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Competências para a Vida

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Competências para a 
Vida 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos uma época de ampla exposição a telas e formas de interação que 
modificaram nossa forma de nos relacionar. Por um lado, a tecnologia nos permitiu 
avançarmos em conectividade, por outro, permanecemos com as mesmas 
necessidades e respostas emocionais de nossos ancestrais de 70 mil anos atrás, 
nem sempre compatíveis com nossa experiência. Acima de tudo, somos seres 
sociais e organizamos a realidade a partir da interação com outras pessoas. 
Nesta aula, vamos compreender as rotas evolutivas de nossas emoções, 
especialmente medo, raiva e tristeza, e como o cérebro emocional trabalha para 
garantir nossa sobrevivência e promover comportamentos adaptativos. 
Falaremos da resposta luta-fuga e da síndrome geral de adaptação, entendendo a 
relação entre nossas emoções e nosso corpo físico. Ao final, esperamos que você 
possa ampliar a própria capacidade de percepção de estados emocionais, 
identificando os sentimentos envolvidos e seu impacto na tomada de decisão e 
comportamento. 
--- 
Assimile 
Os assuntos desta aula têm a ver com o tema “gerenciamento de emoções”. Você 
sabe o que é isso? O gerenciamento de emoções diz respeito a competências 
emocionais intra e interpessoais e nos permite lidar com estados emocionais 
positivos e negativos, de forma construtiva e positiva, possibilitando maior 
abertura à experiência, ao acolhimento afetivo e ao bem-estar, além de favorecer 
processos de desenvolvimento e relacionamentos. Desejamos que o conteúdo a ser 
apresentado contribua para que você saiba como gerir suas emoções. 
--- 
 Bons estudos! 
 
Reação – luta-fuga 
 
Do conceito – resposta: luta-fuga e estresse 
Nossas emoções negativas são provenientes de uma necessidade de sobrevivência; 
tudo nasceu com a resposta luta-fuga, que nos prepara para ameaças iminentes. 
A resposta luta-fuga, também conhecida como resposta ao estresse agudo, 
representa as escolhas que nossos ancestrais tiveram de fazer quando 
confrontados com o perigo em seu ambiente: lutar ou fugir. Em ambos os casos, a 
resposta fisiológica e psicológica ao estresse prepara o corpo para reagir ao perigo, 
sendo liberados hormônios que preparam o corpo para confrontar a ameaça ou 
fugir para um local seguro. 
Mais especificamente, o sistema nervoso simpático estimula as glândulas adrenais, 
desencadeando a liberação de adrenalina e noradrenalina, que provoca aumento 
na frequência cardíaca, pressão arterial e frequência respiratória. A resposta de 
lutar ou fugir pode acontecer diante de um perigo físico iminente (como encontrar 
um cachorro rosnando no meio da rua) ou como resultado de uma ameaça 
psicológica (como se preparar para fazer uma apresentação importante na 
faculdade ou no trabalho). 
A resposta luta-fuga pode ocorrer como “alarme”, conhecido como parte do 
primeiro estágio da síndrome geral de adaptação, um padrão específico de 
resposta comportamental proposto por Hans Selye, em 1936, e que ajuda a 
explicar o efeito do estresse no corpo humano. De acordo com a teoria (Figura 1 a 
seguir), existem três fases sucessivas de resposta diante de um evento estressor: 
alerta, resistência e exaustão: 
• Fase de alerta: ocorre quando o indivíduo entra em contato com o agente 
estressor e o seu corpo perde o equilíbrio. Alguns sintomas possíveis são 
dores no estômago (acidez estomacal), aumento de sudorese, tensão nos 
ombros, insônia, mudança de apetite. 
• Fase de resistência: nessa fase, o corpo busca voltar ao equilíbrio. Há um 
aumento de liberação de cortisol e tem-se impressão de controles 
esporádicos. Alguns sintomas possíveis podem ser cansaço constante, 
problemas dermatológicos, problemas com memória, gastrite prolongada, 
tonturas, sensibilidade emotiva excessiva e obsessão pelo agente estressor. 
• Fase de exaustão: na última fase, podem ocorrer diversos 
comprometimentos físicos em forma de doença. Alguns sintomas podem 
ser: diarreias frequentes, tiques nervosos, problemas dermatológicos 
prolongados, tonturas frequentes, úlcera, impossibilidade de trabalhar, 
taquicardia, insônia prolongada, formigamento nas extremidades. 
Após a fase de exaustão, podem se instalar no organismo diversas doenças 
crônicas, como úlceras, hipertensão arterial, artrites e lesões miocárdicas. 
Figura 1 | Síndrome geral de adaptação. Fonte: adaptada de Healthline (2018). 
A resposta ao estresse é um dos principais tópicos estudados na psicologia da 
saúde e comportamento humano. A compreensão de nossas rotas emocionais e 
seus efeitos no corpo nos permite encontrar maneiras de combater o estresse em 
direção a uma vida mais saudável e produtiva. Nesse sentido, compreender a 
resposta natural de luta ou fuga do corpo é uma maneira de ajudar a lidar com 
situações estressantes em nossa vida. 
A tecnologia e o cérebro humano 
 
As últimas quatro décadas trouxeram uma explosão de inovações tecnológicas. Na 
década de 1980, comemoramos a linha telefônica disponível em residências; já na 
virada do milênio, tivemos computadores individuais; e nas últimas décadas, cada 
pessoa vem carregando consigo um computador com seus e-mails, vídeos 
preferidos, programação da própria dieta, conta bancária e tantas outras 
funcionalidades de aplicativos de celular. 
 Sem dúvida, como sociedade, avançamos muito na acessibilidade de informações 
que nos são interessantes, no entanto, um mecanismo permanece o mesmo há 70 
mil anos: nossa capacidade de assimilar, compreender e expressar informações 
emocionais. Sim, nosso cérebro emocional é o mesmo. E isso acarreta uma série de 
dificuldades em nossa relação com nosso mundo interior e as outras pessoas, ou 
seja, provoca-nos desafios à adaptação. 
De acordo com Paul MacLean (1990), a progressão da vida pode ser vista em nosso 
cérebro a partir dos níveis de desenvolvimento que ele possui: reptiliano 
(primitivo ou instintivo), límbico (emocional) e neocórtex (racional). Nossos 
tecidos corticais são mais complexos, lentos, situam-se na periferia do cérebro (ou 
topo) e são responsáveis pelas nossas funções executivas (tomada de decisão, 
raciocínio lógico, memória da linguagem). No centro do cérebro, abaixo do córtex e 
acima do tronco cerebral, fica nossa região subcortical, também conhecida como 
sistema límbico. 
No centro do sistema límbico, no meio do caminho entre nossas orelhas e atrás de 
nossos olhos, está a amígdala cerebral, envolvida, principalmente, no 
processamento de emoções e nas memórias associadas ao medo (Figura 2). Ela é 
peça-chave de como processamos emoções fortes, como medo ou prazer, e 
responsável por disparar a resposta luta-fuga. 
Figura 2 | Amígdala cerebral. Fonte: Goleman (2011, p. 94). 
Podemos não perceber o papel da amigdala em nosso comportamento, no entanto, 
a título de exemplo, se estamos com nossos “sensores de medo” ligados, ficamos 
mais “desconfiados” e “atentos” a qualquer sinal de desaprovação. Isso, por um 
lado, pode servir para nos tornar mais prudentes, por outro, pode tornar 
impossível o ato de confiar nas pessoas. A amígdala é, ainda, capaz de orientar 
nossos pensamentos, atenção e percepção, tornando-nos instintivamente 
vigilantes a estímulos que corroborem nossa ideia inicial de ameaça. 
Além disso, é interessante o mecanismo de contágio emocional que nosso cérebro 
sofre. Quando ficamos encantados com um bebê sorridente ou quando nos 
entristecemos diante de uma pessoa em situação vulnerável, estamos nos 
conectando às outras pessoas, e essa também é uma característica de nossa 
espécie: somos influenciáveis socialmente e necessitamos do contato com outras 
pessoas. Isso ajuda a explicar o fenômeno das redes sociais e seu amplo 
crescimento nas últimas décadas. 
O fato de que podemos desencadear qualquer emoção em outra pessoa – e ela em 
nós – atesta o poderoso mecanismo por meio do qual os sentimentos de uma 
pessoa se espalham para outras. Essescontágios são a principal transação da 
economia emocional, o intercâmbio de sentimentos que acompanha toda interação 
humana, não importa qual seja o tema em questão. (GOLEMAN, 2019, p. 26) 
Para compreendermos as implicações do contágio emocional, é interessante 
falarmos sobre o papel de cada emoção e de como elas eliciam nossos 
comportamentos. 
Das emoções básicas ao 
comportamento 
 
Aprendemos, nesta aula, sobre nosso cérebro emocional e suas respostas 
evolutivas; para finalizar, vamos falar, especificamente, de nossas emoções e de 
como elas eliciam o comportamento e influenciam nossa resposta diante das mais 
diversas situações. Uma emoção é composta de vários elementos; ela passa por 
nossa consciência tão rapidamente que, por vezes, não a percebemos. Existem, 
pelo menos, três elementos em cada emoção: o tipo de pensamento associado a ela; 
a resposta fisiológica que ela gera, e o comportamento que assumimos a partir dela 
(GONZAGA, 2021). 
De acordo com Paul Ekman (2016), temos emoções universais, ou seja, 
compartilhadas por toda a espécie a partir de cinco rotas evolutivas. A 
compreensão de nossas cinco rotas emocionais básicas nos permite saber as bases 
de nosso comportamento: 
• Medo: uma percepção de ameaça real e iminente. 
• Raiva: aponta uma percepção de injustiça, algo que nos bloqueia. 
• Tristeza: provoca nossa resposta diante da perda de algo de valor. 
• Nojo: aponta nossos gostos e preferências pessoais. 
• Alegria: indica percepção de algo de valor. 
Cada uma dessas cinco rotas abre caminho para centenas de estados emocionais 
secundários, como melancolia, ansiedade ou frustração, perceptíveis em nossas 
relações de trabalho. Para cada “família” emocional existem determinadas atitudes, 
e todas as emoções são “úteis” no sentido de que nos trazem informações sobre 
nossa relação com o mundo. No entanto, podemos utilizá-las a nosso favor, de 
maneira construtiva (visando ao bem-estar e a uma melhor relação com a 
realidade) ou destrutiva (quando não nos desvencilhamos dos estados negativos 
ou prejudicamos outras pessoas). 
Vamos, então, compreender alguns comportamentos possíveis para cada uma das 
famílias emocionais, explorando respostas construtivas ou destrutivas a partir de 
exemplos: 
• Ações diante do medo: evitar a ansiedade (medo de uma ameaça 
imaginada) pode ser construtivo, se nos ajudar a fazer uma apresentação 
para uma sala cheia de pessoas, e destrutivo, se nos impedir de confrontar 
nosso difícil relacionamento com nosso chefe. 
• Ações diante da raiva: suprimir nossa frustração pode ser algo 
construtivo, se nos ajudar a evitar discussões, e destrutivo, se estivermos 
magoados por não falarmos por nós mesmos. 
• Ações diante da tristeza: renunciar a sentimentos de desamparo pode ser 
uma ação construtiva para superar um luto intenso, porém destrutiva, se 
não buscarmos apoio quando precisarmos ou se formos vítimas de uma 
positividade tóxica (evitação extrema de sentimentos negativos). 
• Ações diante do nojo: evitar a aversão pode ser algo construtivo para 
superar o preconceito, mas destrutivo se levar a um envolvimento com uma 
pessoa prejudicial. 
• Ações diante da alegria: expressar nossa alegria por um comportamento 
extrovertido e brincalhão pode ser construtivo como meio de compartilhar 
com amigos um final de tarde, mas destrutivo se for em resposta a zombar 
de alguém. 
Com base nesses exemplos, reflita sobre a forma como você lida com as diferentes 
emoções, se de maneira construtiva ou destrutiva, e qual família emocional (medo, 
raiva, tristeza, nojo, alegria) representa um desafio à inteligência emocional. 
Sobre a inteligência emocional e as habilidades que ela traz, trataremos na 
próxima aula. 
Videoaula: Emoções e comportamento 
Meu vídeo não funciona 
Você já reparou como a tecnologia permite que ampliemos nossas conexões com 
outras pessoas, mas, ainda assim, sofremos de ansiedade, tristeza e frustração 
entre tantas emoções? Isso porque, por mais que avancemos tecnologicamente, 
permanecemos com as mesmas necessidades emocionais, a partir de milênios de 
nossa evolução humana. 
Nesta aula, compreendemos de que forma podemos reagir às ameaças reais ou 
imaginárias analisando a resposta luta-fuga e a síndrome geral de adaptação; 
aprendemos um pouco sobre a amígdala cerebral, integrante de nosso sistema 
límbico, e como nossas emoções são a base para o comportamento; por último, 
refletimos sobre respostas construtivas ou destrutivas a partir de nossas emoções 
universais. 
Introdução 
 
Por muito tempo, consideramos inteligência e emoção como áreas de nossa 
cognição e comportamento totalmente distintas e antagônicas. Nos últimos anos, 
no entanto, a pesquisa e a aplicação de técnicas na área de inteligência emocional 
foram ampliadas consideravelmente. Sim, existe uma maneira inteligente de 
lidarmos com nossas emoções! 
Nesta aula, vamos falar, em primeiro lugar, da escola clássica de inteligência 
emocional, conhecida como modelo quadrifatorial ou de aptidões; em seguida, 
vamos conhecer a escola de Harvard de inteligência emocional a partir do modelo 
de competências socioemocionais proposto por Daniel Goleman; por fim, 
esperamos que você reconheça as próprias competências emocionais, conectando-
as com as atividades de seu dia a dia e refletindo sobre sua aplicação nos 
relacionamentos. 
Bons estudos! 
Uma inteligência para as emoções 
 
Demorou muito tempo para que a palavra inteligência se aproximasse de uma 
visão subjetiva ou emocional. Por muitos séculos, o mundo emocional foi associado 
a nossos instintos e ao homem-animal. Um marco importante para mudar isso 
ocorreu em 1983, quando Howard Gardner apresentou as inteligências pessoais à 
lista de inteligências múltiplas humanas. 
Esse par, denominado inteligências "intrapessoal" e "interpessoal” é, atualmente, 
referida por muitos autores como inteligências pessoal e social. 
A inteligência intrapessoal de Gardner diz respeito ao "eu localizado no indivíduo", 
bem como ao “desenvolvimento dos aspectos internos de uma pessoa”. Em um 
ponto-chave, ele observou que ela envolvia, principalmente, acesso à própria vida 
sentimental (GARDNER, 2009). Já a inteligência interpessoal é a capacidade de 
entender as intenções, motivações e desejos de outras pessoas e, 
consequentemente, trabalhar com outras pessoas de maneira eficaz. 
Baseados no modelo de Gardner, os pesquisadores John Mayer e Peter Salovey 
publicaram, em 1990, o primeiro artigo científico que fez menção a uma 
inteligência emocional, ou seja, a um conjunto de habilidades mentais para se lidar 
com as emoções. Esse modelo ficou conhecido como quadrifatorial ou 
de ability cuja tradução é melhor definida como de aptidões mentais para se lidar 
com emoções humanas. 
De acordo com o modelo quadrifatorial, são quatro as habilidades de inteligência 
emocional (Figura 1): 
• Perceber emoções: identificar emoções em si, nos outros e em coisas, bem 
como expressá-las acuradamente. 
• Usar emoções: facilitar o pensamento e o julgamento a partir de estados 
emocionais. 
• Entender emoções: nomear emoções e sentimentos complexos e 
compreender progressões. 
• Administrar emoções: estar aberto aos sentimentos e gerenciar emoções 
em si e nos outros. 
Figura 1 | Modelo quadrifatorial de IE. Fonte: elaborada pela autora. 
Em uma revisão do modelo clássico, Mayer e Salovey (1997, p. 10) definem dessa 
forma a inteligência emocional: 
Inteligência emocional é a habilidade de perceber, avaliar e expressar emoções de 
forma acurada e adaptativa; a habilidade de entender a emoção e o conhecimento 
emocional; a habilidade de acessar ou gerar sentimentos quando eles facilitam o 
pensamento; e a habilidade de regular emoções de maneira a auxiliar o 
pensamento. 
No modelo quadrifatorial, todas as habilidades incluem as faculdades interpessoal 
e intrapessoal, ou seja, a compreensão e a interaçãocom nós mesmos e com os 
outros. A principal contribuição desse modelo de inteligência emocional é 
considerar que nossas emoções são informações que podemos utilizar para melhor 
avaliarmos cada situação da vida e como nos posicionarmos. Para Susan David 
(2018), nossas emoções podem servir como guias ao nosso comportamento, uma 
vez que sinalizam que valores nossos estão sendo acionados. 
Enquanto navegamos pela vida, nós, humanos, temos poucas maneiras de saber 
que rumo tomar ou o que vem pela frente. Não temos faróis que nos mantenham 
afastados de relacionamentos problemáticos. Não temos vigias na proa ou radares 
na torre atentos a possíveis ameaças submersas que podem afundar nossos planos 
de carreira. Em vez disso temos nossas emoções – sensações como medo, 
ansiedade, alegria e euforia – um sistema neuroquímico que evoluiu para nos 
ajudar a navegar pelas complexas correntes da vida. (DAVID, 2018, p. 12) 
Do emocional ao social 
 
Em 1995, o então psicólogo e jornalista científico Daniel Goleman lançou o best-
seller Inteligência Emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser 
inteligente, e os estudos na área cresceram em número e complexidade 
impressionantes. Já na época, o escritor trazia algumas provocações sobre a 
Inteligência Emocional (IE), conectando-a ao contexto organizacional e ao 
exercício da liderança pela primeira vez. Em seu trabalho, Goleman disseminou a 
inteligência emocional em todos os continentes, sendo sua obra uma das mais 
traduzidas no mundo inteiro. Nos anos 2000, Goleman se associou à Korn Ferry 
Hay Group, uma consultoria global de recursos humanos, e desenvolveu, em 
parceria com outros pesquisadores de Harvard, o modelo de competências 
socioemocionais para explicar sua ideia de inteligência emocional. 
Faz-se interessante notar que, no modelo de competências, as dimensões intra e 
interpessoais ganham destaque, servindo para separar as competências do ser 
(self) das competências interpessoais (sociais), tanto para reconhecimento como 
para regulação das emoções. Surge, então, uma nova definição de inteligência 
emocional, que contempla o social: 
Inteligência emocional e social é a capacidade de reconhecer nossos próprios 
sentimentos e de outros, motivar a nós mesmos e administrar emoções 
efetivamente em nós mesmos e outros. (GOLEMAN; BOYATZIS, 2016, p. 2) 
De forma a promover a avaliação de competências socioemocionais de executivos 
do mundo inteiro, Goleman e Boyatzis (2016) associaram-se à Korn Ferry Hay 
Group e criaram o assessment ESCI – Emotional and Social Competence Inventory, 
que serve de base para processos de desenvolvimento gerencial e coaching 
sistêmico em equipes de liderança. O instrumento ESCI é uma avaliação 360° que 
permite que um indivíduo se avalie e seja avaliado por pares, clientes, líderes e 
liderados em relação a 12 competências socioemocionais ligadas ao trabalho nas 
dimensões de autoconsciência, autocontrole, consciência social e gestão de 
relacionamentos: 
• Autoconsciência: reconhecer e entender as próprias emoções. 
Competência emocional associada (1): autoconsciência das emoções. 
• Consciência social: reconhecer e entender emoções em outros. 
Competências emocionais associadas (2): empatia e consciência 
organizacional. 
• Autocontrole: efetivamente, administrar as próprias emoções. 
Competências emocionais associadas (4): adaptabilidade, otimismo, 
autocontrole, orientação para resultados. 
• Gestão de relacionamentos: aplicar e entender as emoções ao lidar com as 
emoções de outros. Competências emocionais associadas (5): coaching e 
mentoring, gestão de conflitos, influência, liderança inspiradora, trabalho de 
equipe 
Além do assessment ESCI, existem diversas escalas para avaliação de competências 
socioemocionais, algumas com validação científica, outras não. O que se espera 
desse tipo de assessment é que possa contribuir para que a organização possa 
medir a inteligência emocional de líderes e liderados, aumentar a conscientização 
das pessoas a respeito de seus comportamentos, desenvolver qualidades 
específicas para as interações sociais e promover confiança e emoções positivas 
em indivíduos e equipes. 
Bases para avaliar e desenvolver a 
inteligência emocional 
 
Uma pergunta muito comum para quem trabalha com emoções é: como faço para 
avaliar minha inteligência emocional? Ou, ainda, qual é a competência 
socioemocional mais importante para o nosso sucesso e como desenvolvê-la? 
De acordo com a escola de competências de inteligência emocional, a resposta é: 
comece por você. Isso significa que a competência emocional mais importante para 
se desenvolver é a autoconsciência das emoções; ela diz respeito à capacidade de 
compreender suas próprias emoções e seus efeitos no raciocínio e na ação. 
Quando você sabe como se sente e por que sente, ou seja, os motivos por trás de 
seus sentimentos, fica mais fácil não se “deixar levar” pelas situações, mantendo 
uma atenção flutuante em relação às coisas que acontecem. Quem é autoconsciente 
também tem uma maior clareza de suas forças e fraquezas e consegue direcionar 
seus esforços de aprendizagem; frente a isso, muitos estudos de inteligência 
emocional estão se direcionando para a compreensão dos mecanismos de nossa 
atenção, uma vez que ela pode promover mudança de comportamento. 
O movimento rumo ao próprio desenvolvimento parte da autoconsciência e 
caminha para as dimensões de autocontrole e consciência social, simultaneamente, 
porque, uma vez que temos maior consciência, passamos, também, a regular mais 
facilmente nossos estados emocionais e, paralelamente, a “reparar” mais nas 
reações e mensagens não verbais das outras pessoas. 
Por último, uma vez desenvolvida a nossa dimensão intrapessoal e ampliado o 
nosso processo empático com outras pessoas, passamos a ter maior clareza do 
efeito que causamos em interações de longo prazo, ou seja, passamos a levar 
inteligência emocional para nossos relacionamentos. 
Refletindo sobre a própria Inteligência Emocional (IE) 
Uma dificuldade nos programas de desenvolvimento organizacionais é medir o 
nível de consciência e ação emocional das pessoas. Nesse sentido, há uma 
contradição em relação aos testes de Inteligência Emocional, porque, se de um 
lado, somos pouco acurados em medir nossas próprias habilidades emocionais (na 
maioria das vezes, quem “menos precisa” de Inteligência Emocional é quem mais 
se beneficia de programas de desenvolvimento), de outro, é interessante perguntar 
aos outros sobre nosso comportamento, e isso faz com que as avaliações por pares 
ou por informantes sejam largamente utilizadas. Porém, para que essas avaliações 
sejam bem-sucedidas, é preciso treinamento quanto à forma de condução e muito 
zelo com as informações coletadas, a fim de que não promovam um clima de 
desconfiança e perseguição. 
Com base em nossa aula, reflita sobre suas competências socioemocionais, 
iniciando pela autoconsciência: quais são suas maiores forças em relação à 
interação com outras pessoas? E as fraquezas? Em seguida, procure refletir sobre 
seu autocontrole: existem pessoas que acionam seus gatilhos emocionais? Quem 
são essas pessoas e que valores elas violam? 
Finalizando a compreensão “intrapessoal” de suas competências, vale a pena 
escolher um colega ou amigo de confiança para perguntar se você é uma pessoa 
que transmite empatia, como é trabalhar em grupo com você, se você consegue 
influenciar as pessoas a modificar seu comportamento e, ainda, se você contribui 
para o aprendizado de outras pessoas. 
Esse tipo de questionamento ajuda a colocar sua inteligência social em perspectiva, 
favorecendo o processo de autodesenvolvimento. 
Videoaula: A escola de Harvard de 
inteligência emocional 
Meu vídeo não funciona 
Você sabia que o acesso ao nosso mundo emocional requer inteligência? Desde os 
anos 1990, convivemos com modelos de inteligência emocional,compreendendo 
que existem habilidades mentais e comportamentais específicas às pessoas com 
alta Inteligência Emocional. Mais especificamente, a escola de Harvard de 
Inteligência Emocional reconhece que temos competências socioemocionais, ou 
seja, existem determinados comportamentos que levam pessoas a uma melhor 
performance social. Nesta aula, vamos conhecer o modelo clássico e o modelo de 
competências de inteligência emocional, bem como falar das implicações para 
programas de avaliação e desenvolvimento nas organizações. 
Introdução 
 
Como percebemos que uma pessoa tem inteligência emocional? Podemos entender 
as emoções como veículos para troca de informações que impactam o nosso 
desempenho e a qualidade ou eficácia das interações que mantemos com as outras 
pessoas, e uma pessoa com inteligência emocional considera essas informações 
para moldar o seu comportamento e a sua tomada de decisão. 
Não existe um comportamento ótimo que sempre provê os melhores resultados 
numa dada situação; é preciso flexibilidade e agilidade emocional para moldar o 
comportamento e a decisão, conforme o contexto de cada situação. 
Uma pessoa com habilidades de inteligência emocional é considerada aquela capaz 
de processar informações emocionais de forma adequada. Nesta aula, vamos 
debater sobre o tema. 
Bons estudos e até breve! 
Sobre emoções e estados emocionais 
 
Todos estamos sujeitos a fenômenos afetivos, que, de acordo com o professor 
Rafael Bisquerra, da Universidade de Barcelona, englobam: 
• Emoções: respostas de nosso organismo aos estímulos que recebemos. 
• Sentimentos: tomada de consciência sobre essas emoções. 
• Estados emocionais: podem ser entendidos como uma predisposição dos 
indivíduos para uma determinada atitude, comportamento ou decisão. 
Esses fenômenos afetivos são modulados por crenças e valores pessoais, isto é, o 
mesmo estímulo pode provocar respostas distintas nas pessoas, e isso traz 
impactos não apenas em nosso comportamento individual mas também nos 
relacionamentos interpessoais. Vamos analisar esses impactos a seguir, no curto e 
no longo prazo. 
No curto prazo, esses fenômenos emocionais predispõem nossa intenção de ação, 
podendo influenciar nossa percepção ou predisposição a atuar em favor ou contra 
uma ideia ou a posição de algum colega ou funcionário sob nossa supervisão. Por 
exemplo: um gestor tomado de um estado emocional de impaciência pode rejeitar 
novas ideias ou estratégias por considerá-las, inicialmente, de alto risco, sendo 
que, frente a uma análise mais calma e sensata, poderia enxergá-las como uma 
excelente oportunidade. Se esse gestor pudesse perceber como esse estado 
emocional o influencia, talvez, viesse a tomar outra linha de ação em relação a essa 
situação específica. Para isso, precisaria colocar em prática as habilidades de 
inteligência emocional do modelo dos professores Goleman e Richard Boyatzis que 
aprendemos em nossa última aula, ou seja, ele precisaria: exercitar a 
autoconsciência de seu estado emocional e perceber que sua impaciência dificulta 
a análise de novos conceitos e ideias; exercer a consciência social, entrando em 
sintonia com as necessidades e expectativas de seus colegas ou funcionários; 
praticar o autocontrole, regulando sua resposta emocional para um estado de 
maior calma e abertura; por fim, realizar uma boa gestão dos relacionamentos, 
aplicando o entendimento emocional no trato com os outros, mantendo-se 
assertivo e aberto ao diálogo que pode levá-lo a decidir por uma nova linha de ação 
ou decliná-la de forma adequada, sem gerar frustração ou desmotivação em seus 
pares ou funcionários. 
Já no longo prazo, precisamos considerar que os fenômenos afetivos constituem 
aspectos essenciais de nossa personalidade. A exteriorização repetida de certas 
emoções em uma pessoa pode chegar a constituir um traço de sua personalidade. 
Retomando o nosso exemplo, se um gestor se mostra constantemente impaciente 
em suas atitudes e posicionamentos, isso pode passar a ser percebido como um 
traço de sua personalidade. Tendemos a identificar as pessoas pela emoção 
predominante em seu comportamento, logo, se um gestor é percebido como 
impaciente, isso pode levar seus pares ou funcionários a nem mesmo cogitar 
apresentar-lhe uma nova ideia, podendo provocar prejuízos a ele ou ao próprio 
negócio que administra. 
Tal situação caracteriza o que a doutora Susan David chama de falta de agilidade 
emocional. Por mais inteligente e capaz que esse gestor de nosso exemplo possa 
ser, se ele mantém um estado contínuo de impaciência, seus sentimentos 
determinam suas ações, decisões e a forma com que administra seus 
relacionamentos. É necessário, portanto, que ele perceba o seu estado emocional e 
aja para mudar padrões, hábitos ou comportamentos que o impedem de se adaptar 
às diferentes situações que são apresentadas e de atuar de forma eficaz frente a 
elas, modulando suas respostas emocionais. 
A necessidade de flexibilidade e 
agilidade emocional 
 
Vamos reforçar o entendimento das competências que compõem o modelo de 
inteligência emocional para reconhecer e regular emoções em si e nos outros. 
Considerando nossas respostas aos estímulos internos e externos do ambiente, 
precisamos exercer as competências desse modelo de forma balanceada, pois a 
falta de alguma delas poderá prejudicar o processamento e o uso da informação 
emocional. 
Vamos às competências: 
• Autoconsciência: é a principal competência de inteligência emocional, pois 
exerce grande influência nas demais, e é baseada numa vontade de ter 
acesso a novas perspectivas e no entendimento de si mesmo(a). Pessoas 
com essa habilidade têm maior facilidade para o desenvolvimento pessoal. 
Você demonstra autoconsciência quando: 
- Dá-se conta de seus próprios sentimentos. 
- Sabe o que causa esses sentimentos. 
- Compreende as consequências de seus estados emocionais em seu 
comportamento ou em suas decisões. 
- Conhece suas forças e limites. 
- Está aberto ao feedback. 
• Autocontrole 
O autocontrole provê direção, energia e restrição ao nosso comportamento. 
Ele nos permite regular as emoções no cotidiano e ter maior controle das 
respostas emocionais em situações desafiadoras. 
Você demonstra autocontrole emocional quando: 
- Consegue lidar de forma calma com situações estressantes. 
- Consegue regular a intensidade de suas respostas emocionais e controlar seus 
impulsos. 
- Mantém sua positividade e otimismo mesmo perante eventos difíceis. 
- Consegue realizar suas entregas mesmo quando envolto em sentimentos 
negativos. 
• Consciência social 
Consciência social tem a ver com entrar em sintonia com as necessidades, 
expectativas, comportamentos e estados emocionais de outras pessoas. Aqui, é 
necessário considerar pessoas e contextos. 
Você demonstra empatia quando: 
- Consegue ler pistas sobre os estados emocionais de outras pessoas de forma 
precisa. 
- Desenvolve escuta ativa. 
- Entende as perspectivas e os pontos de vista de outras pessoas. 
- Compreende as razões que motivam as outras pessoas. 
Você demonstra sensibilidade ao contexto quando: 
- Entende as forças políticas em seu trabalho, grupo ou organização. 
- Consegue compreender as principais relações de poder existentes. 
- Compreende os valores e a cultura de seu grupo ou organização. 
- Compreende os processos informais existentes em seu grupo ou ambiente de 
trabalho. 
- Entende quais comportamentos são valorizados e quais são considerados 
inadequados em seu grupo ou ambiente de trabalho. 
• Gestão de relacionamentos 
A gestão de relacionamentos é a competência que nos permite "fazer a diferença", 
influenciar e motivar outras pessoas, bem como aplicar o entendimento emocional 
no trato com o outro, mantendo a assertividade e o diálogo fácil para objetivos 
comuns. 
Você demonstra uma boa gestão de relacionamentos quando: 
- Consegue construir consenso einfluenciar pessoas para apoiar suas ideias e 
sugestões. 
- Oferece feedback para melhorar o desempenho de outras pessoas, reconhecendo 
suas forças e oportunidades de desenvolvimento. 
- Consegue inspirar outras pessoas para atingir metas e objetivos, extraindo o 
melhor de cada uma delas. 
- Consegue promover confiança, cooperação e espírito de equipe nos grupos em 
que atua. 
Quando falta uma habilidade de 
inteligência emocional 
 
Exploramos as competências de inteligência emocional, mas será que ficou claro o 
que acontece quando essas competências não estão presentes? Para reforçar o 
entendimento, apresentaremos, a seguir, quatro casos de indivíduos que 
encontramos, frequentemente, em organizações. 
• CASO 1 – “O disperso”: você deve conhecer o perfil desse indivíduo, que 
apresenta muita dificuldade em manter o foco na tarefa. Essa pessoa 
trabalha com muitas janelas mentais abertas ao mesmo tempo ou se 
desdobra tentando atender a muitas demandas. A fala é acelerada, 
dificultando o entendimento da ideia que está tentando, efetivamente, 
transmitir, e como não consegue atuar nesse nível de energia por muito 
tempo, apresenta comportamento inconstante. Frente a isso, a competência 
que falta nesse caso é a autoconsciência, seja por não perceber seu estado, 
seja por estar, propositadamente, tentando ignorar seus limites. E para 
evitar isso, sempre preste atenção em seu corpo, pois é nele que o estresse 
se manifesta; busque desacelerar com práticas de meditação e peça 
feedback de pessoas em quem confia. 
• CASO 2 – “Pavio curto”: emoções acumuladas, irritação com todos, 
respostas ásperas, comportamento passivo-agressivo ou agressivo e alta 
sensibilidade ao que os outros dizem. O que falta neste caso é o 
autocontrole emocional. Procure identificar quais são os gatilhos ou 
situações que disparam essas reações intensas e busque refletir sobre suas 
causas, bem como modificar seu comportamento. Ajudar outras pessoas a 
desenvolver seu controle emocional também traz benefícios para o nosso 
próprio autocontrole. 
• CASO 3 – “Muito racional”: esse indivíduo tem o comportamento de quem 
se acha dono da razão, perguntando-nos, às vezes, se “queremos que ele 
desenhe” uma determinada situação, a fim de que a entendamos e 
concordemos com o seu ponto de vista. Esse é um comportamento de 
desconexão social e de dificuldade de perceber qualquer emoção 
manifestada por outras pessoas. Neste caso, é preciso, preventivamente, 
pedir feedback contínuo a pessoas de nossa confiança, que possam nos 
fornecer legendas emocionais sempre que deixarmos de compreender o 
impacto de nossas atitudes perante nossos colegas de trabalho. 
• CASO 4 – “Muito desconectado”: esse indivíduo apresenta desinteresse 
pelo grupo do qual participa, tendo dificuldade de compor ideias com os 
outros. Ele é focado apenas no que precisa acontecer, sem considerar que 
precisa que as pessoas compartilhem sua visão e sem se comprometer com 
os resultados. Neste caso, falta a gestão de relacionamentos, e mais do que 
justificar o que é preciso, corações e mentes precisam ser conquistados. 
Sempre que encontrar resistência as suas ideias e opiniões, busque ouvir 
ativamente as pessoas que apresentam contrapontos, esforce-se em 
conhecer seus motivos, valores e opiniões e, assim, conseguirá influenciá-
los de forma positiva. 
Para compreender melhor a mudança necessária, além de assistir ao Ted 
recomendado da Dra. Susan David (encontrará o link a seguir, em Saiba mais), é 
importante adotar as seguintes medidas: 
• Faça um esforço para reconhecer seus padrões de comportamento: 
precisamos nos dar conta de nossos estados emocionais antes de qualquer 
iniciativa para modificá-los. 
• Tenha o hábito de nomear seus pensamentos e emoções: isso o ajudará a 
separar o estado emocional do indivíduo. 
• Aceite seus estados emocionais: desenvolva compaixão por si mesmo em 
vez de negar tais estados, buscando entender suas causas, e aproveite essa 
informação valiosa para o seu processo de aprendizado e crescimento 
pessoal. 
• Tome decisões e haja com base em valores: esse comportamento representa 
o que você ou sua organização valoriza ou aspira? 
Já as transformações de longo prazo, voltadas ao desenvolvimento da agilidade 
emocional, requerem a aplicação dessas competências de forma continuada. 
Videoaula: Quando falta inteligência 
emocional 
Meu vídeo não funciona 
Em nosso vídeo resumo, vamos explorar as competências do modelo de 
inteligência emocional e, por meio de estudos de caso, compreender o impacto de 
sua falta em nossas relações interpessoais, bem como formas de desenvolvê-las. 
Além disso, vamos explorar o desenvolvimento de longo prazo de nossas 
competências e nossa agilidade emocional. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos uma época em que a ansiedade e a depressão alcançam níveis epidêmicos. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que uma a cada cinco pessoas 
desenvolve quadros depressivos durante a vida e uma a cada quatro pessoas sofre 
de ansiedade. 
Com a pandemia da Covid-19, essas estimativas ampliaram-se consideravelmente, 
especialmente entre jovens e adolescentes, por conta do excesso de estímulos 
audiovisuais, do isolamento social, do alto grau de incertezas e de risco a que todos 
estamos submetidos, entre outros fatores. Disso, surgiu a necessidade de 
compreendermos formas de regulação emocional frente às emoções aflitivas, logo, 
conheceremos alguns conceitos ligados à psicologia positiva e falaremos sobre o 
valor das práticas contemplativas. 
Ao final desta aula, esperamos que você descubra formas de acalmar estados 
ansiosos e garantir o alívio da tristeza a partir do acesso a emoções positivas. 
Uma epidemia de ansiedade 
 
Um fato que intriga pesquisadores de saúde mental é o aumento significativo de 
quadros de ansiedade nas mais diversas culturas e populações. Segundo Leahy 
(2011), a criança média, hoje, exibe o mesmo nível de ansiedade do paciente 
psiquiátrico da década de 1950! Considerando que, atualmente, temos acesso 
facilitado a tratamentos médicos, as pessoas vivem mais e vivem em melhores 
condições de saúde, por que isso acontece? 
Uma explicação para isso está em nosso estilo de vida. Por exemplo: a alta 
facilidade em nos conectarmos às mais diferentes notícias e realidades nos coloca 
em constante comparação e confusão. Absorvermos informações demais sobre 
fatos e imagens, o que “cansa” nossos sensores emocionais e nos coloca em uma 
espécie de vertigem, algo típico da ansiedade. 
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA), a ansiedade é uma 
emoção caracterizada por sentimentos de tensão, pensamentos preocupados e 
mudanças físicas, como aumento da pressão arterial. Pessoas com transtornos de 
ansiedade, geralmente, têm pensamentos ou preocupações intrusivas recorrentes; 
elas podem evitar certas situações por preocupação e apresentar sintomas físicos, 
como sudorese, tremores, tonturas ou taquicardia. 
Como outros estados emocionais, a ansiedade pode ser facilitada por questões 
fisiológicas, mas é, das emoções aflitivas, a mais ligada ao modo como projetamos 
nossa percepção da realidade. Ela é, portanto, uma emoção ancorada no tempo 
futuro, geralmente, ocupando nossa mente com situações sobre as quais não temos 
controle, mas desejamos controlar. 
De acordo com Laguaite (2011), são múltiplos os sintomas de ansiedade, entre 
eles: 
• Evitar amigos ou família. 
• Preocupação constante. 
• Choro. 
• Sensação de irritação, cansaço ou tensão. 
• Sentir que você precisa ser perfeito. 
• Ter problemas para dormir. 
• Ter problemas para se concentrar ou lembrar das coisas. 
• Perder o interesse no seu trabalho. 
• Comer demais ou de menos. 
Existem situações que podem disparar nossa ansiedade e nos fazer antecipar 
nosso desempenho diante de outras pessoas. No espaço de trabalho, algumas delas 
são: 
• Lidarcom problemas de colegas. 
• Montar e realizar apresentações. 
• Acompanhar e atualizar as redes sociais. 
• Reuniões, almoços de equipe e festas de escritório. 
• Cumprir e definir prazos em equipe. 
• Falar durante as reuniões. 
Certos comportamentos não nos ajudam a lidar com preocupações e ansiedades, 
como tentar suprimir os pensamentos, alienar-se com álcool e outros vícios, 
superestimar o risco de algo ruim acontecer ou checar repetidamente o status nas 
redes sociais. Ao contrário! O que pode contribuir para a diminuição da ansiedades 
é ter clareza do que efetivamente se pode controlar e uma certa apreciação da 
experiência, ainda que a vida apresente novos riscos e incertezas a cada dia. Em 
relação aos desafios diários, para diminuir a ansiedade, é importante dedicar-se a 
uma atividade por vez, buscando pausas para observar o que acontece e refazer as 
energias. 
Nosso jeito de viver e a tristeza 
 
Com a depressão aumentando em todas as faixas etárias e o estresse se tornando 
algo comum em nossas vidas, é seguro supormos que nosso estilo de vida pode 
estar contribuindo para nos deixar “para baixo”. Ao contrário do que parece, o 
estresse não é um elemento isolado dos estados de abatimento, na verdade, são 
estados emocionais que convivem. A fórmula já conhecemos: um esforço imenso 
para fazer as atividades mais corriqueiras seguido de um cansaço extremo e a 
vontade de não fazer nada. Em muitas situações, estresse e fadiga são duas faces da 
mesma moeda, assim como ansiedade e depressão. 
Todo mundo tem um dia ruim de vez em quando; uma discussão com um cliente, 
uma briga dolorosa com o cônjuge, a perda de um animal de estimação, ser 
preterido de uma promoção e outras decepções do dia a dia podem fazer com que 
nos sintamos péssimos. A tristeza é uma emoção normal, que deve desaparecer 
com o tempo, mas quando essa melancolia não é temporária, o perigo de depressão 
pode estar no horizonte. 
Existem alguns pontos importantes que apontam a diferença entre a simples 
tristeza e um quadro depressivo. O Quadro 1 a seguir explica em que elas se 
diferem: 
Quadro 1 | Diferenças entre tristeza e depressão. Fonte: Botega (2020, p. 23). 
É importante compreendermos que a tristeza é uma emoção humana normal, que 
todo mundo sente de vez em quando. Como vimos na primeira aula, ela está 
associada a algum tipo de perda, podendo estar vinculada à forma como 
entendemos alguma situação da vida. Uma característica interessante da tristeza é 
que, quando a sentimos, é como se “nunca tivéssemos” sentido a felicidade antes, 
além disso, facilmente, ela é a emoção dominante. Quando em intensidade baixa, a 
tristeza favorece a análise crítica e a empatia por outras pessoas; por essa razão, a 
tristeza pode ser aliviada quando desabafamos, choramos ou, simplesmente, 
entramos em contato com nossos sentimentos. 
O mais importante em relação à tristeza é que ela é temporária. Se ela se 
intensificar e não estiver mais vinculada a algum fato específico (geralmente de 
perda), é possível que haja algo mais a se investigar, como uma possível depressão, 
e, nesse caso, o ideal é procurar ajuda de um profissional de saúde mental. 
Ainda, a depressão pode ser desencadeada por uma predisposição fisiológica, 
como uma forte alteração hormonal, ou devido a circunstâncias externas. O termo 
"deprimido" é frequentemente mal utilizado e muitas pessoas explicam estados de 
melancolia a partir do sentimento de depressão. A depressão clínica, no entanto, só 
pode ser diagnosticada por um profissional de saúde mental, que pode avaliar os 
sintomas e recomendar o tratamento adequado. 
Práticas para viver melhor 
 
Como vimos até aqui, nosso estilo de vida conectado e hiperligado contribui para a 
perda de bem-estar e satisfação pessoal. Por isso, para fazer frente a estados 
depressivos e ansiosos, muitas pessoas estão se voltando a práticas 
contemplativas, como mindfulness e meditação, que ajudam a diminuir o fardo de 
nossos embates emocionais cotidianos. 
Muitas são as práticas contemplativas, podendo ser generativas, quando intentam 
gerar pensamentos e sentimentos de compaixão ou conexão com algo superior 
(como orações e mantras), de movimento (como caminhadas ou artes marciais) 
ou de quietude, quando buscam promover calma e tranquilidade (como meditação 
sentada). Elas são chamadas "práticas" porque se aperfeiçoam com o tempo e a 
repetição, modificando a forma como experimentamos a realidade. 
De acordo com a organização CMind (2021), as práticas contemplativas podem 
incluir atividades como cantar, tocar música e tricotar, bem como práticas como 
ioga ou tai-chi. Em comum, elas têm a característica de promover uma melhora em 
nossa saúde emocional, afastando-nos de emoções aflitivas e nos aproximando de 
estados de bem-estar e apreciação da vida. 
Mindfulness é uma expressão em inglês melhor traduzida como “atenção plena” e 
diz respeito a uma observação da realidade de forma curiosa e distanciada. Quando 
estamos “mindful”, percebemos o que acontece de maneira livre de julgamentos, 
por isso, a prática de mindfulness 
torna-se uma ferramenta poderosa para nos ajudar a controlar o sofrimento que 
experienciamos, promovendo calma, apreciação da experiência e felicidade. 
Não é preciso fechar os olhos para a prática de mindfulness; podemos praticar, por 
exemplo, a partir de uma alimentação consciente, em que cada garfada é apreciada 
cuidadosamente, bem como o sabor dos alimentos e suas diferentes texturas. Outra 
opção é uma caminhada ao ar livre, de forma que todos os nossos sentidos estejam 
atentos ao ambiente e que possamos “prestar atenção” às nossas passadas sob 
efeito do vento e das paisagens que vislumbramos. 
Muitas são as práticas possíveis de meditação. Uma delas é sentar-se 
confortavelmente por alguns minutos diariamente, fechando os olhos para 
presenciar as diferentes “janelas mentais”, separando sons, percepções do corpo e 
pensamentos, bem como observar a si mesmo com tranquilidade. Outra meditação 
bastante comum é, simplesmente, prestar atenção na respiração, pontuando o ar 
que entra e o ar que sai, e nas diferentes sensações e nos sentimentos que 
surgirem, sem julgamentos. 
Outra opção simples é prestar atenção no seu momento presente. Pratique agora: 
inspire profundamente pelo nariz e exale devagar pela boca, por três inspirações e 
expirações. Em seguida feche os olhos e deixe o “pensamento flutuar”, sem julgar, 
sem reter nenhuma emoção e sem evitar. Você verá como uma prática tão simples 
pode nos fazer “recuperar o fôlego” e, quem sabe, levar a vida um pouco mais leve. 
No Saiba mais desta aula, sugerimos que você construa a árvore de práticas 
contemplativas, descobrindo o seu jeito de estabelecer uma conexão saudável com 
suas emoções. 
Videoaula: Como desenvolver a gestão 
emocional 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos em uma época acelerada, em que o isolamento social e o excesso de 
informações nos tornam cada vez mais estressados e ansiosos. Nesta aula, falamos 
sobre ansiedade e depressão, compreendendo as características que desafiam 
nossas mentes a lidar com a realidade; ao final, apresentamos algumas formas de 
fazer frente às emoções aflitivas, a partir de práticas contemplativas 
de mindfulness e meditação. 
Estilos de liderança 
Meu vídeo não funciona 
A tarefa fundamental de um líder é cultivar bons sentimentos naqueles que lidera. 
Isso ocorre quando o líder cria ressonância - um reservatório de positividade que 
liberta o melhor das pessoas. Em sua raiz, então, o trabalho primordial da 
liderança é emocional. 
 No livro “O poder da inteligência emocional”, Daniel Goleman, Richard Boyatzis e 
Aniee McKee apresentam diferentes estilos de líderes ressonantes, que seriam 
mais eficazes por fazerem uso de competências de inteligência emocional. Alguns 
desses estilos são reproduzidos na tabela a seguir. 
Fonte: elaborada pelo autor.Procure descrever quais dimensões e competências de inteligência emocional, 
conforme o modelo de IE da Escola de Harvard, são fundamentais para o exercício 
desses estilos de liderança, justificando sua resposta. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Possível resposta... 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Você já reparou em algum artista realizando uma performance, como um 
dançarino ou um pintor? Já se envolveu em uma atividade e não viu o tempo 
passar? Essas situações podem indicar o estado de flow, um estado de espírito em 
que ficamos totalmente imersos no que fazemos e podemos criar o novo em 
atividades que já temos amplo domínio. 
Vamos falar nesta aula sobre isso e sobre a formação de indivíduos criativos, 
compreendendo o papel do ambiente e de nossas relações afetivas, inclusive com a 
própria tarefa. Por último, vamos conhecer uma técnica para facilitação de nossas 
emoções de forma a promover a criatividade. 
Ao final da aula espera-se que você perceba mais atentamente seus processos 
criativos e facilite humores positivos para que novas soluções possam chegar a seu 
campo cognitivo. 
O processo de flow 
 
É encantador observar os movimentos de uma bailarina em uma apresentação de 
alto desempenho. A fluidez na pista faz parecer fácil a condução dos passos e por 
mais força que ela coloque em seus músculos, o que conseguimos perceber é 
leveza. Se perguntarmos para a bailarina como ela se sente no momento da 
performance, ela dirá que é como se o tempo parasse ou como se não tivesse 
percepção alguma de tempo. Outra característica é que ela não perceberia seus 
pensamentos, como se nesse momento o eu se fundisse com a tarefa, ou seja, ela se 
tornasse a dança. Esse estado de espírito em que estamos totalmente imersos em 
uma atividade é chamado de flow, ou fluxo. 
Para chegar ao desempenho em flow em processos criativos são necessárias 
muitas horas de treinamento. De acordo com o psicólogo positivo Mihaly 
Csikszentmihaliy (2020), que estuda o processo de flow nos últimos 30 anos, são 
necessários 10 anos de dedicação a um determinado tema ou atividade para que se 
possa criar algo totalmente novo a respeito. E aqui o autor faz uma conexão entre 
o flow e a criatividade: é preciso muito envolvimento com uma atividade para que 
se possa ser criativo em relação a ela. É como se a mente precisasse de muitos 
registros de uma determinada ação para que pudesse automatizar totalmente o 
processo e então fluir de forma mais independente, sem programar os 
pensamentos. 
Ao realizar uma tarefa em estado flow, a pessoa sente-se “livre” de ter de pensar e 
simplesmente flui. Csikszentmihaliy explica que mesmo atividades consideradas 
repetitivas, burocráticas ou cansativas, pode oportunizar momentos de 
criatividade, gerando satisfação posterior. Para isso acontecer, é necessário que os 
indivíduos dessas atividades tenham o chamado perfil autotélico, que consegue 
reconhecer oportunidades onde outros não reconhecem e tirar bem-estar 
psicológico a partir de atividades consideradas difíceis para outras pessoas. A 
pessoa autotélica cria condições para o flow acontecer. Outros exemplos são as 
atividades de “abrir a massa” feita em algumas pizzarias artesanais ou de “soprar o 
vidro” feita em vidraçarias tradicionais. Essas são tarefas aparentemente banais 
que são transformadas criativamente por pessoas autotélicas, que retiram 
satisfação e promovem um toque artístico no que fazem. 
Algumas outras definições ajudam a compreender melhor o flow. É necessário que 
a pessoa se sinta desafiada pela tarefa e, ao mesmo tempo, tenha condições de 
executá-la. Daí a importância do amplo tempo de dedicação para que se chegue 
ao flow. Se temos muito domínio sobre uma atividade e não somos desafiados por 
ela, é fácil cair em um estado de tédio. Já se temos pouca habilidade e o desafio da 
tarefa é muito grande, entramos em estado de preocupação ou ansiedade, uma vez 
que não vemos saída fácil. Essas diferentes relações entre o desafio e a habilidade 
são explicadas pela Figura 1. 
Figura 1 | Estado de flow. Fonte: adaptada de Csikszentmihalyi (2020). 
O que se pode resumir é que duas condições são necessárias para que o flow possa 
acontecer: a pessoa sentir-se altamente motivada para a atividade e com 
capacidade ou competência para realizá-la a contento. Nesse caso, há um grande 
investimento de energia e concentração, até que se perca a noção do tempo ou do 
pensar. Passa-se a tão somente executar, com espaço para criar. Daí a satisfação 
decorrente. 
O indivíduo criativo em formação 
Meu vídeo não funciona 
Inspirado na teoria de Csikszentmihalyi, Howard Gardner explorou as condições 
necessárias para as pessoas serem criativas. Ele analisou a vida de sete 
personalidades criativas: Freud, Einstein, Picasso, Stravinsky, Eliot, Graham e 
Gandhi e chegou à conclusão de que a criatividade não é um fato isolado e restrito 
a indivíduos geniais, ao contrário, depende das condições de formação do indivíduo 
criativo, do ambiente em que cresceu, do afeto que recebeu e das oportunidades 
que encontrou. 
Para explicar essas condições, Gardner (1996) propôs o triângulo da formação 
(Figura 2), que traz três elementos centrais: 
1. Da criança ao mestre – compreensão de como o indivíduo passa de criança 
a mestre, como os talentos foram identificados e que meios encontraram 
para florescer. 
2. Campo de domínio – a relação entre o indivíduo e o trabalho em que se 
envolveu. 
3. Ambiente-comunidade – a relação entre o indivíduo e outras pessoas que 
fazem parte do seu mundo, tais como familiares e professores. 
A interconexão desses três elementos faz com que se compreenda as bases do 
processo de criatividade no decorrer de uma vida, inclusive todos os afetos 
envolvidos. 
Figura 2 | Triângulo da formação. Fonte: Gonzaga e Rodrigues (2018, p. 22). 
Dessa forma, o triângulo da formação engloba aspectos individuais (herança 
genética, temperamento, constituição básica); aspectos do ambiente (influência de 
pais, professores e demais pessoas que julgam ou emitem opiniões sobre o 
comportamento do indivíduo); e o domínio (o estágio de desenvolvimento de uma 
dada disciplina em uma determinada época). O mesmo triângulo já havia sido 
utilizado por Gardner para explicar o conceito de Inteligências Múltiplas. 
Alguns achados na formação do indivíduo criativo 
De acordo com Gardner, todos os mestres criativos estudados mostraram dons 
formidáveis na infância, havendo especial destaque para o nível de habilidade do 
jovem Picasso. Um desenhista talentoso na primeira década de sua vida, ele estava 
no final da adolescência pintando com tanta sutileza quanto qualquer outro artista 
de sua época – e lançando as bases para mais 75 anos de produtividade. Picasso 
oferece a oportunidade de considerar as contribuições da prodigiosidade para as 
primeiras realizações deslumbrantes e sua transmutação em uma forma que 
permite a realização de contribuições mais duradouras. 
Outra característica compartilhada pelos mestres criativos é que vivenciaram 
diferentes culturas e contextos, não ficando restritos aos códigos sociais de uma 
determinada região ou cidade e havendo inclusive participado de movimentos 
criativos de seu tempo. O autor cita o exemplo do escritor T.S. Eliot, que se tornou 
de certa forma “marginal” em sua própria era, mesclando estilos diversos em sua 
obra. 
Por último, todos os criadores tinham algum tipo de sistema de suporte 
significativo. Isso incluiu apoio afetivo de alguém de quem colhia suporte 
emocional e cognitivo. Em algumas situações, a mesma pessoa supria ambas as 
necessidades, em outras ocasiões, foi necessária mais de uma pessoa para os 
diferentes suportes. A relação entre o indivíduo criativo e esse “outro significativo” 
se compara em utilidade a outros dois tipos de relacionamento: a relação entre o 
cuidador e a criança no início davida, e a relação entre um jovem e seu ou seus 
amigos no decorrer do crescimento. Em alguns aspectos, essa relação passa por 
algum tipo de embate, em que o mestre tenta introduzir um novo jeito de ver as 
coisas e seu amigo-confidente é o zelador da língua e cultura existente. O que se 
reforça é que a criatividade passa pela ação de forças sociais e afetivas, que 
agem no desenvolvimento do indivíduo criativo. 
Facilitação emocional para criar 
 
Será que existe um jeito de pensar que facilita a criatividade? A resposta é sim e 
esse jeito envolve determinados humores e suas formas análogas de pensar. Antes 
de mais nada é preciso deixar de encarar as emoções como visitas inoportunas que 
atrapalham nosso pensamento e começar a considerá-las como componentes-
chave para despertar nossa cognição. Uma das mensagens mais importantes 
para nosso melhor desempenho em tarefas cognitivas de criação é de que as 
emoções podem melhorar nosso raciocínio. 
Isso acontece porque nossos humores têm impacto direto sobre o pensamento. 
Conforme nosso humor se altera, o mesmo ocorre com o pensamento. Assim, se 
somos capazes de perceber como estamos nos sentindo e em seguida 
conseguirmos alterar esse sentimento, facilitamos o espaço para pensarmos 
criativamente. Porque a cada mudança de humor muda também a forma como 
analisamos a realidade. E esse é exatamente o “pulo do gato” que favorece o novo 
chegar. E melhor ainda se estivermos sob efeito de emoções positivas. 
Os humores positivos ajudam nossa mente a “abrir janelas” e pensar em novas 
possibilidades. Por exemplo, se estamos de “bom humor” de repente nos vemos 
elaborando com facilidade um determinado plano de marketing, já que esse bem-
estar fornece segurança psicológica e favorece que pensemos sobre coisas que 
“não estão ali”. Quando nos sentimos alegres e confiantes olhamos para fora da 
caixa, arriscamos dar uma opinião em uma apresentação coletiva, topamos um 
passeio diferente, acreditamos que as coisas “podem dar certo” e diminuímos a 
percepção de risco. 
O contrário acontece com os humores negativos. Eles nos abrem os olhos para 
tudo que pode dar errado e nesse sentido podem ser um empecilho a novas ideias. 
Mas se houver uma leve mudança de um estado negativo pode-se abrir espaço para 
a criatividade, especialmente para questões de organização e ordenamento. E eis 
que numa tarde um tanto melancólica olhamos para as gavetas e, no meio de uma 
motivação momentânea, nos vemos descobrindo uma forma criativa de disposição 
das peças. Foi nosso humor que teve uma leve alteração, suficiente para que o “pop 
up” mental da criação pudesse acontecer. 
A pausa também pode ser um facilitador emocional para a criatividade. Muitas 
vezes simplesmente pausar e ficar sem “fazer nada” é suficiente para construir as 
bases para que uma nova ideia possa surgir. Eis aqui uma prática revelada por 
muitos criativos: não é só buscando a solução que a encontramos. Vale a pena se 
“abastecer de informações” a respeito do que queremos resolver, mas também 
deixar um tempo de folga para que a mente intuitiva possa trabalhar 
subliminarmente e, sem que possamos antecipar, a solução simplesmente 
“aparece” no campo mental. 
Eis então uma proposta de atividade para promover sua troca de humor e 
consequente abertura à criatividade. De acordo com Caruso e Salovey (2007), uma 
das estratégias mais eficazes para alterar o humor é simplesmente repetir 
declarações positivas. O efeito é sutil, mas bastante eficaz. O ideal é que você leia 
essas declarações em voz alta ou silenciosamente para si mesmo: 
• Me sinto muito bem hoje. 
• Estou muito feliz. 
• As coisas estão melhorando. 
• É fácil fazer essa tarefa, eu consigo. 
• Este é um grande dia. 
• Estou muito alegre hoje. 
Desejamos uma boa prática das estratégias que estudamos e ótimas criações! 
Videoaula: Facilitação emocional do 
pensamento criativo 
Meu vídeo não funciona 
Na primeira parte de nossa aula vamos falar sobre flow, um estado de espírito em 
que estamos totalmente imersos em uma atividade e não percebemos o tempo 
passar. Em seguida, conheceremos o processo de desenvolvimento de uma pessoa 
criativa e o triângulo da formação. Encerraremos a aula compreendendo o papel 
das emoções na facilitação do pensamento, de como nossos humores afetam nossa 
criatividade. 
Introdução 
 
Será que a criatividade é algo que já trazemos de nascença ou pode ser 
desenvolvida? Embora existam talentos que já trazemos conosco, todos nós 
podemos ser criativos porque criatividade diz respeito a um processo, não a uma 
determinada forma de perceber a realidade. Nesta aula, vamos aprender sobre os 
obstáculos à criatividade e como o diálogo é a porta de entrada para a criação 
compartilhada em grupos humanos. 
Em seguida, vamos conhecer os elementos que fazem parte do processo criativo, 
entendendo o papel da razão e da emoção em nossas inovações e propostas de 
solução de problemas. Por último, teremos a sugestão de duas práticas que 
prometem acelerar os processos criativos. 
Obstáculos à criatividade e o valor do 
diálogo 
 
Todos podemos ser criativos, mas o que separa os grandes autores e artistas dos 
que não criam é a crença na própria criatividade. É verdade, no entanto, que 
existem alguns obstáculos à criatividade, desde bloqueios simples de atenção até 
mais complexos. Eis aqui alguns deles: 
1. Obstáculos da percepção – são aqueles provocados pelo próprio ego, 
embates do raciocínio. A análise crítica, o julgamento e as percepções 
negativas podem atrofiar o processo de criação. 
2. Obstáculos emocionais – a emoção que mais bloqueia a criatividade é o 
medo, em suas mais diversas formas: medo de errar, medo do desconhecido 
e principalmente medo da rejeição. Algumas pessoas dizem “tenho medo de 
falhar” e isso as paralisa. 
3. Obstáculos intelectuais – nesse caso não há apenas a barreira do ego, mas 
sim dificuldades de construção do raciocínio. Um exemplo é algum tipo de 
bloqueio da linguagem e conotações específicas. Por isso é tão difícil criar 
um texto em uma língua que não dominamos. 
4. Obstáculos culturais – muitas vezes ficamos presos à nossa própria 
cultura. Barreiras culturais podem impedir o acesso a novas possibilidades 
de ação e de pensamento. 
5. Obstáculos ambientais – restrições de acesso, ação ou presença de outras 
pessoas e dificuldades tecnológicas são exemplos de barreiras à criação que 
independem da ação do criativo. 
Muitos dos obstáculos são atitudes de autodefesa em que o indivíduo procura 
evitar sentimentos ansiosos e interrompe a criação. Às vezes, a remoção ou o 
afastamento dos obstáculos requer criatividade. 
Mas como podemos então gerar novas ideias? De onde elas vêm? Um bom lugar 
para se começar é nossa memória. Por isso, quanto mais experientes somos 
também maior é nosso arquivo de base criativa (SEAWARD, 2009). As ideias 
podem vir de diferentes recursos: livros, filmes, conversas com os amigos, posts de 
redes sociais e até mesmo aquele episódio preferido da Netflix. Para sermos 
criativos é necessária uma postura de abertura à experiência, um certo espírito 
explorador, em que deixamos de lado a censura mental e nos tornamos curiosos à 
novidade. 
E os grupos humanos, podem cocriar juntos? 
William Isaacs, pesquisador há mais de 30 anos de grupos humanos entende que é 
possível promover a arte de pensar juntos, a partir do diálogo. Segundo ele, 
problemas entre gerentes e funcionários, cidadãos e autoridades eleitas e nação e 
nação muitas vezes derivam de incapacidade de conduzir um diálogo bem-
sucedido. O diálogo envolve aprender a abandonar as reações iniciais diante da 
posição de outras pessoas e tomar consciência de um fluxo de novas possibilidades 
(ISAACS, 1999). 
Alguns empecilhos para o bom diálogo são o excesso de preparação – chegamos 
prontos para falar, não para ouvir – e o pensamento rígido a respeito dos temas a 
seremtratados. Pessoas que pensam e conversam com eficácia, favorecendo o 
processo criativo de um grupo, possuem as seguintes qualidades: 
• Escuta – Devemos ouvir não apenas os outros, mas a nós mesmos, 
abandonando nossas suposições, resistências e reações. 
• Respeito – Devemos permitir ideias diferentes das nossas serem expressas, 
ao invés de tentar mudar as pessoas com um ponto de vista diferente. 
• Observação – Devemos suspender nossas opiniões, recuar, mudar de 
direção e ver com novos olhos. 
• Autonomia – Devemos falar nossa própria voz, sem termos agendas 
predeterminadas com alguém ou alguma instituição. Encontrar a própria 
autoridade é também desistir da necessidade de dominar. 
• A concretude da criatividade 
• 
• Há um certo consenso de que os indivíduos criativos, sejam eles artistas, 
líderes ou cientistas, têm em comum uma ampla capacidade de observação, 
uma motivação e energia ímpar e às vezes uma forma particular de viver e 
tomar decisões. Entende-se que seu pensamento é mais livre e menos 
dependente da lógica, mais inclinado ao sonho e à fantasia. 
• Contrapondo em parte essa visão, o sociólogo Domenico De Masi (2003) 
desenhou um modelo para explicar grupos criativos que equilibram razão 
e emoção, fantasia e realidade. De acordo com o autor, existem quatro 
forças entre as quais a criatividade atua: a) o pensamento primário, b) o 
pensamento secundário, c) a esfera emotiva e d) a esfera racional. 
• O pensamento primário tem a ver com o funcionamento inconsciente da 
psique, em que prevalece o sonho e algumas psicoses. Já o pensamento 
secundário diz respeito ao funcionamento da mente desperta e serve-se da 
lógica comum. A esfera emotiva é composta de emoções, sentimentos e 
atitudes e a esfera racional de conhecimentos e habilidades. 
• Das intersecções entre esses quatro fatores surgem as condições para a 
criatividade acontecer, conforme apresentado na Figura 1. Da intersecção 
entre a esfera emotiva e o pensamento secundário surge a (1) área das 
emoções administradas. Um exemplo dessa primeira intersecção são os 
diálogos em torno de nossos sentimentos ou a dramatização em forma de 
arte. Da união entre a racionalidade e a mente consciente surge a (2) área 
da concretude, em que as soluções e inovações tornam-se materiais e reais. 
Na intersecção entre emotividade e a mente inconsciente está a (3) área da 
fantasia, em que os primeiros movimentos involuntários do processo 
criativo podem surgir e entre a esfera racional, e no pensamento primário 
está a (4) área das técnicas introjetadas, como aqueles sonhos que não 
servem para o campo da realidade. 
• Assim, entende-se que a criatividade não se caracteriza apenas pela 
imaginação e fantasia, mas também pelo movimento para sua realização 
(concretude), ainda que na síntese do entroncamento entre fantasia e 
concretude, entre emoções administradas e técnicas introjetadas instala-se 
a criatividade, conforme resumido na figura a seguir. 
• 
Figura 1 | Processo criativo para De Masi (2003). Fonte: De Masi (2003, p. 
571). 
• Por último, vale reforçar que o movimento da inspiração e realização não é 
necessariamente linear. Espera-se que toda grande criação parta de um 
arroubo de intuição fantasiosa para depois se planificar. Nem sempre 
esse é o caso, também o inverso pode acontecer. Um exemplo de obra que 
partiu da concretude para a fantasia é do auditório de Oscar Niemeyer na 
cidade de Ravello, na Itália. Conforme resgata De Masi (2003), segundo o 
arquiteto, na proposta de projeto já se sabia que a inclinação do terreno era 
irregular e estreita. Percebendo a dificuldade da obra e o custo de aplainar o 
espaço, o artista aproveitou a inclinação para definir a localização da 
plateia, fazendo com que essa característica servisse de ponto de partida 
para o desenho do restante do projeto. 
• O encontro com o artista 
• 
• A arte é uma atividade do cérebro artista e sua linguagem é a imagem e o 
símbolo. Por isso a linguagem do artista é sensual, alimentada pela 
experiência e os cinco sentidos. Para Seaward (2009), as atividades 
criativas envolvem uma combinação das funções dos hemisférios direito e 
esquerdo do cérebro humano. Maslow (1987) concluiu que o processo 
criativo e o caminho para a autorrealização eram o mesmo. Antecedendo o 
pensamento de De Masi, ele dividiu o processo criativo em duas partes: 
primária e secundária. A criatividade primária é a origem das ideias: uma 
espécie de playground da mente em que as imagens são geradas, ainda 
incipientes e não necessariamente úteis. Já a criatividade secundária é o 
momento do processo criativo em que é traçado um plano estratégico para 
que a ideia selecionada funcione na realidade, quando ela é posta em ação. 
• Considerado pelo diretor Martin Scorsese como uma ferramenta valiosa 
para se conectar com a própria criatividade, o livro O Caminho do Artista, de 
Julia Cameron, propõe uma jornada de atividades para recuperação de 
nosso eu criativo. Na base de todas as reflexões, Cameron (2019) propõe 
duas ferramentas para o despertar criativo: as páginas matinais e o 
encontro com o artista. 
• As páginas matinais são três páginas escritas à mão com livre associação. 
Simplesmente isso, sem um plano prévio e sem necessidade de editar o 
texto. A intenção é liberar as preocupações cotidianas ou as histórias que 
passam em nossa cabeça, de forma que sobre o espaço para a criatividade 
acontecer. As páginas permitem que nos afastemos de nossos censores ou 
críticos internos e vão aos poucos permitindo que nos livremos de medos, 
dúvidas, negatividade e outros humores que impeçam nossa ação criativa. 
• Todas essas coisas que lhe provocam raiva, irritação e implicância, 
escritas pela manhã, são um obstáculo entre você e sua criatividade. 
Preocupações com o emprego, a lavanderia, o barulho esquisito que 
o carro está fazendo, o olhar diferente do seu namorado – isso tudo 
fica se revolvendo em seu subconsciente e enlameando seus dias. 
Deixe tudo no papel. (CAMERON, 2019, p. 35) 
• A ferramenta de encontro com o artista é um tempo, talvez duas horas por 
semana, reservado para alimentar a consciência criativa e o artista interior. 
É uma hora “para brincar”, só que planejada com antecedência. No 
momento do encontro é importante não ser interrompido. 
• Alguns exemplos de atividades de encontro com o artista são: uma visita a 
uma loja de artigos de segunda mão, um passeio na praia, assistir a um filme 
antigo, um passeio no parque. São coisas que custam tempo, e não dinheiro. 
Conforme aponta Cameron (2019, p. 44): “passar um tempo a sós com sua 
criança artista é essencial para nutri-la”. 
• Achou isso tudo interessante? Então agora é sua vez: separe um caderno 
específico para a sua prática criativa e nele passe a produzir suas páginas 
matinais. Também uma vez ao menos por semana, por pelo menos uma 
hora, garanta seu encontro com o artista, consigo mesmo. 
• Bons estudos e boa prática criativa! 
• Videoaula: Grupos criativos e 
solução de problemas 
• Meu vídeo não funciona 
• Em nossa aula falamos sobre os obstáculos à criatividade e de que forma os 
processos criativos podem ser incentivados quando a tarefa é de um grupo 
de pessoas. Vamos também desmistificar algumas ideias do que compõe a 
criatividade em si e compreender como a razão e a emoção podem 
colaborar para produzir novas ideias. Por último, nosso convite é à prática 
de estratégias de resgate do artista que mora em cada um de nós. 
• Introdução 
• 
• O conceito de Homo Economicus foi introduzido por John Stuart Mill no 
século XIX. Ele se baseia no pressuposto de racionalidade perfeita do 
indivíduo, isto é, assume que somos capazes de decidir sobre questões 
complexas de forma ótima. Para isso, parte-se do princípio de que seremos 
sempre capazes de analisar e julgar todos os caminhos ou opções possíveis 
e escolher o curso de ação que trará o melhor resultado.• Embora hoje saibamos que esse indivíduo não existe, isso não quer dizer 
que estudar a forma como realizamos julgamentos e tomamos decisões não 
seja importante. Segundo Herbert Simon, Nobel de Economia em 1978, 
compreender os processos de decisão e estudar se os mesmos processos 
levam a boas decisões, estão entre os tópicos de pesquisa mais relevantes 
na área de gestão. 
• Das formas de pensar aos processos de tomada de decisão, serão objetos de 
estudo nesta aula. 
• Desejamos uma excelente imersão na temática heurísticas e vieses. 
Os processos de tomada de decisão 
 
Métodos racionais de tomada de decisão 
Para muitos de nós, existe a percepção – e podemos dizer que, às vezes, a 
esperança – de que o processo de tomada de decisão eficaz possa ter como base 
uma escolha racional, que envolve identificação, escolha e aplicação da melhor 
alternativa possível. Os métodos racionais são estruturados geralmente no 
seguinte conjunto de etapas, conforme Figura 1: 
1. Identificar um problema ou uma oportunidade de maneira clara: por 
vezes, agimos sem ter um entendimento completo do problema, o que 
nos leva a resolvê-lo de maneira errada. 
2. Definir o método a ser utilizado: identificação e priorização de todos os 
objetivos por meio de critérios de avaliação para selecionar a melhor opção 
considerando todos os aspectos envolvidos. 
3. Desenvolver possíveis escolhas ponderadas pela utilização dos 
critérios: é recomendado envolver as equipes na tarefa de atribuir peso 
relativo a cada problema para classificá-lo e priorizá-lo. 
4. Identificar a solução otimizante: realizadas as primeiras etapas, esta 
resultaria teoricamente do julgamento natural fundamentado nas 
anteriores, facilitando o consenso. Recomenda-se fazer previsões sobre 
eventos futuros, tentando avaliar as consequências potenciais das escolhas. 
5. Implementar a solução selecionada: deve-se avaliar, sempre que 
possível, tanto a aderência aos planos quanto aos resultados obtidos em 
relação aos esperados, propondo ajustes quando necessário. 
6. Avaliar a escolha selecionada: é recomendado que haja um aprendizado 
sobre todo o processo, incluindo fatores não previstos durante a 
implantação e diferenças de resultados entre planejado e realizado, 
buscando-se aprimorar métodos e critérios para processos futuros. 
Figura 1 | Estrutura de métodos racionais de tomada de decisão. Fonte: 
adaptada de McShane e Von Glinow (2014). 
McShane e Von Glinow (2014) explicam que um dos problemas com essa 
abordagem é que, na verdade, as pessoas não conseguem adotar métodos racionais 
por terem dificuldades (ou, às vezes, falta de vontade) de reconhecer problemas, 
falta de capacidade para processarem simultaneamente informações associadas a 
problemas complexos e dificuldade para reconhecerem seus limites ou situações 
em que suas decisões e premissas anteriores fracassaram. 
Métodos naturalistas 
Os métodos naturalistas são, às vezes, a melhor opção recomendada, dada a 
impossibilidade de utilização de métodos racionais em função de fatores como: 
• Problemas não estruturados que dificultam abordagens racionais. 
• Presença de incertezas em ambientes dinâmicos, com ciclos que 
realimentam o modelo a partir das primeiras escolhas realizadas. 
• Objetivos mal definidos e mutáveis. 
• Pressão do tempo para tomada de decisão. 
• Múltiplos participantes com conflitos de interesse e dificuldade de chegar a 
um consenso. 
• O fato de que esses modelos não consideram de forma adequada as 
consequências graves para o decisor, que talvez esteja inclinado a posturas 
mais conservadoras ou menos arriscadas em relação às indicadas pelos 
processos racionais. 
A estrutura dos métodos naturalistas é apresentada na Figura 2. Determinada 
situação ou problema gera estímulos que permitem o reconhecimento de padrões 
adotados em situações ou casos semelhantes que já vivenciamos. Esses padrões 
determinam a escolha de roteiros para ação. A resposta pode ser mais rápida ou 
intuitiva ou ainda passar por ciclos de refinamento com base nos padrões mentais 
que utilizamos para análise e tomada de decisão. 
Figura 2 | Estrutura de métodos naturalistas de tomada de decisão. Fonte: 
adaptada de Yu et al. (2011). 
Compreendendo melhor os Sistemas 1 
e 2 
 
Faz sentido afirmarmos que uma decisão pode ser considerada “racional” se ela 
produz um resultado ótimo? Como definirmos “resultado ótimo”? Como o 
“comportamento” influencia a obtenção desse resultado? 
Essas eram questões que Herbert Simon, Nobel de Economia em 1978, fazia sobre 
o processo de tomada de decisão. Segundo suas conclusões, era necessário 
reconhecer as fronteiras da racionalidade e reconhecer que havia limitações da 
capacidade de análise e solução de problemas vinculadas à capacidade de acesso à 
memória de longo prazo e ao aprendizado individual e coletivo. 
As decisões eram influenciadas por sistemas de análise “laterais” que colocam 
limites na abordagem do que se pode considerar um resultado ótimo. Essa é a 
origem do Sistema 1 (rápido e intuitivo) e Sistema 2 (devagar e racional) de 
tomada de decisão. A evidência primária por trás dessa dicotomia veio a partir do 
aprofundamento dos estudos do cérebro. Nossos dois hemisférios cerebrais 
exibem uma divisão de trabalho: em pessoas destras, o hemisfério direito 
desempenha um papel especial no reconhecimento de padrões visuais e o 
hemisfério esquerdo nos processos analíticos e no uso da linguagem, que é 
fundamental para processos racionais de tomada de decisão. 
Figura 3 | A lateralidade dos hemisférios cerebrais. Fonte: Shutterstock. 
Daniel Kahneman (2012), matemático e psicólogo também ganhador do Prêmio 
Nobel em Economia em 2002, nos apresenta com mais detalhes esses dois 
personagens que animam a mente: 
• O Sistema 1 opera de forma automática e rápida, com pouco ou nenhum 
esforço e nenhuma sensação de controle voluntário. 
• O Sistema 2 atribui atenção às atividades mentais que a exigem, incluindo 
cálculos complexos. As operações do Sistema 2 são frequentemente 
associadas à filtros subjetivos. 
Para Kahneman (2012), essas são as principais características do Sistema 1: 
• Gera impressões, sentimentos e inclinações; quando endossados pelo 
Sistema 2, tornam-se crenças, atitudes e intenções. 
• Opera automaticamente e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e 
nenhuma sensação de controle voluntário. 
• Cria um padrão coerente de ideias ativadas na memória associativa. 
• Liga uma sensação de facilidade cognitiva a ilusões da verdade, sentimentos 
agradáveis e vigilância reduzida. 
• Infere e inventa causas e intenções. 
• Negligencia a ambiguidade e suprime a dúvida. 
• É tendencioso para acreditar e confirmar. 
• Concentra-se nas evidências existentes e ignora as evidências ausentes. 
• Gera um conjunto limitado de avaliações básicas. 
• Responde mais fortemente às perdas do que aos ganhos. 
Simon (1987) destaca a importância desse sistema de tomada de decisão a partir 
de seu estudo com grandes mestres enxadristas, que resolvem problemas 
"criativamente" – de novas maneiras interessantes ou socialmente valiosas – com 
base na experiência que acumularam em seu campo ao longo dos anos e fazendo 
apostas calculadas com base em conhecimento superior. 
Já o Sistema 2 é sujeito a heurísticas e vieses, que são atalhos de pensamento que 
adotamos frente a análises de situações por demasiado complexas, em função de 
nossa racionalidade limitada. 
Heurísticas e vieses – quando os 
Sistemas 1 e 2 se encontram 
 
Em questões realmente complexas, o Sistema 2 não é suficiente para nos ajudar a 
concluir por quais caminhos seguiremos em um determinado processo de 
julgamento e tomada de decisão. Ou seja, os modelos racionais utilizados não são 
suficientes por si só: eles são no mais das vezes utilizados como instrumentos de 
apoio e análise para a tomada da decisão em paralelo com o julgamento subjetivo

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