Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 TRIAGEM EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 2 TRIAGEM EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 ATENDIMENTO AO ALUNO editorafamart@famart.edu.br mailto:editora 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 O SETOR DE EMERGÊNCIA .................................................................................... 5 DEFINIÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA .......................................................... 5 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO SETOR ............................................................ 7 O SETOR ................................................................................................................. 10 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ............................................................ 12 TRIAGEM ................................................................................................................. 13 ACOLHIMENTO ....................................................................................................... 15 Acolhimento na classificação de risco ...................................................................... 17 PROTOCOLO DE MANCHESTER ........................................................................... 21 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO ................................................................................. 24 Algumas sugestões e reflexões sobre a implantação do acolhimento e da classificação de risco nos serviços de urgência ........................... 27 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 33 4 INTRODUÇÃO Como parte integrante e essencial nas instituições de saúde, o serviço de enfermagem enfrenta, diariamente, o grande desafio de oferecer e garantir uma assistência de qualidade, de acordo com as necessidades do público que atende de modo eficiente e eficaz. (YURI & TRONCHIN, 2010). Segundo Jones (1996) as urgências são confrontadas diariamente com um grande número de doentes que apresentam uma vasta gama de problemas. A assistência prestada a elas se dá, ainda hoje, predominantemente nos serviços que funcionam exclusivamente para este fim – os tradicionais prontos-socorros - estando estes adequadamente estruturados e equipados, ou não. (BRASIL, 2002) Considerado a porta de entrada mais fácil e ágil, nota-se em grande parte das unidades de urgência o excessivo número de pacientes, os quais na maioria das vezes apresentam quadro tratáveis na atenção primária e que por falta de informação ou pressa, acabam procurando este setor. A triagem ou classificação de risco, segundo Jones et al (2010), é uma ferramenta de manejo clínico de risco, empregada nos serviços de urgência por todo o mundo, para efetuar a construção dos fluxos de pacientes quando a necessidade clínica excede a oferta. Ou seja, ela foi criada para priorizar o atendimento daqueles que realmente necessitem de atendimento imediato, a fim de evitar óbitos precoces por um atendimento desorganizado, como já foi noticiado diversas vezes pelos veículos de comunicação. Ainda de acordo com Jones et al (2010), a tomada de decisões é parte importante da prática médica e de enfermagem, pois a avaliação clínica sólida de um paciente requer tanto raciocínio como intuição e ambos devem estar baseados em 5 conhecimentos e aptidões profissionais. Por este motivo, a classificação de risco deve ser realizada, prioritariamente, por enfermeiros ou médicos. O SETOR DE EMERGÊNCIA DEFINIÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA A área de Urgência e Emergência, segundo o Ministério da Saúde (2002), constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. Portanto, para adentrar nesse tema é necessário definir esses termos utilizados cotidianamente. As definições são as mais diversas possíveis de vários autores, todavia todas concluem os mesmos significados. Tabela 1: Definições de Urgência e Emergência. Urgência Emergência Dicionário Aurélio Do latim urgentia, que significa qualidade de urgente; caso ou situação de emergência, de urgência. Do latim emergentia, que significa ação de emergir; situação crítica, incidente; caso de urgência. Ministério da Saúde Quando há ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de morte, cujo portador necessite de assistência imediata. Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de morte ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato. Fonte: Dicionário Aurélio (2010) e Ministério da Saúde (2010). 6 Segundo Santos (2008), considera-se urgência uma prioridade moderada de atendimento, cujo portador necessita de atendimento mediato, pois não há risco de morte. O Ministério da Saúde determina que os procedimentos dos serviços de urgência e emergência devem ser caracterizados em três modalidades, considerando como critério a gravidade e a complexidade do caso a ser tratado (BRASIL, 2009). Segue abaixo as modalidades: a) Urgência de baixa e média complexidade: quando o paciente não corre risco de morte; b) Urgência de alta complexidade: O paciente apresenta um quadro crítico ou agudo, porém não há risco de morte; c) Emergência: casos em que há risco de morte. O termo emergência é definido como uma categoria na triagem onde a assistência é prestada em casos de prejuízo á saúde com risco de vida potencial ou qualquer alteração no organismo que exigem tratamento imediato. Da mesma forma que a emergência, a urgência é considerada uma categoria de triagem, no entanto o cuidado é fornecido em casos de doença grave ou dano a saúde que não conduz um risco de morte (BRUNNER & SUDDARTH, 2009, p.400). Segundo o Ministério da Saúde, os serviços de urgência e emergência têm como objetivo diminuir a morbi-mortalidade e as sequelas incapacitantes. Para tanto, é preciso garantir os elementos necessários para um sistema de atenção de emergência, considerando recursos humanos, infraestrutura, equipamentos e materiais, de modo a assegurar uma assistência integral, com qualidade adequada e contínua. (BRASIL, 2009) 7 A Política Nacional de Atenção às Urgências foi instituída pela Portaria 1863/GM, de setembro de 2003, para garantir a organização dos sistemas regionalizados, a universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e as relacionadas às causas externas. (BRASIL, 2009, p.256). De acordo com Dallari et al (2009), a atenção em urgência, o crescimento do número de acidentes, a violência urbana e a insuficiente estruturação da rede de serviços de saúde são fatores que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços hospitalares. O conhecimento desta realidade em nosso meio é de importância fundamental, no sentido de evidenciar a necessidade de reestruturação do atual sistema de saúde, na perspectiva de consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO SETOR Segundo Azevedo et al (2010), nos serviços hospitalares de atenção à urgência e emergência, a atuação do enfermeiro envolve especificidades e articulações indispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que requerem aprimoramento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva aos familiares pelo impacto inesperado de uma situação que colocaem risco a vida de um ente querido. Esse conjunto de elementos justifica um olhar pormenorizado para a organização desses serviços. De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (2013) cabe ao enfermeiro à direção do serviço de enfermagem em instituições de saúde e de ensino, públicos, privados e a prestação de serviço, as atividades de gestão como 8 planejamento da assistência de enfermagem, consultoria, auditoria, consulta de enfermagem, a prescrição da assistência de enfermagem, os cuidados diretos a pacientes com risco de morte e todos os cuidados de maior complexidade técnica. De acordo com Galvão & Wehbe (apud Fincke, 2011), o papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. O enfermeiro da unidade é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte vital e integrante da equipe de emergência. Os enfermeiros das unidades de emergência aliam à fundamentação teórica a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional. Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos. (GOMES, 1994, p. 2) O enfermeiro que atua nesta unidade necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, a fim de tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente. Segundo Galvão & Wehbe (2006) dentre as atividades assistências exercidas pelo enfermeiro no setor de emergência as principais são: a) Fornecer cuidado ao paciente juntamente com o médico; b) Preparar e administrar medicamentos; c) Proporcionar a realização de exames especiais procedendo à coleta; d) Instalar sondas nasoenterais e vesicais em clientes; 9 e) Realizar troca de traqueostomia, punção venosa com cateter, punção arterial entre outros; f) Realizar curativos de maior complexidade; g) Dispor instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos; h) Aferir sinais vitais; i) Realizar a sistematização da assistência de enfermagem e evolução dos pacientes, fazer anotações em prontuários; j) Fiscalizar as ações dos profissionais da equipe de enfermagem; k) Conferir os materiais permanentes e psicotrópicos do setor; l) Priorizar o atendimento aos pacientes dependendo do grau de complexidade; m) Realizar relato em livro de ordens e ocorrências; n) Liderar a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos; o) Observar as deficiências da equipe e realizar educação continuada. Segundo Thompson (apud Galvão & Wehbe, 2006, p. 01), a Associação Americana de Enfermagem (ANA), em 1983, estabeleceu os "Padrões da Prática de Enfermagem em Emergência", classificando os enfermeiros de emergência em três níveis de competência: a) Primeiro nível - requer competência mínima para o enfermeiro prestar atendimento ao paciente traumatizado; b) Segundo nível - o profissional necessita de formação específica em enfermagem de emergência; 10 c) Terceiro nível - o enfermeiro deve ser especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intrahospitalar. O SETOR Segundo Costa, Araújo e Barros (2008), o setor de urgência e emergência deve ser um local apropriado de modo a permitir o livre movimento da equipe de trabalho com espaço físico adequado e eficácia no atendimento, lembrando que deve proporcionar privacidade ao usuário. Desse modo, esse campo de ação deve oferecer um espaço físico suficiente para que todos os procedimentos sejam realizados de maneira adequada sem nenhum acidente de percurso. De acordo com Silva, Matsuda, Waidman (2012), durante a construção de um hospital, muitas vezes, não são previstas as necessidades de estrutura física/ambiental dos usuários e trabalhadores. Com isso, os problemas somente são evidenciados após sua finalização e durante a execução da rotina diária dos serviços. O usuário ao dar entrada em uma unidade de urgência, certamente se encontra angustiada e com dor, nesse momento o espaço físico também pode exercer influência positiva ou negativa, pois o mesmo não quer e não merece ser submetido a desconfortos adicionais advindos de uma estrutura física inadequada. (SILVA; MATSUDA; WAIDMAN, 2012, p.323). O enfermeiro exerce papel de líder e gerente das unidades hospitalares, incluindo as de urgência, no qual ele deve ser capaz de vincular as atividades desenvolvidas pelos profissionais com a estrutura física, para o planejamento de um ambiente seguro e confortável aos que frequentam o local (KURCGANT, 2008). 11 A disposição do setor de urgência das unidades hospitalares deve seguir as normas recomendadas na Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, as quais dispõem que deve haver no setor, pelo menos (BRASIL, 2002): a) Área externa para desembarque de ambulâncias; b) Sala de triagem médico e/ou enfermagem; c) Sala de serviço social; d) Sala de higienização e) Sala de suturas/curativos; f) Sala de reidratação; g) Sala de inalação; h) Sala de aplicação de medicamentos; i) Sala de gesso e redução de fraturas; j) Sala para exames; k) Sala de observação; l) Posto de enfermagem; m) Sala de serviços; n) Sala de isolamento; o) Sala de procedimentos especiais (invasivos); p) Sala de emergências; q) Consultório médico; r) Sanitários para pacientes e acompanhantes; s) Sanitários para funcionários; t) Sala administrativa; u) Depósito de material de limpeza. 12 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO O processo de classificação, segundo Servin et al (s.d), é definido pela identificação dos pacientes/clientes que buscam atendimento em unidades de saúde, como Unidades de Pronto Atendimento, a fim de restabelecer sua condição de saúde através de cuidados médicos e de enfermagem. Ainda, segundo o autor, a eficiência desse processo requer a combinação de fatores extremamente importantes como a escuta qualificada, a tomada de decisão de acordo com os protocolos existentes na unidade e a experiência do profissional atuante, juntamente com sua capacidade de julgamento crítico. O Ministério da Saúde afirma que a classificação de risco é um instrumento organizacional da fila de espera que propõe uma ordem de atendimento de acordo com a prioridade, com a finalidade garantir o atendimento imediato do usuário com grau de risco elevado. (BRASIL, 2009) Desse modo, a ordem de atendimento é fundamentada nas queixas apresentadas pelos pacientes e na avaliação clínica realizada no momento da consulta de enfermagem e, não mais, na ordem de chegada (BRASIL, s.d). A implantação do Sistema de Classificação de Risco (SCR) no setor de urgência e emergência tornou-se parte indispensável no momento da admissão do paciente, uma vez que ela possibilita a agilidade no atendimento dos casos mais críticos, evitando a piora do quadro clínico do paciente e até mesmo, em muitos casos, o óbito precoce. 13 Esse processo permite ao profissional enfermeiro, a compreensão e avaliação do estado geral do paciente, porém, não deve ser restrita à apenas uma única avaliação, visto que um paciente que, a princípio, apresentava um quadro menos crítico pode evoluir rapidamente para um estado grave sendo, portanto, extremamente importante a avaliação contínua do mesmo.TRIAGEM O processo de triagem foi introduzido nos Serviços de Emergência (SE) para tentar minimizar o problema da superlotação, permitindo cuidados imediatos para os pacientes mais urgentes (HAY et al apud ALBINO, GROSSEMAN, RIGGENBACH, 2007). Albino, Grosseman & Riggenbach (2007) conceituam Triagem (originária do francês trier = classificar) como o processo sistemático que indica a ordem de quem vai ser tratado primeiro, objetivando a redução da morbimortalidade dos pacientes no SE. A implantação do Sistema Estruturado de Triagem (SET) segundo Brasil (2011): Implica na disponibilidade de uma estrutura física, profissional e tecnológica nos serviços, dispositivos e hospitais nos quais se atendam as urgências e emergências, que permitam fazer a triagem dos pacientes segundo um modelo de qualidade avaliável e continuamente passível de melhoria (p. 6). Os departamentos de Emergência da Austrália foram os primeiros a instituírem a triagem estruturada. Atualmente ela vem sendo aplicada em praticamente todas as Emergências de hospitais do primeiro mundo (JELINK; ZIMMERMANN; TRAVERS et al (apud ALBINO, GROSSEMAN & RIGGENBACH, 2007). 14 Esse processo raciona eficientemente os cuidados quando os recursos são insuficientes para tratar todos os pacientes de imediato, ou seja, não visa a criação de vínculo durante o atendimento, mas sim a resolução imediata do problema. Existem, basicamente, dois tipos de triagem: a simples e a avançada. Quadro 1: Diferenciação de Triagem Simples e Triagem Avançada (cont.) Triagem Simples Triagem Avançada Habitualmente utilizada no local de um acidente ou de desastre com várias vítimas, categorizando os que necessitam de atenção crítica e transporte imediato daqueles com lesões mais brandas. Utilizada para desviar recursos de pacientes com poucas hipóteses de sobrevivência, aumentando a possibilidade de outros com maior taxa de sobrevida. A triagem avançada tem implicações éticas, uma vez que o tratamento é intencionalmente retirado de determinados pacientes. Fonte: Adaptado. Elaborada pelas autoras, 2016. Segundo Garcia et al (apud por Albino, Grosseman & Riggenbach, 2007), atualmente existem cinco modelos de escalas de triagem estruturada em uso: a) NTS – National Triage Scale (Austrália); b) CTAS – Canadian Emergency Department Triagem and Acuity Scale (Canadá); c) MTS – Manchester Triage System (Reino Unido); d) ESI – Emergency Severity Index (EUA); e 15 e) MAT – Model Andorra de Triajte (Espanha). Nas unidades de urgência e emergência do Brasil, utiliza-se com maior frequência o MTS – Manchester Triage System, o qual será abordado mais detalhadamente ao longo do capítulo. ACOLHIMENTO “O acolhimento é um arranjo tecnológico que visa garantir acesso aos usuários com o objetivo de escutá-los, resolver os problemas mais simples ou encaminhá-los para os serviços de referência, quando necessário” (CARVALHO & CAMPOS, 2000, p.16). O profissional enfermeiro tem a função de observar o paciente de maneira integral, isto é, não levar em conta somente as suas queixas patológicas, mas também os sinais que ainda estão subjetivos no mesmo e precisam ser descobertos, isso se dará através da avaliação profunda e da escuta que é parte essencial no processo de acolhimento. O acolhimento como ação técnico-assistencial possibilita que se analise o processo de trabalho em saúde com foco nas relações e pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e sua rede social, profissional/profissional, mediante parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, levando ao reconhecimento do usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde. (BRASIL, 2010, p.18). Para que o acolhimento aconteça de maneira eficaz, têm se a necessidade que toda a equipe participe, trabalhando de uma forma humanizada, transmitindo ao paciente segurança e também confiança na equipe que está ao seu lado no momento 16 da doença, fazendo com que a relação entre os envolvidos (paciente e profissional) aconteça de fato. (SCHIMITH & LIMA, 2004). O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética; não pressupõe hora ou profissional específico para fazêlo, mas implica necessariamente compartilhamento de saberes, angústias e invenções; quem acolhe toma para si a responsabilidade de “abrigar e agasalhar” outrem em suas demandas, com a resolutividade necessária para o caso em questão. (BRASIL 2009, p. 17) O acolhimento proporciona o vínculo entre o profissional e o usuário, estreitando a relação entre os mesmos, o que faz com que a assistência seja ainda melhor e que a mesma deixe de ser médico - centrista para que passe a ser realizada por uma equipe multiprofissional, tendo o enfermeiro função essencial nesse processo de acolher. Segundo Campos (1997), o acolhimento proporciona ao profissional e o paciente um vínculo, o que faz com que o atendimento melhore muito, pois o mesmo participa ativamente do seu processo de curar, expondo queixas que talvez se não houvesse o acolhimento o profissional não conseguiria captar. O SUS tem como princípios doutrinários a universalidade, a equidade e integralidade, onde representam respectivamente o acesso à saúde que é universal, ou seja, direito de todos os usuários; tratar desigualmente os desiguais, atendendo conforme as suas necessidades e por fim olhar o indivíduo de forma integral, isto é, como um todo (BRASIL, 1990). O SUS também exige que o atendimento seja humanizado e o acolhimento é parte principal da humanização, pois trata o paciente de maneira integral de acordo com as suas necessidades, busca escutar o paciente para que haja a melhor e mais 17 rápida resolução de seus problemas com os recursos disponíveis pelo sistema (BRASIL, 1990). O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão favorece uma relação de confiança e compromisso entre equipes e serviços. (BRASIL, 2009). O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. (BRASIL, 2010). Faz parte do processo de acolhimento, incluir o usuário independente de sua queixa, seja ela subjetiva ou não, seja de atendimento imediato ou não. Não se deve negar atendimento, portanto dependendo do caso faz-se necessário encaminhar o paciente a outros serviços e orientá-lo para o mesmo. Acolhimento na classificação de risco Em consequência da superlotação nas urgências e emergências do país e levando em conta a demora no atendimento ao usuário desse serviço, muitos pacientes passam horas à espera de um atendimento nas unidades e muitas vezes os usuários têm em seu quadro clínico uma significativa piora, resultante do tempo em que se espera para o atendimento. Com base nesses problemas, o Ministro da Saúde no uso de suas atribuições legais resolve normatizar, organizar e regulamentar os serviços de urgência e emergência através da Portaria de n° 2048, de 5 de novembro de 2002, para garantir atendimento de qualidade e o acolhimento e dentre eles o Sistema de Classificação de Risco. 18 A assistência às urgências se dá, ainda hoje, predominantemente nos “serviços” que funcionam exclusivamente para este fim – os tradicionais prontos- socorros – estando estes adequadamente estruturados e equipados ou não. Abertos nas 24 horas do dia, estes serviços acabam por funcionar como “porta-de-entrada” do sistema de saúde, acolhendo pacientes de urgência propriamente dita, pacientes com quadros percebidos como urgências, pacientes desgarrados da atenção primária e especializada e as urgências sociais. (BRASIL, 2002. Portaria 2048, art. 6) O sistema de classificação de risco vem para melhorar o atendimento dos usuários,transformando a forma e a sequência dos atendimentos que antes eram por ordem de chegada à unidade de atendimento, e hoje, o paciente é atendido de acordo com a complexidade do seu caso, evitando assim agravos ainda maiores no quadro clínico do indivíduo. A Classificação de Risco correspondente a priorização do atendimento em Serviços e situações de Urgência/Emergência como um processo complexo, que demanda competência técnica e científica em sua execução, está regulamentada pela Resolução Cofen 423/2012, que normatiza no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, a participação do Enfermeiro na atividade de Classificação de Riscos. (COFEN, 2012). A classificação de risco só pode ser realizada por profissional de nível superior, onde quem tem assumido esse papel é o profissional enfermeiro. Para tanto, ele necessita ter conhecimentos técnicos e científicos para realizar a classificação de maneira correta. O Processo de Classificação é a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um processo de escuta 19 qualificada e tomada de decisão baseada em protocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do enfermeiro. (SERVIN et al, s.d., p.6) O profissional enfermeiro tem se capacitado para exercer essa função, participando de treinamentos que direciona as ações do sistema de classificação de risco, fazendo com que, assim, o atendimento seja ágil. (COFEN, 2011). Ele é o profissional indicado pelo Ministério da Saúde para realizar esse serviço. O objetivo do sistema de classificação além de organizar e agilizar o atendimento também proporciona ao usuário um tratamento humanizado, através do acolhimento, que é de extrema importância na classificação de risco, pois mostra ao paciente por que ele não vai ser atendido naquele momento, mas que será atendido ou até mesmo encaminhado para alguma unidade da atenção primária. A enfermagem tem respaldo para “realizar o acolhimento e a classificação de risco dos pacientes em qualquer unidade de saúde, seja em caráter hospitalar, pré- hospitalar na urgência ou da atenção básica”. (COFEN, 2015, p. 9). Essa função só é permitida à profissionais de nível superior, sendo assim, cabe somente ao enfermeiro a realização deste serviço na equipe de enfermagem. Se antes o paciente esperava horas para ser atendido sem nenhuma informação, com o acolhimento o atendimento é organizado de forma que otimizada e o paciente é avaliado pelo profissional enfermeiro, tentando mantêlo mais tranquilo na espera para o atendimento médico. O acolhimento não pode ser um ato apenas de educação do profissional para com o usuário, ou somente um ato de bondade vindo do profissional, mas sim uma ação que deve ser humanizada deixando claro de que se trata de uma relação de confiança sim, mas de profissional para usuário. 20 O atendimento assim permite que o paciente seja atendido por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar elevando a qualidade do mesmo, e por fim o usuário sai mais satisfeito da unidade. O Protocolo de Classificação de Risco “é uma ferramenta de inclusão, ou seja, não tem como objetivo negar atendimento médico, mas sim organizar e garantir o atendimento a todos, segundo as necessidades”. (COFEN, 2011, p.3). O protocolo fez com que a prioridade seja o agravo que o paciente apresenta e não a ordem de chegada dos mesmos. Classificar não significa não atender o paciente, mas observar qual a real necessidade do mesmo em ser atendido naquele momento e naquele lugar, além de identificar qual será o melhor atendimento na urgência ou se convém encaminhá-lo para uma unidade básica de saúde. A instituição deve “estabelecer protocolos, normas e rotinas, fluxo de atendimento, partindo da proposta multidisciplinar, promovendo, inclusive, a capacitação e treinamento periódicos para a equipe de enfermagem”. (COFEN, 2015, p.7) A superlotação nas unidades de urgências e emergência é resultado também da cultura do país. Muitos pacientes não possuem conhecimento sobre as definições básicas como, por exemplo, as de urgência e emergência, confundindo as mesmas. Os protocolos de classificação de risco são instrumento que sistematizam a avaliação e que vem constituir o respaldo legal para as condutas tomadas pela enfermagem. (LOPES, 2011) Nos protocolos, é estabelecido tempo de espera para cada classificação do agravo do paciente, tendo um tempo limite baseado no que está firmado em protocolo. 21 É necessário que a avaliação seja feita periodicamente para observar se o tempo de espera estabelecido não foi ultrapassado, ou se a classificação mudou, pois, o paciente devido a uma piora no momento da espera. (BRASIL, 2009) O foco do sistema de classificação é a melhora no atendimento ao paciente garantindo, para o mesmo, que ele será atendido de acordo com sua necessidade, no tempo correspondente ao protocolo, prevenindo assim que o usuário tenha um agravamento do seu quadro clínico. O processo de RAC (Recepção, Acolhimento e Classificação) deve ser dinâmico, contínuo e deve incluir atividades que tranquilizam o usuário e seus familiares, trazendo-lhes apoio emocional e segurança. As informações claras sobre tempo de espera e zona de destino de cada paciente e a orientação do fluxo, onde o mais grave é priorizado em relação ao menos grave, geram confiança no sistema. (ALBINO, GROSSEMAN & RIGGENBACH, 2007, p.71). PROTOCOLO DE MANCHESTER O Sistema de Triagem Manchester (STM), foi implementado em Manchester, na Inglaterra, em 1997, com objetivo de estabelecer um tempo de espera pela atenção médica dos usuários das unidades de urgência e emergência, e atualmente tem sido utilizado em outros países da Europa como Espanha e Holanda, além de países do Reino Unido. Além de ser internacionalmente conhecido, o STM apresenta vantagens na sua utilização, como a sua confiabilidade e validade, colaborando para que este protocolo 22 de triagem tenha sido adotado com sucesso em diferentes sistemas de saúde. (ALBINO, GROSSEMAN & RIGGENBACH, 2010, p.1) No Brasil, o STM foi implementado em 2008 como parte da política de saúde do estado de Minas Gerais, e sua adoção foi reforçada pelo Plano Nacional de Humanização que impulsionou a organização nos sistemas de urgência. Tendo em vista a necessidade de manter um padrão internacional, além de realizar adaptações, revisões e auditorias do STM, foi constituído o Grupo Brasileiro de Classificação de Risco. Desde então, a implementação do protocolo de Manchester vem se fortalecendo, alcançando outras unidades de emergência nos demais estados do país. (GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO, 2010) Segundo Albino, Grosseman e Riggenbach (2010), como nas outras escalas de triagem, o STM possui cinco categorias ou níveis. Para cada categoria é atribuído uma cor e tempo-alvo desejável até o primeiro atendimento médico, como mostrado a seguir: Figura 1: Classificação de Risco 23 Fonte: PORTAL DA ENFERMAGEM, 2011. O STM também prevê que pode ocorrer o agravamento da situação clínica do paciente durante a espera pela avaliação médica, por isso a prioridade de atendimento pode ser alterada por uma segunda avaliação. O estabelecimento da prioridade de atendimento é feito a partir da queixa do paciente que segue 52 fluxogramas para os diferentes problemas apresentados. Os fluxogramas são constituídos por discriminadores, que podem ser classificados como gerais e específicos. (GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO, 2010) Discriminadores são os sinais e sintomas que fazem a diferenciação entre as prioridades possíveis, estabelecendo a ordem de atendimento de acordo com suas 24 gravidades.Os discriminadores gerais são aqueles aplicados a todos os doentes e independem das suas condições clínicas como por exemplo: risco iminente morte, dor, presença de hemorragia, estado de consciência e temperatura. Os discriminadores específicos são aplicados individualmente e de forma específica, relacionados com as características da condição clínica apresentada pelo paciente. (COUTINHO, CECILIO, MOTA, 2012, p.188) De acordo com Coutinho, Cecílio e Mota (2012), é importante frisar que a triagem feita através do uso do STM é um processo dinâmico, e pode ser necessária uma reavaliação da prioridade clínica durante o tempo de espera do paciente pelo atendimento médico independente da gravidade pré-estabelecida pela utilização dos fluxogramas. A implantação do Protocolo de Manchester permite que os atendimentos sejam realizados com mais eficiência, já que, em se tratando de saúde, tempo pode representar a diferença entre salvar uma vida e perder um paciente. O sistema prevê uma organização adequada das prioridades, pode-se encaminhar pacientes para outras unidades medicas, de maneira que a demanda pode ser compartilhada entre as unidade medicas próximas, com diminuição do risco clínico. (GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO, 2010, p.1) ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO A atuação do enfermeiro no acolhimento “ultrapassa dos conhecimentos técnicos científicos à capacidade de liderança, ao mesmo tempo em que desenvolve o senso crítico para avaliar, ordenar e cuidar”. (ALBINO, GROSSEMAN, RIGGENBACH, 2010, p.72). 25 No Brasil, o papel do enfermeiro no acolhimento com classificação de risco está previsto nas portarias do Ministério da Saúde que regulamentam os serviços de urgência e emergência. (CAVALCANTE, RATES & SILVA, 2012) Para Coutinho, Cecílio e Mota (2012), nos serviços hospitalares de atenção à urgência e emergência, a atuação do enfermeiro envolve especificidades e articulações indispensáveis a gerencia do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que requerem aprimoramento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva aos familiares pelo impacto inesperado de uma situação que coloca em risco a vida de um ente querido. No protocolo de Manchester o enfermeiro realiza o acolhimento dos pacientes e sua classificação dentro de uma prioridade clínica como nos demais protocolos, e também é responsável pela atribuição correta das prioridades e o reconhecimento do risco de deterioração do estado dos pacientes. (GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO, 2010) O enfermeiro pode ser considerado o profissional de saúde que mais domina métodos como planejamento, tomada de decisão, supervisão e auditoria, empregados no processo de gerenciamento. O desenvolvimento destas e outras competências gerenciais por parte dos enfermeiros dos serviços de urgência facilitam seu envolvimento com a organização dos processos de trabalho relacionados e a viabilização da classificação de risco. Para a tomada de decisão, o enfermeiro pode utilizar guias e protocolos como suporte e clínica e suporte ao enfermeiro, a fim de qualificar a classificação de risco. (ACOSTA, DURO & LIMA, 2012, p. 190) Segundo Mackaway-Jones (2010), o enfermeiro tem outras atividades previstas no STM, como a prestação dos primeiros atendimentos em casos de reanimação, administração de alguns medicamentos, conforme o protocolo individual 26 de cada hospital, prestar informações sobre encaminhamentos do serviço, o direcionamento para especialidades conforme as conexões do serviço de emergência e a administração da sala de espera. Segundo a resolução COFEN (2009), 423/2012 1° parágrafo diz que no Art. 1° no âmbito da equipe de enfermagem, a classificação de risco e a priorização da assistência em serviços de urgência e emergência é privativa do enfermeiro observadas as disposições legais da profissão. Os profissionais de enfermagem que atendem em emergências necessitam de capacitação específica, além disso, esse profissional necessita de autocontrole e disposição para atender o usuário nessa unidade. (ZEMKKS, MONTEZELI & PERES, 2012) Segundo Souza (2010), a função do enfermeiro vem se destacando das demais por sua autonomia nas tomadas de decisões, na capacidade de avaliar, ordenar e cuidar, tendo como meta o acolhimento e a satisfação do usuário, garantindo a assistência resolutiva e o comprometimento do bem-estar da equipe e do usuário. No modelo de Acolhimento com classificação de risco, protocolos contribuem para que haja um aumento na resolutividade do enfermeiro frente à assistência, favorecendo o fluxo dos usuários, há uma otimização tanto de tempo quanto de rendimento no trabalho do enfermeiro, que pode avaliar clinicamente utilizando todo seu potencial à assistência (ZEMKKS, MONTEZELI & PERES, 2012, p. 49). O enfermeiro exerce uma autonomia que ele tem de decidir sobre o seu trabalho com exercício pleno do saber-fazer durante a assistência. Para a execução desta avaliação, o Ministério da Saúde designa o enfermeiro, propondo a utilização de um fluxograma de atendimento para incentivar este profissional a uma reflexão profunda sobre o processo de trabalho em questão. 27 Nesse sentido, o trabalho do enfermeiro na classificação de risco também é influenciado por aspectos sociais e pelo contexto de vida em que o usuário se encontra. (ACOSTA, DURO & LIMA, 2012, p. 183). O enfermeiro que atua na triagem é um profissional capacitado para a função, pois a sua formação é enfatizada na valorização das necessidades do paciente, não só as biológicas, como também, as sociais e psicológicas. O enfermeiro deve estar preparado para classificar e, se necessário, reclassificar a prioridade de atendimento do usuário ao longo do período de espera. Para isso, a avaliação do enfermeiro deve ser cíclica, ou seja, requer contínuo planejamento e reavaliações dos usuários. (ACOSTA, DURO & LIMA, 2012, p. 183) Com isso pode-se evidenciar que o enfermeiro é o primeiro contato da equipe de emergência com o paciente, então cabe a ele orientar e coletar as informações necessárias para que, assim faça a classificação de risco corretamente. Algumas sugestões e reflexões sobre a implantação do acolhimento e da classificação de risco nos serviços de urgência Levando em consideração que o acolhimento com Classificação de risco é um dispositivo de melhoria da qualidade dos serviços de urgência que permite e instiga diversas mudanças nas práticas e que é um importante instrumento na construção de redes de atenção, sugerimos que sua implementação no sistema de Urgência do sUs contemple algumas etapas que poderão favorecer a participação e o envolvimento dos gestores, trabalhadores e usuários, garantindo maior legitimidade e perenidade ao processo: 28 1. sensibilização dos gestores, gerentes, chefes, dirigentes, demais trabalhadores e usuários dos sistemas de urgência e emergência e atenção hospitalar, em todos os níveis de atenção e gestão locais, por meio de encontros amplos e abertos, para construir a adesão ao processo de acolhimento com Classificação de risco e de Construção de redes; 2. realização de oficinas de trabalho para implementação do acolhimento com Classificação de risco, direcionadas aos trabalhadores de todas as áreas direta ou indiretamente envolvidas com o serviço de urgência nas unidades hospitalares e não hospitalares; 3. realização de capacitação específica da enfermagem para a utilização do protocolo de classificação de risco; 4. acompanhamento, monitoramento e avaliação sistemáticas das ações para melhorias e correções de rumo que se façam necessárias. Além disso, a implementação do acolhimento com Classificação de risco pode ser potencializada pela adoção das seguintes iniciativas: 5. elaboração de um “Manual de informações sobre o sUs Local”, atualizado sistematicamente,que servirá de apoio aos profissionais que orientam os fluxos entre serviços diversos; 6. Capacitação técnica - incluindo suporte básico e suporte avançado de vida - para todos os profissionais que atuam na urgência, inclusive aqueles que não são profissionais de saúde estritamente (assistentes sociais, administrativos, porteiros e outros). Nas unidades de atendimento às urgências, as oficinas de trabalho devem ter os seguintes objetivos: 29 • Compreender a articulação entre o dispositivo de acolhimento com classificação de risco e os princípios e diretrizes do sus; • Refletir sobre a organização do processo de trabalho e o trabalho em equipe; • Apreender o conceito de acolhimento nas dimensões relacional, técnica, clínica e de cidadania; • Promover a apropriação das tecnologias de classificação de risco; • Elaborar propostas para a implementação do acolhimento com classificação de risco nos serviços e para a construção de redes que garantam a continuidade do cuidado em saúde; • Envolver as equipes e gerentes dos serviços no processo de reflexão crítica sobre as práticas. Neste sentido, é importante a montagem de grupos multiprofissionais com a participação dos profissionais que atuam diretamente na área de urgência (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal administrativo, psicólogos, assistentes sociais, entre outros), dos gestores e gerentes da área de urgência, assim como dos gestores e técnicos implicados nas áreas que têm interface direta com o serviço de urgência: gestão de pessoal, áreas de apoio, regulação, representação da rede externa. Nos serviços de urgência, onde as equipes trabalham na maior parte das vezes em regime de plantão, é indispensável a construção de estratégias de mobilização, de cronograma de rodas de conversa com a equipe multidisciplinar a serem realizadas em diversos horários diurnos e noturnos, visando à coletivização da análise e a produção de estratégias conjuntas para o enfrentamento dos problemas. 30 Apresentamos a seguir alguns exemplos de questões a serem consideradas e analisadas pelo grupo nas rodas: Acesso e caracterização da demanda do serviço • Como acontece o acesso do usuário ao atendimento em seu serviço? • Quem procura o serviço? • Quem encaminha para o serviço, e como são esses encaminhamentos? • O que se configura como necessidade de atendimento no serviço? Fluxos e critérios adotados para a organização da atenção ao usuário • Ao chegar à unidade a quem/para onde o usuário se dirige? Quem o recebe? De que modo? • Qual o caminho que o usuário faz até ser atendido? • Como você percebe a escuta à demanda do usuário? • Como se dá o acolhimento no serviço? • O processo de trabalho está organizado de forma a possibilitar o acolhimento? Por quê? • Quem define quem será atendido? Quem não é atendido e por quê? • Que tipos de agravo à saúde são imediatamente atendidos? • Em quanto tempo? O que os define como prioritários? • Há em seu serviço uma ordenação do atendimento? Qual? • O serviço adota critérios de classificação de cisco? Como está esse processo? • Qual a resolutividade do serviço? Relações de trabalho, espaços de troca, ambiência, relações com usuários e familiares 31 • Como são compostas as equipes de atendimento em sua unidade? Por grupo-classe profissional? • Há trabalho de equipe multiprofissional? Em que setores? • Há reuniões ordinárias? Qual a periodicidade? Qual é a composição do grupo? • Quais as maiores dificuldades encontradas no funcionamento por grupo- classe ou equipe multiprofissional? • Como se dão as relações de trabalho entre as pessoas da equipe e destas com os usuários e familiares? • Existem espaços de discussão sobre os processos de trabalho entre gerentes e trabalhadores? • Como são tomadas as decisões em sua unidade? Pelas chefias, pelo gestor geral da unidade, por colegiados? • Como é seu ambiente de trabalho? • Como se dá a participação dos trabalhadores e usuários nos processos de mudança do espaço de trabalho? • Como é o ambiente e no que ele interfere nas práticas de acolhimento? (conforto, privacidade, informação, sinalização). • Em que medida a ambiência tem contribuído para a promoção do acolhimento com Classificação de risco? • Existem formas e canais de comunicação com os usuários? Quais? • Do que e como a rede social do usuário é informada? Que profissionais participam desse processo? Relações com outros serviços, internos e externos 32 • Quais são as responsabilidades das portas de urgência no SUS na sua cidade/região/estado? • Como a porta da urgência do seu serviço se relaciona com os outros serviços do sistema de saúde (hospitais, atenção Básica, samu, Pronto atendimentos, Caps, etc.)? • Como a unidade de urgência se relaciona com as demais unidades do hospital (Uti, enfermarias, serviços de apoio, transporte, etc.)? • Como é feito o encaminhamento dos casos não atendidos na unidade? Quem responde por eles? • Há articulação com a rede de serviços de saúde (sistema de referência/contrarreferência)? Como funciona? 33 REFERÊNCIAS ABREU, JG et al. Dificuldades encontradas pelos profissionais de saúde à implementação da classificação de risco no setor de urgência e emergência. Revista Interdisciplinar de Saúde. V. 3, n. 1, p. 209-22. Jan/mar. 2016. Disponível em < http://www.interdisciplinaremsaude.com.br/Volume_9/Trabalho_12.pdf> Acesso em 15 de setembro de 2016. ACOSTA, AM; DURO, CLM; LIMA, MADS. Atividades do enfermeiro nos sistemas de triagem/classificação de risco nos serviços de urgência: revisão integrativa. Revista Gaúcha de Enferm. 2012. ALBINO, RM; GROSSEMAN, S; RIGGENBACH, V. Classificação de risco: uma necessidade inadiável em um serviço de emergência de qualidade. Arquivo Catarinense de Medicina 2010. ANDRADE, LM; CAETANO, JF; SOARES, E. Percepção das enfermeiras sobre a unidade de emergência. Rev RENE. Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 91-97, jan/jul.2000. AZEVEDO, ALCS et al. Organização de serviços de emergência hospitalar: uma revisão integrativa de pesquisas. Rev. Eletr. Enf. Goiânia, v. 12, n. 4, p. 736-45, out/dez. 2010. BARROS, AJS; LEHFELD, NAS. Fundamentos de metodologia científica: um guia básico para a iniciação científica. 4. ed. amp. São Paulo: Makron Books do Brasil, 2006 Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. Proposta de regulação da porta de entrada das unidades de urgência e emergência de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: SMSA; 2002. BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. ANVISA Publicações Eletrônicas. 2002. ______. Conselho Regional de Enfermagem. História da Enfermagem: As práticas de saúde ao longo da história e o desenvolvimento das práticas de enfermagem. 2016. Disponível em <inter.coren-sp.gov.br/node/34635>. Acesso em 10 de outubro de 2016. 34 ______. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen 423/2012 1° parágrafo, Art. 1, 2009. ______. Conselho Regional de Enfermagem. Classificação de Risco. Disponível em <www.coren-sp.gov.br/sites/default/files/03-classificacao-derisco.pdf>. Acessado em 22 de maio de 2016. ______. Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p. 18055. ______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. 3ª ed. ampl. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 2009. p.256, série E. Legislação de Saúde. ______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Urgência e Emergência: sistemas estaduais de referência hospitalar para o atendimento deurgência e emergência. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 28 p. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Política nacional de humanização da atenção e gestão do SUS. p.10,17,45. Brasília: MS; 2009. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Política nacional de humanização da atenção e gestão do SUS. Brasília: Reimpressão MS. 2010. ______. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n.º 2048, de 5 de novembro de 2002. Brasília, 2002. _______. Organização e Gestão de Urgências: Triagem de Urgências. Brasília, junho, 2011. BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 12 ed. Rio de Janeiro/RJ: Guanabara, 2009, v.2, p.400-404. CAMPOS, GWS. Considerações sobre a arte e a ciência da mudança: revolução das coisas e reforma das pessoas. O caso da saúde. In: Cecilio LCO, organizador. Inventando a mudança na saúde. 2 ed. São Paulo: Editora Hucitec; 1997. p. 29-87. CARVALHO, SR; CAMPOS, GWS. Modelos de atenção à saúde: a organização de equipes de referência na rede básica da Secretaria Municipal de Saúde de Betim, Minas Gerais. Cad Saúde Pública. 2008, p. 507-15. CAVALCANTE, RB et al. Acolhimento com classificação de risco: proposta de humanização nos serviços de urgência. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro RECOM. 2012. 35 CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. COFEN. Resolução COFEN Nº 423/2012. Normatiza, no âmbito do sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, a participação do enfermeiro na atividade de classificação de riscos. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA.COREN PARECER COREN/SC Nº 009/CT/2015/PT. Acolhimento na classificação de Risco. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS 1 PARECER TÉCNICO Nº. 136 / 2011. Competência do enfermeiro para realizar a Classificação de Risco nos diversos pontos de atenção à saúde da população. COREN. Conselho Regional de Enfermagem. 2013. Quais as devidas funções do enfermeiro, do técnico de enfermagem e do auxiliar enfermagem e quais as diferenças entre cada categoria? Disponível em:< http://mt.corens.portalcofen.gov.br/diferenca- entre-categorias_698.html>. Acesso em: 20 de Julho de 2016. COSTA, AF; ARAÚJO, DV; BARROS, WCTS. O trabalho do enfermeiro no setor de urgência e emergência hospitalar. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Valedo Paraíba/PB. Out. 2008. COUTINHO, AAP; CECÍLIO, LCO; MOTA, JAC. Classificação de risco em serviços de emergência: uma discussão da literatura sobre o sistema de triagem de Manchester. Revista Médica de Minas Gerais. 2012. Disponível em: < http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/101>. Acesso em 21 de maio de 2016. DALLARI, SG et al. Atendimento médico de urgência na Grande São Paulo. Saúde e Sociedade. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 75-99, 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v10n2/06.pdf>. Acesso em 26 de julho de 2016. DIEHL, AA. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2010. DOOLEY, LM. Estudo de caso pesquisa e teoria building. Revista Avanços no Desenvolvimento de Recursos Humanos. 6 ed. Rio de Janeiro p.335354. 2010. FEIJÓ, VBER, Acolhimento com avaliação e classificação de risco: análise da demanda atendida no pronto-socorro de um hospital escola. 2010. 112 p. Programa de Mestrado em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. Disponível em: <HTTPS://www.uel.br/pos/saudecoletiva/Mestrado/diss/113.pdf> Acesso em 15 de setembro de 2016. FERREIRA, ABH. Dicionário da língua portuguesa. 5 ed. Curitiba: Positivo, 2010. 2222 p. ISBN 978-85-385-4198-1. 36 FINCKE, MK.; WARNER, CG. Enfermagem de emergência: a viga mestre do departamento de emergência. Warner CG. Enfermagem em emergências. 2 ed. São Paulo: Interamericana, p. 32-7, 1980. GALVÃO, M, WEHBE, GC. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto/SP, v. 9, n. 2, Mar./Abr. 2006. GIL, AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo/SP: Atlas, 2008. p. 60. GOMES, AL. Emergência: planejamento e organização da unidade. Assistência de enfermagem. São Paulo (SP): Pedagógica e Universitária, 1994. GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO. Sistema Manchester de Classificação de Risco. Classificação de Risco na Urgência e Emergência. 1 ed. Brasil, 2010. Disponível em < http://gbcr.org.br/>. Acesso em 21 de Maio de 2016. Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Cafelândia. História da fundação da Santa Casa de Misericórdia de Cafelândia. JONES, DL et al. Heart disease and stroke statistcs. Circulation. Dallas, TX. Fev. 2010. Disponível em: <cir.ahajournals.org/content/121/7/e46.short> Acesso em 20 de junho de 2016. KURCGANT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2008. LOPES, JB. Enfermeiro na Classificação de Risco em Serviço de Emergência: revisão integrativa. 2011(Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Disponível em < https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/37529/000822594.pdf?seque nce=1> Acesso em 02 de julho de 2016. MANZINI, EJ. Formas de raciocínio apresentadas por adolescentes deficientes mentais: um estudo através.de interações verbais. Tese (doutorado). Instituto de Psicologia da USP, São Paulo, 2008. MEIHY, JCSB. História Oral e Tempo Presente. (Re)introduzindo história oral no Brasil. São Paulo: Ed. Xamã, 2008 NASCIMENTO, ERP. et al. Classificação de risco na emergência: Avaliação da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem da UERJ, v.1, n.19, p. 84-8, Jan/Mar 2011. NONNENMACHER, CL; WEILLER, TH; OLIVEIRA, SG. Opiniões de usuários de saúde sobre o acolhimento com classificação de risco. Rev. Eletr. Enf. v. 14, n. 3, p. 541-9. Jul/set. 2012. 37 OLIVEIRA, DA; GUIMARÃES, JP. A importância do acolhimento com classificação de risco nos serviços de emergência. Caderno de Saúde e Desenvolvimento, v. 2, n. 2, p. 25-41. Jan/jun. 2013. OLIVEIRA, MLF de; SCOCHI, MJ. Determinantes da utilização dos serviços de urgência/emergência em Maringá (PR). Ciência, Cuidado e Saúde. v. 1, n. 1, p. 129- 134, 2008. PAL, DD; LAUTERT,L. Sofrimento no trabalho de Enfermagem:Reflexos do “discurso vazio” no acolhimento com classificação de risco. Esc Anna Nery. 2011. Jul/set, v. 15, n. 3, p. 524-530. SANTOS, FL; ANDREOTI, MT. A caracterização da demanda do setor de urgência e emergência: a ótica dos usuários e profissionais de enfermagem. Monografia. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins, 2014. SANTOS, NCM. Urgência e emergência para enfermagem – Do atendimento pré- hospitalar à sala de emergência. 5 ed. São Paulo/SP: Iátria, 2008. p.17-25. SCHIMITH MD, LIMA, MADS. Acolhimento e Vinculo em uma equipe do Programa Saúde da Família. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. p. 14871494, nov-dez, 2004. SERVIN, et.al. Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco: Sistema único de Saúde (SUS) Hospitais Municipais/ São Luís/ MA. Política Nacional de Humanização – PNH, 2016. SILVA, EL; MENEZES, EM. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2007. SILVA, LG. da; MATSUDA, LM.; WAIDMAN, MAP. A estrutura de um serviço de urgência público na ótica dos trabalhadores: perspectivas da qualidade, 2012, p. 320- 328. SOUZA, RS; BASTOS MAR. Acolhimento com classificação de risco: o processo vivenciado por profissional enfermeiro. Revista Mineira de Enfermagem. REME. vol. 12 n. 4. SOUZA, CC. Grau de concordância de classificação de risco de usuários atendidos em um pronto socorro: dois diferentes protocolos [Tese Mestrado]. Belo Horizonte: 2009. UniversidadeFederal de Minas Gerais.119f. Disponível em:<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/GCPA-83FKCZ>. Acesso em 21 de Maio de 2016. TRIVIÑOS, ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2007. 38 TRUJILLO FERRARI, O. Metodologia do Trabalho Cientifico. 5 ed. São Paulo, 2007. ZEMKKS, MONTEZELI JH, PERES AM. Acolhimento com classificação de risco: concepção de enfermeiros de um pronto atendimento. Revista de Regional de Enfermagem do Nordeste REVRENE. 2012. Disponível em: <http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/11965/1/2012_art_kkszem.pdf> . acesso em 21 de maio de 2016. YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman. 2007. YURI, NE; TRONCHIN, DMR. Qualidade assistencial na Divisão de enfermagem Materno-Infantil de um Hospital Universitário na ótica dos enfermeiros. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 44, n. 2, p. 332, 2010. 39
Compartilhar