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1 Salve uma Mulher Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres, Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio 3 2 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Equipe Responsável: Anita Cunha Monteiro - Analista Técnica de Políticas Sociais - ATPS, 2021; Gleyce Anne Cardoso - Coordenadora – Geral de Acesso à Justiça e Fortalecimento da Rede de Atendimento à Mulher, 2021; Paloma Machado Graf - Consultora, 2021; Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório Latitude e Enap. Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório Latitude, Laboratório CEPED/UFSC e Enap. Curso produzido em Brasília, 2021 Enap Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2021 Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF 3 Sumário Unidade 1: Lei Maria da Penha .................................................................................................4 1.1 Lei Maria da Penha ......................................................................................................................................... 4 1.2 Tipos de Violência ........................................................................................................................................... 7 1.3 Medidas protetivas de urgência ................................................................................................................. 9 1.3.1 Medidas protetivas que obrigam o agressor ...................................................................................... 9 1.3.2 Medidas protetivas garantidas à ofendida ........................................................................................10 1.3.3 Motivos para pedir aos alunos que trabalhem em grupos ...........................................................11 Unidade 2: Violência doméstica e familiar contra as mulheres ...................................... 12 2.1 Ciclo da Violência ..........................................................................................................................................12 2.2 Fatores de risco que indicam situações de violência doméstica e familiar.................................14 2.3 Obstáculos e barreiras que impedem mulheres de buscar ajuda .................................................15 Unidade 3: Lei do feminicídio ................................................................................................. 17 3.1 Lei do Feminicídio..........................................................................................................................................17 3.2 Dados e informações ...................................................................................................................................17 Unidade 4: Práticas e estratégias em parceria com a comunidade ............................... 19 4.1 O papel da comunidade no enfrentamento da violência doméstica ............................................19 4.2 Estratégias comunitárias e judiciais de prevenção e enfrentamento à violência ....................21 Revisando o módulo 3 .......................................................................................................................................22 Referências .............................................................................................................................................................23 4 Unidade 1: Lei Maria da Penha Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os aspectos legais vigentes na lei Maria da Penha. Os dados acerca da violência contra as mulheres alertam sobre como a violência afeta, principalmente, as relações domésticas e familiares. A maioria dos feminicídios e das violências contra as mulheres acontecem no âmbito doméstico e são praticados por pessoas conhecidas das vítimas. De acordo com a pesquisa Aprofundando o Olhar sobre o Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres de 2018 e o 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020: • 89,9% dos casos de agressão contra mulheres foram cometidos por maridos/companheiros/ namorados e ex-maridos/ex-companheiros/ ex-namorados. • 82% da população brasileira acha que a violência doméstica e familiar aumentou. • 36% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar. Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres, Lei Maria da Penha e Lei do FeminicídioM Ó D U LO 3 Portanto, é preciso desenvolver, disponibilizar e conhecer os recursos para identificar os ciclos, os tipos e as raízes das violências sofridas pelas mulheres no âmbito doméstico e familiar, para que possamos estabelecer planos de articulação com a rede de enfrentamento para prevenção da violência e sensibilização da sociedade. Para compreender a violência doméstica e familiar, vamos estudar a seguir sobre a criação da Lei Maria da Penha e sua importância e sobre os tipos de violência contra as mulheres e as medidas de urgência previstas na referida lei. 1.1 Lei Maria da Penha No Brasil, apesar das atividades e mobilizações realizadas pelos diversos movimentos sociais pelos direitos das mulheres, não havia até 2006 uma lei específica que atendesse mulheres em situação de violência, além das normas previstas no Código Penal (CP), na Constituição Federal de 1988 (CF), e nos Tratados e Pactos Internacionais assinados pelo Brasil no âmbito dos Direitos Humanos. Em 2006, foi promulgada a Lei nº 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha. Para entender por que esta lei foi batizada com esse nome, precisamos conhecer a história da farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes. Maria da Penha é uma mulher brasileira e seu nome batizou a lei por conta da trágica história vivenciada com seu ex-marido, o colombiano Marco Antônio Heredia. 5 Maria foi vítima de violência doméstica por cerca de 23 anos, mas só conseguiu denunciar o agressor em 1983, após 2 tentativas de assassinato. Na primeira, ficou paraplégica ante o disparo de arma de fogo em uma encenação forjada em sua residência pelo ex-marido, e, na segunda, foi novamente vítima dele, por eletrocussão e afogamento enquanto tomava banho. Com o Comitê de Defesa dos Direitos das Mulheres, Maria da Penha apresentou uma denúncia contra o Brasil e o então marido na Organização dos Estados Americanos (OEA), em razão da inexistência de leis que protegessem as mulheres em situações de vulnerabilidade. A OEA acolheu o pedido e determinou a recomendação de “reparação efetiva e pronta da vítima e a adoção de medidas, no âmbito nacional, para eliminar essa tolerância do Estado ante a violência doméstica contra mulheres”. Atualmente, a Lei Maria da Penha é considerada pela Organização das Nações Unidas - ONU como uma das três melhores legislações do mundo no combate à violência contra a mulher. Essa lei trouxe diversas mudanças para a sociedade e alterou o ordenamento jurídico brasileiro para poder atender adequadamente os casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres, como, por exemplo, a criação dos juizados de violência doméstica; as medidas protetivas de urgência; e a manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. Conhecer, reconhecer, transformar e prevenir são as melhores formas de enfrentar a violência doméstica e familiar. Consta no artigo 1° da Lei Maria da Penha que sua criação tem o intuito de “coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, com a finalidade de apresentar uma resposta para eliminar todas as formas de discriminação, prevenir, punir e erradicar qualquer violência contra a mulher”. Artigo 2° Fonte: LEI MARIA DA PENHA (2006). 6 O artigo 5º da Lei Maria da Penha, um dos mais importantes para a compreensão sobre a sua aplicação, determina que violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada na condição de sexo femininoque lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, praticadas, nos seguintes âmbitos: Artigo 5° Fonte: LEI MARIA DA PENHA (2006). A Lei traz três hipóteses que limitam o enquadramento da violência. Para que seja aplicada a Lei Maria da Penha, a violência tem que ocorrer dentro de uma das referidas hipóteses do artigo 5º. Dessa forma, a violência praticada entre o patrão contra a empregada doméstica pode ser enquadrada no inciso I (ambiente doméstico), a violência praticada pelo pai contra a filha, no inciso II (ambiente familiar); e a praticada pelo namorado contra a namorada, no inciso III (em qualquer relação íntima de afeto). Portanto, a lei estabelece limites para a aplicação e abarca apenas as violências cometidas nas relações mais próximas, quando praticadas por namorados, companheiros, maridos, filhos, pais, padrastos, tios, avós, sobrinhos, enteados etc. A lei indica apenas que a vítima tem que ser mulher, mas a pessoa que comete a violência pode ser tanto homem quanto mulher. Isto é, o legislador não restringiu a lei apenas contra homens, mas, sim, contra qualquer pessoa que pratique violência contra as mulheres, desde que nas situações de relações doméstica, familiar ou íntimas de afeto, independentemente da orientação sexual e de coabitação. Por isso, se a violência for praticada fora desses ambientes (familiar, doméstico e relações de afeto) ou por desconhecidos não será aplicada a Lei Maria da Penha, mas outros dispositivos legais. 7 1.2 Tipos de Violência Como visto, considera-se violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, desde que aconteça no âmbito doméstico, familiar ou em relações íntimas de afeto. Então, vamos analisar cada uma delas? VIOLÊNCIA FÍSICA No âmbito da Lei Maria da Penha, a violência física, conforme o artigo 7°, inciso I, é “qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corpo- ral”, ou seja, as violências físicas não são somente aquelas que deixam marcas. Empurrar, beliscar, puxar os cabelos, sacudir, rasgar ou arrancar roupas também são formas de violência física. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA A violência psicológica é “[...] entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e pertur- be o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação” (artigo 7º, inciso II). São exemplos de violência psicológica: amedrontar a mulher, controlar o que faz, aonde vai, com quem conversa, isolá-la da família e amizades, ou fazer acreditar que esteja ficando louca, como confundir ou distorcer os fatos, para que a mulher duvide de si mesma ou da sua sanidade. VIOLÊNCIA SEXUAL Para a Lei Maria da Penha, constituem violência sexual aqueles atos praticados dentro do contexto domiciliar, familiar ou íntimo de afeto, contra a mulher: “[...] como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos” (artigo 7º, inciso III). VIOLÊNCIA PATRIMONIAL Em relação à Lei Maria da Penha, a violência patrimonial é “qualquer con- duta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades” (artigo 7º, IV). A inclusão desse tipo de violência visa prote- ger as mulheres da coação quanto às suas necessidades básicas, cuidan- do dos seus direitos civis, sucessórios e econômicos, para proteger seu patrimônio e condições de sobrevivência digna. São exemplos de violência patrimonial: destruir material profissional para impedir que a mulher tra- balhe; controlar o dinheiro gasto, obrigando-a a fazer prestação de con- tas, mesmo quando ela trabalhe fora; privar de bens, valores ou recursos econômicos; causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste; queimar, rasgar fotos ou documentos pessoais. 8 A violência moral, na concepção tutelada pela Lei Maria da Penha, é aque- la que abala a honra, ou seja, que configura os crimes de injúria, calúnia e difamação. É recorrente e pode ser desencadeadora das demais formas de violência. Exemplos: xingar a mulher diante dos amigos; acusá-la de algo que não fez; falar coisas que não são verdades sobre a mulher para os outros. VIOLÊNCIA MORAL Veja a imagem para verificar o resumo dos tipos de violência estudados anteriormente. Importante destacar que a Lei Maria da Penha não esgota todas as formas de violência, mas apenas exemplifica as mais frequentes. Mas é muito comum as violências estarem conectadas, ou seja, a violência física ser consequência das violências psicológicas e morais, por exemplo. Tipos de violência Fonte: Código Penal, 1940. Outras 4 formas de violências, além daquelas previstas na Lei Maria da Penha, tem atingido as mulheres atualmente. São elas: a) as infrações virtuais, como o ato de invadir dispositivo informático de alguém para obter, adulterar ou destruir informações pessoais; b) revengeporn (pornografia de vingança), considerado o ato de divulgar fotos e vídeos íntimos por vingança; c) sextorsão (chantagem), que é o ato de chantagear alguém sob a ameaça de divulgar fotos ou vídeos íntimo; e d) stalking (perseguição), entendido como crime o ato de perseguir alguém, por qualquer meio, ameaçando a sua integridade física e psicológica. 9 1.3 Medidas protetivas de urgência Dentre os mecanismos criados pela Lei Maria Penha, podemos destacar as Medidas Protetivas de Urgência como uma das ferramentas legais mais importantes para a proteção das mulheres. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas a requerimento da ofendida ou do Ministério Público e elas são divididas em medidas que obrigam o agressor e medidas protetivas à ofendida, e, dentre essas, as medidas protetivas patrimoniais. Vamos analisar cada uma delas. 1.3.1 Medidas protetivas que obrigam o agressor Previstas no artigo 22 da Lei Maria da Penha, as medidas protetivas que obrigam o agressor podem determinar que, se constatada a violência, o juiz pode aplicar de imediato, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas (entre outras): Artigo 22 Fonte: Lei Maria da Penha, 2006. 10 1.3.2 Medidas protetivas garantidas à ofendida Consta no artigo 23 da Lei Maria da Penha que o juiz pode, quando for necessário e sem prejuízo de outras medidas, aplicar à ofendida as seguintes medidas de proteção: Artigo 23 Fonte: Lei Maria da Penha, 2006. Outro ponto importante é que, como nem todos os municípios possuem serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de violência, a mulher pode comparecer às delegacias, promotorias e defensorias comuns para solicitar as medidas. Assim que fizer o pedido na Delegacia, por exemplo, a polícia deverá encaminhar o pedido ao juiz no prazo de 48h, o qual também possui o prazo de 48h para decidir se irá deferir ou não as medidas protetivas. Lembre-se que a mulher não precisa de advogado para pedir uma medida protetiva de urgência, ela pode se dirigir diretamente aos serviços especializados e solicitar as medidas sozinha.Ademais, o descumprimento de medidas protetivas é crime, previsto no artigo 24-A da Lei Maria da Penha, que prevê detenção de 3 meses a 2 anos. 11 1.3.3 Medidas protetivas de urgência patrimoniais Já no artigo 24, pode o juiz determinar liminarmente, para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, as seguintes medidas: Artigo 24 Fonte: Lei Maria da Penha, 2006. Agora que já entendemos o que é violência doméstica e familiar e como funciona a Lei Maria da Penha, vamos identificar o ciclo de como ela ocorre a seguir. 12 Unidade 2: Violência doméstica e familiar contra as mulheres Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de identificar como ocorre a violência doméstica e familiar contra as mulheres. 2.1 Ciclo da Violência A violência doméstica possui várias formas e especificidades. No entanto, a psicóloga norte-americana Lenore Walker, em 1979, identificou e sistematizou uma sequência de atos de agressões cometidos em um contexto conjugal que ocorrem dentro de um ciclo que se repete constantemente e passa por uma sequência de condutas com 3 fases, conhecido como ciclo de violência. Assim, conforme as informações extraídas do site do Instituto Maria da Penha, vamos analisar cada uma das fases a seguir: • Fase 1 (ou Fase da Tensão): Aumento da tensão - Nessa primeira fase, o agressor se apresenta tenso e irritado por coisas insignificantes, com excessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. Mesmo que tente acalmar o agressor, a mulher fica angustiada e evita qualquer conduta que o provoque. As emoções afloram com sentimentos como tristeza, angústia, ansiedade, medo e desilusão. Comumente, a vítima nega que isso esteja acontecendo, esconde os fatos e, por vezes, acredita ter feito algo errado para justificar o comportamento violento do agressor ou o defende com argumentos do tipo “ele teve um dia ruim no trabalho”. Essa tensão pode perdurar por dias, meses ou anos. No entanto, como a tensão aumenta com o passar do tempo, é provável que a situação evolua para a Fase 2. • Fase 2 (ou Fase da Agressão): Ato de violência - A fase 2 coincide com as explosões dos agressores ante a falta de controle e leva ao ato violento. Toda a tensão acumulada da Fase 1 materializa-se nas formas de violência física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. A vítima tem consciência de que o agressor está fora de controle e tem um poder destrutivo grande em relação à sua vida, mas o sentimento pode ser de paralisia e incapacidade de reagir. Ela sofre com tensão psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade), sente medo, ódio, solidão, pena de si, vergonha, confusão e dor. Nessa fase, ela também pode tomar decisões, sendo as mais comuns: buscar ajuda, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo suicidar-se. É usual que haja um distanciamento do agressor. • Fase 3 (ou Fase da Lua de Mel): Arrependimento e Comportamento carinhoso - Ocorre com a demonstração de arrependimento do agressor, que se apresenta amável e carinhoso para conseguir a reconciliação. A mulher sente-se pressionada e confusa a manter o relacionamento diante da sociedade, ainda mais quando há filhos. Ou seja, a mulher renuncia a seus direitos e recursos, pois ele diz que “vai mudar”. Nesta fase, ocorre um período relativamente tranquilo, a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças e relembra os bons momentos que tiveram juntos. Porém, com a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, estreitando a relação de dependência entre vítima e agressor. Ela vive um misto de medo, confusão, culpa e ilusão. 13 Ciclo da violência Fonte: WALKER, 1979. O ciclo de violência não ocorre em todos os relacionamentos. Por isso, às vezes, é difícil identificar que está vivenciando um relacionamento abusivo. Por fim, a tensão volta e, com ela, as violências da Fase 1. 14 2.2 Fatores de risco que indicam situações de violência doméstica e familiar Algumas condições acarretam mais violências a algumas mulheres do que a outras, por conta da raça, idade e classe social, por exemplo. No entanto, apesar de algumas estarem em um grupo mais propenso, a violência doméstica e familiar atinge todas as mulheres, sejam elas jovens, idosas, ricas, pobres, com deficiência, negras ou brancas. Com isso, além das condições sociais, econômicas e culturais, podemos apontar alguns outros fatores que aumentam o risco de vitimização das mulheres em situações de violência doméstica e familiar, com os quais precisamos ficar atentos (BRASIL, 2020a). Vejamos: • isolamento social; • naturalização e banalização da violência contra mulheres; • rede de apoio familiar fragilizada ou rompida; • ausência de rede de serviços de saúde e proteção social estruturadas; • pouca consciência de direitos; • histórico de violência familiar; • transtornos mentais; • uso abusivo de bebidas e drogas; • vulnerabilidade econômica, com dependência afetiva e financeira; • presença de padrões de comportamento muito rígidos; e • exclusão do mercado de trabalho. Identificar esses fatores ajuda a repensar formas que atendam a essas necessidades e a superar as dificuldades. De igual modo, é possível estabelecer outros fatores que auxiliam na diminuição dos riscos, para poder enfrentar as violências e construir relacionamentos saudáveis. Vamos analisar alguns desses fatores descritos a seguir (BRASIL, 2020): • bom relacionamento familiar e fortes vínculos afetivos; • apoio e suporte social de pessoas, como a comunidade e instituições; • atitude de buscar ajuda de outras pessoas ou de profissionais da área; • perseverança para enfrentar obstáculos; • autoestima elevada; • capacidade de sustentar a si mesma e à sua família; • relações de trabalho harmoniosas; e • consciência de direitos. Assim, ao reconhecer os riscos, também podemos pensar nas potencialidades das respostas comunitárias e colaborativas para lidar com esses riscos e cuidar das mulheres que estão em situação de violência. É importante que você saiba que a pesquisa Violência Doméstica contra a Mulher na Pandemia, realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva em 2020, apontou que 77% dos entrevistados acham que, para romper o ciclo da violência doméstica, as mulheres precisam principalmente do apoio da família e de amigos. Por isso que o apoio de todos é tão importante! 15 2.3 Obstáculos e barreiras que impedem mulheres de buscar ajuda Pode ser que você já tenha ouvido falar sobre mulheres que, mesmo estando em situações de violência em um relacionamento abusivo, reatam o relacionamento ou não conseguem se separar. Há diversos motivos que respondem o porquê de algumas mulheres não denunciarem ou desistirem da denúncia. Vamos, então, analisar alguns dos motivos mais comuns que impedem as mulheres de buscarem ajuda: • É ameaçada e tem medo de apanhar mais, ou até de ser assassinada, se acabar com a relação. • Depende financeiramente dele e acha que não vai conseguir sustentar a si mesma e os filhos. • Acha que os filhos vão culpá-la pela separação. • Tem vergonha de que os outros saibam que ela sofre violência. • Acredita no agressor quando ele diz que está arrependido e que não voltará a agredi-la. • Não quer romper o relacionamento, e sua dependência afetiva faz com que pense que o amor dela é tão forte que vai conseguir a mudança de comportamento dele. • Acredita no senso comum de que a violência faz parte de todo relacionamento. • Acha que não vai ser levada a sério se for à delegacia, ou não confia na proteção policial. • Se sente isolada e sozinha: os agressores são muito controladores e ciumentos, o que faz com que, aos poucos, ela acabe se afastando da família e dos amigos. • O homem recorre a chantagens e ameaças para impedir o rompimento, como exigir a guarda dos filhos, negar a pensão alimentícia,ir ao trabalho da mulher para fazer escândalo, espalhar mentiras sobre ela, ameaçar se matar, matar a mulher e os filhos, etc. Diante desses motivos, podemos concluir que o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários é muito importante. Os vínculos de confiança e proteção ampliam os recursos para a proteção das mulheres em situações de violência e ajudam a manter uma unidade de relações fortalecidas, que permite às mulheres sentirem confiança e segurança ao procurarem por ajuda e a romperem com o isolamento. Com isso, elas podem, em conjunto, pensar em formas de enfrentar e superar a situação que não conseguiriam sozinhas. Decidir buscar ajuda é muito difícil. Assim, as mulheres precisam sentir que são respeitadas, acolhidas e não julgadas, a fim de que possam tomar as iniciativas e as decisões necessárias para saírem do relacionamento abusivo. O novo coronavírus (COVID-19) está gerando uma transformação nunca imaginada na forma como vivemos e nos relacionamos. Mas essas mudanças afetaram, principalmente, os grupos mais vulneráveis. As mulheres em situação de violência doméstica e sexual estão mais expostas e com mais dificuldades em denunciar. O número de denúncias à Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) entre março e abril do ano de 2020 foi 27% maior do que no mesmo período de 2019. Ademais, os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre março e abril de 2020, se somadas as ocorrências em 12 estados do país, em relação a igual período de 2019, conforme a pesquisa do 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020. Assim, cada vez mais precisamos conhecer a lei, criar redes de apoio e denunciar as violências. 16 Como denunciar? Diga não à violência contra a mulher e fortaleça a rede de atendimento. Se conhecer alguém nessa condição ou se você se encontrar em uma situação de violência, denuncie. Como denunciar? Fonte: MMFDH, 2020. Mas, caso a pessoa esteja insegura sobre fazer a denúncia, é possível procurar os serviços de orientação jurídica e/ ou psicológica, como os Centros Especializados de Atendimento à Mulher ou de Assistência Social. Para saber quais são os serviços disponíveis na sua cidade, ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher). A rede de atendimento é importante e necessária ferramenta para enfrentar a violência doméstica. São diversos serviços ofertados, com profissionais capacitados, que podem orientar adequadamente o melhor encaminhamento para cada situação de violência. 17 Unidade 3: Lei do feminicídio Objetivo de aprendizagem Nesta unidade, você será capaz de identificar os aspectos legais presentes na lei do Feminicídio. 3.1 Lei do Feminicídio Outra norma importante é a Lei nº 13.104/2015, conhecida por Lei do Feminicídio, que considera, como crime específico, qualificado e hediondo, o homicídio praticado contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino (artigo 121, § 2º, VI, do Código Penal). A Lei do Feminicídio incluiu, no tipo penal “matar alguém”, do artigo 121, do Código Penal, uma “qualificadora”, que ocorre quando o crime for praticado “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”, atribuindo duas motivações: a) quando praticadas no âmbito da violência doméstica e familiar; b) por menosprezo ou discriminação à condição de mulher (artigo 121, § 2º-A, do Código Penal). O feminicídio é considerado um crime de ódio, pois decorre da cultura que naturaliza a violência e impede o livre desenvolvimento saudável e independente de meninas e mulheres. Ainda é muito comum, infelizmente, que algumas pessoas justifiquem esses crimes por conta da “tradição” ou “honra”, mas isso apenas reflete a desigualdade das relações, o que prejudica as mulheres. Mas nem todo assassinato de mulheres é feminicídio. Numa situação, por exemplo, de um roubo seguido de morte, em que a vítima seja mulher, escolhida ao acaso, não ocorre o enquadramento do feminicídio. Trata- se, nesse caso, de crime de latrocínio (artigo 157, §3°, inciso II, do CP). Para que seja feminicídio, a conduta tem que ser praticada no âmbito doméstico ou familiar ou a vítima mulher tem que ter sido escolhida por conta dessa condição, que, de alguma forma, causa menosprezo ou raiva no sujeito que comete tal ato. 3.2 Dados e informações De acordo com o Monitor da Violência, parceria entre o portal G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado no ano de 2020, no primeiro semestre, de janeiro a junho, o número de assassinatos no Brasil aumentou 6%. Esses dados são alarmantes, pois o número de mortes dolosas cresceu, mesmo durante a pandemia, momento em que muitos estados adotaram o isolamento social. Da pesquisa indicada, outros dados chamam a atenção: • No primeiro semestre de 2020 (jan/jun), houve 1.890 homicídios dolosos contra as mulheres (uma alta de 2% em relação ao mesmo período de 2019). • Desse número, 631 foram feminicídios (também maior do que o registrado no primeiro semestre de 2019). • 14 estados tiveram aumento no número de homicídios contra as mulheres. • 11 estados tiveram aumento de vítimas de feminicídios de 2019 a 2020. No entanto, apesar do aumento de mortes violentas de mulheres, alguns especialistas afirmam que talvez sejam ainda maiores, pois ainda há uma grande subnotificação desses dados, tendo em vista o contexto da pandemia e a suspensão de alguns serviços públicos, que resultaram em uma barreira institucional para as denúncias, principalmente no início da crise sanitária. 18 Durante a pandemia, algumas leis foram promulgadas para dar apoio e suporte às mulheres em situação de violência e de vulnerabilidade. A Lei n° 14.022/2020 estabelece que o atendimento às vítimas de violência doméstica é considerado essencial e não pode ser interrompido durante o estado de calamidade pública; a Lei n° 13.894/2020 alterou a Lei Maria da Penha, para prever a competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento ou dissolução de união estável nos casos de violência; a Lei n° 13.982/2020 determina que a mulher provedora de família monoparental receberá duas cotas do auxílio emergencial; a Lei n° 13.980/2020 garante o acesso à ultrassonografia mamária pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de permitir o diagnóstico precoce do câncer de mama para ajudar a combater a doença. Apesar da violência contra as mulheres ter aumentado durante a pandemia em 2020, no ano de 2019, os dados já alertavam para o aumento de mortes de mulheres. Vejamos: O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), no ano de 2017, relatou que o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Apesar desses dados, infelizmente, os feminicídios ainda são subnotificados ou incorretamente enquadrados. Por isso, para combatermos o feminicídio, é essencial que tenhamos acesso ao conhecimento sobre essa temática e estejamos todos unidos contra a discriminação e a desigualdade, para poder falar sobre esse assunto e desenvolver práticas e estratégias em parceria com a comunidade, sociedade civil e Estado. Dados feminicídio Fonte: FBSP, 2020. 19 Unidade 4: Práticas e estratégias em parceria com a comunidade Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as práticas e estratégias em parceria com a comunidade. 4.1 O papel da comunidade no enfrentamento da violência doméstica É chamada de rede de enfrentamento às violências contra as mulheres a articulação entre as instituições/ serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, que atuam em conjunto para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e de políticas que fomentem o fortalecimento e a autonomia das mulheres, com a garantia de seus direitos humanos e a assistência qualificada. Dessa forma, a comunidade, como parte da rede de enfrentamento à violência doméstica, exerce um papelfundamental nesse processo. O fortalecimento de vínculos familiares e comunitários permite que os recursos para proteção da mulher sejam ampliados para além do Estado. Em momentos de crise, as mulheres sentem dificuldades em encontrar vínculos protetivos. Assim, havendo uma estrutura de relações sólidas e seguras, isso pode auxiliar na busca dos serviços da rede de atendimento. Esse movimento de busca rompe com o isolamento (que é um alto fator de risco, como já vimos) e permite o estímulo para a construção de estratégias que auxiliem na superação da violência sofrida. Por isso, o envolvimento de todos, principalmente de empresas e instituições públicas e privadas, é importante para a promoção de investimentos em capacitações e formações continuadas e qualificadas, para identificar as violências e formas de denunciá-las. Associar essas ações com o incentivo à inclusão das mulheres no mercado de trabalho, fortalece sua autonomia financeira e auxilia na estratégia de construção de fatores de proteção em parceria com a comunidade em geral. Sabemos que romper com o ciclo da violência é desafiador e os fatores de risco e os obstáculos prejudicam a busca de ajuda por parte das mulheres. Como a violência é um fenômeno social que atinge a sociedade, a família e as crianças, é preciso criar senso de pertencimento comunitário, para que todos possam participar da construção de uma sociedade livre de violência e repensar formas diferenciadas para enfrentar a violência doméstica e familiar. Por isso, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos desenvolveu a campanha Alô, vizinho!. Como estamos passando por uma situação diferenciada, o equilíbrio e a solidariedade são essenciais para o enfrentamento à violência doméstica e familiar. Com o agravamento da violência doméstica no momento de pandemia, o apoio da comunidade e da vizinhança se tornaram fundamentais no enfrentamento à violência contra as mulheres. Afinal, você pode evitar um feminicídio! Com algumas dicas, você pode auxiliar mulheres que estejam em situação de violência em seu trabalho, prédio, condomínio ou vizinhança. Vamos conhecer algumas (BRASIL, 2020b)? • Faça sua vizinha ou colega de trabalho sentir a sua presença e fique alerta a todos os sinais de violência, seja ela física, psicológica, sexual, financeira, moral, etc. • Procure colocar no seu prédio, condomínio ou local de trabalho informações com os canais de denúncia, tais como: ouvidoria.mdh.gov.br, Ligue 180 ou 190. • Disponibilize seus contatos em local visível para as pessoas de seu prédio, trabalho e condomínio, demonstrando que está vigilante e disponível para ajudar. Seja solidário! • Estabeleça e combine códigos de emergência (sinal, gesto, palavra ou um objeto na janela) que alertem para situações de crise. 20 • Mantenha contato com pessoas da sua confiança (amigos, familiares e vizinhos). • Identifique membros da família, vizinhança e pessoas amigas que possam te acolher ou te ajudar se tiver que sair de casa. • Combine códigos de emergência com essas pessoas: sinal, gesto, palavra ou objeto na janela, para que elas possam alertar as autoridades em caso de urgência. • Se existirem crianças em sua casa, combine códigos (sinal, gesto ou palavra) para utilizarem em caso de urgência e os comportamentos que devem ser adotados nessas situações. • Avalie se pode fazer quarentena junto de familiares ou pessoas amigas em condições de segurança. • Lembre que existe uma rede de atendimento pronta para você, que segue disponível para te dar informações e apoio. Ligue 180 ou use o app Direitos Humanos BR. E se você, mulher, estiver vivenciando alguma situação de violência, considere essas dicas de segurança (BRASIL, 2020b): Alô, vizinho! Fonte: MMFDH, 2020. 21 O “Salve uma Mulher” tem como objetivo geral “promover a conscientização da sociedade civil, do mundo corporativo e serviços/atores da rede não-especializada de atendimento para o enfrentamento à violência contra as mulheres e para a promoção da cultura do respeito e da igualdade”. Entre os objetivos específicos do Projeto, cabe citar: • a disseminação de informações sobre a Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência; • a ampla divulgação da Lei Maria da Penha e dos direitos garantidos às mulheres em situação de violência doméstica e familiar; • a promoção de campanhas de sensibilização sobre a violência contra as mulheres (com foco na violência doméstica e familiar e no assédio sexual) e sobre a cultura do respeito e da igualdade; e • o fomento de iniciativas de enfrentamento à violência doméstica e familiar e ao assédio sexual no mundo do trabalho em ambientes corporativos. A Lei Maria da Penha definiu algumas diretrizes para elaboração de políticas públicas voltadas a combater e prevenir a violência contra a mulher no artigo 8º, incluindo a necessidade da promoção e realização de campanhas educativas voltadas ao público escolar e à sociedade em geral; a difusão da lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; e, entre outros, a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher. Portanto, o envolvimento da comunidade, por meio de ações e participações em projetos e programas sociais, é fundamental para elaborar diferentes políticas que deem conta de atender as necessidades das mulheres e garantam a sua segurança e autonomia. 4.2 Estratégias comunitárias e judiciais de prevenção e enfrentamento à violência A Lei Maria da Penha possui caráter educativo, corretivo e repressivo, na medida em que trata com mais rigor as infrações penais cometidas contra a mulher, no contexto doméstico, familiar ou de qualquer relação íntima de afeto. Não obstante as medidas de urgência previstas na Lei Maria da Penha, outras estratégias são previstas na lei, tais como: • Medidas integradas de prevenção, consideradas extrapenais, com o intuito de coibir a violência por meio de “um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais”. • Assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, “prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública”. 22 • Atendimento especializado, ininterrupto e imediato, pela autoridade policial, preferencialmente do sexo feminino. • A renúncia da representação de crimes de natureza pública condicionada só será admitida perante o juiz, com proibição de condenação em penas de cesta básica ou outras prestações pecuniárias. • A opção de propor ação de divórcio ou dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar e a determinação do encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso. • Assistência judiciária gratuita e atendimento por equipe multidisciplinar. • Entes federados podem criar e promover centros, campanhas, programas, delegacias, casas e abrigos, no limite de suas competências. • Inaplicabilidade da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais) em situações de violência doméstica e familiar. O artigo 22 da Lei Maria da Penha prevê diversas medidas que podem ser aplicadas ao ofensor que comete violência contra a mulher, como, por exemplo, comparecimento a programas de recuperação e reeducação e acompanhamento psicossocial, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. O artigo 35, por sua vez, apresenta a possibilidade de criação de centros de educação e reabilitação de agressores. Todos somos responsáveis e, ao mesmo tempo, prejudicados pela violência doméstica e familiar. Assim, participar ativamente de programas e projetos articuladoscom a rede de atendimento, empresas e comunidade, bem como estar à disposição para acolher e escutar a mulher em situação de vulnerabilidade pode ajudar a se criar uma cultura sem violência e discriminação no Brasil! Revisando o módulo 3 Neste módulo, você aprendeu sobre a Lei Maria da Penha, a Lei de Feminicídio e os dados sobre a violência doméstica e familiar. Também foi explicado sobre o ciclo da violência, os fatores de risco e como a comunidade articulada com o Poder Público, empresas e Judiciário pode auxiliar no fomento de uma cultura de não violência. Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos. Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos! 23 Referências BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em: 27 jul. 2018. BRASIL. Ministério Público Federal; Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. A Lei Maria da Penha & Direitos da Mulher. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e do Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Enfrentando a violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília, 2020a. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/maio/cartilha-auxilia-mulheres-no-enfrentamento-a-violencia . Acesso em: 30 de maio de 2021. BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e do Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Cuidando da saúde mental e enfrentando a violência doméstica e familiar contra a mulher: autocuidado e autopreservação durante a pandemia de Covid-19. Brasília, 2020b. Disponível em: https:// www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/outubro/cartilha-traz-dicas-de-autocuidado-e-autopreservacao- para-mulheres/cartilhamulheressademental.pdf. Acesso em: 30 de maio de 2021 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579. Acesso em: 22 jan. 2018. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução n. 225/2016. Dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. 2016 b. Disponível em: http://www.cnj. jus.br/busca-atos-adm?documento=3127. Acesso em: 1 set. 2018. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório Analítico Propositivo – Justiça Pesquisa. Entre práticas retributivas e restaurativas: a Lei Maria da Penha e os avanços e desafios do Poder Judiciário. Presidente Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, 2018. DATAFOLHA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. A vitimização de mulheres no Brasil. 2ª ed. 2019. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/visivel-e-invisivel-a-vitimizacao-de- mulheres-no-brasil-2-edicao/. Acesso em: 14 de agosto de 2020. DATASENADO, OMV. Aprofundando o olhar sobre o enfrentamento à violência contra as mulheres. Brasília: Senado Federal, Observatório da Mulher Contra a Violência, 2018. 35 p. 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