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31 ou os educadores e demais profissionais que atuam na educação. O entendimento do campo de estudo das políticas públicas na educação é importante para se lidar com as realidades, que são passíveis de mudança. A ideia é superar atrasos históricos que impedem transformações maiores no cotidiano das escolas e na atuação dos profissionais da educação. (FREITAS, 2018) 10 OS PRINCIPAIS CONCEITOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS Os principais conceitos para o estudo das políticas públicas educacionais envolvem o enfrentamento de uma palavra desgastada no cotidiano. Essa palavra afasta alguns ao ser enunciada, mas também aproxima outros. No contexto aqui estudado, ela tem um significado determinado: “A palavra política, em seu sentido específico, pode representar a administração do Estado pelas autoridades e especialistas governamentais, as ações da coletividade em relação a tal governo [...]” (PADILHA, 2005, p. 20, grifo nosso). Padilha (2005, p. 20-21) também lembra que Paulo Freire insistia [...] na necessidade de não dissociarmos política de educação, para evitar, por exemplo, que nossas crianças, jovens e adultos possam ser vitimadas por um processo educativo que acentue o preconceito, a violência, a intolerância, a ingenuidade, o individualismo, a não participação nos processos decisórios e até mesmo a desinformação e, enfim, aceitem uma sociedade desigual. Por isso, ele propõe uma educação política. Considerando as preocupações freirianas, você já pode identificar termos relacionados com a luta de classes, as contradições econômicas e sociais e as desigualdades de oportunidades educacionais entre os menos e mais favorecidos dos brasileiros. Há ainda as formas contraditórias como que pobres e ricos ocupam lugares nas relações sociais de produção. Freire defende que a política pode libertar os menos favorecidos, e é necessário admitir que, quando se está inserido em uma realidade que faz a todos seres políticos, esse entendimento é salutar. Afinal, a educação é um ato político. (FREITAS, 2018) Ainda com relação ao termo “política”, você deve considerar que a confusão entre diferentes percepções sobre o que é política é característica de países de 32 língua portuguesa. Nesse idioma, existe somente um substantivo que responde ao adjetivo “político”, ou seja, “política”. Isso acontece também no francês, no alemão e no sueco. Por outro lado, na língua inglesa existem três substantivos diferentes que separam a política em três dimensões. Essa divisão auxilia na compreensão dessa área tão complexa. É por isso que os termos em inglês passaram a ser utilizados por quem estuda política ou políticas públicas (GONÇALVES, 2017). Você pode ver os três termos a seguir. Polity: é a dimensão institucional do sistema político. Politics: é a dimensão dos processos políticos. Policy (ou, no plural, policies): é a dimensão dos conteúdos da política. Aydos (2017) considera que as políticas públicas estão nesse âmbito. Na tentativa de conceituar as políticas públicas, é interessante não afastar políticas educacionais de políticas sociais. Freitag (1987, p. 9) lembra que “[...] a política educacional não é senão um caso particular das políticas sociais [...]”. Assim, é preciso compreender que, na área da educação brasileira, [...] as políticas públicas em educação e o movimento contemporâneo de inclusão escolar no Brasil pressupõem que a educação é um direito de todos os indivíduos, com ou sem deficiência, contribuindo para a possibilidade de escolas democráticas e uma sociedade justa e humana [...] (TEIXEIRA, 2017, p. 73). Não se pode pensar nas políticas públicas educacionais como um campo alheio ao estudo da política. A vida, em todas as suas dimensões, é um ato político. Até mesmo sem querer, os sujeitos são seres políticos, mesmo que afirmando a despolitização. Os cidadãos elegem políticos guiados pela perspectiva de que suas futuras atitudes, enquanto eleitos, sejam planejar e implementar boas ações públicas em diversos setores, incluindo a educação. Os sujeitos delegam um lugar na condução das cidades e do país para terem melhores dias. Assim, “A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos 33 traduzem seus propósitos e plataformas eleitoreiras em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real” (SOUZA, 2006, p. 26). O que ganharia um grande e diversificado país como o Brasil ao planejar, implementar, avaliar e tornar cada vez mais eficientes as suas políticas públicas educacionais? De acordo com Santomé (2013, p. 107): Os benefícios de ter cidadãos com um bom nível educativo, além dos efeitos positivos para cada pessoa considerada individualmente, geram vantagens para toda a coletividade; benefícios sociais como uma melhor integração social, comportamentos cívicos mais responsáveis e solidários, um clima social de maior satisfação e bem-estar, um ambiente social e cultural muito mais atrativo e estimulante, etc. (GIMENO, 2005). Além disso, bons cidadãos também promovem o progresso científico e social de toda a comunidade, dado que todos os campos do conhecimento se beneficiarão com cidadãos cultos que se sentem capacitados e estimulados para desfrutar de novos saberes e especializações, bem como se aprofundar neles; promove-se uma abertura mental que incita cada pessoa a seguir aprendendo ao longo de toda sua vida. Obviamente, isto também é motor de benefícios econômicos; mas é um erro contemplar a educação exclusivamente sob ópticas mercantilistas, ou seja, como capital cultural. Os conceitos principais no estudo das políticas públicas na área da educação colaboram na compreensão da natureza política da educação, no entendimento das tarefas que o Estado deve assumir, desprendendo daí as mobilizações necessárias e as lutas dos cidadãos e dos profissionais da educação. Não se pode esquecer que é dentro da dimensão dos conteúdos da política que são geridas as políticas públicas em geral. Assim, as políticas públicas educacionais podem ser repensadas, levando ao surgimento de outras, mais inovadoras. É preciso considerar as fases de elaborações, implementações e avaliações de políticas públicas educacionais para que o futuro sonhado pelos cidadãos fique mais próximo. (FREITAS, 2018) 11 AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS EM SEU DESDOBRAMENTO HISTÓRICO-SOCIAL Tratando da história da educação brasileira, com foco na educação pública e nas políticas educacionais, Saviani (2008) aponta a gigantesca resistência para a
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