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Daniel-Souza-2014-Avaliacao-da-geodiversidade-do-Parque-Estadual-da-Pedra-Branca-Rio-de-Janeiro---RJ-Monografia-Geoquater-MN-UFRJ

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DO PARQUE 
ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE 
JANEIRO- RJ 
 
 
 
Daniel Souza dos Santos 
 
 
 
 
 
2013
ii 
 
Museu Nacional 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DO PARQUE 
ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO- RJ 
 
 
 
Daniel Souza dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio/2014 
 
 
Orientadores: Katia Leite Mansur 
 Elias Ribeiro de Arruda Junior 
Monografia apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Geologia do 
Quaternário, Museu Nacional, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Especialista em 
Geologia do Quaternário. 
. 
 
iii 
 
AVALIAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DO PARQUE ESTADUAL 
DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO- RJ 
 
Daniel Souza dos Santos 
 
Orientadores: 
Katia Leite Mansur 
Elias Ribeiro de Arruda Junior 
 
Monografia submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia do 
Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 
como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em 
Geologia do Quaternário. 
 
 
 
Aprovada por: 
 
 
____________________________ 
Presidente, Prof. 
 
 
____________________________ 
Prof. 
 
 
____________________________ 
Prof. 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio/2014 
iv 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santos, Daniel Souza dos 
Avaliação da Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca, 
Rio de Janeiro- RJ/ Daniel Souza dos Santos.- Rio de Janeiro: UFRJ/ Museu 
Nacional, 2014 
 XX, XX f.: il. 
Orientadores: Katia Leite Mansur, Elias Ribeiro de Arruda Junior. 
Monografia- UFRJ/ Museu Nacional/ Programa de Pós-Graduação em 
Geologia do Quaternário, 2014 
Referências Bibliográficas: f.XX 
 
 
 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicada a todos que reconhecem a própria felicidade na felicidade do outro. 
vi 
 
Agradecimentos 
 
Agradeço inicialmente à minha família, pelo apoio incondicional a tudo que escolhi ser e 
fazer na vida. Sem isso nenhuma das minhas (ainda poucas) conquistas seria possível. 
Aos amigos que estão comigo desde os tempos da escola e acompanham de perto o meu 
desenvolvimento, constituindo uma segunda família. 
Aos colegas de carreira da graduação e também da pós-graduação, amigos mais novos mas 
não menos importantes, e também aos que me acompanharam nas duas etapas. 
À minha orientadora Profª Katia Leite Mansur, pela constante boa vontade, tanto na hora de 
orientar quanto no trabalho de maneira geral. Tal postura é realmente motivadora para quem 
está iniciando na carreira acadêmica. Tem sido um grande prazer me dedicar a esse trabalho, 
que hoje se estende ao Mestrado. 
Ao co-orientador Prof. Elias Ribeiro de Arruda Jr., que, além de orientador acadêmico, tem 
me ensinado muito sobre montanha, blues, cerveja e tantos outros aspectos essenciais em 
minha vida. 
Ao amigo e verdadeiro orientador “extra oficial” Prof. Fábio Ferreira Dias, que me incentivou 
a cursar o “Geoquater” e tem me ajudado desde o início da minha graduação. Sem seus 
conselhos o caminho trilhado por mim certamente teria sido muito diferente e eu não sei se 
estaria satisfeito como estou agora. 
Agradecimentos sinceros também a Hermani de Moraes Vieira, que ajudou prontamente em 
diversos momentos de dificuldade, e não foram poucos! Os conhecimentos em 
Geoprocessamentos passados foram fundamentais na execução do trabalho. 
vii 
 
Ao professor Fernando Cesar Manosso, mais experiente no assunto e com quem tenho trocado 
boas ideias ultimamente. Tais conversas têm sido muito importantes para a evolução do meu 
conhecimento sobre a Geodiversidade e suas aplicações, assim como a minha vontade de 
aprender cada vez mais sobre o assunto. 
Aos professores Manoel Couto Fernandes e Gustavo Mota de Sousa, do Geocart, pela boa 
vontade na ajuda com os dados que tive tanta dificuldade para conseguir. 
Por fim agradeço aos professores do Curso de Especialização em Geologia do Quaternário, 
em especial a professora Eliane Guedes, professor Claudio Limeira Mello e professor Renato 
Rodriguez Cabral Ramos. Suas aulas tiveram papel importante na minha vontade de mudar 
um pouco a minha trajetória em direção a Geologia. 
Obrigado a todos!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
Resumo 
 
AVALIAÇÃO DA GEODIVERSIDADE DO PARQUE ESTADUAL DA 
PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO- RJ 
 
Daniel Souza dos Santos 
 
 Resumo da monografia submetida ao Programa de Pós-Graduação em 
Geologia do Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro- UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de 
Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
 Principalmente a partir da década de 1990, o conceito de Geodiversidade, referente à 
diversidade da natureza abiótica, vem ganhando força, principalmente dentro do contexto de 
conservação da natureza, tendo em vista a intrínseca relação com a Biodiversidade. Apesar 
disso, o termo ainda passa por um processo de consolidação, tanto em relação a sua própria 
definição quanto em relação aos seus métodos de avaliação. Tal processo é de suma 
importância, tendo em vista o potencial de a Geodiversidade se tornar uma eficiente 
ferramenta de gestão territorial e conservação da natureza. O presente trabalho consiste de 
uma avaliação quantitativa da Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca, 
localizado no município do Rio de Janeiro, RJ. Como uma das mais importantes Unidades de 
Conservação do estado, pesquisas que permitam um maior conhecimento da realidade local 
podem auxiliar os gestores do Parque no gerenciamento do mesmo. A metodologia utilizada 
consiste de uma integração entre diferentes métodos utilizados por autores em diversas partes 
do mundo, sendo realizada a partir da sobreposição de uma grade vetorial sobre diferentes 
mapas temáticos, representando diferentes elementos da Geodiversidade, sendo: Mapa 
Geológico; Geomorfológico; Pedológico; de Ocorrências de Recursos Minerais; Hidrológico; 
Orientação de vertentes; Curvatura das vertentes; e Declividade. Cada um destes elementos 
foi analisado a partir das células da grade, recebendo pontuações que, somadas, foram 
utilizadas para criação de um Mapa de Índice de Geodiversidade. Espera-se que este produto 
final seja um subsídio a estudos posteriores na área do Parque, determinando também uma 
metodologia aplicável a outras áreas. 
Palavras-chave: Geodiversidade; Métodos de avaliação; Parque Estadual da Pedra Branca 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio/ 2014 
ix 
 
Abstract 
 
GEODIVERSITY ASSESSMENT OF PEDRA BRANCA STATE PARK, RIO 
DE JANEIRO- RJ 
 
Abstract da monografia submetida ao Programa de Pós-Graduação em 
Geologia do Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro- UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de 
Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
Daniel Souza dos Santos 
 
 Mainly from the 1990’s decade, the concept of Geodiversity, which refers to the 
diversity of abiotic nature, is growing stronger, mainly on the context of nature conservation 
because of its intrinsic relationship with Biodiversity. Beyond that, the term stills on a process 
of consolidation, both in terms of its definition and in relation to its assessment 
methodologies. This is a very important process because of the potential of Geodiversity to 
become an efficient land management and nature conservation tool. This work consists of a 
quantitative assessment of the Geodiversity of the Pedra Branca State Park, which is located 
on the municipality of Rio de Janeiro, RJ. As one of the most important Conservation Units of 
the state, researchesthat allow a better understanding of the local reality may help the park 
managers on their jobs. The employed methodology consists of a union between several 
methods used by authors on various parts of the world, being based on the overlay of a 
vetorial grid over different thematic maps, as follows: Geological; Geomorphological; 
Pedological; Hidrological; Occurrence of Mineral Resources; Aspect; Curvature; and Slope 
Maps. Each one of these was analyzed from the cells of the grid, receiving scores that were 
summed and used to create a Geodiversity Index Map. It is expected that the final product 
may be an subsidy for further studies in the Park area, also determining a methodology 
applicable to other areas. 
Keywords: Geodiversity; Assessment Methodologies; Pedra Branca State Park 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio/ 2014 
x 
 
Sumário 
 
Lista de Ilustrações...................................................................................................................xii 
 
Lista de Tabelas.......................................................................................................................xiii 
 
1. Introdução............................................................................................................................15 
 
2. Área de Estudo.....................................................................................................................16 
 2.1 Localização e Importância do Parque.....................................................................16 
 2.2 Geodiversidade.......................................................................................................19 
 2.2.1 Geologia...................................................................................................19 
 2.2.2 Geomorfologia..........................................................................................24 
 2.2.3 Pedologia..................................................................................................27 
 2.3 Biodiversidade.........................................................................................................29 
 
3. Fundamentação Teórica........................................................................................................31 
 3.1 A Evolução do Conceito de Geodiversidade..........................................................31 
 3.2 A Relação entre a Geodiversidade e a Biodiversidade...........................................34 
 3.3 Métodos de Avaliação da Geodiversidade..............................................................35 
 
4. Objetivos...............................................................................................................................38 
 
5. Material e Métodos...............................................................................................................39 
 5.1 Material...................................................................................................................40 
 5.2 Métodos..................................................................................................................42 
 
6. Resultados.............................................................................................................................45 
 6.1 Sub-Índices de Geodiversidade...............................................................................46 
xi 
 
 6.1.1 Índice Geológico......................................................................................46 
 6.1.2 Índice Geomorfológico.............................................................................48 
 6.1.3 Índice Pedológico.....................................................................................50 
 6.1.4 Índice de Ocorrências de Recursos Minerais...........................................52 
 6.1.5 Índice Hidrológico....................................................................................53 
 6.1.6 Índice de Declividade...............................................................................55 
 6.1.7 Índice de Orientação de Vertentes............................................................57 
 6.1.8 Índice de Forma das Vertentes.................................................................58 
 6.2 Índice de Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca.............................60 
 
7. Discussão..............................................................................................................................63 
 7.1 Sobre o Parque Estadual da Pedra Branca..............................................................63 
 7.2 Sobre o Método.......................................................................................................65 
 
8. Conclusão..............................................................................................................................66 
 
Referências Bibliográficas........................................................................................................68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xii 
 
Lista de Ilustrações 
 
Figura 1- Localização do Parque Estadual da Pedra Branca. 17 
Fonte: Plano de manejo do Parque Estadual da Pedra Branca (INEA 2013). 
 
Figura 2- Escalador Henrique Dias na Pedra do Quitinilha, PEPB. 18 
Foto: Daniel Souza 
 
Figura 3-Capa do Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca. 19 
 
Figura 4- Segmento central da Faixa Móvel Ribeira. 20 
Fonte: Heilbron et al. (2000 apud Pereira 2010). 
 
Figura 5- Mapa Geológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Valeriano et al. (2012) e 22 
Hemdold et al. (1965). 
 
Figura 6- Mapa Geomorfológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 25 
Fonte: Modificado de Bastos & Napoleão (2011). 
 
Figura 7- Mapa da rede hidrográfica do Parque Estadual da Pedra Branca. 27 
Fonte: Modificado de Sousa (2009). 
 
Figura 8- Mapa Pedológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 28 
Fonte: Modificado de Lumbreras & Gomes (2004). 
 
Figura 9- Fitofisionomias da Floresta Ombrófila Densa no PEPB. 30 
Fonte: INEA 2013. 
 
Figura 10- Mapa Geológico do Parque Estadual da Pedra Branca sobreposto por grade 44 
regular. Em detalhes, a contagem de ocorrências dentro das células, incluindo-se unidades 
litológicas e estruturas. 
 
Figura 11- Mapa hidrográfico sobreposto por grade regular. Em detalhes, a pontuação 45 
de acordo com a hierarquia dos canais, sendo os azuis de primeira ordem e o verde de 
segunda ordem. 
 
Figura 12- Índice Geológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 48 
 
Figura 13- Índice Geomorfológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra 
Branca. 50 
 
Figura 14- Índice Pedológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 52 
 
Figura 15- Mapa de Ocorrências de Recursos Minerais no Parque Estadual da Pedra. 53 
Branca. Fonte: DNPM. 
 
Figura 16- Índice Hidrológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 54 
xiii 
 
Figura 17- Mapa de Declividade do Parque Estadual da Pedra Branca, de acordo com 55 
parâmetros da Resolução CONAMA 303/2002. 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
Figura 18- Índice de Declividade para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra 56 
Branca. 
 
Figura 19- Mapa de Orientação das Vertentes do Parque Estadual da Pedra Branca. 57 
Fonte: Elaboradopor Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
Figura 20- Índice de Orientação de Vertentes para a Geodiversidade do Parque Esta- 58 
dual da Pedra Branca. 
 
Figura 21- Mapa de Forma das Vertentes do Parque Estadual da Pedra Branca. 59 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
Figura 22- Índice de Forma das Vertentes para a Geodiversidade do Parque Estadual 60 
da Pedra Branca. 
 
Figura 23- Mapa de Índice de Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca 62 
 
Figura 24: Gráfico de distribuição das células do Mapa de Índice de Geodiversidade, 63 
de acordo com o valor de cada uma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiv 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 1- Elementos da Geodiversidade. Fonte: Serrano & Ruiz-Flaño (2007) 42 
 
Tabela 2- Porcentagem de área ocupada por cada Unidade Litoestratigráfica/ Litodêmica. 47 
 
Tabela 3- Unidades Geomorfológicas e suas respectivas porcentagens de área ocupada 49 
no Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
Tabela 4- Ordens de solo e porcentagem de área ocupada. 51 
 
Tabela 5- Porcentagem de área ocupada por cada classe de Índice de Geodiversidade. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
 De acordo com Brilha (2005), nas últimas décadas, estudos científicos mostram que a 
biodiversidade encontra-se severamente ameaçada. Assim, ocorre uma preocupação por parte 
dos cientistas, principalmente biólogos, com a sua conservação, buscando proteger as espécies 
animais e vegetais que se encontram em risco. 
 Ao mesmo tempo há uma relação intrínseca entre a diversidade geológica e a 
biológica, que vem sendo um objeto de estudo tradicional das ciências naturais (Santucci 
2005, Jackova & Romportl 2008). Ou seja, não existe a possibilidade de conservação da 
Biodiversidade sem esforços voltados para a conservação da Geodiversidade. 
 A Geodiversidade é um termo muito recente, passando a ser utilizado por geólogos e 
geomorfólogos na década de 90 para descrever os elementos abióticos da natureza (Gray 
2004) e, por isso, apresenta diferentes abordagens na literatura. 
 Ao longo de sua evolução, o conceito passou a se tornar mais amplo e integrador, 
deixando de se referir apenas à diversidade geológica e passando a englobar tudo aquilo 
pertencente à natureza abiótica, sendo colocado como a base para o desenvolvimento da vida 
e também das sociedades humanas. Em conjunto a isso, os autores têm buscado melhores 
meios de se aplicar o conceito de maneira prática, ou seja, como uma ferramenta que possua 
uma real aplicabilidade (Serrano & Ruiz-Flaño 2007, Manosso & Ondicol 2012). 
 Neste trabalho, será assumido o conceito definido pela Royal Society for Nature 
Conservation, do Reino Unido, onde a Geodiversidade corresponde a variedade de ambientes 
geológicos, fenômenos e processos ativos geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis, 
solos e outros depósitos superficiais que constituem a base para a vida na Terra (in Brilha 
2005). 
 Não existe ainda uma consolidação dos métodos de avaliação da Geodiversidade. 
Atualmente predominam métodos mais qualitativos, em detrimento de métodos quantitativos 
16 
 
(Serrano & Ruiz-Flaño 2007). Os recentes progressos em tecnologias de SIG (Sistema de 
Informação Geográfica) têm contribuído para o desenvolvimento destes métodos. Porém, 
muito ainda deve ser feito no sentido de se buscar uma metodologia unificada para 
quantificação da Geodiversidade. 
 Assim, apesar das numerosas definições para o conceito de Geodiversidade, 
praticamente nenhuma vem acompanhada de um método de estudo e análise com a aplicação 
do conceito teórico à realidade de um território (Carcavilla et al. 2008). Deste modo, alguns 
autores vêm tentando desenvolver tais métodos, sendo importante a sua aplicação, para que 
possam ser testados e aprimorados. Além disso, a avaliação e mapeamento da geodiversidade 
pode se tornar uma ferramenta de planejamento e gestão bastante eficiente, principalmente no 
que concerne à conservação da natureza e atribuições de uso da terra. 
 Este trabalho realiza então uma abordagem sobre o conceito de Geodiversidade e sua 
aplicabilidade, com o objetivo de analisar como a mesma pode ser utilizada como ferramenta 
de auxílio à gestão territorial. Para isso, o trabalho se inicia com um levantamento teórico 
sobre a evolução do conceito e também sobre as metodologias de avaliação. Em seguida, é 
realizada uma aplicação prática do conceito em uma área real, no caso o Parque Estadual da 
Pedra Branca, no município do Rio de Janeiro. Como uma Unidade de Conservação de grande 
importância regional e também marcada por conflitos de uso, é importante que trabalhos nesta 
perspectiva sejam realizados, buscando-se, com base em uma análise das características 
intrínsecas do meio físico, gerar um diagnóstico de seu potencial e fragilidade ambiental, 
subsidiando o planejamento e gestão da unidade. 
 
2 Área de Estudo 
2.1 Localização e Importância do Parque 
17 
 
 De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA 2013) o Parque Estadual da 
Pedra Branca é a maior Unidade de Conservação do município do Rio de Janeiro, estando 
localizado integralmente em seu território (Figura 1). O processo de criação da unidade teve 
início no Decreto nº 1.634, em abril de 1963, que declarou sua área de utilidade pública para 
fins de desapropriação. Porém, apenas no ano de 1974, após diversos estudos, a Lei Estadual 
nº 2.377 criou o Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
Figura 1: Localização do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Plano de manejo do Parque Estadual da Pedra Branca (INEA 2013). 
 
 O Parque está localizado na Zona Oeste da cidade, abrangendo os seguintes bairros: 
Jacarepaguá, Taquara, Camorim, Vargem Grande, Vargem Pequena, Recreio dos 
Bandeirantes, Grumari, Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Jardim Sulacap, Realengo, 
Santíssimo, Campo Grande, Senador Vasconcelos, Guaratiba e Barra de Guaratiba. 
18 
 
 Por possuir acessos fáceis em diversos pontos e variados atrativos naturais, é um 
parque bastante frequentado, tanto pela população carioca quanto por pessoas de outras 
regiões. Dentro do Parque está localizado o ponto culminante da cidade, o pico da Pedra 
Branca que, assim como diversos outros pontos, pode ser acessado por trilhas. Muitas de suas 
montanhas possuem belas paredes rochosas, o que atrai também a atenção de escaladores, 
aumentando a cada dia o número de frequentadores que vão praticar esta atividade (Figura 2). 
 
Figura 2: Escalador Henrique Dias na Pedra do Quitinilha, Parque Estadual da Pedra Branca. 
Foto: Daniel Souza dos Santos 
 
No final do ano de 2013 foi lançado o Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra 
Branca (Figura 3), pelo INEA, onde estão mapeados mais de vinte roteiros, abrangendo 
19 
 
aproximadamente 120 km de trilhas. Tal publicação, disponível gratuitamente no site do 
INEA, já contribui para um aumento no número de frequentadores, que agora podem explorar 
o parque com mais segurança. 
 
Figura 3: Capa do Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
 
2.2 Geodiversidade 
2.2.1 Geologia 
20 
 
De acordo com Heilbron & Machado (2003), em um contexto geológico, o maciço da 
Pedra Branca está inserido no setor central da Província Mantiqueira, que tem sua formação 
ligada ao evento colisional conhecido como Ciclo Brasiliano, que culminou na amalgamação 
do paleocontinente Gondwana, durante o final do Proterozóico ao Ordoviciano, no 
Paleozóico. Posteriormente, no Cretáceo, o Gondwana se quebrou, deixando os diques de 
basalto toleítico como registros do evento. 
 Este episódio orogênico gerou uma série de Faixas Móveis (zonas de intensa 
deformação), sendo uma delas denominada Faixa Ribeira, que se estende por 
aproximadamente1.400 km da costa sudeste brasileira (Mendes et al 2007). Esta Faixa é 
compartimentada em quatro terrenos tectono-estratigráficos (Figura 4). Estes terrenos estão 
imbricados para N/NW e correspondem a diferentes etapas do evento convergente 
(Tupinambá et al 2007). 
 
Figura 4: Segmento central da Faixa Móvel Ribeira. 
 Fonte: Heilbron et al. (2000 apud Pereira 2010). 
 
21 
 
 O Parque Estadual da Pedra Branca está inserido no Domínio Costeiro do Terreno 
Oriental, unidade onde se instalou o arco magmático da Faixa Ribeira, denominado Complexo 
Rio Negro. Os ortognaisses deste complexo possuem composição variando desde tonalítica 
até granítica, com enclaves dioríticos e gabróicos (Valeriano et al. 2012). 
 Asmus & Ferrari (1978) associaram a origem dos maciços cariocas a uma tectônica 
ruptural, que gerou o Gráben da Guanabara. Esta feição tectônica engloba toda uma área 
deprimida que se estende da baía de Sepetiba até Barra de São João, sendo bordejada pela 
Serra do Mar. No interior do graben as altitudes normalmente não chegam a 100 metros, à 
exceção dos maciços costeiros, que podem chegar a cerca de 1000 metros (Ferrari 2001). 
 Valeriano et al. (2012) apresentam um mapa integrado da Folha Baía de Guanabara 
(escala 1:100.000) para o Programa PRONAGEO, da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 
que, complementada pelas informações geradas pelo Mapa do Estado da Guanabara 
(Hembold et al. 1965), puderam fornecer o arcabouço geológico do Parque Estadual da Pedra 
Branca, mostrado pela Figura 5, seguida da descrição das unidades litodêmicas identificadas. 
22 
 
 
Figura 5: Mapa Geológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Valeriano et al. (2012) e Hemdold et al. 
(1965). 
 
1) Grupo São Fidélis, sillimanita-biotita gnaisse – As rochas do Grupo São Fidélis 
consistem de gnaisses metassedimentares de idade Neoproterozóica. São as mais 
antigas da área, intrudidas por rochas magmáticas posteriores, como as do Complexo 
Rio Negro. Ocupam contrafortes do Maciço da Pedra Branca. Foram subdivididas em 
áreas com predominância de kinzigitos (descritas abaixo) e sillimanita- biotita 
gnaisses bandados. Neste conjunto predominam sillimanita-granada-biotita gnaisses 
23 
 
quartzo-feldspáticos. Contêm frequentes camadas e lentes de quartzitos feldspáticos, 
portadores biotita, muscovita e localmente grafita. 
2) Grupo São Fidélis, kinzigito- Neste conjunto predominam cordierita-sillimanita-
granada-biotita gnaisses escuros, de protólitos pelíticos, comumente referidos na 
literatura como kinzigito. 
3) Complexo Rio Negro- Unidade de ortognaisses precolisionais, de idade 
Neoproterozóica. Este conjunto consiste de rochas gnáissicas e migmatíticas, de 
caráter magmático, incluindo gnaisses de composição básica a intermediária. Na área 
do Maciço da Pedra Branca ocorre um quartzo-plagioclásio-biotita gnaisse 
intensamente deformado e migmatizado. 
4) Suite Rosilha- Unidade composta de rochas, formadas pelo agrupamento de litotipos 
que variam, em termos composicionais, desde dioritos (gabros) até granodioritos 
(granitos). São entendidos como pertencentes a um evento magmático sin a tardi 
colisional, mais antigo do que o que gerou os magmas correlatos da unidade 
Leucogranito Pedra Branca. Na região do Maciço da Pedra Branca, a Suíte Rosilha é 
representada pelo Granito Rosilha, rocha de cor cinza, textura glomeroporfirítica a 
porfirítica. 
5) Suíte Suruí, Leucogranito Pedra Branca- A Suíte Suruí agrupa granitos intrusivos na 
Faixa Ribeira, formados no estágio tardi-colisional. O leucogranito Pedra Branca é 
tipicamente de caráter tardi-a pós- colisional. Trata-se de um granito porfirítico, rico 
em megacristais de microclina pertítica que sobrassaem em uma matriz de composição 
monzogranítica. Possui xenólitos do Granito Rosilha, o que corrobora suas datações 
relativas. 
6) Diques de diabásio toleíticos- O magmatismo toleítico do Cretáceo Inferior é 
representado na área pelos diabásios do Enxame de Diques da Serra do Mar. Estes 
24 
 
diabásios intrudem gnaisses e granitoides do Orógeno Ribeira de idade 
Neoproterozóica. Estes diques estão associados à fragmentação do Gondwana no 
Cretáceo Inferior. São constituídos essencialmente de plagioclásio e clinopiroxênio. 
7) Depósito alúvio-coluvionar- Cobertura de idade Quaternária, ocorrendo amplamente 
nas áreas de baixada da cidade. Na região do Maciço é muito pouco expressivo, 
estando presente apenas em determinados pontos das bordas. São constituídos de 
areias e cascalhos, com camadas subordinadas de argilitos de planícies de inundação e 
meandros abandonados. As areias são quartzosas ou quartzo-feldspáticas, dependendo 
do grau de retrabalhamento. 
 
2.2.2 Geomorfologia 
De acordo com Costa (2006), o Maciço da Pedra Branca está inserido no conjunto dos 
Maciços Litorâneos, apresentando altitudes que variam de 50 m até 1024 m, sendo este o 
ponto mais alto de toda a cidade do Rio de Janeiro. Possui vertentes escarpadas e uma 
cobertura coluvionar de espessura variada. 
 Ainda de acordo com Costa (2006), o relevo da área varia de moderado a fortemente 
escarpado, de encostas convexas a retilíneas, com presença de vales em “V”, típicos de calhas 
fluviais esculpidos em áreas montanhosas, com vertentes simétricas entre si. Esta 
característica decorre de um equilíbrio entre as taxas de entulhamento e alargamento dos 
vales, condicionados pelas características lito-estruturais da região. A Figura 6 mostra, entre 
outros, o predomínio da unidade Serras Escarpadas no território do parque. 
25 
 
 
Figura 6: Mapa Geomorfológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Modificado de Bastos & Napoleão (2011). 
 
 Suas encostas são condicionadas pela litologia e estrutura, respondendo pela formação 
de diversas serras e vales que possuem lineamentos de direção predominante N 50-60 E e E-
W (Costa 1986 apud Costa 2006). Da mesma maneira, a rede hidrográfica se ajusta a esse 
sistema de faturamento regional. 
 É importante frisar que o relevo, através da diferenciação altimétrica e da orientação 
das vertentes, provoca influência no clima local, assim como as diferenças térmicas entre as 
superfícies terrestres e aquáticas. 
26 
 
O clima da região, aplicando-se a classificação de Köppen, seria marcado por três 
tipos: Aw (Clima tropical quente e úmido com a presença de uma estação seca), que estaria 
presente nas bordas dos maciços; e Am (Clima de bosque chuvoso) e Cf (Clima tropical de 
altitude), estando estes presentes nas regiões mais internas do maciço (Costa, 2006). Percebe-
se então uma clara influência do relevo na constituição de diferenças climáticas no interior do 
maciço. 
 O maciço é composto por 13 bacias principais e 70 microbacias (Costa 2002A), que 
irradiam em direção às baixadas litorâneas e interioranas. A rede hidrográfica do Parque 
Estadual da Pedra Branca (Figura 7) possui uma forte relevância regional por ser um dos 
divisores de águas das três macrobacias do município do Rio de Janeiro: a da Baía de 
Guanabara, da Baía de Sepetiba e da Baixada de Jacarepaguá (Pereira 2010). O padrão de 
drenagem característico é o dendrítico, que apresenta uma formação de canais tributários 
distribuídos por todas as direções na superfície do terreno (Pereira et al. 2009; Christofoletti 
1974). 
27 
 
 
Figura 7: Mapa da rede hidrográfica do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Modificado de Sousa (2009). 
 
2.2.3 Pedologia 
 De acordo com o mapeamento de Lumbreras & Gomes (2004), são encontradas, 
majoritariamente, três ordens de solos no interior do maciço: Latossolos, Argissolos e 
Chernossolos, conforme mostra a Figura 8. Outros solos são encontrados nas bordas do 
maciço, porém, normalmente estão em altitudes inferiores àquelas ocupadas pela área do 
parque. Ribeiro (2013) faz uma abrangente descrição dos solos encontradosna área do maciço 
e também em seu entorno. 
28 
 
 
Figura 8: Mapa Pedológico do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Modificado de Lumbreras & Gomes (2004). 
 
 Os Latossolos são encontrados no interior do maciço, nas áreas de relevo mais 
acidentado. São solos profundos, de acidez elevada, consistência friável e boa drenagem. 
Podem ser formados a partir de depósitos coluvionares, em substratos ígneos ou 
metamórficos. Devido às circunstâncias topográficas da localização do solo, a área deve ser 
destinada à proteção ambiental. 
 Os Argissolos possuem profundidade mediana, sendo típicos de áreas de clima úmido 
cobertas por vegetação florestal. De maneira semelhante aos Latossolos, também ocupam 
29 
 
áreas de relevo acidentado. Por ter uma alta propensão a erosão hídrica, a vegetação funciona 
como protetora deste tipo de solo, o que faz com que as áreas ocupadas também devam ser 
protegidas, de modo a evitar movimentos de massa. 
 Por fim, os Chernossolos são pouco espessos, dificilmente ultrapassando um metro de 
profundidade. Encontrados em relevo forte ondulado, têm origem na decomposição de 
granodioritos e gnaisses. Embora sejam bastante férteis, as condições topográficas da área não 
são adequadas ao cultivo, que deixaria o material mais instável, propenso a movimentos de 
massa. 
 
2.3 Biodiversidade 
 O maciço da Pedra Branca faz parte do bioma Mata Atlântica, que possui uma 
paisagem extremamente fragmentada e variada ao longo do litoral brasileiro. É composta por 
um imenso mosaico de florestas, planícies e montanhas costeiras (Oliveira 2005 apud Sousa 
2009). 
 A vegetação do Parque (Figura 9) apresenta-se como um grande mosaico vegetacional 
formado por manchas de vegetação em diferentes estágios sucessionais, que pode ter sido 
causado especialmente pela constituição geomorfológica do maciço. O domínio de Floresta 
Ombrófila Densa é predominante, sendo composto por Floresta Ombrófila Densa 
Submontana, ocupando 83% da área do parque, em altitudes de até cerca de 500 metros, e 
Floresta Ombrófila Densa Montana, ocupando as áreas mais altas e abrangendo 16% da área 
do parque (INEA 2013). 
30 
 
 
Figura 9: Fitofisionomias da Floresta Ombrófila Densa no Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: INEA 2013. 
 
 Sousa (2009), em estudo sobre a ocorrência de incêndios florestais no maciço, destaca 
que as vertentes voltadas para o sul recebem mais umidade proveniente de ventos convectivos 
do mar e de frentes frias. Ao mesmo tempo, a incidência solar é menor em relação às 
vertentes orientadas para norte, devido à localização no hemisfério sul. Tais condições fazem 
com que o perigo de incêndios nas vertentes voltadas para o sul seja menor, assim como a 
recomposição florestal é mais rápida. Por isso, as vertentes orientadas para o norte possuem 
um maior grau de alteração da vegetação, chegando a ocorrer a substituição por vegetação 
campestre em determinados locais. 
 Já a fauna é marcada pela presença de espécies nativas da Mata Atlântica, apesar de 
haver registro de espécies exóticas. Muitas das espécies são endêmicas e/ou ameaçadas de 
extinção, como o morcego fruteiro-claro (Chiroderma doriae) e o peixe-das-nuvens 
31 
 
(Letolebias minimus). Até o momento foram registradas 338 espécies de aves; 51 espécies de 
mamíferos; 27 de reptéis; 20 de anfíbios; 43 de peixes; e 284 de invertebrados (INEA 2013). 
 A perda e fragmentação de habitats tem sido a principal causa para a perda de fauna na 
Mata Atlântica de maneira geral. Na área do parque observam-se vários fatores de pressão 
sobre a fauna, sendo o mais grave a ocorrência de queimadas e desmatamento, principalmente 
nas épocas secas. As espécies que vivem nas bordas do parque são as mais afetadas. A ação 
de caçadores que utilizam trilhas secundárias do parque também é preocupante (INEA 2013). 
 
3.Fundamentação Teórica 
3.1 A Evolução do Conceito de Geodiversidade 
 O conceito de Geodiversidade é relativamente novo, passando a ser mais utilizado a 
partir da década de 1990, principalmente por geólogos e geomorfológos, para descrever a 
variedade da natureza abiótica (Gray 2004). 
 O termo surge como uma ferramenta de gestão de espaços protegidos, sendo um 
análogo à Biodiversidade (Serrano & Ruiz-Flaño 2007), que ganhou grande importância 
enquanto temática e linha de pesquisa ao longo do tempo. O mesmo não aconteceu com a 
Geodiversidade, que apenas mais recentemente vem ganhando maior destaque dentre os 
periódicos científicos, grupos de pesquisa e programas governamentais (Manosso & Ondicol 
2012). Por isso, o termo ainda passa por um processo de “consolidação”, com definições 
diferenciadas na literatura. 
 Serrano & Ruiz-Flaño (2007) destacam que algumas das primeiras definições surgiram 
de maneira mais restritiva, referindo-se apenas à Geologia e deixando de lado outros fatores 
da natureza abiótica. Johansson (1999 apud Serrano & Ruiz-Flaño 2007), por exemplo, afirma 
32 
 
que a Geodiversidade seria a variação de fenômenos e processos geológicos em uma área 
definida. Stanley (2001 apud Serrano & Ruiz-Flaño 2007) segue a mesma linha restritiva, 
porém, acrescenta um novo fator ao conceito, afirmando que o mesmo corresponde também à 
infraestrutura para a vida na Terra. Percebe-se então, desde este ponto, uma conexão da 
Geodiversidade com a Biodiversidade. 
 Ao mesmo tempo, muitos autores já buscavam uma definição mais integradora, que 
fosse capaz de abranger todos os aspectos da natureza abiótica. Kozlowski (2004) traz uma 
das mais amplas definições para a Geodiversidade, sendo a variedade natural da superfície 
terrestre, referente aos aspectos geológicos, geomorfológicos, solos, hidrologia, assim como 
outros sistemas gerados por processos naturais (endógenos e exógenos) e pela atividade 
humana. Percebe-se aqui a inserção do fator antrópico no conceito, não sendo uma variedade 
exclusivamente natural. 
 Rojas (2005 apud Carcavilla et al 2008) dá um destaque maior a ação humana em sua 
concepção de Geodiversidade, afirmando que a mesma provém da natureza e que procede de 
processos sociais, como a produção, povoamento e circulação (o homem e suas atividades). 
 Porém, outros autores, como Carcavilla et al. (2008), afirmam que a inserção das 
feições resultantes da ação antrópica pode trazer mais problemas conceituais do que a 
restrição à Geologia, já que sair do âmbito natural dificulta a aplicação prática do conceito. 
 Aliás, Gray (2004) destaca que a força da Geodiversidade está na sua capacidade de se 
tornar uma ferramenta útil na gestão territorial e na proteção da natureza. Por isso, muitos 
autores não consideram as feições humanas na avaliação da Geodiversidade, pois a 
complexidade das dinâmicas sociais faz com que sua avaliação quantitativa e aplicação 
prática se tornem muito dificultada. 
33 
 
 Uma das definições mais utilizadas é a da Royal Society for Nature Conservation, do 
Reino Unido (Brilha 2005), onde a Geodiversidade consiste na variedade de ambientes 
geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, 
fósseis, solos e outros depósitos superficiais que dão suporte para a vida na Terra Percebe-se 
que esta é uma perspectiva bastante integradora, abarcando todos os elementos da natureza 
abiótica, os registros do passado geológico e também os processos atuantes na atualidade, 
incluindo o fato de isto ser a base para toda a Biodiversidade existente no planeta. 
 Seguindo esta mesma linha, Serrano & Ruiz-Flaño (2007) incluem em sua definição a 
questão da análise escalar, sendo a variabilidade da natureza abiótica, incluindo os elementos 
litológicos, tectônicos, geomorfológicos, edáficos, hidrológicos, topográficos, e os processos 
físicos sobre a superfície terrestre, mares e oceanos, junto a sistemas gerados por processos 
naturais, endógenos e exógenos, e antrópicos, compreendendo a diversidade de partículas,elementos e lugares. Ou seja, a análise da Geodiversidade parte desde a escala de partículas 
até de paisagens, mas incluem aqui as paisagens culturais, além das naturais. 
 O Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) também possui uma definição ampla para a 
Geodiversidade, correspondendo à natureza abiótica constituída por uma variedade de 
ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, 
rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam o 
desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o 
econômico, o científico, o educativo e o turístico (CPRM 2006). Nota-se que está inserida 
nesta definição outra questão importante, que é a ideia de atribuição de valor, essencial dentro 
de um contexto de conservação da natureza, já que o ato de proteger está ligado ao fato de o 
elemento protegido possuir algum valor, ou seja, pode ser apropriado pela sociedade, 
constituindo um patrimônio. 
34 
 
Gray (2004) também trabalha bastante essa questão da valoração da Geodiversidade, 
incluindo, além da daqueles valores contidos na definição do CPRM, o valor funcional, onde 
a Geodiversidade fornece o substrato essencial, habitats e processos abióticos que mantém os 
sistemas físicos e ecológicos da superfície terrestre, ou seja, dá condições de desenvolvimento 
da Biodiversidade. O autor destaca ainda que este, apesar da grande importância, tem sido um 
valor relativamente pouco discutido. 
 Portanto, percebe-se que o conceito vem evoluindo ao longo do tempo, com diversos 
autores buscando meios de tornar o conceito mais integrador e aplicado. A pesquisa nesta 
temática é importante pois, como destaca Gray (2004), a Geodiversidade sofre ameaças pelas 
ações humanas, por isso ela deve ser compreendida para que possa ser protegida. 
 
3.2 A Relação entre a Geodiversidade e a Biodiversidade 
 Conforme já destacado, desde as primeiras definições de Geodiversidade, ocorre uma 
ligação do conceito com a Biodiversidade. A natureza abiótica funciona como um substrato 
para o desenvolvimento da vida, sendo uma condicionante desta. Porém, é importante frisar 
que a natureza biótica também possui uma relevante participação nos processos de formação 
da Geodiversidade. Um exemplo é a pedogênese, onde a ação de organismos é um dos fatores 
essenciais para o processo. 
 Santucci (2005) afirma que, apesar deste reconhecimento da interconexão da 
Geodiversidade com a Biodiversidade no trabalho de diversos autores, ainda se trabalha 
pouco sobre como ocorre esta relação. O autor destaca também que estudos paleoecológicos 
podem auxiliar muito no conhecimento de como os fatores abióticos vêm influenciando a 
natureza biótica ao longo do tempo. 
35 
 
 Manosso & Ondicol (2012) reforçam esta ideia, afirmando que o conjunto da natureza 
física e biológica guarda por si só um valor patrimonial diretamente associado à história da 
Terra e de toda a vida aqui presente. A diversidade de elementos e situações físicas, servindo 
como base para a Biodiversidade ao longo do tempo geológico, contribuiu (e ainda contribui) 
para as adaptações e modificações nas características dos seres vivos. 
 Desta maneira, diversos autores vêm buscando métodos de se estudar esta relação da 
natureza biótica com a abiótica. Jackova & Romportl (2008), por exemplo, realizam uma 
análise de correlação estatística em duas Unidades de Conservação da República Checa, 
chegando à conclusão de que a premissa de forte correlação é verdadeira e criando um modelo 
que pode ser aplicado em outras áreas. 
 Outro exemplo é o trabalho de Parks & Mulligan (2010), onde a avaliação do índice de 
Geodiversidade é voltada para a busca de indicadores de Biodiversidade. Se os componentes 
da Geodiversidade são responsáveis pela disponibilidade de recursos ambientais, assim como 
sua variabilidade temporal e heterogeneidade espacial, eles serão também responsáveis pelo 
nível de complexidade da natureza biótica, que irá utilizar estes recursos para se desenvolver. 
 Portanto, a relação entre a Geodiversidade e a Biodiversidade também constitui uma 
temática de grande importância, já que o papel funcional da natureza abiótica é 
inquestionável, servindo como base para o desenvolvimento da vida, inclusive a humana, com 
toda sua demanda por espaço e recursos (Manosso & Ondicol 2012). 
 
3.3 Métodos de Avaliação da Geodiversidade 
36 
 
 Serrano & Ruiz-Flaño (2007) afirmam que, apesar de cada vez mais amplos, os 
esforços para o desenvolvimento de uma avaliação são ainda escassos, sendo, em sua maioria, 
qualitativos. Metodologias de análise quantitativa são ainda menores. 
O desenvolvimento destes métodos é de suma importância para que a análise espacial 
da Geodiversidade se torne uma ferramenta de uso mais amplo. Carcavilla et al. (2008) 
destaca que a evolução do conceito teórico sem o acompanhamento de métodos de avaliação 
faz com que o uso prático do conceito se torne muito difícil. 
Serrano & Ruiz-Flaño (2007) desenvolvem uma proposta de avaliação da 
Geodiversidade a partir da delimitação de unidades geomorfológicas como unidades 
principais de análise. A partir destas unidades, os elementos físicos existentes são 
inventariados, o que dará um valor à unidade. Esta valoração é dada pela relação entre a 
variedade dos elementos físicos e a rugosidade do terreno. 
Porém, como destaca Pereira et al. (2013), esta abordagem acaba dando um valor 
maior à Geomorfologia, em detrimento dos outros elementos. É importante buscar métodos 
que não supervalorizem um único elemento, o que causaria um desequilíbrio na avaliação. 
De acordo com Carcavilla et al. (2008), o estudo da Geodiversidade deve analisar os 
componentes que definem a diversidade geológica de uma região, estabelecendo índices e 
indicadores que permitam compará-la com outras regiões. Além disso, deve basear-se na 
metodologia utilizada para análise de qualquer variável física, ou seja, atendendo às 
propriedades estatísticas de qualquer mescla de objetos: A primeira etapa é definir o número 
de classes da amostra, prosseguindo com a definição da abundância relativa de cada classe. 
Para análise da Geodiversidade, um terceiro fator de suma importância é acrescentado: a 
distribuição espacial dos objetos e a relação entre eles. 
37 
 
Manosso & Ondicol (2012) sugerem uma avaliação a partir de dois parâmetros: O 
índice de riqueza e a abundância relativa, utilizando para isso um recorte espacial e aplicação 
em células amostrais pré-definidas. 
A análise por índice de riqueza é baseada no índice de Shannon-Weaver (1949 apud 
Manosso & Ondicol 2012), onde é analisada a relação entre o número de elementos e a 
proporção da amostra. Um exemplo de avaliação a partir de índice de riqueza é o trabalho de 
Serrano & Ruiz-Flaño (2007), citado anteriormente, que inclui na análise a questão da 
rugosidade do terreno. 
Já a análise da abundância relativa considera que quanto melhor a distribuição em 
quantidade entre os elementos ponderados, maior a equibilidade. Ou seja, uma maior 
concentração das ocorrências em determinado ponto mostra que há uma baixa frequência dos 
elementos avaliados. Assim, é possível diferenciar áreas que possuam uma mesma quantidade 
de elementos mas com uma distribuição mais ou menos homogênea do que outra. 
Xavier da Silva (2001) destaca que uma questão crítica nas políticas ambientais 
consiste na definição de áreas prioritárias para a conservação, já que os dados sobre 
distribuição de espécies nos países tropicais são esparsos. Desta maneira, o autor busca 
contribuir com metodologias que possam avaliar a diversidade ambiental, utilizando como 
ferramenta os Sistemas de Informação Geográfica para criar índices de diversidade de 
elementos da paisagem, ou seja, índices de Geodiversidade. A partir desta visão, o autor busca 
índices que possam ser indicadoresde alta Biodiversidade. 
Jackova & Romportl (2008), de maneira semelhante, realizam uma avaliação da 
Geodiversidade buscando uma correlação com a Biodiversidade. Por isso, selecionam 
variáveis mais específicas, mas, apesar disso, bastante completas, sendo: riqueza geológica, 
presença de corpos d’água e diversas variáveis morfométricas como orientação de vertentes, 
38 
 
declividade das vertentes, variação altimétrica etc. Partindo destes elementos, os autores 
conseguem então realizar uma avaliação que pode ser usada como indicadora de 
Biodiversidade. 
Pereira et al. (2013) realizam uma avaliação da Geodiversidade para todo o estado do 
Paraná também de maneira bastante completa. Para alcançar um índice final de 
Geodiversidade, os autores realizam uma soma entre diversos sub-índices, sendo: índice 
geomorfológico; índice geomorfológico, que inclui o relevo e a hidrografia; índice 
pedológico; índice paleontológico; e índice de ocorrências de minerais. Apesar de o método 
ter sido aplicado em uma grande área, os autores concluem que a metodologia pode ser 
adaptada para áreas menores, bastando realizar as devidas modificações, principalmente na 
escala dos dados utilizados. 
Além destes, muitos outros autores trabalham com avaliações da Geodiversidade, 
partindo de diferentes pontos de vista sobre como deve ser realizada a análise. Portanto, é 
importante que estes trabalhos sejam estudados, buscando uma integração entre os mesmos, 
para que se possa desenvolver uma forma adequada de se avaliar a Geodiversidade de 
determinada área. 
 
4. Objetivos 
O objetivo geral desta pesquisa foi realizar um estudo de avaliação quantitativa da 
Geodiversidade no Parque Estadual da Pedra Branca. 
Para alcançar tal objetivo, as seguintes metas específicas foram cumpridas: 
● Criação de um banco de dados georreferenciado sobre a área de estudos, contendo as 
informações necessárias sobre o meio físico; 
39 
 
● Seleção dos elementos da Geodiversidade e determinação do nível de significância de 
cada para a avaliação proposta; 
● Criação de um Mapa de Índice da Geodiversidade. 
 
5. Material e Métodos 
 O material e o método utilizados neste trabalho convergem no sentido de se avaliar 
quantitativamente a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca, através da criação 
de um Mapa de Índice de Geodiversidade da área em questão, utilizando-se técnicas de 
Geoprocessamento. 
 Assim, o trabalho foi dividido em basicamente três etapas: a primeira consistiu na 
busca de dados georreferenciados da área do parque. Esta é uma etapa bastante crítica, pois os 
mapas contendo os diferentes elementos da Geodiversidade provêm de variadas fontes como 
órgãos oficiais, estudos de universidades, teses e dissertações etc. Nem sempre os dados estão 
devidamente compatibilizados para serem utilizados de maneira integrada em um Sistema de 
Informação Geográfica, então foi necessária a integração dos mesmos em um único sistema 
de projeção e referencial geodésico. 
 A segunda etapa foi a definição dos elementos utilizados na avaliação, assim como a 
ponderação de como os mesmos serão avaliados, de modo a não criar um desequilíbrio na 
análise, supervalorizando ou desvalorizando determinado elemento junto aos outros. A 
definição deste processo se apoiou na integração e adaptação entre algumas das metodologias 
descritas no capítulo de Fundamentação Teórica, buscando-se uma avaliação o mais completa 
possível, de acordo com a definição de Geodiversidade assumida neste trabalho. 
40 
 
 A terceira e última etapa é a avaliação propriamente dita, ou seja, a submissão dos 
dados ao processo determinado na etapa 2, avaliando-se cada elemento para finalmente 
integrá-los e alcançar o produto final: o Mapa de Índice de Geodiversidade. 
 
5.1 Material 
 Conforme destacado anteriormente, os principais insumos utilizados neste trabalho 
consistem de dados georreferenciados dos elementos da Geodiversidade utilizados nesta 
avaliação. Assim, os mapas temáticos necessários foram: 
● Mapa Geológico- Escala 1:100.000, integrado a partir de dois mapas disponíveis para 
a região, elaborado por Hembold et al. (1965) e disponibilizado pelo INEA em Bastos 
& Napoleão (2011) e pela Folha Baía de Guanabara, elaborado por Valeriano et al 
(2012) para o Programa PRONAGEO da CPRM. 
● Mapa Geomorfológico- Escala 1:50.000, disponibilizado por Bastos & Napoleão 
(2011); 
● Mapa Pedológico- Escala 1:75.000, em Lumbreras & Gomes (2004), disponível para 
download através da Embrapa (http://mapoteca.cnps.embrapa.br); 
● Mapa de Ocorrências de Recursos Minerais- Escala 1:100.000, disponibilizado pelo 
DNPM através do site SIGMINE (http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/); 
● Mapa da rede hidrográfica- Escala 1:10.000, extraído da base topográfica do IPP – 
Instituto Pereira Passos, sendo retrabalhado por Sousa (2009). Dados cedidos pelo 
Laboratório de Cartografia do Departamento de Geografia da Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (Geocart). 
41 
 
● Mapa de Orientação de Vertentes, Mapa de Formas das Vertentes e Mapa de 
Declividade- Todos gerados a partir de Modelo Digital de Elevação, com resolução de 
30 metros, também extraído a partir dos dados do IPP retrabalhados por Sousa (2009). 
A escolha destes mapas se baseou, principalmente, em uma integração das metodologias 
de Serrano & Ruiz-Flaño (2007), que utiliza os elementos descritos na Tabela 1, dando uma 
maior atenção a dados topográficos; Jackova & Romportl (2008), que também dá uma grande 
atenção aos dados topográficos, porém com uma visão mais voltada a indicadores que irão 
influenciar a Biodiversidade, como a orientação das vertentes, que vão determinar, entre 
outros fatores, a exposição aos raios solares; e Pereira et al. (2013), que sugere esta integração 
de diferentes mapas temáticos para a criação de um Mapa de Índice de Geodiversidade. Ou 
seja, a partir dos trabalhos destes e de outros autores, buscou-se um método que fosse o mais 
completo possível, estando condizente com a área e com os dados disponíveis. 
Tabela 1: Elementos da Geodiversidade. Fonte: Serrano & Ruiz-Flaño (2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Topografia Energia 
 Rugosidade 
Geologia Materiais Minerais 
 
 
Litologia 
 
 
Depósitos Superficiais 
 Fósseis 
 Tectônica 
 Estruturas 
Geomorfologia Morfoestruturas 
 Sistemas Morfogenéticos 
 Processos 
 Formas de Erosão 
 Formas de Acumulação 
 Microformas 
Hidrologia Estados da Água Líquida 
 Neve 
 Gelo 
 Elementos Hidrológicos Oceanos 
 Mares 
 Rios 
 Glaciais 
 Fontes 
 Pântanos 
 Lagos 
Solos Ordens 
 Subordens 
 
Todos os dados foram manipulados a partir do software ESRI ArcGIS 10, disponível 
no Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense. 
 
5.2 Métodos 
 A metodologia aplicada consiste em uma integração e adaptação entre algumas 
propostas de diferentes autores como Pereira et al. (2013); Jackova e Romportl (2008); 
Manosso & Ondicol (2012); Serrano & Ruiz-Flaño (2007) entre outros. É dado um destaque a 
43 
 
proposta de Pereira et al. (2013), que será a base deste trabalho, sendo as outras apenas 
variações de aquisição e aplicação dos dados. 
 Pereira et al. (2013) descreve uma metodologia de avaliação que consiste em uma 
integração entre alguns sub-índices, sendo: índice geológico; geomorfológico; paleontológico; 
pedológico; e de ocorrência de minerais. Como os autores trabalharam em uma área muito 
grande, a escolha dos sub-índices foi diferente daquela escolhida aqui. Além disso, 
acreditamos que a inclusão dos dados topográficos enriquece muito a análise, aproximando 
ainda mais a prática do conceito teórico. Porém, apesar da diferença no material, o método de 
avaliação será bastante semelhante ao descrito no trabalho de Pereira et al. (2013). Esta 
metodologia foi aplicada na avaliaçãoda Geodiversidade do estado do Paraná, porém, fica 
claro que pode ser utilizada em diferentes escalas, bastando os dados e métodos estarem 
condizentes com a mesma. 
A avaliação de cada elemento, a partir dos mapas temáticos, segue uma regra 
específica de pontuação, tendo como base a ocorrência dos mesmos em diferentes áreas do 
Parque, sendo da seguinte maneira: 
● Os índices geológico, geomorfológico, pedológico e de recursos minerais são obtidos 
pela simples contagem de ocorrências. No índice geológico são contabilizadas as 
unidades litológicas e as estruturas (diques, falhas, fraturas e dobras); no 
geomorfológico são contabilizadas as unidades geomorfológicas; o pedológico, as 
ordens de solo; e o índice de recursos minerais pontuará um para cada ocorrência 
mineral de valor econômico. 
● O índice hidrológico será obtido pelo valor hierárquico do canal principal. 
● Os índices de orientação e forma das vertentes também são obtidos pela contagem 
simples de ocorrências, a partir da classificação dada a cada um deles (descritas nos 
resultados) onde cada uma vale um ponto. 
44 
 
● O índice de declividade das encostas será dividido em três classes: abaixo de 17º, entre 
17º e 45º e acima de 45º. Tais valores foram obtidos a partir da Resolução CONAMA 
303/2002 (http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html) 
 Desta maneira não haverá um desequilíbrio significativo entre as variáveis, sendo 
possível também avaliar quais elementos contribuem mais para a Geodiversidade da área, pois 
os valores poderão ser observados tanto de maneira integrada quanto separadamente. Ou seja, 
esta metodologia permite tanto uma avaliação da riqueza em Geodiversidade quanto uma 
análise de seus elementos de maneira separada, sendo possível também o cruzamento entre 
estes elementos na busca de correlação entre cada um. 
Nesta proposta, define-se uma grade vetorial de resolução espacial adequada à escala 
do trabalho e realiza-se uma sobreposição aos mapas temáticos. A análise é realizada então no 
interior de cada célula, através da avaliação de elementos de cada uma. A Figura 10 
exemplifica este processo. 
 
 
45 
 
Figura 10: Mapa Geológico do Parque Estadual da Pedra Branca sobreposto por grade vetorial. Em 
detalhes, a contagem de ocorrências dentro das células, incluindo-se unidades litológicas e estruturas. 
 
 Este procedimento foi realizado em cada um dos mapas temáticos, obedecendo-se as 
regras de pontuação descritas anteriormente. A Figura 11 exemplifica esta pontuação, a partir 
da avaliação da riqueza hidrológica. Assim, cada elemento será avaliado separadamente e, em 
seguida, serão reunidos em um Mapa de Índice de Geodiversidade. 
 
 
Figura 11: Mapa hidrográfico sobreposto por grade vetorial. Em detalhes, a pontuação de acordo com 
a hierarquia dos canais, sendo os azuis de primeira ordem e o verde de segunda ordem. 
 
 A grade criada para esta avaliação possui uma resolução de 300 x 300 metros. De 
acordo com a escala dos mapas utilizados e também com a área total do Parque Estadual da 
Pedra Branca, esta resolução mostrou-se adequada, sendo capaz de analisar os dados de 
maneira completa e equilibrada. Foi alcançada a partir de testes com outros valores. 
6. Resultados 
46 
 
 O primeiro resultado a ser destacado é a base georreferenciada criada, contendo dados 
sobre o meio físico do Parque Estadual da Pedra Branca, que poderá também ser utilizada em 
trabalhos posteriores, já que está devidamente compatibilizada em um mesmo sistema de 
projeção e referencial geodésico. Este produto consiste na primeira meta específica desta 
pesquisa. 
 Em seguida, a metodologia definida de avaliação da Geodiversidade a partir da 
integração entre os métodos desenvolvidos por diferentes autores também deve ser ressaltada. 
Baseando-se no conceito de Geodiversidade assumido, foram selecionados aqueles elementos 
capazes de caracterizar a diversidade da natureza abiótica local, abordando o embasamento e 
as estruturas geológicas, as formas e os processos de formação de relevo, os solos, a 
hidrografia e, além disso, variáveis morfométricas que, além de caracterizarem a evolução 
geomorfológica local, influenciam o desenvolvimento da natureza biótica. 
 
6.1 Sub-Índices de Geodiversidade 
6.1.1 Índice Geológico 
 A análise de riqueza do índice geológico consistiu em avaliar as ocorrências de 
unidades litoestratigráficas/ litodêmicas e de estruturas (diques, falhas, fraturas e dobras), a 
partir do Mapa Geológico da área do parque. 
 É possível observar que não há uma grande variação litológica na área do parque, 
havendo um predomínio da unidade Leucogranito Pedra Branca sobre as outras ocorrências, 
conforme mostra a Tabela 2. Na avaliação a partir da grade regular sobreposta ao mapa, 
percebe-se que o maior valor alcançado por uma célula é três, sendo que pouquíssimas células 
possuem este valor, não sendo muito significativo dentro do universo analisado. Desta 
47 
 
maneira, a maioria das células deste índice possui valor um, com as de valor dois 
representando os contatos entre as unidades. 
Tabela 2: Porcentagem de área ocupada por cada Unidade Litoestratigráfica/ Litodêmica. 
Unidade Porcentagem de Área 
Depósito Colúvio-Aluvionar 0,16% 
Leucogranito Pedra Branca 62,80% 
Complexo Rio Negro 12,60% 
Suíte Rosilha 12,30% 
Grupo São Fidélis- Kinzigito 8,20% 
Grupo São Fidélis- Sillimanita- Biotita Gnaisse 3,80% 
 
 
 Porém, incluindo-se as estruturas na análise, observa-se que a área é marcada por 
muitas fraturas preenchidas por diques, sendo um reflexo da história geológica do local, 
marcada por um evento tectônico ruptural de grande magnitude (separação do Gondwana). 
 Percebe-se então um aumento da pontuação do índice geológico em praticamente toda 
área do parque devido à presença destas estruturas. Desta maneira, o índice geológico total 
possui uma pontuação variando, principalmente, de um a três. Há células com valor quatro e 
até cinco, mas não são significativas (Figura 12). 
48 
 
 
Figura 12: Índice Geológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
6.1.2 Índice Geomorfológico 
 O índice geomorfológico é dado pela ocorrência de diferentes unidades 
geomorfológicas na área. Como mostrado no Mapa Geomorfológico, ocorrem quatro 
unidades, estando descritas na Tabela 3, que mostra também a porcentagem de área ocupada 
por cada uma. 
 
49 
 
Tabela 3: Unidades Geomorfológicas e suas respectivas porcentagens de área ocupada no Parque 
Estadual da Pedra Branca. 
Unidade Geomorfológica Porcentagem de Área 
Planícies fluviais e flúvio-marinhas 0,60% 
Morros 7,55% 
Serras isoladas e locais 29,30% 
Serras escarpadas 62,55% 
 
É importante ressaltar que, durante o processamento dos dados, foi detectada uma 
unidade (Cordões arenosos, dunas e restingas) que representava menos de 0,01% da área total. 
Por ser tão inexpressiva, esta unidade foi retirada da avaliação, pois a presença da mesma 
pode ser resultado de erros nos dados, uma vez que o parque ocupa áreas de relevo 
acidentado. 
Independente da diversidade de unidades geomorfológicas é possível observar, 
primeiramente, que as unidades presentes indicam um relevo acidentado e com grande 
variação altimétrica, com uma grande concentração de serras escarpadas no interior do parque 
e a presença de serras menores e morros nas bordas. Ou seja, a variação geomorfológica 
ocorre muito mais em função de diferenças topográficas e altimétricas do que da diferença 
entre tipos de relevo. 
Por isso, de maneira semelhante ao que ocorreu na avaliação das unidades litológicas, 
a maioria das células pontua um ou dois, com poucas alcançando o valor máximo de três 
(Figura 13), o que demonstra que o parque não possui uma grande diversidade de unidades 
geomorfológicas. Tal fato não é inesperado, já que, analisando-se a uma escala mais ampla, 
toda a área do parque está inserida emum mesmo compartimento geomorfológico: os 
Maciços Litorâneos. 
50 
 
 
Figura 13: Índice Geomorfológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
6.1.3 Índice Pedológico 
 O índice pedológico é dado pela diversidade de ordens de solos. Como mostra a 
Figura 13, ocorrem na área do parque três ordens de solos, com a ocorrência de uma quarta 
classe que corresponde aos afloramentos rochosos. A Tabela 4 mostra as porcentagens de área 
ocupadas por cada uma das quatro classes. 
 
51 
 
Tabela 4: Ordens de solo e porcentagem de área ocupada. 
Solo Porcentagem de Área 
Argissolo 67% 
Latossolo 26.3% 
Chernossolo 5.5% 
Afloramento Rochoso 1.2% 
 
 De maneira semelhante ao ocorrido no Mapa Geomorfológico, duas classes (Neossolo 
e Planossolo) foram retiradas da avaliação devido à falta de significância, já que as duas 
somadas não alcançavam 0,01% da área do parque. Além disso, de acordo com a literatura, 
estas ocorrências estão em altitudes inferiores àquelas ocupadas pela unidade de conservação. 
 No que concerne à diversidade pedológica, percebe-se que não há também uma grande 
variação, com poucas células da grade alcançando três pontos. A maioria das células teve um 
único ponto, enquanto aquelas localizadas nos contatos entre dois tipos de solos pontuaram 
dois (Figura 14). 
52 
 
 
Figura 14: Índice Pedológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca 
 
6.1.4 Índice de Ocorrências de Recursos Minerais 
 O índice de ocorrências de recursos minerais foi obtido a partir do mapeamento de 
pontos de ocorrências de minerais com valor econômico (Figura 15). 
53 
 
 
Figura 15: Mapa de Ocorrências de Recursos Minerais no Parque Estadual da Pedra Branca. 
 Fonte: DNPM 
 
 Conforme pode ser observado no mapa, são poucas as ocorrências, restringindo-se a 
apenas nove pontos em toda a área. Logo constitui o índice de menor relevância da avaliação, 
obtendo pontuação praticamente nula. 
 
6.1.5 Índice Hidrológico 
 O índice hidrológico foi obtido a partir da hierarquia dos canais de drenagem, onde a 
pontuação da célula corresponde à ordem do canal de maior valor hierárquico. 
54 
 
 O maciço da Pedra Branca possui uma rica hidrografia, com presença de canais de até 
quarta ordem. Logo, a pontuação do índice variou de zero a quatro, conforme mostra a Figura 
16. Ocorre uma ligeira concentração de canais de maior valor hierárquico nas bacias 
originadas nas áreas mais altas do parque. Porém, a rede hidrográfica, de maneira geral, é bem 
distribuída ao longo de toda a área do parque, o que contribui para um aumento do Índice de 
Geodiversidade para a região como um todo. 
 
Figura 16: Índice Hidrológico para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
 
 
55 
 
6.1.6 Índice de Declividade 
 O índice de declividade ocorre em função da declividade das encostas, sendo dividido 
em três classes: Abaixo de 17º; entre 17º e 45º; e acima de 45º. Tais valores baseiam-se nas 
definições de Áreas de Proteção Permanente definidas pela Resolução CONAMA 303/2002. 
A Figura 17 mostra o Parque Estadual da Pedra Branca com suas encostas classificadas de 
acordo com estes parâmetros. 
 
Figura 17: Mapa de Declividade do Parque Estadual da Pedra Branca, de acordo com parâmetros da 
Resolução CONAMA 303/2002. 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
56 
 
O mapa mostra que a maior parte da área do parque é constituída de encostas com alta 
declividade. As áreas inferiores a 17º, em sua maioria, acompanham os cursos dos rios, o que 
faz com que praticamente todas as encostas das bacias sejam significativamente íngremes. 
 A avaliação do Índice de Declividade (Figura 18) mostra uma homogeneidade para 
toda a área do parque, fazendo com que a pontuação seja novamente elevada como um todo, 
não havendo concentrações em áreas específicas. Como a classe localizada entre 17º e 45º é 
predominante, as células com dois pontos também predominam sobre as de um ou três. 
 
Figura 18: Índice de Declividade para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
57 
 
6.1.7 Índice de Orientação de Vertentes 
 As vertentes do Parque Estadual da Pedra Branca foram classificadas, de acordo com 
sua orientação, em Norte, Sul, Leste e Oeste (Figura 19). A ocorrência de cada orientação 
dentro de uma célula corresponde a um ponto, ou seja, os valores variam de um a quatro. 
 
Figura 19: Mapa de Orientação das Vertentes do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
Devido ao relevo fortemente acidentado, há uma grande variedade de orientação de 
vertentes em toda área do parque, o que provocou um aumento significativo para o índice 
total de Geodiversidade. Mais da metade das células analisadas tem pontuação três ou quatro, 
58 
 
estando bem distribuídas ao longo da área, conforme aponta a Figura 20. Por isso, este índice 
é um dos mais importantes entre os avaliados, levando em conta sua contribuição para o 
índice total. 
 
Figura 20: Índice de Orientação de Vertentes para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra 
Branca. 
 
6.1.8 Índice de Forma das Vertentes 
 O índice de forma das vertentes foi obtido a partir do mapa de forma (ou curvatura) 
das vertentes (Figura 21), que foram classificadas em convexas, côncavas ou planas. Da 
59 
 
mesma forma que o índice de orientação de vertentes, cada ocorrência dentro de uma célula 
contabilizou um ponto para a mesma, tendo assim os valores variando entre um e três. 
 
Figura 21: Mapa de Forma das Vertentes do Parque Estadual da Pedra Branca. 
Fonte: Elaborado por Daniel Souza a partir de dados de Sousa (2009). 
 
Como pode ser observado no mapa, a variedade de formas das vertentes é muito 
expressiva, sendo também um fruto do relevo altamente acidentado da região. Isso faz com 
que, juntamente com o índice de orientação de vertentes, este índice constitua um dos 
principais entre os avaliados, pois a maior parte das células alcançou o valor máximo (Figura 
22), contribuindo de maneira significativa para o aumento do índice de Geodiversidade do 
parque. 
60 
 
 
Figura 22: Índice de Forma das Vertentes para a Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
6.2 Índice de Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca 
 A partir da soma dos valores de cada um dos sub-índices apresentados, foi criado um 
Mapa de Índice de Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca (Figura 23). O valor 
mínimo alcançado por uma célula foi quatro, enquanto o máximo foi vinte, porém, poucas 
chegaram a tais extremos, com a maioria variando entre oito e dezoito. A Figura 24 mostra 
um gráfico desta variação, com o eixo das ordenadas representando a quantidade de células e 
o eixo das abcissas, o valor das mesmas. Assim, de modo a facilitar a visualização, o Índice 
61 
 
de Geodiversidade foi classificado em quatro classes: muito baixo (abaixo de sete); baixo (de 
oito a dez); mediano (de onze a treze); alto (quatorze a dezesseis); e muito alto (acima de 
dezesseis). É importante destacar que a classificação determinada aqui tem como fim avaliar a 
diversidade com base nos valores obtidos para o Parque Estadual da Pedra Branca, não 
servindo para compará-lo a possíveis outras áreas avaliadas de acordo com a mesma 
metodologia. Para realizar comparações entre diferentes áreas os parâmetros de classificação 
deverão ser alterados de maneira adequada. Ou seja, um local definido aqui como sendo de 
baixo índice de Geodiversidade pode ser superior a muitas outras áreas externas ao parque e 
vice versa. 
62 
 
 
Figura 23: Mapa de Índice de Geodiversidade do Parque Estadual da Pedra Branca. 
 
63 
 
 
Figura 24: Gráfico de distribuição das células do Mapa de Índice de Geodiversidade, de acordo com o 
valor de cada uma. 
 
 O Mapa de Índice de Geodiversidade permite observarque há uma grande 
homogeneidade na distribuição dos elementos ao longo da área do parque. As células 
classificadas como Muito Altas ou Baixas são esparsas, não sendo capaz de representarem 
alguma característica específica de determinada área. Células classificadas como Muito 
Baixas são insignificantes, resumindo-se a alguns pontos nas bordas do parque. Portanto, há 
uma clara predominância das classes Mediana e Alta. 
 
7. Discussão 
7.1 Sobre o Parque Estadual da Pedra Branca 
 O produto final gerado mostra que há uma homogeneidade na distribuição dos 
elementos da Geodiversidade dentro do Parque Estadual da Pedra Branca. Além disso, mostra 
que há uma riqueza significativa, sendo bem distribuída por toda a área. Ou seja, a unidade 
como um todo possui uma relevância no que concerne à natureza abiótica, sendo diversificada 
em elementos e sem que haja uma concentração dos mesmos em pontos determinados. 
64 
 
Conforme mostra a Tabela 5, 85% da área do parque possui um índice de Geodiversidade de 
mediano para cima. 
 
Tabela 5: Porcentagem de área ocupada por cada classe de Índice de Geodiversidade. 
Índice Porcentagem de área ocupada 
Muito Baixo 2% 
Baixo 12% 
Mediano 52% 
Alto 30% 
Muito Alto 3% 
 
 Além disso, todas as células classificadas como “Muito Baixo” estão localizadas nas 
bordas do parque, inclusive sendo difícil visualizá-las no mapa, o que pode ser uma tendência 
de diminuição da Geodiversidade à medida que se afasta do maciço. Porém, a confirmação 
disso só será possível com a aplicação do método nas áreas em seu entorno. 
 É possível observar também que há uma tendência de os locais com valores mais altos 
acompanharem os canais de maior hierarquia, ou seja, de quarta ordem. Isso mostra que a 
hidrografia foi um fator relevante nas poucas diferenciações internas detectadas. 
Avaliando-se os sub-índices de maneira individual, é possível também perceber que os 
elementos ligados à topografia (declividade, orientação e forma das vertentes) foram os que 
mais contribuíram para o índice de Geodiversidade total. Ou seja, apesar de haver uma baixa 
diversidade de unidades geomorfológicas, o fato de estas representarem unidades de relevo 
acidentado (serras escarpadas, serras locais e morros) contribui para que a pontuação pelos 
índices topográficos aumente de maneira homogênea. 
65 
 
 Da mesma forma, como a Geomorfologia da área possui um forte caráter estrutural, o 
baixo índice geológico também contribui para a constituição de uma área sem grandes 
variações internas, o que também é refletido no baixo índice pedológico. 
Portanto, a aplicação do método no Parque Estadual da Pedra Branca permitiu um 
maior conhecimento sobre a natureza abiótica do mesmo, abrindo possibilidades de se 
analisar como se dá a relação dos elementos entre si e também como estes elementos 
influenciam para a riqueza da Biodiversidade local. 
 
7.2 Sobre o método 
 Conforme dito anteriormente, o método aplicado consistiu de uma integração e 
adaptação entre diversas metodologias desenvolvidas para avaliação quantitativa por autores 
de diferentes partes do mundo. 
O desenvolvimento deste método possui dois pontos-chave, sendo a seleção dos 
elementos de maior importância, capazes de caracterizar a diversidade do meio físico; e como 
aplicá-los na hora de gerar o índice geral de Geodiversidade, de modo que este possa 
expressar a riqueza da natureza abiótica de maneira equilibrada, ou seja, sem supervalorizar 
um ou mais elementos em detrimento de outros. 
Analisando-se os resultados para o Parque Estadual da Pedra Branca, percebe-se que o 
método mostrou-se satisfatório, capaz de gerar um produto que caracteriza a riqueza abiótica, 
possibilitando a determinação de áreas mais ou menos ricas tanto no interior da unidade 
quanto na comparação com outras áreas. 
Como o objetivo foi criar um produto que ressaltasse a importância da 
Geodiversidade, principalmente em um contexto de conservação da natureza, considera-se 
66 
 
que o método atendeu então às expectativas. A criação do índice geral permite uma avaliação 
da distribuição da diversidade ao longo da área avaliada, enquanto os sub-índices mostram 
como cada elemento se comporta, ou seja, como contribui individualmente para o índice de 
Geodiversidade. 
Portanto, a aplicação do método permitiu uma abordagem diferenciada em relação às 
tradicionais no que se refere a políticas de conservação da natureza, pois estas geralmente dão 
ênfase à Biodiversidade, que, obviamente, possui sua importância, mas deixa de lado o 
substrato que permite o desenvolvimento da mesma: a Geodiversidade. Assim, esta 
abordagem contribui para o fortalecimento da valorização da natureza abiótica para a 
definição de áreas prioritárias à conservação. 
 
8. Conclusão 
 O conceito de Geodiversidade deve ser amplo o suficiente para integrar tudo aquilo 
que seja importante no estudo da natureza abiótica e sua relação com a Biodiversidade. 
Porém, deve ser também aplicável de maneira prática, de modo a criar subsídios que venham 
a auxiliar a gestão territorial, principalmente no contexto de conservação da natureza. 
 Portanto, o desenvolvimento de metodologias quantitativas de avaliação da 
Geodiversidade deve acompanhar a evolução do conceito. Ou seja, os métodos de avaliação 
devem se basear nos elementos descritos no conceito teórico. Este por sua vez, deve ser então 
bem definido, englobando o que é importante e deixando de fora aquilo que possa vir a 
dificultar a sua aplicabilidade prática. 
 O método aplicado aqui teve como objetivo ser o mais integrador e, ao mesmo tempo, 
prático possível. As informações adquiridas e compiladas constituem um subsídio que será 
67 
 
útil em estudos posteriores no Parque Estadual da Pedra Branca, pois sintetiza dados diversos 
sobre o meio físico da área. 
 Os mapas temáticos utilizados para gerar os sub-índices foram importantes para a 
caracterização do substrato geológico e de como este influencia os outros elementos, 
permitindo uma análise de como todos os elementos do meio físico estão interligados. 
 Todos os elementos são relacionados entre si, o que possibilita que a avaliação de um 
permita tirar conclusões, ou ao menos criar hipóteses sobre outros. Por exemplo, o fato de 
haver uma predominância de serras escarpadas permite concluir que os índices topográficos 
serão altos, assim como uma baixa variedade geológica permite criar a hipótese de que haverá 
uma baixa variedade geomorfológica, e esta, por sua vez, será responsável por uma baixa 
variedade pedológica. 
 A utilização de mapas derivados das variáveis morfométricas, em conjunto com os 
outros mapas temáticos, é interessante por levar em conta processos ativos da dinâmica 
ambiental local pois, através deles, se identificam as zonas mais suscetíveis a movimentos de 
massa, se diferenciam áreas de erosão e de deposição, se determinam as vertentes mais 
expostas às chuvas e à radiação solar etc. Ou seja, utilizar os dados provenientes da topografia 
faz com que a avaliação se torne mais rica, já que o conceito aborda não apenas materiais ou 
feições do terreno, mas também os processos que ocorrem na atualidade. 
 Por fim, o desenvolvimento desta pesquisa teve como objetivo contribuir para o atual 
processo de fortalecimento da Geodiversidade, já que sem uma metodologia de aplicação bem 
desenvolvida, dificilmente haverá uma consolidação do conceito. Este processo é de suma 
importância dentro do atual contexto do desenvolvimento dos estudos ambientais, que cada 
vez mais vem se utilizando das geotecnologias como ferramentas de análise. 
68 
 
Referências Bibliográficas 
 
Asmus H.E. & Ferrari A.L. 1978. Hipótese sobre a causa do tectonismo cenozóico na região Sudeste 
brasileira. Rio de Janeiro, PETROBRAS, Projeto REMAC 4, p. 75-88. 
 
Bastos J. & Napoleão P. (Orgs.). 2011. O Estado do Ambiente- Indicadores Ambientais do

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