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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA JOSÉ MAURICIO DA SILVA LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO VOLUME ÚNICO RIO DE JANEIRO 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA JOSÉ MAURICIO DA SILVA LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO Orientador: Profª Drª Claudia Rodrigues-Carvalho Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia. Linha de pesquisa: Povoamento do território brasileiro Rio de Janeiro 2017 CIP - Catalogação na Publicação Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo autor. S581 l Silva, José Mauricio LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO / José Mauricio Silva. -- Rio de Janeiro, 2017. 182 f. Orientadora: Claudia Carvalho Rodrigues. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós Graduação em Arqueologia, 2017. 1. Patrimônio Cultural Arqueológico. 2. Arqueologia Urbana. 3. Arqueologia da Paisagem. 4.Arqueologia Pública. 5. Baixada Fluminense. I. Rodrigues, Claudia Carvalho , orient. II. Título. JOSÉ MAURICIO DA SILVA LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO Orientador: Profª Drª Claudia Rodrigues-Carvalho Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia. Linha de pesquisa: Povoamento do território brasileiro. Rio de Janeiro, 05/10/2017 Banca Examinadora: Presidente, Professora Doutora Claudia Carvalho Rodrigues, Museu Nacional/UFRJ Orientadora Professor, Doutor Ondemar Ferreira Dias Junior - Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB Professor, Doutor Marcos André Torres de Souza - Museu Nacional/UFRJ AGRADECIMENTOS Agradeço à minha mãe e aos meus irmãos, pelo apoio recebido durante à realização desse estudo, sem o qual, certamente as dificuldades teriam sido maiores, especialmente à Maria Inês pelos livros com que fui presenteado e à Sônia Gondim pelos socorros à gramática da língua portuguesa. Agradeço ao meu amigo Levi Corrêa pela disposição em me acompanhar no campo para a localização de sítios arqueológicos. E à minha orientadora pela aceitação como orientando e pela paciência que teve durante a realização desse estudo. RESUMO SILVA, José Mauricio da. Levantamento do Patrimônio Arqueológico de Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Mesquita E Belford Roxo. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017. O trabalho proposto visa a descrição do processo de ocupação sociocultural na região referenciada pelos Rios Iguaçu, Guandu e Santana e os Maciços do Tinguá e Mendanha, verificar a percepção da sociedade sobre o patrimônio cultural arqueológico, a partir do olhar de um segmento social específico e buscar despertar, na sociedade ou sociedades, que ocupam o território estudado, o interesse pelo seu patrimônio cultural arqueológico, fazendo difundir uma ideia de patrimônio, enquanto matéria-prima da indústria turística, valorizando seu potencial socioeconômico e cultural, numa categoria que ao ser reutilizada, será capaz de promover o desenvolvimento sustentável. Nessa região fisiográfica assentam-se os municípios de Nova Iguaçu e seus dissidentes Japeri, Queimados, Mesquita e Belford Roxo e uma pequena parcela do Município de Miguel Pereira que margeia o Rio Santana, limite histórico da Sesmaria que deu origem ao Município de Japeri. Este conjunto forma um território com divisão político-administrativa específica, cujo processo de ocupação humana estende-se do período pré-colonial aos dias de hoje. Aborda-se o patrimônio arqueológico sob a ótica dos fundamentos teóricos sobre o patrimônio cultural, a arqueologia da paisagem, a arqueologia urbana e a arqueologia pública. O grupo tupiguarani, segundo se conhece hoje, caracteriza as culturas nativas, da região descrita, no período Pré-Colonial, conforme apontam trabalhos de Arqueologia executados na área. O Período Colonial inicia pela entrada do europeu, representado pelos portugueses, através do Rio Iguaçu no recôncavo da Baia de Guanabara. A área, ainda hoje, se molda pela dinâmica do processo de urbanização e metropolização da Região Metropolitana do Rio de Janeiro que cresce e altera a paisagem local. Saber onde estão os sítios arqueológicos, como se encontram e como se deu esse processo de apropriação do meio pelas sociedades que atuaram na região é o principal propósito desse projeto. Palavras-chaves: Sítio arqueológico, Rio Iguaçu, Rio Santana, Tinguá e Mendanha. SUMMARY SILVA, José Mauricio da. Levantamento do Patrimônio Arqueológico de Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Mesquita E Belford Roxo. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017. The proposed work aims to survey the archaeological cultural heritage inserted in the region referenced by the Iguaçu, Guandu and Santana Rivers and the Tinguá and Mendanha Massifs, to verify the society's perception of the archaeological cultural heritage, from the perspective of a specific social segment and to seek to awaken in the society or societies that occupy the studied territory, the interest for its archaeological cultural heritage, spreading an idea of heritage, as a raw material for the tourism industry, valuing its socioeconomic and cultural potential, in a category that, when reused, will be able to promote sustainable development. In this physiographic region, the municipalities of Nova Iguaçu and their dissidents Japeri, Queimados, Mesquita and Belford Roxo are based, and a small part of the Municipality of Miguel Pereira that borders Rio Santana, the historical boundary of Sesmaria that gave origin to the Municipality of Japeri, that Together they form a territory with specific political- administrative division, whose process of human occupation extends from the pre-colonial period to the present day. It addresses the archaeological heritage from the perspective of the theoretical foundations on the theme of cultural heritage, preservation and location (local), whose search was initiated in the CNSA of IPHAN, followed by the bibliographical survey carried out in the public archives. Documentary information on the process of space occupation and field surveys through walking and interviews with residents and farmers. The Tupiguarani group, as it is known today, characterizes the native cultures of the region in comment in the Pre-Colonial period, as they point out works of Archeology executed in the area. The Colonial Period begins with the entry of the European, represented by the Portuguese, through the Iguaçu River in the Guanabara Bay Recôncavo. The Area is still shaped by the dynamics of the process of urbanization and metropolization of the Metropolitan Region of Rio de Janeiro that grows and changes the local landscape. Knowing where the archaeological sites are, howthey are and how this process of appropriation of the environment took place by the societies that acted in the region is the main purpose of this projec. Keywords: Archaeological site, Rio Iguaçu, Rio Santana, Tinguá and Mendanha. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 A BAIXADA FLUMINENSE, BREVE PANORAMA 13 3 OS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O ESPAÇO DO ESTUDO 17 3.1 MUNICÍPIO DE JAPERI 17 3.2 MUNICÍPIO QUEIMADOS 28 3.3 MUNICÍPIO DE MESQUITA 30 3.4 MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU 32 3.5 MUNICÍPIO DE BELFORD ROXO 35 4 MATERIAL E MÉTODOS 36 5 O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO ESPAÇO 45 6 ARQUEOLOGIA URBANA 57 7 O PATRIMÔNIO CULTURAL ARQUEOLÓGICO 66 7.1 ESTADO DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICOS 68 8 A ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM 100 9 ARQUEOLOGIA PÚBLICA 121 10 CONCLUSÃO 148 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 150 ANEXO 1 168 ANEXO 2 186 9 1 INTRODUÇÃO A idéia de levantar o patrimônio arqueológico de Nova Iguaçu e arredores surgiu em 1987 quando foi criado o Núcleo de Estudos Arqueológicos - NEA1 que logo depois foi transformado em Instituto Fluminense de Arqueologia - IFA. Desde cedo percebeu-se a carência de trabalhos voltados ao desvendamento dos períodos pré-colonial e histórico na sociedade local. Embora trabalhos arqueológicos venham sendo executados, não são suficientes para a difusão e proteção do valioso acervo da categoria existente na região. Como primeira proposta prática, foi apresentado, na Associação de Moradores e Amigos de Japeri - AMOR-JAP, em 1988, a ideia de fazer a comemoração de fundação do então, 6º Distrito de Nova Iguaçu: Japeri, como parte de resgate de sua identidade cultural, visto que se buscava à época combater a falta de interesse e desprezo das pessoas pelo seu local de moradia. Sendo a ideia, aceita, partiu-se para a prática de campo, buscando documentos e representantes físicos sobre a origem do Distrito. 1 Em 1987 um grupo de estudantes orientados pelo Professor Agenor Rodrigues Pinheiro Valle, da Faculdade de Arqueologia da Universidade Estácio de Sá, criaram uma equipe interdisciplinar constituída por alunos de Arqueologia, Museologia, Comunicação Social, Economia, Geografia e História para estudar a memória cultural de Nova Iguaçu e defender a regulamentação da profissão de arqueólogo. O grupo nomeou essa equipe de Núcleo de Estudos Arqueológico - NEA. 10 Figura 1. O mapa mostra os municípios de Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Belford Roxo e Mesquita no contexto da região Metropolitana e Unidade Federativa do Rio de Janeiro. Fonte: CEPERJ. Não precisou ir longe para tomar conhecimento da falta de informações sobre a História das localidades. As dificuldades conduziram à criação de um grupo de trabalho - GT, destinado à organização e execução do evento. Foi elaborado um plano de trabalho com atividades específicas para cada participante do GT. Entre tais atividades, o trabalho foi dividido em duas frentes chamadas de: 1) levantamento e análise de documentos - documentação escrita, arquivos de igreja, cartórios, contos e lendas, traços comportamentais que pudessem sobressair demonstrando importância e gerasse a valorização da história local. e; 2) prática - entrevistas com pessoas antigas, sítios arqueológicos, fotografias, objetos que pudessem representar, de alguma maneira, o processo de ocupação do espaço territorial de Japeri. O trabalho deveria ser o primeiro de uma série que adquiriria uma tradição. Foi um sucesso, atraiu a atenção da imprensa local e foi bastante divulgado, mas não teve sequência, uma vez que a maioria dos militantes da associação era vinculada aos partidos de esquerda e tensões político-partidária inviabilizaram a realização de outros eventos. Mas o levantamento ganhou força e fez perceber que várias pessoas, de forma isolada, faziam estudos sem uma sistematização, sobre a história do Município de Nova Iguaçu. Havia um problema sério, caracterizado pelo fato dessas pessoas guardarem para si o conhecimento adquirido com seus estudos e houve muita resistência em relação à 11 proposta de disponibilização dos documentos e fontes pesquisadas. A importância estava no fato de serem vistas como os "detentores do conhecimento" e quem quisesse saber alguma coisa teria que ir a eles. Esse era o charme e quebrá-lo foi impossível. Apenas dois, liberaram informações que puderam ajudar no trabalho: Francisco Costa, conhecido como Costinha que veio a ser o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Japeri, quando o Distrito foi emancipado e pai do primeiro Prefeito e o Professor Afrânio Peixoto, que sempre se dedicou ao estudo da História regional. Outro aspecto observado, prende-se à origem "histórica" dos municípios da Baixada Fluminense de uma maneira geral e, neste caso, especialmente de Nova Iguaçu e seus distritos dissidentes e, começa, a partir do século XVI, quando a estrutura política do território se fazia representar pelo tipo de organização tribal que, se constituía, em muitos gentios distribuídos pelo perímetro delimitador da área em comento. Isso, de uma forma geral, nos reportou a uma pergunta, até hoje, sem resposta: "e os nativos, onde se encontram nesse novo período, caracterizado pela invasão dos europeus e domínio de uma população que vinha numa sequência sociocultural e político-econômica por milhares de anos"? Não havia, até 2009, qualquer disponibilização, ao público em geral, de informações sobre os nativos da região e que tipo de herança se faz presente, hoje, representando nossa descendência na miscigenação desse povo, com o invasor europeu e o africano, introduzido de forma forçada para o serviço escravo. Tampouco, há uma consciência sobre, costumes e práticas, herdadas do africano que foi o grande responsável pela construção da nova paisagem na região. Então, questões de memória, identidade e patrimônio, foram surgindo de formas tímidas, mas que foram aos poucos se estruturando e ganhando foco. O presente trabalho pretende a realização do levantamento do patrimônio arqueológico e descrição do panorama da ocupação sociocultural da região referenciada entre os rios Iguaçu, Guandu e Santana e os maciços do Tinguá e Mendanha. Tratar o patrimônio arqueológico, enquanto um importante acervo "ferramental" capaz de alicerçar as bases socioculturais da sociedade, com forte ênfase no potencial econômico, está entre os propósitos, deste estudo. Ainda é perspectivadessa pesquisa, verificar a percepção da sociedade regional sobre o acervo arqueológico do território estudado, através do olhar específico de determinados segmentos sociais, como profissionais da educação e da área cultural. Desta forma, buscar despertar, na sociedade ou sociedades que ocupam o território estudado, o interesse pelo seu patrimônio cultural arqueológico, fazendo difundir uma ideia de patrimônio enquanto matéria- prima da indústria turística, valorizando seu potencial socioeconômico e cultural, numa categoria 12 que, ao ser reutilizada, será capaz de promover o desenvolvimento sustentável. Nessa linha, provocar o interesse em órgãos governamentais, como prefeitura, autarquias, e também nas empresas privadas, a importância desse acervo dentro das atribuições que lhe compete a lei. Um exemplo que pode ser citado, é o do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro - ITERJ, que ao reestruturar seu Regimento Interno, incluiu o acervo arqueológico como proposta de avaliação nos projetos de sua jurisdição, e neste momento, tudo indica será aprovado. 13 2 A BAIXADA FLUMINENSE, BREVE PANORAMA Na perspectiva Geomorfológica, com caráter amplo, a Baixada Fluminense é a faixa de terra, que forma as planícies costeiras, compreendidas por superfícies planas e de baixa altitude que estendem-se desde a linha de costa até as falésias dos Tabuleiros e as encostas da Colinas e Maciços Costeiros, além de acompanharem os vales fluviais que penetram muitos quilômetros para o interior e formam o litoral do Estado do Rio de Janeiro. Na perspectiva Geopolítica e, com caráter estrito, é definida como uma "microrregião" especificada quanto à organização do espaço, com referência à estrutura de produção, agropecuária, parque industrial, extrativismo mineral e pesca, aspectos socioculturais, compreendida por treze municípios, que se tornam distintos e inseridos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A Baixada Fluminense era, em grandes trechos de sua parte, emersa e muito pantanosa, antes da vinda do europeu (BELTRÃO, 2014, 2ª ed. p. 182), o que pode ser confirmado pelo Dicionário Geográfico do Brasil em sua 3ª edição em 18942, quando conceitua Belém, atual Município de Japeri, e pela declaração do governador Manuel de Matos Duarte Silva exaltando a região em apreço em 1930 (SILVA, 1930, p. 31). Foi intensamente ocupada pelo grupo tupiguarani, denominados tupinambá, pelos franceses e tamoios, pelos portugueses que, à época da invasão europeia, ocupava do Cabo de São Tomé, no norte do RJ a Angra dos Reis, passando pelo Vale do Rio Paraíba do Sul, uma das vias de penetração por ele utilizada (BUARQUE, 2000, p. 310). Se a perspectiva de Gaspar (2004, p. 42) para assentamentos de grupos litorâneos puder ser estendida para assentamentos interioranos da região do atual Estado do Rio de Janeiro, especialmente na área estudada, onde predominaram os terrenos alagadiços e pantanosos, seria possível esperar a presença humana em “[...] áreas de inserção ambiental, próximos de enseada, canal, rio, laguna, manguezal e floresta". Dessa forma podemos deduzir que muitos sítios arqueológicos pré-coloniais, poderão ser descobertos, pois além dos rios e florestas que delimitam a ação desta proposta, muitos outros encontram-se no interior do espaço territorial por ele abrangido. A população nativa é, ainda hoje, negada e subestimada nas páginas da História oficial, conforme pode ser observado no artigo do Professor Gênesis Torres3, publicado na Coluna História da Baixada no Portal baixafacil.com.br, onde narra a expulsão dos franceses, a criação da Cidade do Rio de Janeiro em 1565, a distribuição de sesmarias e o consequente aniquilamento dos índios Tupinambá, ficando as terras liberadas à penetração pelos principais rios e livres dos perigos oferecidos pelas 2 Alfredo Moreira Pinto no " Dicionário Geográfico do Brasil", página 243, 3ª edição, 1894, conceitua cinco localidades no Rio de Janeiro com o topônimo Belém. O atual Município de Japeri era uma delas. 3 Gênesis Torres é professor e pesquisador de História, Presidente do Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense, Coordenador do Fórum Cultural da Baixada e foi Subsecretário de Cultura de São João de Meriti. http://genesisptorres.blogspot.com/ http://genesisptorres.blogspot.com/ http://genesisptorres.blogspot.com/ http://www.forumculturalbfluminense.org.br/ http://www.forumculturalbfluminense.org.br/ http://www.forumculturalbfluminense.org.br/ 14 comunidades indígenas. Iniciativas provocadas pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional nº 11.645 de 10 de março de 2008 começam a forçar mudanças no currículo escolar inserindo os temas indígena e africano nas atividades pedagógicas. Um fato importante, porque a História oficial dos municípios, também não aborda a importância da presença da população negra, cuja chegada na região se deu de forma forçada e criminosa, porém incorporada e ativa na construção das paisagens verificadas ao logo do tempo histórico com uma contribuição que precisa ser exaltada no espaço e evidenciada no patrimônio cultural arqueológico, cuja apropriação do meio, pelos conquistadores, teve início na segunda metade do Século XVI, segundo o professor Afrânio Peixoto4 em, entrevista pessoal (1988). Durante muito tempo, as terras da área proposta para estudo, ficaram abandonadas até que, com seus rios desembocando na Baía de Guanabara, foram aos poucos penetradas pelos colonos. As primeiras sesmarias datam de 1568, como a cedida a Brás Cuba com 3000 braças de testada pela costa do mar e 9000 de fundos, pelo Rio Meriti, passando pela aldeia do índios Jacutinga (PEREIRA, 1997, p. 11). Esse processo desencadeou uma nova estrutura histórica na região, superando um sistema societário tribal e instaurando um sistema socioeconômico adverso do nativo e resultando em alterações na paisagem que mudaram radicalmente a estrutura sociocultural local fazendo surgir povoados, vilas, "estradas e produção voltada ao mercado exportador onde antes havia apenas uma produção voltada à subsistência. A Sesmaria cedida a Inácio Dias Velho, em 1743, tendo o Caminho Novo das Minas como testada, e os rios Santana e Guandu como confrontantes, teve seu perímetro ocupado por uma estrutura rural, hoje expressa nas ruínas de povoados, engenhos, caminhos, e até, foi sugerido a hipótese de um morgado, o Morgado de Belém, que faz parte, inclusive do hino municipal de Japeri e temas de carnaval local. Porém, a existência desse morgado não foi confirmado por este estudo, mas colabora na demonstração de como se deu a formação da História no espaço considerado. A Baixada Fluminense adquiriu nova configuração geopolítica oficial a partir do início da década de 1990, conforme pode ser constatado no Programa de Ação Integrada da Baixada Fluminense – PAI, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional – SEDUR, de maio de 1990. Estendeu o conceito de Baixada Fluminense a, além, dos municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, incorporando os que se formaram pelos plebiscitos que emanciparam vários distritos, como Japeri, Queimados, Belford Roxo, Mesquita, Guapimirim, Seropédica e outros municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, como Magé, Itaguaí e Paracambi. 4 Professor Afrânio Peixoto foi um historiador que empenhou-se no estudo da História de Nova Iguaçu, cabendo-lhe a autoria de " Imagens Iguaçuanas", descrevendo a História de Nova Iguaçu. 15 O mapa a seguir, mostra a região de estudo com os municípios de Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Mesquita e Belford Roxo, a serem tratados aqui, que formamum território com área de 796,016 km², ocupado por uma população estimada pelo, IBGE, para 2016 de 1.707,683 habitantes. Figura 2 – Municípios do estudo e seus confrontantes representados na Região Metropolitana do Rio e Janeiro, conforme Lei Complementar nº 158, de 26 de dezembro de 2013, altera o Artigo 1º da Lei Complementar nº. 87, de 16 de dezembro de 1997, com a nova redação dada pela Lei Complementar nº. 97, de 2 de outubro de 2001, a Lei Complementar nº 105, de 4 de julho de 2002, a Lei Complementar nº 130, de 21 de outubro de 2009, e a Lei Complementar nº 133, de 15 de dezembro de 2009. Fonte: CEPERJ-2014. A composição da Baixada Fluminense está vinculada à história de ocupação, através da conquista da terra e da evolução social e econômica do chamado Recôncavo da Guanabara, que fez crescer sua população, principalmente após o Estado Novo que promoveu a industrialização do Brasil, cuja consequência na área comentada, foi o fim do Ciclo Econômico da Laranja e a recepção de grandes massas de população pobre provenientes de várias regiões, ocasionando, nestes municípios, um crescimento demográfico acelerado a partir, principalmente, da década de 1950. No entanto, este crescimento se deu sem as necessárias condições de saúde, educação, saneamento, moradia e infraestrutura urbana e com forte dependência do mercado de trabalho concentrado na Cidade do Rio de Janeiro, gerando um movimento pendular diário entre a metrópole e seu entorno, tendo sido, por isto, denominados “municípios dormitórios”. Em 2005, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Baixada e Região Metropolitana - SEDEBREM, considerava como Baixada 16 Fluminense os seguintes municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica. Tomando como referência a bibliografia levantada durante a execução desse estudo, conclui-se que a ocupação do território no período histórico, formado pelo polígono constituído nos limites referenciados entre os rios Iguaçu, Guandu e Santana e os maciços do Tinguá e Mendanha, deu-se em duas vias principais de acesso, a primeira: a) formada pelo Rio Iguaçu, que alcançou parte de Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo e; b) formada pelo Rio Guandu5, tendo como referência de difusão a Fazenda de Santa Cruz, que foi confrontante com os municípios de Nova Iguaçu, Japeri, Mesquita e Queimados. 5 Isso pode ser observado com mais detalhes na "Planta Corográfica de Huma Parte da Provincia do Rio de Janeiro na qual se inclue a Imperial Fazenda de Santa cruz de 1848". Figura 3- Mapa de 1892 mostrando a região com micro bacias direcionadas à Baia de Sepetiba (Rio Guandu) e Baia da Guanabara (Rio Iguaçu). Fonte: memória757.bloot.com 17 3 OS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O ESPAÇO DO ESTUDO Nesse capítulo apresento as principais características dos municípios inseridos no perímetro do espaço territorial estudado e tem caráter apenas informativo, com exceção de Japeri, em que me aprofundei mais na evolução da história de formação do mesmo, chegando a levantar fontes primárias, confirmadas pelo registro arqueológico que juntos, contrariam a história oficial em muitos aspectos. Talvez o último e único levantamento de dados históricos tenha se dado por determinação do Decreto-Lei 311 de 02 de março de 1938, já citado anteriormente, quando o Estado Novo ordenou o território nacional. Consultar esse material, hoje, é um grande problema, uma vez que a documentação produzida em 1938 e 1939, em conformidade com as normas estabelecidas para o recebimento, aprovação e exposição dos mapas municipais que as prefeituras apresentaram até o dia 31 de dezembro de 1939, conforme Portaria 60, de 22 de junho de 1939 do Conselho Nacional de Geografia, até agora não foi localizado. Isso confirma o descaso com a História local e da História para com o local, uma vez que esses dados são citado pela História, assim como o é o advento da ferrovia, como um fato de importância nacional, mas que em nenhum momento é visto na especificidade localizada em cada unidade política. 3.1 MUNICÍPIO DE JAPERI Figura 4 - Mapa do Município de Japeri. Fonte: Prefeitura Municipal de Japeri. 18 Das tribos Tupiguarani que ocuparam e interagiram com o espaço, até o momento dos primeiros contatos com o invasor europeu, começam a surgir as primeiras evidências arqueológicas com informações que certamente fornecerão, em breve, um novo texto sobre a História local. Após o contato, veio a nova demarcação da terra com a sesmaria, que deu origem ao povoado, evoluído a distrito e, deste, à categoria de Município, o que transcorreram-se, com referência ao ano de 2017, 274 anos de reocupação do espaço territorial que, conforme, vê-se na bibliografia que começa ser resgatada, segue um protocolo observável no ambiente ecológico criado pelos antigos moradores do Município. Durante esse grande período histórico-social de existência, surgido de uma Carta de Sesmaria doada em 13 de agosto de 1743 a Inácio Dias Velho, filho de Garcia Rodrigues Paes, que abriu a picada da estrada, hoje, conhecida como Real, ou Caminho Novo do Tinguá e neto de Fernão Dias, o Caçador de Esmeraldas, como símbolo de reconhecimento dos serviços prestados pela Família Paes Leme à Coroa Portuguesa, Tratava-se a Carta de doação de duas léguas de Sesmarias em Nome de Sua Majestade e tinha como limites o Caminho Novo das Minas até a passagem pelo Rio Santana que a limitava ao norte, o Rio Santo Antonio e as terras da Real Fazenda de Santa Cruz. Segundo o Professor Rui Afrânio Peixoto, essas terras vieram a formar o "Morgado de Belém", extinto após a morte de Pedro Dias Paes Leme, sobrinho de Ignácio Dias Velho, passando as terras a constituir a Fazenda Belém, com atividades econômicas voltadas ao fabrico de açúcar e aguardente, moinho e engenho de mandioca e de serra, casa de vivenda, teatro, igreja, lavoura, gado vacum, cavalar e mular. Um vasto acervo em ruínas no meio da serra, talvez possa provar as informações prestadas pelo Professor Afrânio Peixoto como as ruínas de um engenho localizado na Serra do Tinguá em sua porção conhecida como Serra da Viúva, na divisa entre Miguel Pereira e Nova Iguaçu. Japeri percorreu a História a partir da segunda metade do Século XVIII, sendo sempre privilegiado em função de obras de grandes vultos que o colocou na confluências das grandes vias nacionais, começando pelo Caminho Novo do Tinguá que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais e que fazia a testada de seus limites ao Leste. Depois veio a Estrada da Polícia que cortou seu território ao meio, seguido pela Estrada de Ferro D. Pedro II, a estrada de “Presidente Pedreira”, a construção de duas casas de custódias que redefiniram a paisagem urbana, sobretudo, no Bairro Belo Horizonte, onde estão assentados, cuja favelização do entorno e a imigração de parentes de presos para outros bairros do Município, fez um novo retrato da Cidade e, atualmente, o Arco Metropolitano que, de certa maneira, já impactou a estrutura demográfica mostrando um rumo incerto da situação dessa Cidade, cujos hábitos foram alterados e, que demonstra ainda, não estar preparada para gerenciar esse novo contexto. Este conjunto de 19 elementos vem condicionando seu espaço e criando as estruturas de urbanização, embora não tenha alcançado um status compatível com essas possibilidades oferecidas indiretamente. Cada estrutura dessa trouxe conseqüências que colocaram o Município em evidência, envolvido num potencial jamais reconhecido. Cada fato definiu momentos históricos que se caracterizam em função das atividades econômicas exploradas ao longo do seu desenvolvimento sociale cultural como a cana, a cafeicultura, o rami, a seda, provavelmente em conseqüência da Fábrica Têxtil de Paracambi e depois a laranja que fizeram refletir uma economia agrícola exportadora que se fez presente até 1950, no Século XX , configurando mudanças espaciais do território da Cidade de hoje. No entanto, as pesquisas que avançam no espaço do Município, executadas, principalmente, pelo Instituto de Arqueologia Brasileira - IAB, vem revelando um período pré- colonial com forte atuação na paisagem local e regional, até então desconhecido. São sítios arqueológicos que remontam ao contato do invasor europeu, e talvez, já brasileiros, visto a possibilidade de terem alcançado essa parte periférica do Recôncavo da Baia da Guanabara, algum tempo depois de terem iniciado a faixa marginal e de mais fácil acesso. O Município dispõe de três sítios do período anterior à chegada e domínio forçado pelos europeus, que afirmam a necessidade de conhecer melhor a ocupação sociocultural do espaço da unidade política, considerando o Rio Guandu como importante via favorável de acesso, conforme vem sendo confirmado nas pesquisas do IAB. Como todo município, Japeri é uma organização social, politicamente independente, emancipado de Nova Iguaçu através de um plebiscito, reconhecido pela Lei Estadual nº 1.920 de 02-12-1991. É constituído por dois centros urbanos, densamente povoados, que polarizam 30 bairros, sendo 27 urbanos e 03 rurais, resultado da ocupação coletiva de um espaço compartilhado e segregado em variadas formas de relacionamento humano e atividades econômicas gerando um aglomerado sócio-cultural administrado pela política representada pela Comarca, Prefeitura e Câmara de Vereadores. Está inserida no contexto de urbanização da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e reflete as conseqüências desse processo iniciado na década de 40 do Século XX quando mudou o nome de Belém. Localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro entre as Coordenadas Geográficas de 22º 38`35`` L.S. e 43º 39`12`` L.O. Sua geomorfologia se caracteriza por uma planície costeira com 30 metros de altitude de acumulação fluvial constituído de gnaisses dominantemente tonalíticos, gnaisses granitóides, metatexitos, migmatitos, kinzigitos e de areias, cascalho e argilas inconsolidados, limitada por colinas e pelo Maciço do Tinguá. Possui um território formado por uma área de 82,9 km2 e faz divisa política com Paracambi, Seropédica, 20 Queimados, Miguel Pereira e Nova Iguaçu. Junto com Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, D. Caxias e São João de Meriti e Nova Iguaçu forma a Baixada Fluminense politicamente reconhecida. Segundo o IBGE, sua população, com base no censo de 2010 é de 95.492 com estimativa para 2016 de 100.562 pessoas, distribuídas em 28.424 famílias, que se utilizam de um sistema de transporte precário onde 100% dos domicílios têm, no trem, o principal meio de locomoção. É acessado por duas rodovias estaduais, a RJ 093 e a RJ 125, duas ferrovias que estabelecem ligação com MG e SP, uma desativada absurdamente, e uma série de vicinais que cortam o seu território. A produção econômica e a renda do Município são provenientes de pequenas indústrias, comércio, dos convênios e repasses, royalty do petróleo e da agropecuária, desconsiderada, embora exerça importância econômica na região com destaque para a produção da mandioca (principal produto), quiabo e goiaba, gado bovino e aves. O Rio de Janeiro exerce grande influência cultural na localidade, mas algumas marcas se sobressaem como o forró, o artesanato e o patrimônio cultural "material", onde a estação ferroviária inaugurada em 1858 constitui o símbolo do brasão municipal, embora sua integridade física esteja ameaçada pela falta de cuidados básicos pelas autoridades “competentes”. Essa influência no modo de vida do Município de Japeri, principalmente pela facilidade de acesso, estigmatizou sua função sócio-econômica de “Cidade Dormitório”. Apesar da emancipação, continua nas mesmas condições de que quando era distrito iguaçuano. Passou por um intenso processo político administrativo que condicionou sua estrutura espacial que, por vez, marcou sua situação fundiária ao longo de sua história até que a Lei nº 1472 de 28 de abril de 1952, elaborada a partir do Projeto nº 513 de 1951 criou o 5º e o 6º distritos de Nova Iguaçu, representados respectivamente por Mesquita e Japeri. O Município de Japeri sofre as consequências do, ainda hoje, conceito de desenvolvimento vinculado ao acúmulo monetário. Embora seja unânime que, em sua trajetória histórica, tenha alcançado o status de morgado ou morgadio que é uma forma de organização familiar que cria uma linhagem, bem como um código para designar os seus sucessores, estatutos e comportamentos, até agora, nenhuma evidência documental escrita, confirma essa informação. Por outro lado, a documentação gerada pelo registro arqueológico desconstrói essa hipótese. Analisando a configuração da evolução fundiária da sesmaria, apresento a hipótese formulada a partir de uma comparação entre o documento escrito e o vestígio arqueológico de que, um morgado não tenha sido um marco na trajetória histórica do Município, pois não consta em nenhuma relação de https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhagem 21 morgadio visto até o momento. Para essa hipótese também foi considerada a forma como sucedeu a partilha do território da sesmaria doada a Inácio Dias Velho, clara no registro arqueológico, que contradiz a legislação vigente referente ao tema à época do Brasil colonial e, apresenta várias parcelas de terras desmembradas da unidade sesmeira e com destino a proprietários com nomes diferentes do donatário. Contudo, o acervo arqueológico localizado até o momento, tem mostrado uma estrutura fundiária fortalecida e desenvolvida, uma vez observados o tipo e o tamanho de ruínas localizadas. Revela uma composição geoeconômica bastante estruturada, mas que permite supor que estivessem interligadas, mais uma vez, com referência ao registro arqueológico, neste caso, representado pela rede viária que colocava a linha sucessória da Sesmaria em comento, num território caracterizado por uma cadeia produtiva alinhada com uma ideia de interligação e adequação à política econômica da época, porém mostra, também, uma ruptura territorial que perdura até hoje. Acredito que dessa peculiaridade, levou suas características ao enquadramento no conceito de morgado, estabelecido na legislação portuguesa sobre o assunto, conforme instrumento legal de 03 de agosto de 1770. As primeiras instituições de morgadio, em Portugal, datam do início do século XIV e por duzentos anos, não existiu qualquer tradição escrita sobre a sua vinculação. Mas, em 03/08/1770, a Lei Pombalina, regulamentou definitivamente os morgadios ou morgados. Não podia vincular bens quem queria, mas sim quem o Rei autorizava, dentro de exigências bem definidas. Por outro lado, a sucessão dos morgados fazia-se quase sempre em linha reta e só em alguns casos, por extinção da descendência, por linha transversal. Essa prática não se verificou apenas para a conservação de um sobrenome, mas sim para a manutenção da nobreza do filho primogênito e seus descendentes. Mas para vendê-lo ou trocar parte desses bens vinculados, ou mesmo à extinção do morgadio era preciso à expressa autorização real. de que faziam parte, ao longo de sucessivas gerações. Esta instituição6 vincular, tem origem na legislação castelhana, no Reino de Castela, onde era conhecido como mayorazgo e fez parte das leis daquele reino desde 1505 (Leyes de Toro) até à Ley Desvinculadora de 1820 e, embora seja adotada pelo reino de Portugal antes, só entra na legislação portuguesa com as Ordenações Filipinas de 1603. Por extensão, o termo morgado é também utilizado para designar o possuidor do morgadio em questão. O morgadio consistia num vínculo de terras,rendas ou outros utensílios provenientes de uma determinada profissão, feito pelo respectivo instituidor. Estes bens assim vinculados não podiam ser vendidos nem de outra forma alienados, cabendo ao respectivo administrador (o morgado) o 6 Conforme visto no sitio https://edittip.net/2013/12/28/morgadio, citando os trabalhos de Clavero (1974); Monteiro (2002); Motta (2011); Rosa (1995). https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Castela https://pt.wikipedia.org/wiki/1505 https://pt.wikipedia.org/wiki/1820 https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas https://pt.wikipedia.org/wiki/1603 22 cumprimento das determinações do instituidor, o usufruto do morgadio e o gozo dos rendimentos proporcionados pelos bens vinculados. Só com expressa autorização real era possível vender ou trocar parte desses bens vinculados, ou mesmo a extinção do morgadio. Mas era possível acrescentar bens ao morgadio e, por vezes, a instituição do vínculo obrigava, mesmo que, cada administrador lhe acrescentasse a sua terça. A instituição de morgadios estava normalmente associada à instituição de capelas e ao cumprimento dos chamados “bens de alma” definidos pelo instituidor, sendo esta também uma razão para a sua difusão. Existiram, no entanto, outro tipo de morgadio, associado a determinadas profissões, nomeadamente na distribuição do correio e também a algumas profissões mecânicas ou artesanais. O morgadio difundiu-se na idade média como uma forma de contrariar o empobrecimento das famílias ricas devido às sucessivas partilhas, servindo, assim, como um vínculo entre um pai e sua descendência no qual seus bens são transmitidos ao filho primogênito, mantendo, desta forma, o seu ramo principal com o suficiente estatuto econômico-social. No regime de morgadio os domínios senhoriais eram inalienáveis, indivisíveis e insusceptíveis de partilha por morte do seu titular, transmitindo-se nas mesmas condições ao descendente varão primogênito. Assim, o conjunto dos bens de um morgado constituía um vínculo, uma vez que esses bens estavam vinculados à perpetuação do poder econômico da família. As regras de sucessão na administração do morgadio eram definidas pela respectiva instituição. Em geral, sucedia o filho homem mais velho e, à falta de filhos, o parente mais próximo. O filho primogênito na sua maioria das vezes recebia o nome do pai completo, seguido da palavra Filho, Neto. Os outros filhos(as) tinham somente o nome e o sobrenome do pai: a família da mãe (esposa) não existia. O intuito era manter a árvore genealógica. Os demais filhos caíam na desgraça e muitas vezes sujeitos a um primogênito, insensato e carregado de vícios. É certo que o morgado contrariava o princípio da igualdade na partilha dos bens entre os filhos, privilegiando o mais velho e o homem em relação à mulher. Mas, por outro lado, criava obrigações ao primogênito em relação aos irmãos, e muitas vezes estes recebiam os bens móveis livres de foros, vínculos ou ônus dos pais. O direito de herança das filhas era tratado de forma categórica na letra da lei: (...) e concorrendo na sucessão dos Morgados irmão varão e fêmea ordenamos que sempre o irmão varão suceda no morgadio e bens vinculados, e preceda a sua irmã, posto que seja mais velha. E mesmo será nos outros parentes em igual grau mais chegado ao ultimo possuidor, porque sempre o varão precederá na sucessão à fêmea posto que ela seja mais velha. Ainda menos comum do que o morgadio, a exclusão da filha do rol de herdeiros podia ser uma outra forma de a sociedade impedir as mulheres de ter acesso aos bens da família, https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADnculo 23 caso o comportamento da filha afrontasse a autoridade patriarcal. Devido ao empobrecimento dos filhos não primogênitos, o Parlamento brasileiro proibiu a instituição do morgadio em 1835, sendo extinto definitivamente em 1837. Em Portugal só foi extinto no reinado de D. Luís I por Carta de Lei de 19/05/1863, subsistindo, no entanto o vínculo da Casa de Bragança, o qual se destinava ao herdeiro da Coroa. Este último morgadio viria a perdurar até 1910. No Brasil existiram vários morgadios, entre eles o do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, fundado por João Paes Velho Barreto citado aqui, pela semelhança do sobrenome com o de Ignácio Dias Velho, que era um Paes Leme, posto que existem citações do sobrenome Velho a Inácio Dias Velho Paes, buscando alguma relação da dita sesmaria com morgado ou morgadio. Entre os municípios estudados a referência de morgado até aqui confirmada é o Morgado do Marapicu, que deu origem a Queimados, cuja o espaço do meso deve ser melhor estudado, pela arqueologia a fim de conhecer sua evolução histórica. Enfim, pelas considerações conhecidas sobre o morgadio, sinto-me seguro em afirmar que Japeri nunca foi um morgado, uma vez que, desde de cedo teve suas terras, antes sesmaria, partilhadas e vendidas, de forma diferente da que estabelecia a legislação da época, sobre o assunto. Documentos com referência a Japeri são fragmentados e estão dispersos em arquivos oficiais, mas sem catálogo específico, ou em coleções privadas, sob a guarda de alguém que, toma para si, o registro histórico, acarretando em dificuldade, o acesso a essas fontes, quase um obstáculo à descrição por, via escrita, levando ao foco no registro arqueológico histórico, a perspectiva de criação de uma rede vertical de informação, mostrando os fatos que nortearam a evolução sociocultural do Município. Mesmo assim, já se conseguiu bastantes dados bibliográficos com o levantamento realizado em arquivos e bibliotecas públicos. Como exemplo, cito a compra de uma cachoeira em Belém em 1904 pela Estrada de Ferro Central do Brasil, cujos trâmites documentais tiveram início em 1903, conforme o Ofício 1578 de 104, emitido pela Diretoria Geral de Obras e Viação, autorizando a Estrada de Ferro Central do Brasil a comprar uma cachoeira chamada "Cachoeira Grande", situada em terras da Fazenda de Belém e do terreno necessário à canalização da água, pertencentes à Cia Industrial de Seda e Rami e ao Dr. Pedro Dias Gordilho Paes Leme a uma respectiva despesas de 60:000$000 (sessenta milhões contos de Reis), que deveria ocorrer por conta da consignação do orçamento do atual exercício (ano de 1904): Material 5ª Divisão e Via Permanente e Edifício Obras Novas. Fica assim satisfeita a ordem constante do Ofício Nº 8 de 16 de março de 1904.O documento cita duas plantas do terreno que deveriam acompanhar a escritura, mas não veio neste arquivo, inclusive acompanharam o Aviso Nº 473 do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. de 13 de abril de 1904. O documento, faz referência à compra de cachoeira em que cujas margens do 24 riacho que a forma, assenta o Sítio Morgado de Belém. Uma data próxima, mas com efeito sensitivo tão longe que impossibilita saber o tamanho do terreno comprado e se quando foi comprado, as ruínas ali existente já se encontravam naquele estado ou fora comprada juntas e funcionando, tendo sido desativada com a aquisição pela Companhia estatal. Uma resposta demandada para complementando a informação. Na Carta topográfica do Rio de Janeiro feita pelo Côde de Cunha (Conde da Cunha), Capital General e Vice Rei do Estado do Brasil, em 1767, mostra o Engenho de Pedro Dias, conforme mostra cópia feita do origina,l em 1911, por Manoel Vieira Leão exibida na Figura 04. Esse mapa esclarece e confirma algumas questões importantes como a hipótese sugerida para a primeira construção da sesmaria ter sido às margens do Caminho Novo. Esta hipótese não contava à época, com informações fornecida pela cartografia histórica, que vem mostrando uma rede viária importante no processo de ocupaçãosociocultural, provavelmente, desde a época dos tupiguarani. E também, fortalece a ideia de não existência de um morgado, uma vez que, em 24 anos da emissão da carta de doação de sesmaria, ao então Inácio Dias Velho, um outro Paes Leme já ocupava os fundos da sesmaria. A sugestão de uma construção na parte Leste, frontal da sesmaria, com testada para o Caminho Novo, depende de confirmação através do registro arqueológico, o que para tanto, requer um projeto de pesquisa específico a esse fim. A hipótese não está descartada e conta com informações interessantes como cumprimento de uma ordem de colonização de um espaço, anteriormente, ocupado por sociedades tribais. Então, sugiro, aqui que, embora o Caminho Novo tenha sido utilizado como referência para testada da sesmaria e tenha sido considerada sua importância como via de mobilização nacional, outras vias de acesso facilitaram a ocupação do terreno sesmeiro por membros da Família Paes Leme nos limites dessas outras vias. Isso coloca o desenvolvimento histórico de Japeri, vinculado à expansão das grandes vias de circulação nacional ou regional. Já no século XX, no ano de 1911, um Ofício assinado pelo Sr. Albino Alves Ribeiro de nº 81 de 05/09/1911, emitido pela Estrada de Ferro Central do Brasil, enviado pelo Ministério de Viação e Obras Públicas, através da Diretoria Geral de Viação e Obras Públicas, solicitando que seja lavrada na Diretoria do Contencioso do Tesouro Nacional a escritura definitiva de compra de parte do prédio nº 87 em frente à Estação Belém, necessário à Estrada de Ferro Central do Brasil. No documento seguinte, definido pelo Ofício emitido pelo Ministério dos Negócio da fazenda, nº 304 de 16 de julho de 1918, devolve ao Ministro o processo com o aviso do Referido Ministério nº 1.958 de 29 de setembro de 1911 e a que se referem o de nº 1.916 de 23 de julho de 1912 e 3.856 de 27 de outubro de 1913, relativo à aquisição de parte do prédio em frente à Estação Belém, citando como proprietário o Sr. Albino Alves Ribeiro, por um preço de 5:000$ 25 (cinco mil conto de Reis). Este documento solicita ao Ministro de Estado da Viação e Obras Públicas esclarecimento de dúvida de que trata o parecer da Diretoria do Patrimônio exarado à Fls. 56 e 57 do referido processo. O documento mostra, ainda, o processo de ocupação do espaço japeriense pouco tempo depois da edição do Dicionário Geográfico do Brasil que caracteriza Belém como área anecúmena, imprópria à ocupação, considerando que esse prédio foi implantado na parte baixa da Sesmaria. A aquisição da parte do prédio se deu pelo ajuste entre a Estrada de Ferro e o proprietário aos vinte e um dia do mês de agosto de 1911, quando estiveram presentes na Secretaria da Diretoria da Estrada de Ferro Central do Brasil, como outorgante vendedor o Sr. Albino Alves Ribeiro, representado por seu procurador Dr. Octavio Gonçalves Guimarães, e como outorgada compradora a Estrada de Ferro Central do Brasil, representada por seu Diretor Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, pelo outorgante foi dito que como legítimo senhor e possuidor do prédio nº 87, situado em frente ao syphon superior do pátio da estação de Belém, Município de Vassouras, 7º Distrito de Paz, transmite à outorgada pela "cláusula constituti todo o domínio e posse que tem sobre uma parte do referido prédio demarcado na planta que faz parte integrante deste termo com as letras A-B-C-D medindo a área de 133,6425m² e limitando por dois lados com terrenos da outorgada e pelos dois outros lados com terrenos do outorgante, pela quantia já especificada acima. e vem assim que autoriza a outorgante a assinar perante a Diretoria do Patrimônio Nacional a escritura definitiva da presente cessão e a apresentar por essa ocasião todos os títulos e documentos que provem a sua propriedade, de modo a ficar a venda boa, firme, valiosa, livre e desembaraçada de qualquer onus judicial ou extrajudicial. Pela outorgada, representada por seu Diretor, foi dito que aceita a presente cessão em todas as condições, devendo ser efetuado no Tesouro Nacional o pagamento do preço estipulado, quando ali celebrada a respectiva escritura, correndo a despesa por conta da sub-consignação do orçamento do atual exercício de 1911: material - 5ª Divisão - Via Permanente Edifício - Obras Novas. E para constar lavrou-se o presente termo, que assignam com as testemunhas. Secretaria da diretoria da Estrada de Ferro Central do Brasil, Rio de Janeiro Capital Federal, 21 de agosto de 1911. (Assinados) Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, PP. Octavio Gonçalves Guimarães. Testemunhas - Bernardo Rodrigues Gomes, 1º Escriturário - Morato Ignacio de Soyza Valente Amanuense. Ainda em referencia a esta situação, buscando entender como se deu o processo de ocupação, tem-se a Carta de arrematação emitida pelo Juízo Municipal da Comarca de Vassouras, em 21 de junho de 1897, extraída dos autos de inventário a que se procede por falecimento Francisco de Paula Rangel, passada a favor de Albino Alves Ribeiro, o Dr. Guilherme de Almeida Magalhães, Juiz Municipal na cidade de Vassouras, etc. a todos os senhores Doutores, Desembargadores, Juízes de Direito Municipais, Comerciais de Órfão e de Paz e bem assim mais todas as pessoas de Justiça desta República dos Estados Unidos do Brasil a quem o conhecimento desta haja e devo de pertencer em suas respectivas comarcas e jurisdição. Faz saber que este juízo e cartório do escrivão que esta subscreve em seus devidos 26 termos uns autos de inventário que está procedendo pelo falecimento de Francisco de Paula Rangel de quem é inventariante Donato Rangel, pai de Francisco. O falecido, solteiro, deixou uma filha menor de nome Januária, reconhecida por escritura pública. No termo de espécie de bens, o inventariante, disse mais que os bens do espólio consta de efeitos comerciais na Povoação de Belém e um prédio onde está estabelecido o negócio. O Doutor Guilherme de Almeida Magalhães manda aos peritos nomeados e afirmados Silvério de Medeiros Torres e Aníbal Julião Soeiro que em cumprimento dessa, proceder a avaliação e balanço da casa comercial deixado pelo inventariado citado e a avaliação e balanço dos bens deixados por Francisco de Paula Rangel mostra um consumo de "armarinho" variado que ia de Garrafa de óleo de rícino, garrafas de amêndoas doce, vidros de óleo de babosa, vidros de óleo de máquina, vidros de tintura, vidro de anilina, vidros de pelulas catharticas, vidro de extrato, vidro de raspa de veado, vidros de bryovica, vidros de nectranda amara, vidros de água de quinisso, vidros de xarope de alcatrão, vidro de permanganato de potássio, vidro de xarope de vermífugo, vidros de capsulas de taurinas, vidros de pílulas do Doutor Hallan, vidros de extrato Mauá, dúzias de carreteis de linha, Guarnições, dúzias de botões de massa para colete ,dúzia de botões de massa para paletó, guarnições de louça, dúzias de botões de jasper, grosa de botões de mão de pérola, caixa de botões diversos, metros de liga, dúzia de pente preto de alisar, dúzia de dita, pentes transparentes, dúzias de pentes para caspa, pentes para barba, baralhos de cartas, pares de meias, pares de meias de cor, dúzia de pares de meias, pares de sapatinho de lã, peças de fitas de nobreza, caixa de fita de papel, gravatas pretas, gravatas de cor, caixa com diversas peças de enfeite, caixa de renda, porção de cadarço e trancelim, bonecas de louça entre outras muitas coisa do gênero, listadas no inventário que narra o tipo de consumo que havia no final do século XIX e início do XX em Japeri. A importância desse inventário está ligada às transformações provocadas pela implantação e desenvolvimento da ferrovia no território trabalhado, uma vez que junto com fotos antigas que começam a ser recuperadas, está sendo possível compreender a atual paisagem do Município. Esta estrutura fundiária mostra uma casa comercialcom oferta de produtos variados e destinado ao consumo doméstico, num momento pós edição de um dicionário técnico oficial que desabona o local para moradia. Parte da estrutura, como visto na documentação, foi adquirida pela Estrada de Ferro para expansão de seu pátio que cresceu pelo lado esquerdo de quem chega na estação, vindo da Central. Essa estrutura precisa ser localizada e isso só será possível pela escavação no extremo do pátio ferroviário, onde hoje existe uma grande ocupação irregular. Em uma observação do balanço dos bens classificados como de armarinho, deixados por Francisco de Paula Rangel em seu armazém em Belém, podemos ter uma noção do tipo de 27 produto consumido pela população do povoado que crescia nas margens da Estradas de Ferro Central do Brasil no início do século XX. A aquisição desse prédio mudou, mais uma vez, a paisagem local da antiga sesmaria, e condicionou o espaço à ocupação social. Ainda não está definido, de qual lado foi, uma vez que a estação teve seu espaço ampliado pelos dois lados ao longo dos anos. Do lado direito de quem chega, havia a estrada que abastecia o trem com produtos vindos do interior e vice-versa. Conforme a Procuração na Pública Forma, carimbada pelo Consulado do Brasil no Porto, Imposto do selo no valor de cem Réis, foi estabelecido que: saibam quantos esse público instrumento de procuração virem, que no ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Crhisto de mil, nocentos e dez aos dez de setembro, nesta Vila da Feira e cartório do quarto ofício, a cargo do escrivão notarial José Vieira de Souza, esteve presente o Sr. Albino Alves Ribeiro e esposa Dona Amélia Ferreira Ribeiro, proprietários do lugar do Ferreiro da Freguesis do Sanguedo, desta Comarca, que fizeram como procurador o Senho Celestino Betleder, viúvo, negociante , morador na rua Coronel Pedro Alves, número trezentos e um (301), na Cidade do rio de Janeiro, Estados Unidos doBrasil, a quem dão poderes, inclusives os de substabelecer, para em nome dos outorgantes, fazer arrendamentos das propriedades que eles possuem nos mesmos Estados Unidos do Brasil, despedindo, quando assim o entenda, os caseiros e admitindo outros, recebendo as respectivas rendas das mesms propriedades, passando os necessários recibos. E, ainda lhe dão poderes, para, em nome deles outorgantes, vender a propriedade que possuem em Belém, Estado doRio de Janeiro, formada de casas terreas e terrenos juntos, para a Estrada de Ferro Central do Brasil, ou vender para outro qualquer fim, ou mesmo vender somente a parte da mesma propriedade que for necessária para a dita estrada de ferro; vendendo a mesma propriedade, ou a parte d`ela pelo preço que puder juntar, que receberá e de que passará quitação, assinando, todos os documentos e escrituras precisas, com as condições que estão entender necessária, dando-lhe ainda todos os poderes forenses, para poder demandar qualquer devedores ou para outro qualquer fim. Sendo testemunhas presentes Eugenio Machado Adillon e João Ayres Ferreira, ambos solteiros, maiores, caixeiros, moradores na rua , desta vila. O Cônsul Geral da República dos Estados Unidos do Brasil na Cidade do Porto, etc. Nicoláo Pinto da Silva Valle reconheceu verdadeira a assinatura retro de Domingos Curado, notário público, nesta cidade, exarada no precedente documento constante de duas folhas pelo Cônsul, rubricadas com a a rubrica N. Valle no Consulado do Brasil na Cidade do Porto em 10 de setembro de 1910. O documento pode ser validado na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, na Inspetoria da Alfândega ou na Delegacia Fiscal do Estado do Rio de Janeiro. Foi publicada na Cidade do Rio de Janeiro em 01 de fevereiro de 1911. Esse documento mostra um português com posse de propriedade de terras em Belém, que provavelmente veio para o lugar atraído pela construção da Estrada de Ferro para o trabalho de construção da Estrada de Ferro. A Sesmaria doada a Ignácio Dias Velho em 1743, com um perímetro que abrangia uma área homogênea já está, nessa época, dividida em dois municípios: Vassouras e Nova Iguaçu. A Lei nº 750 de 15 de outubro de 1906 reúne em um só distrito de paz, sob a denominação de 2º, os atuais 2º e 3º do Município de Vassouras. E a Lei n 881 de 11 de setembro de 1909 restabeleceu todos os distritos de paz do Município de Vassouras, com os limites, sede e denominações estaduais no Decreto nº I A, de 04 de junho de 1892 que por sua vez havia retificado o Decreto 28 nº I de 08 de maio de 1892. e a Lei 1056 de 31 de dezembro de 1943 Belém passa a integrar o 2º Distrito de Nova Iguaçu - Queimados e pela Lei 1472 de 28 de abril de 1952 promulgada a partir do Projeto nº 513/51 cria no Município de Nova Iguaçu os distritos de Mesquita - 5º e Japeri - 6º, com os limites estabelecidos nos termos da resolução que a Câmara Municipal adotou na Sessão de 29 de março do corrente ano. Com isso Belém caminhou em direção ao processo de urbanização fazendo surgiu como condicionante sócio- espacial fundamental a ferrovia que foi capaz de adaptar a baixada insalubre no novo espaço de ocupação do antigo povoado, ao invés de adaptar o novo ocupante à baixada insalubre. Foi dessa forma que Japeri se inseriu no contexto das grandes vias de circulação, criando uma vocação que, a meu ver, pode ser chamada de ferroviária. O desenvolvimento sociocultural pelo qual passou o espaço que convergiu no território municipal, no período histórico mostra que o fator fundamental que ocasionou a saído de Belém da Serra e ocupasse a baixada foi a ferrovia. Ainda hoje o Município sofre as consequências da desativação da dinâmica ferroviária que havia até a década de 1979. a considerar que o espaço urbano de um município capitalista constitui-se, em um primeiro momento, de sua apreensão, no conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. É simultaneamente fragmentado e articulado o que o faz reflexo da sociedade, consequentemente mutável e condicionante dessa mesma sociedade (CORRÊA, R. L. 1995). 3.2 MUNICÍPIO DE QUEIMADOS Figura 5 - Mapa do Município de Queimados. Fonte: IBGE-@Cidades. 29 Se por um lado, a lei do morgado serviu para sugerir o desenquadramento de Japeri do status de morgadio, por outro, Queimados foi instituído enquanto tal, conforme documento de vínculo de morgado emitido pelo Ministério da Justiça e Negócio Interiores datado de 06 de janeiro de 1772. Com uma população estimada para 2015 de 143.632 habitantes, segundo o IBGE, Queimados tem uma área de 75,695 km² e uma densidade populacional de 1.822,60 habitantes por km² tem suas origens históricas no Morgado do Marapicu, ainda no século XVIII, porém podemos sugerir que sua História precisa ser melhor estudada, tendo em vista a falta de clareza nos dados históricos. Alguns confirmam e vinculam o Município ao Morgado de Marapicu como o que descreve a solicitação do "Desembargador Procurador da Coroa João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, pede ao Tabelião Manoel Freira Ribeiro por Certidão o teor de uma escritura a mais do suplicante e seus irmãos, fizeram dando consentimento para de todos os seus bens se instituísse um morgado e se vincularem nele todos os ditos bens, sendo administrados dele o suplicante e por que para isso carece de despacho. Pede que seja mandado". O Tabelião toma conhecimento do pedido e cita Manoel Freire Ribeiro, Tabelião público do Judicial e Notas na Cidade do Rio de Janeiro. Certifica que revendo o livro de notas nº 99 daquele cartório fl. 177 à fl.186 se acham escritas a referida petição, procuração e inventário, respectivamente a escritura. A escritura reza do ano de 06-01-1772. Na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu. No Engenho em que assiste Elena de Andrade Souto Maior Coutinho, viúva do Capitão Mor Manoel Pereira Ramos de Lemos e Faria. Segundo o histórico do Município, disponível no IBGE, existemtrês versões, mais prováveis, para o nome "Queimados". A primeira diz que, quando o imperador Dom Pedro I passou por aquela região, na ocasião da inauguração da estação de trem e teria visto uma grande queimada que estava sendo feita nos laranjais dos morros e chamou o lugar de "Morro dos Queimados". A segunda versão diz que o nome é referente aos corpos de leprosos queimados, aos montes, que morriam em um leprosário que ali existia, onde hoje fica a Estrada do Lazareto, uma das principais vias do município. Há ainda uma terceira versão, que afirma que o nome da cidade provém dos escravos fugidos das fazendas, que eram mortos e tinham seus corpos queimados pelos seus senhores. Enquanto Distrito, foi criado com a denominação de Queimados, pelos Decretos Estaduais n.ºs 1, de 08-05-1892 e 1-A de 30-06-1892, subordinado ao Município de Iguaçu. Pela Lei Estadual n.º 1.028, de 03-11-1892, ou 1.008, de 11-10-1911 o distrito de Queimados passou a ser grafado Queimado. E pela divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Queimado figura no Município de Iguaçu. Sua antiga sede foi restabelecida 30 pela Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11-1919, voltando a grafia para Queimados pela Lei Estadual n.º 1.799, de 09-01-1924. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito de Queimados figura no Município de Iguaçu. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-08-1936 e 31-12-1937. Pelo Decreto-Lei Estadual n.º 392-A, de 31-03-1938, o Município de Iguaçu passou a denominar-se Nova Iguaçu. O distrito de Queimados figura no Município de Nova Iguaçu (ex- Iguaçu). No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o Distrito de Queimados figura no Município de Nova Iguaçu. Pelo Decreto-Lei Estadual n.º 1.056, de 31-12-1943, foi anexado ao distrito de Queimados, uma pequena faixa de território do distrito de Tairetá, do município de Vassouras (zona da estação de Belém). Um fato que precisa ser revisto. Em divisão territorial datada de 1-07-1960, o Distrito de Queimados permanece no município de Nova Iguaçu. Elevado a categoria de Município com a denominação de Queimados, pela Lei Estadual n.º 1.773, de 21-12-1990, desmembrado de Nova Iguaçu e constituído do distrito sede e instalado em 01-01-1993. A situação de Queimados em relação ao patrimônio cultural, em especial, o arqueológico, talvez seja a pior, uma vez que o Município é atingido pelos altos impactos do processo de urbanização que alcança áreas, até então, vazias ou ocupadas por atividades agrícolas e que sustentava de forma espontânea, esse acervo. No terreno onde há 27 anos ainda havia as ruínas de um casarão no centro da Cidade de Queimado foi implantado um condomínio residencial destruindo o que havia sem nenhuma preocupação com o bem que se quer era considerado. Uma situação lastimável, considerando a existência de uma legislação e dois órgãos públicos nas esferas federal e estadual, respectivamente, cuja a função de cada um é também a preservação do patrimônio arqueológico. IPHAN e INEPAC, não conseguiram, até hoje, estender suas atribuições a essas terras, ou quando fazem, é de forma específica e mediante a algum tipo de denúncia, mesmo assim, com bastante falhas. Outra questão é a falta de previsão desse acervo, na gestão municipal, cuja preocupação é com o desenvolvimento econômico tradicional, onde o que importa é a geração de dinheiro para o "cofre público" e a preservação patrimonial não é o tipo de empreendimento que, na visão dos dirigentes, possa gerar esse tipo de recurso. 3.3 MUNICÍPIO DE MESQUITA 31 O Município de Mesquita, no Estado do Rio de Janeiro, possui uma área territorial de 41,471 km², formado no antigo Distrito de Nova Iguaçu, criado com a denominação de Mesquita (ex-povoado), pela Lei Estadual n.º 1.472, de 28-04-1952, permanecendo nesta condição após a divisão territorial datada de 1-07-1960, tendo alcançado a emancipação, através de um plebiscito autorizado pela Lei Estadual n.º 3.253, de 25 de setembro de 1999, e instalado em 01 de janeiro de 2001. Com uma população de 168.403 habitantes, segundo senso de 2010, com estimativa para 171,020 habitantes em 2016, de acordo com o IBGE, e uma densidade de 4.310,48 hab./km². Percebo, em sua História, uma demanda de intensas pesquisas em fontes diversas para elencar o processo de ocupação sociocultural. Os portais oficiais (Prefeitura e IBGE) carecem de maiores informações, porém é notório, que os primeiros grupos sociais da área onde está assentado o Município foram os índios Jacutinga (SILVA, 2007, p. 68). Que segundo o Portal da Prefeitura Municipal de Mesquita, dos "índios, infelizmente, sobrou apenas o nome de um dos bairros da cidade: Jacutinga", e descreve que a localização, farta de mananciais de água que desciam do Gericinó, proporcionava a formação de belíssimas cachoeiras e ricas florestas. Segundo o Sítio oficial na Internet, nos locais baixos, as águas produziam uma bacia hidrográfica e desciam em direção ao Rio Sarapuí. Para o IBGE7, o Município teve origem a partir das terras do Engenho da Caxueira, que ficava as margens do rio de mesmo nome – atual canal Dona Eugênia – ao pé do Maciço de Gericinó. Nos arredores deste engenho, cresceu um arraial para fazer frente à demanda de tropeiros e carroceiros que por ali passavam e abasteciam-se na cachoeira que havia nos arredores. Com a expansão do sistema ferroviário, foram implantadas várias estações sendo que uma delas ficou localizada no centro do antigo arraial da Cachoeira, o 7 Segundo está descrito no Portal IBGE- @Cidades- trata-se de uma informação que precisa ser confirmada. Figura 6 - Mapa do Município de Mesquita. Fonte: Mapa do Rio de Janeiro/mapa-dos-municipios/municipio-mesquita 32 qual logo mudou de nome para Jerônymo de Mesquita e posteriormente simplificado para Mesquita8. O nome é uma referência ao Barão de Mesquita, proprietário das fazendas que hoje compõem a região central do município. Para o IBGE, a observação dos primeiros habitantes resultou na transformação do barro das regiões alagadas em tijolos e telhas, servindo de base para a instalação da Companhia Material de Construção Ludolf & Ludolf, junto à margem direita da estação de Mesquita, uma história que precisa ser melhor contada. Quanto à margem esquerda, mais precisamente ao longo da rua da Cachoeira, algumas pessoas se estabeleciam, mas o destaque estava no entroncamento das vias que ligavam Cachoeira com a Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga (atual Prata), e com Maxambomba (atual Nova Iguaçu), onde cada vez mais pessoas fixavam residência. O desenvolvimento da região deveu-se à implementação da ferrovia e ao declínio da citricultura, o que permitiu o aparecimento de loteamentos, pondo fim aos grandes vazios resultantes da Fazenda da Caxueira e da Companhia Ludolf & Ludolf. 3.4 MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU Figura 7 - Mapa de Nova Iguaçu. Fonte: IBGE, @Cidades. O Município de Nova Iguaçu com população definida em 796.257 habitantes segundo senso de 2010 e com estimativa de 797.435 habitantes, para 2016, segundo o IBGE, com densidade demográfica de 1.527,60 hab./km² tem um espaço territorial formado por uma área de 517,995 km². 8 Maiores informações podem ser obtidas no Livro Das terras de Mutambó ao Município de Mesquita - RJ - Memórias da Emancipação nas Vozes da Cidade da Professora Maria Fatiam de Souza Silva, de 2007. 33 Segundo o Portal do IBGE @Cidades e a Prefeitura Municipal, Nova Iguaçu foi elevado à categoria de vila com sua sede instalada às margens do Rio Iguaçu, que serviu de inspiração para o nome dado pelo Decreto de 15 de janeiro de 1833, período em que, Pereira9 (1997, p.13) atenta para uma sériesde problemas que tumultuavam a sociedade brasileira, desde a Corte aos extremos do País. Foi desmembrado dos termos de Niterói de Vassouras e Magé tendo sido constituído por seis distritos: Jacutinga, Queimados, Nossa Senhora da Piedade de Iguassu, Mereti, Palmeiras e Pilar, instalado em 27-07-1833. Pela Lei Provincial n.º 14, de 13-04-1835, a vila foi extinta e em seguida, elevada novamente à categoria de vila com a denominação de Iguaçu, pela Lei n.º 57 de 01-12-1836. Pelo Decreto Provincial n.º 813, de 06-10-1855 e Decretos Estaduais n.º s 01, de 08-05-1892 e de 01-A, de 03-06-1892, é criado o distrito de Santana das Palmeiras e anexado à Vila de Iguaçu. Em 1858, com a inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II, iniciou-se o crescimento do Arraial de Maxambomba. Por conta disso, foi realizada a transferência da sede do município para um novo centro econômico. Pelo Decreto Estadual n.º 204, de 01-05-1891, transferiu a sede do município de Iguaçu para a povoação de Maxambomba. Pelos Decretos Estaduais n.ºs 01 de 08-05-1892 e 01-A, de 03-06-1892, são criados os distritos de Piedade de Iguaçu, Queimados e São João de Meriti e anexados à Vila de Maxambomba. Esta foi elevado à condição de cidade e distrito com a denominação de Maxambomba, pelo Decreto Estadual n.º 263, de 19-06-1891 e Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11- 1919. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município se denomina Iguaçu e se compunha de 6 distritos: Jacutinga, Queimados, Nossa Senhora da Piedade de Iguassu (ex- Piedade de Iguaçu), São João de Meriti, Santana das Palmeiras e Pilar. Pela Lei Estadual n.º 1.331, de 09-11-1916, a sede do município passou a denominar-se Nova Iguaçu. O distrito criado com a denominação de São Mateus pelas Leis Estaduais n.ºs 1.332, de 09-11-1916 e 1.634, de 18-11-1919 e anexado ao município de Nova Iguaçu, foi transformado em Nilópolis pela Lei Estadual n.º 1.705, de 06-10-1921. Pela Lei Estadual n.º 1.528, de 25-11-1918, o distrito de Pilar passou a denominar-se Xerém. Pela Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11-1919, o distrito de Santana das Palmeiras passou a denominar-se Santa Branca, São João de Meriti a denominar-se Pavuna e Xerém para Estação João Pinto. Pela Lei Estadual n.º 1.799, de 08-01-1924, o distrito de Santa Branca passou a denominar-se Bonfim e Cava (ex-Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu) a denominar-se Estação José Bulhões. Pelo Decreto Estadual n.º 2.559, 14-03-1931, é criado o distrito de Caxias é anexado ao município de Iguaçu. Pelo Decreto Estadual n.º 2.595, de 28-05- 1931, o distrito de Estação João Pinto voltou a denominar-se Pilar. Pelo Decreto Estadual n.º Waldick Pereira foi um historiador do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu - IHGNI que se dedicou à História do Município de Nova Iguaçu. 34 2.601, de 28-05-1931, é criado o distrito de Estrela e anexado ao município de Iguaçu, distrito formado com parte do distrito de Pilar. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído 9 distritos: Nova Iguaçu, Bonfim (ex-Palmeiras), Caxias, Estação José Bulhões (ex-Nossa Senhora da Piedade de Iguassu e ex-Cava), Estrela, Nilópolis, Pilar (ex- Xerém e ex-Estação João Pinto), Queimados e São João de Meriti (ex-Meriti). Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 3 31-XII-1937. Só que o distrito de São João de Meriti se denomina simplesmente Meriti. Pelo Decreto -Lei Estadual n.º 392-A, de 31-03-1938, altera a denominação de Iguaçu para Nova Iguaçu. Pelo Decreto Estadual n.º 641, de 15-12-1938, é criado o distrito de Belford Roxo e anexado ao município de Nova Iguaçu. Sob o mesmo Decreto é extinto o distrito de Pilar, sendo seu território anexado ao distrito de Estrela do mesmo município de Nova Iguaçu. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 9 distritos: Nova Iguaçu, Belford Roxo, Bonfim, Cava, Caxias, Estrela, Meriti, Nilópolis e Queimados. Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.055, de 31-12-1943, confirmado pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.056, de 31-12-1943, desmembra do município de Nova Iguaçu os distritos de Caxias, Meriti, Bonfim e Imbariê (ex-Estrela) alterado pelas mesmas leis acima citadas, para formar o novo município com a denominação de Duque de Caxias. No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 5 distritos: Nova Iguaçu, Belford Roxo, Cava, Nilópolis e Queimados. Pela Lei Estadual n.º 6, de 11de agosto de 1947, desmembra do município de Nova Iguaçu o distrito de Nilópolis. Elevado à categoria de cidade. Pela Lei Estadual n.º 1472 de 28-04-1952, são criados os distritos de Mesquita e Japeri e anexados ao município de Nova Iguaçu. Em divisão territorial datada de 1 de julho de 1955, o município de Nova Iguaçu é constituído de 6 distritos: Nova Iguaçu, Belford Roxo, Cava, Japeri, Mesquita e Queimados. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1 de julho de 1960. 35 3.5 MUNICÍPIO DE BELFORD ROXO Figura 8 - Mapa de Belford Roxo. Fonte: Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia-Prefeitura Com uma população formada por 469.332 habitantes segundo dados do senso 2010, com estimativa de 494.141 habitantes para 2016 segundo o IBGE, com densidade demográfica 2010 de 6.031,38 hab./km² inseridos numa área de 78,987 km² Segundo dados no Portal IBGE, o Município teve origem na Fazenda do Brejo, onde havia um engenho de açúcar no início do século XVII. Em1729 havia um porto no Rio Sarapuí por onde se processava o transporte de mercadorias entre a Corte e as fazendas. Entre as várias soluções apresentadas ao governo para solucionar o problema de abastecimento de água, estava a proposta do Engenheiro Paulo de Frontin, que teve como colaborador o Inspetor Geral de Obras Públicas, Raymundo Teixeira Belford Roxo, foi a de, em apenas seis dias, captar 15 milhões de litros de água para a Corte. Belford Roxo foi criado como distrito de Nova Iguaçu pelo Decreto Lei estadual 641 de 15 de dezembro de 1938. e elevado à categoria de Município através de plebiscito respaldado pela Lei 1640 de 03 de abril de 1990 e instalado em 01 de janeiro de 1993 36 4 MATERIAL E MÉTODO Essa pesquisa utilizou-se de uma abordagem teórico-metodológica alicerçada num tripé argumentado nas correntes da arqueologia urbana, considerando a rápida expansão urbana pela qual passa a região; da arqueologia da paisagem, enquanto método que permite, além de inferir sobre a escala da unidade, propor, para as estruturas localizadas no espaço, um correspondente temporal e, compreender a apropriação do meio a partir das transformações identificadas e da arqueologia pública, que apresenta sua importância diante de um público formado por uma população que tem sua origem em diversas regiões do Brasil, o que por esse motivo, já demanda informações sobre o local. A Arqueologia Pública, ainda tem a função de buscar mobilizar os diversos tipos de recursos voltados a atrair a atenção dos diversos atores que agem nos locais e provocar a discussão com vistas a um plano de gestão do patrimônio cultural arqueológico evidenciado, garantindo sua preservação. Os principais aspectos da metodologia estão compreendidos em quatro processos descritos em métodos e materiais constituídos por um levantamento bibliográfico, entendido como o mapeamento da informação produzida e preservada pelos grupos do passado e contemporâneo, organizando um conjunto de textos históricos e atuais distribuídos em fontes primárias e fontes secundárias que, além de fornecerem o conteúdo para esse trabalho serão disponibilizados ao público interessado, possibilitando novas análises dos materiais levantados e avaliação desta pesquisa. Desta forma, as fontes primárias se caracterizam por textos manuscritos ou em
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