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1 Introdução à radiologia Sumário INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA .......................................... 2 ➢ Princípios do Raio X: ............................................ 3 ➢ Princípios da tomografia computadorizada: ........ 4 ➢ Princípios da proteção radiológica: ..................... 5 SEMIOLOGIA DA RADIOGRAFIA DO TÓRAX ..................... 7 ➢ Densidade radiológica: ........................................ 8 ➢ Solicitação do exame radiológico: ..................... 11 ➢ Roteiro – avaliação de parâmetros técnicos: ..... 11 ➢ Roteiro – avaliação do tórax: ............................. 15 PRINCÍPIOS DA ULTRASSONOGRAFIA ............................ 17 PRINCÍPIOS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA .................. 20 PADRÃO ALVEOLAR E INTERSTICIAL – RADIOGRAFIA DO TÓRAX ........................................................................... 22 ➢ Padrão alveolar: ................................................. 23 ➢ Padrão intersticial: ............................................. 27 ANATOMIA SECCIONAL DO TÓRAX - TC E RM ............... 28 ➢ Janela de mediastino: ........................................ 28 ➢ Janela pulmonar: ............................................... 34 ➢ Janela óssea: ...................................................... 35 ANATOMIA SECCIONAL NA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO.. 35 o Sistema ventricular: ....................................... 37 o Cisternas da base: .......................................... 38 o Lobos do parênquima encefálico: .................. 40 o Seios da face: ................................................. 46 RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX EM CARDIOLOGIA .. 47 ➢ Aumento da área cardíaca: ................................ 49 ➢ Vasculatura pulmonar: ...................................... 53 ➢ Vascularização aórtica: ...................................... 54 PRINCÍPIOS DE EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS, MAMOGRAFIA, DENSITOMETRIA E MEDICINA NUCLEAR ...................................................... 55 ➢ Exames radiológicos contrastados: .................... 55 ➢ Mamografia: ...................................................... 58 ➢ Densitometria: ................................................... 62 ➢ Medicina nuclear: .............................................. 63 ANATOMIA SECCIONAL DO ABDOME – RX, TC E RM ..... 65 ➢ Radiografia abdominal:...................................... 65 ➢ Tomografia abdominal: ..................................... 69 ➢ Ressonância magnética abdominal: .................. 73 ATELECTASIA PULMONAR ............................................. 76 ➢ Tipos de atelectasia: ......................................... 77 DERRAME PLEURAL ...................................................... 81 ➢ Aspecto radiológico: ......................................... 82 HEMITÓRAX OPACO ..................................................... 86 PNEUMOTÓRAX ............................................................ 88 PNEUMOMEDIASTINO .................................................. 90 PENUMOPERICÁRDIO ................................................... 91 ENFISEMA SUBCUTÂNEO .............................................. 91 RX SIMPLES DO TÓRAX: MEDIASTINO .......................... 91 ➢ Arcos mediastinais: ........................................... 94 ➢ Divisão do mediastino:...................................... 95 ➢ Mediastino anterior: ......................................... 97 ➢ Mediastino médio: .......................................... 102 ➢ Mediastino posterior: ..................................... 110 NÓDULOS E MASSAS .................................................. 117 ➢ Nódulo pulmonar solitário: ............................. 117 ➢ Nódulos pulmonares múltiplos: ...................... 121 AUMENTO DA TRANSPARÊNCIA PULMONAR NO RX DE TÓRAX ......................................................................... 123 ➢ Aumento unilateral da transparência pulmonar: 123 ➢ Aumento bilateral da transparência pulmonar: 124 ➢ Aumento focal da transparência pulmonar: ... 126 RADIOGRAFIA DO TÓRAX EM NEONATOLOGIA .......... 129 ➢ Parâmetros técnicos: ...................................... 129 ➢ Semiologia radiológica: ................................... 131 ➢ Tubos e cateteres: .......................................... 133 2 Introdução à radiologia • Jandilene Freitas • Ana Rita Carvalho • Luiz Otávio • Jannaina Coelho - Avaliações: AV1 +/- metade do conteúdo e AV2 +/- metade do conteúdo, não cumulativas. 2ª chamada e final todo o assunto; - Tem aula na semana de provas; - Duas aulas de monitoria cada semana. - Bibliografia: Introdução à Radiologia – Edson Marchiori; Radiologia Básica – Carlos Fernando; Learnying Radiology – William Herring. - Sites recomendados: Radiology assistant; Radiopedia.org; LearningRadiology.com. INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA - Radiologia é o ramo ou especialidade da medicina que utiliza as radiações para a realização de diagnósticos, controle e tratamento de doenças; - Ela permite a visualização de ossos, órgãos ou estruturas através do uso de radiações (sonoras, eletromagnéticas ou corpusculares), gerando desta maneira uma imagem; - Nas últimas décadas foram acrescentados novos métodos de imagem como a tomografia computadorizada, a mamografia, ultrassonografia e a ressonância magnética nuclear; - Esses novos equipamentos e muitos outros avanços vieram a contribuir para tornar essa área ainda mais interessante; - A radiologia surgiu em 1825 com a descoberta experimental dos raios X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen; - A primeira radiografia foi realizada em 22 de dezembro de 1895 – Roentgen pôs a mão esquerda de sua esposa no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a radiação oriunda do tubo por cerca de 15 minutos. Revelando o filme lá estavam as imagens, para confirmação de suas observações; - No Brasil a primeira radiografia foi realizada em 1896, mas não se sabe ao certo que foi o primeiro: Silvia Ramos (em São Paulo), Francisco Pereira Neves (no Rio de Janeiro), Alfredo Brito (na Bahia) e físicos do Pará. O que é radiação? - É a forma de propagação da energia pelo espaço: -- Radiação corpuscular: acompanhada de matéria; -- Radiação eletromagnéticas: apenas energia. Ex.: luz, micro-ondas, raios UV, raios X e raios gama. Radiação ionizante: - Sempre que a radiação tem a capacidade de arrancar elétrons de um átomo, ela pode ser chamada de radiação ionizante; 3 Introdução à radiologia - Os raios X, gama e as partículas alfa e beta são radiações ionizantes; - A luz e os raios infravermelho e ultravioleta são radiações não ionizantes. ➢ Princípios do Raio X: - São uma radiação eletromagnética indiretamente ionizante que pode ser originada naturalmente quando um elétron se movimenta de uma camada mais externa para uma mais interna do átomo; - Embora não haja uma limitação precisa, em geral, os fótons com energia maior que 10 keV são chamados de fótons de raios X; - Unidade de energia de um fóton: elétron-Volt (eV); - Seus múltiplos são o keV (1.000 eV) e o MeV (1.000.000 eV). - Efeito fotoelétrico ou absorção: ocorre quando um fóton incide em um átomo e ejeta um elétron fortemente ligado ao núcleo atômico. A energia será totalmente absorvida pelo elétron e o fóton deixará de existir. O elétron é ejetado do átomo, provocando ionização. - Espalhamento Compton: ocorre quando um fóton interage com um elétron fracamente ligado ao núcleo do átomo. Nesse caso, o fóton perde uma fração da sua energia e muda sua trajetória original. O elétron é ejetado do átomo ao adquirir energia. ALVO DE UM TUBO DE RAIOS X - Em geral, a região do alvo dos equipamentos é feita de tungstênio (metal com alto ponto de fusão); - Quando os elétrons se chocam com o alvo, ocorre a produçãode uma grande quantidade de calor que poderia derreter metais com ponto de fusão mais baixo; - Mesmo assim, se o calor for excessivo, o alvo de tungstênio poderá sofrer alguns danos. Por isso os equipamentos de radiologia temm sistemas de refrigeração e limitações de uso, diminuindo esses danos. o Imagens com Raio X: - A imagem por raio X é formada pela atenuação do raio através dos tecidos; - O coeficiente de atenuação (ou de absorção) é definido pela mudança proporcional na intensidade da radiação; - Diferentes tipos de tecido têm diferentes valores de atenuação; - Essa diferença é o que permite o uso do raio X para a geração de imagens de sistemas biológicos. - Radiolúcido: meio transparente ao raio X. alta exposição do receptor; - Radiopaco: meio impenetrável ao raio X. baixa exposição do receptor. - Um método bastante primitivo é o uso de um filme fotográfico. O raio X é usado para oxidar o brometo de prata contido no filme; - A quantidade de exposição determina o nível de oxidação; - Usado para distinguir entre pulmão, ossos e tecidos moles; - Raios X são eficientes para detecção de: fraturas ósseas, infecções pulmonares, obstruções intestinais. 4 Introdução à radiologia - Outro método é a fluorescência induzida pelo raio X. a luz emitida pelo material fluorescente ao ser atingido pelo raio X é capturada por uma câmera; - Pode ser vista como uma imagem estática ou contínua, em tempo real; - A fluoroscopia é usada em procedimentos invasivos, como a inserção de uma agulha ou cateter; - Outros usos incluem angioplastia e alguns tipos de biopsia, como do pulmão, seios, rins, fígado e ossos. CONTRASTES - Contrastes podem ser usados para melhorar a qualidade da imagem; - Estes agentes podem ser radiolúcidos ou radiopacos; - Sulfato de bário, por exemplo, é usado para imagens gastrointestinais; - Alguns tipos de contraste podem ser nocivos. - A qualidade da imagem pode ser melhorada através de um pós-processamento, mas o desejável é obter a melhor qualidade durante a aquisição; - Problemas: tamanho do feixe de raio X, a fonte, artefatos advindos de movimento; - As principais fontes de artefatos de movimento são o batimento cardíaco e a respiração; - Uma forma de minimizar e reduzir o tempo de exposição, o que implica na necessidade de uma dosagem maior de radiação. ➢ Princípios da tomografia computadorizada: - Qualquer Exame radiológico que permita visualizar as estruturas anatômicas na forma de cortes; - Funciona com o mesmo princípio do raio X; - Uma ampola (para geração dos raios) e um conjunto de sensores (para recepção) são rotacionados ao redor do meio biológico; - As capturas em diversos ângulos formam uma imagem; - A tomografia permite reproduzir os objetos em três dimensões; - A captura é feita através de uma série de pequenas rotações. As informações de atenuação são gravadas para um plano de interesse; - Um algoritmo processa os dados para formar uma imagem 2D. A combinação dessas imagens pode gerar a visualização em 3D. - A exposição do paciente é relativamente alta. Esse tempo de exposição é alto em função do processo da aquisição de dados em várias direções; - A tomografia computadorizada é melhor que o raio X para identificação de tecidos moles. - A combinação de camadas e pontos adjacentes permite realizar uma interpolação e aumentar a precisão através do reconhecimento de padrões; 5 Introdução à radiologia - A combinação das camadas em 2D permite a visualização volumétrica da estrutura interna dos tecidos; - É boa para visualização de tumores, obstruções coronárias e ossos quebrados. - A tomografia computadorizada é melhor do que o raio X convencional para a detecção de tumores, oferecendo maior resolução e informações volumétricas; - No entanto, o procedimento tem sido substituído pela ressonância magnética, devido à maior resolução deste método e por ele não causar danos aos tecidos; - A tomografia pode ser usada para visualização completa, em três dimensões, do corpo humano. Essa imagem pode ser usada para investigar problemas em todo o corpo, sendo um grande candidato para um check-up completo; - O revés é a alta dosagem de radiação e o tempo de exposição, que pode ser maléfico aos tecidos. RISCOS DOS RAIOS X: - A interação entre os raios X com moléculas átomos do corpo biológico pode causar a ejeção de elétrons pelo fóton, criando um par de íons; - Os íons são instáveis e podem resultar no surgimento de radicais livres. Esses radicais podem danificar a estrutura do DNA, o que pode reduzir o tempo de vida das células e causar mutações; - A maior parte das complicações advindas dos raios X são cancerígenas. ➢ Princípios da proteção radiológica: - Justificação: o uso de radiação deve ser justificado, isto é, a prática deve trazer benefício suficiente para compensar o detrimento correspondente. - Limitação de dose: o suo normal da radiação deve ser tal que as pessoas envolvidas não recebam mais que limites estabelecidos na legislação. Para a dose em todo o corpo, existem os limites anuais de 20mSv quando se trata de indivíduos ocupacionalmente expostos de 1mSv para as pessoas do público em geral. - Otimização: o uso da radiação deve ser otimizado, mantendo as doses nos indivíduos tão baixas quanto razoavelmente exequível, levando-se em consideração fatores sociais e econômico. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE TRABALHO: - Áreas livres: aquelas que não necessitam de nenhum tipo de regra de utilização, nem de regras especiais de proteção e segurança. - Áreas supervisionadas: são aquelas que, embora não necessitem de medidas especiais de proteção e segurança, são mantidas sob supervisão. - Áreas controladas: são áreas sujeitas a condições especiais de proteção e segurança. Essas áreas devem ser sinalizadas com o símbolo internacional de radiação ionizante. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: - Tem como objetivo garantir o uso das radiações ionizantes com o menor dano ao ser humano; - As recomendações são baseadas no conhecimento dos efeitos biológicos. 6 Introdução à radiologia CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO EFEITOS BIOLÓGICOS: 1. Dose absorvida: - Estocásticos; - Determinísticos. 2. Tempo de manifestação: - Imediatos – Síndrome da irradiação (vômitos, náusea, diarreia); - Tardios ou retardados (câncer). 3. Nível de danos: - Somáticos (no indivíduo irradiado); - Genéticos (hereditários – no descendente – ocorrem nas células germinativas). “São mais radiossensíveis as células que exibem maior grau de atividade mitótica e (ou) menor grau de diferenciação.” →Efeitos estocásticos: - Não tem limiar de dose para ocorrerem; - A probabilidade de aparecer o efeito é proporcional a dose, mas a severidade é constante e independente da dose; - São difíceis de serem medidos experimentalmente, devido ao longo período de latência. Ex.: câncer, efeitos genéticos. →Efeitos determinísticos: - Geralmente aparecem num curto intervalo de tempo e a severidade é proporcional a dose; - Abaixo do limiar de dose não se detecta efeito. Ex.: catarata, leucopenia, etc. →Efeitos genéticos: - Os danos provocados nas células que participam do processo reprodutivo de indivíduos que foram expostos a radiação, podem resultar em defeitos, mal formações em indivíduos de sua descendência. SISTEMA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: JUSTIFICAÇÃO; LIMITAÇÃO DE DOSE INDIVIDUAL DE RISCO; OTIMIZAÇÃO: - No radiodiagnóstico a otimização tem por objetivo a produção de uma imagem que apresente nitidez de detalhes e visibilidade das estruturas anatômicas de interesse. 7 Introdução à radiologia COMO MINIMIZAR AS DOSES RECEBIDAS DURANTE OS PROCEDIMENTOS DE TRABALHO: -Mantendo-se afastado das fontes de radiação. A quantidade de radiação diminui quadraticamente com o aumento da distância; - O tempo de permanência perto de uma fonte de radiação também influencia na dose total absorvida pelo trabalhador. Portanto, diminuindo esse tempo, a dose absorvida será menor; - Usar proteções individuais ou coletivas para atenuar o feixe de radiação. Os protetores mais comuns são os biombos, os aventais plumbíferos e os protetores de tireoide. SEMIOLOGIA DA RADIOGRAFIA DO TÓRAX - Raios X atravessam o corpo, atingem e sensibilizam o filme/detector e as áreas correspondentes ficam pretas (radiação passa direto) ou radiotransparentes (áreas que sofreram atenuação pelo objeto que está sendo radiografado); - Quando o raio X atravessa o corpo, parte da radiação vai ser absorvida. Isso gera diferentes densidades; - Os objetos que possuem a mesma espessura, mas diferentes densidades, o que for menos denso vai absorver mais radiação; - Se objetos de mesma densidade, mas diferentes espessuras, o mais espesso vai absorver mais radiação. 8 Introdução à radiologia - Sendo assim, quanto maior a espessura maior será a absorção da radiação. - Para pacientes com biotipos diferentes deve-se utilizar técnicas radiológicas diferentes para que a imagem não saia prejudicada e influencie no diagnóstico. ➢ Densidade radiológica: - Com relação a densidade, elementos mais densos absorvem mais radiação. No pulmão, por exemplo, que só tem ar, a imagem quase não absorve radiação, fica preto. Do lado do coração se vê uma mancha branca, uma pneumonia (inflamação, células de defesa, edema), absorve mais radiação; - No corpo humano existem 4 tipos de densidades. A menos densa (preta) que é o ar, a mais densa (branca), que é o osso e o que fica entre eles (tons de cinza) que são as partes moles e densidade de gordura. *Branco puríssimo é o que se manifesta no metal, é o mais denso de todos. - Brancas: opacidade ou imagem radiopaca (pouco penetráveis à radiação); - Pretas: imagem radiotransparente ou radiolucente (mais penetráveis a radiação - cinza); - As patologias alteram a constituição e a densidade dos tecidos. - Nos ossos se tem densidades diferentes devido à maior ou menor concentração de cálcio em diferentes partes. Osso compacto tem mais concentração e, osso esponjoso (medula óssea + gordura) tem menos cálcio. - Na imagem cima pode-se observar um tumor no dedo indicador com uma densidade diferente. 9 Introdução à radiologia - No Raio X não se consegue visualizar os ventrículos, a aorta, a artéria pulmonar e nem o septo interventricular. Já na tomografia isso é possível. Para uma estrutura ser visualizada na radiografia seus bordos precisam estar encostados em uma estrutura que tenha densidade diferente da sua. Na radiografia, vemos a borda cardíaca direita porque o átrio direito tem densidade de partes moles e quem está junto dele é o pulmão, que tem densidade de ar. Na tomografia é possível observar as estruturas com precisão enquanto que na radiografia só se vê a silhueta, o contorno das estruturas. - Na tomografia é possível ver a pelve renal, ver que há gordura no seio renal, etc. Na radiografia, com muita boa vontade, você verá a sombra de um rim de um lado e o contorno do outro no outro lado (se vê porque o rim, que tem densidade de partes moles, está em contato com a gordura retroperitoneal, que tem densidade de gordura); - Na tomografia seria possível identificar um tumor renal, por exemplo, o que não seria possível na radiografia. No Raio X também vemos o contorno do músculo íleo psoas, que tem densidade de partes moles porque ele está em contato com a gordura; - Raios X atravessam um objeto e produzem uma composição (um em cima do outro) as camadas; - A sobreposição dos tecidos/órgãos/estruturas é a grande desvantagem da radiografia convencional. PARA UMA ESTRUTURA SER VISUALIZADA NA RADIOGRAFIA SEUS BORDOS PRECISAM ESTAR EM CONTATO COM UM TECIDO QUE APRESENTE DENSIDADE DIFERENTE. - Na imagem da direita observa-se uma pneumonia que cobre o contorno do coração. Não se sabe onde um se inicia e o outro começa. Com essa informação, é possível inferir que a pneumonia está localizada no lobo médio, porque é o que está em contato direto com o coração; - Como a pneumonia tem densidade de partes moles e o coração também, a sombra de ambos se mistura - O pulmão direito tem 3 lobos: superior, médio e inferior. O pulmão esquerdo tem 2 lobos: superior e inferior. - Já nessa imagem ao lado, a pneumonia está no lobo inferior, porque é possível visualizar e distinguir a margem cardíaca, então sabe-se que a pneumonia não está em contato direto com o coração. - A radiação que ultrapassa o corpo determinará diferentes tons de cinza na radiografia, de acordo com as características dos tecidos e parâmetros técnicos. 10 Introdução à radiologia o Tipos de densidade: Densidade metal: Densidade cálcica: Densidade de partes moles: Densidade de gordura: Densidade do ar: - Ar dentro da cavidade peritoneal na 2ª imagem. Nível ar/líquido e gordura/líquido: - Nível: interface entre duas substâncias de diferentes densidades; - Menos denso em cima e mais denso em baixo; - Serão vistos como raios horizontais, independentemente da posição do paciente. 11 Introdução à radiologia **Para visualizar um nível hidroaéreo o paciente deve fazer o exame de pé. ➢ Solicitação do exame radiológico: - É um documento; - É necessária a solicitação para o pagamento do exame, no sistema privado ou público; - Atentar para o nome correto do exame; - Deve constar a indicação do exame, motivo pelo qual está sendo solicitado; - Evitar CID/indicação padrão; - Exame direcionado e protocolo otimizado para a patologia em questão (se aplica a tomografia e a ressonância); - Referir exames anteriores; - O médico assistente do paciente deve compartilhar com o radiologista sua hipótese diagnóstica; - Correlação com dados clínicos e laboratoriais; - Uma mesma imagem pode representar várias patologias diferentes; Evitar: - RM de encéfalo com especial atenção aos nervos ópticos. São todas coisas diferentes. Sela, órbitas, ouvidos, face, base de crânio; - RM do MID. Tem várias partes (quadril, coxa, joelho, perna, tornozelo ou pé); - RM da bacia (bacia inteira, sacroilíacas, quadril, uni ou bilateral); - RM abdome (superior, inferior, total); - RM cervical (pescoço ou coluna cervical); - RM da região torácica (tórax ou coluna torácica). ➢ Roteiro – avaliação de parâmetros técnicos: Parâmetros técnicos: - O kV aumenta a capacidade de penetração dos raios, mesmo utilizando a mesma quantidade de radiação (mAs); - Quando avaliar um exame de imagem você e o paciente estão olhando um para o outro, independentemente da posição que o exame foi realizado. o Identificação: - É sempre importante identificar os lado (direito e esquerdo); 12 Introdução à radiologia - Ter certeza que o exame que está sendo visto é o do paciente. O padrão é a identificação seja no canto superior. R: direita; L: esquerda. - É necessário também conferir a data na qual o exame foi realizado. o Incidência: - Posição do paciente em relação ao tubo de raio X; - Existem dois tipos de incidência mais comuns: -- AP: anteroposterior. A direção do raio entra na parte anterior e sai pela posterior para atingir o filme; -- PA: póstero-anterior. A direção do raio entra na parte posterior e sai pela anterior para atingir o filme. **A radiografia padrão de tórax é em PA, perfil ESQ, posição ortostática e em apneia (prende a respiração). - A denominação “perfil” em uma radiografiaé pelo lado do corpo que está perto do filme (lado contrário ao que está perto da ampola dos raios); - É muito importante saber qual o perfil de uma radiografia, pois ele vai permitir avalliar as regiões que não são visualizadas no PA; - O perfil consegue captar estruturas/áreas “escondidas” na PA: retroesternal, retrocardíaca e seios costofrênicos posteirores. São as imagens que se vê abaixo, respectivamente: - No perfil também é possível fazer uma reconstrução tridimensional de uma vista em duas dimensões. - É importante que se faça o perfil porque algumas formas se alteram em PA. Por exemplo: lesões esféricas vão aparecer redondas no PA/AP e no perfil e outras formas/objetos vão aparecer com diferentes formas no PA/AP e no perfil. - O raio X de tórax deve ser feito em PA porque, dessa forma, se aproxima o coração do filme. Quanto mais próximo do filme a estrutura estiver, mais nítida será a imagem. 13 Introdução à radiologia Vantagens da radiografia de perfil: - Auxiliar na localização das lesões; - Avaliar regiões que não são visualizadas no PA; - Confirmar lesões vistas no PA; - Avaliar desvios de fraturas; - Reconstrução tridimensional de uma imagem 2D. **É importante saber se o exame foi feito em AP ou PA para não seja feito um diagnóstico errado. Por exemplo, o tamanho do coração deve representar 50% do tamanho do hemitórax se o exame for feito em PA. Já se for em AP esse percentual precisa ser maior (porque a própria forma de realizar o exame vai fazer com que a imagem produzida seja maior do que a real). Raio X em AP: - Crianças, pacientes debilitados ou no leito; - Aparelho portátil; - Pequena distância entre o tubo e o filme; - Magnificação do coração e mediastino (15-20%); - Acentuação da trama intersticial; - Elevação diafragmática. Incidência ápico-lordótica: - AP com o paciente inclinado para trás (angulação em torno de 15/20°, seja o paciente inclinado ou o tubo de raios inclinado cefalicamente); - Essa incidência serve para retirar as clavículas dos campos pulmonares na imagem. É importante para avaliar lobo superior e também lobo médio e língula. **Se há dúvidas diante de uma radiografia com opacidade em lobo superior, se solicita refazer o exame nessa incidência. Incidência de Laurel: - Paciente fica em decúbito lateral e os raios incidem horizontalmente (feixe paralelo a mesa e o filme perpendicular a ela): - Serve para detectar pequenos derrames, pneumotórax, espessamento pleural; - Avaliar mobilidade do conteúdo de uma cavidade; - Derrame: lado suspeito em contato com a mesa (o líquidos desce); - Pneumotórax: lado suspeito para cima (o ar sobe). Incidências oblíquas: - Dissociar imagens de planos vizinhos; - Estudo dos arcos costais. - Não é mais muito utilizada, a tomografia substituiu. 14 Introdução à radiologia o Posição: - Ortostase (em pé); - Decúbito ou supino; - Decúbito lateral. - Na imagem da direita é possível perceber níveis hidroaéreos, indicando a ortostase do paciente. Na posição supino não. Ambas foram feitas com a mesma incidência AP. o Rotação: - Para avaliar a rotação se procura as clavículas e traça uma linha no bordo medial de ambas. - Se observa a distância entre esses bordos para os processos espinhosos. Essa distância precisa ser igual, se estiver diferente a imagem está rodada; - Uma radiografia rodada vai causar um desvio do mediastino (deixando o mediastino rodado), o aumento do hilo (deixando a imagem distorcida) e uma alteração de transparência pulmonar (deixando um pulmão mais branco que o outro). o Exposição: - Erros técnicos podem induzir erros diagnósticos; - É preciso avaliar a exposição/penetração para evitar que erros técnicos provoquem erros de diagnóstico. É o exemplo do kV; - O ideal ao analisar uma radiografia de tórax é que seja possível a visualização dos vasos e corpos vertebrais atrás do coração; - Muito penetrado: imagem preta, difícil de visualizar detalhes; - Pouco penetrado: imagem muito branca, pode induzir observação de falsas opacidades; - Após avaliar o PA, avalia-se o perfil. No perfil você deve visualizar os 2/3 inferiores da coluna. O terço superior da coluna fica hipotransparente em razão da somação de imagens. o Inspiração: - A radiografia de Tórax é feita em apneia inspiratória máxima. Isso significa que o diafragma deve estar entre o 10º e 11º arcos costais posteriores e entre o 6º e o 7º arcos costais anteriores; - Inspiração inadequada: perda de volume pulmonar, aumento da trama intersticial, cardiomegalia. 15 Introdução à radiologia - Para contar os arcos costais o ideal é que se inicie pelo primeiro posterior. IMAGEM BOA PARA PRATICAR: - A radiografia também pode ser feita em inspiração e expiração. Isso vai ser usado em casos suspeitos de: aprisionamento aéreo (corpo estranho na criança) e pequeno pneumotórax (verifica mobilidade diafragmática e expansibilidade pulmonar). - Na radiografia em expiração, como o ar sai, o pulmão fica menor e mais branco. o Centralização: - Ver se o Raio X está centrado no filme. O ideal em uma radiografia de Tórax é que se permita visualizar bem o pescoço e os úmeros. Não pode cortar abdómen. Radiografia de Tórax não pode cortar o abdómen. ➢ Roteiro – avaliação do tórax: 1. Partes moles: - Mamas, axilas, fossas supra claviculares, mamilos 2. Estruturas ósseas: - Clavícula, escápulas, vértebras, costelas, esterno. 3. Diafragma: - O direito é mais alto, no máximo 1,5cm ou um espaço intercostal; 16 Introdução à radiologia - Distância da bolha gástrica para o diafragma: 1- 2cm. 4. Abdome; 5. Pleura e fissuras: - Parietal: reveste o diafragma, a superfície externa do mediastino e a superfície interna da parede torácica. - Visceral: reveste os pulmões. - Fissuras pleurais: Direita (oblíqua e horizontal) e esquerda (oblíqua). - Seios costofrênicos. 6. Mediastino: - Índice cardiotorácico: -- estimativa confiável do tamanho do coração; -- só pode ser calculado se não houver assimetria na caixa torácica; -- PA em inspiração: A+B < ou igual a C 7. Hilos pulmonares: 8. Pulmões: - Fluxo e calibre dos vasos nas bases são maiores devido à gravidade; - Os vasos diminuem gradualmente do centro (hilos) para periferia. 17 Introdução à radiologia PULMÃO ESQUERDO: PRINCÍPIOS DA ULTRASSONOGRAFIA - Na Ultrassom são utilizadas ondas sonoras que são inaudíveis para seres humanos. - A alma do aparelho de ultrassom é o transdutor. Na ponta dele se tem um cristal, que possui uma característica piezoelétrica (tungstênio) tem a capacidade de transformar energia mecânica em energia elétrica e vice versa; - Quando o aparelho é ligado, o cristal vibra criando ondas sonoras (mecânicas) e essas se chocam com as partes do corpo e voltam (eco), ao chegar no aparelho ele transforma essas ondas em energia elétrica. O computador detecta a quantidade de energia e transforma em imagens numa escala de cinza, preto e branco. - Existem diversos tipos de transdutor, para se adaptar a determinadas áreas do corpo e porque tem diversas frequências (cada um é escolhido dependendo de onde será realizado o exame); 18 Introdução à radiologia 1: Endocavitário (5-9 MHz): pode ser utilizado para estudo endorretal ou endovaginal, por isso tem uma ponta em formato verticalizado 2: Linear (7-18 MHz): como tem uma frequência extremamente elevada é mais indicado para visualização de estruturas superficiais, como a tireoide, músculos; 3: Convexo (3-6 MHz): é muito utilizado no abdome, tanto pelo formato quanto pela frequência,que por ser menor penetra mais nos tecidos; 4: Setorial (2-5 MHz). - É importante que entre o transdutor e a pele não exista nada (inclusive o ar, porque ele reflete muito as ondas sonoras emitidas pelo aparelho), por isso é colocado um gel a base de água para que o transdutor deslize mais facilmente sem a interferência do ar; o Utilização: - É bom para visualização de estruturas sólidas e líquidas, principalmente dos órgãos da cavidade abdominal, mas não é bom para estruturas com ar (ex.: pulmões) e estruturas ósseas; - A avaliação do tórax é limitada devido aos pulmões; - O líquido é interpretado como negro, porque o som vai ultrapassam completamente. Já estruturas sólidas, como pedras na vesícula, vão ser mostradas como brancas, porque o som vai voltar; - Não é bom para observar o intestino, porque tem muito gás, o que não vai permitir a formação de uma imagem adequada. - Na imagem acima é possível visualizar o rim transversalmente. A parte externa mais escura é o córtex, mais internamente e central, a parte branquinha (rica em gordura), é a medula. - Primariamente, o Raio X é o exame mais utilizado para avaliar o tórax, por ser uma região que contém muito ar; - No Raio X acima foi verificado um derrame pleural. Na USG é possível ver melhor a localização de onde se encontra, já que é líquido; - Para quantificar o derrame pleural na ultrassonografia existe se mede a distância de onde termina o líquido até a parede torácica em centímetros. Há uma tabela em que se correlaciona essa distância em cm com a quantidade de líquido; - Sempre que houver uma estrutura com líquido, ela é facilmente discernida entre outras estruturas na USG. 1 2 3 4 19 Introdução à radiologia - Na imagem acima tem-se uma USG da mama. É muito bom de identificar cistos na USG, porque eles são preenchidos de líquido, ficando completamente pretos na imagem; - Na imagem ao lado é possível ver vasos sanguíneos superficiais na região do pescoço. Vasos da perna e do braço também são de fácil visualização na ultrassonografia. É possível ver a carótida e a jugular na imagem; - Na imagem ao lado é utilizado também o doppler. Com ele, estruturas em que há movimentação (como nos vasos sanguíneos) ele coloca cor. É possível mensurar a velocidade do fluxo sanguíneo também com esse aparelho; - A ultrassonografia também é muito utilizada na gravidez, para monitoramento. A radiação da ultrassonografia é inócua, ou seja, não causa nenhum dano ao feto; - Agora é possível realizar também reconstruções tridimensionais com a ultrassonografia. Também é muito utilizado na obstetrícia. o Nomenclatura: - Como se utiliza ondas sonoras e eco para formar as imagens, a nomenclatura gira em torno disso. - Anecoico: não voltou quase nenhum eco para o aparelho, ausência de eco. É refletido como uma imagem negra, são as estruturas que tem líquido. A vesícula biliar é o que é mostrado na imagem. Bexiga, vasos sanguíneos, cistos, são exemplos. - Hipoecoico: parte dos ecos voltou e parte não voltou. A estrutura vai ser identificada com coloração cinza. A maior parte das estruturas e lesões são dessa cor. - Hiperecoico: são estruturas que atenuam muito o feixe sonoro. Por exemplo, cálculos na vesícula. O feixe sonoro bate e voltam quase todos os ecos emitidos. A imagem fica branca. o Vantagens: - O ultrassom é um método portátil, barato e não invasivo; - Não utiliza radiação ionizante; - Funcionamento dos órgãos em tempo real; - Boa sensibilidade e especificidade para ampla faixa de patologias; - Guia para procedimentos intervencionistas. o Desvantagens: - Operador dependente. A acurácia do diagnóstico depende da habilidade do médico; 1 2 3 1: gordura (cinza) 2: branco: tecido fibroglandular 3: cisto mamário (dentro ele é preenchido de líquido). Patologia 20 Introdução à radiologia - Não consegue imagens adequadas das estruturas ósseas e com ar; - O artifício do meio de contraste ainda não é bem estabelecido como na TC e na RM. PRINCÍPIOS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA - Radiação não ionizante; - A RM utiliza a energia potencial armazenada nos átomos de hidrogênio do corpo. Os átomos são manipulados por campos magnéticos e pulsos de radiofrequência muito fortes para produzir energia específica para cada tecido suficiente a fim de permitir que programas de computador altamente sofisticados gerem imagens bi e tridimensionais; - Cada átomo do corpo humano gira a uma velocidade específica, que gera um campo magnético; - No interior do aparelho tem um grande imã, que quando ligado os átomos de hidrogênio do corpo entram em consonância com o imã do aparelho; - O aparelho começa a emitir ondas de radiofrequência com uma frequência igual à dos prótons de hidrogênio do corpo, fazendo eles ganharem energia. Ao ligar e desligar (questão de milissegundos) o corpo capta a radiação, ganha energia e na hora que o aparelho é desligado o corpo emite a energia de volta, gerando imagens no monitor; - Existem bobinas específicas (antenas) para certas regiões, com um imã auxiliar para que a radiação que está sendo emitida seja melhor captada, gerando melhores imagens diagnósticas. - No repouso (1ª imagem) os prótons tem uma alinhamento aleatório e praticamente nenhum campo magnético. Ao entrar no aparelho eles vão se alinhar com o campo emitido (2ª imagem). - Os parâmetros controlados pelo médico são o TR/TE (tempo de repetição: tempo entre a emissão de uma onda e outra) (tempo de eco: tempo que se demora para receber a onda de volta) e T1/T2 (são as principais sequências na ressonâncias magnéticas); - No T1 a água vai ser negra na imagem. Globo ocular, entre os giros cerebrais, ventrículos cerebrais. 21 Introdução à radiologia - No T2 o líquido fica branco. Globo ocular, entre os giros cerebrais, ventrículos cerebrais. - É preciso pelo menos duas sequências (T1/T2) para ser possível avaliar adequadamente as imagens da ressonância; - Na ressonância a imagem é parada, são tiradas várias imagens (sequências) para formar a visualização de uma área e avalia-la adequadamente. Exame multiplanar. o Nomenclatura: - Como é um sinal emitido e captado, é intenso de sinal, hipointenso. o Meio de contraste: - Só é utilizado no T1 porque a água fica preta na imagem, o contraste fica branco, sendo melhor para visualizar. - O que é utilizado na ressonância é o gadolínio. Ele é tóxico ao ser humano na forma pura, mas o sal é inócuo no corpo. Esse metal transfere energia para do meio circundante para os tecidos, reduzindo o tempo de relaxamento T1 e T2. - Quando se faz o contraste, se vê as estruturas muito vascularizadas porque vão apresentar hiper sinal (brancas), como as metástases na imagem ao lado Cavidade abdominal 22 Introdução à radiologia - A ressonância é um exame muito bom para visualização do SNC, da cavidade abdominal e do sistema musculoesquelético (ossos, tendões, músculos). o Vantagens: - Não utiliza radiação ionizante; - Não invasivo; - Alta capacidade de diferenciação tecidual; - Contraste bastante seguro; - Imagens multiplanares. o Desvantagens: - Alto custo; - Exame demorado; - Pouca disponibilidade por ser um exame de alta complexidade. PADRÃO ALVEOLAR E INTERSTICIAL – RADIOGRAFIA DO TÓRAX - As principais densidades que aparecem é a do ar (preto) e a de partes moles (cinza). ➢ Anatomia microscópica do pulmão: - A unidade funcional do pulmão é o lóbulo pulmonar secundário. É uma estrutura que possui aproximadamente 2,5cm, é composto por: -- septo interlobular:é composto por três tipos de tecido: conjuntivo, vasos linfáticos e vênulas pulmonares. Está na periferia; -- ramo da artéria pulmonar: localizada no centro do lóbulo pulmonar secundário, juntamente com um bronquíolo; 23 Introdução à radiologia -- no tecido intralobular tem-se os sacos alveolares, entre um saco e outro há um pouco de tecido conjuntivo; - Cada ramo da artéria leva sangue NÃO oxigenado para o lóbulo. Chegando lá ele será oxigenado pelos alvéolos: - Também tem vasos linfáticos fazendo a drenagem desses lóbulos, que vão formando vasos maiores até chegar nos que drenam a cavidade torácica. - Nas paredes dos sacos tem os capilares, o sangue vai chegar “sujo”, vai haver a troca gasosa, e vai voltar “limpo” (oxigenado). ➢ Padrão alveolar: o Consolidação: - Resulta da substituição do ar alveolar por líquidos transudato, pus, sangue ou quaisquer outras substâncias; - Causa mais comum: pneumonia (o ar é substituído por exsudato – rico em proteínas). Pneumonia lobar: - Agente etiológico aspirado é Streptococcus pneumoniae. Vai até a periferia do pulmão, e vai infectando alvéolo por alvéolo. Quando chega na fissura (tecido pleural) cessa. - Na imagem ao lado é possível ver os sacos alveolares ainda com ar (buracos brancos), mas no centro já há muito exsudato. - Área de cima ampliada mostrando o exsudato mais detalhadamente. - A área do pulmão que está consolidada fica branca, a via aérea fica livre; - Os brônquios não ficam infectados. Por isso, eventualmente, podemos observar casos em que é possível ver os brônquios “desenhados”, chamado de broncograma aéreo (sinal de consolidação); Broncopneumonia: - Tanto os alvéolos, quanto a via aérea estão doentes; 24 Introdução à radiologia - Muitas vezes há o preenchimento parcial dos alvéolos (imagem d), padrão heterogêneo de áreas comprometidas; - O processo de infecção NÃO é barrado por conta de uma fissura; - Grande área do pulmão envolvida; - O padrão de broncopneumonia é geralmente mais associado a pneumonia em pacientes que adquiriram em ambientes hospitalares. - Em geral, o diagnóstico é clínico, laboratorial e radiológico; - Com 2 semanas de início com a antibiótico terapia, cerca de 50% dos pacientes já tem a cura radiológica, com o pulmão voltando ao normal; - O agente etiológico agride o epitélio alveolar, por isso que consegue voltar tudo ao normal; - Se a pneumonia for suficientemente agressiva para passar do epitélio, vai ocorrer uma fibrose. Complicações: - Formação de Abscesso (destruição localizada no pulmão): 25 Introdução à radiologia Hemorragia: sangue dentro dos alvéolos (hemorragia alveolar). Ex.: leptospirose. - Na área da hemorragia se vê a consolidação (branco): - Quadro clínico, laboratorial, distribuição da consolidação do pulmão e achados associados, necessário para saber o que está causando a consolidação; - Hemoptise é um sinal clínico de que provavelmente há sangue nos pulmões. o Edema pulmonar: - Causado principalmente por insuficiência cardíaca esquerda, há líquido. Geralmente é bilateral porque é sistêmico. - As principal causa é a insuficiência cardíaca esquerda: o ventrículo esquerdo está falho e o sangue fica represado nas veias pulmonares, e a pressão aumentada faz com que o líquido extravase, primeiro para os septos interlobulares porque as vênulas correm nesses septos, e depois com a pressão muito aumentada o líquido passa a extravasar nos alvéolos). Geralmente é bilateral porque é um problema sistêmico. - Os pulmões do paciente ao lado estão quase completamente esbranquiçados, devido a consolidações pulmonares bilaterais extensas, decorrentes de Edema alveolar; - Não apresenta hemoptise, não tem febre porque não é um quadro infeccioso. Apresenta tosse (normalmente acompanhada de líquido, o paciente espuma pela boca), dispneia, hipoxemia. o Atelectasia: - Na atelectasia, o pulmão perde volume, como quando “murchamos um balão”. O pulmão atelectasiado, sem ar, fica completamente sólido, aparecendo opaco (branco) na radiografia. 26 Introdução à radiologia - Não necessariamente o pulmão inteiro fica atalectasiado; Mecanismos de atelectasia: - Obstrutiva: obstrui um brônquio que está levando ar para uma determinada área do corpo; - Compressiva: um derrame na pleura empurra o pulmão; - Cicatricial: uma área do pulmão foi agredida, fez uma cicatriz qualquer e retrai o pulmão - Adesiva: ocorre quando perde o surfactante. - Na atelectasia vai procurar sinais de redução volumétrica do pulmão que está doente; - Qualquer coisa que retraia uma fissura, é uma atelectasia. - Pode ter atelectasia completa do pulmão, consolidação ou derrame pleural completo; - Se fosse uma consolidação, as estruturas estariam normalmente localizadas; - Se fosse derrame pleural, iria empurrar para o lado oposto o coração e o pulmão; - No caso da atelectasia, o pulmão perdeu ar, e as estruturas anatômicas vizinhas são retraídas para ocupar aquele lugar; - Chega à conclusão que é uma Atelectasia completa do pulmão esquerdo. - Todo hemitórax direito na imagem ao lado está opaco (atelectasia completa, consolidação ou derrame); - Se fosse consolidação, o mediastino não estaria fora do lugar; 27 Introdução à radiologia - Se fosse derrame, as estruturas estariam todas para o lado esquerdo; - Caso de Atelectasia completa do pulmão direito. ➢ Padrão intersticial: - Principais causas: edema intersticial, fibrose, doenças ocupacionais, causas neoplásicas; - Sinais podem ser sutis; - Pode haver superposição de padres intersticiais, bom como associação com alveolopatia; - Pode haver associação com derrame pleural, tumor, linfonodomegalia etc. Linear: - Extravasamento de líquido do septo pelas vênulas (ocorre na ICC). Reticular: - Lembra uma rede, com linhas entrelaçadas (causa mais comum é a fibrose). A nível do interstício intralobular. Micronodular: - Vários pontinhos distribuídos de forma uniforme nos pulmões (causa mais comum é a tuberculose). 28 Introdução à radiologia Reticulonodular: - Junção de linhas e pequenos nódulos (causa mais comum é fibrose de qualquer natureza); ANATOMIA SECCIONAL DO TÓRAX - TC E RM - Na tomografia existe o conceito de “janelas”. A janela é a imagem que é exposta em uma determinada faixa de tons de cinza. Existem faixas específicas para avaliar cada estrutura. - Na imagem à esquerda é uma janela para visualização do pulmão, e na da direita é uma janela de mediastino. É a mesma imagem, porém com faixas de tons de cinza diferentes; - Essas janelas são manipuladas no computador, trocando as faixas de tons, otimizando as imagens (só conseguimos ver 20 tons ao mesmo tempo); - Existem diversos tipos de janela: osso, cérebro, fígado, etc.; - Na ressonância magnética se tem as sequências, as mais utilizadas sendo T1/T2. Modifica a sequência a depender do que se quer visualizar. ➢ Janela de mediastino: o Vasos supracardíacos: - Tem dois vasos principais saindo do coração, que são a aorta e a artéria pulmonar. A aorta tem a porção ascendente, o cajado da aorta (curvinha, emite três vasos: subclávia esquerda, carótida comum esquerda e tronco arterial braquiocefálico direito). A artéria pulmonar emite a pulmonar direita e esquerda; - A subclávia esquerda irriga o membro superior esquerdo. A carótida comum esquerda irriga o pescoço e a cabeça. O tronco arterial braquiocefálico se subdivide em artéria subcláviadireita (irriga MS direito) e a artéria carótida comum direita; - A aorta descendente é loco depois do arco/cajado e, cruzando o diafragma passa a ser aorta abdominal; 29 Introdução à radiologia - Já as veias, por sua vez, a jugular vai se juntar com a subclávia (em ambos os lados), para formar o tronco venoso braquiocefálico direito e esquerdo, que vão se unir para formar a veia cava superior, que drena para o átrio direito (traz o sangue “sujo do membro superior e da cabeça para o coração). Plano axial: - É o plano básico de avaliação das imagens. - É uma janela do mediastino e é possível ver os vasos supra aórticos. Tem contraste entrando pelo lado E. Lembrar que você está olhando a imagem de baixo para cima, com o paciente deitado; - Como o corte é muito alto, a subclávia D e a carótida comum D ainda não se uniram para formar o tronco arterial braquiocefálico. Então no lado direito, em cortes mais baixos vai haver só uma luz, que é a do tronco braquiocefálico. Mas do lado esquerdo sempre vão haver duas artérias. - Nesse corte, que é mais inferior, só é possível ver agora 3 artérias (3 marias), porque a carótida e a subclávia direitas já se uniram para formar o tronco; - O esôfago não tem ar, é visco como uma estrutura sólida, é uma mucosa sobreposta a outra, porque ele só abre quando se está engolindo alguma coisa. Lado direito 1 2 2 3 4 5 6 1: Traqueia; 2: Pulmões; 3: carótida comum D; 4: subclávia D; 5: carótida comum E; 6: subclávia E. 1: Traqueia; 2: Pulmões; 3: tronco arterial braquiocefálico 4: subclávia D; carótida comum E; 5: subclávia E; 6: esôfago 1 2 3 4 5 6 Lado direito 30 Introdução à radiologia - Nessa imagem, pelo corte ser mais inferior já é possível ver os troncos venosos braquiocefálicos. - Nessa imagem já é possível ver o tronco venoso do lado E já se unindo com o direito. As 3 marias continuam até aparecer a aorta. - Como esse corte já é mais inferior, já é possível visualizar a veia cava superior e o arco da aorta. - Na imagem acima se visualizam as mesmas estruturas: cajado da aorta, veia cava superior, traqueia, esôfago e pulmões. 1: Tronco arterial braquiocefálico; 2: Carótida comum E; 3: Subclávia E; 4: tronco venoso braquiocefálico E; 5: T.V. braquiocefálico D. 1 2 3 4 4 1: Tronco venoso braquiocefálico D; 2: TV braquiocefálico E; 3: TA braquiocefálico D; 4: carótida comum E; 5: subclávia E. 1 2 3 5 4 1: Veia cava superior; 2: Cajado da aorta. 1 2 Lado direito 31 Introdução à radiologia - Nesse corte mais inferior, o cajado da aorta não é mais visível, mas sim duas porções diferentes dessa artéria no mesmo plano. A artéria pulmonar vem do ventrículo direito para o pulmão levando sangue “sujo”. A art. Pulmonar direita leva para o pulmão direito e a esquerda leva para o pulmão esquerdo. o Câmaras cardíacas: - No corte axial da tomografia, o laranja é o VE, o verde é o AE, o azul é o VD e o rosa é o AD. - O ventrículo direito é a câmara mais anterior. A câmara mais posterior é o átrio esquerdo. 1: Porção da aorta ascendente; 2: Porção da aorta descendente; 3: Tronco da artéria pulmonar; 4: Artéria pulmonar D; 5: Artéria pulmonar E; 6: veia cava superior. 1 2 3 4 5 6 1: Ventrículo D; 2: Átrio E; 3: Veia pulmonar D; 4: Veia pulmonar E; 5: Ventrículo E; 6: Átrio direito. 1 2 3 4 5 6 32 Introdução à radiologia - A aorta descendente acompanha toda a coluna vertebral até entrar no abdome. - Nessa porção, praticamente não se tem mais átrio, porque eles são mais superiores. A parte mais escura que se vê no VE é o miocárdio que é mais forte porque precisa bombear sangue para o corpo inteiro. 46:00 o Ressonância magnética: - Na RM a imagem é a mesma, o que muda é a cor. A principal diferenciação entre elas e que na TC os ossos são brancos, enquanto que na RM ele pode varias dependendo da sequência (cinza, mais escuro, etc.). A sequência da imagem acima é um T1. A: Traqueia; B: Esôfago; C: Tronco venoso braquiocefálico E. 1: Ventrículo D; 2: Átrio E; 3: Ventrículo E; 4: Átrio direito; 5: Aorta descendente 1 2 3 4 5 1: Ventrículo D; 2: Ventrículo E. 2 2 1 VD VE VE VD Veia cava inferior 33 Introdução à radiologia J: veia cava superior; K: cajado da aorta. M: “Y” invertido. Tronco da artéria pulmonar, artéria pulmonar D e E; L: aorta ascendente; P: aorta descendente. - Na RM tem a possibilidade de captar os movimentos. Simula o que se vê no ecocardiograma. Plano coronal: Plano axial: 1 1 2 2 3 3 34 Introdução à radiologia Plano sagital: o Tomografia cardíaca: - É pedida quando se quer avaliar especificamente e em alta resolução apenas o coração e seus vasos de saída. 1: Válvula aórtica. [] 2: Artéria coronária. ➢ Janela pulmonar: - Se vê com clareza e nitidez o parênquima do pulmão nessa janela. 1 2 35 Introdução à radiologia Plano axial: Plano coronal: ➢ Janela óssea: ANATOMIA SECCIONAL NA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO - Como um todo, tem-se a pele (atenuação de partes moles), tecido celular subcutâneo (atenuação de gordura), estruturas ósseas (periósteo, medula cortical interna e externa, medula óssea), planos meníngeos e parênquima encefálico (córtex e substância branca); - Os espaços entre as meninges são pouco visualizados porque são virtuais. O que mais se fé é o aracnoideo porque tem o espaço liquórico, estruturas vasculares e nervosas. Arco costal Esterno Vértebra Corpo Vertebral Pedículo Processo transverso Lâminas Processo espinhoso 36 Introdução à radiologia o Calota craniana: - É possível fazer a reconstrução 3D do crânio, principalmente para ver mal formações da calota craniana, sinostoses (fechamento precoce das suturas), órbitas, fraturas. - A imagem acima traz uma janela óssea com um corte mais superior da calota craniana. A cortical interna parece um osso mais compactado porque é bem branquinho e regular. Não se vê áreas de descontinuidade na interna. Já na externa, é possível ver áreas da sutura. A sutura coronal dos dois lados mais anteriormente e a sagital posteriormente. A área medular é mais esponjosa e a cortical mais compactada. - A imagem acima traz um corte mais inferior da calota craniana. O osso fica mais fino, mas ainda assim é possível ver a cortical interna, externa e a medula óssea. Sutura coronal Sutura metópica: só em crianças. Fecha até os 2 anos de vida. Sutura sagital Sutura sagitalSutura lambdoide Cortical interna Cortical externa Medula óssea Sutura coronal Sutura sagital 37 Introdução à radiologia o Sistema ventricular: *Na foto acima a imagem é de uma RM. - O sistema ventricular é composto pelo líquor cefalorraquidiano (mantém uma lubrificação do parênquima encefálico – amortecimento), que é produzido no plexo coroide, ventrículos laterais, III e IV ventrículos; - O IV ventrículo faz continuidade com o canal central da medula; - O líquor é produzido no espaço supratentorial no III ventrículo e no espaço infratentorial no IV ventrículo (corno temporal no átrio ventricular). Relações anatômicas: →Ventrículos laterais: - Corno frontal; - Parte central; - Corno temporal; - Corno occipital; - Átrio. - É o maior de todos. →III ventrículo: se conecta ao IV por meio do aqueduto de Sylvius. →IV ventrículo: localizado na fossa posterior, anteriormente ao cerebelo. **O espacinho preto na parte anterior são os seios frontais da face. - Nesse corte axial é possível ver os ventrículos laterais. Na segunda imagem é possível ver o átrio ventricular (união dos cornos dos ventrículos laterais). - Nessa imagem já não é mais possível ver a parte anterior dos ventrículos, mas já permite a visualização dos cornos occipitais dos ventrículos laterais (parte circulada em azul). III ventrículo em roxo. - Na imagem acima, já em um corte bem mais inferior da calota craniana, é possível visualizar o corno temporal dos VL (circulado em azul). No centro da imagem á esquerda é possível ver no centro do mesencéfalo um canal, que é o aqueduto de Sylvius (circulado em vermelho). IV ventrículo em roxo. 1 1 1: Ventrículos laterais; 2: Corno frontal dos VL; 3: Plexo coroide; 2 3 38 Introdução à radiologia - A imagem da esquerda é um corte coronal e a da esquerda um corte sagital. III ventrículo em roxo. IV ventrículo em vermelho. Cornos frontais dos ventrículos laterais em azul. Tenda do cerebelo em verde. - Cornos frontais dos ventrículos laterais em azul. III ventrículo em roxo. Também é possível ver os cornos temporais dos VL mais inferiormente (bolinha azul escuro). Tenda do cerebelo em verde, o cerebelo está logo atrás (1). Cornos occipitais do VL em azul claro na imagem da direita (atenuação de líquido). - Na imagem acima destaca-se o III ventrículo. Geralmente em um parênquima normal, os ventrículos laterais são simétricos. Em um parênquima jovem quase não se vê o III ventrículo, porque é uma “laminha” de líquido (paredes mais coladinhas por conta da aderência intertalâmica). Em parênquimas mais atrofiados é possível ver ele mais dilatado. - Nas imagens acima destaca-se o IV ventrículo. o Cisternas da base: - São os espaços liquóricos, principalmente de base de crânio. É onde repousam as estruturas cranianas, passam os vasos, os nervos e é onde estão as meninges; - Quando se tem um trauma craniano, edemacia o parênquima encefálico, ocluindo as cisternas da base, causando compressão nos vasos e nas estruturas nervosas, levando a danos no parênquima. Cisterna bulbar: - Localizada anteriormente ao bulbo. Cisterna pré-pontina: - Espaço liquórico localizado anteriormente a ponte. É onde passa a artéria basilar. Cisterna pontocerebelar: - Localizada entre a ponte e o cerebelo 1 39 Introdução à radiologia *No meinho, na frente da ponte é possível ver a cisterna pré-pontina (azul). Cisterna magna: - É a maior das cisternas. É a transição do crânio com o canal raquiano. Pode ser maior quando há uma variação anatômica, sendo chamada de mega cisterna. Cisterna interpeduncular: - Localizada no meio dos pedúnculos mesencefálicos (orelhinhas do Mickey). Cisterna circundante: - Circunda o mesencéfalo. Cisterna supra selar: - Acima da sela túrcica. Tomar como referência a bolinha da hipófise, é logo encima. Cisterna quadrigeminal/colicular: - Está na parte posterior do mesencéfalo, colada na placa quadrigeminal. o Fossa posterior: 40 Introdução à radiologia - Mesencéfalo em vermelho, como se fosse a cabeça de um pinguim. A ponte em azul, seria a barriguinha do pinguim. O bulbo está em roxo. - Cortes axiais de tomografia, de cima para baixo (o mais superior na esquerda e o mais inferior na direita). Mesencéfalo é visto na 1ª porção. A ponte é visualizada na 2ª imagem. O bulbo é visualizado na 3ª imagem. Mesencéfalo: Ponte: Bulbo: Cerebelo: o Lobos do parênquima encefálico: Lobo frontal e parietal: 41 Introdução à radiologia - O giro pré-central é o mais importante de todos porque é a área motora do corpo (Homúnculo); - O giro pós-central também é muito importante porque é a área sensitiva do corpo. - Acima é possível ver o sulco central, que é o mais perto da linha média. Qualquer lesão que estiver à frente desse sulco na tomografia é uma lesão de lobo frontal. Dele para trás é o lobo parietal. - O que está sublinhado em verde é a pars marginalis. Logo a frente dela é o sulco central. - Na imagem acima é possível visualizar o sulco frontal superior, que termina no sulco pré-central. O giro é o pré-central (1). Giro pós central (2). - O lobo frontal está em vermelho. - Giro frontal superior em verde. Giro frontal médio em azul. Giro frontal inferior em amarelo. Sulco frontal superior em vermelho. Sulco frontal inferior em roxo. - Giro frontal superior em verde. Giro frontal médio em azul. Giro frontal inferior em amarelo. Sulco frontal superior em vermelho. Sulco frontal inferior em roxo. Corpo caloso e giro do cíngulo: - No corte sagital é possível visualizar o corpo caloso e o giro do cíngulo. Onde o sulco do cíngulo termina 1 2 42 Introdução à radiologia é a pars marginalis. Ela que define que o sulco a frente é o central. Dela para frente é o lobo frontal, e atrás é o parietal. - O primeiro sulco que se vê à frente da pars marginalis é o sulco central. - Corpo caloso em azul, giro do cíngulo em verde, sulco do cíngulo em vermelho. A pontinha de sulco que aparece circulada em roxo é o central. Lobo temporal: - Quando se vê a fissura, que é o espaço liquórico que é a fissura de Silvius, é o lobo temporal. Lobo temporal circulado em vermelho. O corno temporal do VL está em azul. - Lobo temporal superior, médio e inferior. O hipocampo está circulado em roxo. Do lado do hipocampo se tem o corno temporal do VL. Lobo occipital: 43 Introdução à radiologia - Sulco parieto-occipital em vermelho, o sulco calcarino está em azul, eles dois delimitam o cúneos, que é triângulo em verde. O giro lingular está logo abaixo em amarelo. É essa região que é chamada de córtex visual. - No corte coronal é mais difícil de ver. O V formado pelo sulco parieto-occipital (superior) e pelo sulco calcarino (inferior) é possível de se visualizar. Acima deles é o lobo parietal, e inferiormente é o lobo occipital. É possível ver a tenda do cerebelo e o cerebelo. Base do crânio: - A base do crânio é onde o encéfalo repousa. A fossa anterior está em azul, é onde repousa o lobo frontal. - Fossa média em amarelo. Lobo da ínsula: 44 Introdução à radiologia - A ínsula está logo ao lado da fissura de silvius, medialmente. O lobo temporal fica lateralmente a fissura. Na imagem da direita pode-se ver também o lobo frontal. - A região opercular é a que recobre a ínsula. Sela túrcica: - Infundíbulo e hipófise. - Na imagem acima a hipófise está bem realçada (branquinha) porqueestá com contraste. o Órbita: 45 Introdução à radiologia - Os pontinhos vermelhos são os músculos extraoculares. No centro em azul é o nervo óptico. Entre isso tem-se a atenuação de gordura da órbita (preto). - De fora para dentro: musculatura, gordura (amarelo), nervo óptico. O cristalino em roxo. - Visualizar a integridade óssea. - Acima se vê a fissura orbitária superior. - Acima se vê a fissura orbitária inferior. Selas etmoidais em azul e seios maxilares em verde. 46 Introdução à radiologia - Saco lacrimal circulado em rosa. **Ele vai para a fossa nasal e depois para a orofaringe. o Seios da face: - Além das da imagem tem-se o seio esfenoidal na sela túrcica. São melhor visualizados na janela óssea. - Seios frontais apontados pela seta em vermelho, seios maxilares em amarelo, células etmoidais em verde e seio esfenoidal em azul. 47 Introdução à radiologia - Na imagem da esquerda, o seio maxilar direito está preenchido com material com atenuação de partes moles (sinusite). o Mastoides: - Para visualizar otites médias geralmente o exame de escolha é a TC. Divide em orelha externa (1) – vai até a membrana timpânica, orelha média (2) – cavidade timpânica, e orelha interna (3) – cóclea, vestíbulo e conduto auditivo interno. - Em vermelho tem-se as células da mastoide pneumatizadas, com gás em seu interior. - Conduto auditivo externo indicado em verde. É possível ver também os ossículos na TC, é possível defini-los muito bem. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX EM CARDIOLOGIA - Todas as 4 radiografias abaixo são normais, porém bem diferentes entre si. A única coisa que muda é a faixa etária; - Na letra A tem-se um recém-nascido. A parte superior central do mediastino é alargada, porque eles ainda têm o timo (mediastino superior e anterior), alargando o tórax do RN. Nessa faixa etária a radiografia é feita deitada e o coração fica mais longe do filme, fazendo o coração parecer aumentado; - Na letra B tem-se uma criança de 7 a 8 anos de idade. O timo não aparece mais no mediastino superior, o coração parece menor (radiografia já é feita em pé, ficando menos distorcido porque está perto do filme). Nessa faixa etária o que chama a atenção é a bolinha indicada pela seta vermelha, que é a artéria pulmonar que está mais proeminente 1 c 2 c 3 c 48 Introdução à radiologia (aparece nas crianças e adolescentes devido ao metabolismo aumentado); - Na imagem C tem-se um adulto de 20-30 anos de idade. A bolinha convexa da artéria pulmonar já não é mais vista; - Na letra D tem-se um paciente idoso, que apresenta uma aorta um pouco mais alongada e ectasiada, porque ao longo da vida ela vai recebendo sangue do ventrículo, fazendo com que ela fique alongada e dilatada com o passar dos anos. A borda cardíaca também aumenta um pouco. - Ao longo da vida, a radiografia do tórax e a visualização do coração mudam, de acordo com a fisiologia que é observada nas diferentes faixas etárias. o Critérios técnicos: - Antes de avaliar o coração e a área cardíaca deve- se perceber se a radiografia foi bem feita; - Uma radiografia com critérios técnicos inadequados leva a uma falsa interpretação; - A 1ª coisa a ser observada é a incidência. No adulto se faz a radiografia de costas para a bobina do raio X, o raio entra pelas costas do paciente: incidência póstero-anterior; - Quando mais longe uma estrutura estiver do filme radiológico, mais distorcida ela vai ficar. Na incidência em PA o coração fica mais próximo do filme, mostrando uma imagem mais fidedigna. - A distância de 1,80 metros é a ideal para que o coração não fique magnificado. No aparelho portátil não se consegue essa distância, magnificando o coração (imagem a). - Outra característica a ser avaliada é o grau de inspiração. Os pulmões devem estar bem inspirados, e para verificar isso deve-se contar pelo menos 10 arcos costais posteriores (boa apneia). - Na radiografia expirada, os pulmões diminuem e o coração parece aumentado; 49 Introdução à radiologia - Outra coisa a se avaliar é a posição do paciente em relação a máquina. Deve estar bem centrado, com os ombros equidistantes um do outro. Observar se a extremidade das clavículas está equidistante dos processos espinhosos das vértebras. o Anatomia normal: - No raio X há uma sobreposição de diversas estruturas que tem a mesma densidade, então as áreas cardíacas não são facilmente ou adequadamente diferenciadas. - Do VE sai a aorta, que vai levar o sangue oxigenado para o corpo inteiro; - A nível dos capilares, há a troca gasosa e o sangue passa a ser rico em CO2; - As veias cavas superior e inferior drenam esse sangue para o átrio direito, que manda para o ventrículo direito. No VD o sangue é empurrado para a artéria pulmonar e é levado para os pulmões, onde é oxigenado; - O sangue oxigenado volta pelas veias pulmonares para o átrio esquerdo, que envia para o VE, e assim se repete o ciclo. ➢ Aumento da área cardíaca: - A primeira coisa que se avalia é o índice cardiotorácico (ICT). Se mede o coração de uma ponta a outra, e também o tórax. No adulto o ideal é que o tamanho do coração seja até metade do tamanho do tórax (A+B=C/2). - Se o A+B for maior do que 50% de C há um aumento do índice cardiotorácico. Isso ocorre porque todas as 4 câmeras estão sobrepostas na imagem e, nas bordas do coração tem-se o átrio direito e o ventrículo esquerdo. O átrio esquerdo e o ventrículo direito podem aumentar sem aumentar o índice cardiotorácico, mas quando o ICT está aumentado é específico de cardiomegalia. o Coração direito: 50 Introdução à radiologia - O átrio direito forma a borda cardíaca direita, então se ele aumentar, vai aumentar o índice cardiotorácico. - O ventrículo direito está projetado no meio da sombra cardíaca, então se houver um aumento dessa câmara, não vai haver aumento do ICT. - O ventrículo direito origina o tronco da artéria pulmonar. →Aumento do AD: - Normalmente, se tem mais coração à esquerda, do que a direita da coluna. Quando o AD aumenta, tem mais coração à direita do que a esquerda, porque ele aumenta para o lado. **Não necessariamente uma câmara vai aumentar em decorrência da outra, depende da doença de base. Na imagem acima, por exemplo, o VE também está aumentado. Ex.: doença na válvula tricúspide, só aumenta o átrio direito. Ex.: doença na válvula tricúspide + doença da válvula mitral, aumenta o AD e o AE. **O mais comum é ter mais de uma câmara aumentada. →Aumento do VD: - O VD fica completamente sobreposto as outras câmaras cardíacas na radiografia de frente. Quando ele aumenta, o ICT não aumenta, para saber que é essa câmara que está crescida, ele aumenta para frente e para cima. Ele está em contato com o esterno, e à medida que cresce, altera a forma/morfologia do coração na incidência de frente; - O habitual é que a ponta esquerda seja suave indo em direção para o diafragma e seio costofrênico. O coração vai ficar parecendo uma “bota”, alongado e obliquado para o lado. O vértice passa a apontar para cima e para lateral. *Só ele não aumenta o ICT. Insuficiência do coração direito: - Quando há uma insuficiência do coração direito as duas câmaras direitas dilatam. É possível ver muito coração no lado direito da radiografia. 51 Introdução à radiologia - O coração direito vai receber o sangue do corpo rico em CO2 e enviar para os pulmões para ser oxigenado. Se esse lado do coraçãoestá insuficiente, boa parte do sangue fica represado nas veias do corpo. Clinicamente, o paciente fica edemaciado na periferia (MMSS e MMII), há uma hepatomegalia (o sangue hepático vai drenar todo na veia porta, assim o sangue vai ficar represado no fígado). Vai haver turgência jugular (drena na veia cava, que drena no coração direito). o Coração esquerdo: - O sangue chega pelas veias pulmonares pelo átrio esquerdo. A válvula mitral está circulada em amarelo. Quando ele aumenta, não há aumento do ICT, porque ele não compõe nenhuma borda cardíaca. - O ventrículo esquerdo forma a borda cardíaca esquerda, então quando ele aumenta, o ICT também aumenta. O que está circulado em amarelo é a válvula aórtica. →Aumento do átrio esquerdo: 52 Introdução à radiologia - Quando o AE ele aumenta para cima, para direita e para esquerda. São as 3 direções que ele consegue crescer; - Um causa comum de crescimento do AE é um problema/lesão na válvula mitral. - Na imagem acima tem-se um AE dilatado. - A imagem acima traz um corte axial/transversal do corpo. Pode-se observar o AE, que é a câmara mais posterior. Na imagem à esquerda se observa que o AE está bem aumentado/dilatado. - Para reconhecer esse aumento no RX, deve-se observar alguns sinais. Um desses sinais é um duplo contorno ou uma dupla densidade do lado direito do coração quando ele cresce para direita; - Quando ele cresce para cima, o sinal a ser observado é o aumento do ângulo da traqueia com os brônquios principais (>90° do ângulo da carina); - Quando ele cresce para esquerda se vê uma dupla convexidade acima da borda cardíaca esquerda. - Como o átrio esquerdo pode aumentar para o lado, ele pode aparecer no lado direito da coluna, mostrando uma densidade diferente. A densidade mais clara e mais externa (limitada pelo vermelho) corresponde ao átrio direito. A densidade mais branca/opaca corresponde ao átrio esquerdo (pontilhado em branco) aumentado. 53 Introdução à radiologia - O sublinhado amarelo na imagem mostra o aumento do ângulo carinal, que também é um sinal do aumento do AE. - Por fim, outro sinal que também se observa no aumento do AE é a dupla convexidade (saliência) logo acima da borda cardíaca esquerda. Em cima do átrio esquerdo existe uma estrutura chamada apêndice atrial esquerdo, que não aparece no RX normalmente. Quando o AE aumenta, esse apêndice é empurrado lateralmente, passando a ser visível na radiografia convencional. →Aumento do VE: - É uma das câmaras que aumenta o ICT porque compõe a borda cardíaca esquerda; - Quando ele aumenta a borda cardíaca esquerda mergulha em direção ao seio costofrênico (<4cm). - A causa mais comum de aumento no VE é a HAS. Insuficiência do coração esquerdo: - Quando o coração esquerdo falha, o sangue vai ficar represado no pulmão, causando edema pulmonar. Caracteristicamente, o paciente dorme sentado, porque quando ele deita tem a sensação de que está se afogando devido ao edema. ➢ Vasculatura pulmonar: 54 Introdução à radiologia - A artéria pulmonar direita fica escondida atrás do coração, não é possível distinguir o tronco dela em um RX de adulto normal. O que se vê após a ramificação do tronco, mais lateralmente são os ramos da artéria pulmonar, que são os hilos pulmonares. - Existem uma doença chamada hipertensão arterial pulmonar. Aumenta de calibre o tronco da artéria pulmonar e também seus ramos secundários. Se vê os hilos aumentados e congestos (imagem à esquerda). - Hilos extremamente congestos, tanto a direita como a esquerda, em um paciente com hipertensão arterial pulmonar. ➢ Vascularização aórtica: - A aorta sai do VE e vai levar o sangue oxigenado para o corpo. A única parte da aorta que aparece no RX de adulto convencional é a parte da crossa/cajado da aorta, acima da borda cardíaca esquerda. - Se o paciente for portador de uma dilatação anormal na aorta, é possível visualizar na radiografia convencional. Na imagem abaixo o paciente era portador de um aneurisma na aorta. 55 Introdução à radiologia PRINCÍPIOS DE EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS, MAMOGRAFIA, DENSITOMETRIA E MEDICINA NUCLEAR Resumo da aula feito por Marta Japiassú – 4MA: ➢ Exames radiológicos contrastados: - Exames contrastados são testes radiológicos que utilizam meios de contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas. Radiografias, tomografias e exames de ressonância magnética são exemplos de procedimentos radiológicos que podem utilizar meios de contraste; - Contrastes são substâncias capazes de melhorar a definição de imagens obtidas em exames radiológicos; - O método evoluiu desde 1896, quando Haescheck e Lindenthal introduziram uma mistura de bismuto, chumbo e bário em uma mão amputada na tentativa de visualizar a árvore vascular; - Em 1917, Cameron e Osborne observaram que a bexiga urinária ficava radiopaca em radiografias de pacientes sifilíticos tratados com grandes doses de iodetos; - Em1923 foi realizada a primeira UIV utilizando-se iodeto de sódio; - Em 1927, Binz e Rath estavam trabalhando no tratamento da sífilis utilizando piridina iodada; - Logo após em 1929 foi desenvolvido o Selectan e em seguida, o Uroselectan, compostos utilizados por cerca de 2 décadas, porém ainda com alta toxicidade; - Em 1950, Vernon Wallingford introduziu um grupo amino acetilado na posição C3 da molécula de benzeno obtendo boa radiopacidade com reduzida toxicidade; - Em 1956, um grupo amino foi acrescentado na posição C5, reduzindo em cerca de 50% a toxicidade da molécula. Estava criado o Hypaque, sinônimo de contraste iodado por mais de 2 décadas; - Na referida substancia sobrava um carbono livre, sendo acrescentado um composto sódio ou meglumina; - Quando em solução, a molécula dissocia-se em um cátion e um ânion; - Em 1969, Tørsten Almén nota que a toxicidade dos contrastes iodados estava, em grande parte, associada a osmolaridade; - Foram desenvolvidos, então, meios de contraste que não se dissociavam em água substituindo o sódio ou meglumina por compostos orgânicos; - Todos os meios de contraste são muito hidrofílicos, de baixo peso molecular, baixa afinidade de ligação com proteínas e sem ação farmacológica significativa. o Principais exames com contrastes iodados: - Sistema urinário; - Sistema genital (M e F). Urografia excretora/intravenosa: - O iodo é injetado em uma veia periférica; - Esse iodo circula pela corrente sanguínea e vai ser filtrado pelos rins e excretado na urina; - À medida que ele é filtrado e excretado, através do sistema urinário, é possível visualizar o sistema urinário no Raio-X, o que não seria possível se fosse no convencional; - Essas estruturas não são visualizadas no raio-x convencional pelo fato de que suas densidades são semelhantes com os tecidos que estão em volta; Cálices Ureteres Bexiga 56 Introdução à radiologia - As chapas são batidas ao longo do tempo, esse exame demora em média 30 minutos. **Uma desvantagem é que não é possível visualizar as estruturas que estão ao redor do sistema urinário, pois o Raio-x possui uma baixa resolução das vísceras abdominais, como por exemplo, o fígado, o pâncreas, a adrenal. Uterocistografia: - Esse exame tem como objetivo estudar a uretra e a bexiga, vai ajudar na pesquisa de alterações baixas; - O iodo vai ser injetado pelo meato uretral do paciente; - Opacificando a uretra; - Para opacificar a bexiga é inserido mais iodo, até que ela esteja cheia. **Na bexiga existe um mecanismo anti-refluxo, nos óstios dosureteres (lugar por onde os ureteres entram na bexiga), há uma válvula que recebe o nome de Válvula Anti-refluxo, que vai impedir que o contraste volte da bexiga para os ureteres e para os rins. **Na uretrocistografia não é normal que os ureteres e os rins sejam opacificado, ou seja, visualizados, se isso acontecer é porque o mecanismo anti-reflexo na bexiga não está funcionando, representando uma patologia que recebe o nome de Refluxo Vesicureteral (refluxo de urina da bexiga para os ureteres). 1. Uretrocistografia retrógada: - Injeta de forma retrógrada o meio de contraste na uretra, o que faz com que ela fique opacificada durante o estudo; - Retrógrada, pois o meio de contraste vai ser injetado contra o fluxo natural da urina (uretra para fora), ou seja, de fora para dentro; - Somente homens (adolescentes e adultos) podem realizar, pois a uretra das crianças e de mulheres são curtas. 2. Uretrocistografia miccional: - Depois que a bexiga está cheia de contraste, as chapas são realizadas com o paciente em micção ativa; - Realizada em mulheres, crianças e homens. Histerossalpingografia: 57 Introdução à radiologia - É um exame de imagem também conhecido pela sigla HSG. É uma forma de raio-x com contraste para visualizar trompas e cavidade uterina. O procedimento não é invasivo e geralmente é rápido; - Vai ser inserido um cateter no colo do útero, por onde vai ser injetado o meio de contraste; - Opacificando a cavidade uterina , as trompas e se as trompas estiverem desobstruídas é possível que o contraste passe para o peritônio. ** Esse tipo de exame é obrigatório quando na investigação de infertilidade, é muito utilizado na rotina de mulheres que não conseguem engravidar. **Se as trompas estiverem obstruídas, há um processo inflamatório com fibrose. **O ovário não é opacificado na histerossalpingografia, pois é uma substância sólida e não um órgão oco. Para que o ovário seja visualizado pode ser utilizado outros meios, como por exemplo, ultrassonografia , tomografia computadorizada e ressonância magnética. - Os exames iodados são extremamente seguros e muito utilizados no dia a dia; - O iodo também é utilizado na tomografia e no cateterismo. →Riscos de exames iodados: Reações anafiláticas (raras): - São reações alérgicas extremamente sérias, súbitas e com risco à vida; - Para evitar essas reações anafiláticas, quando o paciente chega no serviço para marcar um exame com iodo, ele precisa responder um questionário que apresenta alguns fatores de risco relacionados as reações, os principais são: asma brônquica em atividade e a reação prévia a um exame com contraste.; - Nesses casos o exame pode ser trocado e se não tiver como trocar, é feito um preparo antialérgico, a base de imunossupressores, para minimizar o risco de reações anafiláticas. Nefrotoxicidade: - Por ser relativamente nefrotóxico, é importante que em pacientes com danos renais estabelecidos seja evitado. o Principais exames com contrastes baritados: - Exame utilizado para visualização do Sistema Digestivo; - Opacificando as vísceras abdominais (esôfago, estômago e o intestino); - Esse tipo de contraste jamais pode ser injetado em uma veia e nem cair no peritônio ou no mediastino, pois por ser uma suspensão colodidal, com o tempo o bário vai se desassociar da água permanecendo acumulado, o que vai induzir uma reação inflamatória crônica. **Ou seja, o bário não pode ser administrado em mucosas que não tenham comunicação com o meio externo, pois não tem como ser excretado. - À medida que o bário vai sendo injetado, há a visualização do esôfago; - Do esôfago o contraste vai para o intestino e o paciente vai excretar através da evacuação (3 dias com as fezes esbranquiçadas); - Quando a víscera possui comunicação com o meio externo, o contraste é liberado totalmente. Enema opaco: - O enema opaco é um exame de diagnóstico que utiliza raio- X e contrasta, normalmente sulfato de bário, para estudar a forma e a função do intestino grosso e reto e, assim, detectar possíveis 58 Introdução à radiologia problemas intestinais, como diverticulite ou pólipos, por exemplo; - O contraste é injetado por via retal, que depois é eliminado pelas fezes, sem nenhum problema. →Risco dos exames com sulfato de Bário: Suspeita de fístulas ou perfurações: - Se houver suspeita de alguma perfuração, o bário não é utilizado, pois existe o risco de passar para as vísceras sem comunicação externa e se acumular, causando uma inflamação, então o iodo vai ser utilizado. Ex.: pós-operatório de uma cirurgia intestinal. ➢ Mamografia: - O exame de mamografia é a principal tecnologia a serviço das mulheres para o diagnóstico precoce do câncer de mama, é um exame de rastreio por imagem, que tem como finalidade estudar o tecido mamário. Esse tipo de exame pode detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável; - Foi desenvolvida pelo fato de o câncer de mama ser muito prevalente entre as mulher, uma a cada 8 mulheres vai ter câncer de mama ao longo da vida, mas a maioria é descoberta de forma precoce e com bom prognóstico. Além disso, em questão de número de mortes, perde apenas para o câncer de pulmão. Ex.: possui uma fase pré clínica muito longa, podendo ser detectado por exames de rastreio, sendo a mamografia o principal. o Fisiologia da mama: - A mama possui dois tipos de tecidos: fibroglandular e gorduroso/adiposo; - Esses tecidos vão aparecer de forma diferente nos exames de imagem. A mulher mais jovem possui mais tecido fibroglandular do que gorduroso, mas com o passar do tempo as proporções invertem, sendo em maior quantidade o gorduroso. - O tipo etiológico mais comum e prevalente do câncer de mama é o carcinoma que nasce nos ductos mamários (Carcinoma Ductal). 59 Introdução à radiologia o Apresentação dos tecidos na mamografia: - Tecido fibroglandular são as áreas brancas; - Tecido gorduroso/adiposo são as áreas cinza escuro; - É possível observar na imagem que se trata de um mulher na meia idade com muito tecido gorduroso. ** A principal forma de apresentação do câncer de mama na mamografia são as microcalcificaçãoes: o Diferença entre o raio-X convencional e o mamógrafo: - A principal diferença é que o mamógrafo apresenta um compressor, que vai homogeneizar o tecido e comprimir a mama, ajudando na redução da radiação que vai ser exposta, pois quanto mais fino menos radiação; - Como o exame de mama deve ser feito todo ano, é de extrema importância que a quantidade de radiação seja baixa, por esse motivo a mama é comprimida. **Segundo a sociedade médica a mamografia deve começar a ser realizada a partir dos 40 anos, já para o Ministério da Saúde a partir dos 50. 60 Introdução à radiologia o Classificação BI-RADS: - O ACR BI-RADS, portanto, é uma forma padronizada de relatar os achados radiológicos da mamografia, o que reduz em muito o risco de interpretações subjetivas de laudos puramente descritivos e impede que um mesmo achado seja interpretado de forma diferente entre o médico radiologista que realizou o exame e o médico assistente da paciente que solicitou o exame. →BI-RADS categoria 0 – exame inconclusivo: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 0, isso significa que ele considerou o exame inconclusivo ou incompleto. As causas para uma categoria 0 incluem fatores técnicos, tais como imagens de baixa qualidade, que podem ser devidos ao posicionamento inadequado da mama ou à movimentação da paciente durante o exame. A categoria 0 também pode ser atribuída quando há dúvida sobre a existência ou não de uma lesão, havendo necessidade da realizaçãode outro exame de imagem para tirar a prova; - A disponibilização de laudos de mamografia anteriores para que o médico radiologista possa comparar imagens antigas com as imagens atuais diminui o risco de a mamografia ser classificada como BI-RADS 0. Por exemplo, uma lesão de difícil avaliação, mas que existe há vários anos e nunca mudou de aspecto, fala claramente a favor de uma lesão benigna. Com o auxílio de resultados anteriores, o médico pode mudar a classificação de categoria 0 para categoria 2 (ver mais à frente); - Quando o laudo da mamografia recebe a classificação 0, a paciente é orientada a realizar imagens mamográficas adicionais e/ou uma ultrassonografia da mama; - Portanto, um BI-RADS 0 não indica nem que a lesão é provavelmente benigna nem que é provavelmente maligna. A categoria 0 indica um exame inconclusivo que deve ser repetido. → BI-RADS categoria 1 – Exame normal ou exame negativo: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 1, isso significa que a mamografia não apresenta nenhuma alteração. O exame é completamente normal. As mamas são simétricas e não foram visualizadas massas, distorções de arquitetura ou calcificações suspeitas. O risco de lesão maligna em um exame classificado como categoria 1 é de 0%. → BI-RADS categoria 2 – Exame com achados certamente benignos: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 2, isso significa que ele encontrou alguma alteração na mamografia, mas que as características da lesão permitem afirmar que ela é benigna; - Entre as lesões que costumam ser encontradas em exames com classificação BI-RADS 2, podemos citar: - Para ser classificado como categoria 2, o médico precisa ter segurança para afirmar que a lesão é de origem benigna. Se o médico tiver dúvidas, o resultado não pode ser classificado como BI-RADS 2, mas sim como BI-RADS 3; - Portanto, na prática, um resultado BI-RADS 2 tem o mesmo valor clínico de um BI-RADS 1. O risco de lesão maligna é de 0%. 61 Introdução à radiologia → BI-RADS categoria 3 – Exame com achados provavelmente benignos: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 3, isso significa que ele encontrou alguma alteração na mamografia, que provavelmente é benigna, mas que ele não tem 100% de segurança. Por mais que o médico tenha quase certeza que a lesão é benigna, se ele tiver a mínima dúvida, a classificação deve ser categoria 3; - Quando o exame é classificado como BI-RADS 3, a conduta sugerida é repetir a mamografia após 6 meses. Se o novo exame também for categoria 3, uma nova mamografia é repetida após mais 6 meses (12 meses após a primeira). Se nessa mamografia o resultado for o mesmo, uma última reavaliação mamográfica deve ser realizada após mais 1 ano (2 anos após o resultado inicial). Se após 2 anos, a lesão permanecer igual, o radiologista pode passar a considerá-la um BI-RADS 2; - Por outro lado, se em algum momento de o seguimento a lesão mudar de características e se tornar mais suspeita, a classificação deve ser mudada para BI-RADS 4 e a lesão deve ser biopsiada. Vários estudos já mostraram que esse seguimento semestral não acarreta risco para a paciente. Mesmo nos raros casos em que a lesão muda de característica e passa a haver a suspeita de malignidade, a espera não traz prejuízos à saúde da paciente; - Portanto, um resultado na categoria 3 indica uma lesão com baixíssimo risco de malignidade, que não precisa ser inicialmente biopsiada, mas que, por prudência, deve ser seguida de perto ao longo dos próximos 2 anos; - O risco de lesão maligna do BI-RADS 3 é de apenas 2%, ou seja, 98% dos casos são mesmo lesões benignas. → BI-RADS categoria 4 – Exame com achados suspeitos: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 4, isso significa que ele encontrou alguma alteração na mamografia, que pode ser um câncer, mas que não necessariamente é um câncer. Todas as pacientes com um resultado BI-RADS 4 devem ser submetidas à biópsia da lesão para que o diagnóstico correto possa ser estabelecido; - A categoria 4 costuma ser dividida em 3 subcategorias de acordo com o risco de câncer: - Independentemente da subcategoria de BI-RADS 4, todos os casos devem ser submetidos à biópsia. A diferença é que na paciente com BI-RADS 4A, o esperado é que a biópsia confirme uma lesão benigna, enquanto no BI-RADS 4C, o esperado é que a biópsia confirme o diagnóstico de câncer. → BI-RADS categoria 5 – Exame com elevado risco de câncer: - Quando o radiologista classifica o seu resultado como BI-RADS 5, isso significa que ele encontrou alguma alteração na mamografia, que quase com certeza é derivada de um câncer da mama; - Lesões da mamas com típicas características de câncer incluem nódulos densos e espiculados, calcificações pleomórficas, lesões com retração da pele ou distorções da arquitetura da mama ou calcificações lineares finas dispostas num segmento da mama. Todas as lesões com categoria 5 devem ser biopsiadas; - O risco de lesão maligna em um exame classificado como BI-RADS 5 é maior que 95%. → BI-RADS categoria 6 – Exame com lesão maligna previamente conhecida: - A classificação BI-RADS 6 é utilizada apenas nas pacientes que já têm o diagnóstico de câncer de mama estabelecido e acabam por fazer uma mamografia para acompanhamento da doença, como por exemplo, após início da quimioterapia. Essa classificação serve apenas para confirmar ao médico que a lesão maligna identificada na mamografia é a mesma já conhecida anteriormente. 62 Introdução à radiologia o Limitações: - Mamas densas em mulheres jovens, com muito tecido fibroglandular, o que acaba dificultando a identificação de uma calcificação ou nódulo. Pois, a radiopacidade dessas lesões é semelhante à do tecido normal. ➢ Densitometria: - Exame que utiliza radiografia para fazer imagens, através de um aparelho chamado densidômetro; - Esse aparelho faz uso da radiação X e também dois feixes da radiação, os feixes conseguem separar o tecido mole do tecido ósseo; - A principal função da Densitometria óssea é estudar a densidade mineral óssea; - Exame para rastrear o risco de fraturas na população susceptível à osteoporose. **Quanto menor a massa óssea, maior o risco de fraturas. - Como resultado da perda de massa óssea relacionada com a idade, ocorre maior risco de fraturas; - Os locais mais susceptíveis são os ossos do quadril (coxo-femural; cabeça do fêmur; colo do fêmur), coluna e punho. **Em mulheres na menopausa há uma perda acelerada da massa óssea, o que favorece risco de fraturas. ** A densidometria surgiu pelo fato de que o Raio-X convencional é relativamente insensível à perda discreta de densidade mineral óssea, já a densitometria é altamente sensível. - Então no Rx convencional só é identificada desmineralização com perda de 30-50% da densidade óssea. 63 Introdução à radiologia - T-score e Z-score são utilizados nos laudos de densitometria óssea, sendo o primeiro mais comum. →T-Score: - Utilizado em mulheres após a menopausa; - Comparando a densidade mineral óssea da paciente com a que é esperada para uma mulher jovem. *O T-Score é a “nota” da densidade óssea do paciente comparada a adultos jovens do mesmo sexo e etnia. →Z-score: - Utilizado para os outros pacientes que não as mulheres na menopausa; *O Z-Score é a “nota” da densidade óssea do paciente comparado com as pessoas da mesma faixa etária, sexo e etnia. ➢ Medicina nuclear: - Exame que utiliza uma substância que é radioativa e vai acoplar ela a um fármaco qualquer, para simular algum metabolismo do organismo; - Essa substância quando injetada nopaciente, vai começar a decair e isso é captado por um aparelho (Gamma Camera); - Esse decaimento é feito através de raios gama. - - Apresenta um exame funcional, a anatomia dele não é muito interessante; - Nesse exame vai ser estudado o metabolismo. - Nesse caso a substância radioativa foi o tecnécio; 64 Introdução à radiologia - Analisa se esse contraste chega no coração, se possui alguma dificuldade de chegar lá ou se vai ter metabolizado pelo miocárdio, o que pode indicar uma área isquêmica. - - Foi injetado no paciente uma substância radioativa acoplada a um fármaco que tinha afinidade por mucosa gástrica; - A bexiga pode aparecer na medicina nuclear, pois a substância vai ser excretada pela urina; - Existe uma doença chamada de Divertículo de Meckel, é um divertículo (saquinho) de natureza congênita e apenas 1% da população apresenta; - Localiza-se a mais ou menos um metro da válvula íliocecal, apresenta vários tipos de revestimento na sua mucosa (pancreático, intestinal e gástrico); - Se tiver um revestimento gástrico, vai produzir ácido dentro do divertículo, que vai jogar ácido dentro do intestino delgado, tendo a presença de úlceras; - O exame nuclear é muito importante na identificação do revestimento do divertículo. Cintilografia óssea: - Utilizado para pesquisa de metástase; - Há a imagem do esqueleto ósseo inteira, através da substância radioativa que vai ser acoplada a um fármaco que tenha afinidade pelo metabolismo ósseo; - As regiões mais escuras, com metabolismo aumentado indicam metástase. ** As substâncias que serão utilizadas vão depender do metabolismo que se quer estudar. >> Vantagens: - Não invasivo; - Imagens funcionais; - Menor exposição à radiação; - Menor índice de reações. >> Desvantagens: - Baixa resolução anatômica; - Disponibilidade de certos radiotraçadores não é imediata, pelo fato de serem substâncias com decaimento radioativo ao longo do tempo; - São exames demorados; - Por ser tratar de imagens funcionais, alguns exames precisam de preparo prolongado, com restrição a certos tipos de alimentos e medicamentos; - Alguns processos metabólicos não podem ser acelerados e a aquisição de imagens pode ser demorada. 65 Introdução à radiologia ANATOMIA SECCIONAL DO ABDOME – RX, TC E RM ➢ Radiografia abdominal: - Na radiografia convencional do abdome poucas estruturas são bem identificadas porque se tem poucos tons de cinza. - As indicações para realizar uma radiografia normal do abdome simples são: -- suspeita de obstrução ou perfuração intestinal; -- dor abdominal moderada/importante não determinada; -- suspeita de corpo estranho; -- seguimento de cálculo renal. Incidências: - A mais utilizada é AP, na maioria das vezes o paciente está deitado. - Também pode ser feito em pé, e é muito útil em casos de obstrução intestinal, porque o ar sobe e o líquido desce, sendo formados níveis nas alças intestinais. - Outra incidência que pode ser feita é o paciente deitado em decúbito lateral, usado principalmente em pesquisa de pneumoperitônio. O lado esquerdo para baixo e o direito para cima. Se tiver ar ele tende a subir e se localizar entre o fígado e a parede abdominal. o Anatomia radiográfica: 66 Introdução à radiologia - Os lobos inferiores do pulmão ficam projetados nessa área porque o diafragma tem um formato de “montanha”. A região mais anterior e mais posterior não tem diafragma porque ele não é reto, então se vê o pulmão. Uma pneumonia ou um derrame pleural pode aparecer numa radiografia abdominal. **Se você olhar atentamente para as bases pulmonares, muitas vezes você pode ver a vasculatura pulmonar como ramificação linear opacidades (como visto no exemplo acima). - Só é possível delimitar esses órgãos da figura acima se tiver uma linha de gordura delimitando as capsulas. Como os órgãos abdominais tem densidades muito próximas uns dos outros, só é possível delimita-los se houver uma linha de gordura entre eles. Se não for possível delimitar, é necessário saber ao menos onde fica a projeção de cada um deles. Aparelho urinário: **A posição da vesícula biliar pode ser muito variável. Ele pode aparecer em qualquer lugar na 67 Introdução à radiologia região do quadrante superior direito. A posição mais comum (na borda inferior do fígado) é mostrada na parte anterior por exemplo. - Na maioria das vezes é possível identificar o contorno dos rins nos flancos. Os ureteres são muito finos e retroperitoneais então, em geral não é possível visualizar, só se sabe a localização topográfica, que seria paravertebral; - A vesícula biliar e as suprarrenais também normalmente não são visualizadas na radiografia convencional; - O gás projetado na região da bexiga não é da bexiga, e sim do reto que fica projetado sobre a bexiga, porque não se tem a noção de profundidade nessa incidência. Estruturas musculares e ósseas: o Roteiro sistematizado: 1. Procurar gás fora de alças (pneumoperitônio); 2. Avaliar o padrão gasoso intestinal; 3. Procurar calcificações patológicas; 4. Avaliar o arcabouço ósseo e a sombra dos órgãos sólidos; 5. Avalie dispositivos cirúrgicos. →1. Gás fora de alças: - Quando se tem um pneumoperitônio fazer a radiografia em ortostase é melhor, porque o ar tende a subir, se localizando logo abaixo do diafragma. 68 Introdução à radiologia - Eventualmente pode-se ver o gás entre as alças intestinais, como na imagem abaixo. →2. Padrão gasoso intestinal: - É muito variável, mas de uma maneira geral se encontra densidade gasosa na moldura do cólon, mas não no intestino delgado. Essa moldura é periférica. Esse gás no intestino grosso é normal por conta das bactérias que liberam gás. Na região central do abdome não se vê gás, ou se vê é muito pouco. →3. Calcificações patológicas: - Geralmente as calcificações que se busca são cálculos renais. Na imagem abaixo é possível visualizar a sombra do rim esquerdo do paciente (porque tem gordura al lado então é possível delimitar). Também é possível ver dentro do rim duas estruturas com densidade elevada. →4. Sombra dos órgãos sólidos e arcabouço ósseo: - Observar os principais órgãos. 69 Introdução à radiologia - Na imagem abaixo é possível ver uma bola com densidade de partes moles no hipocôndrio esquerdo delimitada por gordura. Ela não tem o formato de nenhum órgão que é esperado nessa região, então pode-se concluir que essa estrutura é patológica (cisto renal – líquido –> urina). - Na imagem abaixo, à esquerda tem-se um paciente com o arcabouço ósseo normal. Tem uma boa delimitação entre a cortical e a medular dos ossos. À direita observa-se que há uma densidade difusamente aumentada no esqueleto, com uma má delimitação da cortical e da medular. Nessa imagem o paciente era portador de metástases ósseas decorrentes de um adenocarcinoma de próstata. →5. Avaliar dispositivos cirúrgicos: - Avaliar o bom posicionamento de dispositivos cirúrgicos (dreno, cateter, sonda, etc.) na imagem abaixo se observa uma sonda gástrica bem posicionada projetada na camara gástrica. ➢ Tomografia abdominal: - Na transição toraco-abdominal já é possível ver o fígado (1). 1 70 Introdução à radiologia 1: fígado. 2: polo superior do baço. 3. Fundo do estômago. 4: aorta descendente; - Depois da 12ª vértebra dorsal o fígado fica bem mais perceptível. 1: fígado. 2: polo superior do baço. 3. Fundo do estômago. 4: líquido dentrodo estômago. 5: polo superior do rim esquerdo. 1: fígado. 2: polo superior do baço. 3. Fundo do estômago. 4: líquido dentro do estômago. 5: polo superior do rim esquerdo. 6: polo superior do rim direito (em geral o rim direito é mais baixo do que o esquerdo). A bolinha em vermelho está circulando é a porção intra-hepática da veia cava inferior, ao lado da aorta (apontada em vermelho). 1 2 3 4 1 2 3 4 5 1 2 5 4 3 6 71 Introdução à radiologia - É possível visualizar na imagem acima o fígado, o estômago e o baço na mesma localização topográfica. 1: Terço médio do rim esquerdo. 2: transição do polo superior com o terço médio do rim direito. 3: porção extra-hepática da veia cava inferior. 4: veia renal esquerda entrando na veia cava inferior. 5: pâncreas (mais escuro acima da veia porta). 6: veia porta (linha mais branca). 1: veia cava inferior. 2: cabeça do pâncreas. 3: vesícula biliar (densidade de líquido). As estruturas que estão dentro do círculo vermelho são alças intestinais. Alças colônicas são as que tem gás, alças do delgado em geral não tem gás e estão colabadas. 1: vesícula biliar. Polos inferiores dos rins direito e esquerdo, final do fígado. Todas as outras estruturas à frente da coluna são alças intestinais. Ao lado la coluna tem-se dois grandes músculos, que são os psoas. 1 2 3 4 5 6 2 1 3 1 72 Introdução à radiologia - A imagem acima já está no nível de L4. Veia cava inferior à direita da coluna vertebral (1), a aorta mais à esquerda. Músculo psoas (2) e final do fígado (3) também podem ser visualizados. Musculatura paravertebral (4). As outras estruturas são as alças intestinais. - Nesse corte entrando na região pélvica a aorta e a veia cava começam a bifurcar, então se vê mais de duas estruturas vasculares. 1: artérias ilíacas comuns. 1: veias ilíacas. 2: artérias ilíacas. 3: músculo psoas. 4: osso ilíaco. - Esses pontinhos no centro são pequenos vasos que nutrem as alças intestinais. Vasos ilíacos na lateral. 1 2 3 4 1 1 1 2 2 3 4 73 Introdução à radiologia 1: cólon sigmoide. Região sacral circulada em vermelho. 2: Acetábulo. 3: musculatura glútea. 1: bexiga. 2: reto. 3: vesícula seminal (paciente do sexo biológico masculino). ➢ Ressonância magnética abdominal: o RM T1 abdome superior: - Os órgãos são os mesmos, o que muda é o sinal, a densidade. 1 2 3 1 2 3 Próstata Fígado Baço Estômago Gordura peritoneal 74 Introdução à radiologia **O pâncreas é o que passa transversalmente, a veia está coladinha nele (mais escura). 1: rim direito. 2: rim esquerdo. o RM T2 pelve masculina: **A vesícula seminal se vê “branca” na RM-T2 porque são ricas em líquido. Pâncreas Veia mesentérica Veia cava 1 2 Vesícula biliar Pâncreas M. psoas Reto Bexiga Vesícula seminal 75 Introdução à radiologia o RM T2 pelve feminina: *Por fora o miométrio, por dentro o endométrio. Lembrar que é sempre bom correlacionar com outros planos de imagem. Bexiga Próstata Útero Reto Bexiga 76 Introdução à radiologia ATELECTASIA PULMONAR - Opacidade com PERDA de volume pulmonar; - Perda de volume pulmonar associado com redução da quantidade de ar alveolar; - Atelectasia e consolidação são processos diferentes, que podem coexistir. - Na imagem acima pode-se observar que a cisura não está onde deveria, foi puxada para cima. - Na imagem acima tem-se uma pneumonia do lobo superior. É uma opacidade da mesma forma, mas a cisura está na topografia correta. ➢ Sinais radiológicos: o Diretos: - Desvio da cisura na direção da atelectasia, aproximação dos vasos, - Brônquios na área afetada (mais visto na tomografia). - Na imagem acima observa-se uma opacidade em todo o lobo superior direito, mas a cisura não está em sua topografia normal, ela foi puxada para a região da atelectasia. Também é possível observar a traqueia desviada, mesmo não sendo um sinal direto. o Indiretos: - Desvio de todas as estruturas móveis do mediastino (fissuras pleurais, traquéia, coração, hemidiafragma, hilo); 77 Introdução à radiologia - Opacidade pulmonar; - Elevação hemidiafragma; - Desvio mediastinal para o lado da atelectasia; - Hiperinsuflação compensatória do pulmão contralateral; - Desvio hilar; - Aproximação dos arcos costais. - Na imagem acima é possível observar uma atelectasia de lobo superior esquerdo com o desvio da traqueia para o lado da opacidade, o desvio também do coração e do diafragma deslocados para a região da atelectasia. - Na imagem acima se observa o hemitórax esquerdo completamente opaco, evidenciando uma atelectasia de todo o pulmão. Nela é possível ver que o pulmão direito ultrapassou a linha média e já está no hemitórax direito, porque está tentando compensar a atelectasia. ➢ Tipos de atelectasia: - Pode ser completa de todo o pulmão (colapso pulmonar), lobar, segmentar ou subsegmentar. - Na imagem acima é observada uma atelectasia completa do pulmão esquerdo. Há desvio do mediastino para a região da atelectasia. o Atelectasia lobar: 78 Introdução à radiologia - O padrão/aspecto da atelectasia lobar vai ser sempre semlehante, a não ser que o paciente tenha alguma variação anatômica. →Atelectasia do lobo superior direito: - Paciente tem um tumor no brônquio do lobo superior direito. Se há um tumor vai obstruir um brônquio e o ar não vai mais entrar. Na atelectasia o ar vai ser reabsorvido e o pulmão vai colabar, por isso a perda de volume, diferentemente da consolidação em que o ar é substituído por alguma coisa. - Nem sempre vai ser possível ver todos os achados em um paciente, por isso é importante reconhecer todos. 79 Introdução à radiologia Sinal radiológico: Atelectasia LSD S de GOLDEN - Tem uma opacidade, com a cisura levantada e a traqueia puxada. Faz o “S” porque tem um tumor na região hilar, formando uma massa. →Atelectasia dos lobos inferiores: - Opacidade em forma de vela (meio triangular) é o mais característico que é identificado (sinal da vela retrocardíaco). - Um achado importante na imagem da esquerda é a cúpula diafragmática, que está puxada para cima, e que há desvio de traqueia; - Na região inferior da imagem direita (base do triângulo) se vê a imagem mais branca porque está somando a densidade do coração com a densidade do pulmão atelectasiado. **Na imagem à direita, o que está sendo apontado pela seta amarela é o botão aórtico, que é mais proeminente em pacientes idosos devido à ectasia da aorta (principalmente em idosos hipertensos e com placas ateromatosas), isso pode desviar um pouco a traqueia, mas é um achado normal, característico da idade, é chamado de dilatação senil da aorta. NÃO confundir com atelectasia o botão aórtico mais proeminente desviando levemente a traqueia. - Na imagem à direita, a opacidade está bem atrás porque o lobo inferior é uma estrutura posterior. 80 Introdução à radiologia ➢ Mecanismos de atelectasia: →Atelectasia obstrutiva: - Atelectasia segmentar: obstrução no ponto verde; - Atelectasia lobar: obstrução no ponto azul; - Atelectasia pulmonar: o obstruçãono ponto roxo; - Se a obstrução ficar no ponto vermelho (traqueia) o paciente morre porque não consegue respirar. Pode ser por: - Obstrução da via aérea com reabsorção distal do gás; - Tubo endotraqueal mal posicionado; - Tampão de muco; - Corpo estranho; - Tumor; - Estenose brônquica; - A principal causa no adulto é o tumor, e nas crianças o corpo estranho. - Na imagem acima há uma opacidade no lobo superior do pulmão esquerdo, desvio da traqueia para o lado E. A opacidade tem margens bem definidas, isso significa que está sendo delimitada pela cisura. →Atelectasia compressiva: - Perda de volume secundária ao processo de ocupação do espaço; - Alteração intratorácica que impede a expansão pulmonar (não há obstrução das vias aéreas, a compressão é externa ao pulmão); - Derrame pleural, pneumotórax e massa pleural são possíveis causas. 81 Introdução à radiologia - Na imagem acima, a área branca delimitada é o pulmão atelectasiado, tudo no lugar do pulmão é pneumotórax (não tem trama vascular); - Comprime e empurra o pulmão. →Atelectasia em placa/ discoide/ em faixa/ subsegmentar: - Densidades lineares, paralelas ao diafragma, nas bases; - Comum no pós-operatório, paciente com dor, respiração superficial, acamado. Paciente que não faz uma expansibilidade pulmonar adequada. DERRAME PLEURAL - Pleura visceral: reveste a superfície externa pulmonar incluindo as fissuras; - Pleura parietal: reverte a superfície interna da parede torácica, mediastino e diafragma; - Espaço pleural: entre os dois folhetos pleurais; - Não há comunicação entre as cavidades pleurais; - Normalmente 2-10ml de líquido do espaço pleural para permitir o deslizamento. O DERRAME É NO ESPAÇO PLEURAL, NÃO NOS PULMÕES. - O derrame é a presença de líquido anormal no espaço pelural; 82 Introdução à radiologia - Pode ser um derrame livre, loculado, cisural ou subpulmonar. - O derrame pleural se manifesta como uma opacidade homogênea. - Na imagem acima pode-se dizer que há um derrame pleural do lado esquerdo ou no hemitórax esquerdo. ➢ Aspecto radiológico: Fatores que afetam o aspecto radiológico: - Posição do paciente, em decúbito o derrame pode passar desapercebido; - Grau de elasticidade do pulmão; - Doenças pulmonares fibróticas; - Efeito gravitacional; - Quantidade de líquido; - Livre ou loculado; - Associação com tumor. O DERRAME PLEURAL NÃO TEM BRONCOGRAMA, PORQUE ELE NÃO ESTÁ NO PULMÃO. A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA É QUE É UMA OPACIDADE HOMOGÊNEA. o Derrame pleural livre: - Opacidade homogênea; - Obliteração do seio costofrênico; - Contornos diafragmático e cardíaco obscurecidos; - Não há boncrograma aéreo; - Não há perda de volume; - Pode ter efeito expansivo com desvio mediastinal para o lado oposto (se for muito grande). 83 Introdução à radiologia - Quando se tem um derrame pequeno, com pouco líquido, há a obliteração do seio costofrênico. É o sinal do menisco. - Aumenta a sensibilidade para derrame pleural se fizer o exame também em perfil. Se o derrame for muito pequeno não vê no PA porque vai se misturar com o abdome (fígado). Sinal da parábola: **Para diferenciar de pneumonia, o certo não é dizer que é porque não tem broncograma (porque nem toda pneumonia vai ter broncograma), e sim porque morfologicamente/semiologicamente não tem forma de lobo nenhum. Tem forma de derrame. →Investigação radiológica: - Pode-se fazer uma ultrassonografia, que é muito boa para ver o derrame. É boa também para guiar um futuro procedimento, como toracocentese, para drenar o líquido; - A TC é indicada em alguns casos, principalmente quando se suspeita de neoplasia, para avaliar a pleura e se o derrame é secundário a um câncer de pulmão; - O decúbito lateral/Laurell é o que possui melhor sensibilidade para o derrame pleural, porque identifica aqueles a partir de 5ml. SEMPRE o lado suspeito de derrame para baixo, para o líquido escorrer pela parede, e não pelo mediastino. 84 Introdução à radiologia - Pode-se observar no canto inferior do pulmão direito na 1ª imagem o sinal do menisco, que é a obliteração do seio costofrênico. - Em pacientes que estão em UTI, traqueostomizados, com cateteres e sondas, se há uma opacidade e há dúvida da causa, faz-se o laurell. Na imagem da direita fica evidenciado que o paciente também tem derrame. Deve-se ter muito cuidado em pacientes acamados, porque o derrame vai se espalhar e deixar tudo branco na radiografia. o Derrame intercisural: - É um derrame na cisura. O mais comum de ser observado é na cisura transversa. - Ele fica entre os dois folhetos pleurais, encistado. Pode ser menorzinho, como na imagem abaixo: - Acontece principalmente em pacientes com ICC. Em ambas as imagens mostradas anteriormente é possível ver um aumento da área cardíaca. Cuidado para não achar que é um tumor; - Esse derrame pode ser chamado de psudotumor ou tumor evanescente ou tumor fantasma. Como ele geralmente acompanha o paciente com ICC, na hora que essa insuficiência é tratada e o paciente esse derrame some/seca. o Derrame subpulmonar/infrapulmonar: - Entre a base pulmonar e o diafragma; - Pseudo-hemidiafragma; - Separação da bolha gástrica do pseudo- hemidiafragma (normal é <1,5cm, quase encostando). - Na imagem acima pode-se observar a bolha gástrica sendo apontada em vermelho, e como ela está distante da sombra do que seria o diafragma. Isso significa que é um derrame pleural infrapulmonar; - Para reconhecer esse tipo de derrame deve-se saber a semiologia normal das cúpulas diafragmáticas, e notar quando há alteração. - Na imagem acima o seio costofrênico está raso e a sombra diafragmática está muito elevada. 85 Introdução à radiologia - É um tipo de derrame livre. Se houver dúvida, colocar o paciente em Laurell. Na imagem da direita é possível ver que o líquido escorreu, inclusive entrou um pouco na cisura. Se não quiser fazer o decúbito lateral, pode ser feito um ultrassom. **É importante lembrar que a cúpula diafragmática está na localização normal, o que dá o aspecto de que ela está elevada é o derrame. o Derrame loculado: - Aderências na superfície pleural, limitam a mobilidade do líquido; - Normalmente Empiema, hemotórax ou tumor. *Doenças sistêmicas geralmente cursam com derrames livres. O derrame loculado normalmente vem de traumas, facadas, tiro, processos inflamatórios muito purulentos, etc. - Forma ou localização não usual; - Não muda de posição com a mudança de decúbito. - Na imagem acima, pode-se dizer que não é uma pneumonia lobar do lobo inferior porque o lobo inferior não tem essa morfologia de meia lua. A pneumonia para ter margens bem definidas teria que ser uma pneumonia lobar tocando na cisura. Não pode ser uma atelectasia porque não tem sinal de perda de volume; - É preciso olhar e constatar que não é uma consolidação. O maior eixo da lesão é paralelo à superfície pleural e na grande maioria das vezes tem um aspecto de meia lua, como nas imagens mostradas previamente. Mas ele também pode ter uma morfologia completamente estranha. o Grande derrame pleural: - Exerce um efeito expansivo local, empurrando as estruturas contralateral. 86 Introdução à radiologia o Derrame maciço: - Hemitórax opaco; - Mais do que 2000ml; - Opacidade de todo o hemitórax com caráter expansivo; - Desvio do mediastino para o lado oposto; - Radiografia não avalia o pulmão; - Realizar TC de tórax para avaliar a etiologia do derrame. - Na imagem acima se observa uma opacidade completamente homogênea com efeitoexpansivo e desvio das estruturas contralateralmente; - Pode promover uma atelectasia compressiva HEMITÓRAX OPACO - Opacidade de todo o hemitórax. Pode ser: -- sem alteração do volume do hemitórax; -- há perda de volume com efeito retrátil; -- há efeito expansivo. - A referência será a posição do mediastino; - Também observar: alterações dos espaços costais e posição dos gases abdominais. - Na 1ª imagem é possível visualizar broncograma. Pneumonia comprometendo todo o lado esquerdo do pulmão. Não tem desvio de traqueia ou mediastino, ou seja, é um hemitórax opaco e não tem efeito expansivo; - Na 2ª imagem há uma opacidade em todo o pulmão direito. Não é possível ver o coração ou o mediastino do recém-nascido, os arcos costais do lado esquerdo também estão próximos. Pela perda de volume, é uma atelectasia de todo o pulmão; - Na 3ª imagem há uma opacidade em todo o pulmão direito com efeito expansivo, todas as estruturas estão empurradas contralateralmente, indicando um derrame pleural. o Hemitórax opaco com perda de volume: - Na imagem abaixo é possível ver que a traqueia está desviada para o lado da opacidade, o mediastino também, podendo-se concluir que é uma atelectasia. 87 Introdução à radiologia - Na imagem ao lado é possível ver que o diafragma e o estômago subiram para a opacidade. Há também um desvio de traqueia. Não se vê o coração nem o mediastino no lado direito do pulmão. É uma atelectasia - Na imagem ao lado também é possível ver um desvio da traqueia, o coração está bem puxado para o lado da opacidade. É um caso de agnesia pulmonar. - Na imagem ao lado também se tem um desvio de traqueia para o lado da opacidade, o coração também não é visualizado no lado direito do pulmão. É uma pós- pneumectomia - Todas as imagens acima possuem características de perda de volume, porém são 3 casos diferentes. o Hemitórax opaco com efeito expansivo: - Tende a rebaixar a cúpula diafragmática e empurrar o coração contralateral. - Só analisando as imagens acima não é possível qual delas tem o tumor e qual não tem, por isso deve-se fazer a tomografia para investigar a causa. o Hemitórax opaco sem efeito expansivo ou retrátil: - A principal causa dessa categoria é a pneumonia. Na imagem acima é possível identificar o broncograma. 88 Introdução à radiologia - Na imagem acima não há muito desvio da linha média ou da traqueia. Nesse caso, há duas forças antagônicas juntas, geralmente derrame e atelectasia. Nenhum deles está predominante, um tá compensando o outro, o derrame está empurrando e a atelectasia está puxando. PNEUMOTÓRAX - Ar de qualquer origem no espaço pleural; - Espontâneo ou traumático. - Os vasos param na linha visceral e depois é só um preto bem hipertransparente, é só gás/ar. o Linha da pleura visceral: - A pleura visceral torna-se visível: linha da pleura visceral. - A curvatura da pleura visceral é paralela a curvatura da parede torácica. - Não há parênquima pulmonar distal ao pneumotórax. 89 Introdução à radiologia Sinal do sulco profundo: - Reconhecimento do pneumotórax depende do seu volume e da posição do paciente; - Supino: anterior e basal; - Ortostase: apical e lateral; - Seio costofrênico maior e mais radiotransparente no lado do pneumotórax. - Em ambas imagens os pacientes estão deitados. O sinal do sulco profundo é quando o diafragma é empurrado para baixo pelo gás. Habitualmente, o seio costofrênico do lado do pneumotórax está maior, mais baixo e mais radiotransparente. o Pneumotórax com atelectasia passiva: - O pneumotórax é toda a área preta, e bem radiotransparente no pulmão direito. O que a seta aponta que está branquinho é o pulmão colapsado. Não é derrame porque o líquido tem densidade de partes moles, se misturando com o pulmão colapsado. o Pneumotórax hipertensivo: - Estruturas mediastinais desviadas para o lado oposto; - Comprometimento cardiopulmonar e do retorno venoso para o coração; - Inversão do diafragma; - Retificação do bordo cardíaco. - A radiografia acima, supostamente, nunca deveria ser vista na vida real, porque significa que o doente foi mal avaliado, era para o diagnóstico e o tratamento serem feitos antes, porque é risco de vida para o paciente. Na imagem a coluna está nua, com todas as estruturas empurradas para o lado do pulmão esquerdo. Não tem parênquima pulmonar, tem espaços intercostais aumentados e o sinal do sulco profundo está claramente presente. o Hidropneumotórax: - Presença de nível hidro-aéreo no espaço pleural. 90 Introdução à radiologia - Junta o derrame gasosos com o derrame líquido, fazendo um nível. O gás sobe e o líquido desce. - Na imagem acima ainda é possível ver o colapso pulmonar (apontado em amarelo). PNEUMOMEDIASTINO - Ar nos tecidos moles do mediastino; - Lesão nos pulmões ou estruturas do mediastino, como vias aéreas ou esôfago; - A pleura mediastinal é separada do mediastino e torna-se visível como uma linha branca fina; - Pode ser espontâneo ou traumático; - Pode dissecar para as partes moles do pescoço. - O gás fica entre a pleura parietal e o mediastino. - Na imagem acima é um paciente vítima de trauma. As linhas pretas sendo vistas na região central do mediastino não é normal. Essas linhas pretas sobem para o pescoço. O gás nas partes moles é chamado de enfisema subcutâneo. Sinal do diafragma contínuo: G L G L O gás disseca tudo, e fica com gás entre o coração e o diafragma. 91 Introdução à radiologia PENUMOPERICÁRDIO - Ar no espaço do pericárdio (membrana que reveste o coração); - O gás fica só em torno do coração. - Na imagem acima é possível observar que o gás desenha o coração. ENFISEMA SUBCUTÂNEO - Ar nas partes moles do pescoço, do tórax, na parede torácica e abdominal. RX SIMPLES DO TÓRAX: MEDIASTINO - O mediastino é a região anatômica situada entre os dois pulmões; - Limite superior a abertura torácica ao nível da 7a vértebra cervical; - Limite inferior é o diafragma; - Limites laterais são os hilos pulmonares e folhetos plurais; - Estende-se do esterno aos corpos vertebrais ântero-posteriormente. Funções: - Manter o equilíbrio anátomo-funcional dos hemitórax por meio do isolamento e amortecimento de suas estruturas; - Criar mecanismos para que o sistema respiratório propicie adequadamente o afluxo de sangue (na inspiração) e o aumento do débito cardíaco (na expiração); - Defesa imunológica (linfonodos). 92 Introdução à radiologia o Densidades na radiografia: - Os Rx atravessam o paciente e são atenuados de acordo com a densidade dos tecidos atravessados; - Os feixes de Rx ao atravessar o corpo do paciente sofrem atenuação de acordo com a densidade de cada tecido; - O mediastino é uma região difícil de ser avaliada pelo estudo radiológico convencional, uma vez que compreende um grande número de estruturas de mesma densidade radiológica, com exceção da traqueia que contém ar; - A rotina de investigação diagnóstica foi completamente modificada com o advento da TC. o Diagnóstico por imagem: Tomografia: - TC é considerada, atualmente, o exame obrigatório na avaliação das doenças torácicas, permitindo de uma só vez, tanto o estudo parenquimatoso quanto o mediastinal; - A disposição axial dos cortes permite eliminar a principal limitação da RX simples que é a superposição de estruturas; - Medida de densidade: possibilita saber se a lesão é líquida ou sólida, orientando o diagnóstico de forma mais segura; - Calcificaçõessão mais bem avaliadas por essa técnica. Ultrassonografia: - Pode ser indicada para o estudo das lesões de tireoide, como bócio mergulhante; - Ultrassonografia transesofágica: utilizada para estudo do esôfago, coração e pericárdio. Ressonância magnética: - Pode ser utilizada em casos mais complexos, principalmente quando há lesões cardíacas e vasculares. 93 Introdução à radiologia - Observar no centro da radiografia sinais de esternorrafia (fios metálicos para suturar o esterno). - Em laranja e azul tem-se as pleuras e a parede torácica; - Em vermelho as bordas cardíacas; - Em amarelo a veia cava superior e o arco aórtico; - Em verde os hilos pulmonares. 94 Introdução à radiologia o Incidências radiográficas adicionais: Tórax com esôfago contrastado (perfil): - Indicações: avaliar compressões extrínsecas; íntima relação com o átrio esquerdo (pode identificar lifadenomegalias). ➢ Arcos mediastinais: - Os arcos causam impressões na superfície pulmonar. - Em um paciente normal é esperado observar 5 arcos: dois à direita e três à esquerda; - É essencial que você saiba os marcos anatômicos do RX normal; - Só a partir daí vai conseguir identificar as alterações. 95 Introdução à radiologia Aumento do AE - O aumento do AE pode gerar o quarto arco esquerdo em cima da ponta do VE. ➢ Divisão do mediastino: - O mediastino é divido em compartimento para facilitar o agrupamento de tumores e doenças de acordo com o local e seu sítio de origem; - Há pelo menos 3 classificações propostas: - Mediastino superior: plano sobre o arco aórtico. Estruturas da entrada torácica; - Mediastino anterior: contém o timo, linfonodos, tecido mesenquimal. Algumas classificações incluem o coração; - Mediastino médio: contém coração, grandes vasos, brônquios, linfonodos e nervo frênico; - Mediastino posterior: começa na margem anterior dos corpos vertebrais. Contém a aorta descendente, esôfago, ducto torácico, linfonodos, nervos e áreas paravertebrais. - Não existe um plano de tecido separando esses compartimentos; - Na radiografia lateral, os compartimentos anterior e médio podem ser separados desenhando uma linha imaginária anterior à traqueia e posteriormente à Veia cava inferior; - Os compartimentos médio e posterior podem ser separados por uma linha imaginária que passa 1cm posteriormente à borda anterior dos corpos vertebrais; 96 Introdução à radiologia - Essa divisão nos permite fazer um diagnóstico diferencial mais restrito. o Alterações mediastinais: o Massas mediastinais: - A massa mediastinal não contém broncograma aéreos; - As margens do pulmão serão obtusas; - Podem haver anormalidades espinhais, costais ou esternais associadas. Massa pulmonar: cria ângulos agudos com o pulmão; Massa mediastinal: cria ângulos obtusos com o pulmão. - Na radiografia acima há uma lesão que apresenta borda aguda com o mediastino – massa pulmonar (tumor pancoast). - A radiografia de tórax acima mostra uma lesão com ângulo obtuso com o mediastino – massa mediastinal (timoma localizado no mediastino anterior); - Como existe um sinal de silhueta com a borda direita do coração - que se localiza anteriormente - podemos deduzir que a massa deve estar localizada dentro do mediastino anterior. o Métodos de imagem de acordo com os compartimentos mediastinais: - TC: analisar e caracterizar as massas mediastinais anteriores e médias; - Ressonância magnética: analisar massas localizadas no compartimento posterior porque a maioria dessas massas acaba sendo de natureza neurogênica. 97 Introdução à radiologia **Uma TC adicional pode ser realizada quando o osso precisar ser avaliado. ➢ Mediastino anterior: - Estruturas: timo, linfonodos, aorta ascendente, artéria pulmonar, nervos frênicos e tireoide; - As lesões mais comuns que você verá no mediastino anterior serão de origem tímica ou linfonodal; - Mesmo os tumores de células germinativas surgem das células pluripotentes do timo; - Antes de querer fazer a biópsia de uma massa mediastinal anterior, lembrar que algumas dessas lesões podem ser de origem vascular. - É possível observar que forma um ângulo obtuso, quando se observa a radiografia em perfil pode-se concluir que é uma massa que compromete o mediastino anterior. - Massa em mediastino anterior. Na radiografia de tórax há uma massa que tem ângulos obtusos com o mediastino - massa mediastinal; - Os vasos hilares são vistos através dessa massa, portanto, ela não se origina do hilo e provavelmente surgirá do mediastino anterior. Mais comumente será uma massa de origem tímica ou linfática A localização anterior foi confirmada em uma TC: linfoma em um paciente HIV+; - Sinal de sobreposição do hilo: quando há uma massa mediastinal e você ainda consegue ver os vasos hilares através dessa massa, então você sabe que a massa não surge do hilo! Devido à geometria do mediastino, a maioria dessas massas estará localizada no mediastino anterior. →Massas císticas: - Massas totalmente císticas: cistos tímicos; - Massas císticas com componentes sólidos: linfoma ou timoma cístico; - Massas císticas com septações que realçam pelo meio de contraste: pensar em tumor de células germinativas. 98 Introdução à radiologia Cisto tímico: - Cisto típico: atenuação de líquido: Tumor de células germinativas: - A seta vermelha da imagem acima aponta um tumor, a amarela evidencia a aorta; - Diagnóstico: lesão heterogênea com septos no mediastino anterior – tumor de células germinativas. É uma massa cística com septos localizada no mediastino anterior; - Você tem que lembrar que apenas cerca de 60% dos tumores de células germinativas contêm gordura, então deve perceber que a ausência de gordura NÃO EXCLUI um tumor de células germinativas do diagnóstico diferencial; - Quanto mais componentes sólidos um tumor de células germinativas tiver, maior será a probabilidade de o tumor ser maligno; - Os teratomas representam o principal grupo de tumores germinativos. A maioria de natureza benigna; - Podem ser sintomáticos na dependência do seu tamanho, em razão da compressão de estruturas vizinhas ou devido a ruptura dentro da árvore brônquica ou espaço pleural; - Um terço dos casos exibe calcificações esparsas, mas raramente podem ser observados dentes; - Caracterizada por massa heterogênea (tecido adiposo, parte mole, cisto e osso): →Timomas: - Derivados de células típicas epiteliais; - São os tumores mais frequentes no mediastino anterior (20%) dos tumores mediastinais; - Incidem igualmente nos sexos F e M; - Predominam na 4ª década de vida; - Mais da metade dos pacientes apresentam associação com outras doenças (ex.: miastenia gravis, colagenoses); - Massa homogênea ou heterogênea; - Raramente tem calcificações; Timoma cístico: - Massa localizada no mediastino anterior; - A massa é cística, mas tem componentes de realce sólidos, por isso estamos preocupados com linfoma, tumor de células germinativas e timoma cístico. 99 Introdução à radiologia - O mediastino é a parte do meio do tórax, o centro dos dois campos pulmonares, e incorpora traqueia, coração, esôfago, timo e parte dos sistemas vascular, nervoso e linfático. - Através da articulação do manúbrio, fazendo uma linha seguindo para o disco intervertebral de T4 tem- se a divisão de mediastino superior e anterior. O mediastino inferior pode ser dividido em anterior, médioe posterior. As estruturas envolvidas pelo pericárdio são as que compõem o mediastino médio. O que está para trás dele é o mediastino posterior. - Limites anatômicos do mediastino: -- lateral: superfícies pleurais; -- anterior: esterno; -- posterior: superfície anterior das vértebras; -- superior: transição cérvico-torácica; -- inferior: diafragma. Observações sobre lesões de origem mediastinal: - A massa mediastinal não contém broncograma aéreo; - As linhas mediastinais serão interrompidas; - Anormalidades espinhais, costais ou esternais podem estar associadas. - Alargamento mediastinal: muitos casos estão relacionados a técnica – rotação, inspiração adequada e visão em AP. 100 Introdução à radiologia - Acima tem-se as linhas paravertebrais e paratraqueais. Linha de junção anterior: - Mediana: encontro anterior dos pulmões; - Vista em 20% dos Rx; - Quando abaulada indica lesão do compartimento anterior. Sinal da sobreposição hilar: - Opacidade não tem origem nas estruturas do hilo pulmonar; - Não é uma lesão de origem vascular porque não interfere na vasculatura daquela região; - Lesão projetada no hilo; - Preservação dos contornos dos vasos hilares; - Lesão mediastinal, pleural ou pulmonar. - Nas imagens abaixo pode-se observar que a lesão se projeta no hilo pulmonar, mas é de origem hilar porque há a preservação dos contornos dos vasos. Pode ser uma lesão do mediastino, da pleura ou do pulmão. Sinal da borda incompleta: - Margem voltada para o pulmão bem delimitada; - Margem voltada para parede torácica ou mediastino tem limites imprecisos; - Opacidade extrapulmonar. 101 Introdução à radiologia - É possível definir que a lesão acima possui margens bem delimitadas na região pulmonar, mas não é possível definir ar margens na região do mediastino. Isso significa que é uma opacidade extrapulmonar porque veio do mediastino ou da pleura para o pulmão. Ela também tem um ângulo obtuso. → A maioria das massas (> 60%) são: - Timomas - Tumores neurogênicos - Cistos Benignos - Linfadenopatia →Em crianças, os mais comuns (> 80%) são: - Tumores neurogênicos - Tumores de células germinativas - Cistos anteriores →Em adultos, os mais comuns são: - Linfomas - Timomas - Massas tireoidianas Existe uma divisão do mediastino que é pré-vascular, visceral e paravertebral: 102 Introdução à radiologia ➢ Mediastino médio: - Espaço visceral; Limites anatômicos: -- anterior: pericárdio, aorta, vasos braquiocefálicos (posteriores do pré-vascular); -- posterior: linha vertical conectando um ponto de cada corpo vertebral torácico 1 cm posterior à sua margem anterior; -- superior: transição cervicotorácica; -- inferior: diafragma. Estruturas contidas: - Não vasculares: traqueia, carina, esôfago e gânglios linfáticos; - Vascular: coração, aorta torácica ascendente, aórtica arco, aorta torácica descendente, superior veia cava, artérias pulmonares intrapericárdicas, ducto torácico. **Pode-se ter lesão nos lifonodos, traqueia, esôfago, veia ázigos, veia cava, coração e arco aórtico. - Cistos de duplicação (duplicação do esôfago e cistos broncogênicos); - Linfadenopatias; - Anomalias no arco aórtico; - Linfonodos necróticos; - Coleção de líquido pancreático por pancreatite; - Pólipo esofágico fibrovascular. **Lesões que contém líquido: cistos de duplicação ou linfonodos necróticos. - Nas imagens acima é possível observar uma lesão, com densidade de partes moles, bem definida. O ângulo é obtuso, sendo uma provável lesão mediastinal empurrando o ângulo pulmonar. No perfil é possível delimitar a lesão, mostrando que o epicentro dela está no mediastino médio se estendendo para o anterior. Nessas imagens é possível visualizar dois sinais: -- sinal da borda incompleta na incidência em PA, porque não é possível definir a borda medial da lesão; -- ângulo obtuso observado também na incidência de PA, que sugere uma lesão de origem mediastinal. - As lesões mais significativas incluem neoplasias de vias aéreas, esôfago e linfonodos; - As lesões não neoplásicas mais comuns são o cisto broncogênico e cistos de duplicação esofágica. 103 Introdução à radiologia Observação: não é possível definir apenas pelo Rx de tórax se a lesão é cística. Depende muito da imagem e da clínica para determinar a origem e a característica e composição da lesão. Geralmente é feita uma tomografia para definir a origem da lesão. o Aumento hilar: - Onde as setas amarelas apontam na primeira imagem é a localização das artérias pulmonares, que nessa imagem não é possível visualizar muito bem, mas estão com calibres aumentados; - Na segunda imagem o hilo está muito aumentado pela sarcoidose. - Quando se tem um aumento hilar deve-se pensar na probabilidade de metástases lifonodais ou linfomas. Na imagem anterior o que chama atenção é uma formação nodular densa no campo pulmonar direito e um aumento do hilo pulmonar. Provavelmente é um tumor primário com linfadenomegalias hilares monolaterais. Sobreposição hilar: - Na imagem acima é possível observar uma lesão nodular com densidade de partes moles, mas as estruturas vasculares não estão alteradas, sendo assim, não é uma lesão de origem hilar, mas está projetada no hilo. - No perfil é possível identificar que a lesão é mais de mediastino médio para posterior. 104 Introdução à radiologia - Na imagem acima também é possível ver o sinal da sobreposição hilar, porque há uma lesão com densidade de partes moles na região do hilo, mas as estruturas vasculares não estão comprometidas. - No perfil é possível atestar que a lesão está no mediastino posterior. - Na imagem acima também se observa uma lesão com preservação da trama vascular e ângulo obtuso. Na tomografia é possível constatar uma lesão no pericárdio localizada no mediastino médio e anterior. o Aneurisma de aorta: - Na maioria das vezes, com uma técnica adequada de Rx de tórax, é possível ver que a aorta está ectasiada, aumentada de calibre e tortuosa, com placas ateromatosas. - Na imagem acima chama a atenção o calibre da aorta. Nas imagens normalmente tem uma escala com a proporção de tamanho da lesão. Até quando é considerado normal: aorta ascendente é 4, a crossa da aorta é 3, aorta descendente 2. Acima disso já pode ser chamada de lesão aneurismática ou ectasia da aorta. - Na imagem em AP há um abaulamento (linha vermelha) no recesso azigoesofágico (delimitado pelas linhas amarelas), como se tivesse uma lesão nessa região. Na imagem em perfil é possível delimitar uma lesão nodular no mediastino posterior. 105 Introdução à radiologia - Na tomografia acima o paciente tinha varizes esofágicas, configurando uma lesão no mediastino posterior. - Na primeira imagem é possível ver uma formação nodular, com densidade de partes moles, com ângulo obtuso e com o sinal da borda incompleta. No Rx de perfil é possível definir uma formação nodular no mediastino médio indo para o anterior. É uma lesão bem próxima a crossa da aorta (linha em vermelho). - Quando foi para tomografia, foi possível ver múltiplas lesões nodulares com atenuação de partes moles, configurando linfonodomegalias atípicas. o Abcesso: - A tomografia acima é de uma criança que tinha um alargamento mediastinal. É possível ver uma lesão hipoatenuante, heterogênea com limites parcialmente definidos. Era um abcesso na região mediastinal média. o Mediastinite necrosante: - É um processo inflamatório infeccioso da região causando necrose. São vistas várias bolhas gasosas de permeio. Em um Rx vai haver umadensificação, uma opacificação da região. - É possível ver inúmeras coleções hipoatenuantes, heterogêneas com realce periférico no mediastino 106 Introdução à radiologia médio, configurando um conteúdo líquido, uma mediastinite. o Metástase: - Na imagem acima tem-se metástase linfonodal. Há perda da forma normal, estão heterogêneos, atenuados e com aspecto arredondado (linfonodos tem um aspecto de “feijão”). Na imagem acima há comprometimento tanto do mediastino médio como do anterior. o Cistos mediastinais congênitos: - Falhas no desenvolvimento embriológico do intestino anterior e/ou da cavidade celômica; - Tipos: cistos broncogênico, pericárdico, entérico e tímico, linfangioma e cisto de duplicação esofágica; - Fundamental conhecer localização e achados clássicos de imagem; - Diagnóstico definitivo é feito em grande parte por exames de imagem, principalmente a tomografia. Rx de tórax serve como triagem; - Evita procedimentos invasivos desnecessários; - São lesões benignas. →Cisto broncogênico: - Cisto de paredes finas, revestido por epitélio respiratório; - Arredondado ou oval; - Frequentemente à direita, próximo da carina; - Origem embriológica na árvore traqueobrônquica; - Pode aparecer em qualquer compartimento; - Tipicamente do espaço visceral: subcarinal e menos comum paratraqueal; - Pode ter realce paritetal; - Pode calcificar, ter conteúdo de partes moles. Se tiver dúvida faz uma RM. - Lesão de atenuação mais baixa sem realce. 107 Introdução à radiologia - Na imagem é possível ver uma formação com atenuação de partes moles projetada próximo ao brônquio direito, localizada no mediastino médio. - É possível ver uma cardiomegalia, um aumento difuso das câmaras cardíacas, principalmente à esquerda. - É possível observar uma formação nodular com densidade de partes moles localizada no mediastino médio em íntima relação com o brônquio fonte direito. →Cisto pericárdico: - Lesão congênita benigna; - Geralmente assintomática; - 75% são no ângulo cardiofrênico direito. - No Rx acima se observa uma imagem alongada com atenuação de partes moles. - Na tomografia é possível ver que se configura como uma lesão cística em íntima relação com o pericárdio, sem evidências de realce. **Para saber se tem realce do contraste é só observar a aorta, as veias pulmonares. 108 Introdução à radiologia - É possível observar uma lesão com densidade de partes moles projetada no mediastino médio. - Formação nodular com densidade de partes moles no ângulo do diafragma com o coração à direita projetada no mediastino médio. → Pseudocisto de pâncreas com componente mediastinal. →Cisto de duplicação esofágico: - Incomum anomalias de desenvolvimento; - Bem circunscritas, homogêneas, com atenuação de fluidos adjacente ao esôfago ou associada a parede esofágica; - Pode ter parede espessa, diferente do cisto broncogênico, porque tem mais mucosa; - Heterogeneidade interna pode estar presente (hemorragia ou infecção); - 50% tem mucosa gástrica ectópica: MN 99mTc de pertecnatato de sódio e pode ser útil no diagnóstico dessas lesões em pacientes pediátricos. 109 Introdução à radiologia - Apontado em amarelo o esôfago sendo desviado anteriormente e em vermelho o cisto) - Para definir qual é o cisto depende da clínica do paciente. - Imagem com atenuação de partes moles projetada no mediastino inferior. - Na imagem acima tem-se a ressonância magnética do mesmo paciente, mostrando que é um cisto em íntima relação com o esôfago. →Cisto (meningocele) no mediastino posterior: - Na imagem acima tem-se uma formação cística alongada em contato com o saco dural (apontado em vermelho). Era uma meningocele dorsal. o Lipossarcoma: - Formação densa projetada no mediastino superior, observar a linha paratraqueal desviada. - Lesão heterogênea com atenuação de gordura, desviando a traqueia (apontada em vermelho) para a esquerda. o Paraganglioma mediastinal: 110 Introdução à radiologia - Localização característica: -- região paraaórtica do mediastino médio; -- região paravertebral do mediastino posterior. - Aglomerado principal de células ganglionares simpáticas. - Paragangliomas mediastinais não complicados demonstram intenso realce de contraste. - Lesão nodular projetada no hilo à esquerda com intenso realce a infusão do contraste aplicado. o Linfocele de ducto torácico: ➢ Mediastino posterior: - Limites anatômicos: -- anterior: limites posteriores do espaço visceral; -- posterior: uma vertical linha ao longo da margem posterior da parede torácica no aspecto lateral dos processos transversos; -- superior: transição cérvicotorácica; -- inferior: diafragma. - Conteúdo principal: coluna torácica e tecidos moles paravertebrais (estruturas vasculares, nervos); - Anomalias: -- neurogênicas: gânglios da raiz dorsal adjacentes ao forame intervertebral. -- outras lesões em potencial: infecciosa (discite/osteomielite), traumática origem (hematoma) e hematopoiese extramedular. →Lesão neoplásica: Tumores neurogênicos: - Mais comuns tumores da bainha nervosa (schwannoma); - Neurofibroma; - Tumores de gânglios parassimpáticos (paraganglioma, chemodectoma feocromocitoma); - Tumores da cadeia simpática (neuroblastoma, ganglioneuroblastoma, ganglioneuroma); 111 Introdução à radiologia Tumores não neurogênicos: - Cordoma; - Condrossarcoma; - Sarcoma de Ewing; - Metástase. →Outras lesões: - Infecção: abscesso paraespinhal, inflamação, mediastinite; - Vascular: aneurisma da aorta torácica descendente, varizes, linfangioma; - Trauma hematoma paraespinhal; - Hematopoiese extramedular; - Cistos neurentérico; - Meningocele torácica. o Schwannoma gigante: - Na imagem acima tem-se uma massa de tamanho considerável com borda bem definida, ângulo obtuso, com o sinal da borda incompleta, indicando origem mediastinal. - Na imagem acima é possível confirmar a origem da lesão no mediastino posterior. Está em íntima relação com a coluna torácica. o Ganglioneuroma: - Na tomografia acima é possível ver uma formação expansiva de tamanho considerável paravertebral, localizada no mediastino posterior. o Neuroblastoma: - Mais comum em crianças. Formação expansiva com realce heterogêneo em íntima relação com o corpo vertebral. 112 Introdução à radiologia o Hematopoiese extramedular: - Extremamente comum. São vistas múltiplas formações nodulares mediastinais se projetando para campo pulmonar. - Estão projetadas na região paravertebral, mediastino posterior. - Na TC se vê com realce na região paravertebral. O osso tem uma atenuação diferente. - Na imagem acima é possível ver múltiplas lesões, quando vai para a TC é possível definir que são paravertebrais adjacente aos corpos vertebrais dorsais. A seta verde aponta para a ausência do parênquima esplênico. o Meningocele lateral: - É uma falha do revestimento da dura-máter na coluna, seja lombar, dorsal ou cervical. - Nas imagens acima é possível ver uma falha das estruturas ósseas e dos planos menígeos com herniação dos conteúdos. É localizada no mediastino posterior. 113 Introdução à radiologia - É possível visualizar acima uma formação expansiva. Ângulo obtuso com o mediastino e borda pulmonar bem definida, mas a mediastinal não, configurando o sinal da borda incompleta, indicando lesão de origem mediastinal. - Na tomografia é possível ver uma lesão de características císticas em íntima relação com o saco dural e o corpo vertebral. Na ressonância é definida a continuidade da lesão com osplanos meníngeos, configurando uma meningocele. o Pectus excavatum: - Na imagen acima é possível observar o mediastino todo desviado para a esquerda, mas não é vista nenhuma lesão empurrando isso. - Na imagem ao lado é possível observar que na verdade o que empurra o mediastino é uma alteração morfológica, que é chamado de pectus excavatum. Observar o esterno e o processo xifoide, que faz uma angulação muito grande, empurrando assim as estruturas do mediastino lateralmente. o Tumor esofágico: Na imagem ao lado é possível ver que há uma formação expansiva heterogênea, e não é possível delimitar muito bem, que na verdade é o mediastino deslocado por conta de um tumor. 114 Introdução à radiologia - Nesse corte tomográfico é possível ver uma formação expansiva no mediastino posterior e médio, delocando o mediastino para a direita. - É um tumor esofagiano. o Aneurisma de aorta: - É possível ver na imagem acima à aorta bem crescida e tortuosa, como se estivesse ectasiada, aneurismática. - Na imagem acima é possível ver a aorta ectasiada, aneurismática, com prótese e acabou dissecando o aneurisma, formando duas luzes. - Observar nas imagens acima o aumento do calibre da aorta. 115 Introdução à radiologia o Múltiplas linfonodomegalias: - No Rx não é possível ver muitas lesões, mas na TC são observadas múltiplas linfonodomegalias. - Várias nodulações hilares e mediastinais podem ser observadas. o Osteocondroma: - No Rx é possível ver uma lesão nodular com alta densidade, projetada na câmara cardíaca. Na tomografia e na reconstrução 3D é vista uma formação calcificada adjacente as estruturas ósseas posteriores, no mediastino posterior. o Pneumomediastino: - No Rx acima é observado gás nas estruturas mediastinais (observas as linhas pretinhas e finas). 116 Introdução à radiologia - Na tomografia é possível ver que é um pneumomediastino. o Processo inflamatório infeccioso: - É possível observar uma formação expansiva enorme projetada no pulmão direito. Não envolve brônquios pulmonares porque esses são bem vistos e bem definidos na imagem. É observado o sinal do ângulo obtuso e o sinal da borda incompleta. - Observa-se uma coleção pericárdica gigante, heterogênea com realce periférico. Era um processo inflamatório infeccioso da região. o Metástase: - É possível ver um campo pulmonar completamente heterogêneo, com áreas de maior densidade, meio nodulares. É definido também um alargamento mediastinal. O paciente tinha metástase de campo pulmonar, superfície pleural e mediastinal 117 Introdução à radiologia - Tem também o comprometimento do mediastino com os linfonodos, observado na imagem acima. o Hérnia de hiato: - Lesão com nível hidroaéreo no mediastino inferior deve-se pensar em hérnia diafragmática. - Na imagem acima é possível observar uma lesão enorme, um nível hidroaéreo, configurando uma lesão numa alça intestina. É uma hérnia hiatal. NÓDULOS E MASSAS - Nódulos e massas são importantes padrões de lesão do parênquima pulmonar; - A diferença principal entre nódulo e massa é o tamanho. Até <3cm é definido como nódulo, acima disso é definido como massa; - Podem ser únicos ou múltiplos nódulos. O diagnóstico diferencial e o raciocínio clínico mudam de um para o outro. ➢ Nódulo pulmonar solitário: o Tuberculose: - Doença endêmica no mundo inteiro e é adquirida pela inalação do bacilo Mycobacterium tuberculosis por gotículas expelidas na respiração e na fala (perdigotos). - Embora uma boa parte da população tenha tido contato com o bacilo, é uma minoria que realmente desenvolve a tuberculose doença; - Ao inalar o bacilo ele se deposita no pulmão. Nesse sítio ele começa a se replicar e o organismo inicia a defesa para impedir esse processo. As primeiras células que chegam são os neutrófilos, mas na grande maioria das vezes eles não vão dar conta; 118 Introdução à radiologia - Com alguns dias, se forma ao redor do bacilo um granuloma, que são macrófagos unidos formando células gigantes. Uma vez formado o granuloma, 3 a 4 semanas após a infecção, se fizer o PPD (teste que é injetado no subcutâneo a proteína da tuberculose para ver a reação, dependendo do grau é possível definir se a pessoa teve ou não tuberculose) ele dará positivo; - Em 95% da população, esse processo granulomatoso consegue deter a infecção e o bacilo, não podendo mais se proliferar para o resto dos pulmões. Nos outros 5% o granuloma não é suficiente para deter o bacilo, então ele começa a se multiplicar desordenadamente, que é a tuberculose doença, com a destruição exuberantedo parênquima pulmonar; - Abaixo tem-se um pulmão com uma área granulomatosa, que tende ao arredondado. Fica como uma cicatriz no pulmão do indivíduo que ele teve um contato com o bacilo. É possível visualizar no Rx. - Na imagem anterior é possível ver uma área opaca no lobo superior esquerdo, com margens bem delimitadas que se provou ser um granuloma infeccioso cicatrizado. o Padrão de calcificação: →Padrão benigno: - Os padrões de calcificação acima são característicos de benignidade. - Na imagem acima é possível ver no lobo inferior direito um padrão de calcificação central. Tem um halo periférico menos denso e uma área central mais densa porque tem mais cálcio. Geralmente são decorrentes de um granuloma calcificado da tuberculose. - Na letra A o nódulo na janela de pulmão, na letra B que é a janela de mediastino (mais apropriada para ver as calcificações) é possível definir que é uma calcificação com padrão central. 119 Introdução à radiologia - Na letra C é visto o nódulo no lobo inferior esquerdo na janela pulmonar. Na janela de mediastino na letra D é possível ver que o nódulo tem um padrão laminado. - Nas imagens acima é possível ver um nódulo com um padrão difusamente calcificado. →Padrões suspeitos: - Os padrões de microcalcificação e periférico/excêntrico são característicos de nódulos potencialmente malignos. - Na imagem acima é possível ver um nódulo irregular no lobo superior direito. É possível definir que é um nódulo com densidade de partes moles com uma calcificação periférica/excêntrica. Assim, ele é suspeito de malignidade. o Localização: - Os nódulos dos lobos superiores são mais suspeitos do que os de lobos inferiores porque a maioria dos cânceres de pulmão se localizam inicialmente nos lobos superiores. Isso acontece porque é onde se tem maior deposição da fumaça de cigarro. Observar que o hilo direito também está congesto. o Crescimento: - Estabilidade em 2 anos, duplicação em menos de 7 dias ou mais de 450 dias: quase sempre benignos; 120 Introdução à radiologia - Um nódulo que se duplica em 5-6 dias provavelmente é uma pneumonia aguda que tende ao arredondado; - Nódulos malignos vão crescendo e geralmente duplicam entre 24 a 36 meses. - Na 1ª tomografia acima tem-se um nódulo no lobo inferior direito. Na segunda imagem de controle tem-se um pequeno crescimento, que é suspeito de malignidade. - Acima tem-se uma opacidade nodular no lobo inferior direito. 2 semanas depois na imagem de controle é possível contatar um crescimento significativo. É uma opacidade tipo massa agora. Isso sugere uma pneumonia, infecção, e não câncer (porque não cresce tão rápido assim). o Tamanho: - Quanto maior a massa maior a chance de malignidade. A chance de ser maligno em uma massa acima de 3cm é superior a 90%. 121 Introdução à radiologia o Contornos: - Os nódulos ou massas podem ser lisos, lobulados ou espiculados. A chancede malignidade vai aumentando, o mais suspeito de todos é o especulado. - Acima tem um nódulo de contorno liso, que é mais característico de benignidade. Pouca chance de malignidade. A: nódulo de bordos lisos, com pouca chance de malignidade; B: nódulo de bordos lobulados, com uma chance intermediária de malignidade; C: nódulo de bordos espiculados, que alta chance de malignidade. ➢ Nódulos pulmonares múltiplos: - Além das características citadas na avaliação do NPS, também é importante avaliar sinais de infecção, doença sistêmica e neoplasia maligna. A história clínica é fundamental para fazer um diagnóstico diferencial adequado. - O paciente acima apresentava febre alta, no 3º mês após um transplante renal. São encontradas inúmeras opacidades, que são nódulos, em ambos os pulmões. No contexto do paciente, se impõe o diagnóstico de infecção aguda. Era uma candidíase disseminada porque o paciente estava fazendo uso de imunossupressores. 122 Introdução à radiologia - A imagem acima é de um paciente que fez uma pneumectomia prévia por neoplasia. Por isso, as estruturas do mediastino são deslocadas para o local antes ocupado pelo pulmão. No pulmão esquerdo é possível observar várias nodulações. Em um paciente que já teve uma neoplasia, essas nodulações múltiplas impões o diagnóstico de metástase, que foi confirmado pela biópsia. - Na imagem acima tem-se um paciente de UTI que está intubado (é possível ver o tubo) e com um cateter venoso central (na topografia da veia cava superior). São apontadas várias opacidades arredondadas, que são os nódulos. Como história clinica ele apresentava febre alta e era usuário de drogas. Nesse contexto, o principal diagnóstico seria infecção por embolia séptica, devido ao uso das seringas possivelmente contaminas. Cada foco de infecção aparece como um nódulo na radiografia. Infecções por embolia séptica ocorrem em pacientes que são muito susceptíveis a bacteremia, como pessoas com higiene oral precária, usuários de drogas, pessoas com piercings nas mucosas. - Mulher com 30 anos e dispneia, é possível visualizar vários nódulos na radiografia. Na tomografia dela (imagem abaixo) confirmou o aspecto nodulado bilaterais. Ela tinha uma história de sinusite, glomerulonefrite e Anticorpo C-ANCA positivo. Essa constelação de achados é característica de uma vasculite que é a Granulomatose de Wegener. Acomete mais mulheres de meia idade, e o acometimento mais comum dos pulmões são nódulos múltiplos. 123 Introdução à radiologia AUMENTO DA TRANSPARÊNCIA PULMONAR NO RX DE TÓRAX ➢ Aumento unilateral da transparência pulmonar: o Aspiração de corpo estranho: - Mais prevalente entre 1 e 3 anos, sendo uma das principais causas de morte em crianças com menos de 5 anos. - O corpo estranho pode ser radiopaco ou radiotransparente. No caso acima nota-se um corpo estranho radiopaco, que vem a ser um dente de leite que a criança aspirou e ficou no brônquio-fonte esquerdo; - O mais comum é ter a aspiração de corpos estranhos radiotransparente, como alimentos. Nesses casos não é possível identifica-los na radiografia convencional; - Uma das alternativas que se tem em termos de diagnóstico é fazer o Rx em expiração (se for uma criança maior que obedeça aos comandos). No Rx em expiração o campo pulmonar fica menor porque o pulmão desinfla, além disso fica mais esbranquiçado porque tem menos ar. Se há um corpo estranho radiotransparente obstruindo a via aérea, o ar vai ficar preso no pulmão, e quando a radiografia for tirada em expiração vai estar com uma aparência muito semelhante da radiografia em inspiração. - A radiografia acima foi tirada em inspiração e expiração máxima. Na imagem da direita pode-se observar que o pulmão esquerdo está menor e mais esbranquiçado do que o direito. Tinha um corpo estranho obstruindo o brônquio principal direito, fazendo com que o ar fique preso no pulmão e se mostre basicamente igual em ambos os modos de radiografia. No caso acima a broncoscopia evidenciou um amendoim no brônquio fonte direito. o Síndrome de Poland: - Entidade congênita incomum relacionada a falha de desenvolvimento da parede torácica na 6ª semana de gestação. Esses pacientes tem uma hipoplasia ou uma agenesia da musculatura peitoral. Como é uma barreira a menos, fica mais hiper transparente. 124 Introdução à radiologia o Mastectomia: - É a mais comum de se encontrar no dia a dia. - Acima pode-se observar que o pulmão direito está mais transparente do que o direito, e a razão para isso é semelhante a da Síndrome de Poland, como é menor uma barreira/camada para o raio passar, a imagem se mostra mais radiotransparente. o Pneumotórax: - Na imagem acima pode-se observar que no lado esquerdo há uma hipertrânsparência e não há malha pulmonar. Pode-se ver também o pulmão atelectasiado pela compressão à direita. ➢ Aumento bilateral da transparência pulmonar: o Enfisema: - Corresponde ao aumento permanente do espaço aéreo distal ao bronquíolo terminal por conta da destruição de paredes alveolares. Muito comum na população mais idosa. É um pulmão cheio de ar, mas um paciente com hipóxia porque a hematose está muito reduzida pela destruição alveolar; - Essa destruição das paredes alveolares tem como causa mais comum o tabagismo crônico. 125 Introdução à radiologia - No Rx não é possível identificar as bolhas do enfisema, porque são muito pequenas, mas é possível ver o gás preso no pulmão. Radiograficamente há uma hipertransparência bilateral. Há também uma hiperinsuflação dos pulmões porque tem muito ar preso, então é possível observar uma retificação e um rebaixamento do diafragma. - Na radiografia em perfil tem-se o tórax com aspecto de barril, com um aumento antero-posterior do tórax, hiperextensão do pulmão com retificação da cúpula diafragmática e uma traqueia calibrosa (em bainha de sabre) também podem ser observados. **Para identificar os sinais de um enfisema na radiografia convencional deve-se ter pelo menos 30 a 40% de destruição do pulmão. - A tomografia tem uma sensibilidade maior, então no início da doença é possível identificar alterações. As áreas do enfisema são completamente negras porque não tem parênquima. 126 Introdução à radiologia o Bronquiolite obliterante: - Obstrução crônica do fluxo aéreo associada a lesão inflamatória de pequenas vias aéreas; - Clinicamente, manifesta-se por persistência de taquipneia, tosse, sibilância e hipoxemia por mais de 2 meses após um episódio de bronquiolite viral aguda ou pneumonia viral; - 10% dos lactentes podem ter bronquiolite viral aguda e 1% deles podem evoluir para BO. Pode ser uni ou bilateral. - No lado que tiver a bronquiolite obliterante as vias aéreas vão estar espessadas. Vai ser possível ver no Rx uma hipertransparência. Na imagem acima é unilateral localizada no lado esquerdo. o Doença vascular pulmonar crônica: - Em até 4% dos pacientes com trombo embolismo pulmonar agudo não ocorre lise completa do trombo. - É possível observar uma hipertransparência bilateral na imagem acima (mas em alguns casos pode aparecer só unilateralmente). É possível observar também o aumento do calibre dos hilos pulmonares. Além do descrito pode haver um aumento do VE. ➢ Aumento focal da transparência pulmonar: o Cisto: - Qualquer espaço arredondado, bem circunscrito, que é circundado por uma parede fibrosa ou epitelizada, cuja espessura geralmente é inferior a 2mm; - A maioria dos cistos são congênitos. 127 Introdução à radiologia - Observar uma bolha de ar, se mostrando mais hipertransparente no Rx no pulmão direito, envoltopor uma fina membrana. Se for muito grande deve- se avaliar uma possível intervenção. o Pneumatocele: - Maioria decorrente de pneumonia na infância, permanecendo visíveis algum tempo depois da resolução dos sintomas; - Tipicamente assintomáticas, porém podem causar compressão de estruturas vizinhas ou sofrer infecção secundária. - Na imagem acima observa-se uma consolidação no lobo inferior do pulmão esquerdo e uma leve consolidação no lado direito. - Depois de iniciar o tratamento, 1 semana depois é possível ver algumas bolhas de ar na radiografia, caracterizando a pneumatocele. 128 Introdução à radiologia - Depois de 2 meses é possível observar o crescimento das bolhas. Essa pneumatocele tende a ser reabsorvida e a desaparecer naturalmente com o passar do tempo. Normalmente não há intervenção a não ser que estejam obstruindo estruturas vizinhas. o Abcesso: - Geralmente ocorre devido a complicação de pneumonia. É uma coleção de pus que pode ter gás, principalmente pela presença de bactérias produtoras de gás. - Na imagem acima é possível visualizar uma cavidade com um nível líquido, bordas levemente irregulares e espessas. O nível líquido decorre do pus. o Cavitação: - Espaço que contém gás, com ou sem nível líquido, dentro de um nódulo, massa ou consolidação, sendo geralmente decorrente da eliminação de conteúdo necrótico pela via aérea. As paredes costumam ser irregulares e medir mais de 1 mm. - A diferença para o abcesso é que não tem pus dentro, então não forma o nível dentro da cavidade. o Neoplasia escavada: - A maioria das cavidades com paredes espessas (>15mm) são decorrentes e neoplasias malignas. O revestimento interno da cavidade costuma ser nodular ou lobulado; - Algumas neoplasias malignas podem necrosar, e essa necrose pode gerar o aparecimento de gás no interior da área do tumor. É identificada como uma área de hipertransparência focal. 129 Introdução à radiologia - Na área acima é possível ver uma parede extremamente espessada (quando maior a espessura maior a chance de malignidade). RADIOGRAFIA DO TÓRAX EM NEONATOLOGIA - No período neonatal tem-se um alargamento do mediastino superior por conta do timo. Com o passar do tempo o timo involui e não é mais possível de identificar em crianças maiores; - O Rx é muito necessário na neonatologia. Existem algumas particularidades, tanto da anatomia como dos parâmetros técnicos. ➢ Parâmetros técnicos: - A chapa normalmente é feita em AP com um aparelho portátil. Não se faz de forma habitual duas incidências no RN pra minimizar a exposição à radiação ionizante; - A distância entre o RN e a âmpola de RX é pequena (é uma limitação do aparelho portátil); - Deve-se avaliar: imobilização adequada; fatores de exposição otimizados; raio central corretamente posicionado. o Imobilização adequada: - Deve-se imobilizar corretamente para que não haja rotação. Existem dispositivos adequados, mas na falta do equipamento adequado pode-se imobilizar com um lençol, ou a mão pode segurar o bebe (não é ideal porque ela vai estar levando radiação também). o Fatores de exposição: - A chapa não pode estar muito escura nem muito branca. Se estiver muito escura podem ser perdidas consolidações, se estiver muito branca pode 130 Introdução à radiologia “fabricar” consolidações e atelectasias que não existem; - Para saber se os fatores de exposição foram adequadamente escolhidos deve-se observar: 1. Os corpos vertebrais posteriormente ao coração. Se é possível a visualização clara, dos espaços discais na região retrocardíaca é porque os fatores de exposição foram adequados; 2. O raio central deve estar bem posicionado ao nível dos mamilos e garantir que o tórax não está girado. Para saber se foi bem posicionado deve-se olhar as estruturas ósseas de um lado e do outro e ver se estão simétricas. 1: mostra os corpos vertebrais e os discos intervertebrais na região retrocardíaca; 2: mostra a simetria dos arcos costais; 3: a criança tende a elevar o tórax e o abdome, fazendo uma chapa em hiperextensão. Para ver se não foi hiperextendido se observa os arcos costais anteriores. Se eles estiverem apontando para baixo como na imagem mostra, o paciente está bem posicionado. Se eles estiverem apontando para cima houve hiperextensão. Isso pode alargar o mediastino e induzir a pensar em uma cardiomegalia quando não há nenhuma. 4: a chapa deve ser obtida em inspiração máxima, então a chapa deve ser batida no momento que o RN está inspirando. Conta-se os arcos costais posteriores onde há pulmão, se tiver pelo menos 8 a chapa foi bem inspirada. ERROS COMUNS - Nessa imagem se observa que não está adequadamente inspirada porque só tem 7 arcos costais posteriores com pulmão. Também é possível observar que está hiperextendida, porque os arcos costais anteriores apontam para cima, alargando o mediastino. É possível visualizar os discos intervertebrais, significando que os fatores de exposição estão adequados e os arcos costais estão simétricos dos dois lados, significando que a imagem não foi rodada. - O fator de exposição foi correto, mas os arcos costais estão assimétricos, então a chapa está rodada. Está hiperextendida e pouco inspirada. Todos esses fatores distorcem a anatomia e não é possível avaliar o Rx com precisão. 131 Introdução à radiologia ➢ Semiologia radiológica: - Nos primeiros dias de vida pode ser visto uma área ovalada densa na topografia da crossa da aorta. Essa imagem corresponde ao ducto arterioso da criança, e pode aparecer em até 6-7 horas de vida. Esse ducto ainda bate com sangue nas primeiras horas de vida. Ele comunica a aorta descendente com a artéria pulmonar. Ele se fecha ao nascimento, mas não imediatamente ao nascimento. Leva o nome de bossa ductal. - Centros acessórios de ossificação. As epífises ainda são cartilaginosas ao nascimento e ossificam com o tempo. Algumas delas já começam a calcificar quando a criança nasce. Essas bolinhas brancas na região umeral na imagem acima correspondem a esses centros de ossificação da epífise umeral. - A presença do timo ocupa o mediastino anterior. Ele pode involuir no período neonatal em situações de estresse, infecção, trauma, etc. O timo normal tem mais ou menos a largura de três corpos vertebrais dorsais. - Eventualmente o timo adquire algumas formas peculiares, que não devem ser confundidas com patologias. O formato mais comum é do timo um dos lobos em formato triangular (em forma de vela de navio). É o sinal da vela do barco. 132 Introdução à radiologia - Na imagem acima novamente o sinal da vela do barco no mediastino superior causado pela proeminência do lobo direito do timo. - Outro sinal que pode ser visto é o sinal da onda. São pequenas ondulações na borda do mediastino que ocorrem quando o timo ocupa o mediastino anterior e posterior. Na parte anterior do mediastino ele entra em contato com os arcos costais, se amoldando a eles, assim são vistas algumas ondulações no local onde ele se molda. - Outro sinal que é possível identificar é uma saliência/reentrância na transição do timo com a área cardíaca. É o sinal da incisura. ➢ Artefatos: - Crianças tem muitas dobras de pele, e eventualmente podem simular lesões. Na imagem acima há uma dobra de pele simulando um pneumotórax do lado esquerdo. É possível dizer que é uma dobra de pele porque ela se estende além do campo pulmonar. Pneumotórax não faria isso. Se houver dúvida uma incidência complementar, como perfil ou oblíqua, pode ser pedida. - Muitos pacientes fazem a radiografia na UTI dentro da incubadora. A bola hipertransparenteacima é o orifício da incubadora. 133 Introdução à radiologia ➢ Tubos e cateteres: o Cateter central na artéria umbilical: - É inserido na artéria umbilical. Tem um trajeto inferior, faz uma alça pra cima quando entra na artéria ilíaca e se localiza ao nível da aorta. Deve ser colocado longe dos vasos viscerais, porque se aponta do cateter ficar perto dos vasos renais, do tronco celíaco, pode induzir a trombose ou isquemia desses vasos importantes. Ou ele fica baixo (nível de L3/L4) ou alto (nível de T6-T9). - Na imagem acima é possível observar o trajeto, que começa descendente, depois faz uma volta e sobe de novo. Ele está numa posição alta e correta. As costelas se articulam com os corpos vertebrais dorsais, a coluna lombar não se articula com as costelas, é assim que se sabe se está na posição correta. A ultima costela de articula com T12. - Novamente o cateter desce, dá uma volta e sobe novamente. Ele está na posição de T8. Está bem posicionado. o Cateter venoso umbilical: 134 Introdução à radiologia - É mais comum do que o arterial. É colocado na veia umbilical. Tem um trajeto retilíneo usualmente à direita da coluna vertebral porque vai entrar na veia cava inferior. Fica ao nível de T8/T9, na transição da veia vaca inferior com o átrio direito do coração. - O cateter tem trajeto retilíneo, à direita da coluna vertebral, no nível de T8. o Cateter central por acesso venoso periférico: - O PICC deve ficar ao nível da veia cava superior à direita da coluna vertebral, antes de chegar no coração. o Tubo traqueal: - São duas linhas radiopacas paralelas, deve ficar antes da bifurcação da traqueia. O erro mais comum é a intubação seletiva. o Sondas gástricas: - Se observa uma linha única que adentra ou pelo nariz ou pela boca da criança. Desce no trajeto esperado do esôfago e fica na projeção da câmara 135 Introdução à radiologia gástrica. O erro mais comum é ela ter um trajeto intrapulmonar. EXERCÍCIOS - Tecnicamente, o fator de exposição está bom, mas está rodado, porque os arcos costais não estão simétricos (observar a clavícula). Está pouco inspirado porque só tem 7 arcos costais no campo pulmonar, mas não está hiperextendido. - O timo está normal no período neonatal. - Na imagem acima tem-se o sinal da vela do barco. - O cateter acima é o venoso umbilical. Observar o trajeto retilíneo, paravertebral à direita no nível de T8. Está bem posicionado. - Acima tem-se um cateter venoso umbilical que entrou no coração. Está mal posicionado, projetado no VD. 136 Introdução à radiologia - Na imagem acima é possível observar um PICC mal posicionado, ele entrou direto no coração. - Acima tem-se uma tubo traqueal mal posicionado, que ficou seletivo no brônquio fonte direito e fez uma atelectasia total do pulmão esquerdo. - Acima, apontado pela seta vermelha tem-se um cateter umbilical arterial bem posicionado, porque a ponta do cateter está no nível de L5. Apontado pelas setas brancas tem-se um cateter umbilical venoso, que também está bem posicionado porque está retilíneo a nível de T9. O apontado pela seta amarela vem da boca do RN, que uma sonda gástrica bem posicionada na câmara gástrica. No topo também é possível identificar um tubo traqueal bem posicionado na traqueia distal.