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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA 
 
 
 
 
 
JOSÉ MAURICIO DA SILVA 
 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, 
JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO 
 
 
 
 
VOLUME ÚNICO 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2017 
 
 
 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA 
 
 
 
JOSÉ MAURICIO DA SILVA 
 
 
 
LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, 
JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO 
 
 
 
 
Orientador: Profª Drª Claudia Rodrigues-Carvalho 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu 
Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Mestre em Arqueologia. 
Linha de pesquisa: Povoamento do território 
brasileiro 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CIP - Catalogação na Publicação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo autor. 
 
 
 
 
S581 
l 
Silva, José Mauricio 
LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE 
NOVA IGUAÇU, JAPERI, QUEIMADOS, MESQUITA E 
BELFORD ROXO / José Mauricio Silva. -- Rio de Janeiro, 2017. 
182 f. 
 
Orientadora: Claudia Carvalho Rodrigues. 
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós 
Graduação em Arqueologia, 2017. 
 
1. Patrimônio Cultural Arqueológico. 2. Arqueologia Urbana. 3. 
Arqueologia da Paisagem. 4.Arqueologia Pública. 5. Baixada 
Fluminense. I. Rodrigues, Claudia Carvalho , orient. II. 
Título. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ MAURICIO DA SILVA 
LEVANTAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE NOVA IGUAÇU, JAPERI, 
QUEIMADOS, MESQUITA E BELFORD ROXO 
 
Orientador: Profª Drª Claudia Rodrigues-Carvalho 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do 
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos 
necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia. Linha de pesquisa: Povoamento 
do território brasileiro. 
 
Rio de Janeiro, 05/10/2017 
 
Banca Examinadora: 
 
 
Presidente, Professora Doutora Claudia Carvalho Rodrigues, Museu Nacional/UFRJ 
 Orientadora 
 
 
 
 
Professor, Doutor Ondemar Ferreira Dias Junior - Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB 
 
 
 
Professor, Doutor Marcos André Torres de Souza - Museu Nacional/UFRJ 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço à minha mãe e aos meus irmãos, pelo apoio recebido durante à realização desse 
estudo, sem o qual, certamente as dificuldades teriam sido maiores, especialmente à Maria 
Inês pelos livros com que fui presenteado e à Sônia Gondim pelos socorros à gramática da 
língua portuguesa. 
Agradeço ao meu amigo Levi Corrêa pela disposição em me acompanhar no campo para a 
localização de sítios arqueológicos. 
E à minha orientadora pela aceitação como orientando e pela paciência que teve durante a 
realização desse estudo. 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
SILVA, José Mauricio da. Levantamento do Patrimônio Arqueológico de Nova Iguaçu, 
Japeri, Queimados, Mesquita E Belford Roxo. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), 
Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio 
de Janeiro, 2017. 
 
 
O trabalho proposto visa a descrição do processo de ocupação sociocultural na região 
referenciada pelos Rios Iguaçu, Guandu e Santana e os Maciços do Tinguá e Mendanha, 
verificar a percepção da sociedade sobre o patrimônio cultural arqueológico, a partir do olhar 
de um segmento social específico e buscar despertar, na sociedade ou sociedades, que ocupam 
o território estudado, o interesse pelo seu patrimônio cultural arqueológico, fazendo difundir 
uma ideia de patrimônio, enquanto matéria-prima da indústria turística, valorizando seu 
potencial socioeconômico e cultural, numa categoria que ao ser reutilizada, será capaz de 
promover o desenvolvimento sustentável. Nessa região fisiográfica assentam-se os municípios 
de Nova Iguaçu e seus dissidentes Japeri, Queimados, Mesquita e Belford Roxo e uma 
pequena parcela do Município de Miguel Pereira que margeia o Rio Santana, limite histórico 
da Sesmaria que deu origem ao Município de Japeri. Este conjunto forma um território com 
divisão político-administrativa específica, cujo processo de ocupação humana estende-se do 
período pré-colonial aos dias de hoje. Aborda-se o patrimônio arqueológico sob a ótica dos 
fundamentos teóricos sobre o patrimônio cultural, a arqueologia da paisagem, a arqueologia 
urbana e a arqueologia pública. O grupo tupiguarani, segundo se conhece hoje, caracteriza as 
culturas nativas, da região descrita, no período Pré-Colonial, conforme apontam trabalhos de 
Arqueologia executados na área. O Período Colonial inicia pela entrada do europeu, 
representado pelos portugueses, através do Rio Iguaçu no recôncavo da Baia de Guanabara. A 
área, ainda hoje, se molda pela dinâmica do processo de urbanização e metropolização da 
Região Metropolitana do Rio de Janeiro que cresce e altera a paisagem local. Saber onde 
estão os sítios arqueológicos, como se encontram e como se deu esse processo de apropriação 
do meio pelas sociedades que atuaram na região é o principal propósito desse projeto. 
 
 
Palavras-chaves: Sítio arqueológico, Rio Iguaçu, Rio Santana, Tinguá e Mendanha. 
 
 
 
 
SUMMARY 
SILVA, José Mauricio da. Levantamento do Patrimônio Arqueológico de Nova Iguaçu, 
Japeri, Queimados, Mesquita E Belford Roxo. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), 
Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio 
de Janeiro, 2017. 
The proposed work aims to survey the archaeological cultural heritage inserted in the region 
referenced by the Iguaçu, Guandu and Santana Rivers and the Tinguá and Mendanha Massifs, 
to verify the society's perception of the archaeological cultural heritage, from the perspective 
of a specific social segment and to seek to awaken in the society or societies that occupy the 
studied territory, the interest for its archaeological cultural heritage, spreading an idea of 
heritage, as a raw material for the tourism industry, valuing its socioeconomic and cultural 
potential, in a category that, when reused, will be able to promote sustainable development. In 
this physiographic region, the municipalities of Nova Iguaçu and their dissidents Japeri, 
Queimados, Mesquita and Belford Roxo are based, and a small part of the Municipality of 
Miguel Pereira that borders Rio Santana, the historical boundary of Sesmaria that gave origin 
to the Municipality of Japeri, that Together they form a territory with specific political-
administrative division, whose process of human occupation extends from the pre-colonial 
period to the present day. It addresses the archaeological heritage from the perspective of the 
theoretical foundations on the theme of cultural heritage, preservation and location (local), 
whose search was initiated in the CNSA of IPHAN, followed by the bibliographical survey 
carried out in the public archives. Documentary information on the process of space 
occupation and field surveys through walking and interviews with residents and farmers. The 
Tupiguarani group, as it is known today, characterizes the native cultures of the region in 
comment in the Pre-Colonial period, as they point out works of Archeology executed in the 
area. The Colonial Period begins with the entry of the European, represented by the 
Portuguese, through the Iguaçu River in the Guanabara Bay Recôncavo. The Area is still 
shaped by the dynamics of the process of urbanization and metropolization of the 
Metropolitan Region of Rio de Janeiro that grows and changes the local landscape. Knowing 
where the archaeological sites are, howthey are and how this process of appropriation of the 
environment took place by the societies that acted in the region is the main purpose of this 
projec. 
Keywords: Archaeological site, Rio Iguaçu, Rio Santana, Tinguá and Mendanha. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 9 
2 A BAIXADA FLUMINENSE, BREVE PANORAMA 13 
3 OS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O ESPAÇO DO ESTUDO 17 
3.1 MUNICÍPIO DE JAPERI 17 
3.2 MUNICÍPIO QUEIMADOS 28 
3.3 MUNICÍPIO DE MESQUITA 30 
3.4 MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU 32 
3.5 MUNICÍPIO DE BELFORD ROXO 35 
4 MATERIAL E MÉTODOS 36 
5 O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO ESPAÇO 45 
6 ARQUEOLOGIA URBANA 57 
7 O PATRIMÔNIO CULTURAL ARQUEOLÓGICO 66 
7.1 ESTADO DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICOS 68 
8 A ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM 100 
9 ARQUEOLOGIA PÚBLICA 121 
10 CONCLUSÃO 148 
11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 150 
ANEXO 1 168 
ANEXO 2 186 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A idéia de levantar o patrimônio arqueológico de Nova Iguaçu e arredores surgiu em 
1987 quando foi criado o Núcleo de Estudos Arqueológicos - NEA1 que logo depois foi 
transformado em Instituto Fluminense de Arqueologia - IFA. Desde cedo percebeu-se a carência 
de trabalhos voltados ao desvendamento dos períodos pré-colonial e histórico na sociedade local. 
Embora trabalhos arqueológicos venham sendo executados, não são suficientes para a difusão e 
proteção do valioso acervo da categoria existente na região. 
 Como primeira proposta prática, foi apresentado, na Associação de Moradores e 
Amigos de Japeri - AMOR-JAP, em 1988, a ideia de fazer a comemoração de fundação do então, 
6º Distrito de Nova Iguaçu: Japeri, como parte de resgate de sua identidade cultural, visto que se 
buscava à época combater a falta de interesse e desprezo das pessoas pelo seu local de moradia. 
Sendo a ideia, aceita, partiu-se para a prática de campo, buscando documentos e representantes 
físicos sobre a origem do Distrito. 
 
 
 
1 Em 1987 um grupo de estudantes orientados pelo Professor Agenor Rodrigues Pinheiro Valle, da Faculdade de 
Arqueologia da Universidade Estácio de Sá, criaram uma equipe interdisciplinar constituída por alunos de 
Arqueologia, Museologia, Comunicação Social, Economia, Geografia e História para estudar a memória cultural de 
Nova Iguaçu e defender a regulamentação da profissão de arqueólogo. O grupo nomeou essa equipe de Núcleo de 
Estudos Arqueológico - NEA. 
10 
 
 
 
Figura 1. O mapa mostra os municípios de Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Belford Roxo e Mesquita no contexto 
da região Metropolitana e Unidade Federativa do Rio de Janeiro. Fonte: CEPERJ. 
 
 Não precisou ir longe para tomar conhecimento da falta de informações sobre a História 
das localidades. As dificuldades conduziram à criação de um grupo de trabalho - GT, destinado à 
organização e execução do evento. Foi elaborado um plano de trabalho com atividades 
específicas para cada participante do GT. Entre tais atividades, o trabalho foi dividido em duas 
frentes chamadas de: 1) levantamento e análise de documentos - documentação escrita, 
arquivos de igreja, cartórios, contos e lendas, traços comportamentais que pudessem sobressair 
demonstrando importância e gerasse a valorização da história local. e; 2) prática - entrevistas 
com pessoas antigas, sítios arqueológicos, fotografias, objetos que pudessem representar, de 
alguma maneira, o processo de ocupação do espaço territorial de Japeri. O trabalho deveria ser o 
primeiro de uma série que adquiriria uma tradição. Foi um sucesso, atraiu a atenção da imprensa 
local e foi bastante divulgado, mas não teve sequência, uma vez que a maioria dos militantes da 
associação era vinculada aos partidos de esquerda e tensões político-partidária inviabilizaram a 
realização de outros eventos. Mas o levantamento ganhou força e fez perceber que várias 
pessoas, de forma isolada, faziam estudos sem uma sistematização, sobre a história do Município 
de Nova Iguaçu. Havia um problema sério, caracterizado pelo fato dessas pessoas guardarem 
para si o conhecimento adquirido com seus estudos e houve muita resistência em relação à 
11 
 
 
proposta de disponibilização dos documentos e fontes pesquisadas. A importância estava no fato 
de serem vistas como os "detentores do conhecimento" e quem quisesse saber alguma coisa teria 
que ir a eles. Esse era o charme e quebrá-lo foi impossível. Apenas dois, liberaram informações 
que puderam ajudar no trabalho: Francisco Costa, conhecido como Costinha que veio a ser o 
primeiro Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Japeri, quando o Distrito foi 
emancipado e pai do primeiro Prefeito e o Professor Afrânio Peixoto, que sempre se dedicou ao 
estudo da História regional. 
Outro aspecto observado, prende-se à origem "histórica" dos municípios da Baixada 
Fluminense de uma maneira geral e, neste caso, especialmente de Nova Iguaçu e seus distritos 
dissidentes e, começa, a partir do século XVI, quando a estrutura política do território se fazia 
representar pelo tipo de organização tribal que, se constituía, em muitos gentios distribuídos pelo 
perímetro delimitador da área em comento. Isso, de uma forma geral, nos reportou a uma 
pergunta, até hoje, sem resposta: "e os nativos, onde se encontram nesse novo período, 
caracterizado pela invasão dos europeus e domínio de uma população que vinha numa sequência 
sociocultural e político-econômica por milhares de anos"? Não havia, até 2009, qualquer 
disponibilização, ao público em geral, de informações sobre os nativos da região e que tipo de 
herança se faz presente, hoje, representando nossa descendência na miscigenação desse povo, 
com o invasor europeu e o africano, introduzido de forma forçada para o serviço escravo. 
Tampouco, há uma consciência sobre, costumes e práticas, herdadas do africano que foi o 
grande responsável pela construção da nova paisagem na região. Então, questões de memória, 
identidade e patrimônio, foram surgindo de formas tímidas, mas que foram aos poucos se 
estruturando e ganhando foco. 
O presente trabalho pretende a realização do levantamento do patrimônio arqueológico 
e descrição do panorama da ocupação sociocultural da região referenciada entre os rios Iguaçu, 
Guandu e Santana e os maciços do Tinguá e Mendanha. 
Tratar o patrimônio arqueológico, enquanto um importante acervo "ferramental" capaz 
de alicerçar as bases socioculturais da sociedade, com forte ênfase no potencial econômico, está 
entre os propósitos, deste estudo. 
 Ainda é perspectivadessa pesquisa, verificar a percepção da sociedade regional sobre o 
acervo arqueológico do território estudado, através do olhar específico de determinados 
segmentos sociais, como profissionais da educação e da área cultural. Desta forma, buscar 
despertar, na sociedade ou sociedades que ocupam o território estudado, o interesse pelo seu 
patrimônio cultural arqueológico, fazendo difundir uma ideia de patrimônio enquanto matéria-
prima da indústria turística, valorizando seu potencial socioeconômico e cultural, numa categoria 
12 
 
 
que, ao ser reutilizada, será capaz de promover o desenvolvimento sustentável. Nessa linha, 
provocar o interesse em órgãos governamentais, como prefeitura, autarquias, e também nas 
empresas privadas, a importância desse acervo dentro das atribuições que lhe compete a lei. Um 
exemplo que pode ser citado, é o do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro 
- ITERJ, que ao reestruturar seu Regimento Interno, incluiu o acervo arqueológico como 
proposta de avaliação nos projetos de sua jurisdição, e neste momento, tudo indica será 
aprovado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
2 A BAIXADA FLUMINENSE, BREVE PANORAMA 
 Na perspectiva Geomorfológica, com caráter amplo, a Baixada Fluminense é a faixa de 
terra, que forma as planícies costeiras, compreendidas por superfícies planas e de baixa altitude 
que estendem-se desde a linha de costa até as falésias dos Tabuleiros e as encostas da Colinas e 
Maciços Costeiros, além de acompanharem os vales fluviais que penetram muitos quilômetros 
para o interior e formam o litoral do Estado do Rio de Janeiro. Na perspectiva Geopolítica e, com 
caráter estrito, é definida como uma "microrregião" especificada quanto à organização do 
espaço, com referência à estrutura de produção, agropecuária, parque industrial, extrativismo 
mineral e pesca, aspectos socioculturais, compreendida por treze municípios, que se tornam 
distintos e inseridos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A Baixada Fluminense era, em 
grandes trechos de sua parte, emersa e muito pantanosa, antes da vinda do europeu (BELTRÃO, 
2014, 2ª ed. p. 182), o que pode ser confirmado pelo Dicionário Geográfico do Brasil em sua 3ª 
edição em 18942, quando conceitua Belém, atual Município de Japeri, e pela declaração do 
governador Manuel de Matos Duarte Silva exaltando a região em apreço em 1930 (SILVA, 
1930, p. 31). Foi intensamente ocupada pelo grupo tupiguarani, denominados tupinambá, pelos 
franceses e tamoios, pelos portugueses que, à época da invasão europeia, ocupava do Cabo de 
São Tomé, no norte do RJ a Angra dos Reis, passando pelo Vale do Rio Paraíba do Sul, uma das 
vias de penetração por ele utilizada (BUARQUE, 2000, p. 310). Se a perspectiva de Gaspar 
(2004, p. 42) para assentamentos de grupos litorâneos puder ser estendida para assentamentos 
interioranos da região do atual Estado do Rio de Janeiro, especialmente na área estudada, onde 
predominaram os terrenos alagadiços e pantanosos, seria possível esperar a presença humana em 
“[...] áreas de inserção ambiental, próximos de enseada, canal, rio, laguna, manguezal e floresta". 
Dessa forma podemos deduzir que muitos sítios arqueológicos pré-coloniais, poderão ser 
descobertos, pois além dos rios e florestas que delimitam a ação desta proposta, muitos outros 
encontram-se no interior do espaço territorial por ele abrangido. A população nativa é, ainda 
hoje, negada e subestimada nas páginas da História oficial, conforme pode ser observado no 
artigo do Professor Gênesis Torres3, publicado na Coluna História da Baixada no Portal 
baixafacil.com.br, onde narra a expulsão dos franceses, a criação da Cidade do Rio de Janeiro em 
1565, a distribuição de sesmarias e o consequente aniquilamento dos índios Tupinambá, ficando 
as terras liberadas à penetração pelos principais rios e livres dos perigos oferecidos pelas 
 
2 Alfredo Moreira Pinto no " Dicionário Geográfico do Brasil", página 243, 3ª edição, 1894, conceitua cinco 
localidades no Rio de Janeiro com o topônimo Belém. O atual Município de Japeri era uma delas. 
3 Gênesis Torres é professor e pesquisador de História, Presidente do Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e 
de Ciências Sociais da Baixada Fluminense, Coordenador do Fórum Cultural da Baixada e foi Subsecretário de 
Cultura de São João de Meriti. 
http://genesisptorres.blogspot.com/
http://genesisptorres.blogspot.com/
http://genesisptorres.blogspot.com/
http://www.forumculturalbfluminense.org.br/
http://www.forumculturalbfluminense.org.br/
http://www.forumculturalbfluminense.org.br/
14 
 
 
comunidades indígenas. Iniciativas provocadas pela Lei de Diretrizes e Base da Educação 
Nacional nº 11.645 de 10 de março de 2008 começam a forçar mudanças no currículo escolar 
inserindo os temas indígena e africano nas atividades pedagógicas. Um fato importante, porque a 
História oficial dos municípios, também não aborda a importância da presença da população 
negra, cuja chegada na região se deu de forma forçada e criminosa, porém incorporada e ativa na 
construção das paisagens verificadas ao logo do tempo histórico com uma contribuição que 
precisa ser exaltada no espaço e evidenciada no patrimônio cultural arqueológico, cuja 
apropriação do meio, pelos conquistadores, teve início na segunda metade do Século XVI, 
segundo o professor Afrânio Peixoto4 em, entrevista pessoal (1988). Durante muito tempo, as 
terras da área proposta para estudo, ficaram abandonadas até que, com seus rios desembocando 
na Baía de Guanabara, foram aos poucos penetradas pelos colonos. As primeiras sesmarias 
datam de 1568, como a cedida a Brás Cuba com 3000 braças de testada pela costa do mar e 9000 
de fundos, pelo Rio Meriti, passando pela aldeia do índios Jacutinga (PEREIRA, 1997, p. 11). 
Esse processo desencadeou uma nova estrutura histórica na região, superando um sistema 
societário tribal e instaurando um sistema socioeconômico adverso do nativo e resultando em 
alterações na paisagem que mudaram radicalmente a estrutura sociocultural local fazendo surgir 
povoados, vilas, "estradas e produção voltada ao mercado exportador onde antes havia apenas 
uma produção voltada à subsistência. A Sesmaria cedida a Inácio Dias Velho, em 1743, tendo o 
Caminho Novo das Minas como testada, e os rios Santana e Guandu como confrontantes, teve 
seu perímetro ocupado por uma estrutura rural, hoje expressa nas ruínas de povoados, engenhos, 
caminhos, e até, foi sugerido a hipótese de um morgado, o Morgado de Belém, que faz parte, 
inclusive do hino municipal de Japeri e temas de carnaval local. Porém, a existência desse 
morgado não foi confirmado por este estudo, mas colabora na demonstração de como se deu a 
formação da História no espaço considerado. 
 A Baixada Fluminense adquiriu nova configuração geopolítica oficial a partir do início 
da década de 1990, conforme pode ser constatado no Programa de Ação Integrada da Baixada 
Fluminense – PAI, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional – SEDUR, 
de maio de 1990. Estendeu o conceito de Baixada Fluminense a, além, dos municípios de Nova 
Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, incorporando os que se formaram 
pelos plebiscitos que emanciparam vários distritos, como Japeri, Queimados, Belford Roxo, 
Mesquita, Guapimirim, Seropédica e outros municípios da Região Metropolitana do Rio de 
Janeiro, como Magé, Itaguaí e Paracambi. 
 
4 Professor Afrânio Peixoto foi um historiador que empenhou-se no estudo da História de Nova Iguaçu, cabendo-lhe 
a autoria de " Imagens Iguaçuanas", descrevendo a História de Nova Iguaçu. 
15 
 
 
 O mapa a seguir, mostra a região de estudo com os municípios de Japeri, Queimados, 
Nova Iguaçu, Mesquita e Belford Roxo, a serem tratados aqui, que formamum território com 
área de 796,016 km², ocupado por uma população estimada pelo, IBGE, para 2016 de 1.707,683 
habitantes. 
 
Figura 2 – Municípios do estudo e seus confrontantes representados na Região Metropolitana do Rio e Janeiro, 
conforme Lei Complementar nº 158, de 26 de dezembro de 2013, altera o Artigo 1º da Lei Complementar nº. 87, de 
16 de dezembro de 1997, com a nova redação dada pela Lei Complementar nº. 97, de 2 de outubro de 2001, a Lei 
Complementar nº 105, de 4 de julho de 2002, a Lei Complementar nº 130, de 21 de outubro de 2009, e a Lei 
Complementar nº 133, de 15 de dezembro de 2009. Fonte: CEPERJ-2014. 
 
 
 A composição da Baixada Fluminense está vinculada à história de ocupação, através da 
conquista da terra e da evolução social e econômica do chamado Recôncavo da Guanabara, que 
fez crescer sua população, principalmente após o Estado Novo que promoveu a industrialização 
do Brasil, cuja consequência na área comentada, foi o fim do Ciclo Econômico da Laranja e a 
recepção de grandes massas de população pobre provenientes de várias regiões, ocasionando, 
nestes municípios, um crescimento demográfico acelerado a partir, principalmente, da década de 
1950. No entanto, este crescimento se deu sem as necessárias condições de saúde, educação, 
saneamento, moradia e infraestrutura urbana e com forte dependência do mercado de trabalho 
concentrado na Cidade do Rio de Janeiro, gerando um movimento pendular diário entre a 
metrópole e seu entorno, tendo sido, por isto, denominados “municípios dormitórios”. 
 Em 2005, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de 
Desenvolvimento da Baixada e Região Metropolitana - SEDEBREM, considerava como Baixada 
16 
 
 
Fluminense os seguintes municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, 
Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e 
Seropédica. 
 Tomando como referência a bibliografia levantada durante a execução desse estudo, 
conclui-se que a ocupação do território no período histórico, formado pelo polígono constituído 
nos limites referenciados entre os rios Iguaçu, Guandu e Santana e os maciços do Tinguá e 
Mendanha, deu-se em duas vias principais de acesso, a primeira: a) formada pelo Rio Iguaçu, 
que alcançou parte de Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo e; b) formada pelo Rio Guandu5, 
tendo como referência de difusão a Fazenda de Santa Cruz, que foi confrontante com os 
municípios de Nova Iguaçu, Japeri, Mesquita e Queimados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Isso pode ser observado com mais detalhes na "Planta Corográfica de Huma Parte da Provincia do Rio de Janeiro 
na qual se inclue a Imperial Fazenda de Santa cruz de 1848". 
 
Figura 3- Mapa de 1892 mostrando a região com micro bacias 
direcionadas à Baia de Sepetiba (Rio Guandu) e Baia da Guanabara (Rio 
Iguaçu). Fonte: memória757.bloot.com 
17 
 
 
3 OS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM O ESPAÇO DO ESTUDO 
 Nesse capítulo apresento as principais características dos municípios inseridos no 
perímetro do espaço territorial estudado e tem caráter apenas informativo, com exceção de 
Japeri, em que me aprofundei mais na evolução da história de formação do mesmo, chegando a 
levantar fontes primárias, confirmadas pelo registro arqueológico que juntos, contrariam a 
história oficial em muitos aspectos. Talvez o último e único levantamento de dados históricos 
tenha se dado por determinação do Decreto-Lei 311 de 02 de março de 1938, já citado 
anteriormente, quando o Estado Novo ordenou o território nacional. Consultar esse material, 
hoje, é um grande problema, uma vez que a documentação produzida em 1938 e 1939, em 
conformidade com as normas estabelecidas para o recebimento, aprovação e exposição dos 
mapas municipais que as prefeituras apresentaram até o dia 31 de dezembro de 1939, conforme 
Portaria 60, de 22 de junho de 1939 do Conselho Nacional de Geografia, até agora não foi 
localizado. Isso confirma o descaso com a História local e da História para com o local, uma vez 
que esses dados são citado pela História, assim como o é o advento da ferrovia, como um fato de 
importância nacional, mas que em nenhum momento é visto na especificidade localizada em 
cada unidade política. 
3.1 MUNICÍPIO DE JAPERI 
 
Figura 4 - Mapa do Município de Japeri. Fonte: Prefeitura Municipal de Japeri. 
18 
 
 
 
Das tribos Tupiguarani que ocuparam e interagiram com o espaço, até o momento dos 
primeiros contatos com o invasor europeu, começam a surgir as primeiras evidências 
arqueológicas com informações que certamente fornecerão, em breve, um novo texto sobre a 
História local. Após o contato, veio a nova demarcação da terra com a sesmaria, que deu origem 
ao povoado, evoluído a distrito e, deste, à categoria de Município, o que transcorreram-se, com 
referência ao ano de 2017, 274 anos de reocupação do espaço territorial que, conforme, vê-se na 
bibliografia que começa ser resgatada, segue um protocolo observável no ambiente ecológico 
criado pelos antigos moradores do Município. Durante esse grande período histórico-social de 
existência, surgido de uma Carta de Sesmaria doada em 13 de agosto de 1743 a Inácio Dias 
Velho, filho de Garcia Rodrigues Paes, que abriu a picada da estrada, hoje, conhecida como 
Real, ou Caminho Novo do Tinguá e neto de Fernão Dias, o Caçador de Esmeraldas, como 
símbolo de reconhecimento dos serviços prestados pela Família Paes Leme à Coroa Portuguesa, 
Tratava-se a Carta de doação de duas léguas de Sesmarias em Nome de Sua Majestade e tinha 
como limites o Caminho Novo das Minas até a passagem pelo Rio Santana que a limitava ao 
norte, o Rio Santo Antonio e as terras da Real Fazenda de Santa Cruz. Segundo o Professor Rui 
Afrânio Peixoto, essas terras vieram a formar o "Morgado de Belém", extinto após a morte de 
Pedro Dias Paes Leme, sobrinho de Ignácio Dias Velho, passando as terras a constituir a Fazenda 
Belém, com atividades econômicas voltadas ao fabrico de açúcar e aguardente, moinho e 
engenho de mandioca e de serra, casa de vivenda, teatro, igreja, lavoura, gado vacum, cavalar e 
mular. Um vasto acervo em ruínas no meio da serra, talvez possa provar as informações 
prestadas pelo Professor Afrânio Peixoto como as ruínas de um engenho localizado na Serra do 
Tinguá em sua porção conhecida como Serra da Viúva, na divisa entre Miguel Pereira e Nova 
Iguaçu. Japeri percorreu a História a partir da segunda metade do Século XVIII, sendo sempre 
privilegiado em função de obras de grandes vultos que o colocou na confluências das grandes 
vias nacionais, começando pelo Caminho Novo do Tinguá que ligava o Rio de Janeiro a Minas 
Gerais e que fazia a testada de seus limites ao Leste. Depois veio a Estrada da Polícia que cortou 
seu território ao meio, seguido pela Estrada de Ferro D. Pedro II, a estrada de “Presidente 
Pedreira”, a construção de duas casas de custódias que redefiniram a paisagem urbana, 
sobretudo, no Bairro Belo Horizonte, onde estão assentados, cuja favelização do entorno e a 
imigração de parentes de presos para outros bairros do Município, fez um novo retrato da Cidade 
e, atualmente, o Arco Metropolitano que, de certa maneira, já impactou a estrutura demográfica 
mostrando um rumo incerto da situação dessa Cidade, cujos hábitos foram alterados e, que 
demonstra ainda, não estar preparada para gerenciar esse novo contexto. Este conjunto de 
19 
 
 
elementos vem condicionando seu espaço e criando as estruturas de urbanização, embora não 
tenha alcançado um status compatível com essas possibilidades oferecidas indiretamente. Cada 
estrutura dessa trouxe conseqüências que colocaram o Município em evidência, envolvido num 
potencial jamais reconhecido. Cada fato definiu momentos históricos que se caracterizam em 
função das atividades econômicas exploradas ao longo do seu desenvolvimento sociale cultural 
como a cana, a cafeicultura, o rami, a seda, provavelmente em conseqüência da Fábrica Têxtil de 
Paracambi e depois a laranja que fizeram refletir uma economia agrícola exportadora que se fez 
presente até 1950, no Século XX , configurando mudanças espaciais do território da Cidade de 
hoje. 
No entanto, as pesquisas que avançam no espaço do Município, executadas, 
principalmente, pelo Instituto de Arqueologia Brasileira - IAB, vem revelando um período pré-
colonial com forte atuação na paisagem local e regional, até então desconhecido. São sítios 
arqueológicos que remontam ao contato do invasor europeu, e talvez, já brasileiros, visto a 
possibilidade de terem alcançado essa parte periférica do Recôncavo da Baia da Guanabara, 
algum tempo depois de terem iniciado a faixa marginal e de mais fácil acesso. O Município 
dispõe de três sítios do período anterior à chegada e domínio forçado pelos europeus, que 
afirmam a necessidade de conhecer melhor a ocupação sociocultural do espaço da unidade 
política, considerando o Rio Guandu como importante via favorável de acesso, conforme vem 
sendo confirmado nas pesquisas do IAB. 
Como todo município, Japeri é uma organização social, politicamente independente, 
emancipado de Nova Iguaçu através de um plebiscito, reconhecido pela Lei Estadual nº 1.920 de 
02-12-1991. É constituído por dois centros urbanos, densamente povoados, que polarizam 30 
bairros, sendo 27 urbanos e 03 rurais, resultado da ocupação coletiva de um espaço 
compartilhado e segregado em variadas formas de relacionamento humano e atividades 
econômicas gerando um aglomerado sócio-cultural administrado pela política representada pela 
Comarca, Prefeitura e Câmara de Vereadores. Está inserida no contexto de urbanização da 
Região Metropolitana do Rio de Janeiro e reflete as conseqüências desse processo iniciado na 
década de 40 do Século XX quando mudou o nome de Belém. 
Localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro entre as Coordenadas 
Geográficas de 22º 38`35`` L.S. e 43º 39`12`` L.O. Sua geomorfologia se caracteriza por uma 
planície costeira com 30 metros de altitude de acumulação fluvial constituído de gnaisses 
dominantemente tonalíticos, gnaisses granitóides, metatexitos, migmatitos, kinzigitos e de areias, 
cascalho e argilas inconsolidados, limitada por colinas e pelo Maciço do Tinguá. Possui um 
território formado por uma área de 82,9 km2 e faz divisa política com Paracambi, Seropédica, 
20 
 
 
Queimados, Miguel Pereira e Nova Iguaçu. Junto com Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, D. 
Caxias e São João de Meriti e Nova Iguaçu forma a Baixada Fluminense politicamente 
reconhecida. 
Segundo o IBGE, sua população, com base no censo de 2010 é de 95.492 com 
estimativa para 2016 de 100.562 pessoas, distribuídas em 28.424 famílias, que se utilizam de um 
sistema de transporte precário onde 100% dos domicílios têm, no trem, o principal meio de 
locomoção. É acessado por duas rodovias estaduais, a RJ 093 e a RJ 125, duas ferrovias que 
estabelecem ligação com MG e SP, uma desativada absurdamente, e uma série de vicinais que 
cortam o seu território. 
A produção econômica e a renda do Município são provenientes de pequenas indústrias, 
comércio, dos convênios e repasses, royalty do petróleo e da agropecuária, desconsiderada, 
embora exerça importância econômica na região com destaque para a produção da mandioca 
(principal produto), quiabo e goiaba, gado bovino e aves. 
O Rio de Janeiro exerce grande influência cultural na localidade, mas algumas marcas 
se sobressaem como o forró, o artesanato e o patrimônio cultural "material", onde a estação 
ferroviária inaugurada em 1858 constitui o símbolo do brasão municipal, embora sua integridade 
física esteja ameaçada pela falta de cuidados básicos pelas autoridades “competentes”. Essa 
influência no modo de vida do Município de Japeri, principalmente pela facilidade de acesso, 
estigmatizou sua função sócio-econômica de “Cidade Dormitório”. Apesar da emancipação, 
continua nas mesmas condições de que quando era distrito iguaçuano. 
Passou por um intenso processo político administrativo que condicionou sua estrutura 
espacial que, por vez, marcou sua situação fundiária ao longo de sua história até que a Lei nº 
1472 de 28 de abril de 1952, elaborada a partir do Projeto nº 513 de 1951 criou o 5º e o 6º 
distritos de Nova Iguaçu, representados respectivamente por Mesquita e Japeri. O Município de 
Japeri sofre as consequências do, ainda hoje, conceito de desenvolvimento vinculado ao acúmulo 
monetário. 
 Embora seja unânime que, em sua trajetória histórica, tenha alcançado o status de 
morgado ou morgadio que é uma forma de organização familiar que cria uma linhagem, bem 
como um código para designar os seus sucessores, estatutos e comportamentos, até agora, 
nenhuma evidência documental escrita, confirma essa informação. Por outro lado, a 
documentação gerada pelo registro arqueológico desconstrói essa hipótese. Analisando a 
configuração da evolução fundiária da sesmaria, apresento a hipótese formulada a partir de uma 
comparação entre o documento escrito e o vestígio arqueológico de que, um morgado não tenha 
sido um marco na trajetória histórica do Município, pois não consta em nenhuma relação de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhagem
21 
 
 
morgadio visto até o momento. Para essa hipótese também foi considerada a forma como 
sucedeu a partilha do território da sesmaria doada a Inácio Dias Velho, clara no registro 
arqueológico, que contradiz a legislação vigente referente ao tema à época do Brasil colonial e, 
apresenta várias parcelas de terras desmembradas da unidade sesmeira e com destino a 
proprietários com nomes diferentes do donatário. Contudo, o acervo arqueológico localizado até 
o momento, tem mostrado uma estrutura fundiária fortalecida e desenvolvida, uma vez 
observados o tipo e o tamanho de ruínas localizadas. Revela uma composição geoeconômica 
bastante estruturada, mas que permite supor que estivessem interligadas, mais uma vez, com 
referência ao registro arqueológico, neste caso, representado pela rede viária que colocava a 
linha sucessória da Sesmaria em comento, num território caracterizado por uma cadeia produtiva 
alinhada com uma ideia de interligação e adequação à política econômica da época, porém 
mostra, também, uma ruptura territorial que perdura até hoje. Acredito que dessa peculiaridade, 
levou suas características ao enquadramento no conceito de morgado, estabelecido na legislação 
portuguesa sobre o assunto, conforme instrumento legal de 03 de agosto de 1770. 
 As primeiras instituições de morgadio, em Portugal, datam do início do século XIV e 
por duzentos anos, não existiu qualquer tradição escrita sobre a sua vinculação. Mas, em 
03/08/1770, a Lei Pombalina, regulamentou definitivamente os morgadios ou morgados. Não 
podia vincular bens quem queria, mas sim quem o Rei autorizava, dentro de exigências bem 
definidas. Por outro lado, a sucessão dos morgados fazia-se quase sempre em linha reta e só em 
alguns casos, por extinção da descendência, por linha transversal. Essa prática não se verificou 
apenas para a conservação de um sobrenome, mas sim para a manutenção da nobreza do filho 
primogênito e seus descendentes. Mas para vendê-lo ou trocar parte desses bens vinculados, ou 
mesmo à extinção do morgadio era preciso à expressa autorização real. de que faziam parte, ao 
longo de sucessivas gerações. 
 Esta instituição6 vincular, tem origem na legislação castelhana, no Reino de Castela, 
onde era conhecido como mayorazgo e fez parte das leis daquele reino desde 1505 (Leyes de 
Toro) até à Ley Desvinculadora de 1820 e, embora seja adotada pelo reino de Portugal antes, só 
entra na legislação portuguesa com as Ordenações Filipinas de 1603. Por extensão, o 
termo morgado é também utilizado para designar o possuidor do morgadio em questão. O 
morgadio consistia num vínculo de terras,rendas ou outros utensílios provenientes de uma 
determinada profissão, feito pelo respectivo instituidor. Estes bens assim vinculados não podiam 
ser vendidos nem de outra forma alienados, cabendo ao respectivo administrador (o morgado) o 
 
6 Conforme visto no sitio https://edittip.net/2013/12/28/morgadio, citando os trabalhos de Clavero (1974); Monteiro 
(2002); Motta (2011); Rosa (1995). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Castela
https://pt.wikipedia.org/wiki/1505
https://pt.wikipedia.org/wiki/1820
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas
https://pt.wikipedia.org/wiki/1603
22 
 
 
cumprimento das determinações do instituidor, o usufruto do morgadio e o gozo dos rendimentos 
proporcionados pelos bens vinculados. Só com expressa autorização real era possível vender ou 
trocar parte desses bens vinculados, ou mesmo a extinção do morgadio. Mas era possível 
acrescentar bens ao morgadio e, por vezes, a instituição do vínculo obrigava, mesmo que, cada 
administrador lhe acrescentasse a sua terça. 
 A instituição de morgadios estava normalmente associada à instituição de capelas e ao 
cumprimento dos chamados “bens de alma” definidos pelo instituidor, sendo esta também uma 
razão para a sua difusão. 
 Existiram, no entanto, outro tipo de morgadio, associado a determinadas profissões, 
nomeadamente na distribuição do correio e também a algumas profissões mecânicas ou 
artesanais. O morgadio difundiu-se na idade média como uma forma de contrariar o 
empobrecimento das famílias ricas devido às sucessivas partilhas, servindo, assim, como um 
vínculo entre um pai e sua descendência no qual seus bens são transmitidos ao filho primogênito, 
mantendo, desta forma, o seu ramo principal com o suficiente estatuto econômico-social. 
 No regime de morgadio os domínios senhoriais eram inalienáveis, indivisíveis e 
insusceptíveis de partilha por morte do seu titular, transmitindo-se nas mesmas condições ao 
descendente varão primogênito. Assim, o conjunto dos bens de um morgado constituía 
um vínculo, uma vez que esses bens estavam vinculados à perpetuação do poder econômico da 
família. As regras de sucessão na administração do morgadio eram definidas pela respectiva 
instituição. Em geral, sucedia o filho homem mais velho e, à falta de filhos, o parente mais 
próximo. O filho primogênito na sua maioria das vezes recebia o nome do pai completo, seguido 
da palavra Filho, Neto. Os outros filhos(as) tinham somente o nome e o sobrenome do pai: a 
família da mãe (esposa) não existia. O intuito era manter a árvore genealógica. Os demais filhos 
caíam na desgraça e muitas vezes sujeitos a um primogênito, insensato e carregado de vícios. É 
certo que o morgado contrariava o princípio da igualdade na partilha dos bens entre os filhos, 
privilegiando o mais velho e o homem em relação à mulher. Mas, por outro lado, criava 
obrigações ao primogênito em relação aos irmãos, e muitas vezes estes recebiam os bens móveis 
livres de foros, vínculos ou ônus dos pais. O direito de herança das filhas era tratado de forma 
categórica na letra da lei: (...) e concorrendo na sucessão dos Morgados irmão varão e fêmea 
ordenamos que sempre o irmão varão suceda no morgadio e bens vinculados, e preceda a sua 
irmã, posto que seja mais velha. E mesmo será nos outros parentes em igual grau mais chegado 
ao ultimo possuidor, porque sempre o varão precederá na sucessão à fêmea posto que ela seja 
mais velha. Ainda menos comum do que o morgadio, a exclusão da filha do rol de herdeiros 
podia ser uma outra forma de a sociedade impedir as mulheres de ter acesso aos bens da família, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADnculo
23 
 
 
caso o comportamento da filha afrontasse a autoridade patriarcal. Devido ao empobrecimento 
dos filhos não primogênitos, o Parlamento brasileiro proibiu a instituição do morgadio em 1835, 
sendo extinto definitivamente em 1837. Em Portugal só foi extinto no reinado de D. Luís I por 
Carta de Lei de 19/05/1863, subsistindo, no entanto o vínculo da Casa de Bragança, o qual se 
destinava ao herdeiro da Coroa. Este último morgadio viria a perdurar até 1910. 
 No Brasil existiram vários morgadios, entre eles o do Cabo de Santo 
Agostinho, em Pernambuco, fundado por João Paes Velho Barreto citado aqui, pela semelhança 
do sobrenome com o de Ignácio Dias Velho, que era um Paes Leme, posto que existem citações 
do sobrenome Velho a Inácio Dias Velho Paes, buscando alguma relação da dita sesmaria com 
morgado ou morgadio. Entre os municípios estudados a referência de morgado até aqui 
confirmada é o Morgado do Marapicu, que deu origem a Queimados, cuja o espaço do meso 
deve ser melhor estudado, pela arqueologia a fim de conhecer sua evolução histórica. Enfim, 
pelas considerações conhecidas sobre o morgadio, sinto-me seguro em afirmar que Japeri nunca 
foi um morgado, uma vez que, desde de cedo teve suas terras, antes sesmaria, partilhadas e 
vendidas, de forma diferente da que estabelecia a legislação da época, sobre o assunto. 
 Documentos com referência a Japeri são fragmentados e estão dispersos em arquivos 
oficiais, mas sem catálogo específico, ou em coleções privadas, sob a guarda de alguém que, 
toma para si, o registro histórico, acarretando em dificuldade, o acesso a essas fontes, quase um 
obstáculo à descrição por, via escrita, levando ao foco no registro arqueológico histórico, a 
perspectiva de criação de uma rede vertical de informação, mostrando os fatos que nortearam a 
evolução sociocultural do Município. Mesmo assim, já se conseguiu bastantes dados 
bibliográficos com o levantamento realizado em arquivos e bibliotecas públicos. Como exemplo, 
cito a compra de uma cachoeira em Belém em 1904 pela Estrada de Ferro Central do Brasil, 
cujos trâmites documentais tiveram início em 1903, conforme o Ofício 1578 de 104, emitido 
pela Diretoria Geral de Obras e Viação, autorizando a Estrada de Ferro Central do Brasil a 
comprar uma cachoeira chamada "Cachoeira Grande", situada em terras da Fazenda de Belém e 
do terreno necessário à canalização da água, pertencentes à Cia Industrial de Seda e Rami e ao 
Dr. Pedro Dias Gordilho Paes Leme a uma respectiva despesas de 60:000$000 (sessenta milhões 
contos de Reis), que deveria ocorrer por conta da consignação do orçamento do atual exercício 
(ano de 1904): Material 5ª Divisão e Via Permanente e Edifício Obras Novas. Fica assim 
satisfeita a ordem constante do Ofício Nº 8 de 16 de março de 1904.O documento cita duas 
plantas do terreno que deveriam acompanhar a escritura, mas não veio neste arquivo, inclusive 
acompanharam o Aviso Nº 473 do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. de 13 de 
abril de 1904. O documento, faz referência à compra de cachoeira em que cujas margens do 
24 
 
 
riacho que a forma, assenta o Sítio Morgado de Belém. Uma data próxima, mas com efeito 
sensitivo tão longe que impossibilita saber o tamanho do terreno comprado e se quando foi 
comprado, as ruínas ali existente já se encontravam naquele estado ou fora comprada juntas e 
funcionando, tendo sido desativada com a aquisição pela Companhia estatal. Uma resposta 
demandada para complementando a informação. Na Carta topográfica do Rio de Janeiro feita 
pelo Côde de Cunha (Conde da Cunha), Capital General e Vice Rei do Estado do Brasil, em 
1767, mostra o Engenho de Pedro Dias, conforme mostra cópia feita do origina,l em 1911, por 
Manoel Vieira Leão exibida na Figura 04. Esse mapa esclarece e confirma algumas questões 
importantes como a hipótese sugerida para a primeira construção da sesmaria ter sido às margens 
do Caminho Novo. Esta hipótese não contava à época, com informações fornecida pela 
cartografia histórica, que vem mostrando uma rede viária importante no processo de ocupaçãosociocultural, provavelmente, desde a época dos tupiguarani. E também, fortalece a ideia de não 
existência de um morgado, uma vez que, em 24 anos da emissão da carta de doação de sesmaria, 
ao então Inácio Dias Velho, um outro Paes Leme já ocupava os fundos da sesmaria. A sugestão 
de uma construção na parte Leste, frontal da sesmaria, com testada para o Caminho Novo, 
depende de confirmação através do registro arqueológico, o que para tanto, requer um projeto de 
pesquisa específico a esse fim. A hipótese não está descartada e conta com informações 
interessantes como cumprimento de uma ordem de colonização de um espaço, anteriormente, 
ocupado por sociedades tribais. Então, sugiro, aqui que, embora o Caminho Novo tenha sido 
utilizado como referência para testada da sesmaria e tenha sido considerada sua importância 
como via de mobilização nacional, outras vias de acesso facilitaram a ocupação do terreno 
sesmeiro por membros da Família Paes Leme nos limites dessas outras vias. Isso coloca o 
desenvolvimento histórico de Japeri, vinculado à expansão das grandes vias de circulação 
nacional ou regional. 
 Já no século XX, no ano de 1911, um Ofício assinado pelo Sr. Albino Alves Ribeiro de 
nº 81 de 05/09/1911, emitido pela Estrada de Ferro Central do Brasil, enviado pelo Ministério de 
Viação e Obras Públicas, através da Diretoria Geral de Viação e Obras Públicas, solicitando que 
seja lavrada na Diretoria do Contencioso do Tesouro Nacional a escritura definitiva de compra 
de parte do prédio nº 87 em frente à Estação Belém, necessário à Estrada de Ferro Central do 
Brasil. No documento seguinte, definido pelo Ofício emitido pelo Ministério dos Negócio da 
fazenda, nº 304 de 16 de julho de 1918, devolve ao Ministro o processo com o aviso do Referido 
Ministério nº 1.958 de 29 de setembro de 1911 e a que se referem o de nº 1.916 de 23 de julho de 
1912 e 3.856 de 27 de outubro de 1913, relativo à aquisição de parte do prédio em frente à 
Estação Belém, citando como proprietário o Sr. Albino Alves Ribeiro, por um preço de 5:000$ 
25 
 
 
(cinco mil conto de Reis). Este documento solicita ao Ministro de Estado da Viação e Obras 
Públicas esclarecimento de dúvida de que trata o parecer da Diretoria do Patrimônio exarado à 
Fls. 56 e 57 do referido processo. O documento mostra, ainda, o processo de ocupação do espaço 
japeriense pouco tempo depois da edição do Dicionário Geográfico do Brasil que caracteriza 
Belém como área anecúmena, imprópria à ocupação, considerando que esse prédio foi 
implantado na parte baixa da Sesmaria. 
 A aquisição da parte do prédio se deu pelo ajuste entre a Estrada de Ferro e o 
proprietário aos vinte e um dia do mês de agosto de 1911, quando estiveram presentes na 
Secretaria da Diretoria da Estrada de Ferro Central do Brasil, como outorgante vendedor o Sr. 
Albino Alves Ribeiro, representado por seu procurador Dr. Octavio Gonçalves Guimarães, e 
como outorgada compradora a Estrada de Ferro Central do Brasil, representada por seu Diretor 
Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, pelo outorgante foi dito que como legítimo senhor e 
possuidor do prédio nº 87, situado em frente ao syphon superior do pátio da estação de Belém, 
Município de Vassouras, 7º Distrito de Paz, transmite à outorgada pela 
"cláusula constituti todo o domínio e posse que tem sobre uma parte do referido prédio 
demarcado na planta que faz parte integrante deste termo com as letras A-B-C-D 
medindo a área de 133,6425m² e limitando por dois lados com terrenos da outorgada e 
pelos dois outros lados com terrenos do outorgante, pela quantia já especificada acima. 
e vem assim que autoriza a outorgante a assinar perante a Diretoria do Patrimônio 
Nacional a escritura definitiva da presente cessão e a apresentar por essa ocasião todos 
os títulos e documentos que provem a sua propriedade, de modo a ficar a venda boa, 
firme, valiosa, livre e desembaraçada de qualquer onus judicial ou extrajudicial. 
Pela outorgada, representada por seu Diretor, foi dito que aceita a presente cessão em 
todas as condições, devendo ser efetuado no Tesouro Nacional o pagamento do preço 
estipulado, quando ali celebrada a respectiva escritura, correndo a despesa por conta da 
sub-consignação do orçamento do atual exercício de 1911: material - 5ª Divisão - Via 
Permanente Edifício - Obras Novas. 
E para constar lavrou-se o presente termo, que assignam com as testemunhas. Secretaria 
da diretoria da Estrada de Ferro Central do Brasil, Rio de Janeiro Capital Federal, 21 de 
agosto de 1911. (Assinados) Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, PP. Octavio 
Gonçalves Guimarães. Testemunhas - Bernardo Rodrigues Gomes, 1º Escriturário - 
Morato Ignacio de Soyza Valente Amanuense. 
 
 Ainda em referencia a esta situação, buscando entender como se deu o processo de 
ocupação, tem-se a Carta de arrematação emitida pelo Juízo Municipal da Comarca de 
Vassouras, em 21 de junho de 1897, extraída dos autos de inventário a que se procede por 
falecimento Francisco de Paula Rangel, passada a favor de Albino Alves Ribeiro, o Dr. 
Guilherme de Almeida Magalhães, Juiz Municipal na cidade de Vassouras, etc. a todos os 
senhores Doutores, Desembargadores, Juízes de Direito Municipais, Comerciais de Órfão e de 
Paz e bem assim mais todas as pessoas de Justiça desta República dos Estados Unidos do Brasil 
a quem o conhecimento desta haja e devo de pertencer em suas respectivas comarcas e 
jurisdição. Faz saber que este juízo e cartório do escrivão que esta subscreve em seus devidos 
26 
 
 
termos uns autos de inventário que está procedendo pelo falecimento de Francisco de Paula 
Rangel de quem é inventariante Donato Rangel, pai de Francisco. O falecido, solteiro, deixou 
uma filha menor de nome Januária, reconhecida por escritura pública. No termo de espécie de 
bens, o inventariante, disse mais que os bens do espólio consta de efeitos comerciais na 
Povoação de Belém e um prédio onde está estabelecido o negócio. O Doutor Guilherme de 
Almeida Magalhães manda aos peritos nomeados e afirmados Silvério de Medeiros Torres e 
Aníbal Julião Soeiro que em cumprimento dessa, proceder a avaliação e balanço da casa 
comercial deixado pelo inventariado citado e a avaliação e balanço dos bens deixados por 
Francisco de Paula Rangel mostra um consumo de "armarinho" variado que ia de Garrafa de óleo 
de rícino, garrafas de amêndoas doce, vidros de óleo de babosa, vidros de óleo de máquina, 
vidros de tintura, vidro de anilina, vidros de pelulas catharticas, vidro de extrato, vidro de raspa 
de veado, vidros de bryovica, vidros de nectranda amara, vidros de água de quinisso, vidros de 
xarope de alcatrão, vidro de permanganato de potássio, vidro de xarope de vermífugo, vidros de 
capsulas de taurinas, vidros de pílulas do Doutor Hallan, vidros de extrato Mauá, dúzias de 
carreteis de linha, Guarnições, dúzias de botões de massa para colete ,dúzia de botões de massa 
para paletó, guarnições de louça, dúzias de botões de jasper, grosa de botões de mão de pérola, 
caixa de botões diversos, metros de liga, dúzia de pente preto de alisar, dúzia de dita, pentes 
transparentes, dúzias de pentes para caspa, pentes para barba, baralhos de cartas, pares de meias, 
pares de meias de cor, dúzia de pares de meias, pares de sapatinho de lã, peças de fitas de 
nobreza, caixa de fita de papel, gravatas pretas, gravatas de cor, caixa com diversas peças de 
enfeite, caixa de renda, porção de cadarço e trancelim, bonecas de louça entre outras muitas 
coisa do gênero, listadas no inventário que narra o tipo de consumo que havia no final do século 
XIX e início do XX em Japeri. A importância desse inventário está ligada às transformações 
provocadas pela implantação e desenvolvimento da ferrovia no território trabalhado, uma vez 
que junto com fotos antigas que começam a ser recuperadas, está sendo possível compreender a 
atual paisagem do Município. Esta estrutura fundiária mostra uma casa comercialcom oferta de 
produtos variados e destinado ao consumo doméstico, num momento pós edição de um 
dicionário técnico oficial que desabona o local para moradia. Parte da estrutura, como visto na 
documentação, foi adquirida pela Estrada de Ferro para expansão de seu pátio que cresceu pelo 
lado esquerdo de quem chega na estação, vindo da Central. Essa estrutura precisa ser localizada e 
isso só será possível pela escavação no extremo do pátio ferroviário, onde hoje existe uma 
grande ocupação irregular. 
 Em uma observação do balanço dos bens classificados como de armarinho, deixados 
por Francisco de Paula Rangel em seu armazém em Belém, podemos ter uma noção do tipo de 
27 
 
 
produto consumido pela população do povoado que crescia nas margens da Estradas de Ferro 
Central do Brasil no início do século XX. 
 A aquisição desse prédio mudou, mais uma vez, a paisagem local da antiga sesmaria, e 
condicionou o espaço à ocupação social. Ainda não está definido, de qual lado foi, uma vez que 
a estação teve seu espaço ampliado pelos dois lados ao longo dos anos. Do lado direito de quem 
chega, havia a estrada que abastecia o trem com produtos vindos do interior e vice-versa. 
 Conforme a Procuração na Pública Forma, carimbada pelo Consulado do Brasil no 
Porto, Imposto do selo no valor de cem Réis, foi estabelecido que: 
saibam quantos esse público instrumento de procuração virem, que no ano de 
nascimento de Nosso Senhor Jesus Crhisto de mil, nocentos e dez aos dez de setembro, 
nesta Vila da Feira e cartório do quarto ofício, a cargo do escrivão notarial José Vieira 
de Souza, esteve presente o Sr. Albino Alves Ribeiro e esposa Dona Amélia Ferreira 
Ribeiro, proprietários do lugar do Ferreiro da Freguesis do Sanguedo, desta Comarca, 
que fizeram como procurador o Senho Celestino Betleder, viúvo, negociante , morador 
na rua Coronel Pedro Alves, número trezentos e um (301), na Cidade do rio de Janeiro, 
Estados Unidos doBrasil, a quem dão poderes, inclusives os de substabelecer, para em 
nome dos outorgantes, fazer arrendamentos das propriedades que eles possuem nos 
mesmos Estados Unidos do Brasil, despedindo, quando assim o entenda, os caseiros e 
admitindo outros, recebendo as respectivas rendas das mesms propriedades, passando os 
necessários recibos. E, ainda lhe dão poderes, para, em nome deles outorgantes, vender 
a propriedade que possuem em Belém, Estado doRio de Janeiro, formada de casas 
terreas e terrenos juntos, para a Estrada de Ferro Central do Brasil, ou vender para outro 
qualquer fim, ou mesmo vender somente a parte da mesma propriedade que for 
necessária para a dita estrada de ferro; vendendo a mesma propriedade, ou a parte d`ela 
pelo preço que puder juntar, que receberá e de que passará quitação, assinando, todos 
os documentos e escrituras precisas, com as condições que estão entender necessária, 
dando-lhe ainda todos os poderes forenses, para poder demandar qualquer devedores ou 
para outro qualquer fim. Sendo testemunhas presentes Eugenio Machado Adillon e João 
Ayres Ferreira, ambos solteiros, maiores, caixeiros, moradores na rua , desta vila. O 
Cônsul Geral da República dos Estados Unidos do Brasil na Cidade do Porto, etc. 
Nicoláo Pinto da Silva Valle reconheceu verdadeira a assinatura retro de Domingos 
Curado, notário público, nesta cidade, exarada no precedente documento constante de 
duas folhas pelo Cônsul, rubricadas com a a rubrica N. Valle no Consulado do Brasil na 
Cidade do Porto em 10 de setembro de 1910. O documento pode ser validado na 
Secretaria de Estado das Relações Exteriores, na Inspetoria da Alfândega ou na 
Delegacia Fiscal do Estado do Rio de Janeiro. Foi publicada na Cidade do Rio de 
Janeiro em 01 de fevereiro de 1911. 
 Esse documento mostra um português com posse de propriedade de terras em Belém, 
que provavelmente veio para o lugar atraído pela construção da Estrada de Ferro para o trabalho 
de construção da Estrada de Ferro. 
 A Sesmaria doada a Ignácio Dias Velho em 1743, com um perímetro que abrangia uma 
área homogênea já está, nessa época, dividida em dois municípios: Vassouras e Nova Iguaçu. A 
Lei nº 750 de 15 de outubro de 1906 reúne em um só distrito de paz, sob a denominação de 2º, os 
atuais 2º e 3º do Município de Vassouras. E a Lei n 881 de 11 de setembro de 1909 restabeleceu 
todos os distritos de paz do Município de Vassouras, com os limites, sede e denominações 
estaduais no Decreto nº I A, de 04 de junho de 1892 que por sua vez havia retificado o Decreto 
28 
 
 
nº I de 08 de maio de 1892. e a Lei 1056 de 31 de dezembro de 1943 Belém passa a integrar o 2º 
Distrito de Nova Iguaçu - Queimados e pela Lei 1472 de 28 de abril de 1952 promulgada a partir 
do Projeto nº 513/51 cria no Município de Nova Iguaçu os distritos de Mesquita - 5º e Japeri - 
6º, com os limites estabelecidos nos termos da resolução que a Câmara Municipal adotou na 
Sessão de 29 de março do corrente ano. Com isso Belém caminhou em direção ao processo de 
urbanização fazendo surgiu como condicionante sócio- espacial fundamental a ferrovia que foi 
capaz de adaptar a baixada insalubre no novo espaço de ocupação do antigo povoado, ao invés 
de adaptar o novo ocupante à baixada insalubre. 
 Foi dessa forma que Japeri se inseriu no contexto das grandes vias de circulação, 
criando uma vocação que, a meu ver, pode ser chamada de ferroviária. O desenvolvimento 
sociocultural pelo qual passou o espaço que convergiu no território municipal, no período 
histórico mostra que o fator fundamental que ocasionou a saído de Belém da Serra e ocupasse a 
baixada foi a ferrovia. Ainda hoje o Município sofre as consequências da desativação da 
dinâmica ferroviária que havia até a década de 1979. a considerar que o espaço urbano de um 
município capitalista constitui-se, em um primeiro momento, de sua apreensão, no conjunto de 
diferentes usos da terra justapostos entre si. É simultaneamente fragmentado e articulado o que o 
faz reflexo da sociedade, consequentemente mutável e condicionante dessa mesma sociedade 
(CORRÊA, R. L. 1995). 
3.2 MUNICÍPIO DE QUEIMADOS 
 
Figura 5 - Mapa do Município de Queimados. Fonte: IBGE-@Cidades. 
29 
 
 
 Se por um lado, a lei do morgado serviu para sugerir o desenquadramento de Japeri do 
status de morgadio, por outro, Queimados foi instituído enquanto tal, conforme documento de 
vínculo de morgado emitido pelo Ministério da Justiça e Negócio Interiores datado de 06 de 
janeiro de 1772. 
 Com uma população estimada para 2015 de 143.632 habitantes, segundo o IBGE, 
Queimados tem uma área de 75,695 km² e uma densidade populacional de 1.822,60 habitantes 
por km² tem suas origens históricas no Morgado do Marapicu, ainda no século XVIII, porém 
podemos sugerir que sua História precisa ser melhor estudada, tendo em vista a falta de clareza 
nos dados históricos. Alguns confirmam e vinculam o Município ao Morgado de Marapicu 
como o que descreve a solicitação do "Desembargador Procurador da Coroa João Pereira Ramos 
de Azeredo Coutinho, pede ao Tabelião Manoel Freira Ribeiro por Certidão o teor de uma 
escritura a mais do suplicante e seus irmãos, fizeram dando consentimento para de todos os seus 
bens se instituísse um morgado e se vincularem nele todos os ditos bens, sendo administrados 
dele o suplicante e por que para isso carece de despacho. Pede que seja mandado". O Tabelião 
toma conhecimento do pedido e cita Manoel Freire Ribeiro, Tabelião público do Judicial e Notas 
na Cidade do Rio de Janeiro. Certifica que revendo o livro de notas nº 99 daquele cartório fl. 177 
à fl.186 se acham escritas a referida petição, procuração e inventário, respectivamente a 
escritura. A escritura reza do ano de 06-01-1772. Na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição 
de Marapicu. No Engenho em que assiste Elena de Andrade Souto Maior Coutinho, viúva do 
Capitão Mor Manoel Pereira Ramos de Lemos e Faria. 
 Segundo o histórico do Município, disponível no IBGE, existemtrês versões, mais 
prováveis, para o nome "Queimados". A primeira diz que, quando o imperador Dom Pedro I 
passou por aquela região, na ocasião da inauguração da estação de trem e teria visto uma grande 
queimada que estava sendo feita nos laranjais dos morros e chamou o lugar de "Morro dos 
Queimados". A segunda versão diz que o nome é referente aos corpos de leprosos queimados, 
aos montes, que morriam em um leprosário que ali existia, onde hoje fica a Estrada do Lazareto, 
uma das principais vias do município. Há ainda uma terceira versão, que afirma que o nome da 
cidade provém dos escravos fugidos das fazendas, que eram mortos e tinham seus corpos 
queimados pelos seus senhores. 
 Enquanto Distrito, foi criado com a denominação de Queimados, pelos Decretos 
Estaduais n.ºs 1, de 08-05-1892 e 1-A de 30-06-1892, subordinado ao Município de Iguaçu. 
 Pela Lei Estadual n.º 1.028, de 03-11-1892, ou 1.008, de 11-10-1911 o distrito de 
Queimados passou a ser grafado Queimado. E pela divisão administrativa referente ao ano de 
1911, o distrito de Queimado figura no Município de Iguaçu. Sua antiga sede foi restabelecida 
30 
 
 
pela Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11-1919, voltando a grafia para Queimados pela Lei Estadual 
n.º 1.799, de 09-01-1924. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito de 
Queimados figura no Município de Iguaçu. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas 
de 31-08-1936 e 31-12-1937. 
 Pelo Decreto-Lei Estadual n.º 392-A, de 31-03-1938, o Município de Iguaçu passou a 
denominar-se Nova Iguaçu. O distrito de Queimados figura no Município de Nova Iguaçu (ex-
Iguaçu). No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o Distrito de Queimados 
figura no Município de Nova Iguaçu. Pelo Decreto-Lei Estadual n.º 1.056, de 31-12-1943, foi 
anexado ao distrito de Queimados, uma pequena faixa de território do distrito de Tairetá, do 
município de Vassouras (zona da estação de Belém). Um fato que precisa ser revisto. Em divisão 
territorial datada de 1-07-1960, o Distrito de Queimados permanece no município de Nova 
Iguaçu. Elevado a categoria de Município com a denominação de Queimados, pela Lei Estadual 
n.º 1.773, de 21-12-1990, desmembrado de Nova Iguaçu e constituído do distrito sede e 
instalado em 01-01-1993. 
 A situação de Queimados em relação ao patrimônio cultural, em especial, o 
arqueológico, talvez seja a pior, uma vez que o Município é atingido pelos altos impactos do 
processo de urbanização que alcança áreas, até então, vazias ou ocupadas por atividades 
agrícolas e que sustentava de forma espontânea, esse acervo. No terreno onde há 27 anos ainda 
havia as ruínas de um casarão no centro da Cidade de Queimado foi implantado um condomínio 
residencial destruindo o que havia sem nenhuma preocupação com o bem que se quer era 
considerado. Uma situação lastimável, considerando a existência de uma legislação e dois órgãos 
públicos nas esferas federal e estadual, respectivamente, cuja a função de cada um é também a 
preservação do patrimônio arqueológico. IPHAN e INEPAC, não conseguiram, até hoje, 
estender suas atribuições a essas terras, ou quando fazem, é de forma específica e mediante a 
algum tipo de denúncia, mesmo assim, com bastante falhas. 
 Outra questão é a falta de previsão desse acervo, na gestão municipal, cuja preocupação 
é com o desenvolvimento econômico tradicional, onde o que importa é a geração de dinheiro 
para o "cofre público" e a preservação patrimonial não é o tipo de empreendimento que, na visão 
dos dirigentes, possa gerar esse tipo de recurso. 
3.3 MUNICÍPIO DE MESQUITA 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Município de Mesquita, no Estado do Rio de Janeiro, possui uma área territorial de 
41,471 km², formado no antigo Distrito de Nova Iguaçu, criado com a denominação de Mesquita 
(ex-povoado), pela Lei Estadual n.º 1.472, de 28-04-1952, permanecendo nesta condição após a 
divisão territorial datada de 1-07-1960, tendo alcançado a emancipação, através de um plebiscito 
autorizado pela Lei Estadual n.º 3.253, de 25 de setembro de 1999, e instalado em 01 de janeiro 
de 2001. Com uma população de 168.403 habitantes, segundo senso de 2010, com estimativa 
para 171,020 habitantes em 2016, de acordo com o IBGE, e uma densidade de 4.310,48 
hab./km². Percebo, em sua História, uma demanda de intensas pesquisas em fontes diversas para 
elencar o processo de ocupação sociocultural. Os portais oficiais (Prefeitura e IBGE) carecem de 
maiores informações, porém é notório, que os primeiros grupos sociais da área onde está 
assentado o Município foram os índios Jacutinga (SILVA, 2007, p. 68). Que segundo o Portal da 
Prefeitura Municipal de Mesquita, dos "índios, infelizmente, sobrou apenas o nome de um dos 
bairros da cidade: Jacutinga", e descreve que a localização, farta de mananciais de água que 
desciam do Gericinó, proporcionava a formação de belíssimas cachoeiras e ricas florestas. 
Segundo o Sítio oficial na Internet, nos locais baixos, as águas produziam uma bacia hidrográfica 
e desciam em direção ao Rio Sarapuí. Para o IBGE7, o Município teve origem a partir das terras 
do Engenho da Caxueira, que ficava as margens do rio de mesmo nome – atual canal Dona 
Eugênia – ao pé do Maciço de Gericinó. Nos arredores deste engenho, cresceu um arraial para 
fazer frente à demanda de tropeiros e carroceiros que por ali passavam e abasteciam-se na 
cachoeira que havia nos arredores. Com a expansão do sistema ferroviário, foram implantadas 
várias estações sendo que uma delas ficou localizada no centro do antigo arraial da Cachoeira, o 
 
7 Segundo está descrito no Portal IBGE- @Cidades- trata-se de uma informação que precisa ser confirmada. 
 
Figura 6 - Mapa do Município de Mesquita. Fonte: Mapa do 
Rio de Janeiro/mapa-dos-municipios/municipio-mesquita 
32 
 
 
qual logo mudou de nome para Jerônymo de Mesquita e posteriormente simplificado para 
Mesquita8. O nome é uma referência ao Barão de Mesquita, proprietário das fazendas que hoje 
compõem a região central do município. Para o IBGE, a observação dos primeiros habitantes 
resultou na transformação do barro das regiões alagadas em tijolos e telhas, servindo de base 
para a instalação da Companhia Material de Construção Ludolf & Ludolf, junto à margem direita 
da estação de Mesquita, uma história que precisa ser melhor contada. 
 Quanto à margem esquerda, mais precisamente ao longo da rua da Cachoeira, algumas 
pessoas se estabeleciam, mas o destaque estava no entroncamento das vias que ligavam 
Cachoeira com a Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga (atual Prata), e com Maxambomba 
(atual Nova Iguaçu), onde cada vez mais pessoas fixavam residência. 
 O desenvolvimento da região deveu-se à implementação da ferrovia e ao declínio da 
citricultura, o que permitiu o aparecimento de loteamentos, pondo fim aos grandes vazios 
resultantes da Fazenda da Caxueira e da Companhia Ludolf & Ludolf. 
3.4 MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU 
 
 
Figura 7 - Mapa de Nova Iguaçu. Fonte: IBGE, @Cidades. 
 O Município de Nova Iguaçu com população definida em 796.257 habitantes segundo 
senso de 2010 e com estimativa de 797.435 habitantes, para 2016, segundo o IBGE, com 
densidade demográfica de 1.527,60 hab./km² tem um espaço territorial formado por uma área de 
517,995 km². 
 
8 Maiores informações podem ser obtidas no Livro Das terras de Mutambó ao Município de Mesquita - RJ -
Memórias da Emancipação nas Vozes da Cidade da Professora Maria Fatiam de Souza Silva, de 2007. 
33 
 
 
 Segundo o Portal do IBGE @Cidades e a Prefeitura Municipal, Nova Iguaçu foi elevado 
à categoria de vila com sua sede instalada às margens do Rio Iguaçu, que serviu de inspiração 
para o nome dado pelo Decreto de 15 de janeiro de 1833, período em que, Pereira9 (1997, p.13) 
atenta para uma sériesde problemas que tumultuavam a sociedade brasileira, desde a Corte aos 
extremos do País. Foi desmembrado dos termos de Niterói de Vassouras e Magé tendo sido 
constituído por seis distritos: Jacutinga, Queimados, Nossa Senhora da Piedade de Iguassu, 
Mereti, Palmeiras e Pilar, instalado em 27-07-1833. Pela Lei Provincial n.º 14, de 13-04-1835, a 
vila foi extinta e em seguida, elevada novamente à categoria de vila com a denominação de 
Iguaçu, pela Lei n.º 57 de 01-12-1836. Pelo Decreto Provincial n.º 813, de 06-10-1855 e 
Decretos Estaduais n.º s 01, de 08-05-1892 e de 01-A, de 03-06-1892, é criado o distrito de 
Santana das Palmeiras e anexado à Vila de Iguaçu. Em 1858, com a inauguração da Estrada de 
Ferro Dom Pedro II, iniciou-se o crescimento do Arraial de Maxambomba. Por conta disso, foi 
realizada a transferência da sede do município para um novo centro econômico. Pelo Decreto 
Estadual n.º 204, de 01-05-1891, transferiu a sede do município de Iguaçu para a povoação de 
Maxambomba. Pelos Decretos Estaduais n.ºs 01 de 08-05-1892 e 01-A, de 03-06-1892, são 
criados os distritos de Piedade de Iguaçu, Queimados e São João de Meriti e anexados à Vila de 
Maxambomba. Esta foi elevado à condição de cidade e distrito com a denominação de 
Maxambomba, pelo Decreto Estadual n.º 263, de 19-06-1891 e Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11-
1919. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município se denomina Iguaçu e se 
compunha de 6 distritos: Jacutinga, Queimados, Nossa Senhora da Piedade de Iguassu (ex-
Piedade de Iguaçu), São João de Meriti, Santana das Palmeiras e Pilar. Pela Lei Estadual n.º 
1.331, de 09-11-1916, a sede do município passou a denominar-se Nova Iguaçu. O distrito criado 
com a denominação de São Mateus pelas Leis Estaduais n.ºs 1.332, de 09-11-1916 e 1.634, de 
18-11-1919 e anexado ao município de Nova Iguaçu, foi transformado em Nilópolis pela Lei 
Estadual n.º 1.705, de 06-10-1921. Pela Lei Estadual n.º 1.528, de 25-11-1918, o distrito de Pilar 
passou a denominar-se Xerém. Pela Lei Estadual n.º 1.634, de 18-11-1919, o distrito de Santana 
das Palmeiras passou a denominar-se Santa Branca, São João de Meriti a denominar-se Pavuna e 
Xerém para Estação João Pinto. Pela Lei Estadual n.º 1.799, de 08-01-1924, o distrito de Santa 
Branca passou a denominar-se Bonfim e Cava (ex-Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu) a 
denominar-se Estação José Bulhões. Pelo Decreto Estadual n.º 2.559, 14-03-1931, é criado o 
distrito de Caxias é anexado ao município de Iguaçu. Pelo Decreto Estadual n.º 2.595, de 28-05-
1931, o distrito de Estação João Pinto voltou a denominar-se Pilar. Pelo Decreto Estadual n.º 
 
Waldick Pereira foi um historiador do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu - IHGNI que se dedicou à 
História do Município de Nova Iguaçu. 
34 
 
 
2.601, de 28-05-1931, é criado o distrito de Estrela e anexado ao município de Iguaçu, distrito 
formado com parte do distrito de Pilar. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o 
município é constituído 9 distritos: Nova Iguaçu, Bonfim (ex-Palmeiras), Caxias, Estação José 
Bulhões (ex-Nossa Senhora da Piedade de Iguassu e ex-Cava), Estrela, Nilópolis, Pilar (ex-
Xerém e ex-Estação João Pinto), Queimados e São João de Meriti (ex-Meriti). Assim 
permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 3 31-XII-1937. Só que o distrito 
de São João de Meriti se denomina simplesmente Meriti. Pelo Decreto -Lei Estadual n.º 392-A, 
de 31-03-1938, altera a denominação de Iguaçu para Nova Iguaçu. Pelo Decreto Estadual n.º 
641, de 15-12-1938, é criado o distrito de Belford Roxo e anexado ao município de Nova Iguaçu. 
Sob o mesmo Decreto é extinto o distrito de Pilar, sendo seu território anexado ao distrito de 
Estrela do mesmo município de Nova Iguaçu. 
 No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 9 
distritos: Nova Iguaçu, Belford Roxo, Bonfim, Cava, Caxias, Estrela, Meriti, Nilópolis e 
Queimados. Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.055, de 31-12-1943, confirmado pelo Decreto-lei 
Estadual n.º 1.056, de 31-12-1943, desmembra do município de Nova Iguaçu os distritos de 
Caxias, Meriti, Bonfim e Imbariê (ex-Estrela) alterado pelas mesmas leis acima citadas, para 
formar o novo município com a denominação de Duque de Caxias. No quadro fixado para 
vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 5 distritos: Nova Iguaçu, Belford 
Roxo, Cava, Nilópolis e Queimados. Pela Lei Estadual n.º 6, de 11de agosto de 1947, 
desmembra do município de Nova Iguaçu o distrito de Nilópolis. Elevado à categoria de 
cidade. Pela Lei Estadual n.º 1472 de 28-04-1952, são criados os distritos de Mesquita e Japeri e 
anexados ao município de Nova Iguaçu. Em divisão territorial datada de 1 de julho de 1955, o 
município de Nova Iguaçu é constituído de 6 distritos: Nova Iguaçu, Belford Roxo, Cava, Japeri, 
Mesquita e Queimados. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1 de julho de 
1960. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
3.5 MUNICÍPIO DE BELFORD ROXO 
 
Figura 8 - Mapa de Belford Roxo. Fonte: Secretaria Municipal de 
Ciência e Tecnologia-Prefeitura 
 
 Com uma população formada por 469.332 habitantes segundo dados do senso 2010, 
com estimativa de 494.141 habitantes para 2016 segundo o IBGE, com densidade demográfica 
2010 de 6.031,38 hab./km² inseridos numa área de 78,987 km² 
 Segundo dados no Portal IBGE, o Município teve origem na Fazenda do Brejo, onde 
havia um engenho de açúcar no início do século XVII. Em1729 havia um porto no Rio Sarapuí 
por onde se processava o transporte de mercadorias entre a Corte e as fazendas. Entre as várias 
soluções apresentadas ao governo para solucionar o problema de abastecimento de água, estava a 
proposta do Engenheiro Paulo de Frontin, que teve como colaborador o Inspetor Geral de Obras 
Públicas, Raymundo Teixeira Belford Roxo, foi a de, em apenas seis dias, captar 15 milhões de 
litros de água para a Corte. 
 Belford Roxo foi criado como distrito de Nova Iguaçu pelo Decreto Lei estadual 641 de 
15 de dezembro de 1938. e elevado à categoria de Município através de plebiscito respaldado 
pela Lei 1640 de 03 de abril de 1990 e instalado em 01 de janeiro de 1993 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
4 MATERIAL E MÉTODO 
 Essa pesquisa utilizou-se de uma abordagem teórico-metodológica alicerçada num tripé 
argumentado nas correntes da arqueologia urbana, considerando a rápida expansão urbana pela 
qual passa a região; da arqueologia da paisagem, enquanto método que permite, além de inferir 
sobre a escala da unidade, propor, para as estruturas localizadas no espaço, um correspondente 
temporal e, compreender a apropriação do meio a partir das transformações identificadas e da 
arqueologia pública, que apresenta sua importância diante de um público formado por uma 
população que tem sua origem em diversas regiões do Brasil, o que por esse motivo, já demanda 
informações sobre o local. A Arqueologia Pública, ainda tem a função de buscar mobilizar os 
diversos tipos de recursos voltados a atrair a atenção dos diversos atores que agem nos locais e 
provocar a discussão com vistas a um plano de gestão do patrimônio cultural arqueológico 
evidenciado, garantindo sua preservação. 
 Os principais aspectos da metodologia estão compreendidos em quatro processos 
descritos em métodos e materiais constituídos por um levantamento bibliográfico, entendido 
como o mapeamento da informação produzida e preservada pelos grupos do passado e 
contemporâneo, organizando um conjunto de textos históricos e atuais distribuídos em fontes 
primárias e fontes secundárias que, além de fornecerem o conteúdo para esse trabalho serão 
disponibilizados ao público interessado, possibilitando novas análises dos materiais levantados e 
avaliação desta pesquisa. Desta forma, as fontes primárias se caracterizam por textos 
manuscritos ou em

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