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A EVOLUÇÃO HISTÓRIca E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA)

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4 
 
2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) 
O conceito de Educação Ambiental (EA) é mais antigo que o conceito de 
Educação para o Desenvolvimento Sustentável e, nos últimos anos, tem havido muita 
discussão sobre as inter-relações entre estes dois conceitos. O conceito de Educação 
Ambiental surgiu com a própria UNESCO, em 1946, mas foi reforçado em 1975, na 
Carta de Belgrado (UNESCO, 1975). Nessa Carta, afirmava-se que a meta da EA é 
formar uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas 
a ele associados e que seja capaz de trabalhar para resolver os problemas existentes 
e para evitar que surjam outros (LEITE & DOURADO, 2015). 
Nos finais da década de 1980 e inícios da década de 1990 começou a emergir 
uma nova concepção de Educação que viria a designar-se como Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (EDS). 
Em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, em 
Tessalónica, Grécia, considerou que os resultados da implementação das diversas 
orientações sobre EA tinham sido insuficientes e realçou a necessidade de uma 
educação voltada ao Desenvolvimento Sustentável 
No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, em seu 
Artigo 1º estabelece que "entendem-se por educação ambiental os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, 
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade" (IATO, et al, 2014). 
As Conferências de Estocolmo, em 1972, Belgrado (1975), Tbilisi (1977), 
Moscou (1987), Rio de Janeiro (1992), Tessalônica (1997), Rio+20 (2012) trouxeram 
em pauta a discussão da educação ambiental como um processo dialético de 
reconhecimento de valores e classificação de conceitos, na busca de adoção de novos 
padrões de atitudes. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Imagem: Conferência de estolcomo 
 
 
Fonte: www.profes.com.br 
A Assembleia Geral das Nações Unidas com base na resolução n° 57/254 
instituiu a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável” (2005-2014) com o propósito de estimular estratégias articuladas que 
permitissem à educação respostas às crises ambiental, social e econômica. Criaram-
se assim condições que encorajaram os Estados-membros da ONU (entre eles o 
Brasil) a promoverem a integração dos valores do desenvolvimento sustentável em 
todas as formas de aprendizagem, abrindo perspectivas de diálogo entre os parceiros 
empenhados e com responsabilidades na construção de sociedades mais 
equilibradas ambiental, social e economicamente (IATO, et al, 2014). 
Segundo Barreto & Vilaça, (2018), atualmente a educação ambiental é 
frequentemente complementada com ‘para a sustentabilidade’, sendo um tema 
relevante e prioritário nas discussões de diversas instituições governamentais e não 
governamentais. Assim a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) traz 
consigo elementos complementares àquela visão de EA apenas sob a vertente 
ambiente, aproximando da discussão elementos como sociedade e economia. 
Neste contexto, a disciplina de Educação e Desenvolvimento Sustentável 
pretende preparar o futuro Técnico Superior de Educação para o diagnóstico de 
problemas econômicos sociais e ambientais, bem como para a análise de ações 
 
6 
 
educativas capazes de minorá-los e ou evitá-los, de uma forma sustentada (LEITE & 
DOURADO, 2015). 
Para dar cumprimento a esse propósito, um dos objetivos do programa da 
disciplina requer a análise das diversas perspectivas sobre EA e EDS, bem como a 
análise dos significados desses conceitos e das suas inter-relações, uma vez que, 
como já mencionado, não existe consenso absoluto sobre esse assunto. 
2.1 O Capítulo 36 da Agenda 21 
A Agenda 21 entendeu a "Promoção do treinamento" como um dos instrumentos 
mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um 
mundo mais sustentável, devendo ser dirigido a profissões determinadas e visar 
preencher lacunas no conhecimento e nas habilidades que ajudarão os indivíduos a 
achar emprego e a participar de atividades de meio ambiente e desenvolvimento. 
Segundo a Agenda 21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem 
promover uma consciência maior das questões de meio ambiente e desenvolvimento 
como um processo de aprendizagem de duas mãos. A "Promoção de treinamento" 
tem os seguintes objetivos: 
 
1) Estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que atendam 
às necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com acesso assegurado a 
oportunidades de treinamento, independentemente de condição social, idade, sexo, 
raça ou religião; 
2) Promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que 
possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as 
mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável; 
3) Fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e treinamento 
científicos, para permitir que Governos, patrões e trabalhadores alcancem seus 
objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e facilitar a transferência e assimilação 
de novas tecnologias e conhecimentos técnicos ambientalmente saudáveis e 
socialmente aceitáveis; 
4) Assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam 
integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, 
tais como marketing, produção e finanças. 
 
7 
 
 
A partir da publicação do relatório Nosso futuro comum, produzido pela 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), a expressão 
desenvolvimento sustentável passou a ser difundida e tornou-se popular, com a 
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (Cnumad), 
realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (BARBIERI e SILVA, 2011). 
A Agenda 21, documento aprovado durante a Conferência do Rio de Janeiro, é 
um programa de ação abrangente para guiar a humanidade em direção a um 
desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente justo e ambientalmente 
sustentável. Ela é constituída por 40 capítulos, dedicados às diversas questões sociais 
e ambientais de caráter planetário (erradicação da pobreza, proteção da atmosfera, 
conservação da biodiversidade etc.); ao fortalecimento dos principais grupos de 
parceiros para implantar as ações recomendadas (ONGs, governos locais, 
comunidade científica e tecnológica, sindicatos, indústria e comércio etc.); e aos meios 
de implementação, como mecanismos financeiros, desenvolvimento científico e 
tecnológico, cooperação internacional e a promoção do ensino. 
Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da educação 
ambiental, o "Congresso Mundial para Educação e Comunicação sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento", Toronto, Canadá (1992) e o "I Congresso Ibero-
americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o futuro", Guadalajara, 
México (1992), que se manifestaria em sequência, nos seguintes eventos: "II 
Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi", 
Guadalajara, México (1997); "III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: 
povos e caminhos para o desenvolvimento sustentável", Caracas, Venezuela (2000); 
"IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é 
possível", Havana, Cuba (2003) e "V Congresso Ibero-americano de Educação 
Ambiental", Joinville, Brasil (2006). 
A promoção do ensino está presente em praticamente todas as áreas e nos 
programas da Agenda 21. Além disso, o Capítulo 36 é inteiramente dedicado à 
promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento. Embora conste em 
seu preâmbulo que as recomendações da Conferência de Tbilisi ofereceram os 
princípios fundamentais desse capítulo, uma análise de seu texto mostra que ele foi 
muito maisinfluenciado pela Conferência Mundial do Ensino para Todos para a 
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizado, realizada em Jomtien, 
 
8 
 
Indonésia, em 1990. Com efeito, apenas uma única menção foi feita à EA em todo o 
texto do Capítulo 36. Esse fato mostra uma mudança de trajetória no âmbito das 
conferências intergovernamentais promovidas pela ONU e nos documentos 
produzidos por elas. A Declaração de Jomtien reafirma a ideia da educação como um 
direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo 
inteiro, e que pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais 
próspero e ambientalmente mais puro, ao mesmo tempo que favoreça o progresso 
social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional. A Declaração 
reconhece que uma educação básica adequada é fundamental para fortalecer os 
níveis superiores de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, 
para alcançar um desenvolvimento autônomo. A educação básica é considerada, de 
modo amplo, como satisfação das necessidades de aprendizagem ao longo de toda 
a vida para todos (UNESCO, 1990). 
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi criada em 1992 para 
acompanhar e avaliar a implantação das áreas de programas e atividades 
recomendadas pela Agenda 21 e a cooperação internacional relacionada com elas. A 
coordenação das atividades do Capítulo 36 da Agenda ficou a cargo da Unesco, que 
promoveu uma iniciativa internacional denominada Educação para o Futuro 
Sustentável (EPS), em 1994, com o propósito de reforçar os objetivos, as propostas e 
as recomendações constantes nesse capítulo e nas conferências mencionadas 
(BARBIERI e SILVA, 2011). 
Essa mudança de prioridade modificaria a atuação da Unesco e do Pnuma em 
relação à EA. Tal mudança foi precedida pelo encerramento, em 1995, das atividades 
do Piea, que havia sido criado como resultado da Conferência de Estocolmo, como já 
mencionado. Em 1997, a Assembleia Geral da ONU, com base nessa avaliação da 
CDS, adotou um programa para implantar a Agenda 21, na qual os temas do Capítulo 
36 passaram a ter as prioridades citadas. Esse programa usa as expressões 
educação para a sustentabilidade e educação para o futuro sustentável, cujos temas 
centrais incluem, entre outros, a educação permanente, a educação interdisciplinar e 
a educação multicultural.

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