Buscar

Os primeiros 1000 dias de vida como uma oportunidade para a prevenção das DCNT bucais e sistêmicas o que o cirurgião-dentista precisa saber_

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Os primeiros 1000 dias de vida 
como uma oportunidade 
para a prevenção das DCNT 
bucais e sistêmicas: 
O que o cirurgião-dentista precisa saber?
APOIO
INSTITUCIONAL:
REALIZAÇÃO:
Coordenação do Projeto
Profa. Dra. Ana Emilia 
Figueiredo de Oliveira
Coordenação Geral da 
DINTE/UNA-SUS/UFMA
Profa. Dra. Ana Emilia 
Figueiredo de Oliveira
Gestão de projetos da 
UNASUS/UFMA
Katherine Marjorie 
Mendonça de Assis
Coordenação de Produção 
Pedagógica da 
UNASUS/UFMA
Profa. Dra. Paola Trindade 
Garcia
Coordenação de Ofertas 
Educacionais da 
UNASUS/UFMA
Profa. Dra. Elza Bernardes 
Monier
Coordenação de Tecnolo-
gia da Informação da 
UNASUS/UFMA
Dilson José Lins Rabêlo 
Junior
Coordenação de Comuni-
cação da UNASUS/UFMA
José Henrique Coutinho 
Pinheiro
Professoras-autoras
Sângela Maria da Silva 
Pereira
Cecilia Claudia Costa Ri-
beiro
Validadoras técnicas da 
USP
Letícia Yumi Arima
Emanuella Pinheiro da 
Silva Oliveira
Marcelo José Strazzeri 
Bönecker
Validadoras técnicas da 
Coordenação Geral de 
Saúde Bucal/SAPS
Amanda Bandeira
Ana Beatriz de Souza Paes 
Flávia Santos de Oliveira 
Nicole Aimée Rodrigues 
José 
Mariana Tunala
Sumaia Cristine Coser
Validadora pedagógica
Luana Martins Cantanhede
Revisora textual
Camila Cantanhede Vieira
Designer instrucional
Steffi Greyce de Castro 
Lima
Designer gráfico
Fabianne Vianna 
Rodrigues Ferreira
Créditos
PEREIRA, Sângela Maria da Silva; RIBEIRO, Cecilia Claudia Costa. Os primeiros 
1000 dias de vida como uma oportunidade para a prevenção das DCNT bucais e 
sistêmicas: o que o cirurgião-dentista precisa saber? In: UNIVERSIDADE FEDERAL 
DO MARANHÃO. Curso Saúde Bucal na Atenção Primária: urgências, doenças 
transmissíveis, gestantes e pessoas com deficiência. Assistência odontológica 
para pacientes com DCNT na Atenção Primária: doenças cardiovasculares. 
Assistência à saúde bucal para gestantes e puérperas. São Luís: UFMA; Curso 
Saúde Bucal na Atenção Primária: urgências, doenças transmissíveis, gestantes 
e pessoas com deficiência, 2020.
COMO CITAR ESSE MATERIAL
Apresentação.......................................................................................................................
1 OS PRIMEIROS 1000 DIAS DE VIDA............................................................................5
2 TEORIA DOHaD.................................................................................................................6
3 ESTRESSORES AMBIENTAIS NOS PRIMEIROS 1000 DIAS DE VIDA: O QUE O 
CIRURGIÃO-DENTISTA PRECISA SABER?.....................................................................7
3.1 Estressores ambientais na gestação........................................................................7
3.2 Estressores ambientais nos dois primeiros anos de vida da criança................9
4 PREVENÇÃO PRECOCE DAS DCNT: AÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA NOS 
PRIMEIROS 1000 DIAS DE VIDA....................................................................................12
Considerações Finais........................................................................................................14
Referências.........................................................................................................................
Sumário
4
15
 Prezada (o) aluna (o),
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as Doenças Crônicas 
Não Transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 71% de todas as mortes no 
mundo; e, destas, mais de 85% são precoces, pois ocorrem entre as idades de 
30 a 69 anos, afetando países de baixa e média renda, como o Brasil.1 Embora 
as DCNT se manifestem especialmente na vida adulta, exposições a estressores 
ambientais em estágios mais precoces da vida do indivíduo (gestação e infância) 
estão implicados no aumento do risco de DCNT no futuro.
 O Comitê de Saúde Bucal da OMS reconhece a cárie e a doença periodontal 
como DCNT;2 3 e preconiza que as estratégias para prevenção das DCNT bucais 
e sistêmicas devem ser direcionadas para seus fatores de risco comuns.
 A atuação dos profissionais de saúde pode ser determinante no equilíbrio 
saúde/doença, com repercussões para todo o ciclo vital do indivíduo. O incentivo 
e a orientação profissional nas comunidades resultam em adoção de práticas 
para uma vida mais saudável. O cirurgião-dentista é um dos profissionais 
da equipe da Estratégia de Saúde da Família que tem contato direto com os 
pacientes nos primeiros 1000 dias de vida (gestação e dois primeiros anos de 
vida da criança), período considerado um “intervalo de ouro” para a prevenção de 
DCNT, com impactos ao longo da vida.
 Nesse contexto, é imperativo que haja uma atuação multidisciplinar de 
equipes de saúde para a prevenção primordial (manter-se longe dos fatores de 
risco) das DCNT, na qual o cuidado odontológico deve ser enfatizado durante 
os primeiros 1000 dias de vida e os profissionais devem estar preparados para 
atuar em equipe na promoção da saúde.
Bons estudos!
Apresentação
1
2, 3
4
4
OBJETIVO
Reconhecer os 1000 dias de vida como uma oportunidade para prevenção 
das doenças crônicas não transmissíveis bucais e sistêmicas.
 Os primeiros 1000 dias de vida compreendem desde o momento da 
concepção do indivíduo até os dois anos de idade da criança.
O INTERVALO DE OURO
Esse período é 
considerado o “intervalo 
de ouro”, no qual as rápidas 
mudanças fisiológicas e a 
plasticidade do fenótipo 
podem ter efeitos na saúde 
da criança ao longo da vida, 
não apenas em termos 
biológicos (crescimento 
e desenvolvimento), mas 
também em questões 
intelectuais e sociais.
1 OS PRIMEIROS 1000 DIAS DE VIDA
São 270 dias 
da gestação, 
mais 365 
dias do 
primeiro ano, 
somados aos 
365 dias do 
segundo ano 
de vida da 
 Esse período é crucial para o crescimento
e para o desenvolvimento infantil, pois correspon-
de a uma “janela de oportunidades” para prevenir
e/ou reverter a programação metabólica e melhorar os resultados maternos, 
fetais, do nascimento, da infância e até mesmo reduzir o risco das crianças 
desenvolverem DCNT no futuro. 
 Fatores ambientais presentes no período gestacional (alimentação não 
saudável, estresse, exposição ao fumo e ao álcool) podem ter impactos 
negativos nos indicadores de saúde da gestante, como ganho de peso 
excessivo, hipertensão, diabetes gestacional, doença periodontal, dentre outras 
DCNT , bem como resultar em efeitos negativos ao final da gestação, tais 
como prematuridade (< 37 semanas), bebês grandes para a idade gestacional 
ou macrossômica (≥ 4000g), ou na sua prole a curto prazo (asma, atraso no 
desenvolvimento neuropsicomotor) e também a longo prazo (DCNT).
5
6, 7, 8
9, 10
11, 12, 13
Sabendo disso, o cirurgião-dentista pode orientar as gestantes para um 
estilo de vida mais saudável, haja vista que suas atitudes e comportamentos 
nesses primeiros 1000 dias de vida são determinantes para uma gestação 
mais saudável, com reflexos na sua saúde e na saúde de seu filho.
Imagem livre para uso. Banco de imagens: Unsplash.
 Similarmente, fatores ambientais presentes nos primeiros dois anos de 
vida (nascer de cesárea, aleitamento artificial, exposição precoce aos açúcares 
e uso de antibióticos) podem causar impactos imediatos na primeira infância 
(ganho de peso excessivo, desenvolvimento de asma, cárie e gengivite) e ao 
longo da vida (DCNT).
 Assim, o cirurgião-dentista deve orientar as mães que estimulem seus 
filhos a também terem um estilo de vida saudável, a fim de que tenham um bom 
desenvolvimento, com reflexos ao longo da vida.
10, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20
5
2 TEORIA DOHaD
 A Teoria Desenvolvimentista da Saúde e das Doenças - DOHaD (do 
inglês, The Developmental Origins of Health and Disease) baseia-se nas 
evidências da origem precoce das DCNT, em especial nos efeitos das 
exposições ambientais intrauterinas e nos primeiros anos de vida, o que 
aumenta o risco futuro de DCNT, como a dislipidemia, diabetes tipo II, 
depressão e doenças cardiovasculares. 
 Estudos emdiversas partes do mundo têm relacionado a influência de 
fatores ambientais do início da vida com alterações no padrão de saúde-doença 
nos indivíduos, nos quais agravos na vida fetal ou nas fases iniciais da vida 
pós-parto influenciam o surgimento de DCNT ao longo da vida, inclusive com 
potencial de transmitir condições adversas para gerações sucessoras. 
21, 22, 23
21, 22, 24
Nesse contexto, a teoria 
DOHaD propõe que o risco de 
desenvolvimento de DCNT seja 
influenciado por modificações 
ambientais, especialmente 
no período intrauterino e nos 
primeiros dois anos de vida 
da criança, resultando em 
alterações permanentes no 
organismo. Essa teoria propõe 
uma ligação entre a concepção, 
a fase fetal e a infância com as 
alterações no desenvolvimento 
em longo prazo.
Foto de Iuliia Bondarenko no Pixabay. Grátis para uso comercial.
 Além disso, a teoria DOHaD também dá suporte à prerrogativa de que o 
melhor momento para promover intervenções para prevenção de DCNT com 
redução substancial de risco são os períodos de maior desenvolvimento: vida 
intrauterina, infância e, em menor potencial, a adolescência. 21, 22, 25
PARA SABER MAIS!
Caso você queira saber mais sobre a Teoria DOHaD, leia o artigo Origens 
desenvolvimentistas da saúde e da doença (DOHaD). Você pode acessá-
lo clicando aqui.
6
3 ESTRESSORES AMBIENTAIS NOS PRIMEIROS 
1000 DIAS DE VIDA: O QUE O CIRURGIÃO-DEN-
TISTA PRECISA SABER?
 Os primeiros 1000 dias de vida caracterizam-se por serem uma janela de 
oportunidades para prevenção de DCNT. Estressores ambientais presentes nesse 
período podem levar a desfechos negativos no desenvolvimento da criança e ao 
longo de sua vida. Assim, o cirurgião-dentista deve reconhecer esses fatores de 
risco e suas repercussões nos primeiros mil dias de vida, bem como saber como 
atuar na comunidade de modo a realizar a prevenção.
3.1 Estressores ambientais na gestação
 Na gestação, estressores ambientais, como uma alimentação não saudável 
e exposição ao fumo e ao álcool, podem levar a desfechos sistêmicos e bucais 
desfavoráveis.
Uma alimentação inadequada, com adição de 
açúcares, tem sido apontada como um importante 
fator de risco para o desenvolvimento de DCNT. O 
consumo abusivo de bebidas ricas em açúcares 
de adição, por exemplo, está associado a um 
maior ganho de peso na gestação, o que pode 
desencadear o desenvolvimento de hipertensão 
e diabetes gestacional, doenças crônicas bucais 
(cárie dentária e doença periodontal), e até 
mesmo o nascimento prematuro da criança e o 
desenvolvimento de sintomas de asma na prole.
8, 10, 26, 27, 28, 29
Imagem livre para uso. 
7
 Além disso, os pais têm uma influência importante nos comportamentos 
de saúde dos seus filhos. Crianças expostas ao açúcar tendem a seguir o mesmo 
padrão de dieta dos pais. 30
Para conhecer mais sobre os desfechos negativos associados ao consumo 
de bebidas ricas em açúcares de adição, clique nos artigos abaixo:
• The First 1000 Days of Life Factors Associated with “Childhood Asthma 
Symptoms”: Brisa Cohort, Brazil.
• Soft drink consumption and periodontal status in pregnant women.
PARA SABER MAIS!
Curso na Área de Odontologia
 A exposição ao cigarro 
durante a gestação pode levar 
a prejuízos para a gestante – 
hipertensão, desenvolvimento 
de trombose venosa e doença 
periodontal; para o feto, pode 
resultar em má formação da 
membrana placentária, o que 
aumenta a chance de nascimento 
pré-termo e de bebê pequeno 
para a idade gestacional – e para 
a criança – desenvolvimento de 
transtorno do déficit de atenção e 
hiperatividade.
Até mesmo a exposição passiva à fumaça do cigarro está associada à 
restrição de crescimento fetal e ao nascimento pré-termo. 
 Semelhantemente, o consumo de 
álcool durante a gestação está associado a 
desfechos negativos para a gestante e sua 
prole. Na gestante, a exposição ao álcool 
pode levar ao parto prematuro, redução do 
leite materno, perda dentária e até mesmo 
ao aborto. O conjunto de complicações para 
o bebê, acarretado pela exposição ao álcool 
durante a gestação, é conhecido como 
Síndrome Alcoólica Fetal.
7
IMPORTANTE
Foto de Julia Engel no Unsplash.
8
Síndrome Alcoólica Fetal
Essa condição leva a complicações como: anomalia facial, 
restrição de crescimento fetal, deficiências congênitas nos 
órgãos e anomalias relacionadas ao aprendizado, por exemplo, 
o desenvolvimento do transtorno do déficit de atenção e 
hiperatividade.6, 31
Foto de Patrick Fore no Unsplash.
Curso na Área de Odontologia
 Nesse contexto, durante o pré-natal, o cirurgião-dentista deve fazer uma 
anamnese completa da gestante atendida pela Equipe de Saúde da Família, 
de modo a reconhecer a presença de possíveis fatores de risco e a orientar e 
incentivar a adoção de práticas saudáveis no período gestacional. É imperativo 
que a gestante entenda que decisões tomadas no período gestacional podem 
levar a problemas sistêmicos e bucais na gestação e influenciar todo o ciclo 
vital de sua prole. Portanto, as seguintes orientações devem ser transmitidas 
durante o pré-natal:
 A atuação do cirurgião-dentista durante o tratamento odontológico das 
gestantes também pode ser determinante no equilíbrio saúde/doença, com 
repercussões ao longo da vida do indivíduo.
Orientações 
no pré-natal
Adotar uma alimentação saudável, livre de bebidas ricas em 
açúcares de adição;
Não fumar durante o período gestacional e de amamentação;
Evitar se expor de forma passiva à fumaça de cigarro;
Não consumir bebidas alcóolicas no período gestacional e de 
amamentação.
IMPORTANTE
O uso de antibióticos no período da gestação pode aumentar o risco 
de asma na primeira infância, e já foi associado ao aumento do risco 
de epilepsia e de obesidade infantil. Assim, o cirurgião-dentista deve 
avaliar criteriosamente a real necessidade de prescrição de antibióticos 
para cada caso durante o tratamento odontológico das gestantes.
32
9
 Nos dois primeiros anos de vida da criança, fatores ambientais, como o 
parto cesáreo, aleitamento artificial e exposição precoce aos açúcares de adição 
podem levar a desfechos sistêmicos e bucais desfavoráveis ao longo da vida.
3.2 Estressores ambientais nos dois pri-
meiros anos de vida da criança
 O parto cesáreo, eletivo ou de urgência, tem sido associado a um maior 
risco de desenvolvimento de doenças imunológicas e metabólicas durante a 
infância, como: asma, alergia alimentar, diabetes tipo I e obesidade.19
 
 Insegurança materna;
 Medo do parto;
 Medo de dor no parto; e
 Predisposição da equipe médica para realizar a cirurgia cesárea.
 Por isso, é importante que na consulta pré-natal haja incentivo ao parto 
vaginal e que sejam mencionados os riscos a longo prazo do parto cesáreo para 
a prole.
 A OMS recomenda que 
o parto cesáreo seja realizado 
apenas em condições nas 
quais a saúde ou a vida da mãe 
e/ou do recém-nascido estão 
ameaçadas.33 No entanto, a 
frequência de partos cesáreos 
aumentou em todo o mundo e 
isso pode ter ocorrido devido 
a fatores como: 
33
19
Imagem livre para uso. Banco de imagens: Unsplash.
10
Foto de Ben Kerckx no Pixabay. Grátis para uso comercial.
O aleitamento artificial está 
associado ao desenvolvimento 
de obesidade tardia. A obesidade 
é um importante fator de risco 
metabólico para o desenvolvimento 
de DCNT ao longo da vida.16, 18 Nesse 
sentido, o cirurgião-dentista e a 
equipe da Estratégia de Saúde da 
Família devem orientar as mães a 
não introduzirem fórmulas sem a 
indicação do pediatra.
16, 18
 Nesses atendimentos, deve ser ressaltado que o aleitamento artificial só 
deve ocorrer quando a amamentação não pode ser realizada.
A amamentação exclusiva é recomendada nos primeiros 6 meses de vida 
da criança e deve ser continuada até os dois anos ou mais, pois, além de 
aumentar o vínculo entre a mãe e o filho e de proteger contra infecções, trata-
se de um fator protetor para o desenvolvimento de doenças crônicas não 
transmissíveis e seus fatoresde risco, como menor risco para sobrepeso, 
obesidade, asma e diabetes do tipo 2. 14, 16, 18
 O incentivo profissional ao aleitamento materno pode ampliar a duração 
da amamentação. Nesse sentido, é crucial que o cirurgião-dentista conheça as 
campanhas de incentivo ao aleitamento materno frequentemente lançadas pelo 
Ministério da Saúde, a fim de participar, incentivar e orientar as gestantes nas 
consultas pré-natais.
 A exposição precoce aos açúcares de adição, em especial às bebidas ricas 
em açúcares de adição, está associada com a epidemia global de obesidade e 
com o desenvolvimento de DCNT a curto prazo – asma, cárie dentária e doença 
periodontal/gengivite – e a longo prazo – hipertensão, diabetes e doenças 
cardiovasculares.
 Evidências sobre os efeitos nocivos do consumo de açúcares levaram 
a Associação Americana do Coração (AHA – American Heart Association) a 
publicar diretrizes que visam à redução do consumo de açúcares a não mais que 
25 gramas diárias para crianças e adolescentes, com a recomendação de que 
crianças menores de dois anos não devem consumir açúcares adicionados. 
 A OMS publicou diretrizes pautadas na redução do consumo de açúcares 
para a prevenção da obesidade e da cárie, de modo que o consumo de açúcares 
livres não ultrapasse 10% da quantidade total das calorias ingeridas diariamente. 
Há, ainda, uma recomendação condicional para uma redução no consumo para 
5% das calorias totais ingeridas diariamente. 
 Por isso, durante as consultas odontológicas, o cirurgião-dentista deve 
orientar aos pais e cuidadores para que a criança não consuma açúcares 
adicionados até os dois anos de vida, visto que este padrão de consumo pode 
levar a problemas bucais, como a cárie dentária e a gengivite – marcador precoce 
da doença periodontal – e ao desenvolvimento de DCNT sistêmicas no decorrer 
da vida do indivíduo.
2
11
10, 15, 17, 20
34
35
PARA SABER MAIS!
Para conhecer mais sobre as campanhas, clique aqui.
Para conhecer as diretrizes pautadas na redução do consumo de açúcares 
para a prevenção da obesidade e da cárie publicadas pela Organização 
Mundial da Saúde, acesse:
• Dietary Sugars Intake and Cardiovascular Health 
• Guideline: Sugars intake for adults and children
• Manual “Ending childhood dental caries”
12
 Como cirurgião-dentista inserido na Estratégia de Saúde da Família, 
você lida diretamente com pacientes nos primeiros 1000 dias de vida, podendo 
acompanhar a gestante durante seu pré-natal odontológico e durante o 
procedimento de saúde bucal nos dois primeiros anos de vida da criança. Além 
disso, é importante conhecer a realidade em que estes pacientes estão inseridos 
para que você possa melhor orientar a gestante/mãe nesse período, que é uma 
janela de oportunidades para prevenção primordial das DCNT.
4 PREVENÇÃO PRECOCE DAS DCNT: AÇÕES 
DO CIRURGIÃO-DENTISTA NOS PRIMEIROS 
1000 DIAS DE VIDA
Para a prevenção precoce dessas DCNT, o cirurgião-dentista precisa 
superar os limites de uma prática profissional somente voltada para ações 
curativas e fortalecer seu papel nas ações interdisciplinares que devem 
estar voltadas para a promoção de saúde e prevenção de doenças.
 Serão destacadas a seguir as importantes ações do cirurgião-dentista 
nos primeiros 1000 dias de vida para prevenção precoce das DCNT bucais e 
sistêmicas:
1. Realizar o pré-natal odontológico das gestantes, com orientações de saúde 
bucal e saúde geral;
2. Durante as consultas de pré-natal, incentivar a gestante a optar pelo parto 
vaginal, se não houver contraindicação médica;
3. Orientar a gestante a não se expor ao cigarro e ao álcool durante a geração;
4. Prescrever antibióticos para tratamentos odontológicos de forma 
consciente, para os casos realmente necessários e com base em evidências 
científicas da real necessidade de cada caso; 
5. Durante as consultas da gestante, incentivar o aleitamento materno exclusivo 
durante os primeiros seis meses de vida e a continuidade da amamentação 
até os dois anos de idade ou mais, conforme recomendação da Organização 
Mundial de Saúde; 
6. Orientar o núcleo familiar a ter hábitos saudáveis de dieta, com a forte 
recomendação de que crianças até dois anos de idade NÃO DEVEM SER 
EXPOSTAS AOS AÇÚCARES DE ADIÇÃO para prevenção não só das doenças 
bucais (cárie e doença periodontal/ gengivite), mas também visando à redução 
de risco cardiovascular, da obesidade e de DCNT;
7. Orientar os pais quanto aos doze passos para uma alimentação 
saudável, para que eles possam implantar hábitos de dieta adequados aos 
filhos. (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_
crianca_2019.pdf – página 221);
8. Incentivar a consulta odontológica no primeiro ano de vida da criança para 
promoção de saúde bucal na primeira infância. 
13
 Com o aumento da prevalência de DCNT ao redor do mundo, estratégias 
para prevenção primordial destas doenças devem ser o foco da atuação 
dos profissionais da saúde. Os primeiros 1000 dias de vida caracterizam-se 
como um “intervalo de ouro” para prevenção das DCNT sistêmicas e bucais. 
Intervenções nesse período podem mudar o curso do desenvolvimento de 
doenças no indivíduo.
 No contexto da atuação multidisciplinar na Estratégia de Saúde da 
Família, o cirurgião-dentista deve assumir um papel importante na atenção 
odontológica das gestantes e crianças, incentivando a adoção de práticas 
saudáveis no ambiente familiar, com foco na prevenção das DCNT bucais e 
sistêmicas.
 Até a próxima!
Considerações Finais
14
1 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Noncomunicable disease. 2018. 
Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/
noncommunicable-diseases> Acesso em: 20 de fevereiro de 2020. 
2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guideline: sugars intake for adults and 
children. 2015. Geneva, Suiça: WHO Library Cataloguing. Disponível em: <http://
www.who.int/nutrition/publications/guidelines/sugars_intake/en/>. Acesso em: 
20 de fevereiro de 2020. 
3 FDI World Dental Federation. FDI policy statement on non-communicable 
diseases. 2013. Adopted by the FDI General Assembly: 30 August 2013—
Istanbul, Turkey. Int Dent J. 63(6): 285–286. 
4 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Oral health. Factsheet No. 318. Geneva 
(Suiça). 2012. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/
fs318/en/index.html>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2020.
5 BLACK, R.E.; VICTORA, C.G.; WALKER, S.P. et al. Maternal and child 
undernutrition and overweight in low-income and middle-income countries. The 
Lancet. p .427–451.2013.
6 MAY, P.A.; HASKEN, J. M.; BLANKENSHIP, J.; MARAIS, A.S.; JOUBERT, B.; 
CLOETE, M. et al. Breastfeeding and maternal alcohol use: prevalente and effects 
on child outcomes and fetal alcohol spectrum disorders. Reprodtoxicol. 2016, 
63, 13-21.
7 ABRAHAM, M.; ALRAMADHAN, S.; INIGUEZ, C.; DUIJTS, L.; JADDOE, V.W.V.; 
DEN DEKKER, H.T. et al. A systematic review of maternal smoking during 
pregnancy and fetal measurements with meta-analysis. PLoS ONE. V. 12, n. 2, 
2017.
8 PIETROBELLI, A.; AGOSTI, M. & THE MENU GROUP. Nutrition in the first 1000 
days: ten practices to minimize obesity emerging from published Science. 
International Journal of Environmental Research and Public Health. V. 14, n. 12, 
2017.
Referências
9 GUSTAVSON, K.; YSTROM, E.; STOLTENBERG, C., SUSSER, E.; SUREN, P.; 
MAGNUS, P. et al. Smoking in pregnancy and child ADHD. Pediatrics. V. 139, n. 2, 
2017.
10 NASCIMENTO, J.X.P.T.; RIBEIRO, C.C.C.; BATISTA, R.F.L.; ALVES, M.T.S.; 
SIMOES, V.M.F.; PADILHA, L.L.; et al. The first days of life factors associated with 
“Childhood Asthma Symptoms”: Brisa Cohort, Brazil. Scientific Reports. N. 22, V. 
7. 2017. 
11 BLACK, R.; ALLEN, L.; BHUTTA, Z.A.; CAULFIELD, L.E.; EZZATI, M.; MATHERS, 
C.; RIVERA, J. Maternal and child undernutrition: global and regional exposures 
and health consequences. The Lancet. v. 371, p. 243-260, 2008. 
12 BHUTTA, Z.; AHMED, T.; BLACK, R.E.; COUSENS, S.; DEWEY, K.; GIUGLIANI, 
E. et al. What works? Interventions for maternal and child undernutritionand 
survival. The Lancet. V. 371. 417-440, 2008.
13 VICTORIA, C.; ADAIR, L.; FALL, C.; HALLAL, P.C.; MORTORELL, R.; RICHTER, 
L. Maternal and child undernutrition: consequences for adult health and human 
capital. The Lancet. V. 371, 340-357, 2008.
14 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento 
de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.112 p: il. – 
(Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23)
15 LULA, E.C.O.; RIBEIRO, C.C.C.; HUGO F.N.; SILVA, A.A. Added sugars and 
periodontal disease in young adults: an analysis. Am J Clin Nutr.100:1182-1187. 
2014. 
16 KELISHADI, R.; FARAJIAN, S. The protextive effects of breastfeeding on 
chronic non-communicable diseases in adulthood: A review of evidence. Adv 
Biomed Res. 2014 Jan 9; 3:3.
17 STEVENS, A.; HAMEL, C.; SINGH, K.; ANSAR, M.T.; MYERS, E.; ZIEGLES, P. 
Do Sugar-sweetened beverages cause adverse health outcomes in children? A 
systematic review protocol. Systematic Reviews. V.3, n. 96, 2014.
18 MAZARIEGOS, M.; ZEA, M.R. Breastfeeding and non-communicable diseases 
later in life. Arch Latinoam Nutr. 2015 Sep; 65(3):143-51. 
19 MAGNE, F.; SILVA, A.; CARVAJAL, B.; GOTTELAND, M. The elevated rate of 
cesarean section and its contribution to non-communicable chronic diseases 
in Latin America: The growing involvement of the microbiota. Frontiers in 
Pediatrics. V.5. 2017. 
20 CARMO, C.D.S.; RIBEIRO, M.R.C.; TEIXEIRA, J.X.P. et al. Added Sugar 
Consumption and Chronic Oral Disease Burden among Adolescents in Brazil. J 
Dent Res. 2018. 
21 BARKER, D.J.P. The Developmental Origins of Adult Disease. Journal of the 
American College of Nutrition. V. 23. 588-595. 2004.
22 BARKER, D.J.P. Developmental origins of chronic disease. Public Health. V. 
126, n. 3. 185-189, 2012. 
23 LACAGNINA, S.D.O. The developmental origins of health and disease 
(DOHaD). American Journal of Lifestyle Medicine. 1-4. 2019. 
24 SILVEIRA, P.P.; PORTELLA, A.K.; GOLDANI, M.Z.; BARBIERI, M. Developmental 
origins of health and disease (DOHaD). Jornal de Pediatria. Jornal de Pediatria - 
Vol. 83, Nº 6, 2007 494-504. 
25 JOSS-MOORE, L.; LANE, R. The developmental origins of adult disease. 
Maternal and Child Nutrition. V. 21, n. 2, 230-234, 2009. 
26 CARVALHO, C.; FONSECA, P.; PRIORE, S.; FRANCESCHINI, C.C.; NOVAES, J.F. 
Food consumption and nutritional adequacy in Brazilian children: A systematic 
review. Revista Paulista de Pediatria. V. 33, n. 2, 211-221, 2015. 
27 MAMELI, C.; MAZZANTINI, S.; ZUCCOTTI, G. Nutrition in the first 1000 
days: The origin of childhood obesity. International Journal of Environmental 
Research and Public Health. V. 13, n. 9, 2016. 
28 VERDUCI, E.; MARTELLI, A.; MINIELLO, V.; LANDI, M.; MARIANI, B.; 
BRAMBILLA, M.; DIAFERIO, L.; PERONI, D.G. Nutrition in the first 1000 days 
and respiratory health: a descriptive review of the last five years’ literature. 
Allergologia et Immunopathologia. V. 45, n. 4, 405-413, 2017. 
29 MENEZES, C.C.; RIBEIRO, C.C.C.; ALVES, C.M.C.; THOMAZ, E.B.A.F.; FRANCO, 
M.M.; BATISTA, R.F.L.; SILVA, A.A.M. Soft dring consumption and periodontal 
status in pregnante women. Journal of Periodontology. 2019, Feb; 90(2):159-
166.
30 COSTA, E.L.; COSTA, F.; SANTOS, P.; LADEIRA, L.L.C.; SILVA, R.A.; RIBEIRO, 
C.C. Streptococcus mutans in Mother-Child Dyads and Early Childhood Caries: 
Examining Factors Underlying Bacterial Colonization. Caries Res. 2017; 51:582-
589. 
31 EILERTSEN, E.M.; GJERDE, L.C.; REICHBORN-KJENNERUD, T.; ORSTAVIK, R.E.; 
KNUDSEN, G.P.; STOLTENBERG, C. et al. Maternal alcohol use during pregnancy 
and offspring attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD): a prospective 
sibling control study. International Journal of Epidemiology, 2017, 1633–1640.
32 KUPERMAN, A.; KOREN, O. Antibiotic use during pregnancy: How bad is it?. 
BMC Medicine. V. 14, n. 1, 1-7 2015.
33 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. WHO Statement on Caesarean 
Section Rates. 2016. Disponível em: <http://www.who.int/reproductivehealth/
publications/maternal_perinatal_health/cs-statement/en/>. Acesso em: 20 de 
fevereiro de 2020.
34 JOHNSON, R. K. et al. Dietary sugars intake and cardiovascular health: a 
scientific statement from the American Heart Association. Circulation, v. 120, 
n. 11, p. 1011-1020, 2009. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pubmed/19704096>. Acesso em 28 de abril de 2020.
35 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guideline: Sugarsintake for 
adultsandchildren. Geneva. 2015. Disponível em: <https://www.who.int/
publications-detail/9789241549028>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2020.
APOIO
INSTITUCIONAL:
REALIZAÇÃO:

Mais conteúdos dessa disciplina