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1 GEOGRAFIA URBANA MOISES DA SILVA ALMEIDA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA 1 GEOGRAFIA URBANA MOISES DA SILVA ALMEIDA 1 © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral:Valdir Henrique Valério Diretor Executivo:William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Design: Aline De Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Taisser Gustavo Soares Duarte Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 2 GEOGRAFIA URBANA 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 3 Moises da Silva Almeida Doutor em Ciências no Instituto de Geociências da UNICAMP. Mestre em Ciências e Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Alfenas. Graduado em Geografia e Engenharia Ambiental. Possui experiência na área de Educação, com ênfase em Admi- nistração Educacional e atua, principalmente, em cursos preparatórios para o ENEM. Atua como Professor da carreira EBTT da rede federal de ensino. 4 LEGENDA DE Ícones São os conceitos, definições ou afirmações importantes aos quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 1.1 A fromação das cidades medievais .................................................................................................................................8 1.2 O renascimento urbano e as características das cidades...............................................................................10 FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................12 2.1 As influências da revolução industrial na formação das cidades ............................................................16 2.2 Mudanças estruturais no papel das cidades...........................................................................................................17 FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................19 3.1 Dinâmica de crescimento da cidade contemporânea ...................................................................................24 3.2 A cidade contemporânea...................................................................................................................................................25 3.3 Novas relações entre o espaço urbano e rural .....................................................................................................27 3.4 A gestão urbana e o estatuto da cidade....................................................................................................................29 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................32 O APARECIMENTO DA CIDADE NA SOCIEDADE OCIDENTAL A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CIDADE CONTEMPORÂNEA UNIDADE 4 4.1 O processo de expansão e especulação urbana, e as situações de vulnerabilidade socioam- biental ......................................................................................................................................................................................................37 4.2 A questão da periferização e as novas funcionalidades do espaço urbano ...................................39 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................40 ANÁLISE DA CIDADE CONTEMPORÂNEA A QUESTÃO URBANA OBSERVANDO AS RELAÇÕES INTER E INTRAURBANA, E OS DESDOBRAMENTOS DESTAS RELAÇÕES NA PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO UNIDADE 5 5.1 Os diferentes modos de vida e a cultura nas cidades .....................................................................................45 5.2 O espaço urbano e a cidadania .....................................................................................................................................46 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................49 O DIREITO À CIDADE UNIDADE 6 6.1 Aspectos conceituais e interdisciplinares ................................................................................................................54 6.2 Uma análise da hierarquia e rede urbana do Brasil ........................................................................................56 6.3 O espaço urbano de Minas Gerais.................................................................................................................................57 FIXANDO O CONTEÚDO..............................................................................................................................................................60 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................................................64 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................65 AS METRÓPOLES, AS CIDADES MÉDIAS E PEQUENAS 6 UNIDADE 1 A Unidade I explora as principais concepções históricas e geográficas referentes ao aparecimento das cidades na sociedade ocidental, enfatizando as características das cidades medievais e as transformações ocorridas durante o renascimento urbano e comercial. UNIDADE 2 A Unidade II analisa as principais mudanças estruturais no papel das cidades no contexto da industrialização e Revolução Industrial e sua influência na formação da sociedade urbana. UNIDADE 3 Na Unidade III verifica-se as dinâmicas de crescimento da cidade contemporânea, a formação e características da rede urbana, as novas relações entre o espaço urbano e rural e a importância da gestão urbana e o estatuto da cidade. UNIDADE 4 A Unidade IV apresenta a questão urbana observando as relações inter e intraurbana, com uma discussão sobre o processo de expansão e especulação urbana e as situações de vulnerabilidade socioambiental, no contexto do fenômeno da periferização.UNIDADE 5 A Unidade V discute o direito à cidade e a questão da cidadania, enfatizando os diferentes modos de vida e a cultura urbana. Também se realiza uma discussão sobre este assunto no contexto da Agenda 2030 e os 17 ODS. UNIDADE 6 A unidade VI aprofunda a discussão sobre as metrópoles, cidades médias e pequenas, apresentando alguns conceitos importantes e discutindo a hierarquia urbana do Brasil e o processo de urbanização de Minas Gerais. C O N FI R A N O L IV R O 7 O APARECIMENTO DA CIDADE NA SOCIEDADE OCIDENTAL UNIDADE 01 8 1.1 A FORMAÇÃO DAS CIDADES MEDIEVAIS Desde os tempos antigos, diferentes povos já tinham a percepção de viver em um espaço geográfico e se sentir parte dele. Deste modo, verificaremos como diferentes orga- nizações espaciais influenciaram na formação do espaço urbano no passado e no presen- te, inclusive nas relações entre sociedade e natureza. O mundo no período medieval, que se iniciou no século V, já passava por constantes transformações, sendo influenciado pelos elementos ao seu redor, que contribuíam para formar e alterar o espaço geográfico de acordo com os diversos interesses envolvidos. Te- mos como exemplo a existência de guildas, que eram corporações de ofício formadas por artesãos profissionais e independentes, que contribuíam na dinâmica espacial daquele período, e as feiras que contribuíam para as trocas comerciais entre diversos mercadores. A forma de organização espacial na Idade Média era caracterizada pela construção de castelos, que caracterizavam um lugar de poder econômico e político, mas permeado de conflitos e interesses em um espaço marcado pela existência de uma divisão social da cidade (TEIXEIRA; CANZI, 2016). Neste contexto, entender a presença de objetos fixos, como por exemplo as constru- ções ou plantações predominantes em determinado período, e os objetos móveis, como os meios de transporte, se torna fundamental para entender a formação das cidades em diferentes períodos de acordo com as condições sociais e técnicas presentes num dado momento histórico, que são influenciadas pelas ações e intencionalidades da sociedade sobre estes objetos que modelam a paisagem geográfica (SANTOS, 2008). Pensar nas cidades no período da Idade Média é entender como a relação entre di- versos fatores transformavam o espaço geográfico para a formação das cidades medievais, tais como o desenvolvimento do artesanato e do comércio que influenciam na dinâmica populacional caracterizada por paisagens com muralhas, torres e castelos. Deste modo, o principal elemento que simbolizava a fundação das cidades medie- vais são as muralhas, que delimitavam o espaço rural e o espaço urbano. Além disso, estas muralhas tinham função de proteção contra futuras guerras e invasões, além de facilitar o controle administrativo daquela região cercada, conforme ilustrado na Figura 1 (LE GOFF, 2006). Figura 1: Cidade medieval de Carcassone localizada no Sul da França. Fonte: Schonardie; Ricotta; Canabarro, 2019. 9 As cidades são o palco de diversos acontecimentos no qual sempre existiram sociedades marcadas por uma divisão social em diferentes períodos. Na Idade Média havia a população artesã e mercantil, posteriormente chamada de burguesia, o clero, que se dedicava as ques- tões eclesiásticas, a nobreza, detentora de terras, com maior influência política e militar, e os camponeses, que se dedicavam ao trabalho rural. FIQUE ATENTO Diversos pesquisadores consideram que as cidades medievais surgiram num contex- to no qual o espaço rural era dominante, porém o campo e a cidade possuíam economias complementares. Deste modo, elas possuíam um núcleo administrativo central no qual se concentrava a população ao seu redor. A expansão das trocas comerciais, juntamente com as inovações técnicas no campo, propiciou o desenvolvimento econômico e social no período medieval. Deste modo, houve uma modernização agrícola para um maior abastecimento de alimentos nas cidades. Neste período, já ocorria o processo de êxodo rural, na medida em que parte da população migrava do campo para as cidades em busca de novas oportuni- dades de trabalho, contribuindo, assim, para o crescimento das cidades medievais. Cabe destacar que estas cidades medievais tivessem semelhanças em relação as fortificações, marcadas por muralhas e torres, e por traços esculturais verticalizados nas catedrais, conhecido como estilo gótico, conforme Figura 2. Contudo, estas regiões urba- nas tinham suas particularidades marcadas pela cultura e arte local que contribuíram para a sua formação, ou seja, a combinação de elementos físicos, culturais e sociais possibilita- ram caracterizar a urbanidade do período medieval. Figura 2: Fachadas da Catedral gótica de Notre-Dame, em Paris. Fonte: Costa; Silva (2016) Devemos refletir se o espaço urbano atual não é um reflexo da formação cidades medievais? Por exemplo, na Idade Média, havia cobrança de taxas e impostos de propriedades urbanas para fins militares e obtenção de poder, segregando espaços centrais considerados mais valo- rizados em relação aos espaços periféricos próximos as muralhas. E nos tempos atuais? Quais seriam os critérios para valorização de determinados espaços urbanos onde você mora? VAMOS PENSAR? 10 Para conhecer mais sobre as características sociais e econômicas do período medieval e as relações de conflitos que decorrem no espaço urbano, é indicado a leitura do Livro História Medieval, organizado por Marcelo Cândido da Silva, que está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Link: https://bit.ly/3FYC9tR. Acesso em: 22 jan. 2021. BUSQUE POR MAIS 1.2 O RENASCIMENTO URBANO E AS CARACTERÍSTICAS DAS CIDADES Ao se estudar as transformações que ocorreram nas cidades após o período da Ida- de Média, deve-se considerar a ruptura do sistema econômico vigente, conhecido como feudalismo, que influenciou na organização dos centros urbanos e comerciais e na forma como se estruturava toda cidade. A organização dos espaços urbanos começa a passar por novas transformações e se fundamentar pelo sistema econômico capitalista comercial, ou seja, as ações da sociedade são reguladas por meio de relações comerciais. E este renascimento e fortalecimento co- mercial caracteriza o modo de crescimento de cada cidade de acordo com sua capacidade de realizar compras e vendas de terras ou lotes. Durante os séculos XV e XVI ocorre uma valorização das artes e da Ciência na Europa, em um período conhecido como Idade Moderna, que traz um novo significado na confi- guração das cidades que são influenciadas pela cultura grega e romana (ZENKNER, 2002). Os diversos profissionais que habitavam as cidades tinham uma preocupação com a organização espacial urbana e suas formas métricas, com jardins que seguiam determina- das geometrias, assim como as ruas e praças que se projetavam de acordo com uma sime- tria e ordem estabelecida. Itália, Espanha e Portugal são alguns exemplos onde existiram estas cidades planejadas no período renascentista, e que posteriormente se expandiu para algumas regiões africanas, conforme ilustrado nas Figuras 3 e 4. Figura 3: Planta da cidade de Viana do Castelo – Portu- gal. Fonte: Arquivo virtual da Cartografia portuguesa. Figura 4: Planta da cidade de Mazagão, localizada na África Fonte: Arquivo Virtual da Cartografia Portuguesa Deste modo, verificamos uma preocupação dos arquitetos e construtores deste pe- ríodo com os traçados regulares das quadras, geralmente retangulares, rodeados de ruas perpendiculares largas e espaçosas. Deve-se considerar que neste período de transição ainda haviam alguns resquícios do período medieval, como a presença de muralhas e for- tes em algumas cidades para a defesa de seus territórios. https://bit.ly/3FYC9tR 11 São Luís, Belém e Campo Grande são alguns exemplos de cidades no Brasil com traços renascentistas, na medida em que foram inspiradas em uma urbanização uniforme em seu núcleo central e planejadas para serem próximas a uma malhaferroviária ou hidro- viária de modo que facilitasse o escoamento e comercialização de diversos produtos. Em- bora tenham sido povoadas inicialmente para fins militares, estas cidades foram herdeiras de um legado renascentista, advindo sobretudo da cultura europeia ocidental (ZENKNER, 2002). Quais abordagens metodológicas poderiam contribuir para mediar um debate no ambiente escolar sobre as características geográficas herdadas no passado nas cidades onde cada es- tuda reside? Será que por meio de uma pesquisa sobre a origem histórica e a influência cultu- ral de imigrantes em determinada região poderia nos revelar determinadas semelhanças de uma cidade com o período medieval ou da Idade Moderna? VAMOS PENSAR? O Livro Metodologia do ensino da Geografia, organizado por Josilda Maria Bel- ther, mostra diferentes formas metodológicas para se abordar e relacionar as características geográficas em diferentes períodos históricos, e está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Link: https://bit.ly/3BR3Oud. Acesso em: 22 jan. 2021. BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/3BR3Oud 12 1. De acordo com a forma de organização espacial na Idade Média, qual dos itens a seguir melhor representa um lugar de poder econômico e político nas cidades: a) Presença de mosteiros e igrejas que representavam o poder do clero e influenciava grandes áreas urbanas. b) A expansão de torres e muralhas que segregavam o espaço urbano e rural, mas simbolizavam a força militar das cidades. c) A construção de castelos que eram fortificações onde residia a nobreza, sendo um local que centralizava as decisões administrativas e militares de uma cidade. d) Presença de centro de eventos e exposições de artes para reunir os nobres e reis que tomavam decisões importantes nestas áreas. e) Difusão dos centros comerciais que realizavam trocas para enriquecimento econômico das regiões econômicas. 2. Nesta unidade verificamos como as cidades foram se formando a partir das características de cada período histórico. Diante disso, qual alternativa poderia contribuir para instigar o envolvimento dos alunos com esta temática? a) Procurar desenvolver atividades de campo que valorizem os aspectos estéticos e arquitetônicos atuais das cidades e sem se preocupar com a historicidade da região, pois isto é um objetivo da disciplina de História. b) Demonstrar o contexto ambiental que estão inseridas as cidades e mostrar que a população depende do meio ambiente para sobreviver, sendo o espaço urbano o centro de conflitos entre sociedade e natureza. c) Realizar atividades de memorização e leituras sobre aspectos históricos e culturais para despertar uma conscientização sobre a importância da formação das cidades. d) Proporcionar atividades diversificadas como palestras com pessoas que vivenciaram as transformações da cidade e visitas em museus ou centros históricos para uma melhor compreensão das origens e expansão das cidades. e) Buscar se apoiar nos manuais e livros didáticos para aquisição e transmissão dos conteúdos geográficos, pois são eles que direcionam os passos do aprendizado gradual que ocorre em Geografia. 3. De acordo com o contexto de formação das cidades e suas características na Idade Média, qual destes itens mostram um dos motivos para a construção de castelos e fortificações ao seu redor: a) Finalidade militar. b) Finalidade comercial. c) Finalidade religiosa. d) Finalidade turística. e) Finalidade estética. 4. Em uma determinada escola a professora pediu para os alunos relatarem algumas FIXANDO O CONTEÚDO 13 características das cidades no período do renascimento. Marque o item que exemplifica a resposta correta dada por um estudante. a) Período caracterizado pela posse de extensas áreas agrícolas, conhecidas como feudos, que simbolizavam o poder econômico em uma região. b) Ascensão do capitalismo industrial com difusão de diversas manufaturas para acumulação de riquezas nas cidades. c) Período de renascimento do comércio, mas com pouca valorização do conhecimento científico e artístico, que ainda não possui investimentos e financiamentos nos centros urbanos. d) Emergência de diversas manifestações artísticas e estéticas que foram influenciadas pela tendência arquitetônica gótica da época. e) Período de expansão do capitalismo comercial, valorização das artes e do conhecimento científico, influenciando nos aspectos estéticos e culturais que proporcionaram uma nova reconfiguração das cidades. 5. Considerando as reflexões sobre o aparecimento da cidade na sociedade ocidental, avalie as afirmações a seguir: I. Existe poucas diferenças estéticas e paisagísticas entre as cidades do período medieval e no período moderno do Renascimento comercial. II. Após a Idade Média ocorre transformações econômicas e culturais no Ocidente que contribuem para uma nova organização espacial dos centros urbanos. III. A urbanização no Brasil não sofreu influência do Renascimento, pois as cidades brasileiras são caracterizadas pela cultura africana que contribuiu uma nova configuração espacial. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I, II e III. 6. (Fuvest - adaptado) Marque o item correto relacionado às feiras na Idade Média. a) São locais de prática comercial nos centros das cidades para o abastecimento cotidiano dos seus habitantes. b) Caracterizam-se por áreas exclusivas de câmbio e valorização das diversas moedas europeias. c) São reconhecidas como locais de comércio abrangendo grandes regiões que dinamizaram a economia da época. d) São locais fixos de comercialização da produção dos feudos. e) Foram estabelecidas pelas grandes dinastias para o renascimento do comércio abalado com as invasões no Mediterrâneo que destruíram diversas cidades. 7. (Vunesp - adaptado) A partir do século XII, em algumas regiões europeias, nas cidades em crescimento, comerciantes, artesãos e bispos aliaram-se para a construção de catedrais 14 com grandes pórticos, vitrais e rosáceas, produzindo abóbadas e torres elevadas que dominavam os demais edifícios urbanos. O estilo da arte da época que influenciou na configuração espacial e arquitetura dos centros urbanos é denominado. a) Renascentista. b) Bizantino. c) Românico. d) Gótico. e) Barroco. 8. Considerando as reflexões em relação ao conteúdo discutidos na Unidade I, analise os itens a seguir. I. A crise do modo de produção feudal na Idade Média contribuiu para o surgimento do Renascimento comercial na Europa. II. As transformações que ocorreram na passagem da Idade Média para a Idade Moderna não necessariamente priorizaram uma melhor distribuição de riquezas para a população devido à concentração do poder local. III. No período de surgimento das cidades no período medieval e expansão comercial na Europa ainda não havia universidades para a produção e difusão do conhecimento científico. É correto o que se afirma somente em: a) I e II. b) I e III. c) I. d) II. e) I, II e III. 15 A INDUSTRIALIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE URBANA UNIDADE 02 16 2.1 AS INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA FORMAÇÃO DAS CIDADES Diversas pesquisas mostram que a urbanização é um fenômeno que se iniciou desde os períodos antigos, passando por mudanças espaciais na Idade Média e Moderna. Confor- me foram se aperfeiçoando as inovações técnicas aumentavam-se a capacidade humana de intervir e transformar os espaços naturais e urbanos. No início do século XVIII, a atividade industrial contribuiu para que o processo de mo- dificações no espaço urbano se tornasse mais intenso. Compreende-se como indústria as diversas atividades humanas que tem por objetivo a produção de mercadorias, por meio da extração e modificação dos produtos da natureza, no qual as cidades se tornam espa- ços de produção e não somente comercialização (SPOSITO, 1988). Através da implementação gradativa da atividade industrial, o trabalho manual dos artesãos foi sendo substituído pelo processo produtivo no interior das fábricas, no qual tornou a produçãomais rápida e em grande escala, por meio da introdução de máquinas movidas a energia, com a queima do carvão mineral, que posteriormente será substituído pela eletricidade e petróleo. A evolução histórica da organização do processo produtivo que contribuiu para diversas transformações urbanas pode ser verificada na Figura 5. Figura 5 : Evolução histórica da industrialização Fonte: MARTINEZ; VIDAL (2016) As transformações geográficas que ocorrem nas cidades por meio da consolidação do processo industrial se concentram primeiramente em regiões onde há um maior inves- timento para o desenvolvimento da atividade industrial, como em Londres e Manchester, na Inglaterra, para depois se expandir para outras regiões da Europa e outros continentes nos anos subsequentes. Neste contexto, verifica-se um aumento populacional das cidades que demanda maior produção por bens de consumo, exigindo maior exploração dos recursos naturais 17 em regiões agrícolas. Deste modo, o setor industrial interfere nas migrações em direção às regiões urbanas, na demanda da produção agrícola e na atividade comercial, tanto inter- na como externa, ampliando a circulação de mercadorias por meio de diversos meios de transportes, e assim contribuem para uma nova configuração para o espaço urbano. Após o advento do capitalismo comercial, que proporcionou aumento das trocas e amplia- ção da economia monetária, surge e se consolida o capitalismo industrial, o qual contribuiu para mudanças estruturais nas cidades por meio da concentração do capital nas indústrias, difusão de técnicas para o aumento da produção com novas máquinas, progressiva divisão do trabalho no interior das fábricas e aumento da urbanização próximo aos grandes centros industriais. VAMOS PENSAR? 2.2 MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO PAPEL DAS CIDADES O crescente desenvolvimento de indústrias no espaço urbano, juntamente com o crescimento populacional, contribuiu para um rearranjo estrutural das cidades a partir do século XVIII. Algumas cidades industrializadas atraíam mais investimento por possuírem alguns fatores favoráveis como oferta de mão de obra, disponibilidade de matéria-prima, mercado consumidor e máquinas que tornavam possível aumentar a capacidade produti- va e lucratividade dos proprietários industriais. Esta nova configuração das cidades, no qual os artesãos e comerciantes tinham pa- pel secundário diante do desenvolvimento industrial, proporcionou uma modernização gradativa do setor de transportes e comunicações, de modo que ocorresse o aumento de ferrovias para um maior escoamento de mercadorias e circulação de pessoas nos grandes centros industriais da Europa. De acordo com a capacidade de decisão econômica e comercial que cada cidade adquiria no decorrer dos tempos, contribuía para determinar seu papel local e regional em uma esfera de atuação e relações com outras cidades. Deste modo, o período industrial foi proporcionando uma escala de subordinação entre cidades de diferentes tamanhos e importância econômica. O aumento da produção em larga escala interfere nos hábitos culturais da popula- ção das cidades que se transformam em uma sociedade de consumo de massa, ou seja, cria-se padrões de consumo que interferem nas antigas diferenças culturais existentes. Deste modo, ocorrem mudanças estéticas na paisagem das cidades a partir do momento em que a construção de novas indústrias direciona o ritmo de retirada de recursos naturais e a expansão de produtos industrializados cada vez mais consumidos e descartados no meio ambiente. Com o aumento populacional que contribuiu para a expansão das cidades, que nem sempre ocorria de modo organizado e planejado, ocorrendo uma ocupação dos espaços cada vez mais distantes dos núcleos urbanos centrais, no qual abrigavam tanto pessoas de maior poder aquisitivo, em casas com melhor estrutura em espaços físicos maiores, em bairros de luxo, como assalariados que habitavam casas menores, em bairros considerados mais pobres (SPOSITO, 1988). Embora o nível de desenvolvimento industrial refletisse a prosperidade econômica 18 de uma cidade na Idade Moderna, estas aglomerações eram símbolo também da falta de saneamento básico, que contribuía para proliferar algumas doenças, assim como havia um descontrole da poluição atmosférica e dos resíduos gerados no meio ambiente, devido à crescente produção industrial que não respeitava o ritmo de desenvolvimento da nature- za, conforme ilustrado na Figura 6. Figura 6: EvolCentro de Londres em 1851. Fonte: BENEVOLO, L. História da cidade (2005) O sistema econômico capitalista contribuiu para mudanças estruturais no papel das cidades na medida em que ocorreu uma concentração e circulação de capitais impulsionado por es- paços comerciais, industriais ou bancários. Qual teria sido o contexto histórico destes espaços urbanos se em sua trajetória de desenvolvimento tivessem considerado no seu planejamento os aspectos sociais, ambientais e econômicos para minimizar os diversos problemas urbanos surgidos no século XVIII e que foram agravados ao longo dos tempos? VAMOS PENSAR? Para aprofundar os estudos sobre as transformações sociais e ambientais no es- paço geográfico por meio da inserção das indústrias, é indicado a leitura do livro Geografia Industrial, organizado por Alceli Ribeiro Alves e Eloisa Maieski Antu- nes, que está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Link: https://bit.ly/3G1uhYr. Acesso em: 02 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/3G1uhYr. 19 1. Nesta unidade verificamos como a industrialização influenciou na formação da sociedade urbana. Diante disso, qual alternativa mostra uma das principais consequências da atividade industrial no espaço urbano: a) Implantação de fábricas no espaço rural para evitar o êxodo rural e uma preocupação com o desenvolvimento sustentável no campo. b) Havia muitos trabalhadores nas fábricas para aumentar a produção têxtil, mas pouco desenvolvimento técnico das máquinas sem investimento tecnológico. c) O setor industrial interfere nas migrações em direção as regiões urbanas, na demanda da produção agrícola e na atividade comercial, ampliando a circulação de mercadorias e pessoas. d) A instalação gradativa de indústrias buscou preservar os locais de práticas comerciais de produtos artesanais nos centros das cidades. e) As poucas mudanças paisagísticas que ocorreram nas cidades contribuíram para a manutenção dos valores culturais dos habitantes que não foram influenciados pelo consumo em larga escala. 2. (FGV-RJ - adaptado) A chamada Primeira Revolução Industrial, ocorrida a partir do século XVIII, foi caracterizada: a) Pelo desenvolvimento da eletricidade e da siderurgia e pela expansão da industrializa¬ção para além do continente europeu. b) Pela concentração do processo de industrialização na Inglaterra e divisão interna do trabalho com aumento da produção em larga escala. c) Pela industrialização com investimentos no setor de transportes, telecomunicações e robótica para que a produção chegasse em outros continentes. d) Pelo equilíbrio de forças entre as potências que possuíam tecnologias e as nações que forneciam mão de obra para a difusão da industrialização. e) Pela retração da economia mundial devido à mecanização da produção e à diminuição da oferta de produtos industrializados. 3. (Unemat - adaptado) – Veja as afirmações a seguir e depois assinale o item que se refere às características do capitalismo industrial: I. Corresponde ao período da segunda Revolução Industrial ou tecnológica, quando o capitalismo se tornou monopolista. Empresas ou países monopolizaram o comércio; os bancos adquiriram cada vez mais importância; o capital financeiro passou a dominar e a controlar a economia dos países; domínio das transnacionais. II. Ocorreu um ressurgimento dos centros urbanos e intensificação do comércio; acumulação de recursos; inovações nos transportes marítimos, nos armamentos e nas técnicas de navegação; expansão comercial do final do século XIVe início do século XV. III. Forte mecanização, influenciando diversos setores da economia. As fábricas empregavam grande número de trabalhadores e contribuiu para diversas transformações no espaço FIXANDO O CONTEÚDO 20 geográfico. a) Somente I. b) Somente II. c) Somente III. d) Somente II e III. e) Nenhum dos itens anteriores. 4. (Unioeste-PR - adaptado) É possível indicar a indústria como um dos principais agentes de produção do espaço geográfico. Sobre o processo de desenvolvimento das indústrias, assinale a alternativa correta: a) A primeira revolução industrial iniciada na Inglaterra representou momento importante no qual foi intensificada a mecanização e foi introduzida a produção em série. b) A localização e instalação das novas regiões industriais na Inglaterra não levava em consideração a proximidade das matérias-primas. c) A primeira revolução industrial foi um marco da introdução do petróleo enquanto principal fonte de energia para desenvolvimento industrial. d) A primeira revolução industrial alterou diversos aspectos da paisagem das cidades por meio do desenvolvimento da Informática, robótica, telecomunicações e microeletrônica em diversas regiões da Europa. e) A industrialização tardia e pouco diversificada foi característica dos países desenvolvidos localizados na Europa e América. 5. (UDESC - adaptado) Assinale a alternativa correta sobre o processo de industrialização: a) Nunca houve na história um tipo de sociedade industrial que não fosse nomeada e produtivamente capitalista, ou seja, não há indústria em uma sociedade que não seja capitalista, pois sempre buscam o lucro. b) A industrialização se iniciou pela produção em pequena escala, localizada em estabelecimentos fabris, com uso de maquinaria e pouca quantidade de mão de obra, com o objetivo de atingir um mercado consumidor próximo. c) A industrialização deve ser entendida como um processo gradual de beneficiamento da matéria-prima e que busca uma distribuição justa da riqueza adquirida. d) A Inglaterra, Bélgica e Japão são considerados as nações pioneiras no processo de industrialização. e) O conceito de industrialização implica uma série de elementos específicos, como as descobertas científicas e seu emprego nas atividades produtivas; uma combinação entre as atividades de produção e de consumo; o mercado; a moeda como instituições que norteiam a troca entre produtores e consumidores, etc. 6. Considerando as reflexões em relação ao conteúdo discutido na Unidade II, analise os itens a seguir: I. A crise do modo de produção comercial em pequena escala na Idade Média contribuiu para a necessidade do desenvolvimento e inovação de máquinas para aumentar a produção nas fábricas. 21 II. Houve uma preocupação para que as cidades crescessem de modo organizado e planejado evitando um grande número de migrantes nos espaços urbanos. III. A industrialização dificultou uma hierarquia entre as cidades, pois todas tinham a mesma função e importância econômica na Idade Moderna. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 7. “Uma das grandes invenções no século XVIII foi a máquina a vapor, tornando possível o uso da energia em todos os artifícios mecânicos, em quantidades maiores do que qualquer outra coisa conseguiria realizar no passado. O mundo mudou mais drasticamente (e mais rapidamente) do que em qualquer outra época desde a invenção da agricultura, cerca de 10 mil anos antes.” ASIMOV, I. Cronologia das Ciências e das Descobertas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p. 395. Aponte a alternativa correta de acordo com o texto e o conteúdo explorado nesta unidade. a) O contexto histórico deste texto mostra o caráter prejudicial da máquina a vapor para a agricultura e para as cidades. b) Pode-se concluir que a máquina a vapor foi decisiva para o advento da Revolução Industrial, contribuindo para uma transformação profunda no âmbito da produção. c) O texto reflete o que foi dito na Unidade II sobre os aspectos negativos da mudança drástica e rápida que a Revolução Industrial provocou nas cidades. d) A máquina a vapor acelerou o ritmo de produção e era eficiente porque funcionava à base de eletricidade. e) Verificou-se nesta unidade, e por meio do texto, que a agricultura, se tornou um obstáculo para o desenvolvimento da indústria com uma resistência da população em migrar para as áreas urbanas. 8. Considerando as reflexões em relação ao conteúdo discutidos na unidade II, analise os itens a seguir: I. A atividade industrial contribuiu para que o processo de urbanização se tornasse mais intenso em determinadas regiões da Inglaterra a partir do século XVIII. II. Diversos agricultores, comerciantes e artesãos conseguiram bons empregos nas fábricas após um período de treinamento e adaptação nestes novos ambientes das cidades. III. Embora as fábricas contribuíssem para o desenvolvimento econômico das cidades, elas eram ambientes insalubres e locais que contribuíam para o aumento da poluição atmosférica e dos rios ao seu redor. É correto o que se afirma somente em: 22 a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 23 ANÁLISE DA CIDADE CONTEMPORÂNEA UNIDADE 03 24 3.1 DINÂMICAS DE CRESCIMENTO DA CIDADE CONTEMPORÂNEA A aprendizagem da Geografia Urbana deve ser realizada de modo que se entenda o contexto histórico da formação das cidades, verificado nas unidades anteriores, e os fatores que direcionaram o crescimento da cidade contemporânea. Nas últimas décadas do século XX verifica-se a formação de cidades contemporâ- neas, localizadas não somente em países desenvolvidos, mas em países emergentes en- volvidos pelo processo de globalização, no qual existe um crescente fluxo de circulação de pessoas, mercadorias, capitais e informações. Neste período, conhecido agora como capi- talismo financeiro-monopolista, ocorre um crescimento acelerado da economia capitalista no qual bancos e outras instituições financeiras assumem um papel central no desenvol- vimento econômico e no surgimento de grandes corporações. Durante o período do século XV já se verificava o início da globalização, no qual as ci- dades rompiam suas muralhas medievais para expandir suas relações comerciais e indus- triais. Após a Revolução Industrial, este processo se torna mais intenso por meio da rápida expansão urbana através de investimentos nos transportes. Entender as diferentes fases do capitalismo e da globalização possibilita uma melhor compreensão da globalização presente nas cidades no período atual, no qual predomina uma revolução tecnológica da eletrônica e da Internet, possibilitando maior independência dos espaços periféricos das cidades (TURCZYN, 2019). Deste modo, o crescimento das cidades é pautado pela revolução tecnológica, mar- cado pelas complexas tecnologias da informação e investimentos no conhecimento cientí- fico e crescimento da produtividade, no contexto de uma economia global com acelerado fluxo de informações, capitais e mercadorias. As cidades contemporâneas possuem uma dinâmica de crescimento descentraliza- do, no contexto da globalização, de modo que ocorre uma conexão das áreas periféricas que se integram às áreas centrais através do intenso fluxo promovido por diversas ativida- des econômicas no espaço urbano. Diversos estudos buscam entender as aglomerações que ocorrem distantes dos grandes centros urbanos, sendo um processo denominado como suburbanização e que, embora possuam transportes públicos e tecnologias que integram estes espaços residen- ciais e comerciais que se expandem principalmente no entorno de rodovias e outros eixos viários, possuem uma relação de dependência com os espaços centrais das cidades (HALL, 2011). Algumas pesquisas indicam que este crescimento das cidades nas margens das ro- dovias se iniciou em 1950 nos EUA, onde ocorreu uma rápida expansão da urbanização em algumas cidades que tiveram grande adensamento das suas bordas. Este fenômeno de urbanização periférica, conhecidocomo edge city, posteriormente ocorreu também em outras regiões da América Latina nas últimas décadas (GARREAU, 1991). No Brasil, esta periferização foi marcada inicialmente pela rápida implantação de conjuntos habitacionais ocupados por famílias de baixa renda. Posteriormente, a paisa- gem da periferia ficou caracterizada pela construção dos chamados enclaves fortificados, que são condomínios residenciais fechados com investimentos em segurança, além de espaços de lazer e comércio próximos como a construção de shopping centers. Por outro lado, novos loteamentos fechados surgem sem considerar a importância da preservação de Áreas de Proteção Permanente (APP), conforme ilustrado na Figura 7. O rápido crescimento dos empreendimentos imobiliários não respeita os aspectos naturais 25 de algumas bacias hidrográficas que são áreas lentamente degradadas devido o crescente descarte irregular de resíduos no meio ambiente. Figura 7: Exemplo de loteamento na região metropolitana de Campi- nas, estado de São Paulo, margeados em áreas de APP. Fonte: TURCZYN (2019) Deste modo, verifica-se que não existe um único elemento norteador de crescimen- to como ocorria nas cidades medievais, com os castelos, ou com as cidades industriais do período da Revolução Industrial. Por meio da estagnação urbana das áreas centrais, há um fenômeno de crescimento das periferias e que, embora possuam diversos problemas ambientais e sociais, são independentes e marcadas por áreas residenciais, industriais e de lazer, conforme o interesse imobiliário e o Plano Diretor de cada cidade. 3.2 A CIDADE CONTEMPORÂNEA E A REDE URBANA O processo de urbanização e o desenvolvimento industrial e comercial contribuem para o estabelecimento da rede urbana que pode ser definido como um conjunto de cida- des interligadas umas às outras pelo sistema de transportes e comunicações. Inicialmente, as redes urbanas se estabelecem em algumas cidades de maior desenvolvimento econô- mico, mas com o advento da globalização em todo espaço geográfico e maior fluidez entre pessoas, transportes e mercadorias diversas, a rede urbana adquire amplitude mundial. As maiores redes urbanas do período contemporâneo estão localizadas em regiões mais industrializadas e urbanizadas dos países desenvolvidos, como Estados Unidos, Ja- pão e Inglaterra por exemplo. São regiões nas quais ocorreram rápido desenvolvimento econômico e que hoje se concentram a sede de grandes empresas multinacionais e que apresentam grande fluidez econômica. Conforme a quantidade e complexidade de bens e serviços apresentados por uma cidade, ocorre uma capacidade de atração ou influência de áreas vizinhas ao redor. Deste modo, conforme o papel que a cidade desempenha como centro polarizador e as relações que as cidades estabelecem entre si configura uma hierarquia urbana. A hierarquia estabelecida no século XIX se baseava em um modelo rígido e vertica- lizado, com uma cidade menor com mais dependência por outra cidade maior, apresen- 26 tando pouca fluidez para espaços fora desta área de influência devido à dependência en- tre estas áreas urbanas, conforme o esquema clássico da Figura 5. Porém, a partir de 1970 ocorre uma nova configuração desta hierarquia urbana (SANTOS, 1997). Figura 8: Ilustração comparativa do esquema clássico e atual da rede urbana Fonte: Santos (1997. p.55) Através da Revolução Técnico-científica e modernização dos transportes, as cidades se tornaram mais independentes e não se relacionavam mais apenas com a cidade mais próxima, mas com metrópoles que estão mais distantes, conectando uma cidade local com várias outras metrópoles, de acordo com o esquema atual da Figura 8. E assim, a po- pulação de cidades menores pode estar mais integrada aos grandes centros urbanos por meio deste avanço tecnológico que interliga cidades de tamanhos e características distin- tas. Neste contexto de hierarquia urbana, as cidades contemporâneas apresentam maior conexão com metrópoles que apresentam um crescimento urbano descontínuo em seus núcleos urbanos. Esta nova morfologia urbana pode ser percebida em mapas urbanos com diferentes densidades populacionais, conforme exemplificado no mapa de Campinas na Figura 9. Muitas vezes existem áreas periféricas com expansões residenciais separadas por áreas de baixa ou nenhuma ocupação devido à especulação imobiliária e os múltiplos usos do solo (TURCZYN, 2019). Figura 9: Mapa do adensamento populacional da cidade de Campinas- Fonte: Plano Direto de Campinas (2017) 27 As cidades contemporâneas apresentam constantes transformações e refletem o contexto econômico e social no qual estão inseridas. Muitas vezes possuem diferentes graus de ocupação, conforme visto no mapa anterior, e um contraste em suas paisagens e arquitetura, devido às grandes desigualdades sociais que se mostram em um espaço urbano de grande fluidez de pessoas, transportes, mercadorias e informações. Verificare- mos no próximo capítulo como se articula estas relações entre o espaço urbano e rural que passaram a assumir novos papéis nas últimas décadas. A agricultura, que surgiu há cerca de 10 mil anos, é uma das mais antigas atividades humanas e contribuiu para a formação das primeiras sociedades sedentárias no qual o ho- mem começou a produzir seu próprio alimento. A história da agricultura é marcada pelo desenvolvimento de técnicas para superar os desafios do ambiente físico, como diferentes tipos de solos, climas, geologia por exemplo, e para abastecer a demanda crescente da po- pulação que migrava gradativamente para os espaços urbanos. Nas últimas décadas, as atividades agrícolas praticadas no espaço rural tiveram in- terferência de novas tecnologias, no qual ocorreu a presença de um maior número de máquinas agrícolas e menor quantidade de trabalhadores em determinadas atividades manuais. Embora esta modernização do campo tenha gerado maior produtividade, houve uma transferência de grande parcela da população do espaço rural para as cidades em diversos países, como o Brasil. A relação cidade-campo foi se alterando no decorrer do tempo histórico, sendo algu- mas vezes de modo conflitante, como ocorreu no período medieval, e em outros momen- tos foi mais pacífico, como na Idade Moderna por exemplo. Diversas cidades com maior desenvolvimento econômico e industrial se caracterizam hoje por serem o centro de to- madas de decisão e acumulação de riquezas, no qual seus interesses penetram e interfe- rem diretamente na configuração do espaço agrário (LEFEBVRE, 2011). O espaço rural e o espaço urbano possuem suas especificidades e são complemen- tares, pois à medida que a cidade fornece maior tecnologia para o campo ocorre maior produção de alimentos para suprir a demanda de cidades de diferentes tamanhos. Porém, o projeto de expansão de uma cidade, delineado em um Plano Diretor, deve considerar as áreas de biodiversidade presentes no campo e que devem ser preservadas de modo que os recursos naturais não sejam contaminados pelo excesso de poluição gerado em diver- sos pontos dos espaços urbanos. Essa nova configuração do espaço rural foi denominada de “novo rural”, no qual ocor- reu o desenvolvimento e maior importância de novas atividades a partir da década de 1980. Também é usado o conceito de pluriatividade para denominar a diversificação das ativida- des produtivas dentro da mesma área ou da mesma propriedade rural. Atividades de lazer e pequenos negócios foram transformados em novas oportunidades de renda para novos empreendedores residentes nas cidades e novas opções de trabalho para os habitantes de áreas rurais. Alguns exemplos dessas atividades no espaço rural foi a piscicultura, a criação de pequenos animais, a fruticultura de mesa e o plantio de flores, conforme exemplificado na Figura 10. 3.3 NOVAS RELAÇÕES ENTRE O ESPAÇO URBANO E RURAL 28 Figura 10: Plantação de crisântemos em estufa em São José do Vale do Rio Preto (RJ). Fonte: Luciana Whitaker (2014) Com a diminuição das áreasverdes e dos espaços de lazer nas cidades, incremen- tou-se atividades rurais não agrícolas para explorar o turismo rural e satisfazer os interesses da população urbana. Deste modo, surgiram atividades ligadas à moradia, à prestação de serviços, ao lazer, dentre outras que buscavam uma melhor integração dos habitantes das cidades com as paisagens naturais presentes no campo. Um exemplo disso são as cons- truções rurais, seja de casas de luxo, como segunda moradia das populações de mais alta renda em chácaras e sítios de lazer, seja de casas populares para as populações de baixa renda, que buscam no meio rural uma forma mais tranquila e barata de obter moradia. Diversas estruturas são construídas no espaço rural, como hotéis fazendas e parques voltados para as pessoas que buscam tranquilidade da vida agitada dos grandes centros urbanos, além de locais com atividades direcionadas para aqueles que buscam sair da rotina para vivenciar a prática de esportes radicais como tirolesa, arvorismo, rapel e ca- minhadas em trilhas monitoradas. Podemos citar ainda o desenvolvimento de atividades agroindustriais derivadas do processamento de produtos agrícolas, como a fabricação de doces e geleias, açúcar mascavo, aguardente, etc. Diante destas transformações espaciais, verifica-se que as cidades pequenas e mé- dias se tornam a base de operações de agroindústrias, e as cidades grandes são fornecedo- ras de implementos e tecnologia para a agricultura intensiva em um campo modernizado. Esta modernização é acompanhada por alguns desafios, como a crescente desigualdade social na cidade e no campo, os embates de diferentes classes sociais em conflitos ainda não superados e uma visível segregação socioespacial desencadeada por interesses diver- sos pelo uso e ocupação do solo (ELIAS et al., 2016). Esta nova configuração das relações entre cidade e campo contribuiu para a importância do agronegócio, que foi responsável por 23% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no ano de 2017, de acordo com o IBGE. O aumento da produtividade e participação no comércio mundial é acompanhado pela modernização da agropecuária e de todas as atividades de transformação e distribuição de alimentos e matérias-primas agrícolas para diversos países (FIORAVANTI, 2018). FIQUE ATENTO 29 O estatuto da cidade foi aprovado em 10 de julho de 2001, com o intuito de promover um desenvolvimento mais equilibrado das cidades e minimizar as desigualdades sociais e econômicas, por meio da implementação de uma gestão democrática promover me- canismos para a regularização fundiária, enfrentar a especulação imobiliária e garantir a sustentabilidade ambiental e social das cidades. Nas últimas décadas do século XX, houve intenso êxodo rural no Brasil, com rápida ocupação e uso de áreas que muitas vezes não foram planejadas para determinadas fi- nalidades. Para melhor regulamentar este crescimento pode-se citar a criação de instru- mentos da política urbana, como por exemplo, o Plano Diretor, que é um documento que deve ser obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, no qual estabelece um diagnóstico dos empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental e estabelece um prognóstico para um desenvolvimento mais harmonioso dos diversos es- paços de uma cidade, por meio da participação da sociedade civil nos processos decisórios. De acordo com a Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, a política de desenvolvimento ur- bano será referenciada pelo artigo 2º que possui as seguintes diretrizes: 3.4 A GESTÃO URBANA E O ESTATUTO DA CIDADE I. garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presen- tes e futuras gerações; II. gestão democrática por meio da participação da po- pulação e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; III. cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbaniza- ção, em atendimento ao interesse social; IV. planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades eco- nômicas do Município e do território sob sua área de in- fluência, de modo a evitar e corrigir as distorções do cres- cimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V. oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; VI. ordenação e controle do uso do solo; VII. integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento so- cioeconômico do Município e do território sob sua área de influência; VIII. adoção de padrões de produção e con- sumo de bens e serviços e de expansão urbana compatí- veis com os limites da sustentabilidade ambiental, social 30 e econômica do Município e do território sob sua área de influência; IX. justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; X. adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objeti- vos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI. recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; XII. proteção, preservação e recuperação do meio am- biente natural e construído, do patrimônio cultural, his- tórico, artístico, paisagístico e arqueológico; XIII. audiência do Poder Público municipal e da popu- lação interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos poten- cialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população; XIV. regularização fundiária e urbanização de áreas ocu- padas por população de baixa renda mediante o esta- belecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; XV. simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; XVI. isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e ativida- des relativos ao processo de urbanização, atendido o in- teresse social (BRASIL, 2001). Outro instrumento importante estabelecido foi o Estudo Prévio de Impacto Ambien- tal (EIA) e Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV). Diante do interesse de grandes empresas se instalarem em algumas cidades, mas que deveriam considerar determinadas diretrizes para não ocorrer substanciais mudanças ambientais e não degradassem os re- cursos naturais existentes e sua biodiversidade local. Infelizmente, diversas cidades grandes que atingiram rápida urbanização e indus- trialização, acompanhado pelo aumento de diversos problemas ambientais e sociais, ne- cessitam de políticas públicas específicas e que sejam contínuas, pois com as mudanças de gestão ocorre uma ruptura do planejamento estabelecimento, seja por questões eco- nômicas ou ideológicas, dificultando uma gestão eficiente. A complexidade que envolve o planejamento e gestão urbana é que qualquer altera- ção espacial em determinada parte da cidade pode afetar em novas mudanças de outros espaços físicos. O desenvolvimento estratégico de uma cidade envolve toda uma logística e serviços urbanos que hoje são conectados e podem ser influenciados positivamente ou 31 não por decisões administrativas que consideram toda organização da infraestrutura ur- bana. Um novo conceito de gestão sustentável das cidades tem sido implantado em algu- mascidades da Europa e no Brasil, envolvendo a dimensão ambiental, social e econômi- ca, denominado de Smart Cities. Este novo conceito abrange uma maior integração dos serviços urbanos articulados às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), no contexto da Revolução Técnico-científica (ALVES; DIAS; SEIXAS, 2019). Deste modo, poderia haver uma gestão mais eficiente dos espaços urbanos por meio de sistemas que proporcionem uma melhor qualidade de vida por meio da interação e conexão entre os diversos setores, como transportes, energia e segurança, por exemplo. Espera-se que haja mais investimentos para se colocar em práticas as metas estabelecidas nos planos diretores de cada cidade e em projetos para difusão destas cidades inteligen- tes, com redução da desigualdade social. Embora este projeto inovador de smart cities busque melhorar os indicadores de acesso às novas tecnologias, mobilidade e comunicação, não se pode esquecer outros setores carentes de infraestrutura que também merecem atenção, como o saneamento básico. Diversos muni- cípios do Brasil precisam repensar sua gestão para que os investimentos em educação, saúde e habitação possibilitem reduzir a desigualdade social. VAMOS PENSAR? O Livro Direito e Ambiente: Políticas de Cidades Socioambientalmente Sus- tentáveis, organizado por Adir Ubaldo Rech, Cleide Calgaro e Marcia Andrea Bühring, trata dos instrumentos jurídicos, políticas públicas e sociais nos espaços urbanos considerados socioambientalmente sustentáveis, e está disponível na biblioteca virtual Pearson. Link: https://bit.ly/3G3OKM8. Acesso em: 03 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/3G3OKM8 32 1. Nesta unidade verificamos sobre a importância do estudo das dinâmicas de crescimento da cidade contemporânea. Sobre este tema marque o item correto: a) As cidades contemporâneas são marcadas por uma revolução tecnológica que possibilitam maior independência dos espaços periféricos, sendo um processo que predomina nos países desenvolvidos. b) A dinâmica de crescimento das cidades contemporâneas é centralizada em fluxos voltados para os núcleos centrais que concentram as grandes empresas financeiras e comerciais, sem articulação com os espaços periféricos. c) O fenômeno de urbanização periférica conhecido como edge city, no qual ocorreu o crescimento das cidades nas margens das rodovias, se iniciou-se nos EUA e se difundiu em outras cidades da América Latina. d) O fenômeno da periferização no Brasil foi marcado inicialmente pela rápida construção dos chamados enclaves fortificados, que são condomínios residenciais fechados com investimentos em segurança, excluindo as famílias de baixa renda dos espaços periféricos. e) Os novos loteamentos fechados surgidos nas grandes cidades do Brasil consideraram em seus projetos de implantação a importância da preservação de Áreas de Proteção Permanente (APP), mostrando a importância de se praticar o desenvolvimento sustentável. 2. Considerando as reflexões em relação ao conteúdo discutidos sobre a cidade contemporânea e a rede urbana, analise os itens a seguir. I. A formação de uma rede urbana em determinada região considera um conjunto de cidades interligadas umas às outras pelo sistema de transportes e os diversos fluxos que ocorrem entre elas. II. As maiores redes urbanas do período contemporâneo estão localizadas em regiões mais industrializadas e urbanizadas do mundo, como regiões da América latina, África e Ásia. III. A rede urbana atual possui uma hierarquia mais flexível no qual cidades se tornaram mais independentes e não se relacionavam mais apenas com a cidade mais próxima, mas são conectadas com diversas cidades no espaço globalizado. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 3. Em relação às relações entre cidade e campo, marque o item correto: a) Nas últimas décadas, embora o espaço rural tenha se modernizado há uma independência em relação às atividades do espaço urbano que não se integram e continuam independentes. b) O espaço rural adquiriu uma nova configuração nos últimos anos. Alguns exemplos FIXANDO O CONTEÚDO 33 dessas novas atividades são a piscicultura, o ecoturismo, a fruticultura de mesa e o plantio de flores. c) Algumas atividades não contribuem para conectar os espaços rurais e urbanos e um destes exemplos é a pouca oferta e demanda para explorar o turismo rural por meio de empreendimentos como hotéis fazendas e aluguéis de chácaras. d) O espaço rural e o espaço urbano possuem suas especificidades e são complementares, ou seja, o espaço urbano possui empresas que geram poluição, mas que não afetam o espaço rural, pois ambos são considerados sustentáveis. e) A relação cidade-campo foi se alterando no decorrer do tempo histórico, embora na Idade Média e Moderna ocorreu pacificamente a integração entre estes espaços sem ocorrer conflitos de interesses. 4. Marque o item correto sobre a gestão urbana e o estatuto da cidade: a) O Plano Diretor é um documento que deve ser obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, no qual estabelece um diagnóstico dos empreendimentos com significativo impacto ambiental e estabelece metas para um melhor desenvolvimento econômico das cidades. b) A política de desenvolvimento urbano não garante uma gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade pois as decisões são centralizadas só com o poder municipal e estadual. c) O estatuto da cidade não prevê a oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços adequados aos interesses e necessidades da população, pois estes geralmente são providenciados pelo poder privado. d) Em relação ao uso e ocupação do solo, existe poucas medidas com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais para a população. e) O estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) é um antigo documento utilizado por empreendimentos do espaço rural para regularizar a poluição emitida, mas que não é mais utilizado hoje em dia. 5. Considerando as reflexões em relação aos conteúdos discutidos sobre a cidade contemporânea, analise os itens a seguir: I. Nesta unidade verificou-se os fatores que direcionaram o crescimento da cidade contemporânea considerando aspetos sociais, econômicos e ambientais. II. Embora em diversas cidades do Brasil tenham ocorrido uma rápida urbanização e industrialização, é possível haver um bom desenvolvimento se investirem em políticas públicas e considerarem os instrumentos de gestão urbana para solucionar os problemas sociais e ambientais. III. Nas últimas décadas, as áreas que mais cresceram das grandes cidades foram as áreas centrais ou próximas, pois são mais valorizadas, enquanto permanecem espaços obsoletos na periferia com pouco interesse de uso e ocupação. É correto o que se afirma somente em: a) I. 34 b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 6. (UNCISAL – adaptado) Assinale a opção correta sobre o processo de urbanização: a) No Brasil, a modernização do campo teve relação direta com a aceleração da urbanização, caracterizada por uma integração do espaço rural e urbano que se disseminou por várias regiões brasileiras. b) Embora no mundo globalizado a tendência migratória campo-cidade seja pequena, o Brasil, em função da desorganização econômica e social e das ilusões de que a vida nas cidades apresenta mais perspectivas, mantém taxas elevadas de fluxo migratório. c) Um ritmo de crescimento das metrópoles tão elevado, como o do Brasil, corresponde a índices equivalentes de crescimento industrial. Assim, a maior parte da população que se dirige às cidades é empregada no setor secundário. d) Embora o ritmo de urbanização e metropolização no Brasil tenham sido muito elevados, o fenômeno ficou restrito às regiões Sul e Sudeste, pois foi justamente nessas regiões que ocorreu o maior crescimento industrial. e) A urbanização brasileira indica definitivamentea passagem de nosso país para o estágio de país desenvolvido e moderno. Sabe-se que todos os países considerados desenvolvidos são aqueles que apresentam elevados índices de urbanização. 7. (UFPA – adaptado) Em relação aos diversos conflitos e consequências decorrentes do processo de urbanização, marque o item correto: a) Entre essas repercussões, as contradições urbanas fizeram surgir, sobretudo nos grandes aglomerados, uma cidade formal e outra informal que pouco se diferenciam na organização espacial, porém a precariedade do saneamento básico é um dos itens que as tornam diferentes. b) O aumento da procura por espaços para habitação em áreas de proteção ambiental pelas populações pobres em cidades de países periféricos e emergentes, gera a disseminação de ocupações irregulares, com a intensa degradação desse meio ambiente. c) O mercado imobiliário do Brasil, ao transformar a ocupação domiciliar em um produto, uma mercadoria, beneficia tanto as classes economicamente privilegiadas como as menos favorecidas, através do acesso às áreas de melhor localização que, geralmente, são dotadas de serviços de esgoto e água potável. d) Um ambiente urbano ecologicamente equilibrado ocorre em alguns locais do Brasil onde tanto as populações pobres como as economicamente privilegiadas vivenciam acesso à moradia de qualidade, o uso sustentável de seus recursos naturais e a redução da poluição a níveis considerados aceitáveis. e) Uma desigualdade espacial ocorre em diversas cidades do Brasil lentamente, denunciando que as populações pobres têm sido submetidas a processos de segregação voluntária, uma vez que são induzidas a deslocamentos para áreas nobres, tendo como consequência a proliferação de doenças endêmicas. 8. (UFRGS – adaptado) A evolução da população nas cidades contemporâneas do Brasil, 35 nas últimas décadas, pode ser explicada pelos seguintes fatores: a) Migração campo-cidade e a reforma agrária. b) Mecanização da agricultura e a reforma agrária. c) A mecanização da agricultura e a migração campo-cidade. d) Migração campo-cidade e a crise do petróleo. e) Criação do estatuto da cidade e a crise do petróleo. 36 A QUESTÃO URBANA OBSERVANDO AS RELAÇÕES INTER E INTRAURBANA, E OS DESDOBRAMENTOS DESTAS RELAÇÕES NA PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO UNIDADE 04 37 Verificamos na unidade anterior as dinâmicas e características de crescimento das cidades contemporâneas. Agora analisaremos a questão urbana considerando as relações inter e intraurbana, ou seja, as implicações externas e internas que contribuíram para o processo de formação do espaço urbano. As últimas décadas do século XX foram marcadas por intenso êxodo rural e esta mi- gração crescente para as cidades ocorreu devido a diversos fatores, como a mecanização da agricultura, concentração fundiária, falta de política agrária e incentivo aos produtores rurais e uma busca por melhores condições de vida nos centros urbanos que ofereciam oportunidades de emprego em diversos setores. Neste contexto, ocorreu uma rápida urbanização de diversas metrópoles no Brasil que concentravam diversas empresas comerciais, industriais e bancárias, no qual agre- gavam diversos serviços para polarizar as cidades ao seu redor e assim formar as regiões metropolitanas. Deste modo, ocorreu um processo de verticalização e adensamento das áreas urbanizadas devido a demanda por habitações e de novos loteamentos que foram se formando principalmente em áreas periféricas. Em algumas regiões, esta expansão fí- sica das áreas urbanas interligou cidades vizinhas e este processo ficou conhecido como conurbação. Este processo de expansão urbana que ocorreu nas cidades grandes e médias con- tribuiu para desencadear fatores positivos como maior infraestrutura de transportes para o intenso fluxo de pessoas entre áreas centrais e periféricas e investimentos em telecomu- nicações como instalação de redes telefônicas e de Internet em diversas áreas distantes da cidade. Porém, esta urbanização em áreas periféricas nem sempre teve um planejamento e investimento necessários para instalação de um sistema de água, esgoto, drenagem ur- bana e coleta de lixo, sendo regiões carentes de saneamento básico e sem preservação dos recursos naturais. Embora algumas áreas periféricas existam condomínios fechados de alto padrão, o que ocorre na maioria das vezes é um predomínio de uma população de baixa renda em loteamentos irregulares, carentes de serviços básicos de infraestrutura e políticas públi- cas, sendo expostos a riscos ambientais, como alagamentos e deslizamentos de terra por exemplo, no qual vai ocorrendo um acúmulo de diversos problemas que contribuem para situações de vulnerabilidade socioambiental (ALVES et al., 2009). Para se entender melhor este processo de expansão urbana, que muitas vezes ocor- re de modo desordenado e sem a devida fiscalização, se busca o auxílio de novas tecnolo- gias como o sensoriamento remoto e o geoprocessamento que contribuem para mapear e mostrar os detalhes de crescimento das cidades. Deste modo, órgãos públicos e privados podem coletar informações de locais com maior degradação do meio ambiente, princi- palmente em áreas periurbanas, ou seja, zonas de transição entre o espaço urbano e rural onde ocorre um aumento populacional com o uso diversificado do solo devido este cresci- mento das cidades (PARKINSON; TAYLER, 2003). Um dos maiores problemas destes locais de vulnerabilidade socioambiental em áre- as periurbanas nos países em desenvolvimento ou emergentes é a necessidade de con- sumo de água não tratada e a falta de saneamento básico. Em alguns casos, existem mo- radias com esgoto a céu aberto e águas residuais misturadas com efluentes industriais 4.1 O PROCESSO DE EXPANSÃO E ESPECULAÇÃO URBANA, E AS SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 38 despejadas em terrenos próximos que contribuem para a proliferação de doenças, confor- me ilustrado na Figura 11. Figura 11: Área periurbana de vulnerabilidade socioambiental na Índia Fonte: Parkinson;Tayler (2003) Deste modo, verifica-se que através do processo de expansão urbana, enquanto al- gumas áreas periféricas se concentra a população de baixa renda, com aumento da vulne- rabilidade socioambiental, em outras regiões o solo constitui-se uma mercadoria valoriza- da, excluindo determinadas famílias no processo de aquisição destes lotes, contribuindo para a segregação social e especulação no mercado imobiliário. Esta especulação é explicada por ocorrer uma superposição de um sítio social ao sítio natural, pois determinados bairros são considerados com uma localização mais privi- legiada e com investimentos do setor privado em infraestrutura, no qual há uma seletivi- dade de renda para se ter acesso, enquanto áreas com falta de políticas públicas residem famílias com menor poder aquisitivos. Assim, há um contraste de construções de acordo com o interesse do mercado imobiliário e do uso e ocupação do solo, conforme exemplifi- cado na Figura 12 (SANTOS, 2008). Figura 12: Especulação imobiliária e ocupação territorial em Palmas - TO Fonte: Amaral (2009) As cidades que estão constantemente em processo de expansão urbana e em trans- formação de acordo com interesses econômicos são marcadas por desigualdades socioe- conômicas e contrastes nas suas paisagens de acordo com sua localização. Cabe ao poder público rever os planos diretores de cada cidade e verificar as áreas de maior vulnerabi- lidade social para direcionar políticas públicas e contribuir para minimizar os problemas urbanos existentes. 39 4.2 A QUESTÃO DA PERIFERIZAÇÃO E AS NOVAS FUNCIONALIDADES DO ESPAÇO URBANO Como verificado anteriormente, a expansão dos espaços periféricos das cidades con- tribui para uma diferenciação destes espaços de acordo com sua valorização, no qual exis- tem loteamentos com a presença de condomínios fechados com maior segurança e con- forto, e bairros com menor infraestrutura e habitações irregulares que contribuempara a formação de favelas. No contexto da globalização técnico-científica, algumas áreas se modernizam rapi- damente e com uma dinâmica de atrair determinadas classes sociais de acordo com as no- vas funcionalidades que são atribuídas. Deste modo, surgem regiões periféricas considera- das tecnopolos, outros espaços adquirem funcionalidade turística, alguns são destinados a serem centros comerciais com a instalação de shopping centers e outros têm um lento processo de ocupação devido a sua valorização e especulação imobiliária. Muitas vezes, as empresas estabelecem estratégias para sua instalação em uma ci- dade e se organizam em polos tecnológicos ou tecnopolos, próximos a universidades e centros de pesquisa que possuem mão de obra qualificada para o desenvolvimento em áreas de alta tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento e o melhoramento de pro- dutos. Temos como exemplo os polos tecnológicos de Campinas, estado de São Paulo, localizados em bairros periféricos, próximos à Universidade Estadual de Campinas (Uni- camp), e com fácil acesso por diversas rodovias do estado. Em algumas cidades, as áreas periféricas são destinadas com finalidades turísticas atraindo pessoas que buscam uma fuga de seu trabalho e em busca de lazer e entrete- nimento. Um exemplo é a cidade de Aquiraz, no litoral cearense, no qual ocorreu a apro- priação de uma bela paisagem natural para se tornar um espaço turístico de lazer, com a instalação de hotéis, resorts e parques aquáticos. Embora haja maior valorização e infraes- trutura urbana é preciso considerar a formação de espaços de exclusão social e sem a de- vida preocupação com a preservação ambiental (CORIOLANO; BARBOSA; SAMPAIO, 2010). A relação entre segregação residencial e a periferização ocorre em diversas cidades do Brasil e do mundo. São marcadas por habitações carentes de infraestrutura, no qual reside uma parte da população que não tem condições financeiras de morar em áreas centrais, e em alguns locais predomina condomínios de alto padrão para uma parcela da população que busca mais segurança e tranquilidade. As novas funcionalidades presen- tes nestes espaços contribuem para acumulação de capital e oportunidades de emprego, mas reforçam estas desigualdades físicas e sociais. O Livro A cidade contemporânea – segregação espacial, organizado por Pedro de Almeida Vasconcelos, Roberto Lobato Corrêa e Silva Maria Pintaudi, contribui para o aprofundamento desta temática, com uma caracterização da produção do espaço urbano por meio do processo de segregação socioespacial no atual sistema capitalista, e está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Link: https:// bit.ly/3lXqWln. Acesso em: 10 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS https://bit.ly/3lXqWln https://bit.ly/3lXqWln 40 1. Nesta unidade verificamos o processo de expansão e especulação urbana. Sobre este tema, marque o item correto: a) Embora nas últimas décadas do século XX tenha ocorrido grande êxodo rural, isto não foi suficiente para a expansão de diversas cidades no Brasil que ainda continuam com crescimento estagnado. b) O século XXI foi marcado por uma política agrária eficiente e incentivo aos produtores rurais que tem melhorado suas condições de vida no campo. c) A rápida urbanização de diversas metrópoles no Brasil foi caracterizada por atrair maior população devido à concentração de diversas empresas comerciais, industriais e bancárias no qual agregam diversos serviços. d) A valorização de alguns loteamentos contribuiu para atrair uma população de maior poder aquisitivo para as áreas centrais e expandir horizontalmente as cidades. e) A expansão física das áreas urbanas interligou cidades vizinhas e este processo ficou conhecido como conurbação, pois conectou espacialmente as cidades médias e pequenas. 2. Considerando as reflexões em relação ao conteúdo discutido nesta unidade sobre as situações de vulnerabilidade socioambiental, analise os itens a seguir. I. A demanda por habitações e de novos loteamentos que foram se formando, principalmente em áreas periféricas sem infraestrutura básica, contribuiu para a vulnerabilidade socioambiental. II. Um doa maiores problemas dos locais de vulnerabilidade socioambiental é a falta de saneamento básico nas áreas centrais das cidades que pode disseminar diversas doenças. III. Existem diversas construções precárias localizadas em áreas periféricas pouco valorizadas que necessitam de políticas públicas para minimizar a vulnerabilidade socioambiental existente. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 3. Nesta unidade discutimos sobre o processo de periferização e as novas funcionalidades do espaço urbano. Sobre este tema, marque o item correto: a) A expansão dos espaços periféricos das cidades contribui para uma homogeneização destes espaços que costumam ter investimentos do setor privado e público. b) Uma das novas funcionalidades do espaço urbano é agregar determinadas empresas que se instalam estrategicamente em uma cidade e se organizam em polos tecnológicos ou tecnopolos, próximos a universidades e centros de pesquisa que possuem mão de obra FIXANDO O CONTEÚDO 41 qualificada. c) Em algumas cidades, as áreas periféricas são destinadas a finalidades turísticas, atraindo pessoas que buscam lazer e entretenimento. Este fato contribui para minimizar a segregação social e evitar possíveis impactos ambientais. d) As novas funcionalidades presentes nos espaços urbanos contribuem para agravar o desemprego e reduzir os espaços residenciais em áreas periféricas da população com maior poder aquisitivo. e) A instalação de shopping centers em áreas centrais contribui para a valorização destas áreas e inclusão da população carente com a geração de empregos. 4. Considerando a discussão em relação aos conceitos discutidos nesta unidade, analise os itens a seguir. I. A metropolização é um fenômeno que ocorre com a expansão das áreas rurais de diversas metrópoles e grande adensamento em áreas centrais. II. As zonas de transição entre o espaço urbano e rural, onde ocorre um aumento populacional, são denominadas de áreas periurbanas. III. A diminuição dos espaços verdes e a expansão física das áreas urbanas que interliga cidades vizinhas ficou conhecido como periferização. É correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 5. (UFPA – adaptado) No estudo das interações da sociedade com o meio físico devem- se considerar fatores sociais, econômicos, tecnológicos e culturais que influenciam na expansão do espaço urbano. Deste modo, pode-se concluir que: a) As formas de organização e expansão do espaço urbano consideram a dinâmica natural das áreas de várzeas e de terra firme. b) Os aspectos da poluição das águas e descarte irregular dos resíduos sólidos em áreas periféricas são de responsabilidade da população local. c) O modo de vida ribeirinho apresenta resistência diante da pressão da expansão e modernização urbana. d) A favela é um bom indicador da falta de políticas públicas em habitações no qual reside a maioria da população que emigrou do campo e que tem dificuldades para obter moradias de boa qualidade. e) O contraste das diferentes habitações revela as desiguais condições de vida da população que reside em bairros periféricos de uma cidade. 6. (URCA - adaptado) Leia com atenção o trecho da letra da música de Luiz Gonzaga e responda à questão logo a seguir. 42 Pau de Arara Quando eu vim do sertão, seu môço, do meu Bodocó A malota era um saco e o cadeado era um nó Só trazia a coragem e a cara Viajando num pau de arara Eu penei, mas aqui cheguei (bis) Trouxe um triângulo, no matolão Trouxe um gonguê, no matolão Trouxe um zabumba dentro do matolão Xóte, maracatu e baião Tudo isso eu trouxe no meu matola A letra da música pode ser relacionada a qual fenômeno social? a) Periferização. b) Conurbação. c) Êxodo Rural. d) Metropolização e) Favelização. 7. Leia o trecho abaixo e a seguir assinale a questão correta:
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