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Competências para a 
Vida 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos uma época de ampla exposição a telas e formas de interação que 
modificaram nossa forma de nos relacionar. Por um lado, a tecnologia nos permitiu 
avançarmos em conectividade, por outro, permanecemos com as mesmas 
necessidades e respostas emocionais de nossos ancestrais de 70 mil anos atrás, 
nem sempre compatíveis com nossa experiência. Acima de tudo, somos seres 
sociais e organizamos a realidade a partir da interação com outras pessoas. 
Nesta aula, vamos compreender as rotas evolutivas de nossas emoções, 
especialmente medo, raiva e tristeza, e como o cérebro emocional trabalha para 
garantir nossa sobrevivência e promover comportamentos adaptativos. 
Falaremos da resposta luta-fuga e da síndrome geral de adaptação, entendendo a 
relação entre nossas emoções e nosso corpo físico. Ao final, esperamos que você 
possa ampliar a própria capacidade de percepção de estados emocionais, 
identificando os sentimentos envolvidos e seu impacto na tomada de decisão e 
comportamento. 
--- 
Assimile 
Os assuntos desta aula têm a ver com o tema “gerenciamento de emoções”. Você 
sabe o que é isso? O gerenciamento de emoções diz respeito a competências 
emocionais intra e interpessoais e nos permite lidar com estados emocionais 
positivos e negativos, de forma construtiva e positiva, possibilitando maior 
abertura à experiência, ao acolhimento afetivo e ao bem-estar, além de favorecer 
processos de desenvolvimento e relacionamentos. Desejamos que o conteúdo a ser 
apresentado contribua para que você saiba como gerir suas emoções. 
--- 
 Bons estudos! 
 
Reação – luta-fuga 
 
Do conceito – resposta: luta-fuga e estresse 
Nossas emoções negativas são provenientes de uma necessidade de sobrevivência; 
tudo nasceu com a resposta luta-fuga, que nos prepara para ameaças iminentes. 
A resposta luta-fuga, também conhecida como resposta ao estresse agudo, 
representa as escolhas que nossos ancestrais tiveram de fazer quando 
confrontados com o perigo em seu ambiente: lutar ou fugir. Em ambos os casos, a 
resposta fisiológica e psicológica ao estresse prepara o corpo para reagir ao perigo, 
sendo liberados hormônios que preparam o corpo para confrontar a ameaça ou 
fugir para um local seguro. 
Mais especificamente, o sistema nervoso simpático estimula as glândulas adrenais, 
desencadeando a liberação de adrenalina e noradrenalina, que provoca aumento 
na frequência cardíaca, pressão arterial e frequência respiratória. A resposta de 
lutar ou fugir pode acontecer diante de um perigo físico iminente (como encontrar 
um cachorro rosnando no meio da rua) ou como resultado de uma ameaça 
psicológica (como se preparar para fazer uma apresentação importante na 
faculdade ou no trabalho). 
A resposta luta-fuga pode ocorrer como “alarme”, conhecido como parte do 
primeiro estágio da síndrome geral de adaptação, um padrão específico de 
resposta comportamental proposto por Hans Selye, em 1936, e que ajuda a 
explicar o efeito do estresse no corpo humano. De acordo com a teoria (Figura 1 a 
seguir), existem três fases sucessivas de resposta diante de um evento estressor: 
alerta, resistência e exaustão: 
• Fase de alerta: ocorre quando o indivíduo entra em contato com o agente 
estressor e o seu corpo perde o equilíbrio. Alguns sintomas possíveis são 
dores no estômago (acidez estomacal), aumento de sudorese, tensão nos 
ombros, insônia, mudança de apetite. 
• Fase de resistência: nessa fase, o corpo busca voltar ao equilíbrio. Há um 
aumento de liberação de cortisol e tem-se impressão de controles 
esporádicos. Alguns sintomas possíveis podem ser cansaço constante, 
problemas dermatológicos, problemas com memória, gastrite prolongada, 
tonturas, sensibilidade emotiva excessiva e obsessão pelo agente estressor. 
• Fase de exaustão: na última fase, podem ocorrer diversos 
comprometimentos físicos em forma de doença. Alguns sintomas podem 
ser: diarreias frequentes, tiques nervosos, problemas dermatológicos 
prolongados, tonturas frequentes, úlcera, impossibilidade de trabalhar, 
taquicardia, insônia prolongada, formigamento nas extremidades. 
Após a fase de exaustão, podem se instalar no organismo diversas doenças 
crônicas, como úlceras, hipertensão arterial, artrites e lesões miocárdicas. 
Figura 1 | Síndrome geral de adaptação. Fonte: adaptada de Healthline (2018). 
A resposta ao estresse é um dos principais tópicos estudados na psicologia da 
saúde e comportamento humano. A compreensão de nossas rotas emocionais e 
seus efeitos no corpo nos permite encontrar maneiras de combater o estresse em 
direção a uma vida mais saudável e produtiva. Nesse sentido, compreender a 
resposta natural de luta ou fuga do corpo é uma maneira de ajudar a lidar com 
situações estressantes em nossa vida. 
A tecnologia e o cérebro humano 
 
As últimas quatro décadas trouxeram uma explosão de inovações tecnológicas. Na 
década de 1980, comemoramos a linha telefônica disponível em residências; já na 
virada do milênio, tivemos computadores individuais; e nas últimas décadas, cada 
pessoa vem carregando consigo um computador com seus e-mails, vídeos 
preferidos, programação da própria dieta, conta bancária e tantas outras 
funcionalidades de aplicativos de celular. 
 Sem dúvida, como sociedade, avançamos muito na acessibilidade de informações 
que nos são interessantes, no entanto, um mecanismo permanece o mesmo há 70 
mil anos: nossa capacidade de assimilar, compreender e expressar informações 
emocionais. Sim, nosso cérebro emocional é o mesmo. E isso acarreta uma série de 
dificuldades em nossa relação com nosso mundo interior e as outras pessoas, ou 
seja, provoca-nos desafios à adaptação. 
De acordo com Paul MacLean (1990), a progressão da vida pode ser vista em nosso 
cérebro a partir dos níveis de desenvolvimento que ele possui: reptiliano 
(primitivo ou instintivo), límbico (emocional) e neocórtex (racional). Nossos 
tecidos corticais são mais complexos, lentos, situam-se na periferia do cérebro (ou 
topo) e são responsáveis pelas nossas funções executivas (tomada de decisão, 
raciocínio lógico, memória da linguagem). No centro do cérebro, abaixo do córtex e 
acima do tronco cerebral, fica nossa região subcortical, também conhecida como 
sistema límbico. 
No centro do sistema límbico, no meio do caminho entre nossas orelhas e atrás de 
nossos olhos, está a amígdala cerebral, envolvida, principalmente, no 
processamento de emoções e nas memórias associadas ao medo (Figura 2). Ela é 
peça-chave de como processamos emoções fortes, como medo ou prazer, e 
responsável por disparar a resposta luta-fuga. 
Figura 2 | Amígdala cerebral. Fonte: Goleman (2011, p. 94). 
Podemos não perceber o papel da amigdala em nosso comportamento, no entanto, 
a título de exemplo, se estamos com nossos “sensores de medo” ligados, ficamos 
mais “desconfiados” e “atentos” a qualquer sinal de desaprovação. Isso, por um 
lado, pode servir para nos tornar mais prudentes, por outro, pode tornar 
impossível o ato de confiar nas pessoas. A amígdala é, ainda, capaz de orientar 
nossos pensamentos, atenção e percepção, tornando-nos instintivamente 
vigilantes a estímulos que corroborem nossa ideia inicial de ameaça. 
Além disso, é interessante o mecanismo de contágio emocional que nosso cérebro 
sofre. Quando ficamos encantados com um bebê sorridente ou quando nos 
entristecemos diante de uma pessoa em situação vulnerável, estamos nos 
conectando às outras pessoas, e essa também é uma característica de nossa 
espécie: somos influenciáveis socialmente e necessitamos do contato com outras 
pessoas. Isso ajuda a explicar o fenômeno das redes sociais e seu amplo 
crescimento nas últimas décadas. 
O fato de que podemos desencadear qualquer emoção em outra pessoa – e ela em 
nós – atesta o poderoso mecanismo por meio do qual os sentimentos de uma 
pessoa se espalham para outras. Essescontágios são a principal transação da 
economia emocional, o intercâmbio de sentimentos que acompanha toda interação 
humana, não importa qual seja o tema em questão. (GOLEMAN, 2019, p. 26) 
Para compreendermos as implicações do contágio emocional, é interessante 
falarmos sobre o papel de cada emoção e de como elas eliciam nossos 
comportamentos. 
Das emoções básicas ao 
comportamento 
 
Aprendemos, nesta aula, sobre nosso cérebro emocional e suas respostas 
evolutivas; para finalizar, vamos falar, especificamente, de nossas emoções e de 
como elas eliciam o comportamento e influenciam nossa resposta diante das mais 
diversas situações. Uma emoção é composta de vários elementos; ela passa por 
nossa consciência tão rapidamente que, por vezes, não a percebemos. Existem, 
pelo menos, três elementos em cada emoção: o tipo de pensamento associado a ela; 
a resposta fisiológica que ela gera, e o comportamento que assumimos a partir dela 
(GONZAGA, 2021). 
De acordo com Paul Ekman (2016), temos emoções universais, ou seja, 
compartilhadas por toda a espécie a partir de cinco rotas evolutivas. A 
compreensão de nossas cinco rotas emocionais básicas nos permite saber as bases 
de nosso comportamento: 
• Medo: uma percepção de ameaça real e iminente. 
• Raiva: aponta uma percepção de injustiça, algo que nos bloqueia. 
• Tristeza: provoca nossa resposta diante da perda de algo de valor. 
• Nojo: aponta nossos gostos e preferências pessoais. 
• Alegria: indica percepção de algo de valor. 
Cada uma dessas cinco rotas abre caminho para centenas de estados emocionais 
secundários, como melancolia, ansiedade ou frustração, perceptíveis em nossas 
relações de trabalho. Para cada “família” emocional existem determinadas atitudes, 
e todas as emoções são “úteis” no sentido de que nos trazem informações sobre 
nossa relação com o mundo. No entanto, podemos utilizá-las a nosso favor, de 
maneira construtiva (visando ao bem-estar e a uma melhor relação com a 
realidade) ou destrutiva (quando não nos desvencilhamos dos estados negativos 
ou prejudicamos outras pessoas). 
Vamos, então, compreender alguns comportamentos possíveis para cada uma das 
famílias emocionais, explorando respostas construtivas ou destrutivas a partir de 
exemplos: 
• Ações diante do medo: evitar a ansiedade (medo de uma ameaça 
imaginada) pode ser construtivo, se nos ajudar a fazer uma apresentação 
para uma sala cheia de pessoas, e destrutivo, se nos impedir de confrontar 
nosso difícil relacionamento com nosso chefe. 
• Ações diante da raiva: suprimir nossa frustração pode ser algo 
construtivo, se nos ajudar a evitar discussões, e destrutivo, se estivermos 
magoados por não falarmos por nós mesmos. 
• Ações diante da tristeza: renunciar a sentimentos de desamparo pode ser 
uma ação construtiva para superar um luto intenso, porém destrutiva, se 
não buscarmos apoio quando precisarmos ou se formos vítimas de uma 
positividade tóxica (evitação extrema de sentimentos negativos). 
• Ações diante do nojo: evitar a aversão pode ser algo construtivo para 
superar o preconceito, mas destrutivo se levar a um envolvimento com uma 
pessoa prejudicial. 
• Ações diante da alegria: expressar nossa alegria por um comportamento 
extrovertido e brincalhão pode ser construtivo como meio de compartilhar 
com amigos um final de tarde, mas destrutivo se for em resposta a zombar 
de alguém. 
Com base nesses exemplos, reflita sobre a forma como você lida com as diferentes 
emoções, se de maneira construtiva ou destrutiva, e qual família emocional (medo, 
raiva, tristeza, nojo, alegria) representa um desafio à inteligência emocional. 
Sobre a inteligência emocional e as habilidades que ela traz, trataremos na 
próxima aula. 
Videoaula: Emoções e comportamento 
Meu vídeo não funciona 
Você já reparou como a tecnologia permite que ampliemos nossas conexões com 
outras pessoas, mas, ainda assim, sofremos de ansiedade, tristeza e frustração 
entre tantas emoções? Isso porque, por mais que avancemos tecnologicamente, 
permanecemos com as mesmas necessidades emocionais, a partir de milênios de 
nossa evolução humana. 
Nesta aula, compreendemos de que forma podemos reagir às ameaças reais ou 
imaginárias analisando a resposta luta-fuga e a síndrome geral de adaptação; 
aprendemos um pouco sobre a amígdala cerebral, integrante de nosso sistema 
límbico, e como nossas emoções são a base para o comportamento; por último, 
refletimos sobre respostas construtivas ou destrutivas a partir de nossas emoções 
universais. 
Introdução 
 
Por muito tempo, consideramos inteligência e emoção como áreas de nossa 
cognição e comportamento totalmente distintas e antagônicas. Nos últimos anos, 
no entanto, a pesquisa e a aplicação de técnicas na área de inteligência emocional 
foram ampliadas consideravelmente. Sim, existe uma maneira inteligente de 
lidarmos com nossas emoções! 
Nesta aula, vamos falar, em primeiro lugar, da escola clássica de inteligência 
emocional, conhecida como modelo quadrifatorial ou de aptidões; em seguida, 
vamos conhecer a escola de Harvard de inteligência emocional a partir do modelo 
de competências socioemocionais proposto por Daniel Goleman; por fim, 
esperamos que você reconheça as próprias competências emocionais, conectando-
as com as atividades de seu dia a dia e refletindo sobre sua aplicação nos 
relacionamentos. 
Bons estudos! 
Uma inteligência para as emoções 
 
Demorou muito tempo para que a palavra inteligência se aproximasse de uma 
visão subjetiva ou emocional. Por muitos séculos, o mundo emocional foi associado 
a nossos instintos e ao homem-animal. Um marco importante para mudar isso 
ocorreu em 1983, quando Howard Gardner apresentou as inteligências pessoais à 
lista de inteligências múltiplas humanas. 
Esse par, denominado inteligências "intrapessoal" e "interpessoal” é, atualmente, 
referida por muitos autores como inteligências pessoal e social. 
A inteligência intrapessoal de Gardner diz respeito ao "eu localizado no indivíduo", 
bem como ao “desenvolvimento dos aspectos internos de uma pessoa”. Em um 
ponto-chave, ele observou que ela envolvia, principalmente, acesso à própria vida 
sentimental (GARDNER, 2009). Já a inteligência interpessoal é a capacidade de 
entender as intenções, motivações e desejos de outras pessoas e, 
consequentemente, trabalhar com outras pessoas de maneira eficaz. 
Baseados no modelo de Gardner, os pesquisadores John Mayer e Peter Salovey 
publicaram, em 1990, o primeiro artigo científico que fez menção a uma 
inteligência emocional, ou seja, a um conjunto de habilidades mentais para se lidar 
com as emoções. Esse modelo ficou conhecido como quadrifatorial ou 
de ability cuja tradução é melhor definida como de aptidões mentais para se lidar 
com emoções humanas. 
De acordo com o modelo quadrifatorial, são quatro as habilidades de inteligência 
emocional (Figura 1): 
• Perceber emoções: identificar emoções em si, nos outros e em coisas, bem 
como expressá-las acuradamente. 
• Usar emoções: facilitar o pensamento e o julgamento a partir de estados 
emocionais. 
• Entender emoções: nomear emoções e sentimentos complexos e 
compreender progressões. 
• Administrar emoções: estar aberto aos sentimentos e gerenciar emoções 
em si e nos outros. 
Figura 1 | Modelo quadrifatorial de IE. Fonte: elaborada pela autora. 
Em uma revisão do modelo clássico, Mayer e Salovey (1997, p. 10) definem dessa 
forma a inteligência emocional: 
Inteligência emocional é a habilidade de perceber, avaliar e expressar emoções de 
forma acurada e adaptativa; a habilidade de entender a emoção e o conhecimento 
emocional; a habilidade de acessar ou gerar sentimentos quando eles facilitam o 
pensamento; e a habilidade de regular emoções de maneira a auxiliar o 
pensamento. 
No modelo quadrifatorial, todas as habilidades incluem as faculdades interpessoal 
e intrapessoal, ou seja, a compreensão e a interaçãocom nós mesmos e com os 
outros. A principal contribuição desse modelo de inteligência emocional é 
considerar que nossas emoções são informações que podemos utilizar para melhor 
avaliarmos cada situação da vida e como nos posicionarmos. Para Susan David 
(2018), nossas emoções podem servir como guias ao nosso comportamento, uma 
vez que sinalizam que valores nossos estão sendo acionados. 
Enquanto navegamos pela vida, nós, humanos, temos poucas maneiras de saber 
que rumo tomar ou o que vem pela frente. Não temos faróis que nos mantenham 
afastados de relacionamentos problemáticos. Não temos vigias na proa ou radares 
na torre atentos a possíveis ameaças submersas que podem afundar nossos planos 
de carreira. Em vez disso temos nossas emoções – sensações como medo, 
ansiedade, alegria e euforia – um sistema neuroquímico que evoluiu para nos 
ajudar a navegar pelas complexas correntes da vida. (DAVID, 2018, p. 12) 
Do emocional ao social 
 
Em 1995, o então psicólogo e jornalista científico Daniel Goleman lançou o best-
seller Inteligência Emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser 
inteligente, e os estudos na área cresceram em número e complexidade 
impressionantes. Já na época, o escritor trazia algumas provocações sobre a 
Inteligência Emocional (IE), conectando-a ao contexto organizacional e ao 
exercício da liderança pela primeira vez. Em seu trabalho, Goleman disseminou a 
inteligência emocional em todos os continentes, sendo sua obra uma das mais 
traduzidas no mundo inteiro. Nos anos 2000, Goleman se associou à Korn Ferry 
Hay Group, uma consultoria global de recursos humanos, e desenvolveu, em 
parceria com outros pesquisadores de Harvard, o modelo de competências 
socioemocionais para explicar sua ideia de inteligência emocional. 
Faz-se interessante notar que, no modelo de competências, as dimensões intra e 
interpessoais ganham destaque, servindo para separar as competências do ser 
(self) das competências interpessoais (sociais), tanto para reconhecimento como 
para regulação das emoções. Surge, então, uma nova definição de inteligência 
emocional, que contempla o social: 
Inteligência emocional e social é a capacidade de reconhecer nossos próprios 
sentimentos e de outros, motivar a nós mesmos e administrar emoções 
efetivamente em nós mesmos e outros. (GOLEMAN; BOYATZIS, 2016, p. 2) 
De forma a promover a avaliação de competências socioemocionais de executivos 
do mundo inteiro, Goleman e Boyatzis (2016) associaram-se à Korn Ferry Hay 
Group e criaram o assessment ESCI – Emotional and Social Competence Inventory, 
que serve de base para processos de desenvolvimento gerencial e coaching 
sistêmico em equipes de liderança. O instrumento ESCI é uma avaliação 360° que 
permite que um indivíduo se avalie e seja avaliado por pares, clientes, líderes e 
liderados em relação a 12 competências socioemocionais ligadas ao trabalho nas 
dimensões de autoconsciência, autocontrole, consciência social e gestão de 
relacionamentos: 
• Autoconsciência: reconhecer e entender as próprias emoções. 
Competência emocional associada (1): autoconsciência das emoções. 
• Consciência social: reconhecer e entender emoções em outros. 
Competências emocionais associadas (2): empatia e consciência 
organizacional. 
• Autocontrole: efetivamente, administrar as próprias emoções. 
Competências emocionais associadas (4): adaptabilidade, otimismo, 
autocontrole, orientação para resultados. 
• Gestão de relacionamentos: aplicar e entender as emoções ao lidar com as 
emoções de outros. Competências emocionais associadas (5): coaching e 
mentoring, gestão de conflitos, influência, liderança inspiradora, trabalho de 
equipe 
Além do assessment ESCI, existem diversas escalas para avaliação de competências 
socioemocionais, algumas com validação científica, outras não. O que se espera 
desse tipo de assessment é que possa contribuir para que a organização possa 
medir a inteligência emocional de líderes e liderados, aumentar a conscientização 
das pessoas a respeito de seus comportamentos, desenvolver qualidades 
específicas para as interações sociais e promover confiança e emoções positivas 
em indivíduos e equipes. 
Bases para avaliar e desenvolver a 
inteligência emocional 
 
Uma pergunta muito comum para quem trabalha com emoções é: como faço para 
avaliar minha inteligência emocional? Ou, ainda, qual é a competência 
socioemocional mais importante para o nosso sucesso e como desenvolvê-la? 
De acordo com a escola de competências de inteligência emocional, a resposta é: 
comece por você. Isso significa que a competência emocional mais importante para 
se desenvolver é a autoconsciência das emoções; ela diz respeito à capacidade de 
compreender suas próprias emoções e seus efeitos no raciocínio e na ação. 
Quando você sabe como se sente e por que sente, ou seja, os motivos por trás de 
seus sentimentos, fica mais fácil não se “deixar levar” pelas situações, mantendo 
uma atenção flutuante em relação às coisas que acontecem. Quem é autoconsciente 
também tem uma maior clareza de suas forças e fraquezas e consegue direcionar 
seus esforços de aprendizagem; frente a isso, muitos estudos de inteligência 
emocional estão se direcionando para a compreensão dos mecanismos de nossa 
atenção, uma vez que ela pode promover mudança de comportamento. 
O movimento rumo ao próprio desenvolvimento parte da autoconsciência e 
caminha para as dimensões de autocontrole e consciência social, simultaneamente, 
porque, uma vez que temos maior consciência, passamos, também, a regular mais 
facilmente nossos estados emocionais e, paralelamente, a “reparar” mais nas 
reações e mensagens não verbais das outras pessoas. 
Por último, uma vez desenvolvida a nossa dimensão intrapessoal e ampliado o 
nosso processo empático com outras pessoas, passamos a ter maior clareza do 
efeito que causamos em interações de longo prazo, ou seja, passamos a levar 
inteligência emocional para nossos relacionamentos. 
Refletindo sobre a própria Inteligência Emocional (IE) 
Uma dificuldade nos programas de desenvolvimento organizacionais é medir o 
nível de consciência e ação emocional das pessoas. Nesse sentido, há uma 
contradição em relação aos testes de Inteligência Emocional, porque, se de um 
lado, somos pouco acurados em medir nossas próprias habilidades emocionais (na 
maioria das vezes, quem “menos precisa” de Inteligência Emocional é quem mais 
se beneficia de programas de desenvolvimento), de outro, é interessante perguntar 
aos outros sobre nosso comportamento, e isso faz com que as avaliações por pares 
ou por informantes sejam largamente utilizadas. Porém, para que essas avaliações 
sejam bem-sucedidas, é preciso treinamento quanto à forma de condução e muito 
zelo com as informações coletadas, a fim de que não promovam um clima de 
desconfiança e perseguição. 
Com base em nossa aula, reflita sobre suas competências socioemocionais, 
iniciando pela autoconsciência: quais são suas maiores forças em relação à 
interação com outras pessoas? E as fraquezas? Em seguida, procure refletir sobre 
seu autocontrole: existem pessoas que acionam seus gatilhos emocionais? Quem 
são essas pessoas e que valores elas violam? 
Finalizando a compreensão “intrapessoal” de suas competências, vale a pena 
escolher um colega ou amigo de confiança para perguntar se você é uma pessoa 
que transmite empatia, como é trabalhar em grupo com você, se você consegue 
influenciar as pessoas a modificar seu comportamento e, ainda, se você contribui 
para o aprendizado de outras pessoas. 
Esse tipo de questionamento ajuda a colocar sua inteligência social em perspectiva, 
favorecendo o processo de autodesenvolvimento. 
Videoaula: A escola de Harvard de 
inteligência emocional 
Meu vídeo não funciona 
Você sabia que o acesso ao nosso mundo emocional requer inteligência? Desde os 
anos 1990, convivemos com modelos de inteligência emocional,compreendendo 
que existem habilidades mentais e comportamentais específicas às pessoas com 
alta Inteligência Emocional. Mais especificamente, a escola de Harvard de 
Inteligência Emocional reconhece que temos competências socioemocionais, ou 
seja, existem determinados comportamentos que levam pessoas a uma melhor 
performance social. Nesta aula, vamos conhecer o modelo clássico e o modelo de 
competências de inteligência emocional, bem como falar das implicações para 
programas de avaliação e desenvolvimento nas organizações. 
Introdução 
 
Como percebemos que uma pessoa tem inteligência emocional? Podemos entender 
as emoções como veículos para troca de informações que impactam o nosso 
desempenho e a qualidade ou eficácia das interações que mantemos com as outras 
pessoas, e uma pessoa com inteligência emocional considera essas informações 
para moldar o seu comportamento e a sua tomada de decisão. 
Não existe um comportamento ótimo que sempre provê os melhores resultados 
numa dada situação; é preciso flexibilidade e agilidade emocional para moldar o 
comportamento e a decisão, conforme o contexto de cada situação. 
Uma pessoa com habilidades de inteligência emocional é considerada aquela capaz 
de processar informações emocionais de forma adequada. Nesta aula, vamos 
debater sobre o tema. 
Bons estudos e até breve! 
Sobre emoções e estados emocionais 
 
Todos estamos sujeitos a fenômenos afetivos, que, de acordo com o professor 
Rafael Bisquerra, da Universidade de Barcelona, englobam: 
• Emoções: respostas de nosso organismo aos estímulos que recebemos. 
• Sentimentos: tomada de consciência sobre essas emoções. 
• Estados emocionais: podem ser entendidos como uma predisposição dos 
indivíduos para uma determinada atitude, comportamento ou decisão. 
Esses fenômenos afetivos são modulados por crenças e valores pessoais, isto é, o 
mesmo estímulo pode provocar respostas distintas nas pessoas, e isso traz 
impactos não apenas em nosso comportamento individual mas também nos 
relacionamentos interpessoais. Vamos analisar esses impactos a seguir, no curto e 
no longo prazo. 
No curto prazo, esses fenômenos emocionais predispõem nossa intenção de ação, 
podendo influenciar nossa percepção ou predisposição a atuar em favor ou contra 
uma ideia ou a posição de algum colega ou funcionário sob nossa supervisão. Por 
exemplo: um gestor tomado de um estado emocional de impaciência pode rejeitar 
novas ideias ou estratégias por considerá-las, inicialmente, de alto risco, sendo 
que, frente a uma análise mais calma e sensata, poderia enxergá-las como uma 
excelente oportunidade. Se esse gestor pudesse perceber como esse estado 
emocional o influencia, talvez, viesse a tomar outra linha de ação em relação a essa 
situação específica. Para isso, precisaria colocar em prática as habilidades de 
inteligência emocional do modelo dos professores Goleman e Richard Boyatzis que 
aprendemos em nossa última aula, ou seja, ele precisaria: exercitar a 
autoconsciência de seu estado emocional e perceber que sua impaciência dificulta 
a análise de novos conceitos e ideias; exercer a consciência social, entrando em 
sintonia com as necessidades e expectativas de seus colegas ou funcionários; 
praticar o autocontrole, regulando sua resposta emocional para um estado de 
maior calma e abertura; por fim, realizar uma boa gestão dos relacionamentos, 
aplicando o entendimento emocional no trato com os outros, mantendo-se 
assertivo e aberto ao diálogo que pode levá-lo a decidir por uma nova linha de ação 
ou decliná-la de forma adequada, sem gerar frustração ou desmotivação em seus 
pares ou funcionários. 
Já no longo prazo, precisamos considerar que os fenômenos afetivos constituem 
aspectos essenciais de nossa personalidade. A exteriorização repetida de certas 
emoções em uma pessoa pode chegar a constituir um traço de sua personalidade. 
Retomando o nosso exemplo, se um gestor se mostra constantemente impaciente 
em suas atitudes e posicionamentos, isso pode passar a ser percebido como um 
traço de sua personalidade. Tendemos a identificar as pessoas pela emoção 
predominante em seu comportamento, logo, se um gestor é percebido como 
impaciente, isso pode levar seus pares ou funcionários a nem mesmo cogitar 
apresentar-lhe uma nova ideia, podendo provocar prejuízos a ele ou ao próprio 
negócio que administra. 
Tal situação caracteriza o que a doutora Susan David chama de falta de agilidade 
emocional. Por mais inteligente e capaz que esse gestor de nosso exemplo possa 
ser, se ele mantém um estado contínuo de impaciência, seus sentimentos 
determinam suas ações, decisões e a forma com que administra seus 
relacionamentos. É necessário, portanto, que ele perceba o seu estado emocional e 
aja para mudar padrões, hábitos ou comportamentos que o impedem de se adaptar 
às diferentes situações que são apresentadas e de atuar de forma eficaz frente a 
elas, modulando suas respostas emocionais. 
A necessidade de flexibilidade e 
agilidade emocional 
 
Vamos reforçar o entendimento das competências que compõem o modelo de 
inteligência emocional para reconhecer e regular emoções em si e nos outros. 
Considerando nossas respostas aos estímulos internos e externos do ambiente, 
precisamos exercer as competências desse modelo de forma balanceada, pois a 
falta de alguma delas poderá prejudicar o processamento e o uso da informação 
emocional. 
Vamos às competências: 
• Autoconsciência: é a principal competência de inteligência emocional, pois 
exerce grande influência nas demais, e é baseada numa vontade de ter 
acesso a novas perspectivas e no entendimento de si mesmo(a). Pessoas 
com essa habilidade têm maior facilidade para o desenvolvimento pessoal. 
Você demonstra autoconsciência quando: 
- Dá-se conta de seus próprios sentimentos. 
- Sabe o que causa esses sentimentos. 
- Compreende as consequências de seus estados emocionais em seu 
comportamento ou em suas decisões. 
- Conhece suas forças e limites. 
- Está aberto ao feedback. 
• Autocontrole 
O autocontrole provê direção, energia e restrição ao nosso comportamento. 
Ele nos permite regular as emoções no cotidiano e ter maior controle das 
respostas emocionais em situações desafiadoras. 
Você demonstra autocontrole emocional quando: 
- Consegue lidar de forma calma com situações estressantes. 
- Consegue regular a intensidade de suas respostas emocionais e controlar seus 
impulsos. 
- Mantém sua positividade e otimismo mesmo perante eventos difíceis. 
- Consegue realizar suas entregas mesmo quando envolto em sentimentos 
negativos. 
• Consciência social 
Consciência social tem a ver com entrar em sintonia com as necessidades, 
expectativas, comportamentos e estados emocionais de outras pessoas. Aqui, é 
necessário considerar pessoas e contextos. 
Você demonstra empatia quando: 
- Consegue ler pistas sobre os estados emocionais de outras pessoas de forma 
precisa. 
- Desenvolve escuta ativa. 
- Entende as perspectivas e os pontos de vista de outras pessoas. 
- Compreende as razões que motivam as outras pessoas. 
Você demonstra sensibilidade ao contexto quando: 
- Entende as forças políticas em seu trabalho, grupo ou organização. 
- Consegue compreender as principais relações de poder existentes. 
- Compreende os valores e a cultura de seu grupo ou organização. 
- Compreende os processos informais existentes em seu grupo ou ambiente de 
trabalho. 
- Entende quais comportamentos são valorizados e quais são considerados 
inadequados em seu grupo ou ambiente de trabalho. 
• Gestão de relacionamentos 
A gestão de relacionamentos é a competência que nos permite "fazer a diferença", 
influenciar e motivar outras pessoas, bem como aplicar o entendimento emocional 
no trato com o outro, mantendo a assertividade e o diálogo fácil para objetivos 
comuns. 
Você demonstra uma boa gestão de relacionamentos quando: 
- Consegue construir consenso einfluenciar pessoas para apoiar suas ideias e 
sugestões. 
- Oferece feedback para melhorar o desempenho de outras pessoas, reconhecendo 
suas forças e oportunidades de desenvolvimento. 
- Consegue inspirar outras pessoas para atingir metas e objetivos, extraindo o 
melhor de cada uma delas. 
- Consegue promover confiança, cooperação e espírito de equipe nos grupos em 
que atua. 
Quando falta uma habilidade de 
inteligência emocional 
 
Exploramos as competências de inteligência emocional, mas será que ficou claro o 
que acontece quando essas competências não estão presentes? Para reforçar o 
entendimento, apresentaremos, a seguir, quatro casos de indivíduos que 
encontramos, frequentemente, em organizações. 
• CASO 1 – “O disperso”: você deve conhecer o perfil desse indivíduo, que 
apresenta muita dificuldade em manter o foco na tarefa. Essa pessoa 
trabalha com muitas janelas mentais abertas ao mesmo tempo ou se 
desdobra tentando atender a muitas demandas. A fala é acelerada, 
dificultando o entendimento da ideia que está tentando, efetivamente, 
transmitir, e como não consegue atuar nesse nível de energia por muito 
tempo, apresenta comportamento inconstante. Frente a isso, a competência 
que falta nesse caso é a autoconsciência, seja por não perceber seu estado, 
seja por estar, propositadamente, tentando ignorar seus limites. E para 
evitar isso, sempre preste atenção em seu corpo, pois é nele que o estresse 
se manifesta; busque desacelerar com práticas de meditação e peça 
feedback de pessoas em quem confia. 
• CASO 2 – “Pavio curto”: emoções acumuladas, irritação com todos, 
respostas ásperas, comportamento passivo-agressivo ou agressivo e alta 
sensibilidade ao que os outros dizem. O que falta neste caso é o 
autocontrole emocional. Procure identificar quais são os gatilhos ou 
situações que disparam essas reações intensas e busque refletir sobre suas 
causas, bem como modificar seu comportamento. Ajudar outras pessoas a 
desenvolver seu controle emocional também traz benefícios para o nosso 
próprio autocontrole. 
• CASO 3 – “Muito racional”: esse indivíduo tem o comportamento de quem 
se acha dono da razão, perguntando-nos, às vezes, se “queremos que ele 
desenhe” uma determinada situação, a fim de que a entendamos e 
concordemos com o seu ponto de vista. Esse é um comportamento de 
desconexão social e de dificuldade de perceber qualquer emoção 
manifestada por outras pessoas. Neste caso, é preciso, preventivamente, 
pedir feedback contínuo a pessoas de nossa confiança, que possam nos 
fornecer legendas emocionais sempre que deixarmos de compreender o 
impacto de nossas atitudes perante nossos colegas de trabalho. 
• CASO 4 – “Muito desconectado”: esse indivíduo apresenta desinteresse 
pelo grupo do qual participa, tendo dificuldade de compor ideias com os 
outros. Ele é focado apenas no que precisa acontecer, sem considerar que 
precisa que as pessoas compartilhem sua visão e sem se comprometer com 
os resultados. Neste caso, falta a gestão de relacionamentos, e mais do que 
justificar o que é preciso, corações e mentes precisam ser conquistados. 
Sempre que encontrar resistência as suas ideias e opiniões, busque ouvir 
ativamente as pessoas que apresentam contrapontos, esforce-se em 
conhecer seus motivos, valores e opiniões e, assim, conseguirá influenciá-
los de forma positiva. 
Para compreender melhor a mudança necessária, além de assistir ao Ted 
recomendado da Dra. Susan David (encontrará o link a seguir, em Saiba mais), é 
importante adotar as seguintes medidas: 
• Faça um esforço para reconhecer seus padrões de comportamento: 
precisamos nos dar conta de nossos estados emocionais antes de qualquer 
iniciativa para modificá-los. 
• Tenha o hábito de nomear seus pensamentos e emoções: isso o ajudará a 
separar o estado emocional do indivíduo. 
• Aceite seus estados emocionais: desenvolva compaixão por si mesmo em 
vez de negar tais estados, buscando entender suas causas, e aproveite essa 
informação valiosa para o seu processo de aprendizado e crescimento 
pessoal. 
• Tome decisões e haja com base em valores: esse comportamento representa 
o que você ou sua organização valoriza ou aspira? 
Já as transformações de longo prazo, voltadas ao desenvolvimento da agilidade 
emocional, requerem a aplicação dessas competências de forma continuada. 
Videoaula: Quando falta inteligência 
emocional 
Meu vídeo não funciona 
Em nosso vídeo resumo, vamos explorar as competências do modelo de 
inteligência emocional e, por meio de estudos de caso, compreender o impacto de 
sua falta em nossas relações interpessoais, bem como formas de desenvolvê-las. 
Além disso, vamos explorar o desenvolvimento de longo prazo de nossas 
competências e nossa agilidade emocional. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos uma época em que a ansiedade e a depressão alcançam níveis epidêmicos. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que uma a cada cinco pessoas 
desenvolve quadros depressivos durante a vida e uma a cada quatro pessoas sofre 
de ansiedade. 
Com a pandemia da Covid-19, essas estimativas ampliaram-se consideravelmente, 
especialmente entre jovens e adolescentes, por conta do excesso de estímulos 
audiovisuais, do isolamento social, do alto grau de incertezas e de risco a que todos 
estamos submetidos, entre outros fatores. Disso, surgiu a necessidade de 
compreendermos formas de regulação emocional frente às emoções aflitivas, logo, 
conheceremos alguns conceitos ligados à psicologia positiva e falaremos sobre o 
valor das práticas contemplativas. 
Ao final desta aula, esperamos que você descubra formas de acalmar estados 
ansiosos e garantir o alívio da tristeza a partir do acesso a emoções positivas. 
Uma epidemia de ansiedade 
 
Um fato que intriga pesquisadores de saúde mental é o aumento significativo de 
quadros de ansiedade nas mais diversas culturas e populações. Segundo Leahy 
(2011), a criança média, hoje, exibe o mesmo nível de ansiedade do paciente 
psiquiátrico da década de 1950! Considerando que, atualmente, temos acesso 
facilitado a tratamentos médicos, as pessoas vivem mais e vivem em melhores 
condições de saúde, por que isso acontece? 
Uma explicação para isso está em nosso estilo de vida. Por exemplo: a alta 
facilidade em nos conectarmos às mais diferentes notícias e realidades nos coloca 
em constante comparação e confusão. Absorvermos informações demais sobre 
fatos e imagens, o que “cansa” nossos sensores emocionais e nos coloca em uma 
espécie de vertigem, algo típico da ansiedade. 
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA), a ansiedade é uma 
emoção caracterizada por sentimentos de tensão, pensamentos preocupados e 
mudanças físicas, como aumento da pressão arterial. Pessoas com transtornos de 
ansiedade, geralmente, têm pensamentos ou preocupações intrusivas recorrentes; 
elas podem evitar certas situações por preocupação e apresentar sintomas físicos, 
como sudorese, tremores, tonturas ou taquicardia. 
Como outros estados emocionais, a ansiedade pode ser facilitada por questões 
fisiológicas, mas é, das emoções aflitivas, a mais ligada ao modo como projetamos 
nossa percepção da realidade. Ela é, portanto, uma emoção ancorada no tempo 
futuro, geralmente, ocupando nossa mente com situações sobre as quais não temos 
controle, mas desejamos controlar. 
De acordo com Laguaite (2011), são múltiplos os sintomas de ansiedade, entre 
eles: 
• Evitar amigos ou família. 
• Preocupação constante. 
• Choro. 
• Sensação de irritação, cansaço ou tensão. 
• Sentir que você precisa ser perfeito. 
• Ter problemas para dormir. 
• Ter problemas para se concentrar ou lembrar das coisas. 
• Perder o interesse no seu trabalho. 
• Comer demais ou de menos. 
Existem situações que podem disparar nossa ansiedade e nos fazer antecipar 
nosso desempenho diante de outras pessoas. No espaço de trabalho, algumas delas 
são: 
• Lidarcom problemas de colegas. 
• Montar e realizar apresentações. 
• Acompanhar e atualizar as redes sociais. 
• Reuniões, almoços de equipe e festas de escritório. 
• Cumprir e definir prazos em equipe. 
• Falar durante as reuniões. 
Certos comportamentos não nos ajudam a lidar com preocupações e ansiedades, 
como tentar suprimir os pensamentos, alienar-se com álcool e outros vícios, 
superestimar o risco de algo ruim acontecer ou checar repetidamente o status nas 
redes sociais. Ao contrário! O que pode contribuir para a diminuição da ansiedades 
é ter clareza do que efetivamente se pode controlar e uma certa apreciação da 
experiência, ainda que a vida apresente novos riscos e incertezas a cada dia. Em 
relação aos desafios diários, para diminuir a ansiedade, é importante dedicar-se a 
uma atividade por vez, buscando pausas para observar o que acontece e refazer as 
energias. 
Nosso jeito de viver e a tristeza 
 
Com a depressão aumentando em todas as faixas etárias e o estresse se tornando 
algo comum em nossas vidas, é seguro supormos que nosso estilo de vida pode 
estar contribuindo para nos deixar “para baixo”. Ao contrário do que parece, o 
estresse não é um elemento isolado dos estados de abatimento, na verdade, são 
estados emocionais que convivem. A fórmula já conhecemos: um esforço imenso 
para fazer as atividades mais corriqueiras seguido de um cansaço extremo e a 
vontade de não fazer nada. Em muitas situações, estresse e fadiga são duas faces da 
mesma moeda, assim como ansiedade e depressão. 
Todo mundo tem um dia ruim de vez em quando; uma discussão com um cliente, 
uma briga dolorosa com o cônjuge, a perda de um animal de estimação, ser 
preterido de uma promoção e outras decepções do dia a dia podem fazer com que 
nos sintamos péssimos. A tristeza é uma emoção normal, que deve desaparecer 
com o tempo, mas quando essa melancolia não é temporária, o perigo de depressão 
pode estar no horizonte. 
Existem alguns pontos importantes que apontam a diferença entre a simples 
tristeza e um quadro depressivo. O Quadro 1 a seguir explica em que elas se 
diferem: 
Quadro 1 | Diferenças entre tristeza e depressão. Fonte: Botega (2020, p. 23). 
É importante compreendermos que a tristeza é uma emoção humana normal, que 
todo mundo sente de vez em quando. Como vimos na primeira aula, ela está 
associada a algum tipo de perda, podendo estar vinculada à forma como 
entendemos alguma situação da vida. Uma característica interessante da tristeza é 
que, quando a sentimos, é como se “nunca tivéssemos” sentido a felicidade antes, 
além disso, facilmente, ela é a emoção dominante. Quando em intensidade baixa, a 
tristeza favorece a análise crítica e a empatia por outras pessoas; por essa razão, a 
tristeza pode ser aliviada quando desabafamos, choramos ou, simplesmente, 
entramos em contato com nossos sentimentos. 
O mais importante em relação à tristeza é que ela é temporária. Se ela se 
intensificar e não estiver mais vinculada a algum fato específico (geralmente de 
perda), é possível que haja algo mais a se investigar, como uma possível depressão, 
e, nesse caso, o ideal é procurar ajuda de um profissional de saúde mental. 
Ainda, a depressão pode ser desencadeada por uma predisposição fisiológica, 
como uma forte alteração hormonal, ou devido a circunstâncias externas. O termo 
"deprimido" é frequentemente mal utilizado e muitas pessoas explicam estados de 
melancolia a partir do sentimento de depressão. A depressão clínica, no entanto, só 
pode ser diagnosticada por um profissional de saúde mental, que pode avaliar os 
sintomas e recomendar o tratamento adequado. 
Práticas para viver melhor 
 
Como vimos até aqui, nosso estilo de vida conectado e hiperligado contribui para a 
perda de bem-estar e satisfação pessoal. Por isso, para fazer frente a estados 
depressivos e ansiosos, muitas pessoas estão se voltando a práticas 
contemplativas, como mindfulness e meditação, que ajudam a diminuir o fardo de 
nossos embates emocionais cotidianos. 
Muitas são as práticas contemplativas, podendo ser generativas, quando intentam 
gerar pensamentos e sentimentos de compaixão ou conexão com algo superior 
(como orações e mantras), de movimento (como caminhadas ou artes marciais) 
ou de quietude, quando buscam promover calma e tranquilidade (como meditação 
sentada). Elas são chamadas "práticas" porque se aperfeiçoam com o tempo e a 
repetição, modificando a forma como experimentamos a realidade. 
De acordo com a organização CMind (2021), as práticas contemplativas podem 
incluir atividades como cantar, tocar música e tricotar, bem como práticas como 
ioga ou tai-chi. Em comum, elas têm a característica de promover uma melhora em 
nossa saúde emocional, afastando-nos de emoções aflitivas e nos aproximando de 
estados de bem-estar e apreciação da vida. 
Mindfulness é uma expressão em inglês melhor traduzida como “atenção plena” e 
diz respeito a uma observação da realidade de forma curiosa e distanciada. Quando 
estamos “mindful”, percebemos o que acontece de maneira livre de julgamentos, 
por isso, a prática de mindfulness 
torna-se uma ferramenta poderosa para nos ajudar a controlar o sofrimento que 
experienciamos, promovendo calma, apreciação da experiência e felicidade. 
Não é preciso fechar os olhos para a prática de mindfulness; podemos praticar, por 
exemplo, a partir de uma alimentação consciente, em que cada garfada é apreciada 
cuidadosamente, bem como o sabor dos alimentos e suas diferentes texturas. Outra 
opção é uma caminhada ao ar livre, de forma que todos os nossos sentidos estejam 
atentos ao ambiente e que possamos “prestar atenção” às nossas passadas sob 
efeito do vento e das paisagens que vislumbramos. 
Muitas são as práticas possíveis de meditação. Uma delas é sentar-se 
confortavelmente por alguns minutos diariamente, fechando os olhos para 
presenciar as diferentes “janelas mentais”, separando sons, percepções do corpo e 
pensamentos, bem como observar a si mesmo com tranquilidade. Outra meditação 
bastante comum é, simplesmente, prestar atenção na respiração, pontuando o ar 
que entra e o ar que sai, e nas diferentes sensações e nos sentimentos que 
surgirem, sem julgamentos. 
Outra opção simples é prestar atenção no seu momento presente. Pratique agora: 
inspire profundamente pelo nariz e exale devagar pela boca, por três inspirações e 
expirações. Em seguida feche os olhos e deixe o “pensamento flutuar”, sem julgar, 
sem reter nenhuma emoção e sem evitar. Você verá como uma prática tão simples 
pode nos fazer “recuperar o fôlego” e, quem sabe, levar a vida um pouco mais leve. 
No Saiba mais desta aula, sugerimos que você construa a árvore de práticas 
contemplativas, descobrindo o seu jeito de estabelecer uma conexão saudável com 
suas emoções. 
Videoaula: Como desenvolver a gestão 
emocional 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos em uma época acelerada, em que o isolamento social e o excesso de 
informações nos tornam cada vez mais estressados e ansiosos. Nesta aula, falamos 
sobre ansiedade e depressão, compreendendo as características que desafiam 
nossas mentes a lidar com a realidade; ao final, apresentamos algumas formas de 
fazer frente às emoções aflitivas, a partir de práticas contemplativas 
de mindfulness e meditação. 
Estilos de liderança 
Meu vídeo não funciona 
A tarefa fundamental de um líder é cultivar bons sentimentos naqueles que lidera. 
Isso ocorre quando o líder cria ressonância - um reservatório de positividade que 
liberta o melhor das pessoas. Em sua raiz, então, o trabalho primordial da 
liderança é emocional. 
 No livro “O poder da inteligência emocional”, Daniel Goleman, Richard Boyatzis e 
Aniee McKee apresentam diferentes estilos de líderes ressonantes, que seriam 
mais eficazes por fazerem uso de competências de inteligência emocional. Alguns 
desses estilos são reproduzidos na tabela a seguir. 
Fonte: elaborada pelo autor.Procure descrever quais dimensões e competências de inteligência emocional, 
conforme o modelo de IE da Escola de Harvard, são fundamentais para o exercício 
desses estilos de liderança, justificando sua resposta. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Possível resposta... 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Você já reparou em algum artista realizando uma performance, como um 
dançarino ou um pintor? Já se envolveu em uma atividade e não viu o tempo 
passar? Essas situações podem indicar o estado de flow, um estado de espírito em 
que ficamos totalmente imersos no que fazemos e podemos criar o novo em 
atividades que já temos amplo domínio. 
Vamos falar nesta aula sobre isso e sobre a formação de indivíduos criativos, 
compreendendo o papel do ambiente e de nossas relações afetivas, inclusive com a 
própria tarefa. Por último, vamos conhecer uma técnica para facilitação de nossas 
emoções de forma a promover a criatividade. 
Ao final da aula espera-se que você perceba mais atentamente seus processos 
criativos e facilite humores positivos para que novas soluções possam chegar a seu 
campo cognitivo. 
O processo de flow 
 
É encantador observar os movimentos de uma bailarina em uma apresentação de 
alto desempenho. A fluidez na pista faz parecer fácil a condução dos passos e por 
mais força que ela coloque em seus músculos, o que conseguimos perceber é 
leveza. Se perguntarmos para a bailarina como ela se sente no momento da 
performance, ela dirá que é como se o tempo parasse ou como se não tivesse 
percepção alguma de tempo. Outra característica é que ela não perceberia seus 
pensamentos, como se nesse momento o eu se fundisse com a tarefa, ou seja, ela se 
tornasse a dança. Esse estado de espírito em que estamos totalmente imersos em 
uma atividade é chamado de flow, ou fluxo. 
Para chegar ao desempenho em flow em processos criativos são necessárias 
muitas horas de treinamento. De acordo com o psicólogo positivo Mihaly 
Csikszentmihaliy (2020), que estuda o processo de flow nos últimos 30 anos, são 
necessários 10 anos de dedicação a um determinado tema ou atividade para que se 
possa criar algo totalmente novo a respeito. E aqui o autor faz uma conexão entre 
o flow e a criatividade: é preciso muito envolvimento com uma atividade para que 
se possa ser criativo em relação a ela. É como se a mente precisasse de muitos 
registros de uma determinada ação para que pudesse automatizar totalmente o 
processo e então fluir de forma mais independente, sem programar os 
pensamentos. 
Ao realizar uma tarefa em estado flow, a pessoa sente-se “livre” de ter de pensar e 
simplesmente flui. Csikszentmihaliy explica que mesmo atividades consideradas 
repetitivas, burocráticas ou cansativas, pode oportunizar momentos de 
criatividade, gerando satisfação posterior. Para isso acontecer, é necessário que os 
indivíduos dessas atividades tenham o chamado perfil autotélico, que consegue 
reconhecer oportunidades onde outros não reconhecem e tirar bem-estar 
psicológico a partir de atividades consideradas difíceis para outras pessoas. A 
pessoa autotélica cria condições para o flow acontecer. Outros exemplos são as 
atividades de “abrir a massa” feita em algumas pizzarias artesanais ou de “soprar o 
vidro” feita em vidraçarias tradicionais. Essas são tarefas aparentemente banais 
que são transformadas criativamente por pessoas autotélicas, que retiram 
satisfação e promovem um toque artístico no que fazem. 
Algumas outras definições ajudam a compreender melhor o flow. É necessário que 
a pessoa se sinta desafiada pela tarefa e, ao mesmo tempo, tenha condições de 
executá-la. Daí a importância do amplo tempo de dedicação para que se chegue 
ao flow. Se temos muito domínio sobre uma atividade e não somos desafiados por 
ela, é fácil cair em um estado de tédio. Já se temos pouca habilidade e o desafio da 
tarefa é muito grande, entramos em estado de preocupação ou ansiedade, uma vez 
que não vemos saída fácil. Essas diferentes relações entre o desafio e a habilidade 
são explicadas pela Figura 1. 
Figura 1 | Estado de flow. Fonte: adaptada de Csikszentmihalyi (2020). 
O que se pode resumir é que duas condições são necessárias para que o flow possa 
acontecer: a pessoa sentir-se altamente motivada para a atividade e com 
capacidade ou competência para realizá-la a contento. Nesse caso, há um grande 
investimento de energia e concentração, até que se perca a noção do tempo ou do 
pensar. Passa-se a tão somente executar, com espaço para criar. Daí a satisfação 
decorrente. 
O indivíduo criativo em formação 
Meu vídeo não funciona 
Inspirado na teoria de Csikszentmihalyi, Howard Gardner explorou as condições 
necessárias para as pessoas serem criativas. Ele analisou a vida de sete 
personalidades criativas: Freud, Einstein, Picasso, Stravinsky, Eliot, Graham e 
Gandhi e chegou à conclusão de que a criatividade não é um fato isolado e restrito 
a indivíduos geniais, ao contrário, depende das condições de formação do indivíduo 
criativo, do ambiente em que cresceu, do afeto que recebeu e das oportunidades 
que encontrou. 
Para explicar essas condições, Gardner (1996) propôs o triângulo da formação 
(Figura 2), que traz três elementos centrais: 
1. Da criança ao mestre – compreensão de como o indivíduo passa de criança 
a mestre, como os talentos foram identificados e que meios encontraram 
para florescer. 
2. Campo de domínio – a relação entre o indivíduo e o trabalho em que se 
envolveu. 
3. Ambiente-comunidade – a relação entre o indivíduo e outras pessoas que 
fazem parte do seu mundo, tais como familiares e professores. 
A interconexão desses três elementos faz com que se compreenda as bases do 
processo de criatividade no decorrer de uma vida, inclusive todos os afetos 
envolvidos. 
Figura 2 | Triângulo da formação. Fonte: Gonzaga e Rodrigues (2018, p. 22). 
Dessa forma, o triângulo da formação engloba aspectos individuais (herança 
genética, temperamento, constituição básica); aspectos do ambiente (influência de 
pais, professores e demais pessoas que julgam ou emitem opiniões sobre o 
comportamento do indivíduo); e o domínio (o estágio de desenvolvimento de uma 
dada disciplina em uma determinada época). O mesmo triângulo já havia sido 
utilizado por Gardner para explicar o conceito de Inteligências Múltiplas. 
Alguns achados na formação do indivíduo criativo 
De acordo com Gardner, todos os mestres criativos estudados mostraram dons 
formidáveis na infância, havendo especial destaque para o nível de habilidade do 
jovem Picasso. Um desenhista talentoso na primeira década de sua vida, ele estava 
no final da adolescência pintando com tanta sutileza quanto qualquer outro artista 
de sua época – e lançando as bases para mais 75 anos de produtividade. Picasso 
oferece a oportunidade de considerar as contribuições da prodigiosidade para as 
primeiras realizações deslumbrantes e sua transmutação em uma forma que 
permite a realização de contribuições mais duradouras. 
Outra característica compartilhada pelos mestres criativos é que vivenciaram 
diferentes culturas e contextos, não ficando restritos aos códigos sociais de uma 
determinada região ou cidade e havendo inclusive participado de movimentos 
criativos de seu tempo. O autor cita o exemplo do escritor T.S. Eliot, que se tornou 
de certa forma “marginal” em sua própria era, mesclando estilos diversos em sua 
obra. 
Por último, todos os criadores tinham algum tipo de sistema de suporte 
significativo. Isso incluiu apoio afetivo de alguém de quem colhia suporte 
emocional e cognitivo. Em algumas situações, a mesma pessoa supria ambas as 
necessidades, em outras ocasiões, foi necessária mais de uma pessoa para os 
diferentes suportes. A relação entre o indivíduo criativo e esse “outro significativo” 
se compara em utilidade a outros dois tipos de relacionamento: a relação entre o 
cuidador e a criança no início davida, e a relação entre um jovem e seu ou seus 
amigos no decorrer do crescimento. Em alguns aspectos, essa relação passa por 
algum tipo de embate, em que o mestre tenta introduzir um novo jeito de ver as 
coisas e seu amigo-confidente é o zelador da língua e cultura existente. O que se 
reforça é que a criatividade passa pela ação de forças sociais e afetivas, que 
agem no desenvolvimento do indivíduo criativo. 
Facilitação emocional para criar 
 
Será que existe um jeito de pensar que facilita a criatividade? A resposta é sim e 
esse jeito envolve determinados humores e suas formas análogas de pensar. Antes 
de mais nada é preciso deixar de encarar as emoções como visitas inoportunas que 
atrapalham nosso pensamento e começar a considerá-las como componentes-
chave para despertar nossa cognição. Uma das mensagens mais importantes 
para nosso melhor desempenho em tarefas cognitivas de criação é de que as 
emoções podem melhorar nosso raciocínio. 
Isso acontece porque nossos humores têm impacto direto sobre o pensamento. 
Conforme nosso humor se altera, o mesmo ocorre com o pensamento. Assim, se 
somos capazes de perceber como estamos nos sentindo e em seguida 
conseguirmos alterar esse sentimento, facilitamos o espaço para pensarmos 
criativamente. Porque a cada mudança de humor muda também a forma como 
analisamos a realidade. E esse é exatamente o “pulo do gato” que favorece o novo 
chegar. E melhor ainda se estivermos sob efeito de emoções positivas. 
Os humores positivos ajudam nossa mente a “abrir janelas” e pensar em novas 
possibilidades. Por exemplo, se estamos de “bom humor” de repente nos vemos 
elaborando com facilidade um determinado plano de marketing, já que esse bem-
estar fornece segurança psicológica e favorece que pensemos sobre coisas que 
“não estão ali”. Quando nos sentimos alegres e confiantes olhamos para fora da 
caixa, arriscamos dar uma opinião em uma apresentação coletiva, topamos um 
passeio diferente, acreditamos que as coisas “podem dar certo” e diminuímos a 
percepção de risco. 
O contrário acontece com os humores negativos. Eles nos abrem os olhos para 
tudo que pode dar errado e nesse sentido podem ser um empecilho a novas ideias. 
Mas se houver uma leve mudança de um estado negativo pode-se abrir espaço para 
a criatividade, especialmente para questões de organização e ordenamento. E eis 
que numa tarde um tanto melancólica olhamos para as gavetas e, no meio de uma 
motivação momentânea, nos vemos descobrindo uma forma criativa de disposição 
das peças. Foi nosso humor que teve uma leve alteração, suficiente para que o “pop 
up” mental da criação pudesse acontecer. 
A pausa também pode ser um facilitador emocional para a criatividade. Muitas 
vezes simplesmente pausar e ficar sem “fazer nada” é suficiente para construir as 
bases para que uma nova ideia possa surgir. Eis aqui uma prática revelada por 
muitos criativos: não é só buscando a solução que a encontramos. Vale a pena se 
“abastecer de informações” a respeito do que queremos resolver, mas também 
deixar um tempo de folga para que a mente intuitiva possa trabalhar 
subliminarmente e, sem que possamos antecipar, a solução simplesmente 
“aparece” no campo mental. 
Eis então uma proposta de atividade para promover sua troca de humor e 
consequente abertura à criatividade. De acordo com Caruso e Salovey (2007), uma 
das estratégias mais eficazes para alterar o humor é simplesmente repetir 
declarações positivas. O efeito é sutil, mas bastante eficaz. O ideal é que você leia 
essas declarações em voz alta ou silenciosamente para si mesmo: 
• Me sinto muito bem hoje. 
• Estou muito feliz. 
• As coisas estão melhorando. 
• É fácil fazer essa tarefa, eu consigo. 
• Este é um grande dia. 
• Estou muito alegre hoje. 
Desejamos uma boa prática das estratégias que estudamos e ótimas criações! 
Videoaula: Facilitação emocional do 
pensamento criativo 
Meu vídeo não funciona 
Na primeira parte de nossa aula vamos falar sobre flow, um estado de espírito em 
que estamos totalmente imersos em uma atividade e não percebemos o tempo 
passar. Em seguida, conheceremos o processo de desenvolvimento de uma pessoa 
criativa e o triângulo da formação. Encerraremos a aula compreendendo o papel 
das emoções na facilitação do pensamento, de como nossos humores afetam nossa 
criatividade. 
Introdução 
 
Será que a criatividade é algo que já trazemos de nascença ou pode ser 
desenvolvida? Embora existam talentos que já trazemos conosco, todos nós 
podemos ser criativos porque criatividade diz respeito a um processo, não a uma 
determinada forma de perceber a realidade. Nesta aula, vamos aprender sobre os 
obstáculos à criatividade e como o diálogo é a porta de entrada para a criação 
compartilhada em grupos humanos. 
Em seguida, vamos conhecer os elementos que fazem parte do processo criativo, 
entendendo o papel da razão e da emoção em nossas inovações e propostas de 
solução de problemas. Por último, teremos a sugestão de duas práticas que 
prometem acelerar os processos criativos. 
Obstáculos à criatividade e o valor do 
diálogo 
 
Todos podemos ser criativos, mas o que separa os grandes autores e artistas dos 
que não criam é a crença na própria criatividade. É verdade, no entanto, que 
existem alguns obstáculos à criatividade, desde bloqueios simples de atenção até 
mais complexos. Eis aqui alguns deles: 
1. Obstáculos da percepção – são aqueles provocados pelo próprio ego, 
embates do raciocínio. A análise crítica, o julgamento e as percepções 
negativas podem atrofiar o processo de criação. 
2. Obstáculos emocionais – a emoção que mais bloqueia a criatividade é o 
medo, em suas mais diversas formas: medo de errar, medo do desconhecido 
e principalmente medo da rejeição. Algumas pessoas dizem “tenho medo de 
falhar” e isso as paralisa. 
3. Obstáculos intelectuais – nesse caso não há apenas a barreira do ego, mas 
sim dificuldades de construção do raciocínio. Um exemplo é algum tipo de 
bloqueio da linguagem e conotações específicas. Por isso é tão difícil criar 
um texto em uma língua que não dominamos. 
4. Obstáculos culturais – muitas vezes ficamos presos à nossa própria 
cultura. Barreiras culturais podem impedir o acesso a novas possibilidades 
de ação e de pensamento. 
5. Obstáculos ambientais – restrições de acesso, ação ou presença de outras 
pessoas e dificuldades tecnológicas são exemplos de barreiras à criação que 
independem da ação do criativo. 
Muitos dos obstáculos são atitudes de autodefesa em que o indivíduo procura 
evitar sentimentos ansiosos e interrompe a criação. Às vezes, a remoção ou o 
afastamento dos obstáculos requer criatividade. 
Mas como podemos então gerar novas ideias? De onde elas vêm? Um bom lugar 
para se começar é nossa memória. Por isso, quanto mais experientes somos 
também maior é nosso arquivo de base criativa (SEAWARD, 2009). As ideias 
podem vir de diferentes recursos: livros, filmes, conversas com os amigos, posts de 
redes sociais e até mesmo aquele episódio preferido da Netflix. Para sermos 
criativos é necessária uma postura de abertura à experiência, um certo espírito 
explorador, em que deixamos de lado a censura mental e nos tornamos curiosos à 
novidade. 
E os grupos humanos, podem cocriar juntos? 
William Isaacs, pesquisador há mais de 30 anos de grupos humanos entende que é 
possível promover a arte de pensar juntos, a partir do diálogo. Segundo ele, 
problemas entre gerentes e funcionários, cidadãos e autoridades eleitas e nação e 
nação muitas vezes derivam de incapacidade de conduzir um diálogo bem-
sucedido. O diálogo envolve aprender a abandonar as reações iniciais diante da 
posição de outras pessoas e tomar consciência de um fluxo de novas possibilidades 
(ISAACS, 1999). 
Alguns empecilhos para o bom diálogo são o excesso de preparação – chegamos 
prontos para falar, não para ouvir – e o pensamento rígido a respeito dos temas a 
seremtratados. Pessoas que pensam e conversam com eficácia, favorecendo o 
processo criativo de um grupo, possuem as seguintes qualidades: 
• Escuta – Devemos ouvir não apenas os outros, mas a nós mesmos, 
abandonando nossas suposições, resistências e reações. 
• Respeito – Devemos permitir ideias diferentes das nossas serem expressas, 
ao invés de tentar mudar as pessoas com um ponto de vista diferente. 
• Observação – Devemos suspender nossas opiniões, recuar, mudar de 
direção e ver com novos olhos. 
• Autonomia – Devemos falar nossa própria voz, sem termos agendas 
predeterminadas com alguém ou alguma instituição. Encontrar a própria 
autoridade é também desistir da necessidade de dominar. 
• A concretude da criatividade 
• 
• Há um certo consenso de que os indivíduos criativos, sejam eles artistas, 
líderes ou cientistas, têm em comum uma ampla capacidade de observação, 
uma motivação e energia ímpar e às vezes uma forma particular de viver e 
tomar decisões. Entende-se que seu pensamento é mais livre e menos 
dependente da lógica, mais inclinado ao sonho e à fantasia. 
• Contrapondo em parte essa visão, o sociólogo Domenico De Masi (2003) 
desenhou um modelo para explicar grupos criativos que equilibram razão 
e emoção, fantasia e realidade. De acordo com o autor, existem quatro 
forças entre as quais a criatividade atua: a) o pensamento primário, b) o 
pensamento secundário, c) a esfera emotiva e d) a esfera racional. 
• O pensamento primário tem a ver com o funcionamento inconsciente da 
psique, em que prevalece o sonho e algumas psicoses. Já o pensamento 
secundário diz respeito ao funcionamento da mente desperta e serve-se da 
lógica comum. A esfera emotiva é composta de emoções, sentimentos e 
atitudes e a esfera racional de conhecimentos e habilidades. 
• Das intersecções entre esses quatro fatores surgem as condições para a 
criatividade acontecer, conforme apresentado na Figura 1. Da intersecção 
entre a esfera emotiva e o pensamento secundário surge a (1) área das 
emoções administradas. Um exemplo dessa primeira intersecção são os 
diálogos em torno de nossos sentimentos ou a dramatização em forma de 
arte. Da união entre a racionalidade e a mente consciente surge a (2) área 
da concretude, em que as soluções e inovações tornam-se materiais e reais. 
Na intersecção entre emotividade e a mente inconsciente está a (3) área da 
fantasia, em que os primeiros movimentos involuntários do processo 
criativo podem surgir e entre a esfera racional, e no pensamento primário 
está a (4) área das técnicas introjetadas, como aqueles sonhos que não 
servem para o campo da realidade. 
• Assim, entende-se que a criatividade não se caracteriza apenas pela 
imaginação e fantasia, mas também pelo movimento para sua realização 
(concretude), ainda que na síntese do entroncamento entre fantasia e 
concretude, entre emoções administradas e técnicas introjetadas instala-se 
a criatividade, conforme resumido na figura a seguir. 
• 
Figura 1 | Processo criativo para De Masi (2003). Fonte: De Masi (2003, p. 
571). 
• Por último, vale reforçar que o movimento da inspiração e realização não é 
necessariamente linear. Espera-se que toda grande criação parta de um 
arroubo de intuição fantasiosa para depois se planificar. Nem sempre 
esse é o caso, também o inverso pode acontecer. Um exemplo de obra que 
partiu da concretude para a fantasia é do auditório de Oscar Niemeyer na 
cidade de Ravello, na Itália. Conforme resgata De Masi (2003), segundo o 
arquiteto, na proposta de projeto já se sabia que a inclinação do terreno era 
irregular e estreita. Percebendo a dificuldade da obra e o custo de aplainar o 
espaço, o artista aproveitou a inclinação para definir a localização da 
plateia, fazendo com que essa característica servisse de ponto de partida 
para o desenho do restante do projeto. 
• O encontro com o artista 
• 
• A arte é uma atividade do cérebro artista e sua linguagem é a imagem e o 
símbolo. Por isso a linguagem do artista é sensual, alimentada pela 
experiência e os cinco sentidos. Para Seaward (2009), as atividades 
criativas envolvem uma combinação das funções dos hemisférios direito e 
esquerdo do cérebro humano. Maslow (1987) concluiu que o processo 
criativo e o caminho para a autorrealização eram o mesmo. Antecedendo o 
pensamento de De Masi, ele dividiu o processo criativo em duas partes: 
primária e secundária. A criatividade primária é a origem das ideias: uma 
espécie de playground da mente em que as imagens são geradas, ainda 
incipientes e não necessariamente úteis. Já a criatividade secundária é o 
momento do processo criativo em que é traçado um plano estratégico para 
que a ideia selecionada funcione na realidade, quando ela é posta em ação. 
• Considerado pelo diretor Martin Scorsese como uma ferramenta valiosa 
para se conectar com a própria criatividade, o livro O Caminho do Artista, de 
Julia Cameron, propõe uma jornada de atividades para recuperação de 
nosso eu criativo. Na base de todas as reflexões, Cameron (2019) propõe 
duas ferramentas para o despertar criativo: as páginas matinais e o 
encontro com o artista. 
• As páginas matinais são três páginas escritas à mão com livre associação. 
Simplesmente isso, sem um plano prévio e sem necessidade de editar o 
texto. A intenção é liberar as preocupações cotidianas ou as histórias que 
passam em nossa cabeça, de forma que sobre o espaço para a criatividade 
acontecer. As páginas permitem que nos afastemos de nossos censores ou 
críticos internos e vão aos poucos permitindo que nos livremos de medos, 
dúvidas, negatividade e outros humores que impeçam nossa ação criativa. 
• Todas essas coisas que lhe provocam raiva, irritação e implicância, 
escritas pela manhã, são um obstáculo entre você e sua criatividade. 
Preocupações com o emprego, a lavanderia, o barulho esquisito que 
o carro está fazendo, o olhar diferente do seu namorado – isso tudo 
fica se revolvendo em seu subconsciente e enlameando seus dias. 
Deixe tudo no papel. (CAMERON, 2019, p. 35) 
• A ferramenta de encontro com o artista é um tempo, talvez duas horas por 
semana, reservado para alimentar a consciência criativa e o artista interior. 
É uma hora “para brincar”, só que planejada com antecedência. No 
momento do encontro é importante não ser interrompido. 
• Alguns exemplos de atividades de encontro com o artista são: uma visita a 
uma loja de artigos de segunda mão, um passeio na praia, assistir a um filme 
antigo, um passeio no parque. São coisas que custam tempo, e não dinheiro. 
Conforme aponta Cameron (2019, p. 44): “passar um tempo a sós com sua 
criança artista é essencial para nutri-la”. 
• Achou isso tudo interessante? Então agora é sua vez: separe um caderno 
específico para a sua prática criativa e nele passe a produzir suas páginas 
matinais. Também uma vez ao menos por semana, por pelo menos uma 
hora, garanta seu encontro com o artista, consigo mesmo. 
• Bons estudos e boa prática criativa! 
• Videoaula: Grupos criativos e 
solução de problemas 
• Meu vídeo não funciona 
• Em nossa aula falamos sobre os obstáculos à criatividade e de que forma os 
processos criativos podem ser incentivados quando a tarefa é de um grupo 
de pessoas. Vamos também desmistificar algumas ideias do que compõe a 
criatividade em si e compreender como a razão e a emoção podem 
colaborar para produzir novas ideias. Por último, nosso convite é à prática 
de estratégias de resgate do artista que mora em cada um de nós. 
• Introdução 
• 
• O conceito de Homo Economicus foi introduzido por John Stuart Mill no 
século XIX. Ele se baseia no pressuposto de racionalidade perfeita do 
indivíduo, isto é, assume que somos capazes de decidir sobre questões 
complexas de forma ótima. Para isso, parte-se do princípio de que seremos 
sempre capazes de analisar e julgar todos os caminhos ou opções possíveis 
e escolher o curso de ação que trará o melhor resultado.• Embora hoje saibamos que esse indivíduo não existe, isso não quer dizer 
que estudar a forma como realizamos julgamentos e tomamos decisões não 
seja importante. Segundo Herbert Simon, Nobel de Economia em 1978, 
compreender os processos de decisão e estudar se os mesmos processos 
levam a boas decisões, estão entre os tópicos de pesquisa mais relevantes 
na área de gestão. 
• Das formas de pensar aos processos de tomada de decisão, serão objetos de 
estudo nesta aula. 
• Desejamos uma excelente imersão na temática heurísticas e vieses. 
Os processos de tomada de decisão 
 
Métodos racionais de tomada de decisão 
Para muitos de nós, existe a percepção – e podemos dizer que, às vezes, a 
esperança – de que o processo de tomada de decisão eficaz possa ter como base 
uma escolha racional, que envolve identificação, escolha e aplicação da melhor 
alternativa possível. Os métodos racionais são estruturados geralmente no 
seguinte conjunto de etapas, conforme Figura 1: 
1. Identificar um problema ou uma oportunidade de maneira clara: por 
vezes, agimos sem ter um entendimento completo do problema, o que 
nos leva a resolvê-lo de maneira errada. 
2. Definir o método a ser utilizado: identificação e priorização de todos os 
objetivos por meio de critérios de avaliação para selecionar a melhor opção 
considerando todos os aspectos envolvidos. 
3. Desenvolver possíveis escolhas ponderadas pela utilização dos 
critérios: é recomendado envolver as equipes na tarefa de atribuir peso 
relativo a cada problema para classificá-lo e priorizá-lo. 
4. Identificar a solução otimizante: realizadas as primeiras etapas, esta 
resultaria teoricamente do julgamento natural fundamentado nas 
anteriores, facilitando o consenso. Recomenda-se fazer previsões sobre 
eventos futuros, tentando avaliar as consequências potenciais das escolhas. 
5. Implementar a solução selecionada: deve-se avaliar, sempre que 
possível, tanto a aderência aos planos quanto aos resultados obtidos em 
relação aos esperados, propondo ajustes quando necessário. 
6. Avaliar a escolha selecionada: é recomendado que haja um aprendizado 
sobre todo o processo, incluindo fatores não previstos durante a 
implantação e diferenças de resultados entre planejado e realizado, 
buscando-se aprimorar métodos e critérios para processos futuros. 
Figura 1 | Estrutura de métodos racionais de tomada de decisão. Fonte: 
adaptada de McShane e Von Glinow (2014). 
McShane e Von Glinow (2014) explicam que um dos problemas com essa 
abordagem é que, na verdade, as pessoas não conseguem adotar métodos racionais 
por terem dificuldades (ou, às vezes, falta de vontade) de reconhecer problemas, 
falta de capacidade para processarem simultaneamente informações associadas a 
problemas complexos e dificuldade para reconhecerem seus limites ou situações 
em que suas decisões e premissas anteriores fracassaram. 
Métodos naturalistas 
Os métodos naturalistas são, às vezes, a melhor opção recomendada, dada a 
impossibilidade de utilização de métodos racionais em função de fatores como: 
• Problemas não estruturados que dificultam abordagens racionais. 
• Presença de incertezas em ambientes dinâmicos, com ciclos que 
realimentam o modelo a partir das primeiras escolhas realizadas. 
• Objetivos mal definidos e mutáveis. 
• Pressão do tempo para tomada de decisão. 
• Múltiplos participantes com conflitos de interesse e dificuldade de chegar a 
um consenso. 
• O fato de que esses modelos não consideram de forma adequada as 
consequências graves para o decisor, que talvez esteja inclinado a posturas 
mais conservadoras ou menos arriscadas em relação às indicadas pelos 
processos racionais. 
A estrutura dos métodos naturalistas é apresentada na Figura 2. Determinada 
situação ou problema gera estímulos que permitem o reconhecimento de padrões 
adotados em situações ou casos semelhantes que já vivenciamos. Esses padrões 
determinam a escolha de roteiros para ação. A resposta pode ser mais rápida ou 
intuitiva ou ainda passar por ciclos de refinamento com base nos padrões mentais 
que utilizamos para análise e tomada de decisão. 
Figura 2 | Estrutura de métodos naturalistas de tomada de decisão. Fonte: 
adaptada de Yu et al. (2011). 
Compreendendo melhor os Sistemas 1 
e 2 
 
Faz sentido afirmarmos que uma decisão pode ser considerada “racional” se ela 
produz um resultado ótimo? Como definirmos “resultado ótimo”? Como o 
“comportamento” influencia a obtenção desse resultado? 
Essas eram questões que Herbert Simon, Nobel de Economia em 1978, fazia sobre 
o processo de tomada de decisão. Segundo suas conclusões, era necessário 
reconhecer as fronteiras da racionalidade e reconhecer que havia limitações da 
capacidade de análise e solução de problemas vinculadas à capacidade de acesso à 
memória de longo prazo e ao aprendizado individual e coletivo. 
As decisões eram influenciadas por sistemas de análise “laterais” que colocam 
limites na abordagem do que se pode considerar um resultado ótimo. Essa é a 
origem do Sistema 1 (rápido e intuitivo) e Sistema 2 (devagar e racional) de 
tomada de decisão. A evidência primária por trás dessa dicotomia veio a partir do 
aprofundamento dos estudos do cérebro. Nossos dois hemisférios cerebrais 
exibem uma divisão de trabalho: em pessoas destras, o hemisfério direito 
desempenha um papel especial no reconhecimento de padrões visuais e o 
hemisfério esquerdo nos processos analíticos e no uso da linguagem, que é 
fundamental para processos racionais de tomada de decisão. 
Figura 3 | A lateralidade dos hemisférios cerebrais. Fonte: Shutterstock. 
Daniel Kahneman (2012), matemático e psicólogo também ganhador do Prêmio 
Nobel em Economia em 2002, nos apresenta com mais detalhes esses dois 
personagens que animam a mente: 
• O Sistema 1 opera de forma automática e rápida, com pouco ou nenhum 
esforço e nenhuma sensação de controle voluntário. 
• O Sistema 2 atribui atenção às atividades mentais que a exigem, incluindo 
cálculos complexos. As operações do Sistema 2 são frequentemente 
associadas à filtros subjetivos. 
Para Kahneman (2012), essas são as principais características do Sistema 1: 
• Gera impressões, sentimentos e inclinações; quando endossados pelo 
Sistema 2, tornam-se crenças, atitudes e intenções. 
• Opera automaticamente e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e 
nenhuma sensação de controle voluntário. 
• Cria um padrão coerente de ideias ativadas na memória associativa. 
• Liga uma sensação de facilidade cognitiva a ilusões da verdade, sentimentos 
agradáveis e vigilância reduzida. 
• Infere e inventa causas e intenções. 
• Negligencia a ambiguidade e suprime a dúvida. 
• É tendencioso para acreditar e confirmar. 
• Concentra-se nas evidências existentes e ignora as evidências ausentes. 
• Gera um conjunto limitado de avaliações básicas. 
• Responde mais fortemente às perdas do que aos ganhos. 
Simon (1987) destaca a importância desse sistema de tomada de decisão a partir 
de seu estudo com grandes mestres enxadristas, que resolvem problemas 
"criativamente" – de novas maneiras interessantes ou socialmente valiosas – com 
base na experiência que acumularam em seu campo ao longo dos anos e fazendo 
apostas calculadas com base em conhecimento superior. 
Já o Sistema 2 é sujeito a heurísticas e vieses, que são atalhos de pensamento que 
adotamos frente a análises de situações por demasiado complexas, em função de 
nossa racionalidade limitada. 
Heurísticas e vieses – quando os 
Sistemas 1 e 2 se encontram 
 
Em questões realmente complexas, o Sistema 2 não é suficiente para nos ajudar a 
concluir por quais caminhos seguiremos em um determinado processo de 
julgamento e tomada de decisão. Ou seja, os modelos racionais utilizados não são 
suficientes por si só: eles são no mais das vezes utilizados como instrumentos de 
apoio e análise para a tomada da decisão em paralelo com o julgamento subjetivodo Sistema 1, estando sujeitos ao que chamamos 
de heurísticas, vieses e falácias, que podem ser definidos como atalhos de 
pensamento que tomamos ao fazermos julgamentos e que possuem impacto na 
qualidade das decisões. 
Destacamos aqui, como exemplo, alguns desses atalhos: 
• Raciocínio por analogia – julgar uma situação com base em evento 
anterior similar prevendo que os resultados serão os mesmos como 
consequência do mesmo conjunto de ações. 
• Âncora e ajuste – somos influenciados por um ponto de âncora inicial e 
não nos afastamos suficientemente dele à medida que novas informações 
são fornecidas. Um exemplo são as empresas, preocupadas em impedir a 
entrada de novos concorrentes a seu modelo de negócio atual, deixando de 
considerar o impacto das inovações. 
• Heurística de disponibilidade – estimar a facilidade de que algum evento 
de impacto ocorra com base na facilidade de lembrar-se de eventos de 
natureza semelhante. Temos mais facilidade em dar crédito e aumentar a 
probabilidade de ocorrência de eventos associados a fortes emoções ou 
eventos mais recentes. 
• Falácia da satisfação – escolhemos as melhores opções dentro de limites 
de tempo, orçamento, facilidade de acesso, etc., sem necessariamente 
observarmos todas as alternativas. Por exemplo, uma empresa que busca 
determinada solução tecnológica solicita cotações e continua o processo de 
seleção até avaliar ter encontrado uma solução satisfatória; no entanto, isso 
não significa que tenha optado pela solução ótima. 
• Falácia da eliminação por aspectos – por exemplo, há uma quantidade 
muito grande de candidatos a uma vaga de emprego, pela facilidade, 
eliminamos a maior parte dos candidatos pelos critérios de proximidade da 
empresa e pretensão salarial para verificarmos menos currículos, que já é 
uma análise mais trabalhosa. Fazendo assim, corremos o risco de deixar de 
lado os candidatos potenciais. 
Daniel Kahneman et al. (2021), em seu mais recente livro, exploram outros atalhos 
comuns no meio corporativo: 
• Ilusão de compreensão: construímos narrativas para ajudar na 
compreensão e dar sentido ao mundo. Procuramos causalidade onde não 
existe. 
• Ilusão de validade: analistas e especialistas tendem a sobrevalorizar suas 
capacidades de análise e tomada de decisão. 
• Falsa Intuição de especialista: algoritmos, mesmo os aparentemente 
primitivos, aplicados com disciplina muitas vezes superam os especialistas. 
• Falácia de planejamento: essa falácia aflige muitas profissões e se origina 
de planos e previsões que estão irrealisticamente próximos do melhor caso 
e não levam em consideração os resultados reais de projetos semelhantes. 
• Otimismo e a ilusão empreendedora: a maioria das pessoas é 
excessivamente confiante, tende a negligenciar os concorrentes e acredita 
que eles terão um desempenho melhor do que a média. 
Para Daniel Kahneman et al. (2021), nos casos de decisões complexas em 
organizações, é essencial que se desenvolvam formas estruturadas de análise da 
qualidade das decisões tomadas, as quais sejam conduzidas por times de pessoas 
que trabalhem de forma independente e sem conflito de interesse com as decisões 
tomadas e seus resultados e, preferencialmente, apoiadas por métricas 
quantitativas da qualidade ou do riscos associados às decisões. 
Videoaula: Heurísticas e vieses 
Meu vídeo não funciona 
Em nosso vídeo resumo, vamos explorar os processos de julgamento e tomada de 
decisão, incluindo as principais características do Sistema 1 ou Intuitivo e do 
Sistema 2 ou Racional de tomada de decisão, bem como as principais heurísticas, 
vieses e falácias as quais incorremos quando estamos apoiados no Sistema 2, mas 
sob a influência permanente do Sistema 1. 
Introdução 
 
Será que existe um jeito certo de aprender? Nesta aula vamos conhecer o Ciclo de 
Kolb, que nos aponta as diferentes formas como razão e emoção se envolvem na 
absorção de conhecimentos e como lidamos com o conhecimento adquirido, se 
observando ou se agindo. 
Em seguida, falaremos sobre as diferentes formas de aprender, a partir da 
Pirâmide de Aprendizagem, considerando as metodologias ativas de 
aprendizagem. Por último, falaremos de algumas qualidades para se aprender 
melhor. 
A intenção é que ao final da aula você possa praticar métodos ativos de 
aprendizagem e sinta-se conectado com os conteúdos desta aula e de outros em 
que esteja envolvido. 
Um café no ciclo de Kolb 
 
A teoria do estilo de aprendizagem experiencial de Kolb foi criada nos anos 1980 e 
revolucionou a forma como pedagogos e professores do mundo todo elaboram 
seus planos de ensino. Ela é representada por um ciclo de aprendizagem de quatro 
estágios. Para que a aprendizagem seja facilitada, a ideia é que o aluno possa 
acessar o conhecimento em cada uma das bases. Os estilos de aprendizagem de 
Kolb são: 
1. Experiência concreta – uma nova experiência ou situação é encontrada, ou 
uma reinterpretação da experiência existente. 
2. Observação reflexiva da nova experiência – permite fazer a 
compreensão da experiência e verificar possíveis inconsistências. 
3. Conceitualização abstrata – reflexão sobre o que foi aprendido, que dá 
origem a uma nova ideia ou modificação de um conceito abstrato existente. 
4. Experimentação ativa – o aluno aplica suas ideias no mundo ao seu redor 
para ver o que acontece. 
A aprendizagem efetiva acontece quando a pessoa progride pelo ciclo de quatro 
estágios: (1) há uma experiência concreta seguida por (2) observação e reflexão 
sobre essa experiência, que leva à (3) formação de conceitos abstratos (análise) e 
generalizações (conclusões) que são então (4) usados para testar uma hipótese em 
situações futuras, resultando em novas experiências. 
Se em uma situação hipotética fôssemos ensinar alguém a fazer uma café 
percorrendo todo o ciclo de Kolb, poderíamos: (1) começar com uma sessão de 
degustação de diferentes cafés, (2) refletir sobre como absorvemos a experiência e 
qual café nos agradou mais, podendo inclusive escrever a respeito e depois (3) 
compreender os processos de maturação dos grãos, formas de processamento e 
técnicas de produção para (4) testar possibilidades alternando técnicas de 
moagem inovadoras, que não havíamos experimentado antes. 
Mas o que pode influenciar o nosso estilo de aprendizagem? 
Vários fatores influenciam o estilo de aprendizado de cada pessoa: o ambiente em 
que ela cresce, suas experiências no campo educacional e mais especificamente, 
conforme a teoria de Kolb, sua forma individual de pensar. 
Existem dois pares de variáveis que influenciam nossa forma de aprender, duas 
dimensões com pares opostos: o par pensar/sentir e o par observar/agir. Quando 
estamos experimentando determinada atividade (experiência concreta) estamos 
pensando a respeito e quando paramos para compreender o que essa experiência 
causou em nós (conceitualização abstrata), estamos no campo das emoções e dos 
sentimentos. 
Da mesma forma, quando nos afastamos da experiência, podemos observá-la e 
quando já conceitualizamos o que vivemos, podemos nos preparar para a ação. São 
movimentos de um pêndulo e em todas as atividades da vida trabalhamos nesses 
dois continuums: um da percepção (pensar ou sentir/experiência concreta ou 
abstrata) e outro do processamento da tarefa (observar ou agir/refletir ou atuar). 
Figura 1 | Ciclo de Kolb. Fonte: elaborada pela autora. 
Conhecer o próprio estilo de aprendizagem permite que possamos selecionar 
diferentes métodos de ensino. Se, por exemplo, somos mais sensíveis do que 
racionais, temos a tendência de nos afastarmos da experiência para melhor 
compreendê-la. Nesse caso, atividades coletivas podem não ser as preferidas. Já se 
somos mais concretos, gostamos de atuar nas atividades, não tanto de refletir a 
respeito delas. 
Dito isso, todos respondem e precisam do estímulo de todos os tipos de estilos de 
aprendizagem de uma forma ou de outra.O melhor jeito de aprender 
 
Da base do sistema de liderança das empresas até o nível de desenvolvimento 
gerencial, as organizações investem todos os anos milhões de reais em 
capacitação in company ou vinculada a instituições de ensino superior, com o 
objetivo de preparar sua força de trabalho para os diversos desafios do mercado. 
Assim, seja qual for a área de trabalho em que se atua, há uma necessidade de 
contínuo aprendizado, conhecido como “forever learning”. 
Nos últimos anos, o grande desafio tem sido capturar a atenção das pessoas, uma 
vez que o uso de imagem e vídeos em alta escala transformou a figura do professor 
em um facilitador de diferentes conhecimentos, encriptados em diversas “mídias”. 
Se antes o único meio de ensino era da fala de um professor para um aluno, 
atualmente as metodologias ativas de aprendizagem provocam o aluno para um 
maior envolvimento em seu processo de aprendizagem. 
Existe uma nova geração de alunos que é nativa digital, ou seja, foi apresentada a 
telas e à ampla opção de formas de entretenimento desde seus primeiros anos de 
vida. Nesse sentido, embora continue sendo um mediador da informação para 
torná-la conhecimento, o professor precisa incentivar o aluno a uma participação 
ativa, ainda que seja sob a forma de reflexão em torno dos temas abordados, ou até, 
se possível, incentivando-o a produzir e disseminar em classe o conteúdo 
abordado e, portanto, ensinar. 
Idealizada pelo psiquiatra americano William Glasser (1998), a pirâmide de 
aprendizagem dá ampla ênfase às formas de aprendizagem ativa (ver Figura 2), 
que dizem respeito a: discutir o que foi estudado (conversar, perguntar, repetir, 
recordar, debater, nomear), praticar (escrever, interpretar, traduzir, comunicar, 
catalogar) e ensinar (explicar, resumir, estruturar, ilustrar). Essas três formas 
ativas de aprendizagem envolvem a percepção subjetiva do aluno, ou seja, 
convidam às emoções, tanto pelo entusiasmo que geram como pela interpretação 
que suscitam. 
Figura 2 | Pirâmide de aprendizagem de William Glasser. Fonte: adaptada de 
Franco, Trennenphol e Oliveira (2021). 
O efeito Netflix na tomada de decisão 
Você já ficou perdido na busca pelo filme ou série ideal para assistir? Já chegou ao 
ponto de esgotar as opções disponíveis de entretenimento? Na Netflix existe a 
opção “me surpreenda”, disponível para aqueles expectadores 
realmente indecisos, que procura “zerar” o perfil existente e trazer novas 
possibilidades. Mas ainda assim há aqueles que desligam a tela depois de muito 
tempo “zapeando”, havendo desistido de escolher. Em seu discurso de formatura 
em Harvard, o orador Pete Davis (2018) chamou esse fenômeno de dificuldade de 
tomar decisões e se comprometer com uma única alternativa de “mantenha 
minhas opções em aberto” e disse que é o típico estado mental que caracteriza 
toda uma nova geração de trabalhadores. 
A dificuldade de tomar decisões afeta diretamente na capacidade de aprender. Isso 
porque seja qual for o tema que desperte nosso interesse, é 
preciso comprometimento com o que estamos lendo, ouvindo ou escrevendo de 
forma a produzir aquele sentimento de “a-há” que caracteriza a produção de 
sentido e, por consequência, a aprendizagem. É preciso também paciência para 
passar por trechos não tão interessantes, não tão envolventes, para que em algum 
momento o conteúdo possa ser todo absorvido por nossos canais cognitivos. 
Como aprender melhor 
 
Com a mudança nos modelos de carreira, já a partir dos anos 1990, tornou-se 
crucial que tenhamos compromisso com nossa aprendizagem, buscando cursos e 
qualificações que possam fornecer novas competências ou aperfeiçoamento das 
habilidades que já possuímos. 
Mas o que pode facilitar nosso processo de aprendizagem? Como podemos 
aprender melhor? 
Algumas variáveis importantes para considerarmos são o tipo de curso certo, o 
currículo dos professores, a solidez da instituição de ensino, a abordagem 
metodológica. Mas talvez a variável mais importante não seja o curso em si e sim a 
postura de quem busca, ou seja, a qualidade do aluno. 
Diretor de Recursos Humanos de uma instituição financeira, Kehoe (2018) estudou 
o comportamento de alunos de cursos on-line. Quatro hábitos que contribuem para 
aprendermos novas habilidades: 
1. Concentre-se em habilidades emergentes – no lugar de se inscrever no curso 
mais famoso e badalado, é preciso ficar atento àqueles requisitos de trabalho que 
estão evoluindo rapidamente. 
Nos anos da pandemia, por exemplo, as habilidades ligadas à produção e edição de 
vídeo passaram a ser extremamente valorizadas, não apenas por profissionais 
liberais, mas também por organizações que precisaram gravar suas reuniões e 
treinamentos e disponibilizar em rede. 
A dica de Kehoe é ficar atento a ofertas de emprego recentes e mapear que tipo de 
qualificação está surgindo ou conversar com líderes e perguntar que tipo de 
habilidade eles consideram importante para tornar um candidato viável. 
2. Conecte-se com seu curso – vivemos uma época de amplo crescimento da 
aprendizagem on-line. A vantagem de assistir às aulas quando e onde for 
conveniente, com um custo reduzido, torna essa opção muito atraente. O problema 
é que as experiências assíncronas costumam ser solitárias, causando perda de 
motivação e queda na aprendizagem. Nesse sentido, prefira formações que 
permitem algum momento de troca síncrona. Caso isso não seja possível, defina 
atividades de rotina para repassar os conteúdos ou estudar com olhar renovado o 
que foi abordado. 
3. Implemente o aprendizado imediatamente – aplicar os conhecimentos 
aprendidos de forma imediata permite completar o ciclo de aprendizagem, 
facilitando a memória e melhorando a absorção dos conhecimentos. O contrário 
também ocorre: se deixamos por muito tempo um conteúdo sem uso, é altamente 
provável que venhamos a esquecê-lo. 
4. Defina objetivos claros – para manter o foco na aprendizagem, é necessário te 
objetivos de médio e longo prazo – um novo emprego, uma promoção na carreira, 
uma chance de fazer parte de uma grande equipe. Saber que o que aprendemos 
pode contribuir com nossa carreira, melhora nosso envolvimento com o que é 
ensinado. 
Isso tudo dito, vamos aproveitar para favorecer o aprendizado de nossas aulas. 
Responda as seguintes perguntas e reflita sobre sua forma de aprender: 
• A que competências de mercado os temas abordados em nossas aulas 
atendem? 
• Que assunto abordado merece um segundo olhar em seus estudos pós-
aulas? 
• Como é possível aplicar os conhecimentos adquiridos em sua rotina? 
• A que objetivos de médio prazo ou de carreira essa disciplina corresponde? 
• Videoaula: Aprendendo a aprender 
• Meu vídeo não funciona 
• Em nossa aula falamos sobre o ciclo de Kolb e como nossa razão e emoção 
atuam enquanto absorvemos novos conhecimentos e praticamos novas 
habilidades. Em seguida, vamos falar sobre as melhores formas de 
aprender, conhecendo atividades que fazem parte de metodologias ativas 
de aprendizagem. Por último, vamos compreender como o aluno pode ser 
parte do processo, envolvendo-se com o que é ensinado e aplicando seus 
novos saberes em sua carreira. 
Treinamentos de Segurança 
Meu vídeo não funciona 
Uma indústria de transformação com elevados níveis de acidentes e situações de 
risco identificadas. 
Novos funcionários recém-contratados em período de experiência, que ainda se 
expunham em demasia a situações de risco ou demonstraram desconhecimento 
das normas de segurança da empresa. 
Programa de integração conduzido pela área de RH: 
• palestra de 45 minutos sobre segurança no trabalho, em que assistem um vídeo 
com aproximadamente 20 minutos de duração sobre os procedimentos de 
segurança genéricos, 
• 20 minutos sobre as normas e procedimentos do Sistema de Segurança no 
Trabalho, 
• chefia responsável, que basicamente instrui sobre a utilização dos EPIs pertinentes 
(equipamentosde proteção individuais) e sobre as sinalizações de segurança na 
área. 
Você seria capaz de propor uma reestruturação do programa de treinamento em 
segurança, sugerindo pelo menos duas atividades a serem executadas em cada 
etapa do ciclo (experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização 
abstrata e experimentação ativa) com base no ciclo de aprendizagem de KOLB? 
Análise do programa atual 
Programa de integração conduzido pela área de RH: 
• palestra de 45 minutos sobre segurança no trabalho, em que assistem um vídeo 
com aproximadamente 20 minutos de duração sobre os procedimentos de 
segurança genéricos, 
• 20 minutos sobre as normas e procedimentos do Sistema de Segurança no 
Trabalho, 
• chefia responsável, que basicamente instrui sobre a utilização dos EPIs pertinentes 
(equipamentos de proteção individuais) e sobre as sinalizações de segurança na 
área. 
Possivel resposta... 
Fonte: elaborada pelo autor. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Já dizia Peter Drucker que comunicar-se é entender o que não está sendo dito. 
Neste módulo, aprenderemos sobre indicadores comportamentais ou não verbais, 
que nos permitem fazer a leitura das pessoas com quem interagimos. Falaremos 
também da necessidade de legenda emocional em nossos diálogos, de forma a 
tornar a comunicação mais efetiva, e que tipo de mensagem é enviada quando 
estamos sob efeito de emoções como medo, ansiedade, tristeza e frustração. 
Ao final da aula, a intenção é de que se possa praticar a observação dos indicadores 
não verbais em nossos relacionamentos, ampliando nossa percepção emocional e 
consciência do tipo de mensagem que estamos emitindo. 
O que observar nas relações 
 
Em 2009 eu iniciava processos de coaching de inteligência emocional com 
executivos de alta performance em organizações brasileiras. Naquela época, 
utilizava o teste MSCEIT (Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test) para 
mensurar o quociente emocional (QE) e, com base no diagnóstico, propunha ações 
de desenvolvimento. 
Esse executivo em questão – vamos chamá-lo de João – tinha baixíssima percepção 
emocional no seu score de QE. Isso quer dizer que ele tinha dificuldade de ler 
emoções, tanto em si mesmo como em outras pessoas. Iniciante que eu era, dei a 
ele a tarefa de observar pessoas em um café e tentar perceber seus estados 
emocionais. Com cuidado e distanciamento, tão somente para “testar” sua 
habilidade de leitura emocional. O resultado foi catastrófico: na semana seguinte 
ele me trouxe um relatório contendo quantas mesas havia no café, que tipo de café 
era servido, como os garçons se organizavam – tudo que sua mente analítica e 
organizada havia captado, menos a leitura emocional. 
O que eu ainda não sabia é que justamente a dificuldade de percepção emocional 
de João lhe impedia de captar as informações emocionais – essenciais para 
conseguirmos ler as pessoas. Mas que informações são essas? 
De acordo com Dimitrius (2009), existem categorias de indicadores não 
verbais: aparência física, linguagem corporal e voz são os mais prementes, pois 
já permitem uma leitura emocional, ainda que em breve interação. Primeiramente, 
vamos falar brevemente sobre essa tríade e na sequência vamos aprofundar a 
leitura não verbal, entrando nos demais indicadores: 
1. Aparência física – a forma como uma pessoa se apresenta transmite a 
informação que ela quer passar, mas também dados não intencionais. 
Exemplo: alguém que esteja muito bem-vestido, mas com as unhas 
totalmente ruídas pode indicar uma certa ansiedade ou tema de 
preocupação. Essa é a “primeira impressão” que captamos de uma pessoa e 
inclui características físicas, como postura e altura, mas também escolhas 
afetivas, como estilo de roupa, uso de maquiagem e acessórios em geral. O 
mais importante vai ser comparar essa impressão com os demais 
indicadores emocionais. 
2. Linguagem corporal – esse é o indicador que mais fornece informações 
emocionais, pois traz comportamentos que em geral a pessoa não consegue 
disfarçar: movimentos leves do corpo, maneirismos, gesticulação de mãos. 
Por ele é possível captar o nível de energia de alguém (pessoas mais 
motivadas tendem a movimentar-se mais), mas também é possível captar 
emoções como medo, honestidade, nervosismo, alegria. Aqui já é 
interessante fazer a comparação com a aparência física e ver se “combinam” 
ou são incoerentes. 
3. Voz – o mais importante nesse indicador não é tanto o que é dito, 
mas como é dito, ou seja: se a voz sai alta ou baixa, aguda ou grave, 
entrecortada ou contínua. O mais importante aqui é a intensidade com que 
o traço aparece. Exemplo: um pequeno tremor na voz não necessariamente 
indica nervosismo, especialmente se for pontual. Mais uma vez é 
interessante comparar – voz, linguagem corporal e aparência – vendo 
possíveis incongruências. 
Outros indicadores e legenda 
emocional digital 
 
“Comunicação é entender o que não está sendo dito.” 
Peter Drucker (apud MOYERS; FLOWERS, 1989, [s. p.]) 
Havendo captado a aparência física, linguagem do corpo e voz – fundamentais para 
a leitura emocional – é possível, com o avanço de tempo da interação, captar outros 
quatro indicadores não verbais: estilo de comunicação, conteúdo da comunicação, 
ação e ambiente. Esses novos indicadores permitem que, mais do que uma breve 
percepção de humor, possamos captar crenças pessoais, valores, experiências e 
atributos da personalidade de uma pessoa. Vamos falar um pouco sobre cada um 
deles: 
1. Estilo de comunicação – aqui estão contidas diversas técnicas de 
comunicação, como: deixar de responder, responder breve ou longamente, 
responder com perguntas, pausar, interromper, divagar, mudar de assunto, 
trazer ou tirar atenção de si mesmo. Muitas dessas ações são instintivas, 
outras são manobras conscientes para dominar a conversa. 
2. Conteúdo da comunicação – aquilo que é dito importa para se ler uma 
pessoa e, especialmente, o que há de “embrulho” no conteúdo, aquele tipo 
de ênfase que se dá a um assunto ou outro. Especialmente, deve-se procurar 
por elementos como uso de gírias (aponta base étnica ou cultural), temas 
repetidos, exageros e até presença ou não de se falar de outras pessoas 
(fofoca). 
3. Ação – a forma como uma pessoa se comporta com os outros também 
fornece informações valiosas sobre seu comportamento, assim como o tipo 
de atividade que ela executa. Por exemplo, pessoas que passam muito 
tempo em posição de autoridade e controle como atividade profissional 
tendem a levar para casa e para as interações sociais esse tipo de atitude. 
Outras possíveis leituras a partir desse indicador: como alguém reage sob 
pressão, como a pessoa chega na casa de um estranho, como interage com 
crianças, etc. 
4. Ambiente – esse indicador fornece o “pano de fundo” em que as interações 
humanas acontecem, nos fornecendo contexto. Por exemplo, no espaço de 
trabalho é possível observar comportamentos coletivos e até mesmo 
subculturas. Assim é que a área de marketing tende a ser mais descontraída 
do que a área financeira. Nesse sentido, o lugar em que as pessoas 
interagem interfere diretamente no tipo de comunicação realizada. 
Legendas emocionais no mundo digital 
Nas últimas décadas, ampliamos muito a facilidade de comunicação e acesso a 
outras pessoas. No início dos anos 2000 lembro-me de uma amiga executiva me 
confidenciar em um aeroporto, enquanto aguardávamos um voo: “amiga, recebi 
mais de 300 mensagens em meu Blackberry hoje”. Lembro de ter ficado 
horrorizada. Naquela época o meio principal de comunicação era o e-mail. Hoje, 
temos WhatsApp, Direct, Chat pelo Teams e, sim, e-mail. Trabalhamos na 
redundância também: por exemplo, enviar um Whats dizendo que envio um e-mail. 
Se somarmos a essas mensagens rápidas o arsenal de notificações de aplicativos de 
redes sociais que recebemos em nosso celular, vemos que ganhamos em 
quantidade na troca de informaçõese perdemos, muito, em qualidade. 
Daí que se configura importante sabermos fazer a legenda emocional, a partir do 
tom da mensagem e do uso de emojis ou interjeições mais amigáveis. Alguns 
exemplos a considerar: 
• E-mail – aqui o principal é como abrimos e como finalizamos a mensagem. 
A intenção é ser breve, mas não taquigráfico. Um cordial “bom dia” e no 
final “um abraço” (caso nos sintamos à vontade com o interlocutor) tiram o 
ar tão formal que o e-mail ainda tem. 
• Mensagens instantâneas – emojis demais trazem infantilidade ou 
informalidade para a mensagem e emojis de menos trazem a sensação de 
uma troca mais rígida e formal. Áudios merecem ser curtos e poucos, 
geralmente para pontuar algo muito específico. Uso de figurinhas é liberado 
em trocas com amigos ou familiares, cuidando para não exagerar no 
deboche. 
O que cada emoção nos diz 
 
Em nossa busca por bem-estar contínuo e evitação de sentimentos negativos, por 
vezes não conseguimos ver com clareza a realidade que se apresenta. Nossos 
estados emocionais de base – medo, raiva e tristeza – fornecem um determinado 
“filtro” para nossa leitura de mundo. Essas emoções e seus estados emocionais 
decorrentes (como frustração, ansiedade ou culpa) podem dificultar que vejamos 
com objetividade nosso próprio comportamento ou de outras pessoas. Assim, 
tendemos a tomar decisões baseados em evitar o que é doloroso ou buscar o que é 
agradável para nós no momento. 
No entanto, compreender as razões de base para nossas emoções pode permitir 
uma tomada de consciência e uma orientação para nosso comportamento, como já 
vimos em nossas primeiras aulas. Assim é que “o coração tem motivos que a razão 
desconhece”, como dizia Pascal. E nos beneficiamos muito em conhecer as bases 
emocionais de nosso comportamento. 
Por isso, vamos explorar aqui como a tríade de emoções negativas, medo, tristeza e 
raiva, influencia nossa percepção da realidade. 
• Medo – a força para evitarmos a perda, a dor ou a morte é o desejo mais 
primitivo em todos nós, nosso motivador primário. Por isso, a tentativa de 
puramente evitá-lo é infrutífera. Devemos, ao contrário, compreender qual 
é exatamente a situação que tememos. Explorar cenários e possibilidades 
que desejamos e investigar as possibilidades que aconteçam. A melhor arma 
contra o medo é o conhecimento. 
• Tristeza – Na leitura interpessoal, a emoção da tristeza acaba aparecendo 
em comportamentos de carência e privação afetiva, uma vez que quando 
estamos tristes acabamos interrompendo o fluxo de trocas e “nos isolando” 
em nós mesmos. Quando estamos carentes, tendemos a “precisar” de 
soluções ou respostas rápidas. Uma boa saída é ganhar tempo e verificar se 
aquilo que tanto desejamos é mesmo necessário e urgente ou se só estamos 
tentando preencher algum vazio interior. 
• Raiva – a principal barreira para compreender a realidade que a raiva 
oferece é a incapacidade de ouvir que ela provoca. Quando estamos nos 
sentindo acuados, tendemos a só ver as coisas de nosso ponto de vista, nos 
tornando incapazes de conhecer as razões de outras pessoas. Aqui a 
estratégia de saída é buscar conhecer mais todos os elementos envolvidos. 
Só assim conseguimos ter nosso melhor julgamento. 
Havendo percebido os possíveis “filtros” à realidade que nossas emoções 
provocam, podemos dar um passo atrás. É na figura de observadores atentos que 
melhor conseguimos ler nós mesmos e outros. No entanto, é muito importante que 
façamos esse movimento livres de preconceitos e pré-julgamentos, que tenhamos 
clareza de que nossas experiências e nossos valores moldam nossa concepção da 
realidade e que as pessoas têm também suas próprias visões. Elas não são nem 
certas nem erradas, só são diferentes das nossas. 
Pensando nisso tudo, procure colocar-se algumas vezes na posição de observador 
da rotina que lhe cerca. Você vai perceber que algumas pessoas são mais “fáceis” 
aos seus olhos, pois se parecem mais com você. Outras, no entanto, desafiam sua 
capacidade de comunicação, pois trazem maneiras diferentes de concepção da 
realidade ou simplesmente características que não lhe parecem fáceis de lidar. 
Aproveite também para se avaliar e responder: que valores os seus comportamentos 
revelam? 
Videoaula: Do verbal para o não 
verbal 
Meu vídeo não funciona 
Estudamos nesta aula os indicadores não verbais: pistas de que a observação 
atenta pode nos fornecer sobre nosso comportamento e o das outras pessoas. 
Entendemos ainda como o uso de legenda emocional é fundamental para a 
melhora de nossa comunicação digital, que usar ou não usar emojis pode revelar 
nossa intenção e o tom de nossas palavras. Encerramos falando sobre o filtro que 
nossas emoções provocam em nossa leitura da realidade. 
Introdução 
 
Vivemos a cultura em que influenciar se tornou a profissão de muitas pessoas. Em 
um mundo na internet regido pelos algoritmos de rede, aquele que ganha mais 
cliques e likes tem a chance de chegar a mais pessoas. 
Nesta aula, vamos falar sobre as bases da influência em nossos relacionamentos. 
Qual o valor do elogio? Como devemos compor alianças? 
Ao final vamos traçar as relações entre influência, autenticidade e poder, para que 
possamos nos questionar de que forma o nosso comportamento modifica ou 
amplia o comportamento de outras pessoas. A intenção da aula é contribuir para 
que possamos tirar o máximo de nossas relações interpessoais. 
Fazer amigos e influenciar pessoas 
 
Um dos livros mais vendidos de todos os tempos no campo das relações humanas 
chama-se Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie. O lançamento 
da obra foi em 1937, no contexto de trabalho pós-depressão dos Estados Unidos. A 
intenção do autor era tão somente ensinar comerciantes e administradores da 
época a terem um melhor trato com as pessoas. 
Adicionalmente, que eles pudessem expressar suas ideias com clareza eficiência e 
equilíbrio nos seus contatos comerciais. Posteriormente, tornou-se um fenômeno 
mundial de vendas, já tendo chegado a mais de 50 milhões de pessoas. Seus 
conselhos são interessantes de resgatarmos aqui na disciplina, por apontarem 
princípios básicos das interações humanas. Como a teoria de base, ancora-se no 
comportamentalismo, ou do inglês, behaviorismo. Como veremos posteriormente, 
esses princípios não dão conta de alguns desafios nos relacionamentos que os 
tempos atuais oferecem e podem estar na contramão da influência obtida a partir 
da autenticidade. 
São nove os princípios de liderança de Carnegie (2012): 
1. Comece com um elogio ou uma apreciação sincera. 
2. Chame a atenção para os erros das pessoas de maneira indireta. 
3. Fale sobre os seus erros antes de criticar os das outras pessoas. 
4. Faça perguntas ao invés de dar ordens indiretas. 
5. Permita que a pessoa salve seu próprio prestígio. 
6. Elogie o menor e todo progresso, seja sincero na sua apreciação. 
7. Proporcione à outra pessoa uma boa reputação para zelar. 
8. Empregue o incentivo, torne o erro fácil de ser corrigido. 
9. Faça a outra pessoa sentir-se feliz realizando aquilo que você sugere. 
Como pode-se perceber, no centro dos princípios de Carnegie está que 
devemos apreciar as pessoas, elogiar seu bom desempenho, evitar criticá-las 
abertamente, incentivá-las a repetirem os comportamentos delas desejados. A 
teoria de base para esse ensinamento advém do psicólogo B. F. Skinner, que já 
pontuava nos anos 1930 que qualquer animal, quando recompensado por seu 
“bom comportamento”, aprenderá com mais facilidade e rapidez do que se for 
castigado por mau comportamento. 
Em outras palavras, nós seres humanos tendemos a nos comportar de forma a 
evitar o sofrimento ou buscar o prazer, sendo ambas forças que modelam nosso 
comportamento. Nesse sentido, a crítica, dura e contundente, provoca em nós 
sentimentos negativos de autodepreciação e culpa (sofrimento), funcionando como 
um reforço negativo. Jáo elogio, por promover sentimentos agradáveis de alegria, 
satisfação e felicidade, funciona como um reforço positivo. 
Não há nada de errado em elogiar as pessoas. Todos gostam de ser recompensados 
pelo bom cumprimento de uma tarefa. Porém existe o contexto ideal para cada 
elogio. Há, por exemplo, o entendimento de que “é melhor elogiar no coletivo e 
criticar no privado”. Nem sempre isso é verdade. Por exemplo, se uma pessoa é 
elogiada coletivamente, havendo também participação das outras na entrega que é 
mencionada no elogio, isso pode ser considerado injustiça e gerar intrigas em uma 
equipe de trabalho. Ainda, se um elogio vem logo após uma crítica, ainda que ela 
seja sutil, ambos podem sair esvaziados, ficando o interlocutor confuso sobre seu 
comportamento. Também importa de quem vem o elogio e, acima de tudo, se é 
sincero. Ao contrário, uma crítica bem contextualizada e com intenção construtiva 
torna-se uma semente de aprendizado. Ou seja, mais importante do que se diz 
é como se diz e com que intenção. 
Formando alianças 
 
As relações profissionais exercem impacto em diferentes frentes, desde a 
disposição para exercer nossas habilidades até a facilidade de acesso a 
informações relevantes. No contexto de trabalho, formar alianças permite que se 
encontre uma identidade coletiva e que se estabeleça um bom convívio nas 
interações. De acordo com Dillon (2018, p. 166), formar uma aliança é “tomar a 
decisão de encontrar e cultivar relações profissionais com pessoas que você 
respeita, de quem gosta e com quem deseja trabalhar”. Existem, porém, linhas 
tênues para separar a prática de formação de alianças saudáveis – que permite que 
as pessoas se desenvolvam e atuem em um bom clima de trabalho – das formações 
tóxicas, como as que dividem as pessoas em “panelinhas”, o que pode ser bastante 
nocivo para as trocas entre equipes. 
Mas para que servem as alianças? 
Alianças estratégicas podem suprir necessidades específicas. Por exemplo, você tem 
alta habilidade e desejo de incorporar grupos de consultoria interna da empresa, 
mas sua área não se envolve em programas de melhoria. Talvez então possa valer a 
pena buscar alianças com pessoas envolvidas em projetos de consultoria, de forma 
a entender melhor no que trabalham e como trabalham. Isso permitiria entregar o 
seu melhor para uma área que também precisa de você. 
Outras vezes, alianças surgem como uma troca de favores, ainda que não de forma 
explícita. Por exemplo, durante uma reunião você apoia o posicionamento de um 
colega diante de uma determinada atividade. Posteriormente, esse mesmo colega 
apoia sua entrada num projeto de melhoria, por entender que suas visões são 
parecidas. Mais uma vez aqui pode haver uma relação ganha-ganha, em que todos 
podem sair fortalecidos a partir de uma interação. 
Para formarmos boas alianças, é necessário ter clareza de que pessoas queremos 
nos vincular, de que forma podemos contribuir com elas e elas conosco. Ser um 
bom aliado é ser útil para as pessoas, contribuir para seu desenvolvimento, 
participar com entusiasmo de atividades que o outro organize. 
Assim como as amizades, as alianças precisam de cuidados para permanecerem 
saudáveis. O contato regular ajuda a manter a sintonia. A comunicação precisa ser 
assertiva, por isso a crítica construtiva, assim como a desculpa sincera, são 
movimentos que podem ajudar a estreitar laços e promover confiança. 
Em alguns momentos, pode ser necessário se afastar, especialmente quando o 
aliado começa a agir de maneiras que vão em direção oposta a seus valores 
pessoais. Isso porque o mau comportamento de um aliado pode se refletir em 
quem está ao seu lado. 
Alianças saudáveis são aquelas que permanecem enquanto as diferentes partes 
podem contribuir uma com a outra. E tudo bem serem podadas ou renovadas, uma 
vez que o que torna o laço forte é a utilidade que tem para o bem-estar coletivo. 
Influência, autenticidade e poder 
 
“Ser autêntico e ter sabedoria são dinâmicas humanas intimamente relacionadas, 
que se reforçam e constroem mutuamente.” 
 Kets de Vries (2012, p. 266) 
Sou da época em que se pedia para pessoas estranhas para que batessem uma foto. 
Nos víamos de longe, nunca de tão de perto, nem com tantos filtros. Hoje 
circulamos em redes sociais recheadas de selfies, danças de TikTok e imagens de 
autopromoção. Movimentos que antes pareceriam narcisismo hoje são 
considerados parte do jogo, parte de como as pessoas querem ser vistas e se 
deixam ver. Nessa busca por sucesso é fácil se iludir ou perder o rumo, faltar com a 
verdade e a sinceridade e se decepcionar. 
Na contramão das selfies, autenticidade implica ser verdadeiro consigo mesmo e as 
demais pessoas, viver de forma integrada aos próprios valores e princípios, 
encontrar significado no que se faz. Uma pessoa autêntica tem a disposição de se 
aceitar como é e não tenta se fazer passar por outra coisa ou outra pessoa. Tem a 
coragem de dizer como são as coisas, consegue encarar a verdade e fazer a coisa 
certa porque isso é correto. Consegue ver seus pontos fortes e os seus pontos 
fracos, sendo paciente com as próprias falhas (DE VRIES, 2012). 
A autenticidade aumenta a coragem de sermos diferentes e seguirmos o que 
nossos corações e mentes pedem, não o que os outros querem. Por isso, os maiores 
testes de autenticidade surgem quando nossa opinião ou nosso jeito de ser não 
combina com o da maioria. Ser autêntico implica fazer coisas que façam 
sentido para nós e que nos tornem úteis para a sociedade. 
Disso decorre a relação entre a autenticidade e a influência: uma pessoa 
autêntica torna-se influente porque tem clareza do que prefere fazer e como fazer. 
No mundo das incertezas e da validação de comportamento a partir do olhar do 
outro torna-se inspirador ver uma pessoa “com luz própria”, que não busca 
dissuadir olhares, e sim aceita-se como é. A exemplo disso, voltando-se à analogia 
das redes sociais, tem-se o movimento de “body positive”, em que pessoas postam 
fotos reais de seus corpos e produzem simpatia pela veracidade que buscam 
divulgar. 
Mas qual a relação entre influência e poder? 
Poder é a capacidade de influenciar o comportamento de outras pessoas para 
conseguir o que se deseja. Em nossas vidas, o poder traz consequências negativas 
ou positivas, a depender da maneira como essa colaboração do outro é obtida. 
Entre as consequências negativas podemos apontar a corrupção, a autocracia, o 
abuso moral. Quando aplicado com inteligência social e positivamente, o poder 
pode produzir alinhamento, senso de identidade e bem-estar entre as pessoas. 
De acordo com especialistas em comportamento organizacional, existem seis 
fontes de poder (McSHANE; VON GLINOW, 2014). Em cada situação podemos ter 
uma delas ou todas, ficando assim mais influentes: 
• Poder legítimo – que vem da posição hierárquica exercida em uma 
organização. 
• Poder de recompensa – habilidade de fornecer recompensas, como 
pagamentos ou posições de interesse dos outros. 
• Poder coercitivo – habilidade de retirar punições ou exercê-las. 
• Poder de especialista – aquele que vem do conhecimento ou de habilidade 
específica. 
• Poder de informação – similar ao de especialista, porém diz respeito ao 
acesso à informação. 
• Poder por referência – daquele que tem características pessoais que 
outras pessoas desejam. 
Mas como podemos saber se exercemos ou não a influência, ou seja, se somos 
poderosos? A partir da reflexão sobre nossas próprias experiências e como elas 
afetam nossos relacionamentos. Ou seja, se conseguimos, por nossa ação e forma 
de ser influenciar as ações de outras pessoas. 
Videoaula: Influência positiva 
Meu vídeo não funciona 
Você já parou para pensar que a influência pode ser construída? Nesta aula, vamos 
falar sobre o poder do elogio e de como pode ir na contramão da autenticidade. 
Falamos do papel das alianças em nosso desenvolvimentode carreira e 
encerramos compreendendo as fontes de poder, provocando a reflexão sobre 
como nosso comportamento afeta as outras pessoas. 
Introdução 
 
Ampliamos consideravelmente a facilidade de comunicação a partir de novas 
mídias e redes sociais. O que podemos observar, no entanto, é que muito do que é 
dito ainda é em tom de conflito e confronto. 
Nossos diálogos e comentários ainda são bastante violentos. Nesta aula, vamos 
compreender como é possível estabelecer a comunicação não violenta, que tem por 
base a empatia e a habilidade de combinar o processo observação-sentimento-
necessidade-pedido nos diálogos que são realizados. 
Ao final da disciplina, a intenção é que você tenha condições de fazer seus próprios 
pedidos, sabendo ler seus sentimentos e suas necessidades e também de outras 
pessoas. 
Bons estudos! 
Bases da comunicação não violenta 
(CNV): conhecendo os próprios 
valores 
 
“A violência é a expressão de uma frustração impossível de ser manifesta em 
palavras.” D’Asembourg (2018, p. 17) 
Formas violentas de comunicação fazem parte de nosso inconsciente coletivo. Na 
base estão as emoções de raiva e medo, atuando em nós por meio das palavras. A 
violência nas relações surge como efeito da ausência de consciência e surge não 
para criar, estimular ou proteger nossas ideias ou bens, e sim para exercer pressão 
sobre outras pessoas. Na maior parte das vezes, a violência é sutil, não chegando a 
agressões físicas ou verbais, e sim imposta como uma pressão no campo afetivo e 
psicológico. Ao contrário, quando somos mais conscientes, conseguimos exprimir 
nossa intenção e vontade sem agredir a outra pessoa, nos comunicando de forma 
empática e assertiva. 
O processo de comunicação não violenta foi proposto pelo psicólogo Marshall 
Rosenberg nos anos 1960, em sintonia com o movimento dos direitos civis 
americano. Durante esse período, Rosenberg atuou com arbitragem e forneceu 
treinamento em sua recém-criada técnica comunicativa CNV (comunicação não 
violenta). Muitos anos se passaram e a tecnologia revolucionou nossa 
comunicação. Basta, no entanto, uma zapeada nas redes sociais para que 
encontremos comentários raivosos e posicionamentos que isolam as pessoas em 
seus pontos de vista. Também em organizações a comunicação tornou-se mais ágil 
e ganhou novas mídias, mas seguem as trocas ácidas e os comentários belicosos. 
Atualmente, a CNV é utilizada na resolução de conflitos em mais de 65 países do 
globo, sendo aplicada para o desenvolvimento de sistemas sociais, na justiça 
restaurativa, nas organizações e na área de educação. Em suas diversas aplicações, 
permanece tendo por base a consideração do bem comum e uma atitude baseada 
em empatia, por isso também chamada de comunicação empática ou comunicação 
compassiva. Para facilitar a compreensão em nossa aula, vamos nos referir a ela 
simplesmente como CNV. 
De acordo com D’Ansembourg (2018), a CNV nos estimula a parar e refletir sempre 
que reagimos fortemente a alguma coisa ou situação. O processo da CNV é 
composto por quatro fases: observação da situação, leitura 
dos sentimentos envolvidos, compreensão da necessidade de base e formulação 
de um pedido. 
Mas por que temos dificuldade de expressar nossas necessidades? Uma explicação 
possível é de que somos seres sociais. Crescemos nos acostumando a perceber a 
reação das outras pessoas e buscando corresponder ou nos antepor às 
necessidades delas. Por isso, muitas vezes, “partimos do princípio” de que estamos 
atendendo a necessidade de alguém quando, na verdade, não chegamos nem 
mesmo a compreendê-la. Podemos, aliás, estar simplesmente projetando. 
Julgamentos e rótulos 
Julgamos os comportamentos de outras pessoas o tempo todo. Vemos passar 
aquele colega tatuado e imaginamos que sua vida inteira é muito descolada. Não 
sabemos nada a respeito da vida dessa pessoa e nem imaginamos que não é um 
cara “de Humanas”, mas sim um engenheiro de qualidade. Construímos nosso 
mundo a partir do pouco que vemos do outro e, assim, “assumimos” algumas 
verdades que acabam por atalhar nossas interações. 
O primeiro componente ou fase da CNV pede para que observemos a 
realidade de nossa troca tal como ela aparece, livres de julgamentos e 
preconcepções, ou seja, observar sem avaliar. Abrindo-nos ao que está acontecendo 
e conhecendo nossos próprios valores e crenças, podemos abrir espaço para 
chegar às nossas emoções e necessidades pessoais. 
Percebendo emoções e necessidades 
 
No segundo momento da comunicação empática, passamos a ficar mais atentos a 
nossos próprios sentimentos e aos sentimentos do outro. Deixamos de jogar a 
responsabilidade do que sentimos para as pessoas (“você me fez sentir raiva de...”) 
para colocar a responsabilidade em nós mesmos: “estou com raiva porque meu 
valor de ... foi violado”. 
Mas o que faz com que nossos sentimentos sejam muitas vezes estranhos a nós 
mesmos? Em algumas profissões – como médicos, engenheiros e militares – a 
expressão dos sentimentos é desencorajada (ROSENBERG, 2006). Falar de si pode 
ser considerado algo egocêntrico, não profissional ou uma expressão de carência. 
Porém, o primeiro contato a ser feito com os sentimentos é ainda no âmbito 
intrapessoal, ou seja, do indivíduo consigo mesmo. Isso porque, ainda que nos 
últimos anos estejamos mais flexíveis nas organizações para conversar sobre os 
sentimentos, são poucas as oportunidades em que acontecem. 
Em minha experiência como facilitadora de inteligência emocional em 
treinamentos executivos posso testemunhar: é impressionante o efeito integrador 
e de alívio que é poder falar abertamente. O acolhimento afetivo fornece, já no 
curto prazo, uma ampliação do bem-estar no trabalho e a promoção de sentido, 
que é nutridora das relações no longo prazo. 
Os benefícios de se enriquecer o vocabulário emocional aparecem nos 
relacionamentos pessoais e no mundo profissional. Expressar a 
nossa vulnerabilidade pode ajudar a ampliar o espaço de confiança nas conversas 
e trocas e resolver ou diminuir conflitos (BROWN, 2013). Especificamente 
conhecer nossos sentimentos permite que possamos saber quais necessidades 
estão ou não sendo atendidas, pois são por elas que nossas emoções são ativadas. 
Chega-se então ao terceiro momento da CNV: a compreensão de nossas 
necessidades. Fundamental é esse momento de acolher o fato de que temos desejos 
intrínsecos, necessidades relacionadas às nossas questões fisiológicas, 
necessidades ligadas à segurança, aos relacionamentos, de estima e de realização 
pessoal ou crescimento. Nesse sentido, é interessante trazermos a Teoria da 
Hierarquia de Necessidades (Figura 1), proposta por Maslow nos anos 1980 e 
amplamente difundida no âmbito acadêmico. 
Figura 1 | Teoria da Hierarquia de Necessidades. Fonte: G4 Educação (2020, [s. 
p.]). 
Além das categorias de necessidades propostas por Maslow, existem outras, 
ligadas aos nossos valores: autonomia, integridade, expressão pessoal e clareza 
estão entre elas. Conhecer as próprias necessidades permite que não sejamos 
dependentes da opinião dos outros. Paramos de fazer perguntas do tipo “O que 
você acha?”, “O que quer fazer?” e “Você acha que isso é o melhor?” e passamos a 
ter um norteador interno. Essa direção nos traz calma e tira de nós a intenção de 
controlar as outras pessoas ou a sina de sermos por elas controlados. 
Identificar nossas necessidades provoca alívio e bem-estar, ainda que não 
tenhamos condições imediatas de satisfazê-las. No entanto, podem surgir 
divergências quando partimos do princípio de que as outras pessoas, 
especialmente as mais próximas, têm a obrigação de conhecer e até satisfazer as 
nossas necessidades. Por isso é fundamental que saibamos formular pedidos. 
Aprendendo a fazer pedidos e praticar 
a CNV 
 
Falamos até aqui sobre o valor de considerarmos nossas emoções e conhecermos 
nossas necessidades. Esses movimentos são fundamentaispara que possamos 
chegar ao último componente da CNV: fazer pedidos. 
Muitas vezes, confundimos pedidos com necessidades, e vice-versa. Por isso, é 
importante separarmos sentimento (S), necessidade (N) e pedido (P). Vamos a um 
exemplo bem trivial. Ana chega em casa do trabalho e diz para o marido Cláudio 
que está com vontade de comer uma pizza. O marido confunde pedido com 
necessidade e diz que não quer pizza novamente, pois é cara, demora para chegar e 
depois não lhe desce bem. Eles começam a discutir, já que Ana diz que Cláudio 
nunca concorda e Cláudio diz que Ana só quer comer coisas gordurosas, o que não 
lhe cai bem de noite. 
Se Ana praticasse a CNV, poderia explicar-se melhor: “Querido, estou me sentindo 
supercansada e faminta (S). Não estou com vontade de fazer nada, nem de cozinhar 
(N). O que você acha de pedirmos algo para comer, como uma pizza (P)?”. Uma vez 
tendo colocado pizza como uma das possibilidades de atender sua necessidade, 
Ana poderia se abrir às ideias de Cláudio e, quem sabe, chegassem juntos à uma 
opção rápida e saudável, como uma salada. Como a discussão aconteceu, não houve 
a possibilidade de Cláudio saber que Ana adora, sim, uma salada. Não houve espaço 
para que ambos pudessem compartilhar seus sentimentos e suas necessidades. 
Praticando a CNV 
Havendo compreendido os quatro componentes da CNV de observar (O), sentir (S), 
perceber a necessidade (N) e fazer pedidos (P), é importante aplicar todos os 
componentes ao mesmo tempo e, para isso, é fundamental recebermos a realidade 
do outro com empatia. 
A empatia permite que se faça uma compreensão respeitosa do que as outras 
pessoas estão vivendo ou sentindo e para acontecer faz uso de todos os nossos 
sentidos. Só conseguimos ser empáticos quando esvaziamos a nossa mente de 
ideias preconcebidas. Quando empáticos, preferimos perguntar e ouvir, em vez 
de falar. O hábito da pergunta amplia nosso espaço na interação com o outro e a 
escuta favorece a abertura a falar de sentimentos. 
Um outro cuidado para favorecer a empatia é evitar pensar demais já que o 
excesso de trabalho cognitivo atrapalha a troca afetiva, uma vez que ficamos 
tentando encontrar causas e efeitos na fala do outro e perdemos sinais 
importantes de como a pessoa está se sentindo. Dois bons sinais de que estamos de 
fato praticando um diálogo empático: (1) não sabemos o que vamos dizer a seguir 
e precisamos da fala do outro para construir nosso posicionamento e (2) na 
linguagem não verbal do outro, a partir por exemplo do tom de voz e movimentos 
do corpo, é possível perceber sinais de calma e bem-estar. A conversa segue fácil e 
de forma confortável. 
Com base no que tratamos em aula, procure formular pedidos reconhecendo, 
assim como no exemplo de Ana e Cláudio, quais são os sentimentos envolvidos (S), 
que necessidades precisam ser atendidas (N) e o que efetivamente vai ser 
solicitado em forma de pedido (P). 
Videoaula: Tornando a comunicação 
empática e assertiva 
Meu vídeo não funciona 
Você já reparou como ainda temos diálogos violentos em nossas interações 
diárias? Às vezes o que parece opinião chega recheado de julgamento e 
preconcepção da realidade. Nesta aula, aprendemos sobre os princípios da 
comunicação não violenta, também conhecida como comunicação empática, em 
que podemos acolher nossos sentimentos e expressar nossas necessidades de 
maneira assertiva. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Somos seres sociais. Construímos nossa realidade, nossos pensamentos e 
sentimentos a partir da interação com outras pessoas. Especialmente aquelas com 
quem mais convivemos são as responsáveis por muito do que experimentamos em 
nosso mundo interior. Na contrapartida, nós também influenciamos todos aqueles 
com os quais convivemos. 
Nesta aula, falaremos de contágio emocional e de relações tóxicas ou salutares. 
Abordaremos as diferentes dimensões da inteligência social e o conceito de 
liderança ressonante. 
Para finalizar, faremos reflexões para que possamos produzir ressonância e 
melhor gestão de nossos relacionamentos. A intenção desta aula é contribuir para 
que possamos perceber o impacto de nossas emoções em nossas relações 
interpessoais e o valor da empatia na influência positiva de outras pessoas. 
As bases do contágio emocional 
 
Os primeiros anos de nosso milênio trouxeram para a pesquisa científica um 
campo emergente: a neurociência social. Estudos recentes revelam o que acontece 
no cérebro humano enquanto as pessoas interagem. O que se descobriu é a força 
da empatia. Quando entramos em contato com os sentimentos de outras pessoas e 
compreendemos seus motivos, temos nossa química cerebral afetada, assim como 
afetamos o outro. Não se trata apenas de dois cérebros reagindo 
independentemente, mas, ao contrário, dois cérebros que funcionam como um 
único sistema (GOLEMAN; BOYATZIS, 2008). 
A compreensão desses poderosos circuitos sociais do cérebro permitiu que se 
ampliasse a nossa teoria de inteligência emocional (IE) – anteriormente 
fundamentada em teorias de psicologia individual ou intrapessoal –, 
compreendendo-se agora que existe uma vasta zona interpessoal de ação da IE. 
Inteligência social é então definida como um conjunto de competências 
interpessoais construídas em circuitos neurais específicos (e sistemas endócrinos 
relacionados) que inspiram outras pessoas a serem eficazes (GOLEMAN; 
BOYATZIS, 2008). 
As interações que temos com as pessoas atuam como reguladoras de nossas 
emoções, acionadas pelo sistema límbico de nosso cérebro. Quanto mais forte 
nossa ligação emocional com alguém, maior é a força com que os cérebros se 
influenciam. Por isso, nossas trocas mais potentes ocorrem com pessoas que 
passamos mais tempo e aquelas que mais importam para nós, ou seja, mais vezes 
são acessadas em nossos sentimentos e pensamentos (GOLEMAN, 2019). 
Nossos sentimentos têm consequências biológicas de longo alcance, sendo 
espalhados em nosso corpo por meio da ação de neurotransmissores (acetilcolina, 
noradrenalina, serotonina, dopamina, ocitocina, etc.), que regulam os sistemas 
biológicos, do coração às células do sistema imunológico. Por isso, de acordo com 
Goleman (2019), nossos relacionamentos moldam nossa experiência e nossa 
biologia. 
O mais interessante é que, além de influenciar nosso corpo e nossas interpretações 
da realidade, nossas interações podem também influenciar diretamente o que 
estamos sentindo. Esse fenômeno é conhecido como contágio emocional. 
Quando pessoas despejam sobre nós seus sentimentos tóxicos – explodindo de 
raiva ou fazendo ameaças, demonstrando repulsa ou desprezo – ativam em nós 
circuitos que provocam essas mesmas emoções aflitivas. (GOLEMAN, 2019, p. 23) 
Quando as emoções trocadas são negativas, há muita força no contágio, uma vez 
que somos programados evolutivamente para captar tudo que possa nos ferir ou 
nos causar perda. Nossa amígdala cerebral está sempre vigilante, por isso é mais 
fácil se contagiar com as emoções negativas. 
Mas o contágio emocional pode também ser positivo. E eis que nos vemos 
gargalhando após vermos outra pessoa gargalhar ou quem sabe fiquemos felizes 
tão somente por ver uma criança sorrir. O fato é que participamos o tempo todo de 
uma espécie de economia emocional, em que são feitas trocas entre as pessoas a 
partir da forma como se sentem. Tudo isso ocorre de forma subconsciente, o que 
faz com que seja muito importante termos consciência de que tipo de mensagem 
não verbal estamos emitindo, a partir da expressão de nossos sentimentos e o que 
estamos conseguindo captar. 
Relações ressonantes e salutares 
 
“É por observação que no futuro eles não vão se lembrar do que você disse, eles não 
vão se lembrar do que você fez, mas vão se lembrar de como você os fez se sentirem.” 
Maya Angelou (apud DOUGLAS, 2019, p. 67) 
A inteligência social pode ser compreendida como o conjunto de habilidades 
socioemocionaisque utilizamos na interação com outras pessoas. No modelo de 
Goleman e Boyatzis (2016), mencionado em nossa Unidade 1, a inteligência social 
diz respeito às dimensões de empatia e gestões de relacionamentos. Já Albrecht 
(2006) entende que são cinco as dimensões da inteligência social: 
1. Consciência situacional – radar social ou habilidade de ler situações e 
interpretar comportamentos de outras pessoas, assim como suas possíveis 
intenções, estados emocionais e propensão à interação. 
2. Presença – incorpora padrões verbais e não verbais, como aparência, 
postura, qualidade da voz e movimentos do corpo. 
3. Autenticidade – o quanto somos percebidos como honestos, abertos, éticos 
e confiáveis. 
4. Clareza – nossa habilidade de explicar, esclarecer ideias, transmitir dados, 
articular visores e cursos de ação de forma a conquistar a cooperação 
alheia. 
5. Empatia – sentimento compartilhado de duas pessoas que se vinculam e 
interagem de forma a cooperarem positivamente. 
No modelo de Albrecht, a inteligência social tem um significado análogo à 
inteligência intrapessoal de Gardner (2009), o que você já deve ter estudado. Por 
isso, sua definição de inteligência social é “habilidade de interagir bem com outros, 
fazendo com que cooperem com você” (ALBRECHT, 2008, p. 23). Ao mapear os 
diferentes comportamentos para construir seu modelo, Albrecht (2006) percebeu 
que pessoas com baixa inteligência social tendem a ter atitudes tóxicas, que 
contribuem para alienação, conflito e animosidade, enquanto pessoas com alta 
inteligência social conduzem os outros à empatia, compreensão e cooperação, 
tendo assim uma atitude salutar no comportamento de outros. As atitudes 
salutares fazem com que as pessoas se sintam valorizadas, capazes, amadas, 
respeitadas e apreciadas. Por isso, pessoas com alta inteligência social tornam-se 
magnéticas para as outras, afinal, todos apreciamos a interação com pessoas que 
fazem com que nos sintamos bem. 
O conceito de atitudes salutares assemelha-se à ideia de liderança ressonante, de 
Boyatzis e McKee (2006). A analogia ao conceito de ressonância vem da física: 
reforço ou prolongação do som a partir da reflexão ou sincronicidade de vibração. 
Da mesma forma, o líder ressonante promove conexão emocional, “sincronia”. 
Nesse caso, a partir da relação líder-liderados, a mensagem original “ressoa”, 
reverberando para outros níveis da organização, de forma construtiva e positiva. 
Atuando com escuta ativa e atitude vibrante, os líderes ressonantes são aqueles 
que conseguem tirar o melhor das pessoas, promovendo nelas uma visão 
compartilhada e inspirando sentimentos de confiança e esperança no futuro. Na 
contrapartida, quando interagem com líderes ressonantes, as pessoas sentem-se 
apreciadas, contribuindo positivamente para os grupos em que atuam. 
Aprendendo a perceber contextos 
 
Até aqui entendemos que nossas interações moldam nossa forma de ver e 
experimentar o mundo. Mas o contrário será verdade? Será que um indivíduo 
consegue modificar seus relacionamentos? Ou pelo menos melhorá-los? A resposta 
é sim. Mas vamos por partes. 
Um contexto é feito de pequenas unidades. Paradoxalmente, segundo Carl Rogers 
(2017), nós como indivíduos não mudamos ninguém, mas, quando nós mudamos, 
podemos mudar o outro também. Ou seja, somos indivíduos em relacionamentos 
que se formam dentro de grupos, que se formam dentro de organizações, que se 
formam dentro de comunidades. Vivemos em um sistema social complexo, porém 
fundamentalmente interdependente. E cada nível do sistema social influencia o 
comportamento do indivíduo. Assim, a ressonância não se constrói a partir da ação 
de cada pessoa. Afinal, nossa realidade emocional é compartilhada o tempo todo. 
Então, é justo perguntar: como podemos promover influência positiva ou 
ressonância em nossos relacionamentos? De acordo com Boyatzis e McKee (2006), 
o lugar para se começar é exatamente na menor unidade, ou seja, em si mesmo. 
Para isso, precisamos ter clareza de quem somos – nossas forças e fraquezas – e 
quem desejamos ser, nosso eu ideal. Raramente temos clareza de para onde 
estamos indo e por que, mas quando atingimos esse lugar, conquistamos nossa 
integridade pessoal, algo que o psicólogo Carl Rogers (2017) entendia como 
Congruência. Quando congruentes, temos os eu real e eu ideal alinhados e estamos 
totalmente conectados à nossa experiência, não desejando ser nada diferente do 
que somos. E se você não se sente assim tão integrado, não se preocupe. A maioria 
de nós está nessa busca e o trabalho de crescimento pessoal serve para que 
possamos promover ressonância enquanto aprendemos sobre nós mesmos e 
nossos relacionamentos. 
Para melhor compreensão dos conceitos de inteligência social, vale agora fazer um 
exercício em três etapas: 
1. Conheça suas aspirações pessoais – a forma como nos conectamos com 
nossos sonhos diz muito sobre nós mesmos. Assim, precisamos ter clareza 
de onde queremos chegar e perceber como nossas aspirações se encaixam 
nas intenções das pessoas de nosso convívio e grupos de trabalho. 
2. Analise a própria liderança – uma outra observação interessante de ser 
feita no caso de você ocupar alguma posição de liderança é: como você 
lidera pessoas? Gosta de desenvolver novas habilidades em seus 
liderados? E caso ainda não atue como líder, vale perguntar sobre algumas 
outras habilidades da liderança: como você atua em conflitos? Você é um 
bom colega de trabalho, gosta de compartilhar ideias? Consegue obter o 
melhor das pessoas? Esse tipo de pergunta permite que possamos ser 
honestos a respeito de nossas habilidades interpessoais, reconhecendo 
pontos fortes e oportunidades de melhoria. 
3. Peça feedback – havendo investigado suas aspirações e suas habilidades 
de liderança, peça feedback sobre a forma como se relaciona: você é um 
bom ouvinte? As pessoas costumam se sentir bem após uma interação com 
você? 
De posse dos elementos dessa reflexão elabore pontos a melhorar, descobertas 
interessantes que fez sobre si mesmo e temas sobre os quais gostaria de continuar 
aprendendo. 
Videoaula: Inteligência social 
Meu vídeo não funciona 
Os estudos de inteligência social trouxeram novas descobertas sobre o valor das 
emoções que compartilhamos. Somos todos influenciáveis coletivamente, ou seja, 
construímos nossa realidade a partir do tipo de interação que temos. Nesta aula, 
falamos sobre contágio emocional, ressonância, atitudes tóxicas ou nutridoras e 
dimensões da inteligência social. Finalizamos com algumas reflexões que permitem 
que possamos influenciar os outros positivamente, a partir da pessoa mais 
importante para nossos relacionamentos: nós mesmos. 
Empresa de software 
Meu vídeo não funciona 
• O gerente de uma equipe de projetos de softwares está tendo muitas 
dificuldades para manter a motivação e o engajamento dos membros de sua 
equipe. 
• Grupo de aproximadamente 30 pessoas, de diferentes experiências e 
especialidades de linguagem, que precisa interagir em pequenos grupos 
para fazer frente às entregas. 
• 6 líderes de projeto coordenam o trabalho dos demais funcionários. 
• Grupo tem trabalhado de forma remota já há dois anos. 
• Aproximadamente metade da equipe atual já foi contratada nessa 
modalidade, isso é, nunca chegaram a se conhecer pessoalmente. 
• Integrantes de diferentes cidades e até mesmo outros Estados. 
• Interações online são de baixa qualidade interacional e majoritariamente 
voltadas a cobranças sobre o andamento dos projetos ou soluções de 
problemas e reclamações de clientes e usuários. 
• O líder promoveu recentemente um treinamento online sobre inteligência 
social e emocional, mas os resultados não foram os esperados. 
• O treinamento acabou gerando um clima de cobrança e acusações, mesmo 
que na forma de “brincadeiras”, principalmente por parte dos líderes de 
projeto que acusam seus pares e alguns funcionáriosde não apresentam 
uma postura emocionalmente inteligente. 
Considerando os conceitos aprendidos na Unidade, sugira estratégias que o líder 
poderia adotar para promover a formação de um espírito de equipe entre os 
membros do grupo. 
Descreva pelo menos duas linhas de ação possíveis, justificando-as com base nos 
conhecimentos aprendidos. 
Exemplos de sugestões seriam: 
a )Aplicar os conceitos de CNV diretamente com os líderes de projeto, em reuniões 
individuais, buscando aplicar as fases de observar suas dificuldades no 
relacionamento com a gerência, pares e liderados (O), sentir os efeitos nos 
relacionamentos (S), perceber a necessidade associada a uma postura voltada à 
formação do espírito de equipe (N), e fazer pedidos específicas a cada líder com 
base nas fases anteriores (P). 
b) Com o grande grupo e também em grupos menores de projetos, promover 
momentos de interação positiva, fora da rotina atual de cobranças de prazos e 
solução de problemas, de forma a oportunizar contágios e influências positivas e 
formação de uma consciência de grupo. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
O movimento da psicologia humanista trouxe uma nova visão de ser humano e 
permitiu que considerássemos o acesso a nossos sentimentos como parte inerente 
à nossa jornada em direção à autorrealização e ao eu ideal. 
Nesse contexto, nossos valores passam a ser parte preponderante de nossa 
experiência, pois explicam as bases de nosso comportamento. 
Nesta aula, percorreremos alguns conceitos fundamentais trazidos por Abraham 
Maslow, Carl Rogers e outros autores alinhados às suas premissas. Na sequência, 
falaremos sobre autorrealização, postulados do humanismo e congruência, 
percorrendo conceitos de base para que possamos trabalhar a autogestão, 
reconhecendo habilidades emocionais necessárias ao desenvolvimento pessoal. 
--- 
Assimile 
Toda mudança de comportamento parte de uma tomada de consciência. Para 
chegarmos aos nossos objetivos pessoais, é necessário que tenhamos clareza de 
onde queremos chegar e de que realidade temos. A trajetória rumo aos nossos 
objetivos fica mais fácil quando encaramos a vida de forma positiva, ancorando-
nos em nossas forças, valores e virtudes e conectando-nos em relacionamentos 
saudáveis. 
Uma psicologia para o pleno potencial 
humano 
 
No final dos anos 1960, emergia um movimento psicológico, capitaneado pelos 
psicólogos Abraham Maslow e Carl Rogers, que se opunha à visão do ser humano 
proposta pela psicanálise (considerada pessimista e determinista) e do 
comportamentalismo (considerada maniqueísta). Nascia a psicologia humanista, 
com a crença de que qualquer pessoa contém em si o potencial para um 
desenvolvimento sadio e criativo. Era até o momento uma lufada de otimismo e 
esperança, uma vez que o passado não era mais determinante de sucesso pessoal e 
o comportamento não era tão programável e organizável. Percebia-se o ser 
humano como um organismo integrado, conectado à sua realidade e às suas 
experiências, em que a compreensão de sentimentos e pensamentos passava a ser 
essencial para o bem-estar e desenvolvimento pessoal. 
Abraham Maslow (1908-1970) é mais conhecido pela hierarquia de necessidades, 
já vista na Unidade 3, em que passamos por necessidades de sobrevivência 
(fisiológicas e de segurança), de relacionamento, de estima e, no topo, a 
necessidade de autorrealização. Sobre essa última vamos nos deter aqui. Maslow 
acredita que somos inerentemente motivados a satisfazer nossas necessidades, 
mas também a nos autorrealizarmos, ou seja, sermos nosso melhor, em nosso 
maior potencial. Para isso, contamos com um motivador interno para 
a autoatualização, nos tornando a cada experiência mais próximos da melhor 
versão de nós mesmos (MASLOW, 2013). 
Carl Rogers (1902-1987) traz uma visão de ser humano similar à de Maslow e 
propõe que há uma incongruência entre o eu real e o eu ideal que nos causa 
desconforto e sofrimento. Ao contrário, quando por meio da descoberta de nós 
mesmos nos aproximamos de nosso eu ideal, entramos em estado 
de congruência e adquirimos o melhor funcionamento que podemos ter. 
Nesse estado, nossos sentimentos são totalmente acolhidos e somos nossa própria 
pessoa-referência, ou seja, não desejamos ser ninguém senão não nós mesmos. 
Para nos tornarmos mais próximos desse máximo potencial, Rogers (2017) 
entende que precisamos desenvolver a aceitação incondicional de quem somos. 
Quando, por exemplo, colocamos certas condições para outras pessoas nos 
valorizarem, como: “se eu me formar e me casar, então serei amada por meus 
pais”, ou condições autoimpostas, como: “quando eu conseguir meu apartamento, 
então serei uma pessoa bem-sucedida”, estamos limitando nossas condições de 
valor e, por consequência, estamos nos afastando das pessoas que amamos e 
condicionando nosso amor-próprio. 
Como podemos compreender até aqui, Maslow e Rogers enfatizaram a existência, 
em todo ser humano, de um impulso intrínseco para a realização do nosso maior 
potencial ou autorrealização. Assim, quando iniciamos nosso processo de 
autodesenvolvimento, é salutar vermos nós mesmos com aceitação incondicional, 
retirando barreiras e aceitando nossa experiência exatamente como ela se 
apresenta. Esse movimento parece mais fácil do que realmente é, uma vez que 
temos a tendência a “lutar” contra a aceitação, nos apoiando em ideias 
preconcebidas de como “devemos ser” ou como os relacionamentos “devem ser”. 
Bases para a autogestão 
 
A abordagem humanista da psicologia inspirou a criação de movimentos em torno 
da gestão de pessoas e comportamento organizacional e, mais recentemente, 
programas de coaching, realizados dentro ou fora do mundo empresarial. Por ter 
como base a mente consciente, permite que as pessoas realizem a compreensão de 
si mesmas, com ou sem acompanhamento, a partir da autorreflexão ou acessem 
programas de desenvolvimento pessoal, não necessariamente associados a 
processos psicoterapêuticos. Entende-se, porém, que ter alguém para dividir as 
interpretações da própria vida, provocando reflexões relevantes, seja um líder ou 
um coach, pode contribuir para o melhor aproveitamento das próprias reflexões. 
Assim, algumas suposições fundamentais da psicologia humanística servem a 
propósitos que extrapolam a psicoterapia e passam a contribuir com a autogestão: 
• O que experimentamos pelos nossos sentidos conscientes (pensamentos e 
sentimentos) e podemos lembrar é base para a compreensão de nosso 
comportamento. 
• Uma compreensão precisa do comportamento humano não pode ser 
alcançada estudando animais e, ao contrário, nossas próprias 
experiências cotidianas são base para compreendermos a nós mesmos. 
• A necessidade de atingirmos nosso máximo potencial é algo inerente ao 
ser humano. 
• As pessoas são inerentemente boas e o ambiente em que se desenvolvem 
é fundamental para seu melhor desenvolvimento. 
• Cada pessoa e cada experiência é única, por isso nosso desenvolvimento 
deve levar em consideração essa biografia e compreensão da realidade. 
• Nosso comportamento não é predeterminado, nem por forças inconscientes 
nem pelo passado. O livre arbítrio existe, por isso devemos assumir a 
responsabilidade pessoal por nosso crescimento e autorrealização. 
Algumas dessas suposições vão diametralmente contra pesquisas de 
comportamentalismo, por exemplo, os estudos com animais; e contra a psicanálise, 
como dizer que nosso comportamento tem por base puramente a consciência. 
Havendo negado a força do inconsciente, os humanistas não negaram nossas bases 
biológicas, nem evolutivas, apenas deram ênfase à nossa experiência e às 
interpretações que fazemos dela. 
Fazendo-se hoje um balanço desses postulados, é importante não irmos “nem tanto 
ao céu nem tanto à terra”. Na nova abordagem humana da inteligência emocional, 
por exemplo, agregam-se diferentes bases epistemológicas. Assim, entende-se que 
nossocomportamento é influenciado por (1) forças biológicas e ancestrais, mas 
também pelos (2) registros de nossas experiências (nosso passado), que moldam 
nossos circuitos neurais e pela (3) forma como (re)interpretamos nossa realidade 
e projetamos nosso futuro, promovendo novos circuitos 
(neuroplasticidade). Nesse sentido, as novas teorias ligadas à neurociência 
social agregam variáveis, não as descartam. Adicionalmente, também consideram 
pesquisas quantitativas, mais do que qualitativas, como base para a compreensão 
do comportamento humano. 
Na sequência de nossos estudos, veremos que os predecessores do humanismo, na 
Psicologia Positiva, podem tratar a compreensão das emoções positivas, por 
exemplo, compreendendo que são processos tão próprios de nossa experiência 
quanto as emoções negativas. Entende-se que ver “a metade cheia do copo” pode 
trazer muitos benefícios para a promoção de bem-estar e melhor aproveitamento 
de nossas potencialidades. Falaremos mais sobre essas leituras em nossa próxima 
aula. 
Exercitando o sentir e o pensar 
 
Compreendemos nesta aula a importância de considerarmos nossos sentimentos e 
nos valorizarmos incondicionalmente, tomando responsabilidade por nossas 
características pessoais e nossa realidade exatamente como ela se apresenta, sem 
pressuposições de como ela “deveria ser” ou medo de realizar nosso máximo 
potencial. 
Mas como podemos treinar nossas mentes para alcançarmos nosso máximo 
potencial? 
A genética e a interação com o ambiente formam, conjuntamente, nossa noção 
própria de “self”. Tanto a natureza (no inglês, nature) como nossa criação (no 
inglês, nurture) permitem que possamos modificar nossas estruturas cerebrais. O 
cérebro aprende melhor em ambientes em que pode exercer sua liberdade, 
afastando-se das ameaças mais prementes e incorporando-as como desafios 
possíveis de serem vencidos. As experiências moldam e transformam nosso 
cérebro. Novas experiências trazem o aprendizado de novas formas de pensar, 
sentir e agir, criando novas rotas neurais e fisicamente modificando o cérebro. 
(NELSON; LOW; HAMMET; SEN, 2013). 
Nessa direção, a melhor relação intrapessoal que você pode ter é caracterizada por 
aceitação incondicional, como comentamos, e por respeito, curiosidade, 
autocompaixão, honestidade e motivação para se tornar a melhor versão de si 
mesmo. Isso porque nossos comportamentos, incluindo nossas reações 
emocionais, são relacionadas a essas rotas neurais, a como o cérebro processa, 
armazena e retém as informações do cotidiano. Cada um de nós tem um jeito 
próprio de construir a própria realidade e, consequentemente, aprender sobre ela. 
Nosso aprendizado depende da experiência (emocional) e do processamento 
cognitivo (pensamento) que atuam de forma colaborativa. Sendo a cognição mais 
conhecida, vale reforçar o valor da mente emocional, uma vez que não há 
apreciação de conhecimento sem participação de nosso mundo emocional e que 
para toda informação que recebemos já temos crenças e valores associados: que 
apontam o que importa ou não, o que é moralmente correto ou não, o que 
apreciamos ou não. 
Nessa direção, algumas escolas de desenvolvimento salientam a importância de 
exercícios de autorreflexão, em que confrontamos nossas interpretações a partir 
da separação entre o que queremos (base de nossas preferências emocionais) e o 
que precisamos fazer (base de nossa mente racional) para, por exemplo, definir e 
priorizar tarefas de rotina. 
Com base nos aprendizados de nossa aula, construa a tabela do mapa de 
autogestão abaixo, considerando atividades que estão no seu “to do list”, ou seja, 
que você deseja ou precisa fazer, mas não consegue bem priorizar. Comece 
preenchendo a coluna da esquerda, da mente emocional, em seguida passe para a 
coluna da direita, da mente racional, e finalize priorizando o que fazer e 
descartando o que não é relevante: 
Tabela 1 | Mapa mental de autogestão. Fonte: adaptada de Nelson, Low, 
Hammet e Sen (2013, p. 143). 
Videoaula: O caminho para o self ideal 
Meu vídeo não funciona 
Nesta aula, compreendemos as bases epistemológicas para o movimento da 
autogestão, a partir do conhecimento de parte do pensamento dos principais 
psicólogos da psicologia humanista: Abraham Maslow e Carl Rogers. 
Compreendemos como essa concepção do ser humano influenciou os processos de 
desenvolvimento individual realizados no âmbito organizacional. Finalizamos com 
um mapa mental de autogestão, em que nossas mentes emocional e cognitiva 
trocam informações e se congregam, visando a efetividade de ação. 
Introdução 
 
A psicologia positiva traz uma visão moderna de ser humano, em que as 
potencialidades, virtudes e melhores qualidades são colocadas em evidência. 
Inspirados nos autores Martin Seligman e Barbara Fredrickson, nesta aula 
falaremos sobre o valor do otimismo, em como podemos aprender a ver o copo 
“meio cheio” e como podemos provocar uma espiral positiva em nossa vida a partir 
da ativação de emoções positivas. 
Em seguida, abordaremos as bases do comportamento reflexivo, em que passamos 
da resposta automática para a ação intencional. Por último, traremos lições de 
felicidade que podem ser aplicadas em nossa prática autorreflexiva. 
A intenção de nossa aula é projetar algumas qualidades de nosso eu ideal, 
promovendo formas positivas e construtivas de comportamento. 
Bons estudos! 
Uma visão positiva para o humano 
 
Vimos na última aula que a psicologia humanista trouxe respostas para a 
compreensão de ser humano que nem a psicanálise nem o comportamentalismo 
haviam trazido. Já em seus primeiros textos, Abraham Maslow (1954) apontava a 
necessidade de criação de uma psicologia positiva, que saísse da preocupação com 
doenças mentais e focasse nas virtudes e no potencial do ser humano. Décadas 
depois, considerando que precisamos ver tanto os aspectos negativos (como 
psicopatologias, nossos erros e instintos destrutivos) como positivos do ser 
humano (como valores, virtudes, produção de sentido e emoções positivas, entre 
outros), com mais ênfase no último, surge o movimento da Psicologia Positiva, 
capitaneado por Martin Seligman, Barbara Fredrickson e diversos autores 
contemporâneos na sequência. 
Um dos mais proeminentes temas de estudo da Psicologia Positiva é o otimismo, 
considerado como “tendência a esperar o melhor” da vida, ainda que as situações 
não nos sejam favoráveis. Ele aparece em oposição ao pessimismo, pelo qual 
assumimos que as coisas vão continuar ruim ou piorarem. Seligman (2006) 
acredita que podemos aprender a ser otimistas e, com isso, obtermos mais 
facilmente bons resultados de nosso comportamento ou, no mínimo, nos 
recuperarmos mais rápido dos vieses da vida. De acordo com ele, formas 
habituais de pensar não precisam ser para sempre e uma das mais 
significativas descobertas da psicologia nos últimos anos é que os indivíduos 
podem escolher a forma como pensam. 
As emoções positivas 
Antes de considerarmos o papel de nossas emoções positivas, vamos relembrar 
por que temos emoções negativas. O que emoções como medo e raiva fazem é 
sinalizar situações que requerem nossa atenção e disponibilidade de resposta 
imediata. Da mesma forma, o mecanismo de resposta automática da luta-fuga 
permite que tenhamos ações de autoproteção e possamos garantir a nossa 
sobrevivência. Ainda, o nojo e a tristeza surgem para que possamos lidar com 
nossas preferências pessoais e possamos trabalhar nossas perdas. Porém, se 
prolongadas em nosso corpo e alimentadas por nossos pensamentos, as emoções 
negativas se tornam aflitivas (LAMA; CUTLER, 2000). Como já estudamos na 
Unidade 1, nossas emoções são orientadas por nossos valores pessoais. E nesse 
ponto é interessante pensar o papel específico das emoções positivas. 
As emoções positivas não são tão estudadas como as emoções negativas. De 
acordo com Fredrickson (2009), o propósito principalde nossas emoções positivas 
é fazer com que nos sintamos bem em relação à vida, razão pela qual nos estudos 
em inglês os autores se refiram a elas como “feels good emotions” (emoções para 
nos sentirmos bem). Em contraste com as negativas, as emoções positivas 
permitem uma expansão criativa ao nosso pensamento e oferecem recursos 
adicionais para o nosso comportamento em quatro categorias: 
1. Intelectual – a partir de habilidades de solução de problemas. 
2. Física – promovendo força e saúde cardiovascular. 
3. Social – facilitando a qualidade dos relacionamentos e a quantidade de 
amigos e conexões. 
4. Psicológica – desenvolvendo habilidades de resiliência e otimismo. 
Em resumo, a experiência das emoções positivas oferece uma “espiral positiva” de 
efeitos físicos, comportamentais e psicoemocionais, nos preparando para lidarmos 
com os desafios da vida. 
Comportamento reflexivo 
 
O comportamento humano é em boa parte automático, acontecendo sem 
participação de nossa consciência ou pensamento que o anteceda. No entanto, cada 
vez que reagimos a uma situação, seja na interação com estressores ou em um 
evento qualquer da vida, existe a possibilidade de direcionar o comportamento, 
para que passe de reativo a reflexivo. 
O comportamento reflexivo é aquele que traz o que escolhemos fazer, deixando 
assim de ser automático. Nesse caso, há uma brevíssima, mas fundamental pausa, 
suficiente para que nossa inteligência emocional seja acionada e possamos 
substituir a reação automática pela ação intencional. Isso não quer dizer que as 
respostas automáticas não sejam necessárias, já que dizem respeito a rotas 
evolutivas de nosso comportamento, em que a mente emocional é acionada de 
forma que tenhamos uma resposta rápida diante de algo importante que merece 
nossa atenção, como alguém nos atacando ou um perigo imediato que ameace 
nossa sobrevivência. Assim, o comportamento autodirecionado ou reflexivo 
corresponde à integração das mentes emocional e cognitiva, de forma que se 
favoreça nosso desempenho e nossa saúde como um todo (NELSON; LOW; 
HAMMETT; SEN, 2013). 
Sabe quando estamos procurando a melhor rota para chegarmos em um 
determinado lugar? Vamos pegar como exemplo o aplicativo Waze. Antes de nos 
posicionarmos para mover o carro, é necessário parar e digitar nosso “destino”. Em 
seguida, o aplicativo oferece a melhor rota para chegarmos lá, baseado em critérios 
que já selecionamos de antemão (mais rápida, mais segura, mais bonita, etc.). Se 
por acaso mudarmos de destino, o aplicativo buscará novas rotas, sempre tendo 
por base o caminho possível para se chegar onde se quer. 
De forma semelhante acontece com nosso cérebro, com a diferença que na maior 
parte das vezes não temos muita clareza de onde queremos chegar. Por isso, 
nossas rotas tornam-se confusas e mudam o tempo todo. É preciso então 
reconfigurar o sistema e partir do começo: nosso destino desejado. 
Mas como podemos fazer isso? Nosso cérebro pode ser estimulado pela 
imaginação, assim como pela percepção do que acontece em tempo real. Isso 
porque a mente emocional não distingue entre uma imagem imaginada e uma real. 
Dessa forma, a imaginação torna-se uma poderosa ferramenta para a mudança 
pessoal. Técnicas de imaginação ativa nos colocam em situações de melhor 
desempenho, em que atuamos exatamente como desejamos. Nesse processo, 
entendemos que o melhor cenário é uma realidade possível de ser alcançada. Por 
isso é tão importante nos questionarmos: onde queremos chegar? Qual é a situação 
por nós desejada? Só respondendo essas perguntas sobre uma visão de futuro 
desejado é que chega o momento de buscar a colaboração da mente racional e de 
afirmar: “ok, agora que esse cenário é possível e tangível em minha melhor 
visualização, é hora de me colocar em ação e caminhar para chegar lá”. Sem dúvida 
traçar o plano de ação e a agenda de atividades é muito mais fácil após termos 
delimitado qual é nosso destino desejado. 
Lições de felicidade 
 
Com o que vimos até aqui, poderíamos resumir que temos sentimentos positivos 
em relação a pessoas ou coisas das quais queremos nos aproximar, enquanto 
temos sentimentos negativos daquilo que queremos nos afastar. Assim, o 
componente comum de todas as emoções negativas é a aversão, assim como o 
componente comum das emoções positivas é a aproximação (“me dê mais disso, 
me faz sentir bem!”) (SELIGMAN, 2019). 
Após essa breve reflexão sobre nossos sentimentos e o valor de nossas 
interpretações na construção da realidade, uma pergunta justa é: por que nos 
sentimos felizes? Ou ainda: será que a felicidade é algo que trazemos conosco, 
como uma “capacidade” de ver algo bom em tudo que vivemos? 
De acordo com Seligman (2019), a resposta é sim, temos predisposições genéticas 
para sermos mais risonhos e bem-humorados, por isso existem pessoas que são, 
por natureza, mais felizes. Afinal, todo mundo conhece aquela pessoa que, a 
despeito das poucas posses ou conquistas pessoais, está sempre sorridente e bem-
disposta, não é mesmo? Isso significa que a felicidade tem em si um componente de 
personalidade. Porém também podemos aprender a nos sentirmos assim. 
Novamente faz-se presente a composição dupla de nature (genética) 
e nurture (criação), que já mencionamos em aulas anteriores. 
Alguns hábitos contribuem para que possamos reter a felicidade por mais tempo. 
Por exemplo, estudos mostram que pessoas felizes conseguem reter por mais 
tempo suas experiências positivas, inclusive pensando que ocorrem em maior 
número. Fato exatamente oposto às pessoas que se sentem infelizes: elas só 
conseguem lembrar do que dá errado. Outro exemplo é que pessoas felizes 
vivenciam o momento presente com mais intensidade. 
Isso me faz lembrar de um dos melhores livros de psicologia positiva que tive o 
privilégio de encontrar: Conversas com Minha Gata, de Eduardo Jáuregui (2015). O 
livro conta a história de Sara, que, prestes a fazer quarenta anos, descobre que não 
é feliz. Seu trabalho não a motiva mais e seu relacionamento com o namorado não 
é mais o mesmo. Como resposta de uma fase de exaustão emocional, ela 
experimenta um colapso nervoso e passa a ouvir uma elegante e misteriosa gata 
amarela, chamada Sibila. A gata traz conselhos tão interessantes quanto 
ensinamentos de um mestre Jedi e ensina Sara a viver no momento presente, 
apreciando inteiramente sua experiência de vida, diminuindo o poder das emoções 
negativas e dos pensamentos que transitam entre o passado e o futuro. 
“O sentido da vida? Deixe de bobagem. Só existe uma coisa que você precisa 
saber: ao comer, coma; ao caminhar, caminhe” (Sibila, a gata). (JÁUREGUI, 
2015, p. 69) 
Pegando emprestado um dos questionamentos feitos por Sibila, trago para nós 
uma reflexão para você responder: Que motivos você tem para ser feliz? 
Procure trazer com carinho aquelas situações, pessoas e acontecimentos que 
contribuem para sua felicidade. Não se apresse na resposta. Depois avalie: você se 
sente mais feliz, só por pensar a respeito? Explique como. 
Videoaula: O jeito positivo de ver a 
vida 
Meu vídeo não funciona 
Quando nossas melhores virtudes e potencialidades são colocadas em evidência, 
podemos modificar nosso comportamento e transformar positivamente nossas 
vidas. Nesta aula, falamos sobre otimismo, emoções positivas e compreendemos as 
bases para o comportamento reflexivo ou auto-orientado. Finalizamos com lições 
de felicidade, em que utilizamos a positividade para alcançarmos o máximo de 
nosso potencial. 
Introdução 
Meu vídeo não funciona 
Vivemos totalmente conectados, sendo a todo momento acessados por 
informações e mensagens de texto ou imagem. Esse excesso de disponibilidade 
desafia nosso controle do tempo e torna difícil cumprir com a programação que 
fazemos para nossos dias. 
Nesta aula, falaremos sobre as premissas para a autogestão e o valor de 
administrar nosso tempo a partir da energia.Traremos algumas dicas de como 
recuperar o controle e falaremos sobre hábitos que permitem desenvolver 
resiliência, respondendo com maior efetividade aos desafios cotidianos. 
Ao final da aula, espera-se que você possa fazer uso de algumas práticas de 
autogestão e reflita sobre seus hábitos atuais, modificando-os quando necessário e 
contribuindo assim para o próprio desenvolvimento. 
Perguntas de base para a gestão de si 
mesmo 
 
Os modelos de carreira modificaram-se imensamente a partir dos anos 1990. Antes 
da chegada da internet e, com ela, de toda a gama de profissões e informações que 
o mundo digital proporcionou –, era comum planejarmos uma profissão “para a 
vida”. Esse antigo pacto foi quebrado assim que as pessoas não puderam mais 
contar com trilhas de carreira em uma mesma organização e precisaram se 
responsabilizar por sua jornada de desenvolvimento. 
Atualmente, estão em vigor os novos modelos de carreira, em que não 
dependemos mais de uma organização para apontar nossa contribuição no mundo, 
ao contrário, estamos constantemente polindo nossas competências técnicas e 
socioemocionais, nos preparando para cada novo desafio profissional que se 
configura. Saímos do enfoque no trabalho e na organização para o enfoque no 
indivíduo, bem como suas aspirações e potencialidades. 
Assim, a autogestão de si mesmo e da carreira torna-se mais uma das 
competências do mundo do trabalho. Precisamos constantemente reavaliar nossa 
posição e verificar se estamos usando nosso melhor potencial naquilo que fazemos. 
Pensando nessa autonomia de se autorregular, Drucker (2018) traz algumas 
perguntas fundamentais (Tabela 1) para respondermos, de forma a nos 
posicionarmos em relação a nossas competências pessoais. São perguntas que 
podemos nos fazer a qualquer momento, de maneira a provocar uma reflexão que 
sirva para movimentar nossa cognição em direção à autogestão e excelência 
pessoal. Elas englobam nossas características pessoais, nossos valores e a forma 
como nos relacionamos com o trabalho, bem como que tipo de contribuição 
podemos prestar. 
Tabela 1 | Perguntas de base para a gestão de si mesmo. 
O valor da administração do tempo 
 
O ritmo do trabalho na vida moderna é cada vez mais acelerado. Por um lado, 
temos diversos aplicativos e facilitadores para nossa organização das ideias e do 
tempo, por outro, estamos com muitas “janelas mentais” abertas, pois estamos 
expostos a mais informação e mais interação. Antigamente, cerca de 10 anos atrás, 
as pessoas abriam suas caixas de e-mail e levavam a primeira meia hora da manhã 
para respondê-los, quem sabe também a primeira hora da tarde. Com o advento da 
comunicação instantânea, no entanto, por meio de Snapchat, WhatsApp e outros 
meios, ficou quase impossível terminar uma tarefa sem que sejamos em algum 
momento interrompidos em nosso fluxo de raciocínio por algum tipo de 
notificação. Em muitas atividades profissionais, o excesso de reuniões coloca mais 
pressão no sistema, fato que se multiplicou enormemente no período mais crítico 
da pandemia, quando as pessoas saiam de uma reunião virtual para outra e 
sobrava pouco tempo para execução das tarefas acordadas. 
Como resposta a isso, muitas pessoas entendem que o ideal é aumentar a carga 
horária em torno das respostas e das tarefas, o que causa prejuízos físicos, 
emocionais e mentais. Eis que o tão sagrado turno da noite, que era usado para 
relaxarmos e prepararmos nosso corpo para o descanso é, em muitos casos, 
utilizado para finalizar as tarefas administrativas, cuidar da casa, realizar um curso 
de aperfeiçoamento. E assim, apesar de toda tecnologia, trabalhamos cada vez mais 
e temos cada vez menos tempo livre. 
O problema de aumentar nossa carga horária de trabalho é que o tempo é um 
recurso finito, assim como nossa disposição e disponibilidade cognitiva. Não é 
porque estamos à frente da tela que conseguimos produzir magicamente todas as 
soluções, é preciso que tenhamos as informações necessárias e a atenção 
concentrada, no mínimo. Como então tirar o máximo possível do tempo que 
temos? 
De acordo com Schwartz e McCarthy (2018), precisamos reabastecer 
nossas fontes de energia física, emocional, mental e espiritual. Isso pode ser feito 
a partir de rituais e programações de otimização, resumidas na Tabela 2. 
Tabela 2 | Práticas para renovar a energia pessoal. Fonte: adaptada de Schwartz 
e McCarthy (2018, p. 71-72). 
Exercite sua resiliência 
 
“Nossa maior glória não é nunca falhar, mas sim nos erguermos a cada vez que 
falhamos.” Confúcio (apud CASTRO, 2016, p. 64) 
Todos nós em algum momento da vida precisamos lidar com situações adversas, 
mas por que razão algumas pessoas conseguem sair das dificuldades da vida 
renovadas enquanto outras permanecem por muito tempo abatidas? Será que 
existe uma maneira de melhorar nossa capacidade de administrar e superar 
obstáculos inesperados, transformando as crises em oportunidades de 
crescimento? 
Sobre essas questões tratamos quando pensamos em resiliência. Ao contrário do 
que possa parecer, resiliência não diz respeito a suportar as pressões da vida – isso 
seria resistência –, mas sim ser capaz de retornar a nosso melhor eixo o mais 
rápido possível, logo após uma adversidade. 
Mais especificamente, quando falamos de resiliência nos referimos à nossa 
habilidade de seguir em frente diante das dificuldades, de retornar a nosso 
melhor o mais rápido possível, após algum infortúnio e manejar nossas emoções 
negativas de forma mais efetiva ao invés de deixá-las nos levar em uma espiral de 
negatividade (GREENVILLE-CLEAVE, 2012). 
Normalmente, pensamos que a resiliência é um traço de personalidade, uma 
característica que algumas pessoas têm e outras não. Na verdade, a resiliência 
também pode ser aprendida. Ainda, pesquisas sugerem que se tornar resiliente 
em um domínio da vida, por exemplo no trabalho, pode ajudar na resiliência em 
outras áreas, como nos relacionamentos. 
De acordo com o Hanson (2019), existem práticas que contribuem para vivenciar, 
desenvolver e utilizar recursos mentais fundamentais para o bem-estar resiliente. 
O autor elencou 12 potencialidades que se sustentam muito mutuamente e 
contribuem para a vida resiliente, como pontos de uma rede. Elas são: compaixão, 
atenção plena, aprendizado, garra, gratidão, confiança, calma, motivação, 
intimidade, coragem, aspiração e generosidade. Essas potencialidades contribuem 
para que possamos reconhecer nossos estados emocionais, buscar recursos 
internos para fazer frente às adversidades, gerenciar nossas emoções negativas e 
nos relacionarmos mais ativamente com as outras pessoas, promovendo em nós 
emoções positivas. 
Para que possamos praticar, elaborei duas práticas que considero simples e 
extremamente relevantes, uma para diminuir o efeito de emoções negativas e 
ativar calma e outra para ativar estados emocionais positivos, a partir da gratidão. 
• Exercício 1 – Prolongue sua respiração 
Quando prolongamos nossa expiração, acionamos naturalmente nosso sistema 
nervoso parassimpático e conseguimos acalmar o nosso corpo. Experimente: 
respire profundamente, enchendo os pulmões de ar. Faça uma breve pausa e em 
seguida expire lentamente, pela boca, pressionando o ar levemente na passagem 
pelos lábios, prolongando a expiração. Faça uma breve pausa ao final da expiração 
e inspire novamente. Repita esse procedimento de inspirar, pausar, exalar, pausar 
por seis vezes, sempre exalando todo o ar que há nos pulmões. Ao final, perceba 
como você fica mais calmo e centrado. Sorria. 
• Exercício 2 – Encontrando gratidão 
Inspire profundamente e relaxe. Para facilitar sua prática, mentalize essas 
instruções ou grave, para seu melhor aproveitamento. Quando estiver bem 
relaxado, após três longas inspirações e expirações, pense em alguém que você 
aprecia muito e que lhe quer muito bem. Lembre-se de coisas que essa pessoa lheproporcionou ou de momentos que passaram juntos. Toque em seu coração. 
Perceba como você foi afortunado em ter essa pessoa em sua vida e mentalmente 
agradeça a presença dela em seu coração. Agradeça o que compartilharam juntos e 
deseje que ela esteja bem e seja feliz. 
Videoaula: Temas fundamentais para 
a autogestão 
Meu vídeo não funciona 
Iniciamos nossa aula com algumas perguntas de base para a compreensão da 
autogestão, que englobam questões ligadas a características pessoais, valores, 
carreira e contribuição. Em seguida, salientamos a importância de administrarmos 
nossa energia para corpo, mente, emoções e espírito. Finalizamos com alguns 
exercícios para ampliar a resiliência, facilitando que recuperemos o controle da 
situação logo após a exposição a emoções aflitivas. 
Introdução 
 
Vivemos uma época sobrecarregada de opções e possibilidades de escolha, em que 
a constante mudança nos deixa atordoados frente ao futuro. Isso nos torna 
ansiosos e preocupados em relação aos caminhos possíveis e às melhores rotas de 
aprendizagem em nosso processo de autodesenvolvimento. 
Abrimos nossa aula falando sobre o valor das escolhas na vida pessoal e carreira e 
como nossas expectativas precisam ser bem administradas para não serem um 
peso em nossa rotina. 
Em seguida, consideraremos os elementos do bem-estar e o que torna os 
relacionamentos positivos ou tóxicos. Na sequência, falaremos de motivação como 
energia de base para nossas realizações. 
Como resultado desta aula, espera-se que você possa praticar hábitos que 
contribuam para realizar seus sonhos e ter satisfação com a vida. 
O valor de cada escolha 
 
Nossa vida é permeada de constante transformação. Seja no trabalho ou na vida 
pessoal, tudo que sabemos é que a mudança é parte inerente de nossa 
existência. Tecnologias que antes nos eram úteis, hoje se tornam obsoletas. 
Competências que adquirimos nos primeiros anos de formação agora parecem 
desatualizadas. E pensar nisso tudo nos causa desconforto e mal-estar, porque não 
podemos prever ou antecipar o futuro. Mas não precisa ser assim. 
Como representante de uma geração que chegou ao mercado de trabalho antes da 
chegada dos primeiros scanners, antes mesmo da internet, cheguei a ter uma 
profissão atualmente extinta: typist. Quando morei no exterior, meu trabalho era 
datilografar documentações para fins de arquivo. Era eu aplicando as lições 
aprendidas no início dos anos 1990, na Escola Tecla de digitação, lá no interior do 
estado do Rio Grande do Sul, em Alegrete. Por outro lado, a habilidade de digitar 
com os dez dedos me trouxe uma habilidade útil na produção das aulas e dos 
artigos, algo que faço com frequência em minhas atividades de professora e 
facilitadora de treinamentos. O que exemplifica uma outra realidade: tudo que 
aprendemos pode ser reconfigurado e compõe, em uma análise mais detalhada, 
o que sabemos e somos no dia de hoje. Competências se combinam, habilidades se 
complementam. 
Estudos na área da psicologia positiva sugerem que o sentimento de que estamos 
no controle de nosso destino é vital para a nossa saúde psicológica e que a 
limitação de nossas escolhas pessoais pode reduzir o bem-estar. Escolher significa 
ter liberdade para viver e para nos expressarmos como indivíduos. Porém, ter 
muitas opções para escolher também causa estresse (GREENVILLE-CLEAVE, 
2012). 
Há mais de cinquenta anos, Toffler (1970) entendeu que lidar com a mudança e a 
escolha nos traz uma variedade muito grande de sentimentos. Ele chamou a 
constante reação à mudança e à diversidade de opções de future shock, algo como 
um choque ou uma dificuldade de adaptação na nossa tentativa de lidar com o 
futuro. Ele teorizou que encarar muitas opções de escolha, em um curto período, 
configura uma dificuldade de processamento de informação que pode tornar 
nossas reações mais lentas, assim como nossas decisões, e ainda causar efeitos 
psicológicos indesejados, como depressão, estresse e comportamento neurótico. O 
que dizer então de nossa realidade, com tantos aplicativos, opções de 
entretenimento e aprendizado e distrações digitais? Vivemos uma época 
sobrecarregada de possibilidades de escolha! 
Como então escolher com base no que é melhor para nosso autodesenvolvimento 
tendo tantos caminhos como opção? Uma boa alternativa é deixarmos de lado a 
noção da “escolha perfeita” e aceitarmos a possibilidade da melhor escolha 
possível. Para isso, é fundamental diminuir o peso de cada decisão e aceitar as 
coisas como são e como se apresentam, sem alimentar expectativas. 
Elementos do bem-estar e 
relacionamentos positivos 
 
A felicidade é a satisfação com a vida. Quando estamos felizes, nos sentimos bem, é 
fácil fazer qualquer tarefa, somos cercados de leveza. Esse “bem-estar” é composto 
de vários elementos e nenhuma parte específica da vida pode explicá-lo, sendo 
influenciado por múltiplos fatores. 
Na busca por compreender os elementos que compõem o bem-estar, Seligman 
(2011) chegou em cinco fatores, todos intercambiáveis e ao mesmo tempo 
independentes: emoção positiva, engajamento, sentido, relacionamentos positivos 
e realização. Na Tabela 1, apresentamos cada um deles. 
Tabela 1 | Elementos do bem-estar. Fonte: adaptada de Seligman (2011, p. 27-
28). 
O valor dos relacionamentos saudáveis 
De todos os elementos para o bem-estar, o que é mais independente apenas de nós 
mesmos, aquele que define nossa interação com o mundo, é o de relacionamentos, 
por isso vale aqui um pouco mais de detalhamento. De fato, em todos os modelos 
para construção de uma vida próspera e feliz aparecem os relacionamentos como 
elemento-chave, mais inclusive que conquistas materiais. Aqueles com os quais 
compartilhamos nossa caminhada importam mais que o próprio caminho. Afinal, é 
fácil perceber como nossas conexões com outras pessoas trazem grande 
contribuição para a nossa saúde física e psicológica. 
O contrário também acontece. Quando estamos sob efeito de relacionamentos 
tóxicos, todas as áreas de nossa vida começam a decair: trabalho, autocuidado, 
espiritualidade, até mesmo nossa motivação. Um relacionamento é tóxico quando 
nos fazem sentir insegurança, medo, culpa ou inadequação, quando sentimos que 
nossa identidade não é valorizada ou quando somos desrespeitados em nossa 
autonomia e forma de ver o mundo. 
Mas o que caracteriza um relacionamento positivo ou saudável? Além de nos 
proporcionar emoções positivas, existem características na interação com pessoas 
saudáveis que vale a pena reforçarmos. Pessoas saudáveis (SARKIS, 2019): 
• Incentivam a expressão de opiniões, ainda que não concordem com tudo o 
que dizemos. 
• Dizem o que sentem e sentem o que dizem, ou seja, são sinceras. 
• Dizem de forma direta e gentil quando você as magoou. 
• São capazes de compartilhar ideias e sentimentos, favorecendo a 
afetividade da relação. 
• Confiam nos outros. 
• Têm comportamentos genuínos, relacionados a seus valores. 
É fácil ler essa lista e pensarmos que por vezes nós mesmos não somos assim tão 
saudáveis ou que as pessoas “tropeçam” em seus comportamentos e nem por isso 
vamos descartá-las de nosso círculo de amizades. A questão aqui não é acertar 
sempre, mas ter em mente que o relacionamento positivo é nutridor, nos faz sentir 
bem, enquanto o relacionamento tóxico nos traz sentimentos negativos. Por isso, 
caminhar em direção ao bem-estar compartilhado é a melhor intenção que 
podemos ter em qualquer relacionamento. 
Motivação na base da realização 
 
Em nossas aulas, falamos sobre a importância de conhecermos nossas forças e 
fraquezas e termos um norte, sabermos aonde queremos chegar. Um elemento que 
falamos pouco até aqui e que faz toda a diferença nesse espaço entre o eu real e o 
eu ideal é a motivação. Motivação é a energia que nos leva a agir, o motor de nosso 
comportamento, o “motivo para a ação”. 
Um motivo é um processo interno queenergiza e direciona o comportamento. 
Esses motivos podem ser internos, dizendo respeito a nossas próprias 
necessidades, emoções, crenças e pensamentos, ou externos, como dinheiro, 
conquistas materiais ou aprovação social (REEVE, 2006). 
É interessante perceber o que causa a falta de motivação. Essa ausência de energia 
vital em nosso comportamento nos torna apáticos. Desmotivados deixamos de 
acreditar em nosso potencial, interrompemos o investimento da energia para a 
ação, não temos mais direção ou propósito. Nos tornamos invisíveis e pouco 
interessantes. 
Por outro lado, não é preciso muito esforço para ver a motivação manifesta no 
comportamento de outras pessoas. Basta que estejam executando alguma tarefa e, 
se estiverem motivados, será possível ver o grau de engajamento, a disposição 
física, a persistência, a concentração de esforços. A motivação é também 
contagiosa: eis que motivamos mais quando estamos motivados. 
Quando estamos motivados, nosso comportamento é direcionado e energizado, 
não é preciso muito esforço para a consecução de nossos objetivos porque nos 
“fundimos” àquilo que está sendo realizado. Assim, somos mais realizadores 
– tornamos real nossa intenção – quando estamos motivados. Como então podemos 
ampliar nossa motivação? O que fazer para fornecer energia e motivo à nossa 
ação? 
De acordo com Goleman (2019), a motivação é parte inerente ao processo de 
autogestão das emoções. A pessoa motivada é aquela ativada por suas conquistas e 
algumas características de seu comportamento são a paixão pelo trabalho e 
novos desafios, disposição incansável para melhorar e otimismo diante do 
fracasso. 
Eis aqui então algumas características de pessoas que têm o comportamento 
motivado: 
• Elas estão sempre buscando melhorar seu desempenho e gostam de saber 
como estão se saindo. 
• Elas são otimistas, procurando sempre ver o lado bom das coisas e não 
esmorecendo quando algo dá errado. 
• Elas são abertas e curiosas, gostam de descobrir novas formas de fazer as 
coisas. 
• Elas persistem, não esperando resultados imediatos de suas ações. 
Uma das formas mais simples de nos motivarmos é buscarmos reproduzir o 
comportamento motivado. Isso porque a própria ação mobiliza nossos esforços e 
coloca em marcha o movimento da motivação. Quer ver um exemplo? Vamos 
imaginar que você tenha um roupeiro cheio de roupas bagunçadas para arrumar. O 
que lhe traz mais motivação para arrumar: imaginar formas de organizar as roupas 
e fazer listas do que você precisa consertar, guardar e colocar para doação ou 
imediatamente pegar três baldes para fazer a separação e iniciar a arrumação? 
O ato de realizar é o motor da motivação. 
Videoaula: Fazendo acontecer 
Meu vídeo não funciona 
Decidir não é uma tarefa fácil, especialmente com o excesso de opções que temos 
hoje em dia e o alto nível de expectativa em relação ao que podemos alcançar. 
Nesta aula, vamos falar sobre o valor de nossas escolhas e sobre os elementos do 
bem-estar. Como parte disso, compreendemos as características de 
relacionamentos saudáveis e finalizamos falando sobre motivação como base para 
uma vida cheia de realizações. 
Comando e controle 
Meu vídeo não funciona 
Você foi contratado para trabalhar no RH em uma organização que poderia ser 
descrita como “o quartel general do comando e controle”. Tudo e todos são regidos 
por normas, procedimentos, indicadores, métricas e sistemas. 
Você percebe a desmotivação no olhar das pessoas enquanto caminha pelos 
corredores e salas. No entanto todos têm muito medo de tentar impor mudanças 
nessa situação. 
Nos últimos 2 anos a organização se viu de cabeça para baixo: os protocolos 
sanitários impuseram mudanças radicais, sobre as quais a empresa não teve como 
resistir, embora uma série de novos controles tenham sido implementados para 
monitorar à distância o que os funcionários-chave estavam fazendo de suas 
residências. 
Você recém concluiu uma formação em que tomou contato com os conceitos de 
resiliência e do poder das emoções positivas para melhoria do desempenho das 
pessoas da organização e também da capacidade de resposta e recuperação em 
caso de adversidades. Você não acredita no caminho que a empresa está seguindo, 
cultivando emoções negativas de medo e raiva na direção oposta. 
Os diretores percebem que alguma coisa diferente precisa ser feita, pois a 
rotatividade da empresa está aumentando. Anteriormente localizada em níveis 
operacionais e administrativos, cargos de liderança e coordenação estão ficando 
vagos. 
Eles estão dispostos a participar de uma sensibilização sobre mudança 
organizacional e desejam um plano de ação focado na retenção de lideranças da 
empresa. 
Quais assuntos você traria para essa sensibilização? Descreva e tópicos principais 
que você abordaria e porque escolheu esse tópico. 
Quais seriam as linhas gerais de seu plano de ação para os gestores? Descreva pela 
menos 2 atividades que buscaria implantar o mais breve possível na empresa. 
Possível resposta 
Sensibilização: 
Os tópicos deveriam ser relacionados à importância das emoções positivas no 
ambiente de trabalho, mostrando como as práticas atuais de comando e controle 
despertam o medo e a raiva nos relacionamentos, levando ao stress e 
eventualmente sendo fatores que contribuem para a alta rotatividade. 
Também poderia ser incluída na pauta a questão da resiliência e da importância de 
promover autonomia e bem-estar para que os colaboradores possam ter mais 
capacidade de resposta à situações adversas. 
Ações com os líderes: 
Em função da importância do contágio emocional a partir da posição de liderança, 
incluindo a própria direção, poderiam ser recomendados treinamentos de 
desenvolvimento de habilidades de inteligência emocional. 
Práticas de relaxamento e mindfulness também podem ser introduzidas aos 
gestores interessados.

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