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ENFERMAGEM A PACIENTES OSTOMIZADOS P ág in a2 Faculdade de Minas 2 Sumário Introdução ........................................................................................................ 5 História E Evolução No Surgimento Das Ostomias ......................................... 7 O Que é Ostomia? ......................................................................................... 10 Anatomia Dos Sistemas E Órgãos Passíveis De Ostomização ..................... 13 Nutrição Enteral No Paciente Submetido A Ostomização ............................. 16 Esofagostomia ............................................................................................... 20 Gastrostomia ................................................................................................. 21 Jejunostomia.................................................................................................. 27 Ileostomia ...................................................................................................... 38 Trocando Um Dispositivo (Colocação Da Bolsa) ........................................... 44 Controlando As Necessidades Hídricas E Nutricionais ................................. 48 Promovendo O Cuidado Domiciliar E Comunitário ........................................ 50 Colostomia ..................................................................................................... 57 Removendo E Aplicando O Dispositivo De Colostomia ................................. 64 Apoiando Uma Imagem Corporal Positiva ..................................................... 73 Desvio Urinário .............................................................................................. 76 Encaminhando O Paciente Ao Tratamento Adequado .................................. 79 Aliviar A Ansiedade ........................................................................................ 79 Esclarecendo O Procedimento Cirúrgico E Seus Efeitos .............................. 81 Mantendo A Integridade Da Pele Periostomal ............................................... 85 Instruções Ao Paciente .................................................................................. 93 Paciente x Modelos De Dispositivos .............................................................. 95 Assistência Direcionada ao Ostomizado ....................................................... 99 1 - Bolsas coletoras INTESTINAIS e URINÁRIAS. ............................ 102 P ág in a3 Faculdade de Minas 3 2 - Bolsas coletoras DRENÁVEIS e NÃO DRENÁVEIS. ................... 103 3 - Bolsas coletoras de UMA PEÇA e de DUAS PEÇAS. ................. 104 Adaptação Estrutural ................................................................................... 113 Estomias em Crianças ................................................................................. 116 Ser ostomizado.... ........................................................................................ 127 ..................................................................................................................... 128 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 129 P ág in a4 Faculdade de Minas 4 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. P ág in a5 Faculdade de Minas 5 Introdução O estudo sobre pacientes estomizados confere relevância devido ao significativo aumento do número de casos, sendo maior a incidência destes em pacientes com diagnóstico de câncer colorretal e traumas, em diversas idades. O câncer de cólon e reto são as causas mais prevalentes dentre as diversas patologias que podem desencadear a necessidade da realização de uma estomia. De acordo com dados do Inca (2015), a estimados para o ano de 2016 no Brasil, 16.660 novos casos de câncer de cólon e reto em homens e 17.620 em mulheres. Essa estimativa de risco corresponde a 16,84 novos casos a cada 100 mil homens e 17,10 a cada 100 mil mulheres. O perfil sociodemográfico e epidemiológico do paciente estomizados apresenta um número de casos elevados no sexo feminino, com predomínio de adultos e idosos, tendo o câncer colorretal como principal causa na realização do estoma. O número de idosos é predominante entre os pacientes estomizados, sendo um marcador a idade superior a 60 anos para a identificação de grupos de risco. Diante disso, percebe-se a importância dos profissionais de saúde em qualificar a assistência prestada. Os profissionais enfermeiros possuem papel de extrema relevância nas ações de educação em saúde, proporcionando maior compreensão para a adaptação dos pacientes com estomia intestinal, auxiliando na compreensão do seu processo de adoecimento, bem como, a recuperação ou readaptação deste, contribuindo na sua autonomia em face ao auto cuidado. O estomizado defronta-se com a multiplicidade de alterações de ordem física, psicológica, espiritual, social e sexual, o que pode gerar limitações significativas em seu cotidiano. A saúde, em sua visão holística, enfoca a necessidade de atenção do paciente estomizado voltada não só para sua nova situação de saúde, mas também para a representação desse estoma para a sociedade, porque para o paciente é muito difícil encarar o preconceito vindo das pessoas que não possuem preparo P ág in a6 Faculdade de Minas 6 para conviver com o estomizado. As alterações da imagem corporal são determinantes na qualidade de vida do paciente nas diversas fases da sua reabilitação, a maioria dos estomizados sente-se mutilados após passarem pela cirurgia, e vivem em um período de luto com o próprio corpo. Vários fatores influenciam o autocuidado do paciente, bem como a adesão e motivação para o tratamento, conhecer esses fatores é fundamental para a compreensão dos desafios do processo de cuidar em estomaterapia. Figura: Paciente Ostomizado. Fonte: Expert Digital Uma ação humanizada acontece através do uso da razão e da emoção no cuidado, acolhendo com sinceridade e lealdade ao outro, ouvindo-o com sabedoria e paciência as palavras e os silêncios. Durante o contado direto, acontece o relacionamento e a troca de conhecimento, e, é neste momento de troca, que a Enfermagem passa a se reconhecer como ser humano, tornando as ações mais humanizadas. A humanização esta embutida na filosofia de Enfermagem e que o ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos não superam o significado do toque humano. Esse, no entanto, é que conduzirá o pensamento e as ações da Enfermagem, em especial do enfermeiro, habilitando-o acriticar e construir uma realidade mais humana. P ág in a7 Faculdade de Minas 7 O enfermeiro é muito importante no processo de assistência à saúde de modo a reconhecer os direitos do cliente e assisti-lo com dignidade. Entretanto, considerando seu interesse e preparo para lidar com pessoas ostomizadas, o profissional de Enfermagem deverá planejar ações à prática de uma assistência integral e individualizada, sem perder de vista a importância do acolhimento e o incentivo ao autocuidado com ou sem sua supervisão direta. História E Evolução No Surgimento Das Ostomias 300 a 305 a.C - A primeira ostomia descrita na história por Aurelianus Caelius, foi realizada por Praxágoras de Kos, por volta de 300 a 305 a.C. e ocorreu devido um trauma intestinal que interveio sobre o íleo, na qual o médico fez a incisão, possibilitando a evacuação do conteúdo intestinal realizando posteriormente seu fechamento . 1709- O cirurgião Lorenz Heisterem 1709, teria realizado enterostomia em soldados que apresentavam ferimentos intestinais, porém há contradições que não seriam estomias e sim uma fixação das lesões na parede abdominal. Em 1710, Alex Littré é considerado o “pai da colostomia”, por ter idealizado o procedimento, ao realizar a necrópsia de um recém-nascido com malformação retal e descobriu que poderia exteriorizar as alças intestinais à parede abdominal. 1879- A primeira íleostomia de que se tem registro foi confeccionada em 1879, por este período, essas operações eram acompanhadas por altos índices de morbidade e mortalidade e dificilmente eram confeccionados devido sua difícil manipulação e pelos distúrbios nutricionais e metabólicos que ocorriam, o primeiro paciente a sobreviver após procedimento para íleostomia foi relatado por Maydl, da Áustria, em 1883, operado por câncer de cólon. Figura: Lorenz Heisterem - Fonte: Winkipedia P ág in a8 Faculdade de Minas 8 1930- Em 1930 o American Journal of Nursing destacou a importância da assistência de enfermagem aos pacientes estomizados. Diante disso pode-se dizer que o conhecimento do enfermeiro é fundamental, pois este tem a responsabilidade na assistência deste cliente desde o acompanhamento do cirurgião na demarcação do local em que será realizado o estoma, no pré e no pós-operatório, facilitando as ações de cuidado e atividades futuras de autocuidado do paciente . Entretanto, em 1930, McBurney exteriorizou a ileostomia separadamente da ferida cirúrgica, e também neste período, ocorreu á primeira tentativa de confecção de uma bolsa coletora para ostomia intestinal, elaborada por Alfred A. Strauss, de Chicago, sendo o modelo melhorado por Koenig, ileostomizado e estudante de química. 1940- Em 1940, este equipamento de borracha aderente que cobria o ostoma e impedia vazamento ficou conhecido como Bolsa de Strauss Koenig Rutzen, com boa aceitação no mercado. 1950- O marco no desenvolvimento da área de ostomias em cirurgia acontece em 1950, por Turnbull, em Cheveland, e Brooke, em Londres, que estimulou a busca de novas técnicas cirúrgicas objetivando a continência para todos os tipos de ostomias. 1958- Com o intuito, de enfatizar o cuidado e o processo de convivência da melhor maneira possível com estoma, surgiu em 1958 a primeira “técnica em estomia” conhecida por Norma Thompson Gill que atuou na Cleveland Clinic Foundation, nos Estados Unidos da América a convite do médico Rupert Turnbull, coloproctologista. Norma foi uma Íleostomizada devido uma retocolite ulcerativa, já na fase de convalescença, ainda se mostrou interessada em ajudar outros ostomizados, porque além das próprias dificuldades convivera por dois anos com sua avó, colostomizada por câncer de reto. 1981- Em 1981 nasce oficialmente a chamada estomaterapia (enterostomaltherapy, onde entero=intestino e stomal=stoma), com Figura: Norma Thompson Gill Fonte: Amazon P ág in a9 Faculdade de Minas 9 Norma Gill sendo considerada a primeira estomaterapeuta e Turnbull como o “Pai da estomaterapia”. Norma Gil fomentou a criação de órgão representativo em nível internacional, que acabou efetivando em 1978, com a criação do World Councilof Enterostoma Therapists: Anassocianof Nurses (WCET), esta instituição possui como objetivos promover a identidade da estomaterapia no mundo e o intercâmbio entre os especialistas, internacionalmente, possibilitando o desenvolvimento técnico e científico na área, além da padronização de condutas, buscando, na melhoria da qualidade do desempenho do especialista, o aumento da qualidade assistencial não só ao ostomizado (segundo sua origem), mas também ao indivíduo portador ou com potencial para desenvolver feridas agudas e crônicas, além de incontinências fecal e urinária. BRASIL - No Brasil, a história de luta dos estomizados iniciou-se oficialmente com a criação da primeira associação de ostomizados na cidade de Fortaleza/CE, em 1975, denominada Clube dos Colostomizados do Brasil, sob a iniciativa de um médico coloproctologista Pedro Henrique Saraiva Leão, e que permanece ativa até hoje. A partir de então, várias outras associações, grupos, clubes, núcleos ou centros foram constituídos e congregados pela Sociedade Brasileira de Ostomizados (SBO), fundada em 1986 . É uma associação civil, fundada em 16 de novembro de 1985, sem fins lucrativos de utilidade pública federal, estadual e municipal, voltada para defesa da cidadania da pessoa com estomia, desde bebês até idosos, possui como missão, reunir todas as associações, clubes, núcleos e sócios a nível nacional na defesa da cidadania das pessoas com estomia, incentivar a indústria nacional a fabricar equipamentos para ostomizados de boa qualidade e de baixo custo, representar os estomizados do Brasil a nível nacional e internacional, promover a assistência e defesa de todos os seus filiados, publicar boletim informativo, promover jornadas e congressos, fomentar a criação de associações nos estados, criar, orientar e treinar os “visitadores estomizados”, exigir do serviço público o fornecimento de bolsas coletoras gratuitas, promover a união de todos estomizados brasileiros e ser filiada à Associação Internacional de Ostomizados (IOA) (ABRASO, 2016). P ág in a1 0 Faculdade de Minas 10 O Que é Ostomia? Com o objetivo de justificar os termos utilizados na presente apostila, cabe destacar as alegações do professor Simônides Bacelar sobre o tema, em relação ao qual informa que os termos "ostoma" e "ostomia" não são encontrados nos dicionários atuais e que, nas normas de transmudação de termos gregos para o português, as formas derivadas de stóma – boca, quando iniciam palavra, é feitas com a vogal “e” inicial: estoma. Importante registrar que termos derivados de "ostomia" são encontrados na literatura, como ostomizado e ostomizar, porém são neologismos, embora historicamente adotados nas designações de serviços e entidades. Segundo a literatura estudada, as palavras ostomia, ostoma, estoma ou estomia são de origem grega, e conseqüentemente, uma pessoa ostomizada é aquela submetida a uma cirurgia que resultará na confecção de um ostoma, o qual consiste em uma abertura artificial na parede abdominal para exteriorização de um segmento do intestino que eliminará fezes coletadas em dispositivo aderido ao abdômen. LEMBRE-SE P ág in a1 1 Faculdade de Minas 11 Considerando então a orientação do Ministério da Saúde que nomeou o Programa com o termo Ostomizado e o uso corrente na língua falada no Brasil, o presente texto adota, preferencialmente os termos “ostoma” e “ostomia”, porém entendendo também correto o uso de “estoma” e “estomia”. A palavra Ostoma refere-se a uma abertura confeccionadana parede abdominal por meio de cirurgia onde é feita uma comunicação entre órgãos ou vísceras para o meio externo. Toda cirurgia que leva à confecção de um estoma visa restituir ou garantir ao paciente melhor qualidade de vida. As ostomias intestinais podem ser temporárias ou definitivas, isso dependerá da doença ou fator que levou a realização do procedimento cirúrgico. As ostomias temporárias objetivam a proteção de uma anastomose e podem ser revertidas após algum tempo. As definitivas, indicadas geralmente em casos de neoplasias malignas, são realizadas na impossibilidade de restabelecimento do trânsito intestinal. Sendo assim, pode-se afirmar que a técnica de ostomia consiste na abertura de um órgão oco, por meio de ato cirúrgico, formando uma boca, que passa a ter contato com o meio externo abdome para eliminações de secreções dejetos, fezes e/ou urina . P ág in a1 2 Faculdade de Minas 12 Cabe informar que a classificação das estomias deriva de sua função e do local onde foi realizada, iniciado pelo nome do local e seguido de "ostomia". Exemplos: Traqueia – Traqueostomia; Cavidade Pleural – Pleurostomia; Esôfago–Esofagostomia; Estômago – Gastrostomia; Duodeno – Duodenostomia; Vesícula Biliar – Colecistostomia; Jejuno – Jejunostomia; Íleo – Ileostomia; Ceco – Cecostomia; Parede Cólica – Colostomia; Cólon Transverso – Transversostomia; Sigmóide – Sigmoidostomia; Rim – Nefrostomia; Ureter – Ureterostomia; Bexiga – Cistostomia; Cavidade Peritoneal – Peritoniostomia. P ág in a1 3 Faculdade de Minas Anatomia Dos Sistemas E Órgãos Passíveis De Ostomização Faremos uma breve revisão anatomo-fisiológica dos sistemas que compõem os órgãos passíveis de Ostomização. SISTEMA DIGESTÓRIO O Sistema Digestório é também conhecido como Sistema Digestivo ou Aparelho Digestivo. Ele é formado por um conjunto de órgãos que atuam no corpo humano. A ação desses órgãos está relacionada ao processo de transformação do alimento, que tem o objetivo de ajudar na absorção dos nutrientes. Tudo isso acontece por meio de processos mecânicos e químicos. P ág in a1 4 Faculdade de Minas Veja no quadro abaixo os órgãos que compõem cada parte do Sistema Digestório. Partes Descrição Tubo digestório alto Boca, faringe e esôfago. Tubo digestório médio Estômago e intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo). Tubo digestório baixo Intestino grosso (ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, a curva sigmoide e o reto). Órgãos anexos Glândulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar. SISTEMA URINÁRIO O Sistema Urinário ou Aparelho Urinário é responsável pela produção e eliminação da urina, possui a função de filtrar as "impurezas" do sangue que circula no organismo. O Sistema Urinário é composto por dois rins e pelas vias urinárias, formada por dois ureteres, a bexiga urinária e a uretra. P ág in a1 5 Faculdade de Minas Anatomia Masculina mostrando os órgãos do sistema urinário e reprodutivo. Fonte: todamateria.com.br SISTEMA URINÁRIO MASCULINO O sistema urinário masculino difere do feminino na medida em que a uretra, canal que conduz a urina da bexiga para o exterior, também é utilizado para liberação do esperma no ato da ejaculação. Dividida em três partes: prostática, cavernosa e membranosa, a uretra masculina mede aproximadamente 20 cm e estende-se do orifício uretral interno na bexiga urinária até o orifício uretral externa na extremidade do pênis. SISTEMA URINÁRIO FEMININO O canal da uretra no sistema urinário feminino, que estende-se da bexiga ao orifício externo no vestíbulo, é bem menor que o masculino, medindo aproximadamente 5 cm. Essa característica da anatomia feminina, canal da uretra curto, facilita a ocorrência de infecções urinárias nas mulheres. Figura: Anatomia feminina mostrando órgãos do sistema urinário e reprodutivo. Fonte: todamateria.com.br P ág in a1 6 Faculdade de Minas Nutrição Enteral No Paciente Submetido A Ostomização É evidente que para todo ser humano, independentemente de sua cultura e época vivida, o alimento é um fator essencial e indispensável à manutenção e à ordem da saúde. Sua importância está associada à sua capacidade de fornecer ao corpo humano os nutrientes necessários ao seu sustento. Para o equilíbrio harmônico desta tarefa é fundamental a sua ingestão em quantidade e qualidade adequadas, de modo que funções específicas como a plástica, a reguladora e a energética sejam satisfeitas, mantendo assim a integridade estrutural e funcional do organismo. No entanto, esta integridade pode ser alterada em casos de falta de um ou mais nutrientes, ocasionando deficiência no estado nutricional e necessidade de suplementação o qual denominamos de regime dietoterápico. A ANVISA define nutrição enteral na Portaria n° 337: Alimentação para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição química definida ou estimada, especialmente elaborada para uso por sonda ou via oral, industrializados ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, domiciliar ou ambulatorial, visando a síntese ou manutenção de tecidos, órgãos ou sistemas. Ao ser submetido à sondagem nasoentérica, ou de imediato à gastrostomia, a dieta enteral poderá suprir as necessidades nutricionais do paciente direcionadamente. Kudsk (1992) classifica as dietas enterais em: P ág in a1 7 Faculdade de Minas - Dietas Poliméricas: nutrientes íntegros, com ou sem lactose; baixa osmolaridade; menor custo; hiperproteicas; hipercalóricas suplementadas com fibra; entre outros. - Dietas Oligoméricas: hidrólise enzimática das proteínas; suplementação de aminoácidos cristalinos; osmolaridade mais alta; digestão facilitada; absorção intestinal alta - Dietas Monoméricas ou Elementares: nutrientes na forma mais simples; isenção de resíduos; hiperosmolares; alto custo. - Dietas Especiais: formulações específicas para atender as necessidades nutricionais diferenciadas de acordo com a doença de base. -Módulos: predominância de um dois nutrientes. Nos últimos anos, os contínuos avanços tecnológicos nos conhecimentos da fisiopatologia gastrointestinal permitiram estender os benefícios da alimentação enteral a pacientes criticamente enfermos, com graves distúrbios do aparelho digestivo. A nutrição enteral é vantajosa em relação à nutrição parenteral (nutrição ofertada de forma invasiva, por meio do acesso venoso, diretamente na corrente sanguínea), segundo Krause (2002): -Mantém o fluxo sanguíneo mesentérico. -A flora intestinal mais equilibrada. -Ajuda na preservação da estrutura e função dos intestinos, do fígado e da imunidade. -Permite utilização mais eficiente dos nutrientes. -Oferece menor risco de infecção e de complicações metabólicas. -Tem menor custo. P ág in a1 8 Faculdade de Minas Entre as indicações de nutrição enteral (NE) podemos citar: -Disfagia grave por obstrução ou disfunção da orofaringe ou do esôfago, como megaesôfago chagásico, neoplasias de orofaringe e esofágicas. -Coma ou estado confusional, por trauma crânio-encefálico, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, entre outros. -Anorexia persistente, por neoplasias, doenças infecciosas crônicas, depressão, entre outros. - Náuseas ou vômitos em pacientes com gastroparesia ou obstrução do estômago ou do intestino delgado proximal. - Fístulas do intestino delgadodistal ou do cólon. - Má-absorção secundária à diminuição da capacidade absortiva, como no caso de síndrome do intestino curto. - Broncoaspiração recorrente em pacientes com deglutição incoordenada. - Aumentos dos requerimentos nutricionais, por exemplo, em pacientes com grandes queimaduras. - Doenças ou desordens que requerem administração de dietas específicas: quilotórax e pancreatite aguda, insuficiência hepática, insuficiência renal, doença de Crohn em atividade e outras. Uma indicação geral para a NE é a manutenção da integridade da mucosa do TGI e a prevenção de sua hipotrofia, particularmente em pacientes pós-cirúrgicos ou pós-trauma, ou naqueles com jejum prolongado associado com doenças crônicas. A hipotrofia da mucosa intestinal pode ocorrer rapidamente após o estresse orgânico grave. A presença de nutrientes no TGI pode servir como fator trófico tanto no caso da síndrome do intestino curto quanto na presença de trauma grave. Assim, a alimentação enteral precoce no curso do trauma ou doença grave pode ser sugerida não somente para promover nutrição, mas também para manter o trofismo da mucosa gastrointestinal e prevenir a translocação bacteriana e sepse. Esses são importantes P ág in a1 9 Faculdade de Minas componentes protetores da barreira intestinal contra bactérias, endotoxinas e outras macromoléculas antigênicas. As fórmulas enterais, geralmente são classificadas baseadas na sua composição proteica ou em todos os macronutrientes. Krause (2002) afirma que é necessário determinar o tempo de nutrição enteral para escolher a via de acesso. -Via nasogástrica: inserida no nariz até o estômago. -Nasoduodenal: para pacientes com alto risco de aspiração, refluxo, retardo no esvaziamento gástrico, náuseas e vômitos. -Gastrostomia/ Jejunostomia: as sondas são colocadas sem procedimento cirúrgico no estômago ou jejuno e trazidas para fora por meio da parede abdominal para permitir a via de acesso para a alimentação, tudo isso por via endoscópica. -Enterostomia por cirurgia: para pacientes que requerem algum suporte nutricional e foram submetidos a algum procedimento cirúrgico. O uso da sonda de alimentação de apenas um lúmen para administrar a medicação pode causar problemas. Podem ocorrer incompatibilidades físicas, farmacêuticas e farmacocinéticas entre medicação e nutrição enteral. O uso do mesmo tubo para administração da droga e da alimentação é pouco recomendável em função das interações que aí podem ocorrer. Algumas drogas são conhecidamente incompatíveis com as formulações enterais, contudo as informações nessa área são relativamente escassas. As neuropatias agudas levam a um estado de hipercatabólico, com elevadas perdas nitrogenadas. O balanço nitrogenado negativo pode ser revertido em regimes mais agressivos do que os habitualmente utilizados. Porém, em crianças com neuropatias agudas, a nutrição enteral iniciada precocemente foi bem tolerada, demonstrando ser um método seguro e efetivo para a administração de nutrientes. A alimentação enteral é a modalidade preferida de suporte a pacientes graves que tenham função digestiva aceitável, porém privados da alimentação por via oral; P ág in a2 0 Faculdade de Minas mas as vantagens da oferta contínua em contraste com a intermitente são rodeadas de controvérsias. Os pacientes com doença cerebrovascular complicados por disfagia e portadores de sondas nasoenterais promovem acúmulo de secreções na faringe e aumento do pH intragástrico com consequente colonização bacteriana. Esta situação aumenta o risco de aspiração e pneumonia. O seu uso deve ser restrito e bem indicado. A alimentação enteral tem avançado, nos últimos anos, como forma de terapia nutricional na medida em que evoluem as tecnologias (equipamentos) e o maior conhecimento sobre os nutrientes. O conceito de que o alimento constitui importante estímulo para manter a função e a estrutura intestinal da mucosa, liberando secreções pancreáticas, biliares e fatores hormonais - além da possibilidade de melhor oferta de nutrientes, menor custo e menor risco de infecções e lesões hepáticas - fazem com que a via digestiva seja cada vez mais utilizada . Esofagostomia Também utilizada como técnica de abertura de um orifício no esôfago para retirar secreções ou para administrar Figura: Fonte: https://www.superclubefit.com.br Figura: Esofagostomia percutânea - Fonte: YouTube P ág in a2 1 Faculdade de Minas alimentos ou medicamentos por meio de uma sonda. É habitualmente feita na região cervical ( Pescoço). Gastrostomia A gastrostomia consiste em uma abertura que comunica o estômago com o meio externo, chamado de estoma ou ostomia. Ela pode se confeccionada por endoscopia ou cirurgia e pode ser temporária ou definitiva. O material dos cateteres de gastrostomia pode ser de silicone ou de poliuretano. Algumas vezes utiliza-se o cateter Foley, de látex, a titulo de manutenção provisória do acesso à GT, já que pode causar reações alérgicas cutâneas além de ser degradado com mais facilidade devido à ação do ácido gástrico. Um terceiro tipo de cateteres de GTT, denominados também de cateteres de baixo perfil, são dispositivos que ficam rentes à pele e que são utilizados em substituição aos cateteres longos. É importante avaliar a elegibilidade do paciente para este dispositivo e, especificamente, a espessura da parede abdominal para seleção do kit mais adequado. Para que o cuidado dos pacientes pelos familiares e acompanhantes obtenha sucesso, é fundamental que as orientações sejam devidamente realizadas a fim de lhes garantir o conhecimento básico e segurança para tal. É um direito dos pacientes e familiares de receber o devido treinamento teórico e prático e um dever dos profissionais de saúde de realizá-los de forma eficaz. O profissional de enfermagem é elemento fundamental para a orientação teórica e prática de pacientes e familiares sobre os cuidados com os cateteres de gastrostomia e a administração de medicamentos e da dieta. Quando a alimentação pela boca é impossível ou insuficiente, as necessidades nutricionais podem ser satisfeitas através da nutrição enteral. Neste caso, um tubo fino, macio e flexível, chamado nutrição enteral, nasoenteral ou nasogástrica, pode ser passado, pelo nariz (figura 1), até o estômago (figura 2) ou até o intestino delgado (figura 3). É definida como qualquer tipo de terapêutica nutricional que utiliza P ág in a2 2 Faculdade de Minas o trato gastrintestinal como via de entrada dos nutrientes, artificialmente através de sondas, cujas extremidades se localizam no estômago, duodeno ou jejuno. Para evitar a saída da sonda, a mesma deve ser fixada à pele com uma fita adesiva hipoalergênica ou esparadrapo, para evitar que seja retirada acidentalmente ou que se desloque para fora do estômago ou intestino (figura 1). A sonda enteral, nasoenteral ou nasogástrica é passada por um médico, com um guia metálico flexível. Este guia deverá ser guardado para ser utilizado novamente, caso seja necessário repassar a sonda. O procedimento é simples, indolor, podendo causar uma discreta náusea ou um desconforto na garganta ou nariz. O tempo de utilização da mesma sonda é indeterminado, ficando a troca a critério do médico. Até, se for o caso, a realização da gastrostomia. NUTRIÇÃO ENTERAL, NASOENTERAL OU NASOGÁSTRICA. FIGURA 1 FIXAÇÃO DA SONDA ENTERAL FIGURA 2 SONDA ATÉ O ESTOMAGO FIGURA 3 SONDA ATÉ O INTESTINO GASTROSTOMIA POR VIA ENDOSCÓPIA GASTROSTOMIA ENDOSCÓPICA PERCUTÂNEA - (Tubo PEG). http://www.westmariana.com/fotopeggastrostomia.jpg http://www.westmariana.com/fotogastrostomia1.jpg http://www.westmariana.com/fotogastrostomia2.jpg http://www.westmariana.com/fotogastrostomia3.jpgP ág in a2 3 Faculdade de Minas O Tubo PEG é uma técnica inicial (antes da gastrostomia) e/ou provisória que consiste na colocação de um tubo na cavidade gástrica, funcionando como nova forma de aporte nutricional em pacientes que têm problemas em alimentar-se oralmente. A Gastrostomia Endoscópica Percutânea é indicada para pacientes que, por diversas razões, não têm capacidade de se alimentar oralmente, devido a distúrbios de deglutição necessitando, desta forma, de um suporte nutricional por longo período, por apresentarem em situação de risco nutricional. Geralmente é realizado em pacientes com doenças degenerativas progressivas, sequelas de acidente vascular cerebral (derrame), doença de Alzheimer, mal de Parkinson, síndrome de West, demência senil, atrasos psicomotores severos, tumores da cabeça e pescoço, tumores no esôfago ou estômago, entre outras indicações. As principais complicações associadas à PEG são a inflamação e infecção do orifício (desde a pele até à cavidade gástrica para passagem do botton), por vazamento de suco gástrico, que pode ser tratada com antibiótico e/ou intensificação dos cuidados de higiene. Cuidados a ter após colocação da PEG: A área ao redor da PEG pode ser limpa com água e sabão. Uma compressa limpa e seca pode ser aplicada até que o orifício cicatrize. Pode fazer uma marca na parte exterior da PEG, para vigiar corretamente a posição da mesma. Uma cinta abdominal pode ser aplicada para impedir o deslocamento acidental da PEG. A rotação diária da PEG é recomendada, deve notificar o médico se esta se tornar difícil de rodar. Todos os medicamentos e as alimentações devem ser na forma líquida com uma seringa de 60 cc. P ág in a2 4 Faculdade de Minas O paciente e a família devem receber instruções específicas sobre a rotina de alimentação recomendada. Após cada administração de medicamentos e alimentação, inserir de 60 a 120cc de água na PEG para limpeza. As Complicações advindas do uso prolongado da nutrição enteral, nasoenteral ou nasogástrica - 1 poderiam ser evitadas com a execução da gastrostomia endoscópica percutânea. A maioria destes pacientes teria que conviver com uma sonda posicionada através do nariz até o intestino para se alimentarem das dietas especiais, estando sujeitas às suas complicações e necessidades frequentes de troca das mesmas. Através da PEG podemos posicionar um botton especial através da parede abdominal diretamente no estômago, que chamamos de gastrostomia - provisória, facilitando os cuidados com a mesma, ampliando o leque de opções alimentares para a família, reduzindo as complicações pulmonares e devolvendo a autoestima dos pacientes, já que o botton fica por baixo das roupas, facilitando o convívio social. A gastrostomia endoscópica percutânea PEG é uma técnica segura, com baixa incidência de complicações. Pode ser realizada em ambulatório, no leito do paciente ou em centro de terapia intensiva e a sua indicação deverá ser a mais precoce possível. GASTROSTOMIA ATRAVÉS DE BOTTON/KIT/SONDA. Quando é necessária a alimentação por um longo prazo recomenda-se a troca da Gastrostomia Endoscópica Percutânea PEG - 2 por um Botton/kit/sonda. Isso após a cicatrização completa do orifício, por volta de três a seis semanas. http://www.westmariana.com/fotobottongastrostomia.jpg P ág in a2 5 Faculdade de Minas A substituição da PEG pelo Botton/kit de gastrostomia destina-se a proporcionar uma melhor estética, principalmente conforto e rente a barriga do paciente. Substituir o Botton/kit/sonda quando perceber que balão estourou ou entupiu de uma maneira que não consiga desobstruir para a passagem de líquidos. São raras as complicações, podem ocorrer, inicialmente, irritações do tecido ou potenciais infecções. Os cuidados a ter com este dispositivo são equivalentes aos cuidados a ter com a PEG. O acompanhamento após a colocação do Botton/kit/sonda, se possível, deverá ser assistido por uma equipe multidisciplinar composta de: fonoaudióloga, nutricionista, fisioterapeuta e profissional treinado para verificar periodicamente o Botton/kit/sonda. O cuidado é de suma importância para evitar infecções, normalmente causados pela falta de higienização. São necessários cuidados especiais em volta do Botton/kit/sonda, pois a pele pode ficar irritada e lesionada pela ação do atrito, e do mínimo vazamento do suco gástrico ao redor do Botton/kit/sonda e, eventualmente, à umidade. Se não for tratada a pele torna-se, frágil, com hiperemias (avermelhamento), com feridas, dolorida e poderá ocasionar granuloma e carcinomas (câncer de pele). É recomendável girar o Botton/kit/sonda 360 graus uma vez ao dia para evitar aderência à pele, não é recomendável que fique girando o tempo todo, porque o atrito também pode lesionar. Após três dias da cirurgia de gastrostomia é necessário que seja feita a limpeza no local uma vez por dia, ver abaixo. Não há necessidade de verificar com frequência o nível de água destilada do balão do botton. Não há necessidade de trocar o botton a cada três, quatro, seis meses ou um ano. o Botton deve ser cuidada como se fosse a própria boca do paciente. Todo o procedimento deverá ser de forma cuidadosa. P ág in a2 6 Faculdade de Minas Em primeiro lugar lavar bem as mãos antes de manipular com o botton. Lavar a área em volta do botton usando sabão neutro, água corrente e depois secar com gazes esterilizadas. Lavar o extensor após as refeições e medicações com detergente neutro em água corrente (ver foto da vareta logo abaixo). COMO É REALIZADA A GASTROSTOMIA Gastrostomia Convencional: exige anestesia geral, grande incisão abdominal e internação hospitalar prolongada. Gastrostomia Endoscópica: o procedimento é realizado na sala de endoscopia apenas com anestesia local, sem dor para o paciente e com uma mínima incisão no abdômen para passagem do botton. TIPOS DE BOTTON Nasoenteral: botton introduzido por uma das narinas e posicionada no estomago ou intestino. Gastrostomia: botton posicionado no estomago. Jejunostomia: botton posicionado no jejuno. UTENSÍLIOS UTILIZADOS NA ADMINISTRAÇÃO DA DIETA Botton: tubo flexível de poliuretano ou silicone, que permite o alimento chegar ao estomago ou ao intestino. Frasco plástico: recipiente plástico, graduado, com capacidade para 300 ml ou 500 ml, para acondicionamento da dieta. Equipo: tubo de pvc, com câmara de gotejamento e roldana para o controle do gotejamento, que transporta a dieta do frasco para o botton do paciente. P ág in a2 7 Faculdade de Minas Triturar bem os comprimidos, cápsulas e drágeas, diluindo os medicamentos com pouca quantidade de água, antes de colocar no extensor. Manter o local ao redor do botton sempre seco e protegido. Com isto, as complicações potenciais são evitadas e aumenta-se a vida útil do botton. ALIMENTAÇÃO PELO BOTTON DE GASTROSTOMIA: NASOENTERAL - PEG - BOTTON/KITT. A gastrostomia permite o uso de dieta artesanal pelo cateter, ou seja, o alimento pode ser batido no liquidificador e coado em peneira fina. O Local de preparo deve estar bem limpo. Lavar as mãos com água e sabão e após, separar todos os ingredientes a serem utilizados. Lavar com água e sabão todos os utensílios a serem utilizados no preparo da dieta. Medir corretamente os alimentos antes de prepará-los de acordo com a prescrição do NUTRICIONISTA. E após passar apenas água no extensor. Atenção: Resseca e estraga o extensor se passar água fervente e/ou água sanitária. As gastrostomias e as jejunostomias são realizadas com a finalidade de administrar alimentos (pastosos e/ou líquidos). A estomia alimentar, dependendoda localização, pode ser classificada em: Gastrostomia Procedimento cirúrgico que estabelece o acesso à luz do estômago através da parede abdominal. Jejunostomia Procedimento cirúrgico que estabelece o acesso à luz do jejuno proximal através da parede abdominal. Jejunostomia P ág in a2 8 Faculdade de Minas Cirurgia que consiste na colocação de uma sonda comunicando a luz jejunal ao meio externo com o objetivo de alimentar o paciente por essa via. Atendendo às necessidades do paciente existe como alternativa a jejunostomia. Via de acesso à nutrição enteral em situações de impedimento da utilização das porções altas do tubo digestivo, como nos processos estenosantes do esôfago e do estômago, interrupção alimentar temporária do esôfago após operações extensas sobre os mesmos, descompressão luminal, após a correção cirúrgica de traumatismos que envolvem o confluente biliopancreático-duodenal, recuperação de fístulas de portadores de deiscências em anastomoses gastrintestinais. Tumores gástricos inextirpáveis, carcinoma de esôfago, proteção de suturas gastrintestinais, pancreatite aguda necro- hemorrágica. A opção pela jejunostomia para a nutrição enteral depende da doença e do planejamento operatório. Em pacientes com estenose inflamatória ou neoplásica do esôfago pode-se optar pela jejunostomia em função da possibilidade de utilização do estômago como substituto esofagiano. JEJUNOTERAPIA- Técnica Operatória Pode ser a de Witzel, que é mais freqüente, ou a de Stamm. Diferem basicamente pela tunelização do cateter na primeira. Técnica de Witzel – O acesso é por incisão supra-umbilical paramediana pararretal interna (Lennander), de cerca de 10 cm, à esquerda. Após a abertura de todos os planos da cavidade abdominal, identifica-se e expõe-se a alça jejunal, P ág in a2 9 Faculdade de Minas situada a 20-25 cm do ângulo duodeno-jejunal (Treitz), com mobilidade adequada para se justapor, sem tensão, ao local selecionado para a fixação da jejunostomia à parede abdominal. Aplicam-se dois pontos de reparo na alça jejunal e uma sutura em bolsa (Figura 1). Figura 1 Faz-se uma pequena incisão no centro desta, na borda antimesenterial, o suficiente apenas para a passagem de um cateter (sonda de Levine, Silastic ou Foley nº 10 ou 12). Introduz-se de cerca de 20 cm da sonda multiperfurada, no sentido do peristaltismo (Figura 2). Após o fechamento da sutura em bolsa, aplicam-se pontos seromusculares, de cada lado da sonda, numa extensão aproximada de 6 a 8 cm, com fio monofilamentar de náilon 4.0, em agulha atraumática, para sepultamento da sonda, constituindo-se um túnel seromuscular (Figura 3). Figura 2 P ág in a3 0 Faculdade de Minas Figura 3 A exteriorização é feita através da contra-abertura da pele de 1 cm, no quadrante superior e esquerdo do abdome. Perfura-se a parede com pinça hemostática reta, exteriorizando a sonda com a mesma pinça. Realizam-se 4 pontos cardeais com o fio monofilamentar de náilon 4.0, fixando a seromuscular do jejuno, linearmente ao peritônio parietal, evitando a angulação ou torção do intestino. A sonda é fixada à pele com um ponto, seguido de curativo. Figura 4 P ág in a3 1 Faculdade de Minas Na confecção de jejunostomia com o objetivo de descompressão biliopancreático- duodenal, a sonda é introduzida no sentido cranial (antiperistáltico), com progressão suficiente para alcançar a região desejada, sendo as outras etapas da técnica semelhantes às descritas anteriormente. Complicações Decorrem mais freqüentemente da retirada inadvertida da sonda. Manobras intempestivas para a sua reintrodução podem levar à perfuração da alça intestinal. Estas complicações podem ser evitadas fixando-se adequadamente a sonda à pele. A suboclusão e oclusão resultam do uso incorreto da sonda ou do seu excessivo sepultamento. Outras complicações: Deiscência; fístula; estenose e hemorragia; Diarréia; Dumping (síndrome do esvaziamento gástrico rápido); Dor abdominal. O suporte nutricional adequado pela jejunostomia demanda uma estrutura para o manuseio das dietas, uma vez que esta via de alimentação apresenta particularidades em função da exclusão dos mecanismos da digestão existentes na P ág in a3 2 Faculdade de Minas via orogástrica e duodenal. Os alimentos deverão ser a base de soja e deve-se ficar atento às perdas de ácidos e bases Acompanhamento pós Gastrostomia/Jejunostomia Por uma equipe multidisciplinar acompanhada de fonoaudióloga, nutricionista, fisioterapeuta, enfermeiro, médico e toda equipe profissional treinada para verificar periodicamente o boton. O Cuidado é de suma importância para evitar infecções, tais como: granuloma e queimaduras provocadas pelo suco gástrico, normalmente causado pela falta de higienização ou vazamento no local do boton. O foco do histórico pré-operatório consiste em determinar a capacidade do paciente para compreender e lidar com a experiência cirúrgica iminente. A enfermagem avalia a capacidade do paciente para se ajustar a uma alteração na imagem corporal e para participar no autocuidado, juntamente com o estado psicológico do paciente e da sua família. A finalidade do procedimento operatório deverá ser explicada, de modo que o paciente venha a ter melhor compreensão da evolução pós-operatória esperada. O paciente precisa saber que o resultado dessa cirurgia é desviar da boca e do esôfago, de modo que as alimentações líquidas possam ser administradas diretamente dentro do estômago por meio de uma sonda de borracha ou plástico ou de uma prótese. Quando a prótese precisa ser permanente, o paciente deve estar ciente disso. Do ponto de vista psicológico, com frequência, é bastante difícil o paciente aceitar esse fato. Se o procedimento está sendo realizado para aliviar o desconforto, vômitos https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/acompanhamento-pos-gastrostomia-jejunostomia/34271 P ág in a3 3 Faculdade de Minas prolongados, debilitação ou incapacidade de se alimentar, o paciente pode achá-lo mais aceitável. A enfermagem avalia a condição da pele do paciente e determina se um retardo na cura pode ser previsto devido a um distúrbio sistêmico, por exemplo, diabetes mellitos ou câncer. No período pós-operatório, as necessidades hídricas e nutricionais do paciente são avaliadas para assegurar a ingestão apropriada de alimentos e líquidos. A enfermagem inspeciona a sonda quanto à manutenção apropriada e a incisão quanto a possíveis sinais de infecção. Ao mesmo tempo, deverá ser avaliada a resposta do paciente à alteração da imagem corporal e sua compreensão sobre os métodos de alimentação. Podem ser apresentados como problemas e possíveis complicações a infecção da ferida, celulite, abscesso de parede abdominal, sangramento gastrintestinal e remoção prematura da sonda. Deverá ser planejada e proposta como meta ao paciente a obtenção de um nível ótimo de nutrição, prevenção de infecção, manutenção da integridade da pele, estimulação do enfrentamento, ajustes às alterações na imagem corporal, aquisição do conhecimento e da competência no autocuidado e prevenção das complicações. Condutas a serem seguidas para otimizar a assistência prestada A partir das necessidades previstas é possível estabelecer as condutas a serem seguidas na conduta para otimizar e qualificar a assistência prestada: Satisfazer as necessidades nutricionais: deve-se iniciar o processo de adaptação https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/condutas-a-serem-seguidas-para-otimizar-a-assistencia-prestada/34283 P ág in a3 4 Faculdade de Minasalimentar, inicialmente com líquidos em pequenas porções com aumento de volume gradual. Os alimentos batidos no liquidificador são adicionados, gradativamente, aos líquidos leves até que seja alcançada uma dieta plena. Suplementos em pó são facilmente liquefeitos e estão disponíveis no comércio. O paciente que recebe alimentações liquefeitas por sonda tipicamente não são forçados a abster-se dos padrões nutricionais usuais, os quais podem vir a ser psicologicamente mais aceitos. Além disso, a função intestinal quase normal é promovida porque a fibra e o resíduo são semelhantes aos resíduos de uma dieta normal. A ingestão de leite deve ser evitada nos pacientes com deficiência de lactase. Fornecendo o cuidado da sonda e evitando infecções: um pequeno curativo poderá ser aplicado sob a saída da sonda, e a sonda de esofagostomia/ gastrostomia/ jejunostomia pode ser mantida na posição por uma fina faixa de fita adesiva hipoalergênica. Primeiramente, colocada ao redor da sonda e, em seguida, presa firmemente no abdome. O curativo protege a pele ao redor da incisão contra o extravasamento de ácido gástrico e derramamento das alimentações. A enfermagem deverá estar atenta ao posicionamento da sonda, avaliando resíduos e roda a sonda ou disco de estabilização uma vez ao dia, de modo a evitar a ruptura da pele. Algumas sondas de gastrostomia apresentam balões que são insuflados com água para fixar a sonda nas paredes do estômago. A adequação da insuflação do balão é verificada semanalmente ao desinsulflar o balão com o uso de uma seringa com extremidade de Luer. Fornecendo o cuidado cutâneo: a pele periostomizada requer cuidado especial porque ela pode ficar irritada pela ação enzimática dos sucos gástricos (com exceção da esofagostomia) que extravasam ao redor da sonda. Quando não tratada, a pele fica macerada, avermelhada, escoriada e dolorida. A enfermagem lava a área ao redor da sonda com água e sabão diariamente, removendo qualquer incrustação com soro fisiológico, enxágua bem a área e seca-a com pequenos golpes. Quando o estoma cura a drenagem cessa, já descartando a necessidade da realização do curativo. Uma gastrostomia/ jejunostomia definitiva poderá requerer um curativo especial para atingir a estabilização para proteger a pele ao redor da sonda das P ág in a3 5 Faculdade de Minas secreções gástricas e para ajudar a fixar a sonda na posição adequada. A pele local de saída é diariamente avaliada quanto a sinais de ruptura, irritação, escoriação e presença de drenagem ou extravasamento gástrico. O paciente e seus familiares deverão ser encorajados a participar dessa inspeção e das atividades de higiene. Estimulando a imagem corporal: o paciente ostomizado experimentou uma agressão importante para a imagem corporal. A alimentação, uma função fisiológica e social, não pode ser tomada mais como certa. O paciente também está ciente de que a esofagostomia/ gastrostomia/ jejunostomia como uma intervenção terapêutica é realizada apenas na presença de uma doença importante, crônica ou, talvez, terminal. O debate tranquilo das finalidades e rotinas da alimentação por qualquer uma das ostomias supracitadas pode ajudar a impedir que o paciente se sinta assoberbado. Conversar com uma pessoa que se submeteu a uma gastrostomia, por exemplo, também pode ajudar o paciente a aceitar as alterações esperadas. Ajustar-se a uma alteração na imagem corporal leva tempo e requer o apoio e a aceitação da família. É necessário avaliar o sistema de apoio familiar existente. Um membro da família pode surgir como a principal pessoa de apoio. Monitorando e tratando as complicações potenciais: durante a evolução pós-operatória, a enfermagem monitora o paciente quanto às complicações potenciais. As mais comuns são a infecção da ferida e outros problemas com esta, inclusive celulite no local da ferida e abscessos na parede abdominal. Como muitos pacientes que recebem alimentação por sonda estão debilitados e apresenta estado nutricional comprometido, quaisquer sinais de infecção são prontamente reportados para o médico, de modo que possa ser instituída a antibioticoterapia apropriada. O possível sangramento originário do local de inserção no estômago também pode acontecer. Figura: Adequação da placa ao ostoma, bp2.blogger.com P ág in a3 6 Faculdade de Minas A enfermagem deverá manter monitoramento rigoroso de sinais vitais do paciente e observar toda drenagem a partir do local operatório; vômitos e fezes; e quanto à evidência de sangramento. Quaisquer sinais de sangramento deverão ser reportados de imediato ao médico. A remoção prematura da sonda quer seja feita de forma inadvertida pelo paciente quer pelo cuidador gera outra complicação. Quando a sonda é removida prematuramente a pele é limpa e aplica-se um curativo estéril; a enfermagem notifica imediatamente o médico. O trato se fecha dentro de 4 e 6 horas quando a sonda é substituída de imediato. Ensinando o autocuidado aos pacientes: o paciente que deve receber alimentações por sonda de esofagostomia/ gastrostomia/ jejunostomia no ambiente domiciliar deve ser capaz e responsável por este procedimento, ou ter um cuidador que esteja apto a fazê-lo. Também devem existir recursos físicos, financeiros e sociais para manter os cuidados. A enfermagem deverá avaliar o nível de conhecimento do paciente, o interesse no aprendizado sobre a alimentação por sonda e a capacidade para compreender e aplicar as informações detalhadas sobre como preparar a fórmula alimentar e controlar a alimentação por sonda. Os materiais deverão ser apresentados ao paciente e ao seu cuidador, as instruções deverão ser passadas também por escrito. Para facilitar o autocuidado, o corpo de enfermagem deverá encorajar o paciente durante a apresentação das orientações, solicitando que ele participe ainda durante a internação hospitalar; fundamentando uma rotina alimentar mais próxima possível do normal. As orientações mostram, inicialmente, ao paciente como realizar a verificação do conteúdo gástrico no caso da gastrostomia/ jejunostomia, residual antes da alimentação. Assim, o paciente aprende como verificar e manter a permeabilidade da sonda ao administrar água em temperatura ambiente antes e depois da alimentação. Isso estabelecerá a permeabilidade antes da alimentação e, em seguida, limpará a sonda das partículas alimentares, as quais poderiam decompor-se caso fosse permitido que permanecessem na sonda. Todas as alimentações são administradas em temperatura ambiente ou temperatura próxima a corporal. P ág in a3 7 Faculdade de Minas Figura : Gemma Zanini – Adaptação da bolsa de colostomia, arquivo pessoal 2009. Paciente e cuidador devem estar cientes da importância de manter a cabeceira elevada por um mínimo de 1 hora depois do término da alimentação facilitando a digestão e reduzindo riscos de aspiração. Qualquer percepção de obstrução exige que a alimentação seja interrompida e o médico deverá ser notificado. O paciente e cuidador serão instruídos a lavar a sonda com pelo menos 30ml de água depois da alimentação ou administração de medicamentos, otimizando a sonda mantendo sempre bom aspecto e permeabilidade. Estão disponíveis no mercado adaptadores que podem ser fixados na extremidade da sonda para criar um local em “Y” que facilita a administração da lavagem; o local é limpo com água morna e sabão e enxaguado depois de cada uso. Deve-se orientar, também, o paciente e cuidador a verificarem se a sonda está marcada no nível cutâneo que proporcione uma linha de base para a posterior comparação. Eles são aconselhados a monitorar o comprimento da sonda e a notificar ao médico ou enfermeiro (a) sobre os cuidados domiciliares caso o segmento da sonda fora do corpo fique mais curto ou mais longo. Caso o pacientedeva usar bomba de infusão para alimentação programada contínua ou intermitente em casa, será essencial a instrução no uso do tipo particular P ág in a3 8 Faculdade de Minas de bomba. Muitas bombas de alimentação possuem alarmes acoplados que sinalizam quando a bolsa está vazia. Paciente e cuidador precisam estar cientes dos alarmes e de como solucionar os problemas com a bomba. Cuidado continuado: a referência para uma agência de cuidados domiciliares é importante para garantir a supervisão e suportes iniciais para o paciente e os cuidados. A enfermagem de cuidados domiciliares avalia o estado e o progresso do paciente e as técnicas que são empregadas na administração da alimentação por sonda. A instrução e supervisão adicionais no ambiente domiciliar podem ser necessárias para ajudar o paciente e o cuidador a se adaptarem a um ambiente físico e equipamentos que são bastante diferentes dos utilizados em ambiente hospitalar. Deve ser revisto sempre com paciente e cuidador as informações sobre possíveis complicações a reportar (ex: síndrome do esvaziamento rápido, náuseas e vômitos, infecção cutânea periestoma). A equipe de enfermagem responsável por cuidados domiciliares ajuda a ambientação da nova situação para família e paciente, no intuito de estabelecer uma rotina o mais próxima possível do normal. Alguns pacientes irão querer experimentar uma sensação de alimentação normal e podem ser aconselhados a tentar cheirar, saborear e mastigar pequenas quantidades de alimentos antes de receber sua alimentação por sonda. Esse exercício estimula o fluxo salivar e de secreções gástricas, podendo ter alguma sensação de refeição normal. O alimento mastigado pode ser então depositado pelo paciente em um funil ou seringa acoplado ao tubo de gastrostomia para administração dentro do estômago. O paciente (ou o cuidador) é encorajado a manter um diário para registrar os horários e quantidades das alimentações e qualquer intercorrência ou sintoma ocorrente. A equipe médica, enfermagem e nutricionistas devem rever o diário a cada visita domiciliar. Ileostomia P ág in a3 9 Faculdade de Minas O que é uma ileostomia? Numa ileostomia, o orifício (estoma) situa-se ao nível do intestino delgado (ileon), sendo suprimido o intestino grosso na sua totalidade. Pela ileostomia saem fezes muito líquidas, agressivas para a pele. Estas passariam ao intestino grosso, onde seria absorvida a água e as fezes ficariam mais grossas. Como, não tem o cólon, ou não está funcionante, o próprio intestino delgado vai, com o passar do tempo, assumir em parte essa função. Assim, as fezes da ileostomia, que inicialmente são muito líquidas passam mais tarde a ser menos líquidas ou mesmo moles. Os gases e os cheiros como resultado do processo digestivo, são reduzidos. É frequentemente nos casos intratáveis de colite ulcerosa, na doença de Crohn (enterite regional) e no carcinoma de cólon. Pelo fato de ileostomia drenar constantemente conteúdo líquido intestinal, a absorção de gordura e de vitamina B pode se apresentar reduzida. Perdas de sódio e potássio são aumentadas. Posicionamento da Ileostomia Em grande parte dos pacientes que necessitam submeter-se ao procedimento, a ileostomia é designada com a intenção de reduzir e controlar os sintomas e tratar ou até mesmo evitar complicações. A este paciente, deverão ser proporcionadas as reposições intensivas de líquidos, sangue e proteínas. Sabe-se que o procedimento pré-operatório pode vir acompanhado de antibiótico e profilaxia. Nos pacientes que estão sob corticoide http://4.bp.blogspot.com/_l1bzrlDdvY0/R9VS-QsHFoI/AAAAAAAAAFU/XGFDirRLc44/s1600-h/images[16].jpg http://pt.wikipedia.org/wiki/Colite_ulcerosa http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%83%C2%A7a_de_Crohn http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%83%C2%A7a_de_Crohn http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Enterite&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carcinoma_de_c%C3%B3lon&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Intestino http://pt.wikipedia.org/wiki/Gordura http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_B http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_B http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%83%C2%B3dio http://pt.wikipedia.org/wiki/Pot%C3%83%C2%A1ssio P ág in a4 0 Faculdade de Minas terapia deverão ser mantidos os tratamentos na intenção de suprir qualquer falência de suprarrenais induzidas por esteroides. Em geral, o paciente receberá uma dieta pobre em resíduos, apresentadas em pequenas e frequentes porções. As demais medidas pré-operatórias são as mesmas adotadas em procedimentos de cirurgias abdominais. O abdome deverá receber a marcação para a colocação correta do estoma pelo cirurgião; deve-se garantir que o estoma seja convenientemente posicionado, normalmente em quadrante inferior direito, aproximadamente 5 cm abaixo da cintura; afastada de cicatrizes prévias, proeminências ósseas, dobras cutâneas ou fístulas. É fundamentalmente importante que o paciente tenha compreensão completa da cirurgia que será realizada e o que esperar depois da intervenção. As informações sobre uma ileostomia são apresentadas ao paciente por meio de materiais escritos, modelos e discussões. O serviço hospitalar que assiste a pacientes ostomizados poderá contar com uma equipe inter e multidisciplinar apta a atuar na conscientização dos pacientes submetidos a esse tipo de procedimento. Trabalhar com materiais ilustrativos, bonecos anatômicos, mostrando o posicionamento das possíveis ostomias e familiarizando o paciente a sua imagem pós-procedimento cirúrgico. O ensino pré-operatório deverá incluir o controle da drenagem a partir do estoma, da natureza da drenagem e da intubação nasogástrica, de líquidos parenterais e, possivelmente, de tampão perianal. É necessário o cuidado geral da ferida da cirurgia abdominal. A equipe de enfermagem deve estar atenta ao estoma quanto à forma e coloração; ele deverá ser róseo a vermelho vivo e brilhoso. P ág in a4 1 Faculdade de Minas Para a ileostomia, utiliza-se a drenagem em bolsas plásticas que atuam como contenção da drenagem. São equipadas com fita adesiva que é responsável pela aderência na pele circunvizinha ao estoma. Geralmente, são passíveis de aumento do orifício onde se acomoda o estoma. A drenagem fecal deverá ser rigorosamente monitorizada nas primeiras 72 horas após a cirurgia. A drenagem é um líquido contínuo a partir do intestino delgado; devemos lembrar que o estoma não possui esfíncter controlador. O conteúdo é drenado para a bolsa que deverá ser esvaziada com periodicidade, monitorizando, assim, o volume desprendido do organismo do paciente. A bolsa somada à placa, previamente colocada adequadamente, não apresenta riscos à pele do paciente, pois previne o contato das eliminações com a superfície cutânea. Se não houver contraindicações por outros motivos patológicos ou funcionais, deve-se estimular a deambulação precoce, sempre supervisionada pela equipe de enfermagem. A estimulação motora, consequência da deambulação, favorece o retorno rápido a atividades rotineiras, promove a melhor adequação do paciente a nova realidade fortalecendo laços de confiabilidade entre doente ostomizado, familiares e equipe suporte. Fator imprescindível a pós-operados é o monitoramento da ingesta hídrica, pois como há grande escape hídrico, recomenda-se o registro fiel das ”entradas” e “saídas” a fim de calibrar as necessidades hídricas do paciente. Pode ocorrer perda hídrica de 1000 a 2000ml/dia, além de perdas em diurese, sudorese, respiração e outras fontes. Por meio desses mecanismos de demanda, sódio e potássio são P ág in a4 2 Faculdade de Minas depletados. Os valores bioquímicos podem ser monitorados laboratorialmente e repostos porsoroterapia composta. Em pacientes submetidos ao processo de ileostomia deve-se atentar para queixas álgicas, confortando as necessidades e, sempre que viável, administrar medicação prescrita. Ao término da primeira semana é provável a remoção do tampão retal. Tal medida poderá ocasionar algia, portanto, se prescrito, deve-se administrar analgésico mais as medidas de conforto e encorajamento. É possível também, que seja solicitada irrigação após a retirada do tampão. Na presença de sangramentos é importante comunicar imediatamente ao médico cirurgião responsável. É necessário ofertar ao paciente, nesse momento, todo conforto e acompanhamento para que ocorra a melhor adaptação possível. Os pacientes, de forma geral, ficam bastante deprimidos, e a nova fase como ostomizado é encarada como uma mutilação; isso se deve à retirada de uma parte de seu corpo. Para que seja compreendido todo o processo, é comum que o paciente passe por vários períodos de aceitação: choque, descrença, negação, rejeição, raiva e restituição. O apoio da enfermagem é bastante importante, e a compreensão da perspectiva emocional do paciente em cada caso deve determinar a abordagem. Os pacientes devem saber que existe alguém que os compreendem e se preocupa com eles. Sua doença prolongada pode torná-los irritadiços, ansiosos e deprimidos. A conduta adotada pela equipe é muito importante para facilitar o cuidado comumente complexo com o paciente. Contrariamente, um procedimento para a realização de uma ileostomia pode produzir alterações positivas significativas em um paciente que sofreu de uma doença inflamatória durante vários anos. Depois que o desconforto contínuo da doença diminui é que os pacientes aprenderam a cuidar da ileostomia, assim, desenvolvem uma perspectiva positiva. Até que haja progressão a esta fase, uma conduta empática e tolerante pela equipe é fator desencadeante da adesão de pacientes e familiares a nova realidade. P ág in a4 3 Faculdade de Minas Nessa fase de adaptação, torna-se valiosa a participação de outros ostomizados. Pessoas comuns que por incidências patológicas tiveram de ser submetidas ao processo de ostomização. Tiveram os mesmos problemas vivenciados e após a superação dos processos de adaptação, dedicam seu tempo a ajudarem aqueles que ainda não superaram a fase inicial. Esse apoio acontece por meio de associações. Elas estão espalhadas por toda comunidade e dedicam sua atuação a esses pacientes. Controlando os cuidados com pele e estoma O paciente com uma ileostomia tradicional não pode estabelecer hábitos intestinais regulares porque o conteúdo do íleo é líquido e secretado continuamente. O paciente deve usar uma bolsa em todos os momentos. O tamanho do estoma e o tamanho da bolsa variam a princípio; o estoma deve ser novamente verificado três semanas depois da cirurgia, quando então diminui o edema. O tamanho final e o tipo de dispositivo são selecionados três meses, depois que o peso do paciente se estabilizou e que o estoma enrugou até um formato estável. A localização e o comprimento do estoma são significativos para o controle da ileostomia pelo paciente. O cirurgião posiciona o estoma o mais próximo possível da linha média e em uma localização onde mesmo um paciente obeso com abdome protuso possa cuidar dele com facilidade. Em geral, o estoma da ileostomia tem aproximadamente 2,5cm de comprimento, o que torna conveniente para a fixação de um dispositivo. A escoriação da pele ao redor do estoma pode ser um problema persistente. A integridade cutânea periostomal pode ser comprometida por diversos fatores, como P ág in a4 4 Faculdade de Minas uma reação alérgica ao dispositivo de ostomia, barreira cutânea ou pasta; irritação química pelo efluente; lesão mecânica causada pela remoção do dispositivo; e possível infecção. Quando a irritação e o crescimento de leveduras têm lugar, a nistatina em pó é polvilhada suavemente sobre a pele periostomal. Trocando Um Dispositivo (Colocação Da Bolsa) Deve ser estabelecido um esquema regular para trocar a bolsa, antes que ocorra o extravasamento, para aqueles com uma ileostomia tradicional. O paciente pode ser ensinado a trocar a bolsa. O intervalo de tempo durante o qual uma pessoa pode manter o dispositivo vedado na superfície corporal depende da localização do estoma e da estrutura corporal. Comumente, o tempo de uso é de cinco a sete dias. O dispositivo é esvaziado a cada 4 ou 6 horas ou, simultaneamente, ao esvaziamento da bexiga. Uma válvula de esvaziamento no fundo do dispositivo é fechada com um grampo especial feito para essa finalidade. Muitas bolsas podem ser encontradas no mercado, de vários modelos, tamanhos e com funções especiais. Existem as descartáveis a prova de odor. Alimentos como espinafre e salsa agem como desodorizantes no trato intestinal; os alimentos que provocam os odores incluem repolho, cebolas e peixes. Os comprimidos de bicarbonato de bismuto, que podem ser prescritos e ingeridos por via oral, três ou quatro vezes ao dia, são eficazes na redução de odor. Um espessante fecal pode ser prescrito e administrado para o melhor controle do odor fecal. P ág in a4 5 Faculdade de Minas Autocuidado Figura: Remover a placa e promover a limpeza do local da ostomia e pele pereostoma, secar suavemente. Fonte: arquivo pessoal 2009. Figura:Medir o ostoma Fonte: arquivo pessoal 2009. P ág in a4 6 Faculdade de Minas 46 Ileostomia com continente Ileostomia com continente é uma criação cirúrgica de uma bolsa de intestino delgado que pode servir como um receptáculo interno para secreção fecal; uma válvula em mamilo é construída na saída. No período pós-operatório, um cateter se estende desde o estoma e é preso a um sistema de aspiração de drenagem fechado. Para garantir a permeabilidade do cateter, geralmente a cada 3 horas, 10 a 20ml de soro fisiológico são instilados delicadamente dentro da bolsa; o fluxo de retorno não é aspirado, mas permite que drene por gravidade. Depois de aproximadamente duas semanas, quando o processo de cura progrediu até o ponto em que o cateter é removido do estoma, o paciente é ensinado a drenar a bolsa. O equipamento necessário inclui um cateter, lenços, lubrificante hidrossolúvel, compressas de gaze, uma seringa, solução irrigante e um recipiente para drenagem. Devem ser seguidos os procedimentos: - Inicialmente, deve-se lubrificar a sonda e inseri-la delicadamente 5 cm; nesse ponto, é possível alguma resistência devido a válvula ou mamilo. - Se houver muita resistência, encha uma seringa com 20ml de água e injete- a pelo cateter, exercendo ao mesmo tempo alguma pressão sobre o cateter. - Coloque a outra extremidade do cateter em um recipiente, cuba rim; por exemplo, para drenagem segurando-a abaixo do nível do estoma. Posteriormente, esse processo pode ser realizado no vaso sanitário com drenagem liberada direto dentro dele. Depois da drenagem o cateter é removido e a área ao redor do estoma é delicadamente lavada com água morna. Seque com pequenos golpes e aplique um curativo absorvente sobre o estoma, com esparadrapo antialérgico. P ág in a4 7 Faculdade de Minas 47 Em caso de descarga fecal espessa, pode-se injetar água através do cateter para amolecê-la e afrouxá-la. A consistência do efluente é afetada pela ingesta alimentar. A princípio, a drenagem é de apenas 60 a 80 ml, mas, à medida que o tempo passa, a quantidade aumenta de maneira significativa. A bolsa de Kock interna se alonga, acomodando mais adiante 500 a 1000ml. O paciente aprende a sensação de pressão na bolsa como um calibrador para determinar com que frequência a bolsa deve ser drenada. Figura. Modelar o tamanho a placa. Fonte: arquivo pessoal2009. Figura: Recortar a placa na media exata do ostoma Fonte: arquivo pessoal 2009 P ág in a4 8 Faculdade de Minas 48 Controlando As Necessidades Hídricas E Nutricionais Uma dieta pobre em resíduos é seguida durante as primeiras seis a oito semanas. São fornecidos vegetais e frutas peneiradas. Esses alimentos são fontes importantes das vitaminas A e C. Mais adiante, existem poucas restrições de dieta, exceto para evitar alimentos que sejam ricos em fibras ou sementes de difícil digestão, como: aipo, trigo, milho, sementes de cariz, papoula e coco. Os alimentos são reintroduzidos um por vez. Deve-se avaliar a tolerância do paciente a esses alimentos e o lembrar de mastiga-los por completo. Os líquidos podem ser um problema durante o verão quando o liquido perdido pela sudorese aumenta a perda hídrica através da ileostomia. Os líquidos são valiosos na manutenção do equilíbrio eletrolítico. Quando a secreção fecal está muito aquosa, são restringidos os alimentos fibrosos. Quando o efluente está excessivamente seco, a ingesta de sal está Figura: retirar o papel siliconado e aplicar a placa sobre o ostoma Fonte: arquivo pessoal 2009. Figura: Acoplar a bolsa na placa, fazendo massagem suavemente P ág in a4 9 Faculdade de Minas 49 aumentada. A ingesta acrescida de agua ou liquido não aumenta o efluente porque o excesso de agua é excretado na urina. Evitando complicações Monitorar complicações é uma atividade contínua para o paciente com ileostomia. As complicações menores ocorrem em cerca de 40% dos pacientes portadores de ileostomia; menos de 20% exigem res cirúrgicas (Kirsner & Shorter, 2000). As complicações comuns incluem a irritação cutânea, diarreia, estenose do estoma, cálculos urinários e colelitíase. A irritação da pele periostomal, a complicação mais comum da ileostomia, resulta do extravasamento do efluente. Uma bolsa que não se adapta bem é, com frequência, a causa. A equipe de enfermagem, no processo de educação e adaptação deverá ajustar adequadamente a bolsa e aplicar as barreiras cutâneas. A diarreia manifestada pelo efluente muito irritante que enche rapidamente à desidratação e perdas eletrolíticas. A água, sódio e potássio suplementares são administrados para evitar a hipovolemia e hipocalemia. Os agentes antidiarreicos são administrados. A estenose é causada pelo tecido cicatricial circular que se forma no local do estoma. O tecido cicatricial deve ser cirurgicamente liberado, os cálculos urinários ocorrem em cerca de 10% dos pacientes com ileostomia por causa da desidratação causada pela ingesta hídrica diminuída. A dor abdominal inferior intensa que se irradia para as pernas, hematúria e sinais de desidratação indicam que a urina deve ser peneirada. A ingesta hídrica é encorajada. Por vezes, pequenos cálculos são eliminados durante a micção; de outra forma, o tratamento é necessário para esmagar ou remover os cálculos. A colelitíase é três vezes mais comum em pacientes com uma ileostomia que na população geral, por causa das alterações na absorção de ácidos biliares que ocorrem no período pós-operatório. O espasmo da vesícula biliar provoca dor abdominal direita superior intensa, a qual pode irradiar-se para as costas e ombro direito. P ág in a5 0 Faculdade de Minas 50 Promovendo O Cuidado Domiciliar E Comunitário O cuidado humano consiste em uma forma de viver, de ser, de se expressar. A reabilitação do ostomizado requer uma abordagem interdisciplinar que propicie a ele e sua família segurança, aceitação, oportunidade para esclarecimentos e tomada de decisões. Consequente a reabilitação estará na melhoria da qualidade de vida, onde se terá organizado metas, repriorizado a vida e revistos valores, como forma de integração de vivência da ostomia na vida do indivíduo e familiares. Figura: Paciente ostomizado recebe apoio de familiar. Fonte: novaiguacu.rj.gov.br A reabilitação é meta principal da equipe que assiste ao ostomizado, seu alcance significa inseri-lo novamente na sociedade, identificando e ultrapassando os obstáculos que impedem sua adaptação. Reações de ansiedade, agressividade, regressão, depressão, melancolia são percebidas em diferentes graus e o indivíduo fixa a idéia de que nunca mais terá uma vida normal mesmo sabendo que a ostomia aliviará sua enfermidade. Os profissionais de Saúde precisam estar preparados para o atendimento da pessoa ostomizada e a família. Dentro da equipe multiprofissional o enfermeiro desempenha papel fundamental no cuidado deste cliente, pois ele está presente em todos os serviços de saúde desde unidades básicas até os de maior complexidade. P ág in a5 1 Faculdade de Minas 51 Assim, acreditamos no “cuidado”... de forma humanística, priorizando a ação de cuidar voltada para a pessoa, o meio ambiente e não somente centrada em procedimentos, patologias ou problemas. Inter-relacionar a Enfermagem com a ação do cuidar, o cuidado e a tecnologia, para o ostomizado, engloba a percepção do ser humano, como pessoa com seus valores, crenças e experiências. O enfermeiro no processo reabilitatório é classificado como educador, conselheiro e coordenador da assistência. Como educador o enfermeiro age principalmente no pós-operatório ensinando ao cliente como modificar suas ações e readaptar-se à nova condição através de materiais didáticos ou informalmente durante a assistência. No papel de conselheiro o enfermeiro dá ao cliente suporte emocional, tentando, apoiando em seu conhecimento, motivá-lo e amenizar os problemas que estão impedindo a reabilitação, esse contato com o profissional proporciona confiança no cliente facilitando a verbalização de suas dificuldades. Na coordenação do cuidado, como o próprio nome sugere, ele planeja a assistência, organiza e utiliza da melhor forma possível, os recursos disponíveis com flexibilidade e continuidade. Possuindo estes três papéis o enfermeiro está também capacitado a atuar junto à família do ostomizado que tem grande influência na reabilitação do mesmo e tanto quanto ele necessita da assistência de Enfermagem. Uma equipe de Enfermagem que passa pela educação continuada terá melhores condições de atender seus clientes . A Enfermagem muito tem se desenvolvido no processo de cuidar, acreditando que é a arte e a ciência de cuidar, ou seja, “é gente que cuida de gente”. Na verdade, cuidar é muito mais que um ato, é uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro, exigindo compromisso dos profissionais enfermeiros para com o semelhante. Apesar dos trabalhos desenvolvidos e da globalização, a ostomia ainda é pouco conhecida pela sociedade, entretanto só associamos ostomia a enfermidade, quando deparamos com ela em nossa família ou passamos a ser um ostomizado. O desconhecimento promove reações de espanto, piedade, repulsa e não aceitação P ág in a5 2 Faculdade de Minas 52 da condição. O apoio familiar é primordial na recuperação e aceitação da condição de vida em que este indivíduo estará inserido. A família é o primeiro grupo social que o cliente tem acesso, e este relacionamento deve reforçar a importância do ostomizados nas atividades desenvolvidas, não poupá-lo de exercê-las, levando o mesmo a se sentir dependente ou deficiente, proporcionando-lhe autoconfiança e o bom desempenho do seu papel. Os ostomizados, desde a publicação da Lei 5296 de 02 de dezembro de 2004, são considerados pessoas com deficiência. Nessa Lei, eles estão enquadrados na categoria “deficiência física”, conforme previsto em seu Artigo 5º, parágrafo 1º, letra a. Isso significa que todas as entidades
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