Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Terapi� nutriciona� na� Cirurgia� Introduçã� Entende-se como trauma um evento agudo que altera a homeostase, ou seja, o estado de equilíbrio do organismo. O trauma gera uma resposta orgânica sistêmica e complexa cuja finalidade é garantir a sobrevivência. Nesse contexto, reações neuro endócrinas, metabólicas e imunológicas modificam o metabolismo corporal e as funções cardiorrespiratórias para preservar algumas funções fundamentais, como volemia, débito cardíaco, oxigenação tecidual e utilização de substratos energéticos. O trauma pode ter várias naturezas e etiologias. Poli Trauma, sepse, queimadura, hemorragia, pancreatite aguda e cirurgia são exemplos de trauma. O estado nutricional do paciente e a terapia nutricional recebida são muito importantes nesse contexto pois influenciam as respostas orgânicas ao trauma e a recuperação do paciente. Infelizmente a desnutrição é uma condição prevalente em pacientes hospitalizados e cirúrgicos, especialmente se a cirurgia é de grande porte e/ou envolve o trato gastrintestinal. Característica� Gerai� D� Resp�t� A� Traum� A resposta orgânica ao trauma ocorre de forma sistêmica e integrada. Didaticamente, ela é dividida em 4 tipos: a) resposta metabólica; b) resposta neuroendócrina; c) resposta imunológica; d) resposta do trato gastrintestinal (Figura 1). A seguir vamos falar sobre cada uma delas a) Resposta Metabólica A resposta metabólica é dividida em duas fases: Ebb e Flow. A primeira delas, a fase Ebb, ocorre imediatamente após o evento traumático. Também é chamada fase de choque. Essa fase geralmente tem curta duração (em média 12h) e nela se observa queda da temperatura corporal, do consumo de oxigênio e do metabolismo sistêmico (gasto energético), até que a volemia, a perfusão e a oxigenação tecidual sejam recuperadas (estabilização hemodinâmica). Sua duração será proporcional à gravidade do trauma e a resposta às intervenções assistenciais precoces. A fase Flow se inicia imediatamente após a estabilização hemodinâmica. Essa fase tem duração mais longa (em média 7 dias a 3 semanas) e nela se observa aumento do metabolismo (gasto energético), ativação do sistema imunológico, maior dinamismo cardiorrespiratório e, consequentemente, maior demanda energético-proteica. Essa fase Flow é subdividida em situações metabólicas sequenciais, composta por catabolismo e anabolismo, respectivamente (Figura 2). A resposta metabólica ao trauma é similar a resposta fisiológica ao jejum. Nas primeiras 15 horas de jejum, há ativação neuroendócrina com hipoglicemia, rápido consumo do glicogênio hepático e diminuição da produção de insulina. Há uma adaptação inicial do organismo à menor disponibilidade de energia vista pela redução da taxa metabólica basal (TMB). A glicose plasmática, indispensável para o sistema nervoso central (SNC), é assegurada pela gliconeogênese hepática oriunda do catabolismo proteico e da mobilização dos ácidos graxos. Durante as primeiras 72 horas, há o predomínio do uso de aminoácidos para gliconeogênese, porém, após esse período, há uma adaptação metabólica para a maior utilização de ácidos graxos como fonte energética com maior eficiência da gliconeogênese a partir do glicerol e do lactato, ao invés dos aminoácidos. Também há uma adaptação do SNC para utilizar corpos cetônicos como substrato energético preferencial. Além disso, tanto no jejum como no trauma, há ativação de outros mecanismos moleculares, como a ativação da via AMPK (proteína quinase ativada por AMP). Essa proteína funciona como um sensor de energia celular. Quando o consumo de ATP excede sua produção, essa via é ativada para inibir vias catabólicas e favorecer as vias catabólicas, garantindo a geração de ATP. Essa regulação da via AMPK envolve a modulação da expressão de vários genes. Tanto a resposta ao jejum como a resposta ao trauma são eficazes no sentido inicial de poupar energia e proteínas. No entanto, no jejum a situação catabólica é menos intensa e mais facilmente reversível após o retorno da oferta alimentar normal. Já no trauma, mesmo com a oferta de energia e nutrientes, a situação catabólica não é tão facilmente reversível, pois o padrão catabólico pode ser perpetuado por fatores humorais, mantendo a gliconeogênese, a resistência insulínica e a proteólise. Uma característica importante na resposta metabólica ao trauma é o catabolismo proteico induzindo uma aumentada proteólise muscular, a qual tem como consequência a redução na massa dos músculos esqueléticos. O sinal bioquímico da acelerada proteólise muscular é o aumento da perda de nitrogênio na urina na forma de ureia. Quanto maior o trauma, maior a proteólise e maior a excreção de nitrogênio urinário (Figura 3). A hidrólise das proteínas do músculo esquelético provoca a liberação de grandes quantidades de aminoácidos na circulação sanguínea, entre os quais glutamina e alanina, captados pelos órgãos esplâncnicos (fígado, rins, intestino etc.) e transformados e utilizados tanto com finalidade anabólica (ex.: síntese de proteínas de defesa, de enzimas, de proteínas estruturais), como catabólica (ex.: síntese de glicose, substrato energético para o intestino). b) Resposta Neuroendócrina A resposta neuroendócrina ao trauma é iniciada a partir de estímulos periféricos provenientes de vários tipos de receptores (de pressão, de volume, de dor, quimiorreceptores) ativados em resposta às alterações da homeostase (pressão, volume, dor, desidratação, oxigenação, etc.). Esses receptores levam informações sensoriais (via aferente) o sistema nervoso central e emitem informações motoras (via eferente) com ativação de uma resposta neuroendócrina ampla (Figura 4). Essa resposta neuroendócrina é particularmente eficaz na proteção da homeostase circulatória (vasoconstrição arteriolar com aumento das resistências periféricas, aumento da contratilidade cardíaca e da frequência cardíaca, retenção de água e sódio nos rins), mas também de efeitos respiratórios (broncodilatação e hiperventilação) e sobre o metabolismo (mobilização de substratos energéticos e em particular das reservas de glicose). c) Resposta Imunológica Paralelamente a resposta neuroendócrina, existe uma complexa resposta imunológica responsável pela produção de vários mediadores locais chamados citocinas. Essas citocinas são uma classe de proteínas de sinalização essenciais para as respostas imunes inatas e adaptativas. As citocinas medeiam uma grande variedade de reações biológicas, algumas essenciais para a resposta metabólica, hemodinâmica, imunológica e reparadora do organismo ao trauma. A complexa interação entre citocinas, sistema neuroendócrino clássico e vários outros fatores humorais secundários estimula a resposta inflamatória. Entretanto, se a cascata de mediadores humorais e celulares se torna independente do estímulo que desencadeou sua síntese, as citocinas passam a exercer uma resposta inflamatória exacerbada e efeitos deletérios sobre a homeostase fisiológica, determinando graus variáveisde disfunção orgânica. As principais citocinas pró-inflamatórias incluem TNF-α, IL1β, IL-6. No entanto, outros mediadores também estão envolvidos, como eicosanóides, leucotrienos e componentes do sistema complemento. Dentre esses compostos, o TNF-alfa é um dos principais responsáveis pela redistribuição dos substratos energéticos e, sobretudo, pelo catabolismo proteico típico do trauma. Além disso, ele promove variações da resistência e da permeabilidade vascular, redução na contratilidade miocárdica, aumento da atividade da medula óssea e anorexia. d) Resposta do trato gastrintestinal Em condições normais, a mucosa intestinal íntegra constitui uma barreira eficiente contra o ingresso de microrganismos e toxinas para a corrente sanguínea e outros órgãos. O intestino também é um órgão de defesa do organismo devido às seguintes propriedades: produção da camada de muco, forte junção entre as células, secreção de peptídeos antimicrobianos e tecido linfóide associado ao intestino. A mucosa íntegra e o sistema imune funcional são necessários para o desempenho satisfatório da função de barreira contra microrganismos e toxinas. Quando a mucosa intestinal está comprometida, as bactérias e as toxinas intraluminais invadem a corrente sanguínea, atingem o sistema porta e o sistema linfático. Uma condição de trauma pode prejudicar todas essas propriedades intestinais e prejudicar suas funções de digestão, absorção e defesa, levando a piora do estado nutricional e agravando a condição clínica do paciente. Vale salientar ainda que o intestino metaboliza ativamente muitos substratos circulantes, sendo a glutamina o aminoácido mais importante para o metabolismo dos enterócitos, pois é o principal substrato energético dessas células. A diminuição da glutamina plasmática é sinal característico da doença aguda grave e do estresse. Várias situações clínicas em pacientes hospitalizados traumatizados podem comprometer a integridade da barreira intestinal ainda mais, como por exemplo desnutrição, choque hipovolêmico, íleo paralítico, sepse, quimio e radioterapia, inflamações intestinais, diarreia, etc. Event� Condicionante� D� Resp�t� A� Traum� Na prática clínica vários eventos podem influenciar a duração e a intensidade da resposta ao trauma e precisam ser cautelosamente monitorados e tratados. São eles: ferida acidental ou cirúrgica, dor, febre, infecção e fatores iatrogênicos (Figura 5). Terapi� Nutriciona� A terapia nutricional no paciente submetido ao trauma ou cirurgia deve ser planejada por uma equipe multidisciplinar. O nutricionista precisa se atentar aos objetivos da terapia nutricional, as necessidades energético-proteicas, a via ou as vias de administração da dieta, os parâmetros de triagem e monitoramento nutricional, e as orientações nutricionais de alta hospitalar. Determinaçã� da� necessidade� nutricionai� Há um aumento nas necessidades energéticas nos diversos tipos de trauma, variando de 10 a 20% nas lesões ósseas, 20 a 60% nos traumas com infecção e 40 a 100% após queimaduras extensas. Apesar de as necessidades estarem aumentadas, o fornecimento de quantidade excessiva de energia deve ser evitado. Em função do perfil metabólico no trauma e nas cirurgias, o organismo é incapaz de metabolizar de maneira adequada uma quantidade elevada de energia, ocorrendo efeitos indesejáveis, como hiperglicemia, uremia, hiperosmolaridade, desidratação, excessiva produção de CO2, síndrome da realimentação, entre outros. Além disso, ao contrário do que se observa no jejum, o catabolismo nessas situações não é bloqueado pela simples oferta de nutrientes, visto estar intimamente ligado à atividade inflamatória sistêmica e ao padrão hormonal desencadeado. O padrão consagrado para mensuração da necessidade de energia é a calorimetria indireta, porém seu alto custo a torna inviável na maioria dos serviços. Assim, faz-se necessária a utilização de fórmulas preditivas, sendo recomendada utilização para pacientes críticos inicialmente uma oferta de energia entre 20 e 25 kcal/kg de peso/dia. A equação de Harris e Benedict e de Mifflin-St Jeor são outras opções de estimativa existentes. É importante ressaltar que a oferta de energia não deve ultrapassar 35 kcal/kg/dia em adultos para que os efeitos deletérios da administração de quantidades maiores do que a capacidade de metabolização não sejam desencadeados. Em casos muito graves, recomenda-se inicialmente adotar 20 kcal/kg/dia e, à medida que o paciente melhorar, evoluir gradativamente, chegando em 25 a 3. kcal/kg/dia, sempre com controle metabólico rígido para evitar hiperalimentação e síndrome da realimentação. A necessidade proteica desses pacientes em geral varia de 1,2 a 2 g/kg/dia de proteína. A glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial e em casos de lesões agudas a quantidade produzida endogenamente não cobre a demanda. Assim, sua oferta pela dieta torna-se importante. Entretanto, sua utilização deve ser cautelosa em paciente com hepatopatia por ser metabolizada em glutamato e amônia e em paciente com insuficiência renal por ocorrer redução do seu metabolismo nos túbulos renais. A dose de glutamina indicada atualmente é entre 0,5 g/kg/dia por via enteral, principalmente quando utilizada em queimados e politraumatizados. A suplementação de arginina pode reduzir a excreção de nitrogênio, aumentar a síntese proteica, melhorar a cicatrização tecidual e otimizar a função imunológica. Como a arginina pode ser metabolizada em óxido nítrico, um potente vasodilatador, ela está contraindicada em pacientes críticos por poder causar danos em termos de instabilidade hemodinâmica, disfunção imunológica e citotoxicidade. Assim, recomenda-se o uso da arginina apenas em pacientes hemodinamicamente estáveis, principalmente em pós-operatório de grandes cirurgias, queimados e pacientes graves sob ventilação mecânica. A arginina na dose de 2% do total de energia melhoraria a função linfocitária, aumentaria a celularidade do timo, melhoraria a cicatrização de feridas e diminuiria o tempo de internação hospitalar. A administração de 30 a 50% da energia na forma de lipídios oferece uma quantidade adequada de ácidos graxos essenciais e diminui a necessidade de oferta de carboidratos. É recomendável não ultrapassar o limite de 1 g de lipídios/kg/dia, pois acima desse limite pode-se estabelecer sobrecarga do sistema reticuloendotelial. Os ácidos graxos ômega 3 são de incorporação preferencial às membranas celulares, sendo substratos para produção de prostaglandinas e leucotrienos da série ímpar, os quais possuem menor efeito inflamatório. Quanto à recomendação dos micronutrientes, as DRIs devem ser seguidas. Via� d� alimentaçã� A via de alimentação escolhida deve ser uma decisão multidisciplinar. A via mais fisiológica é a ideal e sempre que possível deve ser utilizada. Assim, o uso do trato gastrintestinal o mais precocemente possível é recomendável. A nutrição enteral, especialmente se instituída nas primeiras24 a 48 horas após o trauma, resulta em grandes benefícios, como a prevenção da atrofia da mucosa intestinal e manutenção de sua integridade, atenuação do hipercatabolismo em resposta à lesão, prevenção da translocação bacteriana e menor incidência de complicações. Além disso, a terapia nutricional enteral pode diminuir a taxa de infecções e reduzir as complicações hepáticas e metabólicas associadas à via parenteral. A nutrição por via parenteral é administrada sempre que o trato gastrintestinal não possa ser utilizado ou quando a nutrição enteral por si só não seja suficiente para suprir a demanda de nutrientes requerida, conhecida como parenteral suplementar. A terapia nutricional, tanto enteral quanto parenteral, se indicada, deve ser iniciada o mais precocemente possível, 24 a 48 horas após a lesão em condições hemodinâmicas favoráveis e com velocidade de infusão baixa, com a progressão feita de forma gradual e cautelosa vigiando o estado clínico e metabólico do paciente. A avaliação da aceitação da nutrição enteral pode ser feita pela observação da tolerância gastrintestinal. Episódios de distensão abdominal, diarreia, vômito e esvaziamento gástrico diminuído são sinais de intolerância. Medicamentos procinéticos como bromoprida, domperidona e metoclopramida podem ser utilizados na tentativa de melhorar o esvaziamento gástrico ou eliminar vômitos. O decúbito horizontal deve ser evitado em pacientes recebendo nutrição enteral, sendo indicada a manutenção da cabeceira sempre entre 30 e 45°. Caso isso não seja possível, a cabeceira deve ser elevada de acordo com o estado clínico, e o posicionamento pós pilórico da sonda é preferível, na tentativa de evitar o refluxo gástrico e risco de aspiração. Após liberada a dieta oral, a dieta enteral deve ser interrompida somente quando o paciente for capaz de ingerir cerca de 60 a 70% das necessidades nutricionais diárias por via oral, minimizando risco de desnutrição por baixa ingestão. Perioperatóri� No perioperatório, a intenção é minimizar o período de jejum, não se recomendando jejuns superiores a 6 a 8 horas para os sólidos, e de 2 a 6 horas para líquidos claros, com exceções nos casos de obesidade mórbida, comprometimento do esvaziamento gástrico prévio e doença do refluxo gástrico moderado a grave. No pós-operatório, recomenda-se a reintrodução enteral precocemente entre 12 e 24 horas, quando possível por via oral, ou por vias alternativas de alimentação. No caso de pacientes com risco nutricional grave ou candidatos a cirurgias eletivas de grande porte, recomenda-se o uso de terapia nutricional pré-operatória por 7 a 14 dias, preferencialmente com imunonutrientes, que pode ser continuada por mais 5 a 7 dias no pós-operatório. Consideraçõe� �nai� A terapia nutricional e a recuperação ou manutenção do estado nutricional são aspectos essenciais no cuidado do paciente submetido ao trauma ou cirurgia. Cada caso deve ter sua história clínica e quadro clínico investigados e discutidos com os demais membros da equipe multidisciplinar. Um adequado planejamento da terapia nutricional, uma evolução individualizada e um monitoramento bem feito são imprescindíveis melhores desfechos. REFERÊNCIA: Bottoni A, et al. Cirurgia e Trauma. In: Cuppari L. Nutrição Clínica no Adulto. 4ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2019. p. 480-511. Terapia nutricional nas cirurgias Trauma: evento agudo que altera a homeostase, ou seja, o estado de equilíbrio do organismo. O trauma gera uma resposta orgânica sistêmica e complexa cuja finalidade é garantir a sobrevivência. A cirurgia pode ser considerada um trauma. Quais são as respostas orgânicas ao trauma: neuro endócrinas, metabólicas, imunológicas e do TGI Quadro comparativo as diferenças entre a fase ebb e a fase flow, ocorrentes na resposta metabólica ao trauma: Alterações fisiológicas relacionadas ao metabolismo dos macronutrientes que ocorrem no catabolismo: Principais diferenças entre jejum e trauma, do ponto de vista da reversibilidade e da intensidade: Ambos promovem resposta metabólica para poupar energia, mas ao contrário do trauma, no jejum a situação catabólica é facilmente reversível e menos intensa, quando há realimentação facilmente o organismo reverte essa resposta pra homeostase. Nos dois há rápido consumo de glicogênio hepático, hipoglicemia, redução da TMB, gliconeogênese hepática, catabolismo proteico e lipídico, corpos cetônicos. Condições de hipovolemia, dor, desidratação, hipóxia ocasionam alterações na homeostase. Isso gera estímulos periféricos de receptores específicos e leva à resposta neuroendócrina. Hormônios que podem estar aumentados em consequência à resposta neuroendócrina ao trauma: Citocinas: Pequenas proteínas endógenas, produzidas por macrófagos, monocitos e linfócitos ativados, envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes. São benéficas ao organismo, mas podem ser deletérias caso haja produção excessiva. Exemplos de citocinas e seus efeitos na resposta imunológica pró inflamatória em decorrência do trauma: Como o trato gastrintestinal pode responder ao trauma: O TGI é reservatório de bactérias e toxinas, o trauma pode ocasionar perda da função de defesa do TGI, quando há quebra da permeabilidade (afrouxamento entre as junções) da mucosa intestinal há diminuição da defesa, disbiose, translocação bacteriana -> infecção generalizada (sepse). Terapia nutricional - glutamina é o principal substrato das células intestinais (enterócitos), é aa condicionalmente essencial, mas em algumas situações clínicas o que o organismo produz é insuficiente e a suplementação é bem vinda. Fatores que podem influenciar a intensidade das respostas orgânicas ao trauma: Extensão do trauma, comorbidades prévias, estado nutricional prévio, adequado manejo no perioperatório, adequada terapia nutricional no perioperatório.. Consequências negativas da desnutrição para um paciente cirúrgico: Risco de complicações pós-cirúrgicas e pior prognóstico. Fatores que podem acelerar ou atrasar a recuperação de um paciente submetido a uma cirurgia: ● Atrasam a recuperação: Ansiedade; Medo; Disfunção Orgânica; Resposta Orgânica íleo Adinâmico; Náuseas e Vômitos; Jejum Prolongado; Hipoxemia Drenos, Tubos, Cateteres. ● Aceleram a recuperação: Informação Pré-Op; Nutrição Periop. Cirurgia mini-invasiva; Normotermia; Prevenção de N & V; Prevenção de IA; Abreviação do JP0; Nutrição Precoce; Sono adequado. Objetivos da terapia nutricional para um paciente cirúrgico: Fornecer quantidades de energia e nutrientes adequada para: Manter ou recuperar o estado nutricional; Melhorar cicatrização; Reduzir complicações; Abreviar tempo de permanência hospitalar; Otimizar a recuperação do paciente. Principais recomendações nutricionais (calorias e macro) para um paciente cirúrgico, conforme o nível de estresse: Indicações da cirurgia bariátrica: IMC ● IMC > 40 kg/m2 ● IMC entre 35 e 40 kg/m2 com comorbidades ● IMC entre 30 e 35 kg/m2 com comorbidade(s)"grave(s)" (especialista) ● Falha no tratamento da obesidade por métodos tradicionais (endócrino) Idade ● <16 anos: com síndrome genética ou respaldo de 2 cirurgiões + eq. multi ● 16 a 18 anos: indicação e consenso entre família/responsável com eq. ● 18 e 65 anos ● > 65 anos: avaliação individual pela eq. multi Doenças associadas ● Comorbidades associadas à IMC Tempo de doença ● IMC estável por pelo menos 2 anos e comorbidades em faixa de risco Contraindicações da bariátrica: ● Limitação intelectual ● Sem suporte familiar ● Transtorno psiquiátrico ● Alcoólatras ● Adictos a drogas ilícitas Principais técnicas da cirurgia bariátrica: Bypass gástrico em Y de Roux ou cirurgia de Fobi-Capella Consiste em construir um novo pequeno reservatório gástrico (estômago com cerca de 50ML) e anastomosar (costurar) este reservatório com o intestino mais abaixo. Banda ajustável Colocação de uma prótese de silicone em forma de anel ajustável em volta da parte proximal do estômago, de modo a causar um estreitamento no estômago e criar um reservatório de pequena capacidade, cerca de 30 mL.. Sleeve gástrico ou gastrectomia vertical Parte do estômago é removida (verticalmente), exceto por um pequeno tubo que pode reter cerca de 42,5 a 142 gramas, tem o tamanho aproximadamente de uma banana. Derivação biliopancreática/Duodenal switch Desvio intestinal maior, deixando uma área de um terço do total para absorção de nutrientes. Esse desvio faz com que o alimento passe por um caminho e os sucos digestivos, como a bile e o suco pancreático, por outro. Eles se encontram somente a um metro do fim do intestino delgado, inibindo a absorção de calorias e nutrientes. Cuidados nutricionais no pré-operatório da cirurgia bariátrica ● Avaliação nutricional ● Avaliar e tratar deficiências nutricionais ● Dieta hipocalórica devido à cirurgia ● 700 - 500 Kcal; > 20% de proteína, baixa carga glicêmica ● Cerca de 2 a 3 semanas ● Objetivo: Perda de aproximadamente 5% do peso corporal Cuidados nutricionais no pós-operatório da cirurgia bariátrica ● Evolução da dieta em 4 fases (Líquida, Pastosa, Branda, Geral) ● Pirâmide de Moizé et al. (2010) Evolução da dieta no pós-operatório da cirurgia bariátrica Pós-operatório de cirurgia bariátrica Primeira Fase Segunda Fase Terceira Fase Quarta Fase DIETA LÍQUIDA: ● Fase de adaptação; ● Repouso gástrico e hidratação; ● Pequenos volumes várias vezes ao dia (ex. 50mL a cada 30 min); ● Introdução de suplementos de vitaminas e minerais; ● Intolerância à lactose pode ocorrer - restringir alimentos fonte DIETA PASTOSA: ● Inclusão de alimentos e preparações na consistência de cremes e purês; ● Transição para dieta branda (cerca de 7 a 10 dias); ● Líquidos nos intervalos das refeições; ● Começar a refeição pela fonte de proteína; ● Manter suplemento nutricional; ● Preferir alimentos com baixo teor de gordura; ● Identificar possíveis intolerância à medida que alimentos são reintroduzidos DIETA BRANDA: ● Inclusão de alimentos cozidos; ● Maior esforço mastigatório que a dieta pastosa; ● Mastigar exaustivamente; ● Educação Nutricional para escolhas alimentares; ● Duração média de 15 dias; ● Líquidos nos intervalos das refeições; ● Manter suplemento nutricional DIETA GERAL: ● Evolução gradativa, conforme tolerância individual ● Selecionar alimentos que tragam maior conforto, satisfação e qualidade nutricional ● Monitorar as deficiências nutricionais (comum: ptn, ferro, zinco, vitamina D e vit. do complexo B) ● Manter suplemento nutricional (deve conter 100% ou no mínimo %das DRIs) ● Grupos de apoio Recomendações quarta fase
Compartilhar