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FACULDADE DA CIDADE DE MACEIÓ
CURSO DE DIREITO
MARIA LIMA DA SILVA
POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA EM AMBIENTE FAMILIAR
MACEIÓ – AL
2022
 
MARIA LIMA DA SILVA
POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA EM AMBIENTE FAMILIAR
Trabalho de curso apresentado à Faculdade da Cidade de Maceió – FACIMA, como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito.
Orientadora: Kyvia Danielle Santos Pereira
MACEIÓ – AL 
2022
FICHA CATALOGRÁFICA DIRETO NA FONTE 
(BIBLIOTECA CENTRAL FACIMA)
FACULDADE DA CIDADE DE MACEIÓ
Trabalho de Conclusão de Curso de autoria de Maria José Lima da Silva, intitulada “POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA EM AMBIENTE FAMILIAR”, apresentado como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Direito da Faculdade da Cidade de Maceió, em (data de aprovação), defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
Profª. Kyvia Danielle Silva Pereira
Orientadora
 Faculdade da Cidade de Maceió
Prof. 
Membro da Banca 
Nome da Instituição
Prof. 
Membro da Banca 
Nome da Instituição
MACEIÓ – AL 
2022
Este trabalho é dedicado a Maria Gorete dos Santos Silva, educadora, forte e cheia de amor que por providência divina veio a ser minha mãe.
Em primeiro lugar a DEUS, o criador, grande artista que esculpiu a humanidade. A Santíssima virgem maria, da qual sou consagrado para o resto da minha vida e que como minha mãe do céu, nesses últimos anos me guiou em todos os passos que dei e sem sombra de dúvidas, sem ela eu não conseguiria chegar até aqui.
A minha mãe, Sra. Maria Gorete dos Santos Silva, que unicamente foi a maior incentivadora e principalmente o motivo real dessa minha profissão. Obrigado minha querida mãe por todas as vezes que nem mesmo eu acreditava em mim, tu acreditavas. Obrigado por todas as vezes que negastes tudo para ti, em prol de meus estudos, pelos choros e sorrisos e principalmente por me dar a graça de VIVER, por me carregar no colo e ser a minha MELHOR AMIGA, melhor companheira e MAIOR INCENTIVADORA DA VERDADE. Eu nunca vou conseguir retribuir um milésimo de tudo que a senhora fez por mim, mas com certeza, rezarei sempre a nossa senhora por sua vida, sua saúde e principalmente por sua alma hoje e sempre.
A minha esposa, que foi a cereja do bolo da minha história. Com certeza, Deus precisava selar esse tempo com ela. Muito obrigado por toda vez que esteve comigo, principalmente quando eu não merecia, sobretudo nesse final de ciclo que com certeza, sem você eu não conseguiria concluir esta etapa.
A meus familiares que foram canais de Deus em todo meu crescimento humano. A minha tia Soledade, meu tio Zé guara, tia Valeira, tia Morena, tio Nando, tia Darinha, minha vó Necy, meu vô Zé Cula, minha vó Nair (in memoriam) e minha querida avó Benta (in memoriam) que por muitas vezes quando ninguém acreditava, me incentivava a sempre ir a frente.
A meu pai que foi instrumento de Deus para que hoje eu estivesse aqui, á ele meu muito obrigado.
A minha orientadora, professora e amiga, Fatima Reys, que a todo momento me fez crescer com seu exemplo de vida e competência e sobretudo com todos os argumentos, conselhos e correções necessárias para que eu pudesse chegar até onde cheguei.
AGRADECIMENTOS
Apesar de se discutir sobre a existência da discriminação, do abuso e das várias formas de violência contra as mulheres, a violência psicológica é um dano silencioso, que não deixa marcas visíveis, mas se coloca como ponte para uma progressão de abusos e integridade da vítima. O que perpetuar esse mal, uma vez que é muito comum as vítimas relevarem as agressões, por fazer parte de seu cotidiano e contexto de caos. Nesse sentido, a presente pesquisa se apresenta como tipo de pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza básica ou pesquisa teórica, simples. Relacionado a seus objetivos, este estudo se mostra como pesquisa descritiva e sobre seus procedimentos, se coloca como uma revisão bibliográfica. Considerado o tipo de pesquisa, esta assume0rdagem qualitativa, de natureza básica ou pesquisa teórica, simples. Relacionado a seus objetivos, este estudo se mostra como pesquisa descritiva e sobre seus procedimentos, se coloca como uma revisão bibliográfica e direcionamento quanto aos meios legais, postos para disseminar as formas e estratégias de enfrentamento à violência psicológica contra as mulheres, contribuindo para que estas se sintam mais seguras e respeitadas em seus direitos como pessoas humanas e desfrutar de igualdade de género efetiva. 
Palavras – Chave: Violência Psicológica; Lei Maria da Penha; Política de Atendimento e Enfretamento a Violência.
RESUMO
Despite the discussion about the existence of discrimination, abuse and the various forms of violence against women, psychological violence is a silent damage, which does not leave visible marks, but stands as a bridge to a progression of abuse and the victim's integrity. What to perpetuate this evil, since it is very common for victims to ignore the aggressions, as it is part of their daily life and context of chaos. In this sense, the present research presents itself as a type of research with a qualitative approach, of a basic nature or simple theoretical research. Related to its objectives, this study is shown as a descriptive research and on its procedures, it stands as a bibliographic review. Considering the type of research, this qualitative assumption, of a basic nature or theoretical research, is simple. Related to its objectives, this study shows itself as a descriptive research and on its procedures, it is placed as a bibliographic review and guidance regarding the legal means, put to disseminate the forms and strategies of coping with psychological violence against women, contributing to that these feel more secure and respected in their rights as human persons and enjoy effective gender equality.
Keywords: Psychological Violence; Maria da Penha Law; Policy for Attending and Coping with Violence.
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO	10
2	A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E SEUS IMPACTOS SOBRE AS MULHERES	13
2.1 Conceituação dos Tipos de Violência no Contexto Domiciliar	13
2.2 A Temática da Violência Psicológica e seus impactos sobre a Mulher	17
3	A SITUAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL	20
3.1 As Taxas de Homicídios de Mulheres e o Feminicídio	20
3.2 Os Dados Sobre a Violência Contra a Mulher	23
4	LEGISLAÇÃO DE ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER	28
4.1 A Lei Maria da Penha (Lei 11340/06)	28
4.2 A Lei do Feminicídio (Lei 13.104/15)	32
5	AS POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO E COMBATE À VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER NO BRASIL	35
5.1 O Papel das Políticas Públicas como Instrumento de Defesa das Mulheres	35
5.2 A Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência	38
6	CONCLUSÃO	41
REFERÊNCIAS	42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A questão da violência contra as mulheres perpassa por diversos fatores socioculturais presente no meio social e político, que ultrapassa as barreiras geográficas, sendo uma temática global, que por vezes, vai assumir contornos religiosos e de tradições míticas e sagradas, nas quais as mulheres devem ser subjugadas ao poder e controle do homem, em uma perspectiva patriarcal hierarquizada estabelecida entre homens e mulheres, na qual a mulher é tratada como inferior, sem ter valorizado o seu potencial e esta posição subalterna é reforçada pelo sistema político, jurídico, religioso, intelectual. (ALVES; ALVES,1985).
Este contexto infere-se, inevitavelmente sobre a dinâmica das relações de gênero, que pode ser definido como um sistema de ideias acerca da diferença sexual e atribuição de características femininas e masculinas de cada sexo, compreendendo “suas atividade e condutas, e às esferas da vida. Esta simbolização cultural da diferença anatômica toma forma no conjunto de práticas, idéias, discursos e representações sociaisque dão atribuições à conduta objetiva e subjetiva das pessoas em função do seu sexo”. (COSTA, 1998, p. 42). 
Assim, esta realidade demanda uma série de ações direcionadas à finalidade de proteção e amparo deste gênero, que apontam uma necessidade de proteção e promoção dos direitos das mulheres. 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1970, especifica que a expressão "discriminação contra a mulher" abrange a toda forma de distinção, exclusão, ou tratamento restritivo fundado na questão do sexo, visando prejudicar ou de alguma forma anular a reconhecença do papel da mulher e sua vivência em base de igualdade com o gênero masculino, bem como seus direitos humanos, de liberdade e fundamentais que lhes são inerentes, concernente ao âmbito social, cultural, político, civil e outros. 
A Lei nº. 11.340 (Lei Maria da Penha), que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, declara que independente dos fatores de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, deve ser assegurado seus “direitos fundamentais, inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social”.
 É certo que a citada Lei Maria da Penha apresenta em seu bojo 05 formas de manifestação de violência contra as mulheres, a saber: a violência física, a psicológica, sexual, patrimonial e moral. Concernente a violência física esta é configurada quando ocorrem ações do tipo: empurrões, socos, mordidas, chutes, queimaduras, cortes, estrangulamento, lesões por armas ou objetos e outros. A violência psicológica está vinculada ações reiteradas de insultos, humilhação, desvalorização, chantagem, isolamento de amigos e familiares, ridicularização, rechaço, manipulação afetiva, exploração e negligência. (BRASIL, 2022).
Ainda sobre a violência psicológica, segundo Azevedo e Guerra (2001) o termo é uma forma de denunciação na literatura feminista da violência doméstica cotidiana sofrida por muitas mulheres, praticada por seus parceiros, considerando atos de degradação moral, com agressões por meio de palavras, gestos e olhares, sem necessariamente ocorrer o contato físico. 
Em seu art. 70[footnoteRef:1], a lei Maria da Penha ressalta este tipo de violência com a descrição conceitual precisa deste abuso psicológico, sendo um reconhecimento legal e estratégico para desentranhar a espécie psicológica da violência física, dado que anteriormente, ela fosse lida como atos coligados aos danos físicos, sinalizando que “a violência doméstica não ficasse atrelada unicamente a um corpo físico, mas que abrangesse, também e maioritariamente, a visão de um corpo psicofísico dessas mulheres”. (ECHEVERRIA, 2018, p. 135). [1: Art. 70 - São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: (...) II- a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. (Lei nº. 11.340/2006, Lei Maria da Penha).] 
Assim, considerando a delimitação temática pontuada acima, a proposta do presente estudo é fazer uma análise sobre as políticas de enfrentamento à violência psicológica contra a mulher em ambiente familiar. Sendo sua problemática: Quais as políticas efetivas de enfrentamento à violência psicológica contra as mulheres em ambiente familiar? De modo que, o objetivo geral é analisar as políticas de enfrentamento à violência psicológica contra a mulher em ambiente familiar no Brasil. 
No seu desenvolvimento, a presente pesquisa pretende em seu primeiro capítulo tratar sobre a conceituação da violência psicológica e seus impactos sobre as mulheres; no segundo capítulo, o estudo se volta para a análise dos índices de violência psicológica contra as mulheres no Brasil; no terceiro capítulo a perspetiva da pesquisa se volta para a promulgação da Lei Maria da Penha no país e seus aspectos legais; e no último capítulo se faz necessária a avaliação das políticas de enfrentamento e combate à violência psicológica contra a mulher no Brasil.
Em se tratando dos procedimentos metodológicos, o presente estudo se apresenta como tipo de pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza básica ou pesquisa teórica, simples. Relacionado a seus objetivos, este estudo se mostra como pesquisa descritiva e sobre seus procedimentos, se coloca como uma revisão bibliográfica. De modo que, os procedimentos de coleta de dados serão realizados por meio de pesquisa documental e bibliográfica, considerando os dados secundários sobre a violência psicológica contra as mulheres no Brasil, considerando um levantamento teórico analisando os bancos de dados disponíveis por meio de revistas, livros, artigos e outros expedientes acadêmicos que explanam sobre a temática apresentada.
10
2 A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E SEUS IMPACTOS SOBRE AS MULHERES
2.1 Conceituação dos Tipos de Violência no Contexto Domiciliar 
Analisando os aspectos relacionados a violência doméstica, sua origem retrata aos primórdios da civilização e esteve regulada em diversas regras legais arcaicas, como o Código de Hammurabe, que em sua seção que regula as relações familiares, estabeleceu em seu art. 192 que:
192º - Se o filho de um dissoluto ou de uma meretriz diz a seu pai adotivo ou a sua mãe adotiva: "tu não és meu pai ou minha mãe", dever-se-á cortar-lhe a língua.
193º - Se o filho de um dissoluto ou de uma meretriz aspira voltar à casa paterna, se afasta do pai adotivo e da mãe adotiva e volta à sua casa paterna, se lhe deverão arrancar os olhos.
194º - Se alguém dá seu filho a ama de leite e o filho morre nas mãos dela, mas a ama sem ciência do pai e da mãe aleita um outro menino, se lhe deverá convencê-la de que ela sem ciência do pai e da mãe aleitou um outro menino e cortar-lhe o seio. (CÓDIGO DE HAMURÁBI, 1728/1686 a. C.)
O texto acima mostra o quadro de violência e punições severas no seio familiar naquela sociedade, sendo desproporcional a depender do membro familiar, como ensina Barros (2005) que diz que no caso de um filho bater em seu pai, a mão agressora do filho seria decepada, em contrapartida, o pai que tivesse relações sexuais com sua filha, sua punição restaria em sua expulsão da cidade. Outro código de lei, em Roma, as XII Tábuas, era permitido ao pai matar o filho, caso nascesse com deficiência, após o julgamento de cinco vizinhos.
Para Azambuja (2006, p. 12) nas sociedades antigas, a Lei das XII Tábuas concedia ao pai a detenção do direito à vida de seu filho, sendo provenientes de casamento legítimo, como também “o direito de morte e o poder de vendê-los (Tábua Quarta nº2). Em Roma e na Grécia Antiga, a mulher e os filhos não possuíam qualquer direito. O pai, o chefe da família, podia castigá-los, condená-los e até excluí-los da família”. 
Considerando a fala de Machado e Gonçalves (2003) acerca da conceituação de violência doméstica, pode se dizer que esteja atrelada a qualquer ato ou conduta, seja qual for sua natureza, que tenha o propósito de imprimir, de modo reiterado e intenso, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, mesmo que se estabeleça de forma direta ou indireta, caracterizado por ameaças, coação, enganos, a alguém ou grupo de pessoas que coabite em mesmo ambiente doméstico privado, seja crianças, jovens, mulheres. Podendo ser este cônjuge, companheiro marital, ou ex-companheiro marital ou ex-cônjuge.
Lourenço e Carvalho (2001) enquadram a violência doméstica como um problema de caráter eminentemente social, cujas dimensões são universais, irradiam para diversoscampos, como: cultura, economia, etnia, religiosidade ou gênero. Podendo atingir as diferentes classes sociais, primordialmente aqueles que estão em maior grau de vulnerabilidade, que são: mulheres, crianças e idosos. E pontuam seu conceito por:
uma transgressão aos sistemas de normas e de valores que se reportam em cada momento, social e historicamente definido, à integridade da pessoa. Esta definição de violência situa o seu significado não apenas na natureza da força e do agente agressor, mas também nos efeitos de quem a sofre, isto é, da vítima. Esta noção de violência pressupõe, assim, um sistema de valores, um contexto histórico determinado – isto é, ao significado que a vítima atribui ao acto, percepcionando-o como um ato violento ou não violento. […] a violência surge como uma realidade socialmente construída. (LOURENÇO; CARVALHO, 2001, p. 98). 
Na visão dos autores acima, Lourenço e Carvalho (2001) enquadram a violência doméstica como um problema de natureza social, que lesiona a dignidade da pessoa e envolve diversos atores e conjunturas, como o agressor, as vítimas, os atos, os processos e o contexto onde se desdobram os fenômenos, que terá uma profunda influência sobre a realidade social dos envolvidos. 
De acordo com o entendimento da Organização das Nações Unidas, quando da realização da IV Conferência Mundial Sobre as Mulheres em Pequim, em 1995, a violência contra a mulher se coloca como um entrave para que se consiga estabelecer a igualdade, o desenvolvimento e a paz mundial, além de lesionar, prejudicar e anular a possibilidade de acesso a seus direitos fundamentais. 
De modo que, estas mulheres e meninas ficam vulneráveis e expostas a todos os tipos de maus-tratos, sejam de ordem física, sexual ou psicológica, tanto no âmbito público, quanto privado. Assim, a violência contra a mulher pode ser definida como: 
quaisquer atos de violência, inclusive ameaças, coerção ou outra privação arbitrária de liberdade, que tenham por base o gênero e que resultem ou possam resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica, e que se produzam na vida pública ou privada. Por conseguinte, a violência contra a mulher pode assumir, entre outras, as seguintes formas: a) a violência: física, sexual e psicológica que ocorre na família, inclusive sevícias; o abuso sexual das meninas no lar, a violência relacionada com o dote, a violência por parte do marido, a mutilação genital e outras práticas tradicionais que atentam contra a mulher, a violência exercida por pessoas outras que o marido e a violência relacionada com a exploração; b) a violência: física, sexual e psicológica no nível da comunidade em geral, inclusive as violações, os abusos sexuais, o assédio e a intimidação: física, sexual e psicológica perpetrada ou tolerada pelo Estado, onde quer que ocorra. (ONU MULHERES, 1995, p. 189).
Considerando a conceituação legal aos tipos de violência, com base na Lei nº. 11.340 de 2006, que estabelece mecanismos para coibição de violência doméstica e familiar contra a mulher, chamada de Lei Maria da Penha, em seu art. 7º[footnoteRef:2] estabelece que, os tipos de violência se estendem sobre as formas: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. [2: II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018). 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. (BRASIL, 2006). ] 
De modo que, para fins de esclarecimento acerca da violência psicológica, o legislador dispôs que, esta se apresenta quando existe uma conduta que infligida sobre as vítimas, restar algum dano emocional e diminua sua autoestima, prejudicando assim seu pleno desenvolvimento, passando a exercer controle e prejuízo de suas ações, comportamento, escolhas e crenças, por meio de ameaça, humilhação, manipulação, isolamento reiterado, vigília, perseguição, chantagem, o insulto, a intimidade violada, ridicularização da vítima, sua exploração, limitação ao direito de ir e vir ou outras formas que prejudique sua saúde psicológica e autodeterminação. (BRASIL, 2006). 
Concernente aos tipos de violência doméstica, pode se esquematizar da seguinte forma:
Quadro 01: Formas de exercício da violência doméstica
Fonte: Alves (2005)
O quadro acima descrito por Alves (2005), com base em Machado e Gonçalves (2003), aponta que a violência no âmbito doméstico e familiar se estabelecem de múltiplas formas, primordialmente referente as formas física, psíquica e sexual.
2.2 A Temática da Violência Psicológica e seus impactos sobre a Mulher
Com relação a violência doméstica, embora não seja exclusivamente ligada ao fator de gênero, o quadro mais comum é a violência contra a mulher, mesmo que ela se estenda ao idoso, à criança, deficientes físicos e mentais, contra o homem e que também se inclua a violência contra animais. 
Neste contexto, antes de se aprofundar nas consequências e reflexos da violência no âmbito doméstico, devem ser considerados a conjuntura cultural, os fatores que influenciam a dinâmica e papel social da mulher e as questões de gênero. 
Tais elementos estão intrinsecamente ligados à construção das divisões sociais e familiares, nas quais a mulher é submetida a uma posto desigual em relação ao homem, uma vez que a sociedade condena a mulher a assumir uma desvalorização de seu potencial e todo o sistema político, jurídico, religioso, intelectual e artístico acentuam esta desigualdade e privilegia o homem, de forma a colocá-lo em uma posição hierarquicamente superior, condicionando estes sujeitos a cumprirem funções sociais específicas, Alves e Alves (1985). 
Esta conjuntura relaciona-se ao termo violência de gênero, definida pela Lei Maria da Penha, que estabelece a ideia de que as diferenças sociais existentes entre o homem e a mulher são postas culturalmente e no campo psicológico tem suas construções e funções sociais definidas, nas quais ao homem é referenciado uma força e poder superior, perante aos quais a mulher deve ser submissa e frágil, associada sempre ao lado emocional contrapondo o lado racional que pertence ao homem, conforme dispõe Bandeira (2009).
Ao analisar o papel desempenhado pelo gênero feminino no meio social, Simone Beauvoir (1967, p. 364) afirma que ele é algo criado socialmente, que a condição da mulher não é biológica, não se herda, mas é construído e condicionado aos padrões econômico, social e histórico e a fêmea que assume o papel e a função de mulher deve estar sujeita a dominação masculina, pois “o quinhão da mulher é a obediência e o respeito. Ela não tem domínio, nem sequer em pensamento, sobre essa realidade que a cerca”. 
Para Bourdieu(2006) esta dominação hierárquica do homem é possível graças a uma divisão sexualizante do mundo datada dos tempos remotos, na qual o ser masculino, construído socialmente deve exercer atos como violentar, dominar, explorar ou oprimir e caso não atue desta forma, será excluído do mundo dos homens. E mesmo que atualmente exista uma inserção das mulheres nos diversos segmentos sociais e de mercado, esta igualdade é velada, dado que persiste uma atuação violenta do homem no seio familiar, reafirmando as desigualdades e as relações de poder, traduzidas em violência de gênero. 
O supracitado autor afirma que nem sempre esta dominação é explícita, mas que ocorre de forma simbólica, sutil e imperceptível pelas vítimas, sendo este comportamento socialmente aceito, dada a passividade e naturalidade da sociedade frente a esta temática, pois a força particular da “sociodicéia masculina lhe vem do fato, de ela acumular e condensar duas operações: ela legitima uma relação de dominação inscrevendo- a em uma natureza biológica, que é, por sua vez, ela própria biológica que é uma construção social naturalizada” (BOURDIEU, 2006, p. 33).
Os impactos desta violência perpassam pelos danos envolvendo o processo de saúde-doença desenvolvidos no espaço onde se estabelecem as relações conjugais, perpetuando as agressões em episódios de múltiplas e crescentes dimensões e gravidade, que acarretam consequências negativas que se irradiam por todos os aspectos da vida destas vítimas, conforme pontuam Guedes, Silva e Fonseca (2009) em suas pesquisas:
Eu já tive até um problema de AVC e paralisia facial devido a tanto estresse. (E1). Dentro destes três anos e meio, eu perdi dois bebês, de muita raiva. (E2). A saúde foi a pior de todas, porque eu fiquei cardíaca, nervosa; minha pressão é altíssima. (E2). Eu sou hipertensa, aí se agrava mais, porque ontem, pra eu dormir, tive que tomar Diazepam, porque, senão, eu não tinha dormido com a minha pressão lá em cima. (E3). Tanta coisa... [choro] Eu estou com depressão (E4). E hoje eu sou muito nervosa, não tenho condições de falar com ninguém, me tranco dentro do quarto e fico lá o dia todinho (E2). [...] Eu fico tão sufocada..., com qualquer coisinha eu já estou me tremendo, eu já fico nervosa, fico chorando. Ele não pode tomar um gole de cerveja que eu já fico me acabando (E5). [...] Ele bom não me esculhambava, era mais quando estava embriagado, então eu passei a ser uma pessoa muito nervosa, compulsiva por demais [...]cheguei a engordar 20 quilos[...](E6). (GUEDES; SILVA; FONSECA, 2009, p. 628). 
As autoras relatam que em sua pesquisa fizeram coletas de diversos depoimentos contendo narrativas de episódios de pressão emocional sofrida pelas mulheres vítimas de violência conjugal, que desencadearam quadros de ansiedade e depressão, comportamento agressivo dos agentes abusivos, potencializados pelo alcoolismo, que sempre está associado aos atos de agressão e violência, cujas consequências, além do aumento da ansiedade, temor, insegurança ou dependência, pode desencadear: “desordem do estresse pós-traumático, medo, fadiga, depressão, ansiedade, disfunção sexual, desordens de alimentação, desordens múltiplas de personalidade e distúrbios do sono”. (GUEDES; SILVA; FONSECA, 2009, p. 628). 
As maiores consequências da violência contra a mulher estão inclusas no campo da saúde, é recorrente a essas vítimas o desenvolvimento de diversos problemas relacionados a destruição da autoestima, a diminuição da qualidade de vida, além de desestruturação da vida pessoal, familiar e social das vítimas. E tal realidade está imbricada com problemas sociais, como: falta de emprego, marginalização, desigualdades sociais, alcoolismo e uso de drogas. (NETTO et al, 2014). 
Os autores acima recortam as consequências da violência conjugal em quatro dimensões: a primeira é o comprometimento da conservação da energia da mulher, que passa a apresentar fraqueza, falta de apetite e emagrecimento; a segunda está relacionada com o comprometimento da integridade estrutural das vítimas, com desenvolvimento de ansiedade, distúrbios alimentares, consequências físicas das agressões, como hematomas, dores e machucados; a terceira consequência é o comprometimento da integridade pessoal da mulher, hematomas psicológicos e aniquilação do ser, reflexos dos abusos sofridos, com humilhação, degradação, insultos, perseguição ou ridicularização; e, por fim, a quarta consequência, qual seja, o comprometimento da integridade social da mulher, quando as relações sociais passam a ser desfeitas e as vítimas perdem o interesse pelas interações com outras pessoas e procuram isolamento, em decorrência do comportamento do agressor. 
 
3 A SITUAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL
3.1 As Taxas de Homicídios de Mulheres e o Feminicídio
	
De acordo com o Atlas da Violência 2021, pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no ano de 2019, o número total de mulheres assassinadas no Brasil foi de 3.737 (três mil, setecentos e trinta e sete). O que significa que, para cada 100 mil mulheres no Brasil, 3.5 foram assassinadas em 2019 em razão de sua condição de gênero, uma redução de 17,9% em relação ao ano anterior, considerando a taxa 4,3 de mulheres mortas para cada 100 mil mulheres, em 2018.
Embora os dados apontem para uma alta incidência, houve uma significativa redução em relação aos dados de 2018, que foram de 4.519 homicídios femininos, o que representou uma diminuição de 17,3% em números absolutos. Mostrando que tais números acompanharam uma tendência geral, uma vez que os indicadores de homicídios totais, incluindo tanto homens quanto mulheres reduziram 21,5%, em comparação do período de 2018 e 2019. (CERQUEIRA, 2021). 
A referida pesquisa mostra que estes dados são referentes aos números de mulheres vítimas fatais em razão de sua condição de gênero feminino, no contexto de violência doméstica ou familiar, mas também estão juntos os números de violência fatal em decorrência de situações urbanas, como latrocínio e outros conflitos. 
Mas, em se tratando de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), houve um aumento na incidência para o mesmo período, um “incremento de 35,2% de 2018 para 2019, um total de 16.648 casos no último ano”. (CERQUEIRA, 2021, p. 36,). Comparando os dados de feminicídio, que chegam a 3.737 mulheres assassinadas em 2019, com os dados de mulheres que foram mortas de forma violenta, mesmo sem ter relação da causa, podendo ser homicídio, suicídio ou acidente, o número de vítimas foi de 3.756 mulheres, um aumento de 21/6% entre 2018 e 2019. 
Quando se tem a segmentação destes dados por Estados, proporcionalmente, considerando a taxa de homicídios de mulheres por 100 mil mulheres, curiosamente, o Estado de São Paulo tem o menor índice de feminicídio para o ano de 2019, que ficou em 1,7, contrastando com o Estado de Roraima, que recebeu o percentual de 12,5 vítimas fatais para 100 mil mulheres, conforme aponta o gráfico 01:
Gráfico 01: Taxa de Homicídio por 100 mil Mulheres nos Estados (2019)
Fonte: Cerqueira (2021)
Vale ressaltar, no gráfico acima, a posição de destaque do Estado de Alagoas, que assume a 6ª posição de maior número de feminicídio no Brasil, em 2019, sendo o segundo maior entre a região nordeste, perdendo apenas para Rio Grande do Norte. Enquanto houve redução do número de mulheres mortas no Brasil em diversas capitais, como Ceará, com o maior índice (-53,8%), Rio de Janeiro (-43,1%) e Roraima (-38,7%), Alagoas figura o maior índice crescente destes fenômenos entre 2018 e 2019, um crescimento alarmante de 33,6%, acompanhado por Sergipe (31,2%), Amapá (24,3%), Santa Catarina (23,7%) e Rondônia (1,4%).
A pesquisa ainda infere: 
Ao analisarmos a variação nas taxas de homicídios de mulheres de 2009 a 2019 tem-se um cenário um pouco diferente. Apesar de o Brasil ter apresentado uma redução de 18,4% nas mortes de mulheres entre 2009 e 2019, em 14 das 27 UFs a violência letal contra mulheres aumentou. Neste período,os aumentos mais expressivos foram registrados nos estados do Acre (69,5%), do Rio Grande do Norte (54,9%), do Ceará (51,5%) e do Amazonas (51,4%), enquanto as maiores reduções aconteceram no Espírito Santo (-59,4%), em São Paulo (-42,9%), no Paraná (-41,7%) e no Distrito Federal (-41,7%). (CERQUEIRA, 2021, p. 37). 
Para representar esta evolução, o gráfico 02 aponta os estados com maiores taxas de homicídio de mulheres:
Gráfico 02: Taxa de Homicídio por 100 mil Mulheres nos Estados (2019)
Fonte: Cerqueira (2021)
Com relação a segmentação da cor, o Atlas da violência aponta que entre 2009 e 2019 não houve redução de homicídios entre as mulheres negras, mas sim, aumento de 2% em uma década, passando de 2.419 vítimas em 2009 para 2.468 em 2019. Enquanto entre as mulheres não negras, a redução foi de 26,9%, saindo de um total de 1.636 mulheres assassinadas em 2009 para 1.196 em 2019. 
Considerando os homicídios de mulheres nas residências, ou a chamada qualificadora feminicídios, modalidade de crime que foi introduzida ao Código Penal por meio da Lei nº 13.104/2015, abrangendo o homicídio doloso de mulheres motivado pelo contexto de violência doméstica ou desprezo pelo sexo feminino, houve um crescimento de 10,6% de 2009 para 2019, contrastando com a redução de 20,6% dos homicídios fora do domicílio para o 
incorporada ao Código Penal como uma qualificadora do crime de homicídio em 2015. Assim, a definição dada pela Lei Nº 13.104/2015 considera o feminicídio um tipo específico de homicídio doloso, cuja motivação está relacionada aos contextos de violência doméstica ou ao desprezo pelo sexo feminino.
3.2 Os Dados Sobre a Violência Contra a Mulher
Considerando a questão da violência contra as mulheres, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública em seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição de 2022, a partir de 2017, o monitoramento destes fenômenos apontam que houve uma significativa mudança na atuação das instituições policiais e de justiça criminal, que passaram a adotar uma perspetiva de gênero no atendimento às mulheres vítimas de violência, tanto nas investigações policiais, quanto nos desdobramentos jurídicos processuais, criando núcleos de estudos e acompanhamentos, atualização e melhorias dos registros e unidades especializadas em atendimento às mulheres. 
Entretanto, o aludido relatório informa que, mesmo com tais medidas, a sociedade brasileira ainda tem de lidar com um contexto de “violência cotidiana, que acontece principalmente dentro das casas dessas mulheres e, infelizmente, cometida por pessoas conhecidas, com as quais têm ou tiveram algum tipo de vínculo afetivo”. (BRASIL, 2022).
E em 2020, a situação da pandemia de Covid-19 agravou a situação de vulnerabilidade de muitas mulheres e meninas, dado a necessidade de conviver mais tempo em suas residências e em contato maior com seus agressores, em decorrência do isolamento social, impossibilitando-as de recorrerem a serviços públicos e redes de apoio. O que é comprovado pelas estatísticas, que apontam para uma queda dos números de crimes letais contra a mulher, mas um aumento dos casos de violência, pois:
houve um sensível aumento das denúncias de lesão corporal dolosa e das chamadas de emergência para o número das polícias militares, o 190, ambas no contexto de violência doméstica, assim como aumento dos casos notificados de ameaça (vítimas mulheres). A quantidade de medidas protetivas de urgência solicitadas e concedidas também tiveram aumento considerável […] (BRASIL, 2022, p. 5). 
Com relação aos dados sobre feminicídio e homicídio de mulheres no Brasil entre 2020 e 2021, houve uma redução, em números absolutos, passando de 3.999 mulheres no primeiro ano, para 3.878 no último ano, uma variação de (-1,7%), conforme apontam o quadro abaixo:
 
Quadro 02: Homicídios de mulheres e feminicídios (Brasil – 2020 a 2021)
Fonte: Brasil (2022).
Merece destaque o percentual de queda nas estatísticas alagoanas, tanto nos casos de homicídios contra mulheres, com uma diminuição de 32%, quanto na taxa de feminicídio, que variou negativamente em 28,9%, ambos no período de 2020 a 2021.
Entretanto, ao contrário dos casos de violência letal contra as mulheres que diminuíram entre 2020 e 2021, os dados acerca da temática da violência doméstica, apontam um crescimento dos casos, conforme pontuam o quadro 03 abaixo:
Quadro 03: Lesão corporal dolosa (Brasil – 2020 a 2021)
Fonte: Brasil (2022).
Enquanto os casos de violência doméstica no Brasil cresceram na proporção de 0,6%, em Alagoas o crescimento foi bem acentuado, chegando a 20,4%, entre 2020 e 2021. 
No período entre os anos de 2016 a 2021, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2022, aponta que houve um crescimento de 45% para os casos de violência doméstica, que saiu de um total de 404 em 2016 para 587 em 2021m conforme ilustra o gráfico 03 abaixo:
Gráfico 03: Casos de violência doméstica (Brasil – 2016 a 2021)
Fonte: Brasil (2022).
Os dados apontam que, mesmo com uma série de mudanças e avanços no sentido de enfrentamento à violência contra as mulheres, não se reverteu a tendência de crescimento nestes casos de violência, embora o Poder Judiciário tenha olvidado uma série de medidas para conter este crescimento, como exemplo o aumento na concessão de medidas protetivas de urgência em favor de mulheres em contexto de violência doméstica, que em números absolutos em 2020 foram 323.570 MPUs, aumentando para 370.209 MPUs concedidas em 2021, um crescimento de 14,4%. 
Isso mostra que a Justiça, “não só tem acompanhado, com muita atenção, o aumento do número de casos de violência doméstica, como também tem atuado, de maneira cada vez mais firme e contundente, contra esse problema, assegurando às vítimas a concessão de medidas protetivas”. (BRASIL, 2022, p. 155).
Entretanto, considerando o número crescente de feminicídio, entre 2016 que foi de 929 e 2021, que teve um saldo de 1.341 mortes, um aumento de 44,3%. E se sabe que:
a violência doméstica é progressiva, ou seja, tende a começar com agressões verbais, humilhações e constrangimentos, podendo evoluir para agressões físicas e até para o seu ápice, que é o feminicídio. Portanto, até chegar ao extremo de ser assassinada, a vítima muito provavelmente já passou por outros tipos de agressão e, em muitos casos, já buscou ajuda do Estado — o qual, por sua vez, mostrou-se incapaz de assegurar-lhe a devida proteção. (BRASIL, 2022, p. 157).
Neste sentido, o supracitado relatório aponta que das 67.779 denúncias de violência doméstica contra mulheres recebidas pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), 12% (8.033) se tratou de descumprimento de medidas protetivas de urgência, ou seja, “nesses casos, a mulher já tinha sido vítima de violência, detinha pelo menos uma MPU em seu favor, mas o Estado mostrou-se incapaz de assegurar efetividade a essa medida”. (BRASIL, 2022, p. 157). 
Tal realidade denota certa ineficiência do Poder Público em dar as respostas adequadas a esses tipos de violência, bem como de assegurar a efetividade das medidas protetivas. 
Outros dados importantes fazem referências às chamadas de emergência registradas em casos de violência doméstica e os casos de ocorrência de crime de ameaça contra mulheres. No ano de 2020, o total de chamadas de emergência (190) foi de 44.270.615 ligações, diminuindo 5,3% em 2021 (41.938.476). Considerando as chamadas de emergência relacionadas à violência doméstica, o quantitativo foi de 595.705, tendo aumentado em 2022, com um crescimento de 4%, com 619.353 ligações. 
Considerando a proporção entre as ligações de violência doméstica em relação as demais chamadas, o percentual cresceu de 1,3% das chamadas em 2020 para 1,5% em 2021. Apontando a crescente demanda da violência no contexto familiar contra as mulheres. 
Considerando o crime de ameaça contra as mulheres, o supracitado relatório aponta que no Brasil, em 2020 foram 574.420 casos, contra 597.623 casos em 2021, um aumento de 3,3%, conforme aponta o quadro 04:
Quadro 04: Lesão corporaldolosa (Brasil – 2020 a 2021)
 
Fonte: Brasil (2022).
Tal realidade corrobora com a tendência de aumento de ocorrências de diversos tipos de violência doméstica, o que foi mais intensificado em decorrência da pandemia de Covid-19. Em Alagoas, o crescimento foi mais acentuado, de 27,7%, dado que entre 2020 e 2021, os números subiram de 4.190 casos para 5.379 casos. 
4	LEGISLAÇÃO DE ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
4.1 A Lei Maria da Penha (Lei 11340/06)
A legislação brasileira que trata sobre as formas de erradicação da violência contra a mulher encontra base nos acordos e convenções internacionais. O primeiro deles é a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a mulher, aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU em 1993, que estabeleceu um conceito de violência[footnoteRef:3] contra as mulheres e se tem a perspectiva pública de problemas atinentes ao âmbito privado. [3: Artigo 1.º Para fins da presente Declaração, a expressão “violência contra as mulheres” significa qualquer acto de violência baseado no género do qual resulte, ou possa resultar, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico para as mulheres, incluindo as ameaças de tais actos, a coacção ou a privação arbitrária de liberdade, que ocorra, quer na vida pública, quer na vida privada. (ONU, 1993). 
] 
Posteriormente, a Convenção Interamericana para Prevenir e Erradicar a Violência contra a Mulher, que aconteceu no Brasil, conhecida como Convenção de Belém do Pará, por ter acontecido em Belém do Pará foi adotada pela Organização dos Estados Americanos – OEA no ano de 1994, que aduz em seu preâmbulo:
a violência contra a mulher transcende todos os setores da sociedade, independentemente de sua classe, raça ou grupo étnico, níveis de salário, cultura, nível educacional, idade ou religião, e afeta negativamente suas próprias bases; Convencidos de que a eliminação da violência contra a mulher é condição indispensável para seu desenvolvimento individual e social e sua plena igualitária participação em todas as esferas da vida e Convencidos de que a adoção de uma convenção para prevenir, punir e erradicar toda forma de violência contra a mulher, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, constitui uma contribuição positiva para proteger os direitos da mulher e eliminar as situações de violência que possam afetá-las. (OEA, 1994). 
Conforme dispõe Lima (2009), estes tratados asseguram o dever ao Estado em acautelar e afastar, com relação a violência de gênero os danos individuais e coletivos, sendo estas legislações de extrema importância para salvaguardar a integridade física, psíquica e moral da mulher. Entretanto, o Brasil por muitos anos não possuía qualquer normativa que estipulasse uma mínima proteção da mulher contra violência doméstica. 
Nesse âmbito, era aplicada em casos de proteção contra a violência doméstica, a Lei 9.099/95, a lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, cuja aplicação se dá para os crimes de menor potencial ofensivo, que de forma abusiva reforçava a vulnerabilidade da mulher, colocando no bojo de crimes não graves os atos de violência doméstica e incentivando a impunidade e naturalização da violação da mulher, seus direitos, seus corpos e sua vida. (LIMA, 2009). 
Além do grande marco de nossa legislação, a Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, outro importante instrumento foi a Lei 13.104/2015, que trata sobre a modalidade específica de feminicídio, nova qualificadora para o assassinato de mulheres, temática que será posteriormente tratada.
Considerando o histórico da criação da Lei Maria da Penha, Souza e Baracho (2015) relatam que em 1998 a senhora Maria da Penha Maia Fernandes, juntamente com o Comitê Latino Americano e do Caribe para Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM e o Centro para Justiça e o Direito Internacional representaram o Estado brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, denunciando o descaso do Poder Público brasileiro com relação ao abuso de violência doméstica sofrido, dado que:
Em 1983 Maria da Penha sofreu uma tentativa de homicídio por parte de seu marido, que atirou em suas costas, deixando-a paraplégica. Na ocasião, o agressor tentou eximir-se de culpa, alegando para a polícia que se tratava de um caso de tentativa de roubo. Duas semanas após o atentado, Maria da Penha sofreu nova tentativa de assassinato por parte de seu marido, que, dessa vez, tentou eletrocutá-la durante o banho. Com isso, Maria da Penha decidiu ajuizar ação para a resolução dos problemas. Conforme apurado junto às testemunhas do processo, o agressor teria agido de forma premeditada, pois, semanas antes da agressão, tentou convencer a então esposa a fazer um seguro de vida em seu favor e, cinco dias antes, fez com que Maria da Penha assinasse o documento de venda de seu carro sem que constasse no documento o nome do comprador. Posteriormente à agressão, Maria da Penha ainda descobriu que o marido era bígamo e tinha um filho em seu país de origem, a Colômbia. (SOUZA; BARACHO, 2015, p. 82-84). 
De acordo com os autores supracitados, mesmo após 15 anos dos crimes praticados pelo marido de Maria da Penha, nenhuma sentença condenatória havia sido prolatada pelos Tribunais brasileiros, restando ao agressor nenhuma punição ou qualquer medida efetiva de proteção à vítima. E a denúncia do citado caso foi um marco para evidenciar o padrão sistemático de descaso e omissão pelo qual era tratada a violência doméstica contra mulheres no Brasil, uma vez que mesmo após mais de uma década não haviam sido esgotados todos os recursos jurisdicionais internos e o caso não possuía decisão final.
O desfecho do caso se deu com a prisão do agressor em outubro de 2002, quando o Estado brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por omissão, negligência e tolerância à violência doméstica contra mulheres, sendo condenado a assumir o compromisso de reformular as suas leis e políticas com relação a proteção da mulher com relação aos casos de violência doméstica, Souza e Baracho (2015). 
Sendo assim, a Convenção de Belém do Pará foi aplicada pela primeira vez no Brasil. Tendo como saldo das medidas imposta pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Brasil algumas alterações legislativas no sentido de proteção maior a mulher e mitigação da violência doméstica. A primeira delas foi a Lei nº. 10.455 de 2002, que acrescentou uma medida cautelar de natureza penal na Lei nº 9.099/95, com previsão de afastamento do agressor de sua casa para os casos de violência doméstica. 
Em 2004, outra mudança normativa aconteceu com a Lei nº. 10.886, que mudou o art. 129 do Código Penal Brasileiro, criando uma modalidade de lesão corporal decorrente de violência doméstica expandido a sanção do agressor de 03 para 06 meses de detenção. 
Posteriormente, graças ao trabalho árduo do movimento de mulheres e feministas, bem como o esforço empenhado do consórcio das organizações não governamentais, como a Agende, Advocacy, Cepia, Cfemea, Cladem, Themis e SPM impulsionaram a formação de um Grupo de Trabalho Interministerial em 2004, sob a coordenação da então ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres Nilcéa Freire que resultou na elaboração de uma proposta de medida legislativa que contemplasse a proteção e a coibição da violência contra a mulher, por meio do Projeto de Lei nº. 4559. (SOUZA e BARACHO, 2015). 
Após os desdobramentos dos processos legislativos, foi aprovada em agosto de 2006 a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), que cria mecanismos para enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher, com base no §8º do art. 226, que aduz: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. (BRASIL, 1984). 
A Lei Maria da Penha, nome em homenagem ao emblemático caso de abuso e violência doméstica sofrida por Maria da Penha, trouxe importante contribuição à luta pelos direitos e igualdadedas mulheres no Brasil, ao reconhecer a violência baseada no gênero como forma violação aos direitos humanos, mitigando essa violência com a ampliação das medidas contra as discriminações contra mulheres, que não se encerram apenas em sua criminalização, mas ampliando para outras ações e medidas. (PASINATO, 2015).
 Outras características da Lei Maria da Penha, conforme pontua Pasinato (2015) foi ampliar a definição da violência doméstica, que passou a incluir a violência física, sexual, psicológica, patrimonial e moral como comportamentos e ações de violência baseada no gênero. E esta normativa tratou de inserir ações de proteção, punição e prevenção que dependem de uma articulação adequada entre os três poderes – Executivo, Judiciário e Legislativo- no âmbito do governo federal, estadual e municipal. 
Importante ressaltar que a referida lei traz uma abordagem integral da violência, observando as recomendações das Nações Unidas, traz em seu bojo formas de proteção e promoção dos direitos das mulheres, que excedem ações punitivas e restritivas de direitos contra os agressores, mas estipulam o acesso das mulheres ao direito de viver sem violência e não tem atuação exclusiva no âmbito penal, embora:
estejam previstas atribuições para polícias civis, ministério públicos, defensorias públicas e tribunais de justiça, e boa parte dessas atribuições também requeiram inovações na forma de tratamento judicial da violência doméstica e familiar, a legislação também amplia a participação de outros setores no atendimento às mulheres, na proteção de direitos e na prevenção da violência. Para tanto, recomenda a articulação com outras áreas do Direito (cível, de família), com os setores da saúde, assistência social, do trabalho e previdência social, com as políticas de previdência social, trabalho e emprego, para o empoderamento econômico das mulheres, bem como com as políticas de educação para a prevenção e mudança social que se almeja alcançar. (PASINATO, 2015, p. 534)
Em síntese sobre a Lei 11.340/06, o Instituto Maria da Penha, organização não governamental sem fins lucrativos que foi fundado em 2009 em Fortaleza pela Senhora Maria da Penha que tem o objetivo de contribuir e fortalecer mecanismos de coibição e prevenção à violência doméstica e familiar contra a mulher, afirma que: em seu Título I, ela determina responsabilidade da família, sociedade e poder público quanto ao exercício do poder pleno de direitos da mulher; o Título II aborda sobre o contexto do espaço onde acontecem as agressões, definindo as formas dessa violência doméstica (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral); o Título II aborda os tipos de assistência devida a mulher vítima da violência doméstica, com medidas integradas de prevenção, atendimento realizado pela polícia e serviço social, ligada as redes de proteção devida à estas vítimas; o Título IV trata sobre a abordagem processual, com relação a assistência jurídica, atuação do Ministério Público, bem como as medidas protetivas de urgência, inovação trazida pela normativa em tela; no Título V, têm-se a previsão da criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, com dotação orçamentária atinente ao Poder Judiciário para criação e manutenção de equipe multidisciplinar (psicossocial, jurídica e de saúde) para atendimento às vítimas; o Título VI prevê a competência das varas criminais para receberem e processarem casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres; e o Título VII estabelecem os mecanismos de proteção a mulher, com a integração de diversos equipamentos, como os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, casas-abrigo, delegacias, núcleos de defensória pública, serviços de saúde e centros de educação e reabilitação para os agressores, além de instituir aos órgãos de segurança pública e judiciário a criação de bases de dados com estatísticas sobre a violência doméstica, para fins de criação de políticas públicas. 
Merece destaque a inovação legislativa das Medidas Protetivas de Urgência, que podem ser aplicadas em favor das mulheres vítimas da violência doméstica e são postas para assegurar a mulher o seu direito a uma vida sem violência, detendo o agressor de sua prática criminosa em relação a segurança pessoal e patrimonial da mulher e de sua prole, podendo ser concedida de forma única, ou cumulada, ainda ser substituídas por outras que possuam maior efetividade, sendo requerida pela ofendida, ou pelo Ministério Público. (CAVALCANTE, 2014). 
4.2 A Lei do Feminicídio (Lei 13.104/15)
A Lei 13.104/15, sancionada em março de 2015, trouxe uma importante alteração ao Código Penal Brasileiro, estabelecendo o feminicídio, qualificadora ao crime de homicídio cometido contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino, envolvendo o contexto da violência doméstica e familiar, ou ainda, o menosprezo ou discriminação em decorrência da condição de mulher. 
De modo que a referida lei estabelece as seguintes causas de aumento de pena:
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR) (BRASIL, 2015). 
Destaque para o aumento da pena base do feminicídio, que se diferencia do homicídio simples, cuja sanção é a pena de reclusão de seis meses a vinte anos, de modo a perfazer uma pena de doze a trinta anos de reclusão. Outra mudança relevante trazida pela Lei do feminicídio foi a alteração da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, a Lei dos crimes hediondos, para incorporar em seu rol o crime de feminicídio, conforme letra de lei: 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:  
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); (BRASIL, 1990). 
Pode-se estabelecer uma relação direta entre a legislação de feminicídio e um avanço das políticas de gêneros, agenda permanente dos grupos feministas, que efetivou busca pelo sistema jurídico penal para mediar uma solução aos casos de violência de gênero, política legislativa que deu continuidade a Lei Maria da Penha, conforme pontua Campos (2015, p. 105):
A categoria femicídio/feminicídio é oriunda da teoria feminista. O termo femicídio (femicide) é atribuído a Diana Russel, que em 1976 o utilizou para referir a morte de mulheres por homens pelo fato de serem mulheres como uma alternativa feminista ao termo homicídio que invisibiliza aquele crime letal. 1 Portanto, inicialmente o termo foi concebido como um contraponto à neutralidade do termo homicídio. [...] fim extremo de um continuum de terror contra as mulheres que inclui uma variedade de abusos físicos e psicológicos, tais como o estupro, a tortura, a escravidão sexual (particularmente a prostituição), o incesto, o abuso sexual contra crianças, agressão física e sexual, operações ginecológicas desnecessárias, assédio sexual, mutilação genital, heterossexualidade forçada, esterilização forçada, maternidade forçada (pela criminalização do aborto), cirurgia cosmética e outras cirurgias em nome da beleza. Qualquer dessas formas de terrorismo que resultem em morte será femicídio.2 O femicídio aparece então, como o extremo de um padrão sistemático de violência, universal e estrutural, fundamentado no poder patriarcal das sociedades ocidentais.
De acordo com Campos (2015), A Lei 13.104/15 foi resultado de um continuum de leis que visam a criminalização de condutas violentas no âmbito doméstico e familiar, que teve como ponto de partida a Lei Maria da Penha, tendência em adequação brasileira a compromissos internacionais, previstos na 7ª Sessão Comissão sobre o Status da Mulher, da ONU, comfins de reforço ao sistema normativo nacional para proteção da mulher e punição de agressores assassinos, violentos, compondo um robusto sistema de política pública específicas para prevenir, investigar e erradicar todas as formas de violência de gênero, conforme descreve a Convenção de Direitos Humanos de Belém do Pará:
6. Adotar medidas para prevenir e punir o femicídio, tanto no âmbito privado como público. Dar seguimento à aplicação das mesmas pelos e pelas juízas e promotoras de justiça, e remover, quando necessário, os obstáculos judiciais que impedem as e os familiares das vítimas obter justiça ou atenuar a pena para o agressor que alega ‘violenta emoção’ (OEA, 2012, p. 97)
Embora as legislações que combatem a violência de gênero contra a mulher se apresentem como um avanço na política de proteção e amparo a estas vítimas, sendo visibilidade do Estado a abrangência ao seu pleno direito à vida, na contramão, os dados que pontuam os números de violência doméstica e feminicídio tem crescido nos últimos anos, traços das características culturais da sociedade brasileira, extremamente sexista, machista e misógina, devendo ser combatido em sua base com políticas educacionais nas escolas, nos lares, além da necessidades de se endurecer as leis penais, como algumas Propostas de Emenda Constitucionais que tramitam na Câmara, que tornam o feminicídio imprescritível inafiançável. (BITTAR, 2020).
5	AS POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO E COMBATE À VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER NO BRASIL
5.1 O Papel das Políticas Públicas como Instrumento de Defesa das Mulheres
A Constituição Federal de 1988 inaugura no Brasil uma atuação do Poder Público baseado nas políticas públicas, que assume uma natureza prestacional, não mais assistencialista, ou com características de ajuda, ocasional, de emergência, mas um direito do cidadão coberto pelos entes federativos nos três níveis, União, estado e municípios.
Para Bucci (2002), a conceituação de políticas públicas pode ser entendida como medidas jurídicas, administrativas, orçamentários e financeiras integradas a um plano operativo de determinado governo para cumprir alguma obrigação relativa ao dever do Estado em suas atividades e objetivos sociais. Sendo estas metas administrativas inclusa nos programas constitucionais ou infralegal, atuando como um instrumento governamental, que deve estar sujeito ao controle jurisdicional.
De modo que:
As políticas públicas demandam a atuação dos Poderes, do Ministério Público, e, cada vez mais, a participação social. Com efeito, o Poder Executivo é legitimado constitucionalmente a tomar a inicia- tiva de formular e implementar políticas públicas. Por sua vez, o Poder Legislativo possui ampla possibilidade de manifestação e deliberação, ressalvados os limites constitucionais, atuando, ainda, no controle e fiscalização das políticas públicas com o auxílio do Tribunal de Contas. (PESSOA, 2015, p. 217).
Conforme exposição no item anterior desta pesquisam a Lei Maria da Penha amplificou e definiu em seus artigos diversas medidas de enfrentamento a problemática da violência doméstica, sendo uma norma diretiva de políticas públicas de natureza preventiva, protetiva a pessoa da vítima e de intervenção, que pode ser classificada em punição, educação e reabilitação do agressor. As medidas preventivas incluem ações que pesem a desconstrução dos mitos e estereótipos de gênero, que proponham a mudança das ideias sexistas e os padrões de desigualdades entre homens e mulheres e da violência contra as mulheres. Enquanto as ações educacionais e culturais estão voltadas para a promoção de valores éticos e a ampla valorização da diversidade étnica, racial e geracionais, com inclusão em todos os currículos escolares programas de respeito aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça. (PESSOA, 2015). 
Entretanto, merece destaque que antes mesmo da elaboração da Lei Maria da Penha, desde a Criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres no ano de 2003, foram definidas algumas ações estratégicas para o enfrentamento da violência contra as mulheres, cujas ações anteriores tinham caráter geral, isolado e se resumiam a duas estratégias: capacitar profissionais que integravam a rede de atendimento às mulheres em situação de violência doméstica e a criação de serviços especializados, como Casas-Abrigos e Delegacias Especializadas no atendimento à Mulher. (BRASIL, 2011). 
A Secretaria de Políticas para as Mulheres promovei ações integradas no sentido de criar normas e padrões do atendimento a este público, construir redes de serviços, apoiar projetos de cunho educativos e culturais envolvendo a temártica de prevenção à violência de gênero, bem como ampliar o acesso das mulheres à justiça e serviços de segurança pública. De modo que estes marcos foram criados por meio dos seguintes documentos e leis: Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres, a Lei Maria da Penha, a Política e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, as Diretrizes de Abrigamento das Mulheres em situação de Violência, as Diretrizes Nacionais de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta, Norma Técnica do Centro de Atendimento à Mulher em situação de Violência, Norma Técnica das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e outros. (BRASIL, 2011). 
Considerando a Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, o conceito de enfrentamento à violência está vinculado a articulação de políticas amplas, que atendam as demandas e complexidades da violência contra as mulheres e seu contexto. 
Assim, pode se dize que:
O enfrentamento requer a ação conjunta dos diversos setores envolvidos com a questão (saúde, segurança pública, justiça, educação, assistência social, entre outros), no sentido de propor ações que: desconstruam as desigualdades e combatam as discriminações de gênero e a violência contra as mulheres; interfiram nos padrões sexistas/machistas ainda presentes na sociedade brasileira; promovam o empoderamento das mulheres; e garantam um atendimento qualificado e humanizado àquelas em situação de violência. Portanto, a noção de enfrentamento não se restringe à questão do combate, mas compreende também as dimensões da prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres. (BRASIL, 2011, p. 25). 
A supramencionada Política Nacional está estruturada em 04 eixos: um eixo ligado a prevenção, com ações direcionadas ao âmbito educacional e cultural, de modo a interferir nos padrões sociais sexistas; o eixo de assistência, que está ligado ao fortalecimento da rede de atendimento e capacitações dos agentes públicos envolvidos no cuidado e atendimento às mulheres vítimas da violência
Quadro 05: Eixos Estruturantes da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
 
Fonte: Brasil (2011).
Com a experiência e a prática, tais eixos temáticos foram reavaliados e compreendeu-se a demanda por uma atualização, sendo constituídos novos eixos: garantia da aplicação da Lei Maria da Penha; ampliação e fortalecimento da rede de serviços para mulheres inseridas no contexto da violência de gênero; garantia da segurança da mulher e acesso à justiça; garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, com o combate à exploração sexual e ao tráfico de mulheres; garantia da autonomia das mulheres em situação de violência e ampliação dos direitos individuais. (BRASIL, 2011). 
5.2 A Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência 
No que diz respeito as medidas de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, merece destaque as estratégias de enfrentamento e atendimento em rede, cujo conceito diz respeito a ações articuladas integrando diversas instituições, serviços disponibilizados pelos governos, serviços ofertados por órgãos não estatais, a sociedade civil e a comunidade, com fins de ofertar estratégias efetivas de prevenção e políticas que promovam “o empoderamento e construção da autonomia das mulheres, os seus direitos humanos, a responsabilização dos agressores ea assistência qualificada às mulheres em situação de violência”. (BRASIL, 2011, p. 13). 
Entretanto, vale destacar que estas redes de proteção às mulheres em situação de violência de gênero estão classificadas em dois tipos: rede de enfrentamento à violência contra as mulheres e rede de atendimento às mulheres em situação de violência. 
A rede de enfrentamento é composta pelos seguintes equipamentos: 
agentes governamentais e não-governamentais formuladores, fiscalizadores e executores de políticas voltadas para as mulheres (organismos de políticas para as mulheres, ONGs feministas, movimento de mulheres, conselhos dos direitos das mulheres, outros conselhos de controle social; núcleos de enfrentamento ao tráfico de mulheres, etc.); serviços/programas voltados para a responsabilização dos agressores; universidades; órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pela garantia de direitos (habitação, educação, trabalho, seguridade social, cultura) e serviços especializados e não-especializados de atendimento às mulheres em situação de violência (que compõem a rede de atendimento às mulheres em situação de violência). (BRASIL, 2011, p. 13-14). 
A rede de atendimento está relacionada a um conjunto de serviços e ações articulados por diversos setores, primordialmente aqueles integrados à assistência social, à justiça, à segurança pública e à saúde, com a finalidade[footnoteRef:4] de ampliar e aperfeiçoar os serviços de atendimento, identificação e encaminhamento conveniente das mulheres vítimas de violência, estando integrado à rede de enfrentamento, conforme dispõe o quadro 06: [4: Finalidade da rede de atendimento às mulheres em situação de violência: (...) garantir o atendimento humanizado e qualificado às mulheres em situação de violência por meio da formação continuada de agentes públicos e comunitários; da criação de serviços especializados (Casas-Abrigo/Serviços de Abrigamento, Centros de Referência de Atendimento à Mulher, Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Defensorias da Mulher, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher); e da constituição/fortalecimento da Rede de Atendimento (articulação dos governos – Federal, Estadual, Municipal, Distrital- e da sociedade civil para o estabelecimento de uma rede de parcerias para o enfrentamento da violência contra as mulheres, no sentido de garantir a integralidade do atendimento (SPM, 2007, p. 8).] 
Quadro 06: Principais Características das Redes de Proteção às Mulheres em Situação de Violência
Fonte: Brasil (2011).
Concernente às redes de atendimento à mulher, são considerados aqueles serviços especializados, que leva em consideração a rota crítica pela qual a mulher deve percorrer quando em situação de violência para que possa receber a devida assistência qualificada, integral e que não reproduza o ciclo de violência o qual está inserida, no âmbito do governo, estando composta pelos seguintes serviços: Centros de Referência de Atendimento à Mulher; Casas-Abrigo; Casas de Acolhimento Provisório; Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Núcleos de Atendimento à Mulher; Postos de Atendimento à Mulher nas delegacias comuns; Juizados de Violência Doméstica e Familiar; Central de Atendimento à Mulher (180); Ouvidorias; Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres; Serviços de Saúde atinentes aos cuidados no atendimento dos casos de violência sexual e doméstica; Postos de Atendimento Humanizado nos Aeroportos; e o Núcleo da Mulher da Casa do Migrante.
O contexto dos sistemas de serviços ofertados em prol da mulher vítima da violência doméstica devem considerar os aspectos específicos de sua modalidade, que envolvem o relacionamento abusivo, que a Lei Maria da Penha transformou em crime, conforme prediz o Art, 147-B do Código Penal Brasileiro: 
Art. 147-B.  Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:     (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.    (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) (BRASIL, 1940). 
	De modo que, a prática do referido crime são efetivadas quando existe: tratamento de silêncio, o popular “dar um gelo” com a finalidade de punição pelo cometimento de algum comportamento contraindicado pelo cônjuge; isolamento, afastar deliberadamente a vítima de seu convívio social com amigos ou familiares, para fins de enfraquecimento e domínio; violência constante, o controle sobre comportamento, lugares e a imposição de relatar tudo; e o gaslighting, que é ação manipuladora do agressor, com distorções e omissões da realidade, informações para minar a vítima, sua autoestima e implantar dúvidas sobre sua memória e sanidade mental. (RICCI, 2021). 
	Numa primeira instância, antes da atuação de enfrentamento e atendimento às mulheres em situação de violência psicológica doméstica, se faz necessária a identificação do problema, para que a mulher se situe vivenciando tal realidade em seu relacionamento, caracterizando seus sintomas e procure ajuda. 
É importante neste processo a divulgação de informações relativas à violência psicológica, bem como a atuação dos profissionais de saúde, como médicos, primordialmente os ginecologistas, que tem uma relação mais próxima e intimista com as mulheres, devendo ser mais bem treinados para diagnosticar sintomas físicos e psicológicos, encaminhando de forma adequada para os serviços terapêuticos e tratamento adequados estas vítimas. (ANDRADE, 2020). 
6	CONCLUSÃO
	A questão da violência doméstica no Brasil contra a mulher, primordialmente sob a modalidade psicológica se perde no enredo e na cultura patriarcal da sociedade brasileira, que remete a um tratamento desigual, uma condição subalterna, que aleija a mulher de sua dignidade, seu corpo, seus direitos subjetivos e fundamentais e até de sua própria vida. 
Tal violência é silenciosa, fomentada pela falta de informação acerca de sua sintomatologia e arcabouço estrutural, expondo estas vítimas a todo o tipo de maus-tratos, de natureza física, sexual ou psicológica, sendo o âmbito privado do lar, que deveria ser lugar de acolhimento, intimidade e pacificação o palco de atrocidades e expressão de ações bárbaras contra as mulheres, tendo efeitos nefastos para estas vítimas, que quando não se trata de fatalidades, passam a apresentar problemas de saúde, como quadro de ansiedade, depressão, isolamento, doenças cardíacas, estresse, medo fadiga, disfunção sexual, desordens alimentares, distúrbios do sono e outros. 
Embora se tenha muito evoluído em termos de legislação e políticas públicas para o combate a violência de gênero, os dados sobre este fenômeno de violência não arrefeceu, ainda consta aumento de feminicídio e crimes em razão do gênero, uma decorrência natural da pandemia do coronavírus, mas também da perpetuação de um comportamento machista, sexista e discriminatório da mulher, que infelizmente reflete nos inúmeros casos de feminicídio.
Assim, como medidas de prevenção e atuação nos casos de violência doméstica, se faz necessário que se fortaleça as redes de atendimentos e enfrentamento à violência doméstica, devendo ser ampliado o leque de serviços e disponibilidade do Poder Público em se fazer cumprir as metas organizacionais dispostas pelo direito e corte internacional. 
Bem como, que se haja maior divulgação e amplificação dos conceitos e aspectos gerais da violência psicológica, gerando mais mulheres informadas e articuladas para buscar, observar e oferecer ajuda, para pessoas no mesmo contexto situacional ou que simplesmente queiram colaborar, sendo cada participação crucial para a vivênciae reinserção social dessas vítimas no meio social.
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