Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instituto de Matemática - UFRJ Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive 1. Mostre que, qualquer que seja a norma ‖ · ‖ adotada em Rn, n > 1, a esfera unitária S[0; 1] = {x ∈ Rn : ‖x‖ = 1} é um conjunto infinito. Solução: Se n > 1, então existem dois vetores linearmente independentes, x1 e x2. considere o segmento de reta R = {tx1 + (1− t)x2 t ∈ [0, 1]}, que é um conjunto infinito. Mostre que a aplicação Φ : R→ S, x 7→ x/‖x‖ é injetiva. 2. Seja x ∈ S[0; 1]. Mostre que para qualquer � > 0, existem y ∈ B(0; 1) e z 6∈ B[0; 1] tais que |x− y| < � e |x− z| < �. Solução: Seja x ∈ S[0; 1]. Considere a função 0 ≤ λ 7→ φ(λ) = λx. Então, temos que |x− φ(λ)| = |(1− λ)x| = |1− λ||x| = |1− λ|. Para achar y, basta escolher λ1 < 1 − � (supomos � já ≤ 1, senão y = 0 serve), e fazer y = φ(λ1); para escolher z, escolhemos λ2 ∈ (1, 1 + �) e φ(λ2). Tem de mostrar ainda que y e z pertencem aos conjuntos anunciados! 3. Mostre que a interseção arbitrária de conjuntos convexos é um conjunto convexo. Solução: É trivial... 4. Mostre que limxk = a ∈ Rn sse lim〈xk, y〉 = 〈a, y〉 para todo y ∈ Rn. Solução: =⇒ : Seja y 6= 0 ∈ Rn. Temos que lim〈xk, y〉 = 〈a, y〉 é o mesmo que 〈xk−a, y〉 → 0. Mas pela desigualdade de Cauchy-Scwarz, |〈xk−a, y〉| ≤ |xk−a||y| → 0, pois xk → a. Reciprocamente, tome y = ei e observe que uma sequência converge sse cada seu componente converge. 1 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) 5. Seja f : X ⊂ Rm → Rn contínua e xk ∈ X uma sequência com xk → a ∈ X. Mostre que se ‖f(xk)‖ ≤ c para todo k ∈ N, então ‖f(a)‖ ≤ c. Solução: Como f é contínua, temos que ‖f(a)− f(xk)‖ → 0. Portanto, para qualquer � > 0, consigo em particular encontrar xk tal que ‖f(a)− f(xk)‖ < �. Assim, ∀� > 0, ‖f(a)‖ ≤ ‖f(a)− f(xk)‖+ ‖f(xk)‖ ≤ �+ C, o que prova o resultado. 6. Seja f : X ⊂ Rm → Rn contínua no ponto a ∈ X. Mostre que se ‖f(a)‖ > 0, então existe δ > 0 tal que ‖f(x)‖ > 0 para todo x ∈ X, ‖x− a‖ < δ. Solução: Seja � = ‖f(a)‖/2. Então, existe δ > 0 tal que, se x ∈ X, ‖x − a‖ < δ, então f(x) ∈ B(f(a); �) = B(f(a); ‖f(a)‖/2). Essa bola não contém zero, pois ‖0−f(a)‖ = ‖f(a)‖ > ‖f(a)‖/2. Logo, f(x) 6= 0 e consequentemente ‖f(x)‖ > 0. 7. Seja f : Rm → Rn contínua. Mostre que se X ⊂ Rm é limitado, então f(X) ⊂ Rn é limitado. Atenção que isto não mostra que uma função contínua transforma limitados em limitados, o que é falso!! Solução: Por f ser contínua no espaço todo, sabemos que é contínua no compacto X. Logo f(X) é compacto e portanto limitado, pois uma função contínua transforma com- pactos em compactos. Como f(X) ⊂ f(X), então f(X) é limitado. 8. Mostre que o cone C = {(x, y, z) ∈ R3 : z ≥ 0, x2 + y2 − z = 0} é homeomorfo a R2. Solução: Considere a aplicação f : C → R2, f(x, y, z) = (x, y). 2 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) 9. Mostre que B[0; 1] \ {0} e (B(0; 1))c são homeomorfos. Solução: Considere a aplicação f : B[0; 1] \ {0} → (B(0; 1))c, f(x) = x‖x‖2 . 10. Seja X ⊂ Rm ilimitado, f : X → Rn uma aplicação e a ∈ Rn. Defina convenientemente o que significa dizer que lim x→∞ f(x) = a. Solução: ∀� > 0, ∃M > 0 : x ∈ X, ‖x‖ > M =⇒ ‖f(x)− a‖ < �. 11. Sejam f : X ⊂ Rm → Rn e a ∈ X ′. Defina convenientemente o que significa dizer que lim x→a f(x) = +∞. Solução: ∀M > 0,∃δ > 0 : x ∈ X, 0 < ‖x− a‖ < δ =⇒ ‖f(x)‖ > M. 12. Seja X ⊂ Rm ilimitado, f : X → Rn uma aplicação. Defina convenientemente o que significa dizer que lim x→∞ f(x) =∞. Solução: ∀M > 0,∃R > 0 : x ∈ X, ‖x‖ > R =⇒ ‖f(x)‖ > M. 13. Seja f : R2 ⊂ {0} → R, f(x, y) = x2−y2 x2+y2 . Verifique que lim x→0 (lim y→0 f(x, y)) 6= lim y→0 (lim x→0 f(x, y)). 3 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) Solução: Só calcular. 14. Mostre que um ponto a ∈ X é aberto relativamente a X sse é um ponto isolado de X. Consequentemente, um conjunto X é discreto (ou seja, todos os seus pontos são pontos isolados) sse qualquer subconjunto A ⊂ X é aberto em X. Solução: Por definição de um subconjunto de X ser aberto relativamente a X, o conjunto {a} é aberto em X quando existe δ > 0 tal que B(a; δ) ∩X ⊂ {a}; Isso é o mesmo que dizer que a é ponto isolado de X. 15. Seja h : X ⊂ Rm → Y ⊂ Rn um homeomorfismo. Mostre que um conjunto A ⊂ X é aberto em X sse h(A) é aberto em Y . Solução: Um resultado importante diz que f : X ⊂ Rm → Rn é contínua sse f−1(B) é aberto em X para todo aberto B ⊂ Rn. Suponhamos que A ⊂ X é aberto em X. Então, A = B ∩X para algum aberto B ⊂ Rm. Como h é a função inversa de h−1, e esta última é contínua, então h(B) ⊂ Rn é aberto. Mas h(B) = h(B)∩ Y , logo h(B) é aberto em Y . A recíproca é semelhante, mas com todos os papéis trocados. 16. Seja A ⊂ Rn. um aberto. Mostre que A é aberto sse A ∩ ∂A = ∅. Solução: Seja A aberto. Então, qualquer elemento x ∈ A possui uma bola centrada nele totalmente contida em A. Isso contradiz a definição de fronteira de A. Logo x 6∈ ∂A. Reciprocamente, suponha que A ∩ ∂A = ∅. Se x ∈ A, então x 6∈ ∂A, ou seja, existe alguma bola B centrada em x para a qual não é verdade que B intersete A e Ac. Logo, B ⊂ A ou B ⊂ Ac. Como x ∈ A, então B ⊂ A. Logo x ∈ int(A) e portanto A é aberto. 4 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) 17. Seja A ⊂ Rn um aberto. Mostre que sua fronteira ∂A tem interior vazio. Dê exemplo de um conjunto cuja fronteira seja um conjunto aberto. Solução: Vamos usar o exercício anterior: A é aberto sse A ∩ ∂A = ∅. Seja A aberto, e suponha que existe x ∈ int(∂A). Então, ∃δ > 0 tal que B(x; δ) ⊂ ∂A. Mas em particular, como o interior de um conjunto está contido no conjunto, tem-se também que x ∈ ∂A. Logo, ∀� > 0, B(x; �) interseta A e Ac. Tome � = δ. Então, existe algum ponto y ∈ A nessa bola. Por outro lado, vimos que essa bola está contida em ∂A, logo y ∈ ∂A. Ou seja, achei y ∈ A ∩ ∂A, que é vazio por A ser aberto. Isso é absurdo. Exemplo pedido: ∂Q = R. 18. Mostre que o conjunto das matrizes invertíveis n× n é um aberto de Rn2 . Solução: Primeiro, defina-se uma norma qualquer no conjunto das matrizes n × n (qualquer uma serve). A aplicação “determinante” de uma matriz é contínua, pois consiste de produtos e somas. O conjunto das matrizes invertíveis é a imagem inversa pela aplicação “determinante” do conjunto aberto R \ {0}, logo é um conjunto aberto. 19. Mostre que o conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto é fechado. Solução: Suponha que x 6∈ X ′. Então, existe alguma bola B(x; �) que não interseta X \ {x}. Em particular, se y ∈ B(x; �), então consigo achar uma bola menor B(y; �′) ⊂ B(x; �) tal que x 6∈ B(y; �′). Temos então que B(y; �′)∩X = ∅, e portanto y 6∈ X ′ de certeza. Logo, dado x ∈ (X ′)c, achei uma bola B(x; �) contida em (X ′)c. Assim, (X ′)c é aberto e portanto X ′ é fechado. 20. * Seja A aberto e convexo. Mostre que A = int(A). Dê um exemplo de um conjunto aberto não-convexo para o qual A 6= int(A). 5 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) Solução: Seja A aberto e convexo. Tem-se A ⊂ int(A)? Lembre que A ⊂ A, sempre. Logo, se x ∈ A, então x ∈ A. Como A é aberto, existe B(x; �) ⊂ A ⊂ A, portanto x ∈ int(A). Logo A ⊂ int(A). Reciprocamente, seja x ∈ int(A), e queremos ver que x ∈ A. A ideia do que segue é conseguir achar dois pontos em A de modo que x seja combinação convexa deles. Temos que existe B(x; �) ⊂ A. Seja y ∈ B(x; �). Então, y ∈ A e portanto B(y; �′) ∩ A 6= ∅ para todo �′. Seja z ∈ B(y; �′) ∩ A. Como A é aberto, existe B(z; �′′) ⊂ A. Podemos supor que B(z; �′′) ⊂ B(x; �), se necessário diminuindo �′ e �′. Considere a bola B de centro z′ = x− (z−x) e raio �′′. Temos que B(z′, �′′) ⊂ B(x; �), logo existe z′′ ∈ B(z′, �′′) ∩ A. Mas se z′′′ = x − (z′′ − x), então temos que z′′′ ∈ B(z; �′′) ⊂ A. Assim, z′′ e z′′′ estão ambos em A, e x = 1 2 (z′′ + z′′′) ∈ A, por Aser convexo. Exemplo: Rn \ {0}. 21. Mostre que a fronteira de um fechado tem interior vazio. Solução: Suponha que ∃x ∈ ∂F com B(x; �) ⊂ ∂F . Ora, se x ∈ ∂F , então existe y ∈ B(x; �) ∩ F c. Como F c é aberto, podemos achar �′ < � tal que B(y; �′) ⊂ F c. Logo y 6∈ ∂F , o que contradiz B(x; �) ⊂ ∂F . 22. Mostre que todo conjunto infinito X ⊂ Rn possui um subconjunto não-compacto. Solução: Sabemos que todo conjunto infinito X possui algum ponto de acumulação x (que pode estar ou não em X). Portanto, existe uma sequência de pontos xn ∈ X, dois a dois distintos, com xn 6= x, que converge para x. Basta então considerar o conjunto {xn}. 23. Seja X ⊂ Rn. Mostre que se todo conjunto homeomorfo a X for limitado, então X é compacto. 6 de 7 Análise 2 - 2020/1 - Prof. Paulo Amorim Lista 1 - até conjuntos compactos inclusive (continuação) Solução: Observe que X é limitado, pois é homeomorfo a ele mesmo. Portanto, para concluir a prova podemos provar o seguinte: Se X é limitado mas não é fechado, então consigo achar um homeomorfismo entre X e um conjunto ilimitado. Seja x0 6∈ X, mas x0 ∈ ∂X, e C suficientemente grande para que X ⊂ B(x0;C). Então, a “inversão” em torno da esfera de centro x0 e raio C, f(x) = 1 C x− x0 ‖x− x0‖2 é um homeomorfismo entre B(x0;C)\{x0} e (B[x0;C])c (ver exercício 9). Portanto, é um homeomorfismo entreX e a sua imagem. ComoX contém pontos arbitrariamente próximos de x0, então a imagem por f(X) terá pontos com norma arbitrariamente grande e por isso não é limitado. 24. Seja X ⊂ Rn. Mostre que se todo conjunto homeomorfo a X for fechado, então X é compacto. Solução: Observe que X é fechado, pois é homeomorfo a si mesmo. Portanto, podemos ver que se X é fechado mas não limitado, então consigo achar um homeomorfismo entre X e um conjunto que não é fechado. Para isso usamos a mesma função do exercício anterior. 7 de 7
Compartilhar