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Modais de Transporte materia

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29/07/2022 17:04	UNINTER
29/07/2022 17:04	UNINTER
29/07/2022 17:04	UNINTER
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODAIS DE TRANSPORTE
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luciano Furtado C. Francisco
CONVERSA INICIAL
Olá, seja muito bem-vindo(a) a esta aula!
Basta sairmos às ruas, ligarmos a TV ou acessarmos a internet para nos deparar com alguma imagem ou vídeo que mostram pessoas e veículos se locomovendo. Nós mesmos fazemos isso rotineiramente, vamos de um lugar para o outro, para o trabalho, escola, todos os lugares, usando algum tipo de veículo para isso. Trata-se de algo tão corriqueiro, que não paramos para pensar na importância e impacto das atividades de transporte para a vida de todos, pessoas e organizações.
As atividades de transportes são compostas de veículos, materiais e equipamentos diversos que possibilitam que pessoas e cargas sejam deslocadas de um ponto a outro. Uma atividade fundamental para o desenvolvimento econômico de qualquer sociedade, ele garante as próprias condições para que esse desenvolvimento ocorra. Isso é tão verdade, que quanto maior o crescimento de um país, mais demanda por transportes ele tem. Assim, se o país não contar com uma infraestrutura adequada par dar conta dessa demanda, o desenvolvimento desse país terá maiores dificuldades, a ponto de não acontecer – ou demorar mais do que o previsto. Junto com as comunicações, o transporte é estratégico para todos os países.
Isso porque o sistema de transportes é uma verdadeira indústria, que movimenta gigantescas somas de dinheiro, emprega milhões de pessoas, em suas atividades diretas e indiretas. Dentro da atividade logística, é a parte vital, tanto que compõe cerca de dois terços do custo logístico das empresas.
Veremos nesta aula a importância dos transportes, sua história, do que ele é composto em sua essência, além de iniciarmos o estudo dos modais – que dá nome à nossa disciplina.
Espero que você goste dos conhecimentos que veremos nesta aula, que aborda temas fundamentais para a continuidade do estudo em seu curso.
Venha conosco em tenha uma ótima aula!
CONTEXTUALIZANDO
Assistimos a partir da metade da década de 1990 o fenômeno da revolução digital.
Houve por volta dessa época a abertura da internet para utilização comercial, por parte de pessoas e empresas (a rede já existia, mas era restrita a unidades militares e universidades). Assim, indivíduos e organizações passaram a usufruir dos benefícios que a web trouxe em matéria de comunicações e diminuição de distâncias. O fenômeno da mobilidade, o acesso à internet a partir de dispositivos móveis e redes sem fio, ganhou extraordinário impulso a partir da segunda década do sec. XXI, o que potencializou a internet como a grande revolução de nosso tempo.
Nesse contexto, surgiu o e-commerce, o comércio eletrônico tal como o conhecemos. A possibilidade de se pesquisar e comprar produtos e serviços pela internet, inclusive com o pagamento sendo feito nesse ambiente. Uma grande mudança de paradigma no comércio mundial.
Contudo uma parte do processo de venda não tem como ser feita eletronicamente: a entrega do bem comprado. Esse passo da negociação depende basicamente do transporte. Ele está inclusive em etapas anteriores à compra, no estágio em que o vendedor adquire dos fornecedores os bens que deseja comercializar online. É preciso receber esses itens, armazená-los e, quando adquiridos, necessitam de novo transporte até o comprador. Quem compra pela internet quer, em termos logísticos e de transportes, duas coisas: preços baixos de frete e rapidez na entrega. O que é difícil de se compatibilizar, muitas vezes.
No Brasil, infelizmente a infraestrutura logística e de transportes deixa a desejar em vários aspectos. Temos regiões com excelentes condições, boas alternativas em termos de rodovias, ferrovias, aeroportos. Porém, em outras localidades, somente se chega por estradas de chão batido ou rios. Todavia mesmo nessas regiões tem sido cada vez mais comum a compra pela web – até porque esses lugares têm carência de lojas físicas. Assim, é um grande desafio ao Brasil adequar uma boa infraestrutura de transportes e logística para atender à demanda crescente de cidades e regiões mais afastadas.
Reflita: o que o país deve fazer, estrategicamente, para dar conta dessa demanda? Em que o
Estado deve se preocupar para que o transporte não seja um gargalo, impeditivo de desenvolvimento?
TEMA 1 – IMPORTÂNCIA DOS TRANSPORTES
Não podemos dissociar dois conceitos quando falamos de transportes. Um é o próprio conceito de transportes. O outro, o conceito de logística.
Existem diversos conceitos de logística, a depender da época em que foram elaborados. Isso porque os contextos econômicos e sociais de cada época são diferentes e a logística é profundamente influenciada pelas mudanças.
	Saiba mais:
Leia diversas definições de logística, nas páginas 7-10, do artigo presente no link <https://w ww.maxwell.vrac.puc-rio.br/3565/3565_3.PDF>
O conceito mais usado de logística é o do Council of Supply Chain Management Professionals – Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos (CSCMP, 2013 apud Moraes, 2015 p.
23):
“Processo de planejar, implementar e controlar procedimentos para o transporte e estocagem eficientes e eficazes de bens, incluindo serviços e informações relativas, do ponto de origem ao ponto de consumo com o propósito de atender às necessidades do cliente. Essa definição inclui embarque, desembarque, movimentos internos e externos”
E por que apresentamos o conceito de logística? Perceba que o conceito acima aborda atividades de transportes em quase todo seu texto (transporte, ponto de origem, ponto de consumo, embarque, desembarque, movimentos). Portanto deduzimos que a logística não existe sem o transporte e este não faria sentido, nos dias atuais, sem levar em conta os processos logísticos. Um depende do outro. Os demais elementos na definição abordam armazenagem e informações.
Só isso já nos leva a compreensão de que o transporte é uma atividade de extrema importância na economia e na vida em geral. É o transporte que executa os movimentos de fluxos físicos dos produtos em meio aos canais de distribuição.
1.1 PILARES DA IMPORTÂNCIA DOS TRANSPORTES
Podemos dizer que a importância dos transportes se dá em quatro pilares:
1. Fazer com que o bem chegue ao local certo
2. Garantir que os bens estejam disponíveis à sociedade
3. Contribuir para a instalação de unidades de produção (indústrias, comércios, armazéns, unidades de serviço etc.)
4. Redução de custos
Repare que estes pilares se relacionam bastante com o processo logístico, pois este, por essência, é o ato de fazer com que os bens cheguem a quem deles necessitam no momento e locais certos, ao menor custo possível. O terceiro pilar relaciona o transporte com o ato de se estabelecer locais para que todos os demais possam também ocorrer.
Assim podemos encarar o transporte como sendo a operacionalização do processo logístico, no sentido de levar a mercadoria até o seu consumidor.
TEMA 2 – HISTÓRICO DOS TRANSPORTES
É difícil precisar o momento histórico no qual surgiu o transporte tal qual o conhecemos.
Contudo podemos afirmar que ele começa seu maior desenvolvimento a partir do período Neolítico (final da pré-história), entre 12.000 e 10.000 a.C. Este período é caracterizado pelo fim da vida nômade, com o ser humano se fixando em locais onde pudesse cultivar a terra. Uma transição gradual do homem nômade para o homem agrário. Nesse tempo, ocorre a domesticação de animais para o auxílio na agricultura, sendo utilizados como força de tração. Isto permitiu o transporte de cargas de peso e volume maiores e à grandes distâncias. O arrasto foi uma das primeiras formas de transporte, por meio de um equipamento chamado travois, que foi utilizado por muitos séculos e pode ser visto na figura a seguir:
Figura 1 - Índio norte-americano e o uso do travois
Crédito: Eliane Ramos.
A atividade econômica precisou, ao longo dos tempos, do progresso dos meios de transporte. Um fato prosaico, porém decisivo, foi a invenção da roda. Esteartefato é tão comum, que chegamos a nos esquecer que a partir dela os equipamentos de transporte tiveram evolução significativa: primeiro, aliada à tração animal; mais tarde, no transporte motorizado. Há registros de veículos com roda já por volta de 3.500 a.C. A roda está presente em praticamente todos os veículos de locomoção. Junto com ela, dispositivos como a roda dentada, roldanas e rodízios foram desenvolvidos.
O estágio seguinte foram as embarcações. Também muito usadas pelo homem pré-histórico, que navegava usando grandes folhas de árvores ou troncos, esses veículos foram sendo aperfeiçoados com o tempo. Nos séculos XV e XVI a desenvolvimento de técnicas de navegação, associadas à construção de navios mais robustos, permitiu que as potências coloniais europeias – especialmente Portugal e Espanha – expandissem seus domínios para outras terras. Foi o início da expansão do capitalismo.
No final do séc. XIX e início do XX outra invenção foi significativa para os transportes: o avião. Este veículo deu uma dimensão totalmente nova para a forma com que se transportava pessoas e cargas. Grandes distâncias passaram a ser percorridas em horas, o que antes levava-se semanas ou meses em navios.
Tudo isso impactou no desenvolvimento econômico e social de maneira disseminada. Países que praticamente não se conheciam, passaram a se relacionar comercialmente, incrementando a economia e gerando riquezas mais rapidamente e em maior escala. Regiões antes desabitadas viram surgir cidades em meio a elas, abrindo novas frentes de civilização. Até mesmo nas guerras o transporte foi impactante, uma vez que os soldados já não mais precisavam se deslocar a pé ou a cavalo, dando um novo contorno aos conflitos.
Por fim, podemos afirmar que os transportes foram o pontapé inicial do que conhecemos por globalização, vencendo as distâncias e as fronteiras, abrindo novas possibilidades.
A tecnologia sempre andou a par da atividade de transporte. Principalmente a máquina a vapor.
Vamos entender.
2.1 A MÁQUINA A VAPOR E OS TRANSPORTES
Por volta de 1769, surgiu a máquina a vapor, equipamento que deu enorme impulso ao trabalho, possibilitando que a produção de bens passasse de uma forma artesanal para a fabricação em massa. É o início da Revolução Industrial.
Com isso, os transportes também tiveram que se adequar, pois dessa feita muitos produtos tinham de ser transportados para muitos lugares em tempo curto. Assim, com a máquina a vapor, surge o motor a vapor, trazendo inovações como os trens e carros motorizados. Em fins do séc. XIX começam a ser fabricados os carros à combustão, que também passam a ser produzidos em série por Henry Ford em 1909. O motor à vapor e à combustão foi também o que permitiu o desenvolvimento de barcos mais robustos e rápidos.
Hoje temos veículos à propulsão não apenas com motor à explosão, mas assistimos a um grande desenvolvimento de combustíveis como a eletricidade, o hidrogênio e o etanol. Tecnologias que servem ao desenvolvimento contínuo do ato de transportar.
Curiosidade: os dutos também são considerados um meio de transporte; no antigo império romano, eram construídos para levar água a grandes distâncias; hoje os dutos são usados especialmente para transporte de combustíveis, óleos e até grãos.
Leitura Complementar: leia o capítulo 2 do livro “Transportes e Modais: com suporte de TI e SI”, de Edelvino R. Filho, presente em nossa biblioteca virtual, e veja mais detalhes da evolução dos transportes ao longo da história.
TEMA 3 – SISTEMAS DE TRANSPORTES
Para que o transporte ocorra é necessário que existam outros componentes, além dos veículos. Trata-se dos sistemas de transportes. Este conceito é tido originalmente a partir do entendimento do que é um sistema: “...conjunto organizado de componentes ou variáveis, que interagem”.
Partindo dessa definição mais ampla de sistemas, Costa apud Tedesco (2008, p. 11), afirma que um sistema de transporte é “um conjunto de elementos que fornecem e dirigem ações para que o transporte ocorra”.
A maioria dos autores convergem no pensamento de que o sistema de transportes é um grupo de elementos que funcionam coordenadamente, permitindo que pessoas e bens se movimentem. Assim temos Morlok apud Costa (2008, p. 11) afirmando que “um sistema de transportes possui dentre seus elementos básicos a infraestrutura e o plano de operação”. Para este autor, o plano de operações é um conjunto de procedimentos que mantém um sistema de transportes operando corretamente, com uma circulação igualmente correta de pessoas, veículos e bens materiais.
Até os anos 1960, os sistemas de transportes eram estudados apenas em seus termos físicos, tais como as vias, os sistemas de transporte público, terminais aéreos ou marítimos, por exemplo, num enfoque quase que exclusivo em sua infraestrutura física, conforme explica Bruton apud Costa (2008,
p. 12). A partir da década de 1970, outros estudiosos como Wingo e Perloff apud Costa (2008, p. 12) inserem outros elementos organizacionais, como empresas e instituições, como elementos dos sistemas de transportes, afirmando que tal sistema deve ser visto como “um conjunto de facilidades e instituições organizado para distribuir seletivamente uma qualidade de acesso em uma área urbana”
Finalmente mais para o final do século XX, autores começam a agregar mais componentes aos sistemas de transportes. Stopford apud Costa (2008, p. 12) defende a ideia de que um sistema de transporte envolve também as áreas de armazenamento. Próximo aos autores Febbraro e Scatone apud Costa (2008, p. 12) que definem sistema de transporte como “relação entre o sistema de demanda [...] e o sistema de transporte (infraestrutura) [...] desde a infraestrutura física até o plano operacional”.
Perceba que ao longo do tempo as definições de sistema de transporte vão se ligando a outros elementos, formando assim uma noção de logística, que não apenas considera o ato do transporte puro e simples, mas outros componentes como fabricação, armazenamento e entidades de controle.
3.1 ELEMENTOS DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES
Considerando a evolução das definições acima, nas quais os primeiros autores definiam sistemas de transportes como a infraestrutura somente, em seguida passa-se a englobar aspectos funcionais e mais recentemente as atividades e pessoas envolvidas, podemos enxergar os elementos do sistema de transportes conforme a figura a seguir:
Figura 2 – Elementos dos sistemas de transportes
Fonte: Elaborado com base em Costa (2008, p. 14)
3.2 CONDICIONANTES EXTERNAS DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES
Dentro do sistema de transportes é necessário considerar fatores exógenos que interferem no próprio sistema e no seu planejamento. São fatores aos quais o sistema de transportes está submetido, porém estão fora de seu controle. O contexto, influência e a dinâmica destes fatores impactam diretamente nos sistemas de transportes de uma sociedade – nação, estado ou cidade. Há muitas dessas condicionantes, todavia as principais se apresentam no quadro a seguir:
Quadro 1 – Principais condicionantes externas dos sistemas de transportes
	ESFERA DA CONDICIONANTE
	ELEMENTOS
	Políticos
	 Coordenação e cooperação política entre diferentes esferas de governo;
Relações entre gestores e operadores;
Coordenação entre diversos sistemas urbanos de transporte
Socioeconômicos 
e culturais
Níveis de 
escolaridade;
Renda e poder de 
consumo (para pagar tarifas);
Costumes na escolha 
dos modais;
Características de 
uso e ocupação de solo;
Sexo, idade, 
religião, etnia.
Infraestrutura 
e 
materiais 
disponíveis 
e
acessíveis
Vias com boas 
condições de tráfego;
Embalagens para 
cargas e veículos disponíveis;
Força motriz 
disponível;
Localização e 
concentração de empresas.
Aspectos 
morfoclimáticos
Topografia e relevo;
Condições climáticas 
(
permanentes e sazonais
)
Fonte: Elaborado com base em Costa, 2008, p. 15.
Observe que os sistemas de transportes abordam um elemento primordial: os modais de transportes. Veremos sobre eles.
TEMA 4 – TIPOS E PAPÉIS DOS MODAIS DE TRANSPORTES
Há diversas formasde se transportar bens e pessoas. Cada uma dessas formas é denominada de modal de transporte.
Os modais são divididos nas seguintes categorias, cada uma com estas subdivisões:
 Terrestre
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
 Marítimo
Longo curso (internacional)
Cabotagem (costeiro)
Fluvial (rios)
Lacustre (lagos)
 Aeroviário
 Nacional
 Internacional
 Dutoviário
Submarino
Terrestre (normalmente no subsolo)
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS MODAIS
No momento da escolha de um modal para transporte, diversos fatores estão em jogo: tempo, segurança, o que ou quem será transportado, condições ambientais, localidade, preço etc. Ou seja, são as características dos modais que definem por qual deles haverá o transporte. Vamos conhecer essas características,
4.1.1 VELOCIDADE
O modal mais rápido costuma ser o aéreo, devido à grande potência das aeronaves. Mesmo as menores têm elevada potência, podendo percorrer grandes distâncias em menores tempos. É seguido pelos modais rodoviário, ferroviário, aquaviário e dutoviário (o mais lento), nessa ordem.
4.1.2 CONFIABILIDADE
Trata-se da consistência dos modais, ou seja, a capacidade de se entregar o transporte conforme o acordado entre as partes. Nesse aspecto, o modal dutoviário é o mais confiável, pois não praticamente não apresenta fatores que possam prejudicar o transporte. Na sequência estão os modais rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário.
4.1.3 CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO
É o quanto cada modal consegue transportar – em volume – dentro de um único veículo. Nesse quesito, o modal aquaviário lidera, em função de que existem navios com enormes capacidades de carga. É seguido dos modais ferroviário, aeroviário, rodoviário e dutoviário.
4.1.4 DISPONIBILIDADE
É a existência de veículos em quantidade suficiente nos momentos em que são necessários. Nesse quesito, o modal rodoviário é mais eficiente, seguido, pela ordem, dos modais
ferroviário, aeroviário, aquaviário e dutoviário.
4.1.5 FREQUÊNCIA
Significa o quanto o modal pode ser utilizado, sem interrupções. O modal dutoviário é o que lidera nesse item, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, seguido dos modais rodoviário, ferroviário, aeroviário e aquaviário.
Podemos resumir então as características de cada modal, na tabela abaixo, onde cada um tem uma nota acerca das características (1 – pior; 5 – melhor):
Tabela 1 – Características dos Modais de Transportes
	CARACTERÍSTICAS
	AEROVIÁRIO
	AQUAVIÁRIO
	DUTOVIÁRIO
	FERROVIÁRIO
	RODOVIÁRIO
	Velocidade
	3
	2
	4
	5
	1
	Disponibilidade
	2
	1
	4
	5
	3
	Confiabilidade
	3
	2
	4
	1
	5
	Capacidade
	2
	3
	1
	5
	4
	Frequência
	4
	2
	5
	1
	3
	TOTAL
	14
	10
	18
	17
	16
Fonte: elaborado com base em Fleury; Wanke; Figueiredo, 2000, p. 130.
Se analisássemos apenas a tabela acima, para a escolha de um modal, o dutoviário seria a melhor escolha e o aquaviário o pior, certo? Todavia essa análise não deve levar em conta apenas os fatores acima. Veremos mais adiante outros fatores de seleção de um modal.
4.2 PAPEL DOS MODAIS DE TRANSPORTES
O transporte é um componente fundamental na estratégia logística das empresas, na vida das pessoas e no desenvolvimento de uma sociedade. É ele que encurta as distâncias, promovendo a distribuição de riquezas e auxiliando nas necessidades básicas de indivíduos e organizações. Vimos acima sobre os tipos de modais e suas características. Se ampliarmos esse pensamento, veremos que cada modal desempenha papeis importantes na sociedade e na economia.
No Brasil, o modal rodoviário tem sido predominante desde os anos 1960, quando começa a ocorrer uma intensa pavimentação e construção de rodovias. Até então, as ferrovias representavam a maior parte de nosso transporte. No norte do país, o modal aquaviário é o principal, pois aproveita a gigantesca bacia hidrográfica, composta de longos e grandes rios. O modal aéreo também foi muito amplamente utilizado no Brasil até os anos 1950, proporcionalmente era até mais do que atualmente. Seus custos, no entanto, são elevados, o que reduziu sua participação ao longo dos anos, ainda que bem utilizado ainda.
As ferrovias, que até metade do séc. XX detinham grande percentual de transporte, especialmente de passageiros, não receberam investimentos iguais ao modal rodoviário, tanto que o tamanho de nossa malha é praticamente igual desde os anos 1920. Hoje é basicamente utilizada para cargas, ainda assim numa frequência bem menor que o modal rodoviário. E o modal dutoviário apresenta ainda uma pequena rede no Brasil, o que o coloca como uma opção bastante restrita.
Obviamente os cenários acima são diferentes se olharmos outras nações. Na Europa e na Ásia, por exemplo, o modal ferroviário é bastante significativo. Nos Estados Unidos, o percentual de uso de cada modal não apresenta tanta discrepância, havendo mais equilíbrio no uso.
	Saiba mais:
Veja neste vídeo um panorama histórico e também atual das ferrovias no brasil - <http s://youtu.be/6khWIebuPmY>
TEMA 5 – FLEXIBILIDADES, INFLEXIBILIDADES E CUSTOS DE CADA MODAL
A escolha por um modal de transporte leva em conta uma série de fatores. Volte na tabela
1, anteriormente e veja que cada modal apresenta vantagens e desvantagens entre as características do transporte. Porém, nem sempre a escolha por um modal é simples. Esta seleção terá diversos critérios para sua decisão.
Esses critérios levam em conta o quanto os modais são flexíveis e, especialmente, os custos.
Lembrando que também o contexto do transporte é fundamental na decisão. Por exemplo, na região Norte do Brasil, o modal rodoviário não é uma opção viável, visto que as rodovias são restritas naquela região, cujo modal aquaviário predomina. Assim, naquela região, este modal apresenta um custo acessível pela grande demanda que apresenta. Outro exemplo é o transporte de grãos: se um produtor rural deve transportar uma grande carga agrícola até um porto e tem a alternativa de fazê-lo por trem, naturalmente escolherá essa opção, devido ao custo bem mais atrativo. Ou então o aquaviário combinado com o ferroviário
(multimodalidade). Se o fator tempo é primordial, o modal aeroviário é indicado, ainda que seu custo seja normalmente mais elevado. O transporte rodoviário é indicado em geral para pequenas distâncias e cargas fracionadas. O dutoviário é uma boa opção para produtos químicos ou grãos in natura.
Mas podemos dizer que o quão mais ou menos flexível é o modal, está relacionado basicamente à infraestrutura física de cada modal, no final essa flexibilidade, aliada ao contexto do transporte, impacta no custo de cada um.
5.1 O QUE SIGNIFICA FLEXIBILIDADE EM TRANSPORTES
A flexibilidade no transporte é fundamental para manter o ritmo na cadeia produtiva e de suprimentos. Primordialmente, a avaliação deve definir qual o modal mais rápido e seguro.
Já a inflexibilidade diz respeito a fatores que podem atrasar, tornar inseguro e mais onerosa a atividade de transporte. Portanto esses fatores são os que devem ser observados na escolha de um modal.
Podemos resumir esses pontos no quadro abaixo:
Quadro 2 – Flexibilidade e custos dos modais de transporte
	MODAL
	FATORES DE FLEXIBILIDADE
	FATORES DE INFLEXIBILIDADE
	
	
	
	Aeroviário
	· Rapidez
· Sem interrupções no trajeto
	· Terminais mais restritos, pode depender de multimodalidade
· Não transporta qualquer tipo de carga · Não cobre o transporte da origem até o
destino final
	
	
	· Depende de cursos navegáveis
· 	Normalmente 	depende 	de
intermodalidade
	Aquaviário
	· Sem interrupções no trajeto
· Transportam muitos tipos de cargas
	
	Dutoviário
	· Funciona continuamente
· Não depende de operador
· Segurança maior da carga
· Cobre o transporte da origem até o destino final
	· Atende poucos tipos de carga
· Rede pequena de dutos
	Ferroviário
	· Sem interrupções no trajeto
· Numa mesma composição, aumenta-se facilmente a capacidade, colocando-se mais vagões
	· Terminais mais restritos, pode depender de multimodalidade
· Não cobre o transporte da origem até o destino final
	Rodoviário
	· Facilidade de operacionalização
· Tem veículos diversos, para vários tipose volumes de cargas
· Opera em rodovias e cidades de forma ágil
· Cobre o transporte da origem até o destino final
	· Mais caro proporcionalmente que os demais modais
· Em caso de grandes volumes pode ser necessário mais de um veículo
· Vulnerável às condições das vias e do
trajeto
Fonte: Luciano Furtado Corrêa Francisco.
TROCANDO IDEIAS
Você acha que o Brasil fez a opção mais correta pelo modal rodoviário, em detrimento dos demais modais? Que razões, em sua opinião, levou nosso país a privilegiar os automóveis, ônibus e caminhões ao invés dos trens, barcos e aviões? Acha que ainda podemos reverter esse quadro?
NA PRÁTICA
Avalie a seguinte informação: “No Brasil, 20% do transporte de carga é realizado pelo setor ferroviário, 65% pelo modal rodoviário, 12% pelo setor aquaviário, 3% pelo dutoviário e 0,1% pelo aéreo”.
Fonte: Site www.cnt.org
A partir desses dados, analise as afirmativas a seguir:
I. O modal rodoviário apresenta alto consumo de combustível por tonelada transportada por quilômetro, sendo um desafio para a redução dos custos do transporte de cargas no país.
II. O setor aquaviário no Brasil tem pouca participação na matriz de transportes de carga, mas é fundamental para o transporte de passageiros na região Norte.
III. A implantação de rodovias pode ampliar o desmatamento, sendo necessário avaliar os impactos socioambientais que essas infraestruturas de transporte causam.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas
b) II, apenas
c) I e III, apenas
d) II e III, apenas
e) I, II e III
FINALIZANDO
Caro aluno(a), nesta aula vimos conceitos básicos e iniciais sobre os transportes. Inicialmente vimos a importância dos transportes para a vida em geral, quase nada acontece sem essa atividade. Traçamos também um panorama da história dos transportes e como ele veio evoluindo até os dias atuais.
Em seguida entendemos como é a composição dos sistemas de transportes e seus pilares, bem como os elementos que interagem para que o transporte aconteça: pessoas,
infraestrutura, veículos, vias e planos de transporte. Estudamos essa inter-relação e o porquê denominamos sistema de transporte.
Na sequência destacamos os modais de transporte, ou seja, as formas como o transporte pode acontecer: por terra (rodoviário, ferroviário, dutoviário); pela água (marítimo, fluvial, lacustre); pelo ar (aeroviário; dutoviário). E entendemos que cada um tem fatores de flexibilidade e inflexibilidade, que são determinantes na escolha de um modal.
Esperamos que tenha gostado desta aula!
Até breve!
REFERÊNCIAS
AMORIM, L. A importância dos sistemas de transportes. Portal Administradores, 2014. Disponível 	em 	<https://administradores.com.br/artigos/a-importancia-dos-sistemas-detransportes >. Acesso em 20 fev. 2021.
FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira.
São Paulo: Atlas, 2000.
MORAIS, R. R. de. Logística empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2015.
RAZZOLINI FILHO, E. Transporte e modais: com suporte de TI e SI. Curitiba: InterSaberes,
2012.
TEDESCO, G. M. I. Metodologia para a elaboração do diagnóstico de um sistema de
	transportes. 	2008. 	Disponível 	em
<https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/3424/1/Dissert_Giovanna%20Megumi%20Ishida%
20Tedesco.pdf >. Acesso em 22 fev. 2021.
29/07/2022 17:01	UNINTER
29/07/2022 17:01	UNINTER
29/07/2022 17:01	UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/18
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/18
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/18
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODAIS DE TRANSPORTE
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luciano Furtado Corrêa Francisco
CONVERSA INICIAL
O mundo presenciou a partir do final do séc. XVIII uma evolução tecnológica intensa e contínua, causada pela Revolução Industrial, cujo marco inicial foi o advento da máquina a vapor. Não que antes disso não houvesse progresso, contudo era algo mais lento e as inovações demoravam muito para se estabelecer.
Os transportes foram muito beneficiados por essa revolução. Antes da máquina a vapor, o transporte de médias e longas distâncias era baseado na tração animal ou por embarcações, caso o trajeto assim permitisse. Uma viagem, por terra, de algumas dezenas de quilômetros, poderia se transformar em uma aventura e até pôr em risco a segurança dos viajantes. O transporte intercontinental era marítimo, com embarcações à vela ou força humana, igualmente difícil e permeada de perigos. Viajar pelo ar ou com veículos mais rápidos e automatizados era um sonho.
Mas a indústria transformou isso radicalmente. No início do séc. XIX, os trens a vapor já eram realidade em muitos lugares, permitindo que muito mais pessoas e cargas maiores fossem transportadas em grandes distâncias, com muito mais segurança e bem mais rapidamente.
Os navios passaram a utilizar a propulsão de motores, tornando-se mais potentes e velozes, contribuindo além de tudo para incrementar o comércio internacional. Transportes por mar, rios e lagos tiveram incrível evolução. Os motores também possibilitaram a invenção do avião, nova revolução no ato de transportar. Distâncias enormes, percorridas em poucas horas. Até os dutos ganharam nova vida com o progresso tecnológico.
Estamos falando aqui dos modais de transportes, ou seja, as formas pelas quais se pode transportar, objeto de nossa aula de agora. Veremos as principais características dos modais e as consequências em outras áreas a partir do progresso que eles continuamente apresentam.
CONTEXTUALIZANDO
Pense num país como o Brasil, com mais de 8 milhões de km² – um verdadeiro continente.
Poucos países têm dimensões tão grandes, podemos citar: Rússia, Canadá, China, Estados Unidos e Austrália. Argentina e México também possuem extensões territoriais consideradas grandes.
Nessas nações, há sempre grandes desafios de transportar com segurança, qualidade e agilidade. Uma infraestrutura complexa de transportes deve existir para que as mercadorias e pessoas sejam conduzidas de um ponto a outro.
Uma das respostas a esse desafio está na multimodalidade de transporte. É a combinação de dois ou mais modais em uma operação de transporte. Por exemplo, uma carga inicia seu transporte por rodovia, em determinado ponto há um transbordo (transposição desta carga a outro modal) para um trem e mais tarde esse trem chegará a um porto, onde haverá novo transbordo, para o porão de um navio. Dependendo do destino da carga, no local de desembarque desse navio poderá haver novo transporte multimodal, até que chegue ao seu destino final.
Frequentemente, ouvimos notícias de que os transportes no Brasil não são tão eficientes quanto o de países igualmente grandes, como os citados acima. Dependemos muito do modal rodoviário, como veremos nesta aula, o que não ocorre nessas outras nações que distribuem melhor os transportes de pessoas e cargas pelos vários modais.
Qual a resposta, portanto, para esse atraso brasileiro? Por que não usamos a multimodalidade de uma maneira mais eficiente e, consequentemente, de modo a tornar o transporte mais ágil e de maior qualidade? E quais as consequências desse cenário para nossa economia e sociedade como um todo?
Pense nessas questões!
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Leitura complementar: leia o capítulo 6 do livro Transportes e Modais: com suporte de TI e SI, de Edelvino Razzolini Filho, presente em nossa biblioteca virtual. Nesse capítulo, o autor discorre sobre a multimodalidade em transportes.
TEMA 1 – MODAL AÉREO
Quando pensamos em um transporte rápido e seguro, logo nos vem à mente um avião. De fato, o modal aéreo se notabiliza por essas duas características. Porém, como veremos mais adiante, toda vantagem tem um preço.
Trata-se do modal que se utiliza de aeronaves – aviões, dirigíveis, helicópteros para transporte de pessoas e cargas. De acordo com Razzolini Filho (2012, p. 154):
No Brasil, o transporte aéreo foi fundamental para estabelecer conexões entre as regiões mais distantes, isto é, entre os grandes centros urbanos e a região litorânea. Esse fato é consequência da dimensão continental do país, da forte diversificação socioeconômica, da pequenaintegração entre as diferentes regiões e dos péssimos serviços oferecidos pelos demais modais para as regiões mais afastadas.
Percebemos pela exposição do autor que o modal aéreo tem grande vantagem em cenários nos quais o transporte terrestre ou aquaviário possuem mais restrições, o que até a primeira metade do séc. XX no Brasil era bastante evidente. Não por acaso, o transporte aéreo no Brasil teve um desenvolvimento acentuado entre os anos 1930 até meados dos anos 1960. Tanto que, nos anos
1950, o Brasil era o segundo maior país em termos de tráfego aéreo, atrás apenas dos Estados Unidos.
	Saiba Mais
Leia neste artigo um breve histórico dos transportes aéreos no Brasil: <https://leandrocalad
o.jusbrasil.com.br/artigos/667170522/a-evolucao-do-transporte-aereo-no-brasil>. Acesso em: 19 ago. 2021.
Antes da invenção do avião pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, em 1906, o ato de voar era um sonho (exceto por algumas experiências com balões). Na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o avião é usado pela primeira vez como máquina de guerra. No período entre guerras, surge a aviação comercial. Mas é a partir da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), que a aviação experimenta grande desenvolvimento, transformando esse modal em um dos principais meios de transporte de longas distâncias, especialmente nas viagens internacionais de passageiros, embora seja muito relevante também no transporte de cargas.
Ainda que tenha destaque, no Brasil, o transporte aéreo é modesto. Para termos uma ideia, na tabela a seguir observe a participação do modal aéreo no de transporte de cargas no Brasil, em 2019.
Tabela 1 – Participação dos modais no transporte de cargas no Brasil, em 2019
	MODAL
	MILHÕES (TKU[1])
	PARTICIPAÇÃO (%)
	Rodoviário
	485.625
	61,1
	Ferroviário
	164.809
	20,7
	Aquaviário
	108.000
	13,6
	Dutoviário
	33.300
	4,2
	Aéreo
	3.169
	0,4
	TOTAL
	794.903
	100,0
Fonte: elaborado com base em CNT – Confederação Nacional do Transporte, 2019.
Repare que até o modal dutoviário tem maior percentual na matriz brasileira do que o aéreo. Só que em outras nações esses números são semelhantes. O que então faz com que o transporte aéreo, mesmo sendo mais rápido e seguro e tendo boa capacidade de transporte de cargas, seja o menos utilizado? No volume de transporte de passageiros, o modal aéreo também tem pouca participação em relação aos outros modais.
Veremos esses motivos na sequência.
1.1 CARACTERÍSTICAS DO MODAL AEROVIÁRIO
As principais características do modal aeroviário são:
 Tem serviços regulares, ou seja, as companhias que o realizam possuem tabelas de horáriodestino fixas, embora possam ser contratados por fretamento.
 Quando por fretamentos, são denominados pontuais; quando por serviços regulares, são chamados de próprios.
 Preços mais elevados, diante dos altos custos envolvidos nos elementos que fazem parte deste transporte (terminais, veículos, insumos).
Rapidez nos percursos, tendo variabilidade pequena nos trajetos.
Ideal para transportes internacionais.
Para cargas, o tempo de manuseio e coleta são significativos.
Vimos que algumas dessas características levam o modal aeroviário a ter vantagens e desvantagens. Vamos entender.
1.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODAL AEROVIÁRIO
A principal vantagem do modal aéreo é, sem dúvida, sua rapidez. Um jato pode atingir velocidades próximas aos mil km/h. Mesmo as aeronaves menores costumam alcançar velocidades acima dos 200 km/h.
Essa característica leva o modal aéreo a ser o mais indicado para transportes urgentes, de cargas perecíveis (sobretudo se o transporte for de distância muito longa, entre países, por exemplo). No entanto essa vantagem pode ser diluída, pois os tempos de espera, taxiamento e desembaraço (embarque e desembarque de passageiros e cargas) costumam ser longos, elevando o tempo portaa-porta do transporte.
Outra vantagem está na menor possibilidade de avarias em produtos e embalagens, pois o transporte não sofre atrito com vias e outros elementos (acidentes são raríssimos), exceto nas operações de decolagem e pouso, mesmo assim um fato incomum.
A principal desvantagem, notadamente, é o preço. Devido à infraestrutura de veículos e terminais serem complexas, os valores do modal aeroviário costumam ser bem mais elevados, restringindo sua utilização aos critérios de distância e urgência. Taxas aeroportuárias, preços dos combustíveis, serviços de apoio ao transporte, como entidades de controle de tráfego aéreo, obrigatoriedade de manutenções preventivas e corretivas de aeronaves – que necessitam ser rigorosíssimas – são fatores que fazem do modal aeroviário um dos mais custosos. Também é altamente sensível a condições meteorológicas, mais que os outros modais. E devido ao tempo de entrega e variabilidade, conclui-se que é o modal menos confiável.
Ainda assim, o modal aeroviário tem aumentado sua participação nas matrizes de transporte, com o advento de aeronaves maiores e mais eficientes do ponto de vista energético. Além disso, equipamentos de apoio mais modernos que reduzem impossibilidades de pousos e decolagens e terminais mais eficientes quanto a custos, têm contribuído para redução de valores.
Saiba Mais
	Curiosidade: veja este vídeo sobre os drones, que também são veículos do modal aeroviário:
<https://youtu.be/jHPWXK_9Dew>. Acesso em: 19 ago. 2021.
TEMA 2 – MODAL AQUAVIÁRIO
Esse modal se utiliza de vias naturais – rios, lagos e do mar – para o transporte e cujos veículos são embarcações, dos mais diversos tamanhos e potências.
2.1 CLASSIFICAÇÕES DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Há duas formas de classificação no modal aquaviário: quanto ao tipo do curso d’água e quanto às embarcações. Vejamos as diferenças:
Quanto ao curso d’água:
Fluvial: em rios.
Lacustre: em lagos.
Marítimos: nos oceanos e mares.
Quanto aos tipos de percurso:
Cabotagem: sua origem e destino são portos marítimos de um mesmo país.
Navegação interior: transporte realizado em rios ou lagos, seja em trajetos dentro de um país ou entre países.
 Navegação de longo curso: viagens internacionais, de alto-mar, entre portos de países diferentes.
2.2 TIPOS DE EMBARCAÇÕES
Uma das características no modal aquaviário é que há uma imensa variedade de embarcações. São inúmeros os tamanhos, designs, formatos etc. Isto porque os cursos d’água permitem que se construam veículos de diversos portes e finalidades. Tanto para transporte de passageiros, quanto de cargas. Vamos conhecer os principais tipos.
 Full container ship ou porta-contêineres: navios de grande porte, os quais transportam contêineres com encaixe perfeito; no comércio internacional é o principal tipo de embarcação. Cargueiros: navios também de grande porte, que transportam os mais diversos tipos de carga em porões.
Navios-tanques: específicos para transporte de cargas líquidas, como óleos.
Navios-graneleiros: destinados a graneis sólidos, como minérios e grãos.
Navios roll-on/roll-off (ro-ro): para transporte de veículos motorizados, que são embarcados e desembarcados por meio de rampas.
 Barcaças: com fundo reforçado e achatado, são usados principalmente em rios e lagos, transportando cargas de grande peso; em alguns casos são puxadas por rebocadores.
2.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODAL AQUAVIÁRIO
Vejamos no quadro a seguir as principais vantagens e desvantagens do transporte aquaviário:
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal aquaviário
	VANTAGENS
	DESVANTAGENS
	Maior capacidade de cargas
	Necessidade de transbordo nos destinos
	Transporta praticamente qualquer tipo de carga com pequeno impacto ambiental
	Portos 	normalmente 	distantes 	dos 	centros produtivos
	Custo de transporte por kg/ton. mais baixo, devido à alta capacidade de carga
	Requer, dependendo do produto, embalagens mais reforçadas
	Mais barato para transporte intercontinental
	Modal com baixa flexibilidade
	Via natural, com baixa possibilidade de problemas no trajeto
	Terminais com grande chance de congestionamento
Fonte: elaborado com baseado em Razzolini Filho, 2012.
	Saiba Mais
Leitura complementar: leia das páginas 83 a 86 no livro LogísticaEmpresarial, do autor Roberto Ramos de Morais (Editora InterSaberes, 2015), presente em nossa biblioteca virtual, dados sobre o modal aquaviário no Brasil.
TEMA 3 – MODAL RODOVIÁRIO
É aquele no qual o transporte é realizado por meio de ruas e rodovias, utilizando-se de veículos de variados portes e formatos, como caminhões, ônibus e automóveis. Trata-se do modal mais usado no mundo, devido às suas vantagens, que veremos adiante. Muitas cidades, inclusive, surgiram e cresceram em função das rodovias.
3.1 MODAL RODOVIÁRIO NO BRASIL
Nosso país fez uma clara opção pelo modal rodoviário, sobretudo a partir dos anos 1960, com a construção e pavimentação de rodovias em grande escala. Uma decisão controversa até hoje, pois o fez em detrimento dos outros modais e não como uma complementação destes, ao contrário de outros países. Um dos elementos que proporcionou essa decisão foi a instalação da indústria automobilística no país, em fins dos anos 1950.
Fato é que a malha rodoviária brasileira é de cerca de 20% do total do território, enquanto as ferrovias, por sua vez, são 0,4% em relação ao tamanho do país. Uma enorme diferença que reflete no uso de cada modal na matriz de transportes.
Sendo assim, é o principal meio de transporte de cargas e passageiros no Brasil, basta observarmos a figura a seguir, na comparação com outros países:
Figura 1 - Matriz de transportes nos países (% de TKU)
Fonte: elaborado com base em IloS, 2019. Créditos: Puwsdol Jaturawutthichai/Shutterstock.
Apesar disso, somente pouco mais de 14% das rodovias brasileiras são pavimentadas e em muitas regiões a manutenção destas é precária. Contudo, em muitos desses locais é o único modal disponível.
3.2 CARACTERÍSTICAS DO MODAL RODOVIÁRIO
Embora tenha desvantagens do ponto de vista ambiental e limitações em sua capacidade de carga, o modal rodoviário predomina praticamente no mundo inteiro. Isto porque suas principais vantagens são indiscutíveis:
 É o único modal do tipo porta-a-porta, isto é, não necessita, na grande maioria dos casos, de transbordos.
Tem uma frequência praticamente ininterrupta (atrás apenas do modal dutoviário).
É o modal de maior disponibilidade.
Para curtas distâncias, é o modal mais veloz; nesse cenário é imbatível.
A maioria das cargas são fracionadas e de pequeno tamanho. Nesse caso, o modal rodoviário é insuperável. Para lotar um caminhão, é preciso um volume muito menor do que para lotar vagões de trens ou navios. Em contrapartida, há uma limitação na variedade das cargas que podem ser transportadas por rodovias, em função de normas de segurança e limites de pesos nessas vias. Cargas especiais, que precisam de autorizações e outras exigências para seu transporte, costumam encarecer os fretes.
É no transporte de passageiros que o modal rodoviário encontra mais concorrência dos outros modais. A partir dos anos 1930, no mundo inteiro em geral, foi se dando bastante enfoque no automóvel, tendo por trás a ideia de “liberdade” do indivíduo. Com isso, as cidades, sobretudo as maiores, foram acumulando problemas de tráfego ao longo das últimas décadas, o que desencadeou novos problemas (como poluição ambiental e sonora, acidentes etc.) e permanentes necessidades de investimentos.
Por isso, é sempre evocada a necessidade de se ter uma rede eficaz de transporte urbano de massa, baseada principalmente no modal ferroviário – trens e metrôs – como maneiras de solucionar os problemas de trânsito. Além do incentivo aos meios de transportes alternativos, como as
bicicletas.
Muitos países fizeram esse planejamento de forma eficiente, de modo que o automóvel e o transporte público convivem bem e se procura usar todos os modais de forma equilibrada, inclusive com integrações entre eles. No Brasil, infelizmente não chegamos a esse patamar por razões diversas: baixa capacidade de investimento, cultura de que transporte de massa “é para os pobres”, falta de planejamento de longo prazo, entre outros.
	Saiba Mais
Curiosidade: veja no link uma reportagem sobre a mobilidade urbana na Europa: <https://yo utu.be/FswZDcYsEBs>. Acesso em: 19 ago. 2021.
TEMA 4 – MODAL FERROVIÁRIO
Os trens foram o primeiro grande produto da Revolução Industrial, no que se refere a transportes. No final do século XVIII, surgiram as primeiras linhas férreas na Inglaterra. No século XIX e boa parte do século XX, os trens foram sinônimo de transporte de longa distância, dentro de um mesmo país, ou mesmo em nações fronteiriças.
No Brasil, a primeira ferrovia foi a “Estrada Mauá”, inaugurada em 1854, que ligava as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis. Foi ela também a primeira experiência intermodal no país, pois cargas chegavam ao porto do Rio de Janeiro e transferidas aos vagões. O investimento em ferrovias no Brasil foi elevado, da segunda metade do século XIX até a terceira década do século XX.
Em 1929, havia mais de 28 mil km de trilhos no Brasil (Ministério da Economia, 2016). A partir dos anos 1930, contudo, a priorização do modal rodoviário interrompeu o processo de crescimento, que foi recuperado entre 1955 e 1964, com nova expansão e criação da RFF/SA – Rede Ferroviária Federal.
Todavia, novos incentivos às rodovias fizeram com que muitos trechos ferroviários fossem desativados gradativamente, até que em 2018 o Brasil tinha cerca de 29 mil km de ferrovias em atividade, mesmo patamar de 90 anos antes. A maior parte operada por concessão público-privada e para transporte de cargas.
Sem dúvidas, o transporte por trens no Brasil é subutilizado. O país tem dimensões continentais e produz muitos itens de baixo valor agregado, como grãos, óleos, minérios e outros produtos in natura, cujo transporte por trilhos é o ideal, pois geralmente são carga de grande volume, com viagens de grandes distâncias e cujo trajeto deve sofrer menos interrupções possíveis. Tanto que, em 2016, a composição de produtos transportados pelas ferrovias brasileiras foi a que está representada na figura a seguir:
Figura 2 - Distribuição dos tipos de carga no modo ferroviário no Brasil
Fonte: ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, 2016.
No entanto, também produzimos muitos bens manufaturados que poderiam se aproveitar melhor das estradas de ferro, especialmente aqueles destinados à exportação e também bens importados que chegam aos nossos portos e aeroportos. Ou seja, a malha ferroviária brasileira é incompatível com o tamanho de sua economia.
Comparando-se a rede de trilhos do Brasil com outros países, constataremos isso facilmente. Na
Itália, França e Japão, as ferrovias são mais de 5% do território dessas nações; na Espanha e na Índia, 2%; na Argentina e México, mais de 1%. Repare que todos esses países possuem território bem menor que o brasileiro. Nos Estados Unidos, com uma área geográfica semelhante à nossa, as estradas de ferro representam 1,9% do território. No Brasil, essa proporção é de apenas 0,4%, o que joga para o modal rodoviário a predominância em transportes.
4.1 CARACTERÍSTICA DO MODAL FERROVIÁRIO
Assim como qualquer modal, os trens apresentam vantagens e desvantagens. Um ponto negativo do modal ferroviário é a velocidade. Por operarem na maioria em ferrovias antigas, com traçados sinuosos, os trens não alcançam grandes velocidades, com exceção de trens mais modernos, que ainda são poucos numa proporção geral. Além disso, uma grande parte do tempo nas operações ferroviárias é gasta em atividades de carga, descarga e manobras de pátio. É comum haver vagões ociosos em períodos sazonais. É um modal pouco flexível, devido ao trajeto das ferrovias.
Por outro lado, é um modal que permite cargas cheias e fracionadas com relativa facilidade de manuseio. É um modal altamente confiável, pois o trajeto costuma não ter interrupções, exceto por acidentes ou eventuais bloqueios das ferrovias por causa de intempéries, o que são fatos raros. Também não necessitam de muitas pessoas na operação. É um transporte seguro e bem menos poluente que o rodoviário, um vagão carrega uma carga equivalente a cerca de 28 caminhões, tornando mais barato o preço por tonelada.
Por fim,a construção de uma ferrovia, embora de elevado custo, traz menor impacto ambiental que rodovias, uma questão que hoje é predominante.
TEMA 5 – MODAL DUTOVIÁRIO
Esse modal é o que utiliza dutos, que são tubulações, para o transporte. Neste caso, é a carga que se movimenta, ao passo que o meio de transporte é estático.
Os antigos romanos utilizavam aquedutos para levar água das nascentes até às cidades, cobrindo grandes distâncias. Os chineses, já por volta de 500 a.C., tinham sistemas de canos de bambu para trazer gás de poços rasos, usados para evaporar água do mar e obter sal. O primeiro oleoduto foi construído em 1872, na Pensilvânia, Estados Unidos, para atender à nascente indústria do Petróleo. Portanto, não é um modal exatamente novo. No Brasil, o primeiro oleoduto é de 1951, ligando o porto de Santos à capital paulista.
O modal dutoviário se utiliza da gravidade ou pressão por bombas e compressores para a movimentação da carga, que em geral são sólidas (grãos, por exemplo), líquidas (óleos e similares) ou gasosas. Em geral, acompanham traçados de ferrovias ou rodovias. Podem estar visíveis ou no subsolo, o mais comum. As redes públicas de água, esgoto e gás natural são exemplos clássicos de modal dutoviário.
Normalmente, é adequado ao transporte de grandes volumes. Tem como principais vantagens:
ser não poluente; não ter interrupções ou congestionamentos; ter preço mais baixo por unidade transportada que os outros modais; ter grande confiabilidade.
Já as desvantagens são:
velocidade lenta; pouca flexibilidade; difícil adaptação de produtos (veja adiante os tipos de dutos); restrições quanto aos tipos de produtos; elevados custos fixos de manutenção do sistema.
5.1 TIPOS DE DUTOS
Normalmente, os dutos são construídos para transportar tipos específicos de produtos, o que o torna um modal pouco flexível. Os principais tipos de dutos são apresentados no quadro a seguir:
Quadro 2 – Tipos de dutos e produtos relacionados
	TIPO
	PRODUTOS TRANSPORTADOS (na maioria)
	Oleodutos
	Petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, gás liquefeito de petróleo (GLP), querosene e nafta.
	Minerodutos
	Minério de ferro, sal-gema e concentrado fosfático.
	Gasodutos
	Gás natural (p.e. GNV) e outros gases industriais.
	Outros
	Água e demais líquidos não oleosos.
Fonte: elaborado com base em ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, 2014.
TROCANDO IDEIAS
Segundo o Ministério da Infraestrutura, o modal ferroviário corresponde a 15% da matriz de transporte brasileira. O objetivo é chegar a 30% nos próximos 10 anos, ou seja, duplicar a malha ferroviária no país, visando reduzir o custo do transporte e melhorar a eficiência logística do agronegócio, que hoje depende basicamente do modal rodoviário. A ideia, em médio e longo prazos, é conectar as ferrovias aos portos brasileiros.
Tendo em vista esses dados e os objetivos de longo prazo em relação ao transporte ferroviário no Brasil, você entende que até 2030 o Brasil conseguirá cumprir essa meta? Que ações precisamos executar para isso? E qual a forma mais adequada de implantarmos esse projeto?
NA PRÁTICA
Embora o fato de que a matriz de transportes no Brasil seja predominantemente baseada no modal rodoviário (mais de 60%), não é verdade que não existam hidrovias e ferrovias relevantes no transporte de cargas.
Assim, suponha que você é um gestor logístico, responsável por transportar uma grande carga de soja, de cerca de 1 milhão de toneladas, desde a região de Rondonópolis, Mato Grosso, até o porto de Santos, em SP, para dali seguir a outro país. O dono da carga (que vai pagar pelo transporte até Santos), pede que o valor do transporte seja o menor possível, assim você deve pensar nas possibilidades de usar vários modais.
Como você faria esse transporte? Pesquise os modais de transportes destas regiões e indique uma maneira mais eficiente e menos custosa para esse transporte. Justifique sua decisão.
FINALIZANDO
Nesta aula, aprendemos sobre os modais de transportes, as formas pelas quais pessoas e cargas podem ser transportadas, seus veículos e vias de transporte.
Vimos que os modais são: terrestre (rodoviário e ferroviário); aquaviário (marítimo, fluvial ou lacustre); aeroviário e dutoviário. Estudamos as principais características desses modais, especialmente as relacionadas à velocidade; confiabilidade (capacidade de entregar o transporte nas condições acordadas); capacidade (quantidade de volume transportado em um único veículo); disponibilidade e frequência.
Conhecemos as principais características, vantagens, desvantagens e usos apropriados a cada modal. Procuramos também situar a questão de cada modal na matriz de transportes brasileira, no sentido de se conhecer os problemas e vislumbrar o desenvolvimento dos modais em nosso país.
Esperamos que tenha gostado e até nossa próxima aula!
REFERÊNCIAS
ALVARENGA, H. Matriz de transportes do Brasil à espera dos investimentos. 2020. Disponível em <https://www.ilos.com.br/web/tag/matriz-de-transportes/>. Acesso em: 19 ago. 2021.
CALADO, L. A evolução do transporte aéreo no Brasil. Portal JusBrasil, 2019. Disponível em: <https://leandrocalado.jusbrasil.com.br/artigos/667170522/a-evolucao-do-transporte-aereo-nobrasil>. Acesso em: 19 ago. 2021.
MORAIS, R. R. de. Logística empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2015.
RAZZOLINI FILHO, E. Transporte e modais: com suporte de TI e SI. Curitiba: InterSaberes, 2012.
SOUZA, C. B. P. de. Ferrovias brasileiras: conheça os fatos históricos mais curiosos. Portal Portogente, 2019. Disponível em: <https://portogente.com.br/portopedia/109992-ferroviasbrasileiras-conheca-fatos-historicos-curiosos>. Acesso em: 19 ago. 2021.
[1] TKU – tonelada de carga útil transportada, aquela que não considera o peso dos veículos e das embalagens.
29/07/2022 17:02	UNINTER
29/07/2022 17:02	UNINTER
29/07/2022 17:02	UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/17
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/17
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/	1/17
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODAIS DE TRANSPORTE
AULA 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luciano Furtado Corrêa Francisco
CONVERSA INICIAL
Uma das características do nosso país de dimensões continentais é o fato de que muitas matérias-primas são extraídas de pontos distantes dos centros de produção.
Podemos citar, por exemplo, a soja, que é componente essencial de diversos alimentos industrializados. Uma das maiores regiões produtoras desse grão no Brasil está no local conhecido como MaToPiBa, palavra formada pelas siglas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Esses quatro estados fazem divisa entre si e em torno dessa divisa – cujo bioma é o cerrado – há muitas lavouras de soja, de maneira que após a colheita, uma boa parte dessa safra tem de ser transportada para as indústrias, em geral localizadas nas regiões sul e sudeste. Minérios e outras commodities também entram nesse cenário.
Vemos, por esse exemplo, que o transporte, por ser o fator mais importante na cadeia de produção e na logística, representando a maior parte de seus custos, deve ser objeto de rigorosa análise na execução das atividades da cadeia produtiva. De acordo com Ballou (2006, p. 150), “um sistema eficaz [de transporte] pode intensificar a competitividade no mercado, aumentar as economias de escala na produção e reduzir os preços dos produtos em geral”.
Mas não é simples a tarefa de escolher um modal de transporte. Isso porque diversas condições têm de ser levadas em conta nessa decisão: preço, tempo, segurança, disponibilidade, confiabilidade e outros.
São esses aspectos que veremos nesta aula: como selecionar o melhor modal de transporte e o que devemos levar em consideração nessa seleção.
Convidamos você a nos acompanhar nesta jornada. Uma ótima aula!
CONTEXTUALIZANDO
Não é novidade que o e-commerce tem crescido a altas taxas em praticamente todos os países. Sendo assim, o Brasil não é exceção. Mesmo com as crises econômicas, a venda online – não apenas no varejo, é bom que se diga, mas também entre empresas – apresenta a cada ano um aumento de suascifras, quantidade de pedidos, volumes transportados, novos consumidores etc. Para qualquer lado que se olhe no e-commerce, os números são sempre para cima.
Com isso, as atividades logísticas também crescem na mesma proporção. Uma das grandes conveniências do comércio eletrônico é a possibilidade do comprador poder receber sua encomenda no local que lhe for mais conveniente. Por isso o transporte de cargas tende a aumentar. Consumidores localizados em cidades distantes dos grandes centros compram cada vez mais por lojas virtuais, até mesmo pela falta de opções nos locais onde moram.
Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de 2018, indicou que o Brasil investiu apenas 2,18% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura. Para se ter uma ideia, os demais países emergentes investiram nesse período cerca de 4,5% em média, mais que o dobro do investimento brasileiro. Outro dado, esse do Banco Mundial, de 2015, informa que o Brasil está na posição 169ª posição no ranking mundial de contratação de obras de infraestrutura logística, numa lista de 189 países pesquisados. O Chile, em 24º, e o Peru, em 28º, vêm fazendo muito mais obras, conforme esse documento do BM. Uma análise de 2018, do Logistics Performance Index and its Indicators (LPI) – Índice de Performance Logística e seus Indicadores – revelou que o Brasil está na posição 56, entre 167 nações analisadas, com nota 3,1 numa faixa de 1 a 5, no quesito “competência logística”.
Números desanimadores, que causam grande preocupação no setor de e-commerce (e outros, como o agronegócio), que depende sobremaneira da logística e dos transportes. Assim, as empresas brasileiras tendem a enfrentar dificuldades para a escolha de modais eficazes para suas operações, pois os custos e a necessidade permanente de bom nível de serviço oneram os gestores e colocam o Brasil em posição difícil na atração de investimentos.
Como reverter esse quadro?
TEMA 1 – SELEÇÃO DE MODAIS
Quando falamos sobre modais que melhor atendem a uma necessidade de transporte, temos de pensar que cada embarque é único, devendo ser tratado de forma singular. Devemos gerenciá-lo com se fosse o primeiro, ainda que seja feito repetidas vezes.
A partir desse pensamento, concluímos que apenas analisando as teorias sobre as vantagens e desvantagens de cada modal pode ser insuficiente para a tarefa de seleção do melhor modal para o embarque em questão.
Quando compramos um produto, não podemos imaginar os caminhos que esse bem percorreu até chegar em nossa mão, estando em condições de uso ou de consumo. Desde o transporte de suas matérias-primas, passando pelo fabricante, os caminhos desse até os intermediários (atacadistas, representantes ou revendedores) e até o cliente final, esse bem fica sujeito às mais diversas interferências. Tais fatores são causados pelo manuseio, movimentação, embalagens e até mesmo de fatos alheios à vontade, como fenômenos naturais (chuvas, desastres naturais) ou ocorrências de greves e problemas diversos no trajeto.
Enfim, o transporte é a atividade que mais está suscetível a essas interferências, logo, deve-se ter uma atenção extrema na seleção do modal mais adequado que atende um embarque específico. Uma escolha errada, que comprometa o fato do produto chegar dentro do tempo previsto e nas condições desejadas, pode pôr todo o trabalho de marketing da empresa em risco.
Logo, qual o melhor modal de transporte? Qual é a melhor escolha? Uma resposta que não é simples.
Em geral, as empresas levam em consideração quatro variáveis (veremos adiante mais detalhes):
O que vai se transportar (tipo de mercadoria);
Prazo de entrega; Origem e destino; Custo.
São critérios normalmente decisivos na seleção, levando em conta que a organização entende o que é mais importante em cada embarque.
Toda mercadoria precisa de um tempo para ser disponibilizada ao seu cliente (intermediário ou final). Tempo esse destinado à aquisição de matérias-primas, fabricação, embalagem, movimentações internas, eventuais burocracias etc.
Um segundo momento desse tempo abrange o carregamento até a entrega. E não existe uma regra geral para esses tempos. Daí que tanto o transportador quanto o cliente e fornecedores – os elos da cadeia de suprimentos, enfim – devem ter noção clara do tempo de cada uma dessas etapas e, sobretudo, ter ideia de quais etapas estão mais sujeitas às interferências que mencionamos acima.
Saiba Mais
O tempo de transporte é conhecido também na logística como lead time/transit.
Por exemplo, o modal rodoviário pode estar sujeito a fiscalizações, maior possibilidade de acidentes e problemas nas vias (que causam atrasos); o modal aéreo pode ser influenciado pelas condições meteorológicas; o modal aquaviário tem uma menor disponibilidade e assim por diante.
Assim, vem um segundo ponto no processo de seleção de modal: sempre que possível, a empresa deve ter alternativas, uma espécie de plano B, que possa ser acionado para o caso de problemas no modal prioritário. Por exemplo, um transporte por caminhão deve sempre contar com uma rota principal e uma ou duas alternativas. Caso a principal apresente eventos que possam impactar no tempo de entrega, o veículo deve seguir por uma rota alternativa. Com a tecnologia atual, é relativamente fácil saber antecipadamente sobre eventuais problemas. Mas sempre lembrando que os atores da cadeia devem estar cientes dessas possibilidades antes de a operação de transporte iniciar.
Outro exemplo de fatores que influenciam na resposta de qual o melhor modal está na operação comercial. Transportes internacionais exigem que os produtos sejam embarcados em aeroportos, portos ou em postos de fronteira. Contudo, quase sempre os fabricantes ou exportadores têm unidades nesses locais, assim como os importadores em geral não estão presentes nos locais de desembarque. Portanto, tais operações normalmente exigem mais de um modal de transporte, fora a necessidade de se conhecer e cumprir as leis, regulamentos e procedimentos de cada modal para esse transporte.
Uma variável importante na seleção do modal certamente é o custo. Todavia, não podemos afirmar que o custo de um modal é superior ou inferior a outro apenas pelo preço do frete. Isso porque cada modal tem custos particulares em sua operação, tanto no embarque quanto no desembarque. Esses custos adicionais podem fazer com que um modal seja ou não viável numa operação. Ou seja, o custo é uma variável que deve ser tratada de maneira ampla, tendo o conhecimento exato de todas as despesas ao longo do transporte.
Na sequência, vamos detalhar esses fatores, primeiro conhecendo as estratégias principais de seleção de modais.
TEMA 2 – ESTRATÉGIAS DE SELEÇÃO DE MODAIS
Temos que estratégia, do ponto de vista empresarial, significa quais os métodos utilizados para que se consigam atingir objetivos pretendidos. Em transportes, na escolha dos modais, as organizações também adotam estratégias. Algumas vezes até de forma inconsciente, mas adotam.
Isso porque cada organização tem objetivos a atingir na execução de suas atividades de transporte. Logicamente existe um objetivo universal, que é o de entregar a carga dentro dos padrões e prazos estabelecidos. Mas há outros, às vezes não muito evidentes, o que veremos.
Modernamente, há mais fatores a considerar nesse prisma. Um deles é que as operações de transporte fazem parte do terceiro ou mais baixo nível da pirâmide organizacional, as atividades operacionais, de execução. Logo, uma estratégia de seleção de modal deve levar em conta a estratégia da empresa como um todo. Um segundo fator é que, dependendo do ramo e produto, a cadeia de suprimentos adota estratégias que se tornam padrões a elas. Vamos exemplificar.
É comum que as organizações adotem estratégias de vantagem competitiva, aquelas que procuram lhes dar vantagens sobre os concorrentes. Essas estratégias podem ser de custos (para ter preços competitivos), de diferenciação (produtos exclusivos) ou de nicho (produtos destinados a públicos específicos). A escolha dessa estratégia depende do produto, dos ambientesinterno e externo da empresa, do mercado e de outros fatores.
Assim, digamos que uma empresa venda produtos de luxo, para um público de alta renda e o transporte desse produto tenha que ser feito de forma muito rápida e segura. O modal aéreo nesse caso tende a ser o mais indicado. Já uma empresa que venda um produto de baixo preço e que adote a estratégia competitiva de custos, geralmente, vai escolher o modal mais barato em cada embarque, de modo a se adequar à estratégia geral da empresa.
2.1 COMPENSAÇÃO DE CUSTOS
Existe um risco quando o transporte não é utilizado de maneira a colaborar com a estratégia da empresa. Esse risco é chamado de compensação básica de custos e assim é definida por Ballou (2006, p. 187):
Quando o serviço de transporte não é utilizado de maneira proporcionar vantagem competitiva, a melhor opção é aquela obtida mediante a compensação do custo da utilização de um serviço de transporte com o custo indireto do estoque ligado ao desempenho do modal selecionado. Ou seja, a rapidez e confiabilidade afetam os níveis de estoques do embarcador e comprador (estoque de pedido e estoque de segurança) tanto quanto o nível dos estoques em trânsito entre as sedes do embarcador e do comprador [...]. Os efeitos do desempenho do transporte, similares aos dos de estoques, podem ser vistos na programação da produção. Os serviços de produção que operam com pouco ou escasso estoque de matéria-prima são altamente vulneráveis a atrasos e paradas decorrentes da variabilidade do desempenho dos transportes.
Ou seja, ao optar por modais menos ágeis e menos confiáveis, a tendência é de acúmulo de estoques nos canais, incorrendo em mais custos de manutenção desses estoques. Esse custo, aparentemente, é compensado pelo menor custo do modal escolhido. Dizemos aparentemente porque essa conta nem sempre é feita e assim, um modal com menor custo pode acabar aumentando os custos totais, anulando a pretensa vantagem de menor preço do frete.
2.2 CONHECIMENTO DOS CUSTOS DE CADA PARTE
É interessante que compradores e vendedores tenham o maior conhecimento possível dos custos de cada um, o que proporciona uma cooperação mais direta e eficiente. É claro que, sendo organizações distintas, é normal que essas informações nem sempre sejam disponibilizadas ou, se o forem, serem fidedignas. Daí que os gestores devem ser perspicazes às reações da outra parte às alternativas de modais. O grau de preferência deve nortear essa cooperação.
Depois, devem ser observados os concorrentes no canal de distribuição. Sempre que houver novos atores no canal, é importante que comprador e vendedor ajam racionalmente para manter os custos e o nível de serviço de transporte seja mantido ou melhorado.
Um fator também importante é o preço. É normal que se um fornecedor tiver de oferecer um transporte de maior qualidade – por exemplo, um modal mais confiável – do que os concorrentes tenda a aumentar o preço de seus produtos para compensar o custo adicional. Porém os compradores sempre fazem a análise custo x desempenho de transporte para dizer sua preferência. Assim, uma estratégia de aumento de preço em função de qualidade maior no transporte pode ter o efeito inverso, sendo alternativas a revisão da margem de lucro ou compensação de custos em outros fatores, porém mantendo-se os preços.
Elementos como alteração de tarifas de transporte, mudanças de mix de produtos, custos de armazenagem, tentativa de neutralização de concorrentes e reajuste de preços de fornecedores em função de aumento de estoque são fatores que também devem ser analisados na estratégia de seleção de modais.
A estratégia é sempre algo de forma macro, mais abrangente. Visto isso, entraremos a seguir nos detalhes dos fatores de seleção de modais.
TEMA 3 – FATORES DE SELEÇÃO DE MODAIS
Uma vez definida a estratégia para a seleção de modais, a organização pode se deparar com a seguinte conclusão: a depender do embarque, pode haver mais de um modal a ser considerado. É uma situação não tão frequente, mas que pode se apresentar.
Aí entram os fatores de seleção do modal, o que vai efetivamente definir o modal utilizado na operação (ou em parte dela, se houver multimodalidade).
Além dos fatores custo e desempenho, existem outros fatores de seleção, que veremos na sequência.
3.1 VALOR DO BEM TRANSPORTADO
Aqui há uma relação direta entre valor e velocidade. Se o valor agregado da carga for baixo, o modal pode ser mais lento (desde que a carga não seja perecível). Para produtos de mais alto valor, convém utilizar modais mais velozes.
	Leitura complementar
Veja nas páginas 157 e 158 do livro Transporte e Modais: com suporte de TI e SI, de Edelvino
Razzolini Filho (presente em nossa biblioteca virtual), como é o transporte na cadeia de
produção da seção traseira dos aviões da Boeing; repare na grande multimodalidade dessa atividade.
3.2 PERICIBILIDADE DOS BENS
Bens perecíveis, especialmente alimentos, exigem modais mais velozes. Nesse caso, o transporte aéreo é o mais indicado.
	Saiba Mais
Quando se fala de transporte aéreo de cargas, impossível não lembrar da empresa norteamericana Federal Express, a FedEx, líder mundial nesse segmento; veja neste vídeo a interessantíssima história dessa companhia: <https://youtu.be/45uvPa8J7wY>.
Todavia, existem veículos terrestres e aquáticos aptos a transportar bens perecíveis, como caminhões e navios frigoríficos, cujos compartimentos de cargas são refrigerados, sendo, portanto, alternativas ao modal aéreo.
3.3 CUSTO EFETIVO
Cada modal tem particularidades que determinam o preço dos fretes. Mas uma característica é comum a todos: a relação peso x volume da carga. Por exemplo, uma grande chapa de isopor de 5x5 m de tamanho pesa muito menos que uma caixa de meio metro cúbico contendo lingotes de ferro. Dessa forma, o preço do frete não considera apenas o peso ou o volume, mas uma combinação desses fatores.
	Saiba Mais
O valor do frete pode ser cobrado pelo peso bruto ou peso cubado do produto; veja neste link o que eles significam e como a cubagem é calculada: <https://www.intelipost.com.br/blog/o
-que-e-cubagem-e-como-ela-influencia-no-calculo-do-frete/>.
3.4 VELOCIDADE
Itens perecíveis ou urgentes, como medicamentos e órgãos humanos para transplantes, por exemplo, exigem modais mais velozes. Nesse caso, o aéreo é naturalmente o melhor.
Entretanto, modais como o dutoviário podem atender a esse propósito, limitado aos tipos de produtos que transporta, pois esse é um modal que também costuma ser veloz.
3.5 CONFIABILIDADE
No item sobre estratégias, abordoamos essa questão. Modal confiável é aquele que tem a capacidade de entregar de forma consistente e dentro das condições acordadas. Assim, quando a confiabilidade é baixa, os vendedores têm de aumentar seus estoques para garantir o abastecimento aos clientes.
3.6 FREQUÊNCIA E DISPONIBILIDADE
Frequência significa a regularidade que o modal tem em determinada rota. Por exemplo, a frequência de aviões de passageiros na ponte aérea Rio-São Paulo é alta (várias aeronaves por dia). Já a frequência de voos para cidades do interior do estado do Amazonas, saindo de Manaus, é baixa, uma vez por semana. Mesmo assim, ambos são regulares, isto é, seguem uma tabela de horários previamente conhecida.
No entanto, de nada adianta a frequência existir se não houver disponibilidade de transporte nos veículos. Aqui entra também a questão da capacidade, pois a disponibilidade está diretamente ligada à capacidade, que é o volume de carga que o modal pode transportar. Ou seja, a disponibilidade define o nível de escassez do serviço de transporte. Por isso a empresa deve analisar esses dois fatores em conjunto para a decisão pelo modal.
TEMA 4 – OBJETIVOS DA SELEÇÃO DE UM MODAL
Neste momento, você deve estar se perguntando sobre os objetivos da seleção de um modal
(ou de vários, dependendo da operação) de transporte.
Primordialmente, o objetivo é compatibilizar o menor custo possível de transporte com o melhor nível possível de qualidade do serviço. Nem sempre uma tarefa fácil, mas por isso mesmo estudamos antes sobreas estratégias de seleção de modais e os principais fatores de seleção.
Há mais dois elementos que podem ser usados para alcançar esse objetivo: as características operacionais de cada modal e as características econômicas desses mesmos modais.
As operacionais estão demonstradas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Características operacionais dos modais de transportes
	MODAL
	CAPACIDADE DE CARGA
	VELOCIDADE
	RESPOSTA
	Aéreo
	Média – Alta
	Alta
	Alta
	Aquaviário
	Alta
	Média-Baixa
	Média
	Dutoviário
	Média-Alta
	Média-Baixa
	Alta
	Ferroviário
	Média-Alta
	Média-Baixa
	Baixa
	Rodoviário
	Baixa
	Média-Alta
	Média
Fonte: elaborado com base em Razzolini Filho, 2012.
Logo, a resposta de cada modal é um dos critérios a serem analisados na seleção. Em tese, um modal de resposta alta seria melhor, mas pode não atender os objetivos da seleção.
Quadro 2 – Características econômicas dos modais de transportes
	MODAL
	PREÇO 	PARA 
EMBARCADOR
	O
	CUSTOS FIXOS
	CUSTOS VARIÁVEIS
	Aéreo
	Maior
	
	Altos
	Altos
	Aquaviário
	Menor
	
	Médios
	Baixos
	Dutoviário
	Menor
	
	Altos
	Baixos
	Ferroviário
	Menor
	
	Altos
	Baixos
	Rodoviário
	Médio
	
	Baixos
	Médios
Fonte: elaborado com base em Razzolini Filho, 2012.
Nas características econômicas, custos altos poderiam ser eliminatórios, porém também não atenderiam aos objetivos da seleção do modal.
A escolha de um modal, portanto, deve levar em conta a análise dessas duas tabelas, para cada um dos modais.
4.1 COMO RACIONALIZAR CUSTOS EM MODAIS
Uma vez que os custos são determinantes para os objetivos da seleção de modais, há que se procurar sempre maneiras de racionalizar os custos das operações de transporte.
Aqui é importante deixar bem claro que racionalização não significa exatamente cortes puro e simples dos custos ou negligenciar aspectos da operação. Frisamos que o objetivo de selecionar um modal deve ser o de combinar o melhor custo com o melhor nível de serviço.
Assim, vamos conhecer no quadro a seguir algumas formas de racionalizar custos.
Quadro 3 – Fatores e racionalização de custos em modais
	FATOR
	O QUE AUMENTA CUSTOS
	SOLUÇÃO(S)
	Ociosidade
	Veículos que retornam vazios nas viagens.
	Contratar fretes no retorno dos veículos, implementar sistemas de roteirização.
	Falta de medição de indicadores
	Ausência de KPIs e métricas de custos de transportes.
	Implementar ações monitoramento periódico indicadores.
	de
de
	Manutenção 	de
veículos
	Falta 	de 	manutenção 	ou manutenções malfeitas.
	Implementar programa manutenções preventivas.
	de
	Processos manuais ou com baixa automação
	O tempo que se gasta na execução de processos manuais ou semiautomatizados.
	Implantar 	softwares automatizar processos.
	para
	Embalagens
	Embalagens inadequadas que impactam na organização e acomodação da carga, além da proteção dos produtos.
	Rever as embalagens, promovendo a adoção de embalagens mais leves e seguras.
TEMA 5 – FERRAMENTAS PARA AUXÍLIO NA DECISÃO DE MODAIS
Com tantas variáveis e fatores para analisar a decisão por um modal, é importante contar com ferramentas que auxiliem nessas decisões.
Nesse aspecto, entramos na tecnologia, que está bastante avançada e pode dar ao gestor logístico mais agilidade e segurança para tomar a melhor decisão por qual modal(s) de transporte utilizar em cada situação.
Veremos os principais recursos.
5.1 TMS – TRANSPORTATION MANAGEMENT SYSTEM (SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DE TRANSPORTE)
São sistemas voltados para a gestão dos transportes, que controlam a operação de forma integrada com as demais áreas da empresa.
O investimento nesses sistemas – que possui vários fornecedores – varia de acordo com o porte, atuação e necessidades da organização. Podem ser adquiridos em módulos e muitos deles podem ser customizados para atender os processos da empresa.
O TMS atua sobre os processos comerciais, operacionais, atendimento ao cliente, seguros, financeiro e, claro, processos logísticos. Sempre focando esses processos sob o prisma das atividades de transporte.
5.2 ERP – ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (PLANEJAMENTO DE RECURSOS EMPRESARIAIS)
Os ERPs são sistemas já bastante comuns nas empresas. Ele integra e controla praticamente todos os processos da empresa, as suas operações cotidianas. Além disso, possuem um banco de dados único, evitando a redundância de informações. Podem ser customizados, funcionam com módulos e têm fornecedores diversos para vários ramos e portes de empresa.
Muitos ERPs possuem o módulo de TMS, o que facilita a implantação desse recurso pela empresa.
5.3 SOFTWARES DE ROTEIRIZAÇÃO
Sistemas, que pelo próprio nome diz, ajudam na seleção da melhor roteirização de cada embarque. Auxiliam na seleção da melhor rota, do ponto de vista de custo-benefício, levando em conta as despesas do trajeto (pedágios, combustível, desgaste etc.).
5.4 OUTRAS TECNOLOGIAS
Além dos sistemas apresentados acima, os principais, existem outras soluções de apoio ao processo de escolha de modais. Alguns deles:
 Telemetria: monitora veículos a distância, por rádio, satélite ou sinal de internet; permite saber a posição do veículo, monitorar velocidade, detecta eventuais falhas mecânicas e outras informações
 Monitoramento de entregas: sistemas que acompanham o processo de entrega de mercadorias, baseado nos códigos de rastreamento, dando informações tanto aos compradores quanto vendedores; muito usado pelo e-commerce.
 Gestão de frotas: sistemas que gerenciam os dados de frotas, fazendo acompanhamento de gastos, previsão de manutenção, históricos diversos etc.; também é um módulo de alguns TMS e ERPs.
TROCANDO IDEIAS
Quando se fala em transportes no Brasil, imediatamente se pensa em um caminhão. Um efeito da escolha de nosso país, a partir da segunda metade dos anos 1960, pelo modal rodoviário. Praticamente esquecemos dos outros modais, havendo uma drástica diminuição de investimentos nas demais formas de transporte, especialmente no que se refere ao transporte de cargas.
Mas isso não quer dizer que não tenhamos transportes nos outros modais. Ainda que com uma participação bem menor na matriz de transportes, usamos as ferrovias, hidrovias e dutos.
Mas por que definitivamente não começamos a investir mais nesses modais? Falta de interesse do Estado? Ausência de pressão da sociedade? Lobbies de empresas rodoviárias? Ou será que simplesmente “desconhecemos” que os outros modais existem e acabamos usando-os pouco?
Coloque sua opinião!
NA PRÁTICA
Leia o enunciado a seguir e depois assinale a opção correta.
Para definir qual o modal mais adequado a um embarque, a organização deve se pautar por sua estratégia, pelos fatores que contam na seleção de cada modal e nos objetivos com a seleção do modal (ou modais) específicos. Suponha que para um determinado embarque, uma empresa selecione o modal aéreo.
Entre outros critérios de seleção, ela optará por esse modal porque:
a. É mais lento, porém é de mais baixo valor de frete para longas distâncias.
b. É usado por empresas internacionais de transporte de cargas, por isso é mais confiável.
c. É melhor para entregas rápidas de longas distâncias, porque é relativamente mais veloz e mais adequado a entregas fracionadas.
d. É mais caro, porém é o mais veloz, especialmente em longas distâncias, e tem mais segurança quanto aos itens transportados.
e. Opera 24 horas por dia, embora com alto custo fixo, tem baixo custo variável, além de não ser afetado por condições meteorológicas.
FINALIZANDO
Nesta aula, aprendemos sobre decisões a respeito da escolha de um modal de transporte.
Entendemos que a seleção de um modal de transporte não é uma tarefa simples, que deve levar em conta apenas o custo. A empresa tem de pesar fatores como custos de formação de estoques na cadeia, estratégia da empresa, aspectos comerciais, além das características de cada modal.
Tanto o transportador quanto o cliente e fornecedores – os elos da cadeia de suprimentos – devem ter noção clara do tempo e, se conseguirem, cos custos envolvidos em cada etapa da cadeia, especialmente o transporte. A empresa deve ter “planos” para uma seleção de modal.
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