansão e depleção de volume, hipermagnesemia, hiper/hiponatremia, 
 Renais Noctúria, poliúria, oligúria, edema 
 
 
 
62 
Cardiovasculares Hipertensão arterial sistêmica, pericardite, insuficiência 
cardíaca congestiva, arritmia 
 Hematológicas Anemia, coagulopatia, linfocitopenia 
 Gastrointestinais Anorexia, náuseas, vômitos, gosto metálico 
Neurológicas Fadiga, insônia, neuropatia periférica, convulsões, estupor, coma 
 Osteomusculares Osteodistrofia renal, miopatia proximal 
 Endócrinas Intolerância a carboidratos, má-nutrição 
Metabólicas Infertilidade, amenorreia, impotência, hiperuricemia, dislipidemia, 
hiperparatireodismo secundário 
 Dermatológicas Palidez, prurido, hiperpigmentação, equimose 
* Extraído de BARROS, E. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto 
alegre: 2008. 
 
Atenção de enfermagem 
 
A atenção de enfermagem do paciente portador de DRC, como em qualquer 
situação crônica de saúde, deve se ampliar para além do campo da terapêutica 
empregada e do tratamento de sinais e sintomas clínicos da doença em questão, mas 
deve atingir o indivíduo de modo sistêmico, fornecendo-lhe informações que o 
auxiliem na adoção de estratégias para diminuir o estresse provocado pela condição 
de saúde, pela dependência de máquinas, de outras pessoas, além de perda da 
autonomia. 
 
 
 
 
 
63 
Quadro 
Fatores que influenciam na escolha do tratamento da DRC 
 Relacionados ao paciente: 
 Características clínicas 
 Características psicossociais, familiares 
 Convicções pessoais 
 Efetividade do método 
 Relacionados ao nefrologista: 
 Intimidade com o médico 
 Ganho direto ou indireto 
 Convicções pessoais 
 Relacionados à instituição: 
 Disponibilidade 
 Logística 
 Prática local/ governamental 
 Popularidade 
 
 
Princípios Básicos 
 
A diálise é um processo no qual a composição do soluto de uma solução 
(solução A) é modificada pela exposição à outra (solução B) utilizando-se, para isto, 
uma membrana semipermeável. Podemos considerar a membrana como sendo uma 
superfície contendo poros por onde as moléculas de água e de solutos com baixo 
peso molecular, presentes nas soluções A e B, conseguem passar e se misturar, 
enquanto moléculas maiores não conseguem atravessar a membrana. Na 
hemodiálise, a membrana semipermeável está no dialisador. 
 
 
 
64 
Para ocorrer essa passagem da solução A para o lado da membrana onde se 
encontra a solução B e vice-versa, os solutos capazes de atravessar a membrana se 
utilizam de dois mecanismos: 
 Difusão: as moléculas de baixo peso se movem rapidamente e 
encontram os poros da membrana, por onde atravessam com maior 
frequência. Já as moléculas maiores se movem lentamente por 
possuírem alto peso molecular; por essa razão, moléculas de alto peso 
raramente se encontram com a membrana e consequentemente com os 
poros localizados em sua superfície. 
 
 
Difusão. 
 
 
 Ultrafiltração: As moléculas de água são pequenas e conseguem 
atravessar todas as membranas semipermeáveis. A ultrafiltração ocorre 
quando a água impulsionada por uma força hidrostática é impulsionada 
através da membrana. Nesse processo as moléculas que não 
conseguem passar através dos poros da membrana por si só são 
arrastadas juntamente com a água. As moléculas maiores dos poros da 
membrana ficam retidas. 
 
 
 
65 
 
 
 
 
 
 
Figura - Ultrafiltração. 
Fonte: <www.meiofiltrante.com.br> 
 
O sangue para hemodiálise é proveniente de um acesso vascular (cateter 
venoso, fístula arteriovenosa ou prótese) e impulsionado para o circuito extracorpóreo 
por uma bomba. No circuito o sangue entra em contato com a membrana 
semipermeável do dialisador, onde ocorrem as trocas entre o sangue e o dialisato. A 
difusão de solutos entre o sangue e a solução de diálise resulta na remoção das 
escórias metabólicas e na reposição de solutos como o bicarbonato. 
Para a remoção eficaz das escórias, o sangue é bombeado através do circuito 
com um fluxo de 300 a 500mL/ min, enquanto o dialisato flui em direção contrária, com 
fluxo de 500 a 800mL/ min. O bicarbonato utilizado na composição do dialisato tem a 
finalidade de tampão. Na composição do dialisato as concentrações das substâncias 
levam a perdas das mesmas que se encontram em maior quantidade no sangue do 
paciente. 
 
Aparelho para Hemodiálise 
 
Atualmente é grande a variedade de máquinas de hemodiálise disponível no 
mercado. São diversos modelos com variáveis técnicas e financeiras que influenciam 
diretamente na escolha do equipamentopelos gestores de centros de diálise e 
instituições hospitalares. Diante da variedade, há normatização técnica em relação 
 
 
 
66 
aos equipamentos necessários e ao funcionamento de uma unidade de diálise, com 
objetivo de manter a eficiência e a segurança do tratamento hemodialítico. 
Essas normas preconizam alguns itens e funções obrigatórias para os 
aparelhos de diálise. São elas: 
 Condições de realizar diálise com solução de bicarbonato de sódio; 
 Monitores de temperatura e de pressão do compartimento de sangue e 
de diálise; 
 Monitor de condutividade e de ruptura de membrana; 
 Detector de bolhas; 
 Módulo de ultrafiltração; 
 Sistema de bypass da solução de diálise. 
O aparelho para hemodiálise se divide em circuito de sangue e circuito de 
solução de diálise (“banho”) que se encontram no dialisador, o circuito de sangue 
preenchendo a câmara interna e o circuito de diálise preenchendo a câmara externa. 
 
https://www.hc.unicamp.br/node/776 
 
 
 
67 
 
O circuito de sangue se inicia no acesso vascular (fístula arteriovenosa ou 
cateter), é bombeado através do equipo de infusão de sangue arterial (linha arterial) 
até o dialisador e, então, o sangue retorna para o paciente através do equipo para 
infusão de sangue venoso (linha venosa). O sistema possui diversas câmaras, portas 
laterais e monitores ligados aos equipos de infusão arterial e venosa que são utilizados 
para infundir solução de heparina e salina, para medir as pressões e para detectar a 
entrada de ar no circuito. 
O circuito de diálise inclui o sistema de aporte de solução de diálise, que forma 
a solução de diálise on-line a partir da água purificada e concentrada, e logo após 
bombeia a solução através de vários monitores que asseguram que a solução de 
diálise está de acordo com os padrões de temperatura, concentração de sais 
dissolvidos e não está sendo exposta ao sangue. 
 
 
www.nefroclinica.med.br 
 
É recomendado que todos os equipamentos sejam testados antes de seu uso, 
limpos internamente com solução desincrostante e desinfetados com agentes 
químicos ou calor, respeitando as orientações do fabricante e as normas da comissão 
 
 
 
68 
de controle de infecção da instituição. Após cada turno de diálise deve-se realizar a 
desinfecção das máquinas de hemodiálise. 
 
Água para Hemodiálise 
 
 Numa sessão de hemodiálise cada paciente tem contato com cerca de 120 a 
200 litros de solução de diálise. Além disso, todos os contaminantes presentes na 
água de peso molecular baixo na solução de diálise conseguem penetrar livremente 
e se acumulam no sangue do paciente que não consegue realizar excreção renal 
eficaz. Algumas substâncias adicionadas aos sistemas de tratamentos de água dos 
municípios, por medidas de saúde pública, não representam riscos à população 
normal. Entretanto, para os pacientes com comprometimento renal, incapazes de 
excretar essas substâncias, se configuram um perigo pela possibilidade de absorção 
destas substâncias em solução, ao longo da vida. 
Por isso, nos centros de diálise é vital que haja um sistema de purificação da 
água que será utilizada pelas máquinas de HD. A escolha do sistema de tratamento 
depende do volume de água a ser tratada e, para isso, são levados em consideração 
o número de pacientes atendidos, a duração das sessões e os fluxos de solução de 
diálise ofertados. A eficácia e eficiência do sistema de tratamento devem ser 
monitoradas em razão da possibilidade de crescimento bacteriano. Periodicamente, 
amostras são coletadas, em diversos pontos do sistema, para cultura. 
 
Quadro- Análise da água 
Característica Parâmetro Frequência 
Cor aparente Incolor Diária 
Turvação Ausente Diária 
Sabor Insípido Diária 
Odor Inodoro Diária 
Cloro residual livre > 0,5 mg/L Diária 
pH 6,0 a 9,5 Diária 
 
 
 
69 
Coliforme total Ausência em 100 mL Mensal 
Bactérias heterotróficas Até 200 UFC/mL Mensal 
Endotoxinas 2 EU/mL Mensal 
Nitrato (NO3) 2 mg/L Mensal 
Elementos quimos 
diversos 
 Semestral 
 
Os sistemas de tratamento de água para HD são: 
 Deionizador: tem custo elevado; composto por várias colunas em série, 
uma de areia de variados tamanhos de grãos, uma de carvão, uma de 
resina catiônica, uma de resina aniônica e filtros microporosos; é muito 
eficaz contra os contaminantes iônicos, mas, representam alto risco para 
contaminação microbiológica. 
 
 Osmose reversa: mais comum; oferece água de melhor qualidade; 
composto por várias colunas em série, uma de areia de vários tamanhos 
de grãos, uma de carvão e uma de abrandador; a água é transferida de 
um compartimento para outro através da diferença de pressão 
hidrostática e osmótica, utilizando uma membrana semipermeável; 
retêm 90 a 99% de elementos minerais e 95 a 99% dos elementos 
orgânicos. Para realização de HD externas aos centros de diálise, utiliza-
se a osmose reversa portátil. 
 O reservatório de água dos centros de diálise deve ser constituído por material 
atóxico, não deve possui cantos e o fundo deve ser cônico a fim de permitir seu total 
esvaziamento. A tubulação deve ser do mesmo material do reservatório, sem pontos 
cegos e deve possuir ainda um sistema de recirculação da água tratada – a água deve 
estar em constante movimentação. 
Para desinfecção do reservatório recomenda-se o uso de hipoclorito a 0,1%, 
seguido de enxágue até que o teste residual para o produto apresente resultado 
negativo. 
 
 
 
70 
A periodicidade deve ser mensal. 
 
A seguir estão listadas as substâncias mais comumente encontradas na água 
e que podem representar perigo aos pacientes. Seus efeitos no organismo podem 
variar de leves náuseas atingindo níveis fatais de complicações: 
 
 Alumínio: é adotado, por muitos sistemas municipais de tratamento de 
água, como agente floculador, removendo partículas suspensas incapazes de 
serem filtradas; 
 Cloramina: evita a proliferação bacteriana na água; 
 Fluoreto: no Brasil, é adicionada à água para evitar a deterioração dos 
dentes; 
 Cobre e Zinco: podem estar presentes na água por sua eliminação de 
canos e equipamentos constituídos ou compostos por esses elementos; 
 Bactérias e Endotoxinas: uma vez que as substâncias adicionadas ao 
abastecimento de água para prevenir a proliferação bacteriana são removidas 
pelo sistema de purificação da água do aparelho de diálise, aumenta a 
susceptibilidade de contaminação microbiológica por bactérias e endotoxinas. 
 
Quadro– Contaminantes da água e seus efeitos 
Contaminante Fonte Efeitos adversos 
Alumínio Concessionária Encefalopatia, Doença óssea 
Cloramina Concessionária Hemólise 
Fluoreto Concessionária Arritmia fatal e Anemia 
Cianotoxina Fonte de água Insuficiência hepática 
Nitrato Fonte de água Anemia 
Endotoxina Centro de diálise Reação pirogênica, Inflamação 
crônica 
Cobre Centro de diálise Hemólise, Náusea e Vômito 
Zinco Centro de diálise Hemólise, Náusea e Vômito 
 
 
 
71 
Cálcio Fonte de água Náusea e Vômito 
Magnésio Concessionária Náusea e Vômito 
 
 
Acesso Vascular para Hemodiálise 
 
A necessidade de acesso vascular para hemodiálise pode ser permanente 
(fístula arteriovenosa) ou temporária (cateter). Tipos de acesso vascular para 
hemodiálise: 
 
Fístula arteriovenosa (FAV): anastomose subcutânea de uma artéria e uma 
veia nativa adjacente, permitindo o fluxo direto da artéria para a veia. Tradicionalmente 
é realizada no punho entre a artéria radial e a veia cefálica, embora haja variações 
possíveis. É necessário aguardar aproximadamente seis semanas para que ocorra a 
dilatação da artéria que nutre a veia, promovendo sua dilatação. 
 
Vantagens: 
 Possui maior durabilidade; 
 Baixo índice de infecção e trombose; 
 Promove liberdade de movimentos e ação; 
 Maior segurança.Desvantagens: 
 Isquemia de extremidade; 
 Necessita de tempo para estar em condições de uso; 
 Baixo fluxo e espasmo; 
 Trombose venosa parcial ou total; 
 Surgimento de aneurisma; 
 Pode haver dor no momento da punção; 
 
 
 
72 
 Hematomas. 
 
Orientações: 
 Realizar exercícios de apreensão e extensão; 
 Manter o local limpo e seco; 
 Não usar o membro da FAV para carregar peso, aferir pressão arterial 
ou colher sangue para exames; 
 Observar sinais de infecção; 
 Lavar os braços antes de cada tratamento, com água e sabão, e secá-
los com papel toalha. 
 
1. Cateter: constitui um acesso temporário para hemodiálise que é 
estabelecido através da inserção percutânea em uma veia calibrosa (jugular interna, 
femoral e subclávia). Pode ser de duplo ou triplo lúmen e confeccionado de diferentes 
materiais. Em geral tem as vias de acesso diferenciadas por cor (Azul para venoso e 
Vermelha para arterial). 
 
Vantagens: 
 Indolor durante a sessão de diálise; 
 Produz baixa resistência venosa; 
 Pode ser utilizado imediatamente após instalação. 
 
Desvantagens: 
 Maior risco de infecção; 
 Maior risco de trombose; 
 Alto índice de recirculação. 
 
 
 
 
 
 
73 
 
 
www.biomedical.ind.br 
 
 
Dialisadores 
 
Os dialisadores são também chamados de “filtros” ou “capilares”. São 
constituídos por um cilindro dividido em duas partes: 
 Câmara interna: nesta parte ficam as membranas capilares 
semipermeáveis que será preenchida com o sangue do paciente; 
 Câmara interna: Esta parte abriga o dialisato para que este entre em 
contato com o sangue que flui na parte interna das membranas capilares 
semipermeáveis que flui em direção contrária, no interior da câmara 
interna. 
 
Características 
 
A capacidade de remoção de moléculas pequenas e médias através da 
membrana de um dialisador é chamada de clearance. Geralmente, o clearance 
disponibilizado pelo fabricante do dialisador é maior que o obtido na hemodiálise. O 
clearance é influenciado pelo tamanho da fibra do dialisador, que varia de 0.3 a 2.1 
 
 
 
 
74 
m². É necessário certificar a capacidade ou volume do enchimento (prime) de um 
dialisador para avaliar sua eficácia, jamais se deve utilizar um dialisador que, após ter 
sido reprocessado, tenha uma perda de 20% do prime. 
Acerca da capacidade de ultrafiltração é aconselhável que dialisadores com 
coeficiente de ultrafiltração (CUF – volume de mL/h de filtrado para cada mmHg de 
pressão transmembrana) superiores a 8.0, seja utilizado apenas em aparelhos de 
ultrafiltração 
 
Membranas 
 
As membranas existentes para os dialisadores possuem duas naturezas: 
 Celulósicas: Cuprofane, acetato celulose, triacetato celulose; 
 Sintéticas: Polisulfona, hemophan. São mais compatíveis com o 
organismo. 
 
Possuem ainda duas variações com relacionadas à função: 
 Membranas de Alto Fluxo: São os dialisadores CA170, CA210 e F8. 
Possuem alta capacidade de ultrafiltração, porém o alto clearance de 
ureia nem sempre é observado. Esses dialisadores devem ser utilizados 
em máquinas de ultrafiltração controlada. 
 Membranas de alta eficiência: são os dialisadores do tipo F60, F80 e CT 
190. Possuem alto clearance por ter maior superfície e alta capacidade 
de ultrafiltração. Promovem grande remoção de drogas como, por 
exemplo, vancomicina. 
 
A membrana dialisadora funciona como corpo estranho e desencadeia reações 
adversas como reposta do organismo, entre elas: 
 Reação de hipersensibilidade (mais relacionadas com o 1º uso do 
dialisador – Síndrome do primeiro uso); 
 Alteração da função leucocitária; 
 
 
 
75 
 Aumento do catabolismo proteico; 
 Geração de precursor de amiloides (causador de síndrome do carpo e 
artropatias). 
 
Reutilização de Dialisadores 
 
A prática de reuso ou reutilização de dialisadores é adotada no mundo inteiro 
e deve ser executada corretamente para que os pacientes sofram os menores riscos 
possíveis. Pode ser de modo manual ou automático e o modo pelo qual é realizado 
define o número de vezes que esse processo poderá ocorrer (12 vezes para o reuso 
manual e 20 vezes no reuso automático). 
 
Cuidados com o dialisador 
 
 Identificar o dialisador e as linhas com nome do paciente, data do 1º uso, 
HBS e HCV em caso positivo; 
 Armazenamento dos sistemas em recipientes plásticos, individuais, em 
que constem o nome, o número de registro e o turno de cada paciente, 
além de marcadores para hepatite; 
 Anotar em impresso próprio os dados referentes ao 1º uso, prime, CUF, 
e assinatura do técnico responsável pelo reuso, além de assinatura do 
paciente ou responsável (em cumprimento à portaria ministerial que trata 
dos reusos permitidos); 
 Medir o prime inicial antes de utilizar o dialisador; 
 Preencher o sistema com cloro sempre que for desprezá-lo. 
O reuso deve ser realizado pelo técnico de enfermagem devidamente 
experiente e treinado, com utilização de equipamentos de proteção individual (óculos, 
máscara de gases, avental de manga comprida, luvas de borracha, touca e bota de 
borracha). A sala de reuso para pacientes portadores de hepatite C deve ser 
separada. As características da sala de reuso são: 
 
 
 
76 
 Boa iluminação; 
 Ventilação satisfatória; 
 Temperatura média de 25°C; Sistema de exaustão. 
 
As soluções químicas devem ser protegidas das fontes de calor e luz. 
 
Soluções esterilizantes 
As soluções esterilizantes utilizadas no reuso de dialisadores são: 
 Formol: 3 a 4% ou a 1% quando armazenado em estufa; 
 Ácido peracético: esta substância possui característica bactericida, 
virucida e esporicida, possui, portanto, alta eficácia no que diz respeito 
à esterilização do sistema. É a mais utilizada atualmente; 
 Cloreto de sódio 24%: É utilizada no dialisador de pacientes alérgicos a 
outras substâncias. Tem ação bacteriostática, 
 
Técnica de reprocessamento 
A técnica adotada no reprocessamento de dialisadores é a descrita a seguir: 
 Utilizar água tratada (observando a pressão de 20PSI); 
 Desconectar as linhas do dialisador; 
 Realizar flash de água na câmara interna do dialisador para retirar o 
excesso de sangue; 
 Deixar o dialisador em ultrafiltração reversa por 20 minutos; 
 Retirar o dialisador da ultrafiltração reversa e realizar outro flash de água 
na câmara interna; 
 Medir o volume interno das fibras; 
 Verificar o valor através de cálice graduado. Se o valor for abaixo de 80% 
do valor de prime inicial deve-se desprezar o dialisador, caso contrário 
prossegue-se o reuso; 
 
 
 
77 
 Esterilizar o sistema com o preenchimento da solução esterilizante de 
escolha; 
 Realçar a identificação do sistema e anotar os dados na ficha de reuso. 
 
Anticoagulação 
 
 O uso de anticoagulantes no circuito extracorpóreo e de modo sistêmico visa 
evitar a formação de coágulos no acesso vascular do paciente, impedindo o bom fluxo 
sanguíneo necessário para a hemodiálise; e impedir a formação de coágulos no 
circuito extracorpóreo, evitando assim aumento nos custos e gastos de material, pois 
toda vez que o circuito coagula é necessário interromper a remoção de líquidos, o que 
compromete o tratamento e aumenta as perdas sanguíneas. 
Vários são os fatores que podem favorecer a formação de coágulos. A 
coagulação pode ocorrer no aceso vascular (cateter vascular) obstruindo um ou mais 
vasos de modo parcial ou total. A anticoagulação deve ser eficaz para não permitir a 
formação de coágulos, porém deve ser respeitada a dose indicada de acordo com o 
paciente e o tipo de circuito extracorpóreo, pois a anticoagulação excessiva ainda tem 
sido observada em cerca de 30% dos pacientes em hemodiálise. 
O regime de anticoagulação deve: 
 Ser de fácil manuseio; 
 Ser eficaz para deixar o sistema livre de coágulos durantetodo o dia; 
 Prolongar a vida útil do dialisador; 
 Diminuir as chances do aparecimento de outros efeitos colaterais. 
 
 
Quadro 
Fatores que favorecem a coagulação do circuito extracorpóreo 
Baixo fluxo sanguíneo 
Hematócrito elevado 
 
 
 
78 
Taxa de ultrafiltração alta 
Recirculação no acesso de diálise 
Transfusão de hemoderivado e de sangue intradialítico 
Infusão intradialítica de lipídios 
Uso de câmaras de gotejamento 
 
*Extraído de DAUGIRDAS, J.T. Manual de Diálise. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2008. 
 
 
Seleção do anticoagulante 
 
A coagulação do sangue no circuito extracorpóreo tem relação com a adesão 
plaquetária e os anticoagulantes agem diretamente sobre a cascata de coagulação 
impedindo o agrupamento destas células. Como a cascata de coagulação é um fator 
individual e o tempo de coagulação varia de uma pessoa para outra, as doses de 
anticoagulante para manter o circuito pode variar assim como o tipo de anticoagulação 
empregada no sistema. 
 
Quadro 
Tipos de anticoagulação 
Heparina contínua 
Heparinização regional com protamina 
Heparina de baixo peso molecular 
Soro fisiológico (sem uso de droga anticoagulante) 
Citrato 
Prostaciclina (PGI2) 
 Fonte: LIMA, E. X. Atualização de Enfermagem em Nefrologia. Rio de Janeiro: 
UFRJ, 2004. 
 
 
 
 
79 
Outros fatores ligados ao circuito também podem interferir na seleção da 
anticoagulação adotada. Circuitos arteriovenosos são menores que venovenosos e, 
por essa razão, necessitam de doses menores de anticoagulantes para evitar a 
formação de trombos. Abaixo estão as características dos principais anticoagulantes 
em uso: 
 
Coagulação do circuito extracorpóreo 
 
O enfermeiro deve estar em constante monitoramento das características do 
circuito extracorpóreo além dos parâmetros registrados pela máquina de diálise para 
evitar que sinais de coagulação presentes ou registrados no painel da máquina de 
diálise passem despercebidos e torne mais difícil preservar o sistema e, como 
consequência, continuar a diálise. 
Controlar a adequação da taxa de infusão do anticoagulante adotado a partir 
de resultados laboratoriais é função do enfermeiro que deve, ainda, verificar a 
presença de coágulos nas linhas arterial e venosa. Caso seja verificado algum coágulo 
na linha arterial, deve-se interromper a continuidade da diálise desconectando o 
sistema sem realizar a devolução do sangue ao paciente. 
O circuito com o coágulo é desprezado e se reinicia o processo a partir da 
montagem de um novo circuito. É importante ressaltar que a administração de 
soluções no circuito de diálise deve estar restrita a anticoagulantes ou líquidos de 
reposição hídrico-eletrolítica. 
 
 
Coloração do sangue extremamente escura 
Estrias negras ou sombras no dialisador 
Espuma com formação de coágulo subsequente nas câmaras de 
gotejamento e na retenção venosa 
Enchimento rápido dos monitores do transdutor com sangue 
 
 
 
 
80 
*Extraído de DAUGIRDAS, J.T. Manual de Diálise. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2008. 
 
Ações de Enfermagem 
 
É de responsabilidade do enfermeiro o monitoramento do sistema dialítico 
durante toda a sessão de diálise, bem como a avaliação das respostas do paciente 
frente à terapia adotada. Para isso, uma série de cuidados e medidas de controle deve 
ser observada, entre elas: 
 Avaliação hemodinâmica; 
 Integridade do circuito; 
 Fluxo do dialisato; 
 Fluxo sanguíneo; 
 Monitoração do balanço de fluidos; 
 Monitoração da ultrafiltração; 
 Monitoração da reposição de volemia para o paciente; Controle da 
anticoagulação do circuito extracorpóreo. 
O enfermeiro deve ter em vista a importância do acesso vascular para a 
hemodiálise e, assim, realizar inspeção constante visando à detecção imediata do 
início do processo de coagulação nas linhas e/ou no dialisador. Uma vez aumentado 
o valor de pressão venosa, deve-se suspeitar de coagulação no circuito. 
 
Complicações Durante a Hemodiálise 
 
Apesar de todos os avanços feitos no campo da hemodiálise e de sua crescente 
melhora muitas complicações podem ocorrer durante uma sessão. As complicações 
mais comuns são: hipotensão, câimbras, febre e calafrios. Estas complicações podem 
estar relacionadas ao paciente ou ao equipamento. A detecção precoce de níveis 
pressóricos baixos durante a hemodiálise e a orientação do paciente para comunicar 
os sinais e sintomas que precedem a hipotensão devem ser os focos de controle da 
 
 
 
81 
pressão arterial associados aos parâmetros pré-diálise como o peso seco, a aferição 
da pressão arterial e a verificação de edemas. 
O aparecimento de febre e calafrios durante a hemodiálise pode estar ligado a 
pirogenia ou infecção. Neste caso, cabe ao enfermeiro investigar o possível foco da 
infecção inspecionando o acesso vascular, providenciando hemocultura, cultura do 
dialisato e da água para diálise. No que diz respeito às câimbras, geralmente ocorrem 
quando o paciente é submetido à ultrafiltração muito intensa para remoção do excesso 
de líquido ingerido no período interdialítico. Para a correção desta complicação 
administra-se solução salina isotônica. 
 
Outras complicações comuns são: 
 Hematoma em FAV; 
 Aneurisma em FAV; 
 Fluxo sanguíneo arterial insuficiente em FAV; 
 Fluxo sanguíneo diminuído ou obstrução em CDL; 
 Reação ao peróxido de hidrogênio/formol; 
 Reações alérgicas medicamentosas; 
 Presença de exudação na inserção do CDL; 
 Hipotensão arterial; 
 Síndrome do primeiro uso; 
 Síndrome do desequilíbrio hidroeletrolítico; 
 Hipoglicemia; 
 Precordialgia; 
 Reações pirogênicas/bacteremias; 
 Hipercalemia; 
 Hipernatremia/hiponatremia; 
 Hemólise; 
 Hipertermia; 
 Hipertensão; 
 Edema agudo de pulmão; 
 
 
 
82 
 Parada cardiorrespiratória; 
 Embolia gasosa; 
 Convulsão; 
 Arritmia; 
 Ruptura das fibras do dialisador; 
 Ruptura das linhas do circuito extracorpóreo (arterial e/ou 
venosa); e 
 Coagulação do sistema extracorpóreo. 
 
Ações de Enfermagem 
 
A assistência de enfermagem é importante na intervenção, na prevenção e na 
avaliação das possíveis complicações durante a hemodiálise, o monitoramento 
constante é fundamental na garantia da segurança do tratamento. Para isso, é 
necessário que o enfermeiro tenha uma base sólida de conhecimento que o permita 
identificar, atender e avaliar qualquer complicação decorrente da hemodiálise, além 
de adotar mecanismos para a prevenção destas complicações. 
A avaliação de parâmetros pré-diálise (do cliente e do equipamento), seguida 
da aplicação da prescrição, da evolução do tratamento e da avaliação do cliente após 
a terapia constituem as ações que a equipe de enfermagem deve desenvolver a cada 
sessão de diálise do paciente. 
 
Controle de Infecções na Unidade de Hemodiálise 
 
As infecções são a segunda maior causa de óbitos dos pacientes em diálise no 
Brasil e a principal causa de internação hospitalar de pacientes com doença renal 
crônica em programas de substituição da função renal. O grande número de infecções 
ocorre pela realização constante, e em grande número, de procedimentos invasivos 
além de distúrbios imunológicos, seja por fatores orgânicos (linfócitos e granulócitos 
em baixa por causa do acúmulo de toxina urêmica, desnutrição e deficiência de 
 
 
 
83 
Vitamina D) ou por bioincompatibilidade de materiais utilizados nos procedimentos. 
Os maiores agentes causadores de infecção em pacientes renais são microrganismos 
da flora bacteriana da sua própria pele que, eventualmente, contaminam 
equipamentos e soluções. 
Nos serviços de diálise pacientes e funcionários estão sujeitos à infecção. 
Sendo assim, a preocupação com a sua prevenção e controle é foco constante dos 
profissionais e gestores que devem seguiros protocolos estabelecidos na RDC nº 
154, que é o Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise 
publicado pelo Ministério da Saúde. Em seu texto há uma determinação para que 
todos os centros de diálise implementem um Programa de Controle e Prevenção de 
Infecções e Eventos Adversos, de acordo com a legislação do Programa de Controle 
de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde e sob a responsabilidade do médico ou 
do enfermeiro do serviço de diálise. 
Alguns fatores são importantes de serem observados pela equipe atendendo 
as rotinas estabelecidas para o controle e prevenção de infecções. Entre eles: o 
monitoramento da água (qualidade, tratamento, armazenagem e distribuição da água 
tratada), monitoramento das máquinas de diálise (verificação da eficácia dos 
processos de desinfecção automática e a desinfecção externa), avaliação da solução 
de diálise e observação do uso corretos de técnicas de prevenção de infecção 
(lavagem das mãos; uso de EPI e EPC). 
 
Infecção Relacionada à Contaminação das Soluções de Diálise 
 
Umas das complicações mais comuns oriundas da contaminação bacteriana 
da solução de diálise são as reações pirogênicas e as bacteremias por 
microrganismos gram-negativos (Tabela 8). Existe relação entre o número de 
bactérias presentes na água e nas soluções de diálise e as reações pirogênicas. Por 
esta razão, a contagem de bactérias na água que abastece a máquina de diálise deve 
ser menor que 200 UFC/mL e após o preparo da solução, menor que 2.000UFC/mL. 
Valores superiores a esse podem facilitar a produção de biofilme. 
 
 
 
84 
 
Tabela 8 
Complicação 
 
Características 
 
 
Reações pirogênicas* 
 
 
- Tremores; 
- Febre; 
- Náuseas; 
- Hipotensão; 
- Mialgias; 
- Escurecimento súbito do sangue. 
 
 
 
- Febre; 
- Calafrios; 
Bacteremia/Sepse 
 
- Hipotensão; 
- Comprometimento do estado geral. 
*Reação em paciente afebril, sem manifestação de sinais ou sintomas pré-
diálise. 
 
 
Infecção Relacionada ao Acesso Vascular para HD 
 
Infecção no acesso vascular representa uma das complicações mais comuns 
em pacientes submetidos à hemodiálise, sendo a maior responsável pelo aumento da 
morbidade, hospitalização, necessidade de mudança de acesso e, eventualmente, 
morte do paciente. Há aumento de infecção, principalmente, osteomielite, endocardite 
e bacteremia, quando o acesso vascular para hemodiálise é o cateter. A melhor forma 
de prevenção de infecção relacionada ao cateter é a redução na sua permanência, 
pela confecção da fístula arteriovenosa. 
A infecção relacionada ao cateter tem origem na contaminação do lúmen e 
posterior migração de microrganismos da flora da pele do próprio paciente pelo local 
de inserção colonizando a ponta do cateter e causando a infecção. A maioria das 
 
 
 
85 
infecções relacionadas ao cateter é causada por microrganismos da própria pela do 
paciente, especialmente, Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus, 
porém estes não são os únicos causadores de infecção. 
 
Infecções virais em unidade de HD 
(I) Hepatites: os vírus da hepatite B (HBV) e da Hepatite C (HCV) são os 
mais prevalentes nos pacientes em terapia renal substitutiva. A identificação 
sorológica deve ser realizada a fim de identificar os pacientes portadores e isolá-los 
dos pacientes suscetíveis para prevenir novas contaminações, comumente chamada 
de soroconversão. 
(II) HBV: A exposição ao vírus da hepatite B ocorre devido ao 
reprocessamento de dialisadores, equipamentos, equipe e transfusões sanguíneas 
(quando indicadas) além da tendência à baixa imunidade associada à uremia. A 
prevenção da transmissão do vírus em pacientes submetidos à hemodiálise se faz 
através de implementação de medidas de precaução universal, além de vacinação de 
pacientes que iniciam o tratamento e apresentam HBsAg e anti-HBs negativos 
(controle do HBsAg e anti-HBs são feitos com base na legislação vigente, 
semestralmente). É recomendada a vacinação de todos os pacientes com doença 
renal crônica contra hepatite B. Para a imunização é realizada dose dupla da vacina, 
pois a resposta vacinal nesse grupo é baixa; 
(III) HCV: Atualmente a prevalência de hepatite C é maior entre os pacientes 
dependentes de hemodiálise do que na população em geral. Entre os fatores de risco 
estão o tempo de tratamento hemodialítico, transmissão via componentes 
sanguíneos, transmissão paciente-paciente através de equipamentos e materiais 
compartilhados. Não é recomendado o isolamento de pacientes com HCV. 
Recomenda-se que o reuso dos dialisadores de portadores do HCV seja em sala 
separada e as máquinas de diálise sejam desinfetadas entre cada turno além da 
adoção de medidas de precaução universal; 
(IV) HIV: os fatores de risco para esta infecção em pacientes em tratamento 
hemodialítico englobam as transfusões sanguíneas, transplante renal, contato sexual 
 
 
 
86 
ou compartilhamento de agulhas (em caso de abuso de drogas). Melhorias nas 
práticas no controle de infecções nos centros de diálise diminuíram a prevalência de 
HBV e HCV, porém a prevalência de pacientes infectados com HIV tem aumentado. 
Esse aumento se deve ao próprio aumento da população geral infectada pelo HIV, já 
que não há registro de transmissão horizontal desse vírus. Como medida de controle, 
o Ministério da Saúde recomenda o descarte do circuito de diálise após a sessão de 
hemodiálise. 
 
Ações de Enfermagem 
 
As ações de enfermagem no que tange ao controle de infecções em unidades 
de hemodiálise baseiam-se em estratégias de prevenção e controle, tais como: 
 Lavagem das mãos antes e após qualquer procedimento, mesmo tendo 
utilizado luvas de procedimento; 
 Lavagem das mãos entre um procedimento e outro realizado em um 
mesmo paciente; 
 Lavagem das mãos com sabão neutro comum após procedimentos de 
rotina e com antisséptico para procedimentos de risco; 
 Uso de luvas ao tocar sangue e fluidos ou itens potencialmente 
contaminados; 
 Não reutilização de materiais descartáveis; 
 Limpeza e desinfecção dos equipamentos utilizados pelo paciente; 
 Uso de técnica asséptica rigorosa na implantação e manuseio do cateter; 
 Uso de antisséptico visando à redução de microrganismos patogênicos 
(em geral clorexidina a 2%); 
 Uso de máscara, avental e óculos de proteção ao realizar procedimentos 
onde haja risco de respingo de sangue e fluidos; 
 Remoção de luvas imediatamente após seu uso; 
 Reprocessamento de dialisadores de pacientes portadores de HCV em 
sala separada; 
 
 
 
87 
 Descarte de dialisadores de pacientes portadores de HIV após cada 
sessão; 
 Observação rigorosa de medidas de precaução padrão; 
 Proteção de lesões com materiais cortantes; 
 Identificação dos marcadores virais precocemente no paciente em fase 
pré-dialítica; 
 Realização de exames de marcadores virais periódicos; 
 Vacinação contra hepatite B (pacientes e equipe); 
 Monitorização periódica do anti-HBs (pacientes e equipe); 
 Limpeza mecânica antes de qualquer procedimento de desinfecção; 
 Limpeza mecânica externa e desinfecção dos materiais mais utilizados; 
 Desinfecção das máquinas entre os turnos de hemodiálise; 
 Descarte de isoladores de pressão após as sessões; 
 Desinfecção química de superfícies que tiveram contato com sangue e 
fluidos; 
 Uso único para materiais descartáveis; 
 Descarte ou reuso de dialisadores feito na própria máquina de 
hemodiálise para pacientes com sorologia desconhecida; 
 Evitar superlotação da sala; 
 As salas devem ter paredes e pisos laváveis e deve-se evitar o excesso 
de materiais para facilitar a higienização; 
 Os membros da equipe não devem consumir alimentos ou bebidas na 
sala de diálise ou área potencialmente contaminada; 
 Os membros da equipe devem ter suas roupas trocadas sempre que sesujarem e entre os turnos. 
 
Enfermagem na Hemodiálise 
 
A enfermagem começou a participar ativamente do processo de hemodiálise, 
como integrante da equipe multiprofissional que assiste aos pacientes renais, a partir 
 
 
 
88 
dos avanços feitos nessa área, antes exclusivamente médica. Para dar início ao 
tratamento é necessário o preparo do ambiente, da água para hemodiálise, dos 
equipamentos e material que será utilizado. Ao receber na unidade de hemodiálise o 
paciente faz-se uma breve anamnese e exame físico, para adequar a prescrição da 
diálise às suas condições atuais. Após isso, seguem-se as etapas descritas: 
 Preparo do sistema de hemodiálise: ligar a máquina e realizar 
checagem de seu funcionamento, valores de condutividade e 
temperatura, montar o sistema de diálise, preencher câmara interna do 
dialisador e interna do circuito extracorpóreo com solução salina, 
checar remoção completa de ar do sistema e/ou resíduos de solução 
esterilizante com reagente específico; 
 Preparo do paciente para hemodiálise: orientar o paciente a 
checar seu nome e registro gravado no material de diálise, verificar 
sinais vitais e peso seco do paciente, higienizar o braço da fístula 
(quando for esta a via de acesso vascular), acomodar o paciente de 
modo confortável à poltrona ou cama; 
 Instalação do paciente: proceder à punção da fístula ou a 
abertura do cateter, coletar material para exames (se solicitado), 
anticoagular o paciente (se prescrito), conectar a linha arterial à via 
arterial do cateter ou fístula e a linha venosa à via venosa, ligar a bomba 
de sangue; 
 Monitorizar o tratamento hemodialítico; 
 Finalização do tratamento hemodialítico: verificar sinais vitais 
e pesar o paciente, desligar a bomba de sangue e devolver ao paciente 
o conteúdo do segmento pré-bomba do equipo arterial, administrar 
drogas prescritas e coletar exames antes de desconectar os equipos, 
desconectar os equipos do acesso do paciente encaminhando o 
circuito para o reprocessamento, retirar as agulhas do paciente (em 
caso de fístula como acesso vascular) e realizar hemostasia com gaze 
estéril por cinco minutos, orientar quanto aos cuidados no período 
interdiálise. 
 
 
 
89 
 
Enfermagem no Reuso de Dialisadores 
 
O enfermeiro deve atentar para a realização correta do reprocessamento de 
dialisadores, o reuso, obedecendo ao número estabelecido pelo Ministério da Saúde 
de reutilização de dialisadores conforme a técnica de reprocessamento empregada 
(até 12 vezes para reuso manual e até 20 vezes para reuso automático), desde que 
seja respeitado o mínimo de 80% do seu volume de enchimento (priming). Deve-se 
ainda efetuar controle do número de reutilização com registro em ficha própria e 
assinatura do paciente ou responsável. Além disso, devem-se realizar exames 
laboratoriais periódicos estabelecidos pela Resolução da Diretoria Colegiada da 
ANVISA (RDC 154). 
 
1. Exames de rotina: distribuídos em periodicidades diferentes: 
(a) Mensais: medição do hematócrito, dosagem de hemoglobina, ureia pré 
e pós-sessão de diálise, potássio, cálcio, fósforo, transaminase glutâmicopirúvica 
(TGP), glicemia para pacientes diabéticos e creatinina durante o primeiro ano; 
(b) Trimestrais: hemograma completo, medição da saturação da 
transferrina, dosagem de ferritina, ferro sérico, proteínas totais e frações fosfatase 
alcalina; 
(c) Semestrais: parato-hormônio, anti-HBs, HBsAg e anti-HCV (para 
pacientes suscetíveis e com resultado negativo anterior), dosagem de creatinina após 
o primeiro ano; 
(d) Anuais: colesterol total e fracionado, triglicérides, dosagem de anticorpos 
para HIV e do Nível sérico de alumínio, radiografia de tórax. 
 
Funções do Enfermeiro 
 
 
 
 
90 
O enfermeiro deve estar em constante atualização para possibilitar melhorias 
na assistência à clientela em hemodiálise. Desenvolver ações no âmbito assistencial, 
administrativo, educativo e de pesquisa. 
 
Quadro 
Área de atuação 
 
Ações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assistencial 
 
 Orientar paciente e familiares para o autocuidado e 
tratamento; 
 Realizar encaminhamento a outros profissionais sempre que 
houver necessidade; 
 Utilizar o processo de enfermagem em todas as suas etapas 
na assistência ao paciente em hemodiálise; 
 Prevenir, identificar e tratar complicações que possam ocorrer 
durante a hemodiálise juntamente com a equipe médica; 
 Realizar vigilância epidemiológica (em conformidade com a 
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar); 
 Estabelecer normas e rotinas para prevenção e controle de 
infecções na unidade de diálise; 
 Elaborar normas e protocolos da equipe de enfermagem, 
visando garantir eficácia e qualidade no tratamento; 
 Gerenciar a realização de exames laboratoriais de rotina; 
Orientar e supervisionar os procedimentos de desinfecção de 
equipamentos e reprocessamento de dialisadores; 
 
 
 
 
Administrativa 
 Participar da monitorização do controle da qualidade da água 
e das soluções para diálise; 
 Realizar atividades interdisciplinares para a troca de 
informações; 
 
 
 
91 
 
Educativa 
Pesquisa 
 Realizar técnicas e procedimentos não-delegáveis ao pessoal 
técnico; 
 Participar do controle da qualidade do tratamento dialítico, em 
conjunto com a equipe multiprofissional. 
 
 
 Coordenar e comandar a equipe de enfermagem; 
 Elaborar a escala de folga, férias e atividades de pacientes; 
 Realizar reuniões com a equipe de enfermagem sob sua 
supervisão; 
 Participar do planejamento da unidade; 
 Implementar programas de melhoria da qualidade da 
assistência; 
 Gerir a necessidade material da unidade; 
 Controlar condições de funcionamento dos equipamentos da 
unidade; 
 Controlar medicações e entorpecentes; 
 Participar da avaliação de produtos novos em nefrologia; 
 Cumprir as normas para funcionamento dos Serviços de 
Terapia renal Substitutiva. 
 
 Realizar programas educativos para desenvolvimento dos 
profissionais de enfermagem; 
 Supervisionar a equipe de enfermagem; 
 Avaliar o desempenho da equipe de enfermagem; 
 Participar e estimular a participação em eventos científicos; 
 Desenvolver programas educativos destinados aos pacientes 
e familiares. 
 
 
 
 
92 
 Realizar e participar no desenvolvimento de projetos de 
pesquisa. 
 
 
Funções do Técnico de Enfermagem 
 
O técnico de enfermagem é responsável pela execução da prescrição médica 
e de enfermagem com vistas a dar assistência ao paciente renal em hemodiálise, 
proporcionando um tratamento individualizado, seguro e eficiente. O técnico deve 
oferecer através de sua assistência higiene, conforto na instalação, monitorização e 
retirada do paciente da máquina onde realiza tratamento hemodialítico, visando uma 
assistência humanizada, atendendo ao paciente de modo integral. 
 
Quadro 
Ações do Técnico de Enfermagem 
 Auxiliar na elaboração de escala de tarefas; 
 Auxiliar no controle e no uso racional de roupas, materiais utilizados 
pela enfermagem e pela equipe multiprofissional de cuidado ao paciente renal; 
 Auxiliar na conservação e no controle do patrimônio da unidade; 
 Operar equipamentos da unidade de diálise com cautela, desde o 
preparo para diálise, monitorização transdialítica e desinfecção pós-
procedimentos; 
 Seguir as normas de biossegurança; 
 Executar ações de assistência de enfermagem ao paciente renal, com 
exceção àquelas privativas do enfermeiro 
 * Adaptado de BARROS, E. et al. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. 
Porto Alegre, 2008. 
 
 
 
 
 
93 
Sistematização da Assistência de Enfermagem na Hemodiálise 
 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é considerada pelo 
Conselho Federal de Enfermagem como atividade privativa do enfermeiro e decaráter 
obrigatório. Deve ser abrangente, sendo presente em todas as áreas de atuação do 
enfermeiro, seja ela pública ou privada. A SAE deve ser baseada em um referencial 
teórico que permita orientar a coleta de dados sobre o estado de saúde dos pacientes, 
conduza aos diagnósticos de enfermagem, ajude a estabelecer as prioridades, 
fundamente as ações de enfermagem e forneça parâmetros avaliativos. 
A SAE consiste em cinco etapas sequenciais e relacionadas entre si: 
 
 Histórico de enfermagem: primeira etapa do processo de enfermagem 
onde é realizado o levantamento de dados do paciente. Caracteriza-se pelo 
levantamento de dados, subjetivos e objetivos, do paciente, da família e de outros 
profissionais, através de entrevista em roteiro sistematizado, exame físico e exames 
laboratoriais ligados à função renal. É uma etapa fundamental para o processo de 
enfermagem, pois a avaliação dos dados obtidos permitirá a identificação de 
diagnósticos de enfermagem, bem como a escolha das intervenções que serão 
adotadas a partir das necessidades dos pacientes, além da avaliação dos resultados 
esperados; 
 Diagnóstico: aparece em três contextos: como processo de raciocínio 
diagnóstico, como sistemas de classificação e como uma das etapas do 
processo de enfermagem. Podem ser reais (Tabela 8) ou de risco 
(Tabela 
 9); 
 Planejamento: determina as estratégias e definição dos resultados 
esperados diante das ações de enfermagem prestadas por um período 
determinado; 
 Implementação: é a execução das estratégias de intervenção de 
enfermagem definidas no planejamento; 
 
 
 
94 
 Avaliação: também conhecida por evolução, é o registro das 
modificações do estado geral do paciente diante das intervenções de 
enfermagem empregadas. Deve-se registrar o resultado da avaliação 
em prontuário. 
 
A utilização de classificações padrão pode mostrar uma elevada eficácia na 
padronização de resultados e avaliação dos resultados das intervenções empregadas. 
As classificações mais difundidas são: 
 NANDA (North American Nursing Diagnosis Classification): classificação 
para os diagnósticos de enfermagem; 
 NIC (Nursing Interventions Classification): classificação para as 
intervenções de Enfermagem; 
 NOC (Nursing Outcomes Classification): classificação de resultados 
esperados. 
 
Tabela 8 Partes do diagnóstico real 
Diagnóstico real Definição Característica definidora Fator 
Relacionado 
 
Excesso no volume 
de líquidos 
Retenção aumentada Edema periférico 
ou facial, de líquidos isotônicos dispneia, 
estertores, distensão da veia jugular. 
Mecanismo 
regulador 
comprometido 
 
 
Alteração na perfusão 
tissular renal 
Estado em que o 
indivíduo 
apresenta uma 
diminuição na 
nutrição e 
oxigenação 
celular. 
Oligúria ou anúria, 
hematúria, elevação 
nas taxas de ureia e 
creatinina 
sanguíneas, pressão 
sanguínea alterada. 
Redução do fluxo 
sanguíneo arterial 
e/ou venoso 
 
 
 
 
 
95 
Tabela 9 
Partes do diagnóstico de risco 
Diagnóstico de Risco Definição 
Fator Relacionado 
 
Risco de infecção 
Estado em que o 
indivíduo está em risco 
aumentado para ser 
 invadido por 
microrganismos 
patogênicos 
 
Procedimento invasivo 
(Cateter duplo lúmen, 
FAV) 
 
 
Risco para tensão de vida ao papel 
do cuidador 
É o estado em que o 
indivíduo está em risco 
para demonstrar ou 
 sentir 
dificuldades para 
realizar as atividades 
 de cuidado 
requeridas 
Sistemas de apoio 
inadequados ou 
insuficientes. Falta de 
recursos financeiros e 
materiais para o 
cuidado. 
 
Indicações 
 
O Transplante Renal (Tx) surge como opção dentre as terapias renais 
substitutivas quando há perda gradual e irreversível da função renal, provocada pela 
insuficiência renal crônica em estágio terminal. O Tx apresenta-se hoje como a melhor 
forma de terapia da doença renal, na fase 5, em pacientes selecionados. 
O primeiro Tx realizado em humanos ocorreu na Ucrânia, em 1933, porém, não 
obteve sucesso pela ausência de funcionamento do enxerto. Experimentos seguiram 
na França e nos Estados Unidos, durante a década de 50, sem uso de medicações 
para prevenção da rejeição do enxerto e somente um paciente sobreviveu ao 
procedimento. No Brasil, o primeiro transplante com doador vivo foi realizado no Rio 
 
 
 
96 
de Janeiro em 1964, e com doador cadáver, em 1967, no interior do estado de São 
Paulo. 
O primeiro esquema de imunossupressores, com vistas à proteção e não-
rejeição dos enxertos surgiu em 1963 com a associação de corticosteroides e 
azatropina e seguiu até 1980, quando a ciclosporina modificou radicalmente os 
transplantes de órgãos. A partir de então houve o aprimoramento da terapia de 
imunossupressão, o que levou à diminuição das rejeições e ao aumento da vida média 
do enxerto transplantado, ampliando o tempo de vida do receptor. Porém, a toxicidade 
dessas drogas passou a ser vista como um problema e a monitorização terapêutica 
dos imunossupressores passou a ocupar um lugar imprescindível no bom prognóstico 
dos procedimentos de pós-enxerto de órgãos. 
Para a realização do transplante há dois grupos de doadores: vivos ou 
cadáveres. Para doadores vivos a legislação brasileira permite a doação de cônjuges 
ou parentes até quarto grau. Há ainda outros casos possíveis de doação diferentes 
desses, porém é necessária autorização judicial para a realização do transplante. Para 
doação de órgão proveniente de cadáver é necessário o diagnóstico de morte 
encefálica por médico que não pertença à equipe do transplante. 
São observados melhores resultados a curto e longo prazo em pacientes 
transplantados que obtiveram o enxerto de doadores vivos, exigindo terapia 
imunossupressora menos agressiva, maior rapidez no início do funcionamento do 
enxerto, além de diminuição do tempo de espera por um órgão proveniente de 
cadáver. As contraindicações para o transplante podem ser absolutas ou relativas, 
dependendo de sua importância e possibilidade de correção pré-cirúrgica. 
 
Quadro 
Contraindicações para o transplante renal 
Contraindicações Absolutas 
 
 
 
97 
- Tumor maligno; 
- Recusa do paciente; 
- Distúrbio psiquiátrico; 
- Doença neurológica grave; 
- Doença pulmonar avançada; 
- Doença hepática progressiva; 
- Doença cardíaca avançada; 
- Infecção incurável; 
Contraindicações Relativas 
- Doença renal com levado índice de recorrência; 
- Doença do trato urinário inferior; 
- Doença crônica cardiopulmonar; 
- Doença aortoilíaca ou venosa ilíaca-cava. 
 
 
No procedimento cirúrgico envolvido no receptor, o rim doado é colocado na 
fossa ilíaca do lado oposto ao rim que foi retirado, a veia ilíaca externa é utilizada para 
anastomose com a veia renal, bem como a artéria renal é anastomosada com a artéria 
ilíaca interna ou externa. O ureter do doador é anastomosado à bexiga do receptor. 
Alguns fatores de risco são considerados na decisão da realização do procedimento 
cirúrgico para transplantes renal. 
 
 
 
 
98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www. kidney.niddk.nih.gov 
 
 
Avaliação Pré-operatória 
 
Na avaliação pré-operatória do paciente que é candidato a receptor são levados 
em consideração aspectos como: 
 Tempo de diálise; 
 História do paciente; 
 Fatores sanguíneos (hematócrito, coagulação, bioquímica, ABO e 
fatores imunológicos); 
 Endoscopia digestiva; 
 
 
 
99 
 Ultrassonografia abdominal; 
 Radiografia do tórax; 
 Cistoscopia; 
 Urodinâmica; 
 EAS; 
 Cultura e antibiograma de secreção nasal; Expectativa de vida. 
 
Tabela 12 
Fatores de risco para Tx 
 
Natureza 
 
 
 
Fator de risco 
Clínica  Idade menor que 5 ou maior que 
 60 anos; 
 Doenças sistêmicas; 
 Doença gastrintestinal prévia; 
 Obesidade ou desnutrição grave; Doença renal recorrente 
 Doença maligna prévia. 
Cirúrgica 
 
 Refluxo vesicoureteral; 
 Deformidades vesicais; 
 Hipertrofia prostática; 
 Transplantes prévios; 
 Doença vascular periférica. 
Imunológica  Transplantes prévios; 
 Pacientes hipersensibilizados; 
 Pacientes imunologicamente hiper-
responsivos; 
 Transplantes conjugados de rim e 
pâncreas. 
 
 
 
100 
*Extraído de BARROS, E. Nefrologia: rotinas, diagnósticos e tratamento. Porto 
Alegre: 2008. 
 
 
Seleção do Receptor 
 
A seleção do paciente para receptor de transplante renal pode ser de doador 
cadáver ou doador vivo. 
 
Doador cadáver 
 
Nesse tipo de transplante a seleção para receptor de transplante considera as 
barreiras imunológicas e critérios clínicos dos candidatos ao transplante. A escolha do 
receptor obedece à lista de espera, de caráter estadual, de acordo com critérios legais 
estabelecidos pelo Governo Federal. O primeiro critério observado é o sistema ABO 
e são então selecionados os receptores com compatibilidade ABO com o doador. A 
seguir a tipagem HLA do doador é comparada ao dos receptores, que possuem 
tipagem realizada previamente. A partir de então é realizada uma pontuação para 
cada doador baseando-se na compatibilidade HLA com o doador. 
Havendo empate nesta pontuação os receptores são reclassificados de acordo 
com os critérios a seguir: tempo de espera, idade, presença de diabetes e 
hipersensibilizados. São então selecionados dez candidatos a receptor para cada rim 
doado. Logo após a seleção ocorre a realização de prova cruzada que consiste em 
um teste de microlinfocitotoxicidade para detectar anticorpos contra antígenos HLA do 
doador, presentes no soro do receptor. Estes anticorpos são geralmente encontrados 
em pacientes já transplantados, gestantes e pacientes que receberam transfusão 
sanguínea. 
 
 
 
 
101 
Doador vivo 
 
Como já visto, é previsto na lei de transplantes em vigor a doação de rim 
consanguíneo até o quarto grau ou cônjuge respeitando a compatibilidade no grupo 
sanguíneo ABO. Havendo mais de um doador, elege-se o que possui maior 
compatibilidade HLA com o receptor. Nesses casos, também é realizada a prova 
cruzada nas fases iniciais da avaliação do doador e pré-transplante. 
Protocolo de avaliação do receptor de rim de doador cadáver 
I. Identificação 
a) Nome: 
b) Sexo: 
c) Idade: 
d) Doença de base: 
e) Tempo e modalidade de diálise: 
f) Grau de parentesco do doador: 
VIII. II. História e Exame físico Nº de transfusões prévias: 
Data da última transfusão: 
Nº de gestações: 
Nº de transplantes prévios: 
XIII. III. HLA, reatividade contra painel e prova cruzada pré-transplante 
XIV. IV. Avaliação dos pacientes em lista de espera 
XV. V. Avaliação e manejo pré-transplante imediato 
Hemograma. Plaquetas, tempo de protrombina, KTTP, tempo de coagulação, glicemia, ureia, 
creatinina, sódio, potássio, cloro, reserva alcalina, urocultura, líquido peritoneal (CAPD), anti-
CMV, anti-HIV, HBsAg, anti-HCV, HTLV I, ECG, Raio-X de tórax. Planejamento da diálise de 
acordo com os resultados da bioquímica, condições clínicas e tempo decorrido desde a última 
análise. 
XVII. VI. Eventuais 
 
 
 
102 
XVIII. I. Identificação 
a) Nome: 
b) Sexo: 
c) Idade: 
d) Doença de base: 
e) Tempo e modalidade de diálise: 
f) Grau de parentesco do doador: 
XXV. II. História e Exame físico Nº de transfusões prévias: 
Data da última transfusão: 
Nº de gestações: 
Nº de transplantes prévios: 
 
 
 
103 
XXX. III. Avaliação imunológica 
a) Tipagem ABO 
b) Prova cruzada inicial 
c) Tipagem HLA 
d) Complemento (C3 e C4) 
e) Prova cruzada pré-transplante 
XXXVI. IV. Avaliação hematológica e bioquímica 
Hemograma, plaquetas, protrombina, KTTP, tempo de coagulação, glicemia de jejum, ureia, 
creatinina, sódio, potássio, reserva alcalina, cálcio, fósforo, albumina, colesterol, triglicerídeos, 
ALT, AST, gama GT e fosfatase alcalina. 
a) HbsAG 
 (continua) (continuação) 
b) Anti-HCV 
c) Anti-HIV 
d) VDRL 
e) HTLV I 
f) Chagas 
g) IgG/IgM toxoplasmose 
h) Anti-CMV 
i) Urocultura 
j) Raio-X de tórax 
k) Exame de fezes (três amostras) 
l) Líquido peritoneal (cultura) 
LIII. VI. Avaliação TGI (Indicação clínica) 
a) Endoscopia 
b) Ecografia via biliar 
c) Enema opaco/colonoscopia 
LVII. VII. Avaliação urológica 
a) Clínica 
b) Uretrocistografia 
c) Cistoscopia 
LXI. VIII. Avaliação cardiovascular 
a) ECG 
 
 
 
104 
 
b) Ecografia 
c) Cintilografia miocárdica 
d) Cateterismo cardíaco 
LXVI. IX. Avaliação ginecológica 
LXVII. X. Avaliação odontológica 
LXVIII. XI. Avaliação otorrinolaringológica 
LXIX. XII. Avaliação psiquiátrica e de nível intelectual 
LXX. XIII. Eventuais 
 
 
 
105 
Avaliação do doador vivo 
 
LXXI. I. Identificação 
a) Nome: 
b) Sexo: 
c) Idade: 
d) Grau de parentesco do doador: 
LXXVI. II. História e Exame físico 
LXXVII. III. Avaliação imunológica 
a) Tipagem ABO 
b) Prova cruzada inicial 
c) Tipagem HLA 
d) Prova cruzada pré-transplante 
LXXXII. IV. Avaliação hematológica 
a) Hemograma 
b) Plaquetas 
c) Ácido úrico 
d) Glicemia 
e) Colesterol 
f) Triglicerídeos 
g) Cálcio 
h) Fósforo 
i) Exame de urina 
j) Proteinúria de 24 horas 
k) DCE 
XCIV. V. Avaliação infecciosa 
a) HBsAg 
b) Anti-HIV 
c) VDRL com teste 
d) Sorologia Chagas 
e) IgG/IgM toxoplasmose 
 
 
 
106 
f) Anti-CMV 
g) Urocultura 
h) Anti-HCV 
i) HTLV I 
CIV. VI. Avaliação radiológica 
a) Raio X de tórax 
b) Ecografia abdominal 
c) Urografia excretora 
d) Aortografia com arteriografia renal seletiva bilateral 
CIX. VII. Eletrocardiograma 
CX. VIII. Avaliação psiquiátrica 
CXI. IX. Eventuais 
CXII. I. Identificação 
a) Nome: 
b) Idade: 
c) Sexo: 
d) Cor: 
e) Peso: 
f) Altura: 
CXIX. II. Etiologia e avaliação da morte encefálica Causa da lesão cerebral: 
a) Pré-requisitos para o diagnóstico de morte encefálica: 
 Paciente comatoso no respirador. 
 Verificação da parada total e irreversível da atividade do tronco e hemisférios 
cerebrais. 
 Diagnóstico positivo de dano estrutural encefálico irremediável e irreversível. 
b) Potenciais exclusões do diagnóstico de morte encefálica: 
 Hipotermia. 
 Distúrbio metabólico ou endócrino grave. 
 Intoxicação exógena grave 
CXXIX. III. Exame neurológico 
 
 
 
107 
Deve ser realizado e registrado em duas ocasiões por profissionais diferentes 
(intensivista e neurologista ou neurocirurgião) que não sejam integrantes da equipe de 
remoção ou transplante. Essas duas avaliações devem ser realizadas em um intervalo 
mínimo de tempo, de acordo com a faixa etária, conforme listado abaixo: 
7 dias – 2 meses incompletos 48 horas 
2 meses – 1 ano incompleto 24 horas 
1 ano – 2 anos incompletos 12 horas Acima de 2 anos 6 horas 
CXXXVI. Elementos do exame neurológico 
a) Coma aperceptivo 
b) Pupilas fixas e arreativas 
c) Ausência de reflexo corneopalpebral 
d) Ausência de reflexos oculocefálicos 
e) Ausência de resposta às provas calóricas 
f) Ausência de reflexo da tosse (continua) (continuação) g) Apneia 
* Os elementos do exame devem ser positivos nas duas avaliações para o diagnóstico 
de morte encefálica. 
CXLVII. IV. Exames complementares 
O exame complementar visa demonstrar, de forma inequívoca, a ausência de 
circulação cerebral ou de atividade elétrica ou metabólica cerebral. Devem-se observar 
as seguintes disposições em relação ao tipo de exame e a faixa etária: 
a) Pacientes com 2 anos ou mais: um exame entre angiografia, cintilografia 
radioisotópica, Doppler transcraniano, monitorização da pressão intracraniana, 
tomografia computadorizada com xenônio, SPECT, eletroencefalograma, PET ou 
extração cerebral de oxigênio. 
b) Pacientescom 1 a 2 anos: qualquer um dos exames citados acima. Para 
encefalograma, há necessidade de registro com intervalo mínimo de 12 horas. 
c) Pacientes com 2 meses a 1 ano incompleto: dois encefalogramas com intervalo 
mínimo de 24 horas. 
d) Pacientes com 7 dias a 2 meses incompletos: dois encefalogramas com intervalo 
mínimo de 48 horas. 
 
 
 
108 
 
*Protocolos extraídos de BARROS, E. Nefrologia: rotinas, diagnósticos e tratamento. 
Porto Alegre, 2008. 
 
Preparo do Paciente 
 
Anterior à cirurgia do transplante renal o receptor deve receber suporte dialítico, 
seja hemodiálise ou diálise peritoneal. Após a sessão, quando o paciente está 
estabilizado e com parâmetros laboratoriais e clínicos aceitáveis prossegue-se o 
transplante renal. Existe uma modalidade de transplante que não exige suporte 
dialítico, é o transplante pré-emptivo. A necessidade de transfusões sanguíneas 
prévias ao transplante é uma prática abandonada atualmente em virtude da 
diminuição de processos infecciosos pós-transplante pela disponibilidade de 
imunossupressores mais potentes. 
No preparo do paciente para o transplante renal pode haver necessidade de 
cirurgias pré-transplante para preparar o trato urinário corrigindo qualquer obstrução 
que possa haver com vistas a facilitar e melhorar a implantação do enxerto. Cirurgias 
prétransplante podem ser indicadas ainda nos casos de infecção renal persistente, 
rins policísticos de grande volume que não permitem a implantação do enxerto, 
uropatia obstrutiva grave, tumores renais bilaterais. No pré-operatório imediato deve-
se tratar qualquer foco infeccioso que possa haver no paciente receptor (cáries 
dentárias, sinusite, otite, infecção ginecológica, etc.). 
 
CLIV.VI. Termo de declaração de morte encefálica 
CLV. VII. Critérios de elegibilidade e exclusão 
a) Contraindicações relativas 
b) Contraindicações absolutas 
 
 
 
 
 
109 
Complicações do Transplante Renal 
 
As principais complicações imediatas envolvidas no transplante renal são a 
disfunção inicial do enxerto e a rejeição ao enxerto. 
 
Disfunção Inicial do Enxerto 
 
A Necrose Tubular Aguda (NTA) é caracterizada pela ausência de função do 
enxerto, sendo necessária a realização de sessões de hemodiálise na primeira 
semana após o transplante. É a principal causa de disfunção inicial do enxerto. A NTA 
é comum, sendo vista frequentemente em receptores de rins de doadores cadáveres. 
Os principais fatores de risco são: 
 Estado e manejo do doador; 
 Qualidade da nefrectomia; 
 Tempo de isquemia; 
 Tempo das anastomoses vasculares; e 
 Estado de hidratação do receptor. 
A NTA se configura com uma complicação pela necessidade de hemodiálise 
no pós-operatório, pelo aumento na dificuldade para o diagnóstico de rejeição aguda 
e nefrotoxicidade por drogas imunossupressoras, necessidade maior de 
procedimentos diagnósticos invasivos e elevação no período de internação hospitalar. 
 
Rejeição do Enxerto 
 
A rejeição ocorre pela formação de anticorpos anti-HLA ou, ainda, 
incompatibilidade nos antígenos desse sistema. A ativação de linfócitos T CD4+ pelos 
antígenos HLA do doador é iniciada logo após o transplante e leva à estimulação de 
mecanismos envolvidos na destruição do corpo estranho, neste caso o enxerto. 
Nesses mecanismos há o predomínio de anticorpos, responsáveis pela rejeição com 
 
 
 
110 
componente humoral; e de células (linfócitos T, monócitos e macrófagos), 
responsáveis pela rejeição com componente celular. 
 
Tipos de Rejeição 
1. Rejeição Aguda: Representa um tipo frequente de rejeição que pode ocorrer 
a qualquer tempo do período pós-transplante, sendo crítico o período que engloba da 
primeira semana até os três primeiros meses após o transplante. As drogas de 
imunossupressão empregadas no tratamento podem alterar sua apresentação clínica, 
principalmente se forem drogas potentes como a ciclosporina A ou o tacrolimus. 
Os sinais e sintomas clássicos envolvidos neste tipo de rejeição são: 
 Febre; 
 Hipertensão arterial; 
 Ganho de peso; 
 Aumento do volume do enxerto; 
 Dor no enxerto; 
 Diminuição do volume urinário; e 
 Aumento da creatinina sérica. 
 
Ao exame histológico se observam achados de nefrite intersticial com edema e 
infiltrados corticais por linfócitos, linfoblastos, macrófagos e eosinófilos. Pode haver 
focos de necrose nos túbulos. A agressividade dos infiltrado é dada pela invasão da 
parede de túbulos e/ou vasos sanguíneos por leucócitos mononucleados (tubulite e/ou 
vasculite). 
Outros sinais de mau prognóstico quanto à possibilidade de reverter a rejeição 
do enxerto são: 
 Necrose fibrinoide de pequenas artérias e arteríolas; 
 Agregados plaquetários; 
 Trombos de fibrina. 
 
Para este tipo de rejeição há terapia efetiva. 
 
 
 
111 
 
2. Rejeição Hiperaguda: é a forma de rejeição mediada por anticorpos 
antiHLA, que são geralmente detectados na prova cruzada. Nesse caso o rim é 
rejeitado imediatamente após sua vascularização ou dentro das 24 horas seguintes 
ao procedimento. 
 
Essa rejeição ocorre por conta de anticorpos pré-formados do receptor aos 
antígenos HLA presentes no endotélio vascular do enxerto, que ativa o sistema 
complemento e coagulação intravascular. No exame histológico é possível verificar a 
presença de trombos plaquetários nos glomérulos e capilares dos túbulos. Passado 
algum tempo ocorre o infarto renal. Essa complicação também pode ocorrer quando 
o sistema ABO não é obedecido. 
Os anticorpos anti-HLA que podem estar presentes no receptor antes mesmo 
do transplantes são decorrentes de exposição à aloantígenos em virtude de 
transfusão sanguínea, gestação e/ou transplantes prévios. Para este tipo de rejeição 
não existe terapia efetiva, porém, a detecção precoce destes anticorpos através da 
realização da prova cruzada pode evitar o quadro dramático que envolve a rejeição 
do enxerto. 
 
3. Rejeição Acelerada: é uma forma de rejeição de baixa incidência que 
ocorre entre o segundo e o quinto dia após o transplante. Acontece devido à resposta 
imune secundária e apresenta um componente celular, mas é mediada de forma 
predominante por anticorpos. Configura-se como uma das causas de perda precoce 
do enxerto. 
 
4. Rejeição Crônica: na rejeição crônica do enxerto, também conhecida 
como nefropatia crônica do enxerto, é possível notar dois componentes: 
 Imunológico: resultante da incompatibilidade HLA, com presença de 
mecanismos humorais e ocorrências de rejeição aguda; 
 
 
 
112 
 Não-imunológico: secundário à HAS, hipertensão/hiperfiltração 
glomerular, isquemia renal, nefrotoxicidade por drogas, hiperlipidemia, e 
infecção por citomegalovírus. 
 
O componente imunológico é o responsável pela rejeição crônica que ocorre 
nas fazes mais tardias após a realização do transplante. Ao exame histológico são 
encontradas manifestações após três a quatro meses da realização do enxerto. As 
alterações clínicas são: 
 Deterioração da função renal; 
 Diminuição do tamanho do enxerto; 
 HAS; e 
 Proteinúria. 
 
A característica predominante da rejeição crônica é a alteração vascular 
oclusiva, que causa isquemia do tecido do rim. Ao exame histológico é possível notar 
alterações em diferentes regiões. (Tabela 13): 
 
 
Tabela 13 
Alterações 
 
Características 
 
 
Glomerulares 
 
Diminuição do tamanho dos glomérulos; 
Espessamento da membrana basal; 
Hialinização e fibrose intracapsular. 
 
 
Vasculares 
 
Proliferação da camada íntima e alterações 
degenerativas da camada média com 
duplicação e interrupção da lâmina elástica 
interna e obliteração dos capilares 
peritubulares. 
 
 
 
113 
 
Tubulointersticiais 
Atrofia tubular com obliteração luminal; 
Fibrose intersticial; 
 Focos de infiltração por linfócitos 
mononucleados.Complicações Tardias 
 
Inúmeras complicações podem surgir ou evoluir de maneira tardia em pacientes 
que foram submetidos a transplante renal. Elas estão associadas a fatores próprios 
do enxerto (rejeição crônica) e do paciente. 
 
 Doença cardiovascular: representa uma importante causa de 
morbimortalidade em paciente transplantados devido a complicações 
cardiovasculares influenciadas por doenças pré-existentes como 
hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doença vascular; 
 Dislipidemias: possui prevalência elevada, englobando cerca de 80% 
dos pacientes transplantados. Em geral surge de maneira precoce e 
segue durante toda a sobrevida do enxerto. Atribui-se aos 
corticosteroides e à ciclosporina a responsabilidade pelo surgimento da 
dislipidemia, pois induzem o aumento da produção hepática de 
lipoproteínas e triglicerídeos, além de diminuírem o catabolismo de 
partículas periféricas; 
 Doença hepática: ocorre principalmente por toxicidade de drogas ou 
infecções por vírus hepatotrópicos e constitui uma complicação 
importante pós-transplante; 
 Neoplasias: sua incidência acomete cerca de 5% dos pacientes 
póstransplante; os fatores de risco estão relacionados à terapia 
imunossupressora e são: exposição ao sol, raça branca, idade avançada 
e sexo masculino; observa-se maior incidência de neoplasias nos lábios, 
 
 
 
114 
linfomas, carcinoma de cérvice uterina e sarcoma de Kaposi. O 
prognóstico, em geral, é ruim, e o principal tratamento é a excisão 
cirúrgica; 
 Diabetes mellitus: o surgimento do diabetes mellitus pós-transplante é 
verificado em cerca de 20% dos pacientes, sendo a hiperglicemia 
assintomática a forma mais comum de apresentação da doença; 
acreditase que muitas dessas variações ocorrem em função da terapia 
imunossupressora, em especial os corticosteroides que atuam 
reduzindo o número e a afinidade dos receptores de insulina, o que 
causa uma resistência periferia à sua ação; o tratamento consiste 
basicamente em dieta, podendo, mais raramente, haver necessidade do 
uso de insulina e, de modo geral, sendo utilizado hipoglicemiantes orais; 
 Disfunção renal tardia: pode ocorrer eventualmente e envolve causas: 
Vasculares: estenose de artéria renal; 
 Obstrutivas: obstrução no trato urinário; 
 Nefropatias: doença crônica do enxerto; 
 Glomerulopatias: a recorrência de glomerulopatias primárias ou 
secundárias. Neste caso, deve-se considerar a possibilidade de rejeição 
aguda tardia do enxerto devido a falhas na terapia de imunossupressão 
por não-adesão do paciente; esta representa uma importante causa de 
perda do enxerto, principalmente, em pacientes jovens de baixo padrão 
socioeconômico; o Infecciosas: pielonefrite; uso de agentes 
nefrotóxicos como contraste ou fármacos. 
 
Complicações Infecciosas 
 
 Infecção do trato urinário: principal causa de infecção no transplantado 
renal, acometendo cerca de 80% dos pacientes. O alto índice de 
incidência é devido ao uso de sondas vesicais, trauma cirúrgico, 
imunossupressão e refluxo vesicoureteral; 
 
 
 
115 
 Infecção pulmonar: representa uma forma importante de infecção nos 
pacientes transplantados, acometendo 20% destes indivíduos. Suas 
características são: infiltrado pulmonar e febre. O diagnóstico precoce é 
fundamental para a sobrevida do paciente; 
 Infecção do sistema nervoso central: ocorrem geralmente no primeiro 
anos pós-transplante e seus sinais e sintomas são: febre e cefaleia, em 
geral, sem sintomatologia sistêmica. Quatro padrões clínicos são 
encontrados comumente: meningite aguda, meningite subaguda ou 
crônica, disfunção neurológica focal e demência progressiva. 
 
Complicações cirúrgicas 
 
As complicações cirúrgicas envolvidas no transplante renal estão diretamente 
relacionadas ao processo cirúrgico ou a outras complicações clínicas, que exigem 
intervenção cirúrgica. 
 
 Vasculares: as complicações vasculares estão relacionadas a índices 
significativos de morbimortalidade em pacientes transplantados. Elas atingem cerca 
de 5% dos pacientes transplantados e suas manifestações envolvem: 
 Trombose vascular: causada por erro técnico ou aterosclerose dos 
vasos do doador ou receptor. Quando não detectada pode levar à perda do enxerto; 
 Hemorragia: rara, sendo originada de sangramento de pequenos vasos 
não-ligados ou, mais incomum, por problemas na anastomose vascular; 
 Ruptura do enxerto: pode ocorrer devido necrose tubular aguda, 
trombose da veia renal ou rejeição aguda; 
 Tromboflebite: complicação rara que ocorre, mais frequentemente, a 
partir do quarto mês do transplante. É caracterizada pelo edema persistente na perna 
ipsilateral ao enxerto; 
 Estenose da artéria renal: costuma estar localizada na anastomose ou 
diretamente após e os fatores de risco para seu desenvolvimento incluem erros 
 
 
 
116 
técnicos, lesões do endotélio vascular do doador e angulação de artéria 
excessivamente longa. 
 
Quadro 
Circunstâncias que influenciam no surgimento de complicações 
Uso de fármacos imunossupressores 
Presença de diabetes mellitus 
Doença vascular periférica 
Idade superior a 50 anos 
Anormalidades do trato urinário superior 
Prostaciclina (PGI2) 
 
 
 Urológicas: são as complicações mais frequentemente observadas em pacientes 
transplantados, acometendo cerca de 15% deles. Suas manifestações são as 
seguintes: 
 Obstrução urinária: mais comum no pós-operatório imediato devido à grande 
quantidade de coágulos na bexiga neste período, o que ocasiona o problema. 
Outras causas são: infarto do ureter, compressão pelo cordão espermático, 
compressão da extremidade distal ureteral do túnel vesical e angulação do ureter; 
o Linfocele e extravasamento de linfa: ocorrem pela insuficiência no ligamento 
dos vasos linfáticos que circundam a veia e a artéria ilíaca causando 
extravasamento da linfa para a loja renal ou drenagem da linfa pela ferida 
operatória ou drenos. 
 
Enfermagem no Transplante Renal 
 
 
 
 
117 
Enfermagem no transplante com doador vivo 
A enfermagem exerce fundamental papel no transplante, desempenhando 
ações em todas as esferas descritas a seguir. 
 
Cuidados de enfermagem no pré-operatório 
A equipe de enfermagem é responsável pela coleta de exames de sorologia e 
pré-operatórios e encaminhamento do material para análise laboratorial. Além disso, 
deve providenciar para que haja reserva de sangue para a cirurgia e para que sejam 
realizados eletrocardiograma e radiografia de tórax. 
Cabe ainda a equipe de enfermagem providenciar reservas no centro cirúrgico 
e na unidade de terapia intensiva. Deve ser feita ainda uma análise da arteriografia 
renal do doador (quando doador vivo) para determinar qual dos órgãos será removido. 
Essa análise é uma importante ação da equipe de enfermagem a fim de detectar 
possíveis equívocos que possam levar à retirada do rim diferente do doador. O jejum 
por oito horas antes da cirurgia deve ser garantido pela equipe de enfermagem tanto 
do receptor quanto do doador. No caso de doador vivo, este deve ser hidratado por 
via parenteral com aproximadamente dois litros de solução salina durante a noite 
antecedente à cirurgia. 
Antes da cirurgia, doador e receptor devem ser encaminhados ao banho de 
aspersão antes de seguirem para o centro cirúrgico com seus prontuários, exames 
préoperatórios, de imagem, evolução de enfermagem e arteriografia do doador. 
 
Cuidados de enfermagem no operatório 
No doador: após a anestesia geral realiza-se antissepsia da pele da região 
abdominal e genital com solução antisséptica degermante e cateterismo vesical com 
sonda Foley que permanecerá instalada por 24 horas. Logo após, prepara-se o 
paciente posicionando-o em decúbito lateral, mantendo elevado lateral do corpo onde 
será realizada a retirada do rim (nefrectomia). 
 
 
 
118 
No receptor:realiza-se também a degermação da pele e cateterização vesical 
com sonda Foley de três vias para irrigação após a cirurgia, e será mantida por quatro 
dias. O posicionamento do receptor será decúbito dorsal, já que o enxerto será 
posicionado na fossa ilíaca. 
Após a realização da nefrectomia no doador ocorre o início da perfusão renal 
que deve ser realizada com 500 mL de solução de preservação de órgãos a 4°C. A 
perfusão ocorre em mesa auxiliar numa altura de 60 cm, até que seja observada a 
drenagem pela veia renal. Assim ocorre o preparo do órgão para implante no receptor. 
Esse período entre a perfusão do órgão e a anastomoses vasculares chama-se 
isquemia fria. 
 
Cuidados de enfermagem no pós-operatório 
Os cuidados de enfermagem no pós-operatório imediato, com o doador, são: 
 Lavagem das mãos sempre, antes e após prestar assistência ao 
paciente; 
 Manutenção do jejum oral; 
 Elevação da cabeceira da cama a 30°; 
 Manutenção do repouso absoluto no leito; 
 Controle dos sinais vitais e diurese horária nas primeiras 12 horas e a 
cada 2 horas nas 12 horas seguintes; 
 Manutenção da hidratação venosa; 
 Manutenção da perfusão na sonda vesical; 
 Realização de controle hídrico; 
 Troca de curativo da incisão cirúrgica, caso haja necessidade; 
Sedação e antibioticoterapia segundo prescrição médica. 
 
Após 24 horas: 
 Oferecer dieta leve e observar aceitação; 
 Pesar o paciente; 
 Retirar a sonda vesical e o acesso venoso; 
 
 
 
119 
 Auxiliar no banho de aspersão; 
 Retirar o curativo da incisão cirúrgica; 
 Observar débito urinário; 
 Controlar sinais vitais; 
 Observar o funcionamento intestinal. 
O enfermeiro deve orientar o paciente e seus familiares para os cuidados pós-
cirúrgicos, a observação dos sinais e sintomas de infecção e a que serviços recorrer 
no caso de complicação. A alta hospitalar é programada para o dia seguinte. 
 
A assistência de enfermagem ao receptor tem por objetivo evitar as 
intercorrências ligadas à instabilidade hemodinâmica e a necessidade de reposição 
parenteral em grande quantidade. As ações de enfermagem são: 
 Lavagem das mãos sempre, antes e após prestar assistência ao 
paciente; 
 Elevação da cabeceira da cama a 30°; 
 Manutenção do repouso absoluto no leito por 24 horas; 
 Monitorização cardíaca; 
 Observação do nível de consciência, alterações respiratórias, cianose 
de extremidades e hipotermia; 
 Controle dos sinais vitais e diurese horária; 
 Garantir oxigenação; 
 Reposição da hidratação volêmica com Soro Fisiológico 0,9%, 
alternando com Soro Glicosado 5% monitorado pela bomba infusora, 
não excedendo 500mL/hora; 
 Verificação da glicemia capilar a cada 2 horas; 
 Manutenção da perfusão na sonda vesical; iniciar irrigação vesical 
se for observada hematúria; 
 Controle de débito urinário; 
 Controle hídrico rigoroso; 
 Observar sangramento na incisão cirúrgica, realizando a troca de 
curativo caso haja necessidade; 
 
 
 
120 
 Sedação e antibioticoterapia segundo prescrição médica; 
 Observar sinais e sintomas de infecção e possível rejeição do 
enxerto. 
 
Após 24 horas: 
 Lavagem das mãos sempre, antes e após prestar assistência ao 
paciente; 
 Realização do exame físico céfalo-caudal; 
 Coleta de sangue para exames laboratoriais; 
 Pesar o paciente em jejum; 
 Auxiliar o paciente no banho de aspersão; 
 Trocar curativo se necessário; 
 Auxiliar na alimentação; 
 Estimular a hidratação oral; 
 Retirar o acesso venoso; 
 Realizar controle dos sinais vitais de 6 em 6 horas; 
 Manutenção da perfusão na sonda vesical; 
 Controle de débito urinário por períodos (manhã, tarde e noite); 
 Orientar sobre as medicações imunossupressoras; 
 Observar o funcionamento intestinal; 
 Observar sinais e sintomas de infecção e possível rejeição do 
enxerto. 
 
Enfermagem no Transplante com Doador Cadáver 
 
Após a constatação de morte encefálica, o médico assistente do potencial 
doador deve informar as familiares sobre o diagnóstico e comunicar à Central de 
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO). A omissão por parte do 
médico assistente à CNCDO da morte encefálica do paciente pode acarretar sanção 
legal (prisão) para o mesmo. A CNCDO informa a Organização para Procura de 
 
 
 
121 
Órgãos (OPO) que é responsável pela Instituição que fez a notificação e providencia 
um profissional para avaliar o potencial doador e questionar a família em relação à 
doação dos órgãos. Caso haja autorização da família, um familiar e duas testemunhas 
assinam o Termo de Consentimento em três vias. 
Os cuidados de enfermagem para a garantia da estabilidade hemodinâmica e 
a viabilidade dos órgãos do indivíduo com morte encefálica são: 
 Punção de acessos vasculares para hidratação e administração de 
eletrólitos; 
 Manutenção de ventilação mecânica com aspiração frequente; 
 Cateterização vesical; 
 Sondagem nasogástrica em sifonagem; 
 Administração de drogas vasoativas para manter a pressão arterial; 
 Controle da temperatura corporal; 
 Realização de glicemia capilar de controle; 
 Oclusão das pálpebras para proteção das córneas. 
 
Cabe ainda à equipe de enfermagem providenciar a coleta de sangue para 
análises clínicas, sorologia e confirmação da tipagem sanguínea e ainda linfonodos 
inguinais que serão encaminhados ao laboratório de imunologia para realizar a 
tipagem HLA e a prova cruzada. Os órgãos e tecidos para doação seguem rotinas 
preconizadas de retirada. Após nefrectomia pelo cirurgião inicia-se a perfusão renal, 
esta sob responsabilidade do enfermeiro a garantia de material necessário para este 
procedimento. A seguir, os rins são condicionados em 3 invólucros estéreis e 
armazenados em recipiente com gelo. O recipiente é vedado, identificado e 
armazenado no Centro Cirúrgico até o implante do órgão no receptor selecionado. 
O enfermeiro desempenha papel de ligação entre a OPO, o hospital e a 
CNCDO, os laboratórios, o Centro Cirúrgico, as equipes transplantadoras e a família, 
conduzindo e organizando as ações de captação desde o momento da notificação até 
a devolução do corpo à família para providenciar o sepultamento do doador. 
 
 
 
 
122 
REFERÊNCIAS 
 
ABRAHÃO, S. S. Determinantes de falhas da diálise peritoneal no domicílio de 
crianças e adolescentes assistidos pelo Hospital das Clínicas da UFMG. 2006. 163 f. 
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Faculdade de Medicina, 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. 
AJZEN, H.; SCHOR, N. Nefrologia: guia de medicina ambulatorial e hospitalar 
UNIFESP/Escola Paulista de Medicina. São Paulo: Manole; 2002. 
ALFARO-LEFREVE, R. Aplicação do processo de enfermagem: um guia passo a 
passo. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2000. 
BARROS, A. L. B. L. et al. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de 
enfermagem no adulto. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
BARROS, E; et al. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. 3. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2006. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Diário Oficial da União, nº 115, Resolução RDC nº 154, 
de 17 de junho de 2004. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Cadernos de atenção básica n° 14: Prevenção clínica de doenças 
cardiovasculares, cerebrovascular e renal crônica. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 
Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/>. Acesso em: 09 dezembro 2008. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Cadernos de atenção básica n° 15: Hipertensão arterial sistêmica. 
Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/>. 
Acesso em: 10 dezembro 2008. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento deAtenção Básica. Cadernos de atenção básica n° 15: Diabetes mellitus. Brasília: 
Ministério da Saúde; 2006. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/>. Acesso em: 
05 dezembro 2008. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Estudo 
epidemiológico brasileiro sobre terapia renal substitutiva – versão preliminar. Brasília: 
Ministério da Saúde; 2002. 
 
 
 
123 
CRUZ, J.; PRAXEDES, J. N.; CRUZ, H. M. M. Nefrologia. São Paulo: Sarvier, 1995. 
DAUGIRDAS, J. T. et al. Manual de diálise. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2008. 
FERMI, M. R. V. Manual de diálise para enfermagem. Rio de Janeiro: Medsi, 2004. 
FERREIRA, V. Acesso venoso central para hemodiálise: avaliação prospectiva da 
ocorrência de complicações. 2005. 142 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – 
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 
2005. 
GIAMARELLOU, H. Uncomplicated urinary tract infections. Nephrol. Dialysis 
Transpl, v. 16, S6, p. 129-31, 2001. 
GUYTON, A. C.; HALL, E. J. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2002. 
LIMA, E. X.; SANTOS, I. (org.) Atualização de enfermagem em nefrologia. Rio de 
Janeiro: s.n., 2004. 
NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. Diagnósticos de 
enfermagem da NANDA: definições e classificação 2005-2006. Porto Alegre: Artmed, 
2006. 
NISSENSON, R. N. F.; GENTILE, D. E. Clinical dialysis. 2. ed. Rio de Janeiro: Prentice 
Hall, 1990. 
PEREIRA, W. A. Manual de transplantes de órgãos e tecidos. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2004. 
PUTZ, R.; PABST, R. Atlas de anatomia humana: Sobotta. 21. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2000. 
RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 4. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 
SCHRIER, R. W. The Schirier atlas of diseases of the kidney. Denver: ISN Informatics 
Commission/NFK cyberNephrology. Vol. 1. Disponível em: 
<http://www.kidneyatlas.org/>. 
Acesso em: 19 novembro 2008. 
SESSO, R. et al. Relatório do Censo Brasileiro de Diálise, 2008. J. Bras. Nefrol. 2008; 
30(4):233-8 Disponível em: <http://www.jbn.org.br/>. Acesso em: 10 dezembro 2008. 
 
 
 
124 
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner & Suddarth: Tratado de enfermagem 
médicocirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Perfil da Doença Renal Crônica: o 
desafio brasileiro. Disponível em: <http://www.sbn.org.br/>. Acesso em: 10 junho 
2007. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Censo de diálise SBN 2008. 
Disponível em: <http://www.sbn.org.br/>. Acesso em: 13 maio 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
125

Mais conteúdos dessa disciplina