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16 químicas, decomposição de materiais, queima de combustíveis ou a presença de impurezas. A deter- minação da natureza e da extensão potencial dos efeitos biológicos que estes agentes podem causar se ocorrer a exposição excessiva à eles, será necessário conhecer as informações toxicológicas dos mesmos. Para acessar as informações sobre produtos quími- cos, por exemplo, será necessário conhecer a FIS- PQ (Ficha de Informação do Produto Químico) do agente em questão. Os agentes que representam riscos para a saúde e ao meio ambiente de trabalho podem ser agrupa- dos nas seguintes categorias: • Poluentes atmosféricos; • Substâncias químicas não suspensas no ar; • Agentes físicos (ex.: calor e ruído); • Agentes biológicos; • Fatores ergonômicos (ex.: postura inadequada e levantamento de cargas); • Fatores de estresse psicossocial. Avaliações de higiene laboral As avaliações de higiene laboral são realizadas para avaliar a exposição dos trabalhadores e para ob- ter informações para projetar ou estabelecer a eficá- 17cia das medidas de controle. As avaliações da exposição dos trabalhadores aos riscos profissionais tais como os poluentes at- mosféricos, agentes físicos e biológicos serão discu- tidos mais adiante, no entanto, algumas observações serão feitas em caráter geral para contribuir para uma melhor compreensão no campo da higiene laboral. É importante notar que a avaliação do risco não é um fim em si mesma, mas deve ser entendida como parte de um procedimento muito maior, que começa quando se descobre que um determinado agente é capaz de produzir danos para a saúde, o qual pode estar presente no ambiente de trabalho, e conclui-se com o controle deste agente para evitar que cause danos. A avaliação de riscos facilita a prevenção de riscos, mas em nenhum caso a substitui. Avaliação da exposição O objetivo da avaliação da exposição é determi- nar a magnitude, frequência e duração da exposição dos trabalhadores a um agente. O procedimento mais comum para avaliar a exposição aos poluentes do ar é o de avaliar a expo- sição por inalação, para o qual é necessário determi- nar a concentração atmosférica do agente ao qual o trabalhador está exposto ou, no caso de partículas 18 transportadas pelo ar, à concentração atmosférica da fração relevante (ex.: a fração respirável) e a duração da exposição. No entanto, quando existem outras vias diferentes de contaminação além da inalação e que contribuem significativamente para a absorção de uma substância química, pode emitir-se um jul- gamento errôneo (se for apenas avaliada a exposição por inalação). Em tais casos, a exposição total deve ser avaliada, e uma ferramenta muito útil para isto é o controle biológico. A prática de higiene laboral aborda três tipos de situações: • Estudos iniciais para avaliar a exposição dos trabalhadores; • Controle/vigilância de acompanhamento; • Avaliação da exposição em estudos epidemiológicos. Uma das principais razões para determinar se existe uma exposição excessiva a um agente perigoso no ambiente de trabalho é decidir se alguma inter- venção é necessária. Isso consiste muitas vezes para comprovar se diretrizes de uma norma está sendo cumprida, no que diz respeito aos limites de exposi- ção profissional. A determinação da exposição “do pior caso" pode ser suficiente para alcançar este ob- jetivo. Na verdade, se a exposição prevista é muito grande ou muito pequena em comparação com os 19limites de tolerância, a exatidão e precisão das avalia- ções quantitativas podem ser menores do que quan- do se espera uma exposição próxima dos limites de tolerância. Na verdade, quando os riscos são eviden- tes, pode ser mais vantajoso iniciar por investir em controles e realizar avaliações ambientais mais preci- sas, uma vez introduzidos tais controles. As avaliações de acompanhamento são neces- sárias em muitos casos, especialmente quando há a necessidade de instalar ou melhorar as medidas de controle, ou quando se prevê mudanças nos proces- sos ou materiais utilizados. Nestes casos, as avalia- ções quantitativas desempenham um papel impor- tante de monitorização para: • Avaliar a validade, comprovar a eficiência ou detectar possíveis falhas em sistemas de controle; • Descobrir se houve mudanças nos processos, por exemplo, na temperatura de operação ou em ma- térias-primas, que mudaram a situação de exposição. Sempre que se realiza uma avaliação da higiene laboral sobre um estudo epidemiológico para obter dados quantitativos sobre a relação entre a exposi- ção e os efeitos para a saúde, as características da exposição devem ser descritas com um elevado grau de exatidão e precisão. Neste caso, devem caracteri- zar-se adequadamente todos os níveis de exposição, 20 e não seria suficiente, por exemplo, apenas a exposi- ção correspondente ao pior dos casos. Seria ideal, mas difícil na prática, que em todo o momento se mantenha todos os registros precisos e exatos da exposição. Para que os dados da avaliação da exposição aos trabalhadores sejam representati- vos e para evitar o desperdício de recursos, deve ser concebida e implementada uma estratégia de amos- tragem adequada, considerando todas as fontes pos- síveis de variabilidade. Interpretação dos resultados O grau de incerteza da estimativa de um pa- râmetro exposição como a concentração média real de um contaminante atmosférico, se determina me- diante a análise estatística dos resultados de medi- ções diferentes (ex.: amostragem de análise). A con- fiabilidade dos resultados dependerá do coeficiente de variação do sistema de medição e do número de medições. Uma vez alcançado confiabilidade aceitá- vel nos resultados, o próximo passo é considerar as consequências da exposição à saúde: o que isso sig- nifica para a saúde dos trabalhadores expostos agora e num futuro próximo? E ao longo de sua vida pro- fissional? Terá impacto sobre suas gerações futuras? O processo de avaliação termina apenas quando 21se interpretam os resultados das medições, levando- -se em conta os dados (algumas vezes chamados de "dados sobre a avaliação de risco") obtidos a partir de toxicologia experimental, estudos epidemiológi- cos e clínicos e, em alguns casos, de ensaios clínicos. Na prática da higiene laboral, os resultados da avaliação da exposição geralmente são comparados com os limites de exposição ocupacional adotados, cuja finalidade é oferecer orientações para avaliar os riscos e estabelecer objetivos de controle. Quando a exposição exceder esses limites, é necessário to- mar imediatamente medidas corretivas, quer pela melhoria das medidas de controle existentes ou pela introdução de novos controles. Na verdade, as inter- venções preventivas devem ser iniciadas quando a exposição chega ao "nível de ação", de acordo com a legislação e os limites de tolerância para exposição de cada agente. Medidas de controle As medidas que tem como finalidade investigar a presença de agentes e os padrões de parâmetros de exposição do meio ambiente de trabalho podem ser extremamente úteis para planejar e desenvolver medidas de controle e métodos de trabalho. Os ob- jetivos destas medidas são: 22 • Identificar e caracterizar as fontes de contaminação; • Localizar pontos críticos em recintos ou sis- temas fechados; • Determinar as vias de propagação para o am- biente de trabalho; • Comparar diferentes intervenções de controle; • Verificar que a poeira respirável foi depositada com o pó grosso visível quando nebulizadores de água são usados; • Comprovar que o ar contaminado não vem de uma área adjacente. Os instrumentos de leitura direta são extrema- mente úteis para efeitos de controle, especialmente os que permitem realizar uma amostragem contínua e refletem o que acontece em tempo real, detectando situações de exposição onde o que caso contrário, não se repararia e devem ser controladas. Exemplos de tais instrumentos são os detectores de fotoionização, os analisadores de infravermelhos,os medidores de aerossol e os tubos indicadores. Quando a amostra- gem é realizada para compreender o comportamento dos contaminantes a partir da fonte até o meio am- biente de trabalho, a exatidão e a precisão não são tão decisivas como eles são para avaliar a exposição. As medições também são necessárias para ava- liar a eficiência das medidas de controle. Neste caso, convém recolher amostras ambientais a partir da 23fonte ou da área, separadamente ou em conjunto com amostras pessoais para avaliar a exposição dos trabalhadores. Para garantir a validade deste proce- dimento, o lugar considerado "antes" e "depois" de recolher as amostras (ou medições) e as técnicas usa- das devem ser as mesmas ou equivalentes em sensi- bilidade, precisão e exatidão. Prevenção e controle de riscos O principal objetivo da higiene laboral é a apli- cação de medidas adequadas para prevenir e contro- lar os riscos no ambiente de trabalho. As normas e regulamentos, que não se aplicam, são inúteis para proteger a saúde dos trabalhadores, e a sua efetiva aplicação geralmente requer a implantação de es- tratégias de vigilância e de controle. A ausência de normas obrigatórias por lei não deve ser obstáculo para a aplicação das medidas necessárias para evitar exposições nocivas ou para controlá-los para que se mantenham a um nível mínimo possível. Quando é evidente que existem riscos graves, devem ser intro- duzidos controles antes mesmo de realizar avaliações quantitativas. Em alguns casos, pode ser necessário substituir o conceito clássico de "identificação-ava- liação-controle" por "indentificação-controle-avalia- ção," ou mesmo "identificação-controle" se não há 24 recursos para avaliar os riscos. Exemplos de riscos que, obviamente, requerem a tomada de medidas sem a necessidade de amostragem ambiental prévia são: a galvanoplastia realizada em uma sala pequena e mal ventilada, ou o uso de um martelo pneumático ou equipamento de limpeza com jato de areia, sem controles ambientais nem equipamentos de prote- ção. Quando tais riscos para a saúde são identifica- dos, a necessidade imediata é de controle e não uma avaliação quantitativa. As medidas preventivas devem de alguma forma interromper a cadeia pela qual o agente perigoso (ex.: substância química, poeira, fonte energia) é transmi- tida da fonte para o trabalhador. As medidas de con- trole podem ser classificadas em três grandes grupos: • Os controles de engenharia; • As práticas de trabalho; e • As medidas pessoais. A abordagem mais eficiente para prevenir ris- cos consiste em introduzir controles técnicos que evitem as exposições ocupacionais. Esta forma de intervenção ocorre no ambiente de trabalho e, con- sequentemente, reduz a necessidade dos trabalhado- res e das demais pessoas em precisar estar expostas a estes riscos. As medidas técnicas geralmente requerem a 25modificação de alguns processos ou estruturas me- cânicas. Sua finalidade é eliminar ou reduzir a utiliza- ção, produção ou a emissão de agentes perigosos na fonte ou, quando não for possível eliminar a fonte, prevenir ou reduzir a propagação de agentes nocivos no ambiente de trabalho: • Enclausurando a fonte de risco; • Eliminando o risco quando eles saem da fonte; • Interferindo na sua propagação; • Reduzindo a sua concentração ou intensidade. As melhores intervenções de controle são aquelas que consistem em alguma modificação da fonte, e que eliminam ou reduzem a concentração do agente perigoso ou sua intensidade. A fonte pode ser reduzida através de medidas como: • A substituição de material; • A substituição ou a modificação de processos ou equipamentos; e • A melhoria da manutenção dos equipamentos. Quando não se pode modificar a fonte, ou quando essa modificação não é suficiente para atin- gir o nível desejado de controle, deve-se prevenir a emissão e a propagação de agentes nocivos ao ambiente de trabalho interrompendo suas vias de 26 transmissão, com medidas de isolamento, ventilação localizada, instalação de barreiras e defesas ou isola- mento dos trabalhadores. Outras medidas que ajudam a reduzir as exposi- ções ao meio ambiente de trabalho são uma concep- ção adequada do local de trabalho, o deslocamento ou adequação da ventilação, boa limpeza e arma- zenamento adequados. A colocação de etiquetas e sinais de advertência pode ajudar os trabalhadores a aplicar um dos métodos seguros de trabalho. Um programa de controle também pode exigir sistemas de vigilância e de alarme, tais como os detectores de monóxido de carbono em torno de fornos, sulfeto de hidrogênio em estação de tratamento de esgoto e de falta de oxigênio em espaços confinados. As práticas de trabalho são uma parte importan- te do controle; por exemplo, em relação aos traba- lhos onde a postura do trabalhador pode influenciar na exposição, como ao se inclinar mais ou menos. A posição do trabalhador pode afetar as condições de exposição (ex.: zona de respiração em relação à fon- te contaminante, possibilidade de absorção através da pele). Finalmente, a exposição ocupacional profissio- nal pode ser evitada ou reduzida com a colocação de uma barreira protetora para o trabalhador, no ponto crítico de entrada do agente perigoso (boca, nariz, pele, ouvidos), ou seja, através do uso de EPI - Equi- 27pamentos de Proteção Individual. No entanto, antes de recorrer a este tipo de equipamentos, devem ser exploradas todas as outras possibilidades de contro- le, visto que o uso de EPI é a forma menos satisfató- ria para o controle de exposição, especialmente aos contaminantes atmosféricos. Outras medidas preventivas pessoais são a edu- cação são a educação e a formação, a higiene pessoal e a limitando a duração da exposição. As avaliações contínuas por controles ambien- tais e vigilância médica devem fazer parte de qual- quer estratégia para controlar e prevenir riscos. Uma tecnologia apropriada para controlar o am- biente de trabalho também deve incluir medidas para prevenir contaminação ambiental (ar, água, solo), in- cluindo o tratamento adequado dos resíduos perigosos. Embora a maior parte das medidas de contro- le aqui mencionadas se referirem aos contaminantes atmosféricos, muitas também podem ser aplicadas a outros tipos de riscos. Por exemplo, um processo pode ser modificado para produzir menos poluentes do ar, menos ruído e menos calor. Uma barreira de isolamento pode separar os trabalhadores de uma fonte de ruído, calor ou radiação. Demasiadas vezes, a prevenção concentra-se em medidas bem conhecidas, tais como ventilação localizada e os equipamentos de proteção indivi- dual. Mas outras medidas de controle também são 28 consideradas valiosas, tais como o uso de tecnolo- gias alternativas limpas, a substituição de materiais, a modificação de processos ou a aplicação de boas práticas de trabalho. Muitas vezes acontece que os processos de trabalho são considerados imutáveis quando, na verdade, as mudanças poderiam ser feitas para prevenir com eficácia, ou ao menos reduzir os riscos associados. A prevenção e o controle de riscos no ambien- te de trabalho exigem conhecimentos e inteligência. Um controle eficaz não exige necessariamente que as medidas sejam custosas e complicadas. Em mui- tos casos, o risco pode ser controlado com o uso de tecnologia apropriada, que pode ser tão simples como uma peça de material impermeável entre o ombro desnudo de um trabalhador e uma um saco de material tóxico que pode ser absorvido através da pele. Pode ser controlada também com melhorias simples como a colocação de uma barreira móvel entre uma fonte de raios ultravioletas e o trabalha- dor, ou o treinamento de funcionários sobre práticas seguras de trabalho. Os aspectos que devem ser levados em conta ao selecionar adequadas estratégias e tecnologias de controle são: • Tipo de agente perigoso (natureza, estado físi- co, efeitos na saúde, vias de entrada no organismo); 29• Tipo de fonte; • A magnitude e as condiçõesde exposição; • As características do local de trabalho; e • A localização relativa dos postos de trabalho. Deve ser assegurada as qualificações e os recur- sos necessários para a concepção, a implementação, a operação, a avaliação e a manutenção de sistemas de controle. Alguns sistemas, como a ventilação lo- calizada ou a exaustão devem ser avaliadas no mo- mento de sua instalação, e verificados periodica- mente. Apenas um controle e manutenção regular podem assegurar uma eficiência contínua, uma vez que mesmo que os sistemas sejam bem concebidos, eles podem perder suas características iniciais se não tiverem uma manutenção adequada. As medidas de controle devem ser integradas em programas prevenção e controle de risco, dota- dos de objetivos claros e uma gestão eficiente, en- volvendo equipes interdisciplinares de higienistas laborais e outros profissionais da saúde e segurança do trabalho, técnicos de produção, gestores e traba- lhadores. Tais programas devem também abranger aspectos como a comunicação de risco, a educação e a formação sobre práticas seguras de trabalho e procedimentos de emergência. Assim mesmo devem ser considerados aspec- tos relacionados à promoção da saúde, uma vez que 30 o local de trabalho é um lugar ideal para promover estilos de vida saudáveis em geral, e para alertar so- bre os perigos de exposições não ocupacionais, por exemplo, ao trabalhador fazer uso do fumo.
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