Buscar

rhodococcus equi

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
147
FATORES DE VIRULÊNCIA DE Rhodococcus equi. 
IMPLICAÇÕES NA EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DA RODOCOCOSE NOS 
ANIMAIS E NO HOMEM 
Márcio Garcia Ribeiro 1
Tatiana Salerno 2
Gustavo Henrique Batista Lara 3
Amanda Keller Siqueira 2
Marta Catarina Fernandes 3
RESUMO 
Rhodococcus equi é considerado microrganismo oportunista, ubíquo, presente no ambiente de 
criação de animais. As vias oral e respiratória são as principais formas de transmissão do 
agente para os animais, enquanto a via respiratória é a mais importante para o homem. Nos 
animais caracteriza–se clinicamente por pneumonia piogranulomatosa, enterite e linfadenite. 
No homem, manifesta–se principalmente em pessoas imunossuprimidas sob a forma de 
infecções pulmonares, notadamente em indivíduos acometidos pelo vírus da aids. 
Recentemente foram identificados plasmídios e antígenos (proteínas) associados à virulência 
(Vap), utilizados como marcadores de patogenicidade, principalmente em estudos 
epidemiológicos. As linhagens consideradas virulentas (possuem antígenos de 15 a 17 kDa 
que codificam proteínas VapA) são encontradas em estirpes isoladas de pneumonia em potros 
e em indivíduos com aids. As estirpes de virulência intermediária (20 kDa – VapB) são 
identificadas na linfadenite em suínos e predominantemente em pacientes com aids, enquanto 
as avirulentas ocorrem no ambiente de criação de herbívoros domésticos. O presente estudo 
revisou os principais aspectos da virulência de R. equi, e suas implicações na inter–relação 
homem–animal e ambiente na epidemiologia e controle da rodococose. 
Palavras–chave: Rhodococcus equi, virulência, epidemiologia, animais, aids.
VIRULENCE FACTORS OF Rhodococcus equi.
IMPLICATIONS IN EPIDEMIOLOGY AND CONTROL OF RODOCOCCOSIS IN 
ANIMALS AND HUMAN
ABSTRACT 
Rhodococcus equi is considered microorganism opportunistic, ubiquitous, and present in 
environment of animals. In animals, oral and pulmonary via are considered the principal form 
of infection, while in human the pulmonary via is more–important in transmission. Clinically, 
R. equi infections in animals are characterized by pyogranulomatous pneumonia, enteritis and 
lymphadenitis. In human, pulmonary infections are most-common clinical manifestation, 
frequently in immunossupressed patients, especially infected by acquired immunodeficiency 
virus (aids). Recently were identified antigens (proteins) associated to virulence of R. equi 
strains, so–called Vap. These antigens were used as mark of virulence, mainly in studies 
evolving epidemiology. Virulent strains (contain antigens of 15- to 17 kDa – encoding 
1 Professor da Disciplina de Enfermidades Infecciosas dos Animais. Departamento de Higiene Veterinária e 
Saúde Pública – FMVZ – UNESP/Botucatu, SP. CP. 560, Cep 18618–000. Email: mgribeiro@fmvz.unesp.br 
2 Pós–graduandos em Saúde Animal, Saúde Pública Veterinária e Segurança Alimentar – FMVZ–
UNESP/Botucatu, SP. 
3 Residentes em Enfermidades Infecciosas dos Animais – FMVZ–UNESP/Botucatu, SP. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
148
proteins VapA) are isolated in pneumonia in foals and patients with aids. Intermediately 
virulence strains (20 kDa – VapB) are identified in lymphadenitis in pigs and strongly 
associated with human patients infected by aids, while avirulent strains are encountered in 
environment of animals. The present study reviewed the more–important aspects of virulence 
of the agent, and implications in human–animal and ambient relationship in epidemiology and 
control of the disease. 
Key words: Rhodococcus equi, virulence, epidemiology, animals, aids. 
FACTORES DE LA VIRULENCIA DE Rhodococcus equi. 
IMPLICACIONES EN LA EPIDEMIOLOGIA Y CONTROLE DE LA 
RODOCOCOSIS EN ANIMALES Y EN EL HOMBRE 
RESUMEN 
Rhodococcus equi es un microorganismo oportunista, saprófito del suelo, presente en 
ambiente de creación de animales. En los animales, la vía oral y aerógena son es la principales 
formas de infección. Sin embargo, en el hombre la vía aerógena es mucho más importante. 
Las infecciones por R. equi son reconocidas en todo el mundo como causa de graves 
neumonías piogranulomatosas, enteritis y linfadenitis en animales. En el hombre, la 
enfermedad se presenta frecuentemente como infección pulmonar, principalmente en personas 
con defectos del sistema inmunitario, como afectados por el virus de la sida. En los últimos 
años, se identificó una proteína (antígeno) asociada en la virulencia (Vap) de R. equi, usada 
como marcador para estudios de epidemiología. Las cepas virulentas (antígeno de 15 a 17 
kDa – VapA) del microorganismo son encontradas en potrillos con neumonías e en el hombre 
con sida. Las cepas de virulencia intermediaria (antígeno de 20 kDa – VapB) son encontradas 
en la linfadenitis en cerdos y principalmente en el hombre con aids. Las cepas no virulentas 
son encontradas en el ambiente de los animales. El presente estudio revisou los principales 
aspectos de la virulencia de R. equi, y las implicaciones en la relación hombre–animales y 
ambiente en la epidemiología y control en el desarrollo de la enfermedad. 
Palabras–clave: Rhodococcus equi, virulencia, epidemiología, animales, control. 
INTRODUÇÃO
A rodococose é reconhecida como doença infecto–contagiosa causada pela bactéria 
Rhodococcus equi (R. equi), que acomete animais domésticos, selvagens e o homem. R. equi é 
considerado microrganismo ubíquo, encontrado no ambiente de propriedades rurais. 
Caracteriza-se por comportamento oportunista, relacionado às diversas manifestações clínicas 
no homem e em animais, desenvolvendo graves reações do tipo piogranulomatosa, de difícil 
resolução terapêutica (LINDER, 1997). 
Entre os animais, o eqüino é a principal espécie acometida pelo R. equi. Em diferentes 
países (PRESCOTT, 1991; GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997; TAKAI, 1997), incluindo o 
Brasil (RIBEIRO et al., 2005), a rodococose tem sido apontada como a doença infecciosa 
mais preocupante e debilitante em potros. Clinicamente a doença manifesta–se por infecções 
pulmonares e, em menor freqüência, por distúrbios entéricos e/ou articulares. Nos suínos o 
comportamento não é progressivo, apresentando–se como linfadenite com lesões semelhantes 
às observadas na tuberculose (TAKAI, 1997). Em outras espécies de animais de produção, de 
companhia e selvagens a doença é rara, ocorrendo sob a forma de enterite, linfadenite, 
abortamento, mastite, dermatite e piometra (PRESCOTT, 1991). 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
149
Após a primeira notificação de R. equi na Suíça, em 1923, causando pneumonia 
abscedante em potro (MAGNUSSOM apud PRESCOTT, 1991), seguramente o maior avanço 
no estudo da doença ocorreu nos últimos anos, com o emprego das técnicas de biologia 
molecular aplicadas à investigação dos fatores de virulência das linhagens de R. equi, que 
permitiram contribuições significativas para a epidemiologia, patogenia, diagnóstico e 
controle da doença.
Assume-se, atualmente, que as linhagens de R. equi de alta virulência possuem grande 
plasmídio (85 a 90 kb), que contêm genes responsáveis pela expressão de proteínas (Vap – 
virulence associated protein) entre 15 a 17 kDa (VapA), identificadas principalmente em 
casos de pneumonia em potros e em seres humanos acometidos pela síndrome da 
imunodeficiência adquirida - aids (HINES et al., 1997). As linhagens de virulência 
intermediária apresentam plasmídios de 79 a 100 kb(VapB), encontradas predominantemente 
em linfonodos submandibulares de suínos, com e sem sinais de linfadenite, e em pacientes 
com aids. Secundariamente, linhagens denominadas avirulentas são encontradas 
principalmente no ambiente (solo, fezes) de animais domésticos, especialmente em criatórios 
de eqüinos (TAKAI, 1997). 
Na última década a rodococose humana é assinalada como doença emergente 
(LINDER, 1997). As infecções por R. equi no homem são descritas em indivíduos 
severamente comprometidos ou imunossuprimidos, em especial, pacientes acometidos pela 
aids (LINDER, 1997; TAKAI et al., 2002). À semelhança com os animais, a rodococose no 
homem manifesta–se, preferencialmente, por quadros severos de pneumonia abscedante, 
cavitária, de difícil resolução terapêutica. Sugere–se que a transmissão de R. equi dos animais 
para o homem estaria relacionada à exposição ao agente no ambiente, secundária à inalação, 
lesões transcutâneas, (PRESCOTT, 1991; ADAL et al., 1995), ou somente pelo contato 
estreito com animais domésticos, principalmente eqüinos. No Brasil, Araújo et al. (2000) 
descreveram o primeiro caso de rodococose em paciente humano acometido por aids, 
apresentando sintomas pulmonares, do qual foi isolada estirpe de R. equi de virulência 
intermediária (VapB). Severo et al. (2001) relataram dois casos adicionais no Rio Grande do 
Sul, um dos quais em paciente HIV-positivo. 
São escassos os estudos no Brasil investigando os mecanismos de virulência de 
estirpes de R. equi isoladas dos animais e do homem. O reconhecimento dos antígenos de 
virulência do microrganismo e a sua utilização como marcadores de patogenicidade
permitiram avanços na identificação do perfil de virulência e de novas variantes da bactéria, 
bem como sua relação com epidemiologia, patogenia, controle e reflexos em saúde pública da 
doença. O presente estudo revisou os principais aspectos da rodococose nos animais e no 
homem, com ênfase aos fatores de virulência e a inter–relação homem-animal e ambiente. 
REVISÃO DA LITERATURA 
Etiologia e Propriedades Gerais 
Rhodococcus equi - anteriormente denominado Corynebacterium equi - é reconhecido 
como bactéria intracelular facultativa, oportunista. Do ponto de vista microbiológico, 
apresenta-se sob a forma de cocos ou pequenos bacilos, de 1 a 5 m, Gram-positivos, 
catalase-positivos, oxidase-negativos, fracamente ácido-resistentes, isolados a partir de 48-72 
horas de cultivo, sob condições de aerobiose, a 37oC, em meios como o ágar-sangue ovino 
(5%) desfibrinado. Apresentam colônias tipicamente mucóides, não hemolíticas 
(isoladamente), inicialmente de cor branco-acinzentada que, posteriormente, assumem 
tonalidade salmão (QUINN et al., 1994, 2005). O microrganismo possui considerável 
resistência a determinados produtos químicos, mantendo–se viável na presença do ácido 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
150
oxálico a 2,5% e ácido sulfúrico a 5%, respectivamente, por 60 e 45 minutos (HIRSH & ZEE, 
2003).
Diferentes fatores de virulência conferem mecanismos que possibilitam a 
multiplicação de R. equi no interior dos fagócitos (neutrófilos e macrófagos), incluindo a 
presença de cápsula polissacarídica (PRESCOTT, 1991), do ácido micólico e das enzimas 
colesterol oxidase e fosfolipase C (ZINK et al., 1986; QUINN et al., 1994). A cápsula e o 
ácido micólico dificultam a fagocitose, impedindo a formação do fagolisossomo. Os 
microrganismos detentores de ácido micólico na parede celular tendem a desenvolver reações 
do tipo piogranulomatosa, de difícil resolução tecidual (HIRSH & ZEE, 2003). 
A capacidade de produção das enzimas difusíveis fosfolipase C e colesterol oxidase é 
considerado como fator de virulência de linhagens de R. equi (“fator equi”), responsável pela 
lise de eritrócitos (PRESCOTT, 1991). A produção destas enzimas pode ser visualizada no 
teste clássico de “Camp”, em meio de ágar-sangue ovino (5%) desfibrinado, utilizando 
linhagem hemolítica de Staphylococcus aureus. A semeadura perpendicular dos agentes 
mostra a produção de hemólise sinérgica nas estirpes de R. equi, que apresentam a forma de 
“ponta de seta” na junção das semeaduras. A liberação dessas citotoxinas promove a 
destruição das fosfolipases das membranas dos eritrócitos, que leva a hemólise e liberação do 
íon ferro, importante co-fator na multiplicação bacteriana (TRABULSI et al., 1999). 
Entretanto, o impacto destes fatores de virulência na patogenicidade do agente não está 
completamente elucidado (BERTONE, 2000). A produção de hemólise sinérgica é utilizada 
como método adicional de investigação de virulência e na confirmação diagnóstica de 
linhagens de R. equi isoladas dos animais e do homem (PRESCOTT, 1991; QUINN et al., 
1994).
Nas últimas décadas, assumia–se que a ação conjunta das propriedades anti-fagocíticas 
capsulares, a presença do ácido micólico e a produção de citolisinas (fosfolipase C e 
colesterol oxidase), seriam suficientes para determinar a virulência e a severidade das 
infecções por R. equi (HINES et al., 1997). No entanto, a identificação recente dos plasmídios 
associados à virulência (VAP) de R. equi, direcionaram os estudos para marcadores de 
virulência em linhagens isoladas no homem e os animais. Foram reconhecidos plasmídios (85 
ou 90 kb) nas estirpes altamente virulentas, contendo genes responsáveis pela expressão de 
proteínas (antígenos) de 15 a 17 kDa (VapA), diretamente relacionados à patogenicidade do 
agente em infecções em potros e pacientes humanos, dos quais os últimos, acometidos ou não 
pelo vírus da aids (HINES et al., 1997; TAKAI, 1997). Atualmente são reconhecidos 11 tipos 
clássicos de plasmídios virulentos: 85 kb tipos I, II, III e IV; 87 kb tipo I e II; 90 kb tipos I, II, 
III, IV e V. Nos últimos anos, diferentes estudos têm sugerido a inclusão de novas variantes 
ou tipos de linhagens virulentas do microrganismo (TAKAI et al., 1997), inclusive no Brasil 
(RIBEIRO et al., 2005). 
Os 11 tipos clássicos de plasmídios virulentos que codificam VapA apresentam 
distribuição geográfica distinta nos diferentes continentes. A maioria das estirpes encontradas 
nas Américas, Austrália e Europa correspondem aos tipos 85 kb tipo I ou 87 kb tipo I. Na 
França é encontrado o plasmídio 85 kb tipo II, e nos EUA (Texas) o 85 kb tipo III e IV. Os 
plasmídios 87 kb tipo II e 90 kb tipos I a IV foram detectados somente no Japão 
(TKACHUK-SAAD & PRESCOTT, 1991; RAHAL et al., 1999; TAKAI et al., 1999; BECU 
et al., 2000; TAKAI et al., 2001a,b; YUYAMA et al., 2002). Posteriormente, foram 
identificados plasmídios de 79 a 100 kb, contendo genes responsáveis pela expressão de 
antígenos (proteínas) de 20 kDa (VapB) considerados de virulência intermediária. As 
linhagens de virulência intermediária predominam em linfonodos submandibulares de suínos 
e em pacientes acometidos pela aids. Investigações subseqüentes avaliaram a virulência de 
linhagens de R. equi isoladas do ambiente de criatórios dos animais. Essas linhagens são 
reconhecidas como avirulentas, visto que não possuem plasmídios com genes de 15 a 17 kDa 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
151
(VapA) ou de 20 kDa (VapB). Entretanto, estirpes virulentas também têm sido isoladas do 
ambiente, suportando a evidência de que as linhagens ambientais também podem infectar 
animais e o homem, tendo como vias de transmissão os alimentos, a água e o ar (TAKAI, 
1997). O conjunto desses estudos culminou com a classificação atual de R. equi em estirpes 
virulentas, de virulência intermediária e avirulentas (TAKAI, 1997). Entretanto, ainda não foi 
completamente esclarecida a função das proteínas associadasà virulência (Vap´s) na 
patogenicidade do agente (HIRSH & ZEE, 2003). Há evidências de que as estirpes dotadas de 
antígenos de virulência codificados por plasmídios – especialmente 15–17 kDa –, possuem 
maior habilidade de persistirem viáveis no interior de macrófagos, resistindo à fagocitose 
(LAZZARI et al., 1997). 
Na infecção de animais e de seres humanos, o microrganismo é ativamente fagocitado 
por neutrófilos e macrófagos (PRESCOTT, 1991), geralmente após opsonização e ativação 
dos componentes do sistema complemento (HIRSH & ZEE, 2003). A persistência intracelular 
de R. equi é reconhecida como um dos principais mecanismos de patogenicidade do 
organismo (TIZARD, 1998). Em virtude da supressão da formação do fagolisossomo e da 
elevada quimiotaxia para neutrófilos e macrófagos, as infecções por R. equi caracterizam-se 
pela formação de processos piogranulomatosos, com múltiplos abscessos nas regiões 
acometidas, de difícil resolução tecidual, tendendo a cronicidade. À microscopia predominam 
nesses locais grandes contingentes de macrófagos, neutrófilos, células gigantes (HIRSH & 
ZEE, 2003), células epitelióides, com centro contendo áreas caseosas e o agente, circundado 
por cápsula fibrosa, similar ao granuloma provocado pelos gêneros Mycobacterium e 
Nocardia (BERTONE, 2000). 
Doença nos Animais 
O primeiro registro de rodococose foi efetuado na Suíça, em 1923, em casos de 
pneumonia granulomatosa crônica de potros (MAGNUSSON apud PRESCOTT, 1991). 
Posteriormente, o agente tem sido descrito sob a forma de manifestações clínicas variadas em 
animais de produção, de companhia e silvestres, especialmente em quadros de enterite, 
linfadenite, mastite, abortamento, artrite, piometra e dermatite (BARTON & HUGHES, 1980; 
PRESCOTT, 1991). 
Dentre os animais, a rodococose ocorre com maior freqüência na espécie eqüina. 
Classicamente, a rodococose em potros ocorre até o sexto mês de idade, principalmente entre 
45 e 60 dias de vida. A alta ocorrência nesta faixa etária tem sido atribuída, dentre outros 
fatores, ao período de transição da imunidade passiva - adquirida pelo colostro - e o início da 
imunidade ativa contra o agente (PRONOST et al., 1998). A doença nos eqüinos adultos é 
rara, cursando com sintomas similares aos potros, embora brandos, provavelmente 
relacionada à co–infecção com microorganismos imunossupressivos, como Herpesvirus equi
(GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997; RADOSTITS et al., 2000). 
Os potros infectados eliminam R. equi em grande quantidade principalmente pelas 
fezes e via respiratória. Esses animais são apontados como a principal fonte de infecção para 
outros animais susceptíveis, e a mais importante forma de contaminação e manutenção 
ambiental do microrganismo (TAKAI, 1997). R. equi pode permanecer viável no trato 
intestinal de animais jovens e adultos, fato que favorece a sua disseminação ambiental em 
criatórios (BARTON & HUGHES, 1980; RADOSTITS et al., 2000). 
R. equi tem o solo como habitat (PRESCOTT, 1991). Magnusson (1938) estabeleceu a 
primeira associação entre a presença de R. equi no solo e a ocorrência da doença em potros. R.
equi multiplica-se ativamente no ambiente de animais de produção (solo, fezes), tendo como 
exigência condições mínimas de temperatura, pH e umidade obtidas, principalmente, no 
material fecal de herbívoros. Multiplica–se em extremos de temperatura (15oC a 37ºC), 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
152
preferencialmente em ambientes quentes, o que explicaria a elevada ocorrência do 
microrganismo em países de clima tropical. Em contraste, o microrganismo não se multiplica 
abaixo de 10ºC. Diferenças entre as condições ambientais a cada ano, principalmente de 
temperatura, poderiam justificar variações anuais e sazonais nas infecções pela bactéria em 
animais domésticos, principalmente em potros (PRESCOTT, 1991). 
R. equi não é considerado como pertencente à microbiota intestinal de animais e do 
homem, embora seja isolado das fezes e intestino de herbívoros ou onívoros, incluindo 
eqüinos, bovinos, suínos, ovinos, caprinos e cervos. Raramente é isolado das fezes do homem 
e de cães, e não tem sido isolado das fezes de gatos (PRESCOTT, 1991). Estudo da presença 
de R. equi em 96 amostras de solo de criatórios de eqüinos identificou o microrganismo em 
58 amostras (BARTON & HUGHES, 1980). 
O microrganismo multiplica–se ativamente no intestino de potros até as primeiras oito 
semanas de vida, cessando ao redor da 12a semana, provavelmente devido a colonização da 
microbiota normal do intestino dos animais (TAKAI et al., 1986). Barton e Hughes (1980) 
compararam a freqüência de isolamento de R. equi do epitélio intestinal e das fezes de 
eqüinos, bovinos, suínos, ovinos e caprinos, e constataram maior percentual de recuperação 
da bactéria nas amostras obtidas diretamente do epitélio intestinal. 
R. equi apresenta elevada resistência no ambiente, podendo persistir viável por até 12 
meses nas instalações, ou sob condições desfavoráveis de dessecação e quando expostos à luz 
solar. Os ambientes secos, com excesso de matéria orgânica, incluindo baias e piquetes de 
animais domésticos, favorecem a formação de aerossóis contendo o microrganismo. A 
aerossolização permite a veiculação de R. equi para outros potros, contamina água e 
alimentos, e predispõe o estabelecimento da infecção pelas vias oral ou respiratória. O hábito 
da coprofagia evidenciado nos potros propicia o contágio pela ingestão de linhagens 
virulentas de R. equi provenientes das fezes (BERTONE, 2000). 
Em criatórios de animais domésticos - especialmente de eqüídeos -, nos quais a doença 
cursa de forma endêmica, determinadas condições ambientais e/ou práticas de manejo são 
consideradas de risco, incluindo a deficiente ingestão de colostro, o excesso de poeira 
(principalmente em piquetes), deficiências na remoção do esterco das instalações, a 
proximidade de instalações (baias, piquetes) criação de animais de diferentes faixas etárias e 
categorias, a superpopulação, o clima seco, a intensidade de ventilação (formação de 
aerossóis) e extremos de temperatura (WARNER, 1993; BERTONE, 2000). No Brasil, a 
doença ocorre geralmente no período de dezembro a março, em virtude da estação de monta 
concentrar o nascimento dos potros nos meses de clima quente do ano. 
Os eqüinos são a principal espécie–alvo de R. equi. Nos potros a doença tem curso 
insidioso. Manifesta-se por sinais de depressão, letargia, febre (41oC), inapetência, tosse 
(produtiva ou não), perda de peso, secreção nasal uni ou bi-lateral (serosa a muco-purulenta), 
taquicardia e taquipnéia. A auscultação pulmonar revela sibilos e murmúrios aumentados 
(BERTONE, 2000). Zink et al. (1986) assinalaram a pneumonia como o principal sintoma 
clínico, diagnosticada em 70 (61%) dentre 131 casos em potros. Com a progressão do quadro, 
os animais tendem a apresentar anorexia, decúbito, respiração abdominal e cianose, evoluindo 
para morte ao redor de 50% dos casos (RADOSTITS et al., 2000). Os sinais entéricos são 
menos freqüentes, ocorrendo isoladamente ou em conjunto com os respiratórios, 
representados por diarréia, desidratação, cólica, perda de peso e retardo no crescimento, 
decorrentes de grave colite e linfadenite mesentérica (ZINK et al., 1986; RIBEIRO et al., 
2002).
As artropatias por R. equi também são importantes entidades nosológicas em potros 
(BERTONE, 2000), subdivididas em processos sépticos e assépticos. Ocorrem principalmente 
nas articulações tíbio–társicas, comumente associadas aos processos respiratórios e, 
secundariamente, aos distúrbios entéricos (GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997). As artropatias 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec.v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
153
assépticas são desencadeadas pela deposição de imuno–complexos (fatores reumatóides) na 
cápsula articular e sinóvia (TIZARD, 1998). No Brasil, Ribeiro et al. (2002) relataram caso 
não usual de polisinovite auto-imune em potro por R. equi, secundária a severa enterocolite e 
linfadenite mesentérica. 
A caracterização dos diferentes perfis de patogenicidade de R. equi em linhagens 
virulentas, de virulência intermediária e avirulentas (TAKAI et al., 1991; TAKAI, 1997), 
impulsionaram estudos recentes que utilizam tais fatores como marcadores de virulência. 
Takai (1997) afirmou que as linhagens de R. equi isoladas de potros com pneumonia 
e/ou lesões entéricas são predominantemente virulentas. Na Hungria, Makrai et al. (2002) 
investigaram a virulência de 146 isolados de R. equi em criatórios de eqüinos, encontrando 
129 linhagens produtoras de VapA, das quais 123 continham plasmídio virulento de 85kb 
(tipo I) e as seis remanescentes plasmídio 87 kb (tipo I). 
A infecção experimental de dois potros com linhagem de R. equi virulenta (VapA) e 
de dois potros com linhagem de virulência intemediária (VapB), revelaram maior severidade 
dos sintomas clínicos e de lesões histopatológicas na linhagem VapA comparativamente a 
VapB (TAKAI et al., 2000).
No Brasil, Langoni (1994) assinalou a importância da rodococose em potros revisando 
os principais aspectos da doença. No entanto, pequena atenção tem sido despendida ao estudo 
da virulência de R. equi, a despeito da relevância da doença como causa de morbi-mortalidade 
em potros no país. Ribeiro et al. (2005) investigaram a virulência de 41 estirpes de R. equi
isoladas em criatórios de diferentes regiões do Estado de São Paulo, encontrando seis 
linhagens com plasmídio virulento 85 kb (tipo I), 33 com plasmídio virulento 87 kb (tipo I) e 
duas linhagens sugeridas como novas variantes. 
Os suínos são a segunda espécie animal mais acometida por R. equi. O principal 
sintoma evidenciado é a linfadenite. Não está completamente esclarecida a baixa 
progressividade da doença em suínos, ficando, nesta espécie, geralmente restrita ao sistema 
linfático (MAKRAI et al., 2002). Geralmente o enfartamento ocorre nos linfonodos 
submandibulares e, secundariamente, mediastínicos e mesentéricos, embora outros linfonodos 
possam estar acometidos. O aspecto das lesões à necropsia é indistinguível da tuberculose e 
micobacterioses. No entanto, o organismo também tem sido isolado de linfonodos sem lesões 
macroscópicas aparentes (PRESCOTT, 1991). 
Makrai et al. (2002) inocularam, experimentalmente, estirpes de R. equi virulentas, de 
virulência intermediária e avirulentas em suínos. Nenhum dos animais apresentou sintomas 
clínicos e somente as linhagens virulentas e de virulência intermediária foram recuperadas de 
órgãos e linfonodos. 
O estudo do perfil de virulência de 56 estirpes de R. equi isoladas de 1832 linfonodos 
de suínos de abatedouros, aparentemente saudáveis, revelou 54 estirpes positivas para VapB 
(virulência intermediária) e duas para VapA (TAKAI et al., 1996a). Madarame et al. (1998) 
investigaram a virulência de R. equi em 1615 linfonodos de suínos, constatando a presença de 
estirpes virulentas e de virulência intermediária em 5,5% da amostragem. Na Hungria, Makrai 
et al. (2005) investigaram a virulência de 164 R. equi isolados de linfonodos de suínos, 
encontrando 44 (26,8%) linhagens produtoras de VapB, enquanto nenhum dos isolados foi 
caracterizado com VapA. 
À semelhança do padrão de virulência de estirpes isoladas de humanos com aids, as 
estirpes de R. equi isoladas de linfonodos de suínos têm apresentado predominantemente 
plasmídios de virulência intermediária (TAKAI, 1997). No entanto, não foi esclarecido 
epidemiologicamente o impacto dos suínos como fontes de infecção para o homem e para 
outros animais. De maneira similar, ainda não foi estabelecida à caracterização da rodococose 
como doença ocupacional para pessoas que mantém contato com suínos (TAKAI et al., 
1996a).
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
154
No Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, Oliveira et al. (1995) investigaram a 
etiologia bacteriana em 25 linfonodos de suínos que apresentavam lesões macroscópicas de 
linfadenite, e identificaram quatro linhagens de Mycobacterium bovis, quinze do grupo MAIS 
(Mycobacterium avium, Mycobacterium intracellulare e Mycobacterium scrofulaceum) e seis 
de R. equi. No entanto, não foi investigada a virulência das estirpes de R. equi. O sautores 
salientaram a semelhança macroscópica das lesões entre os gêneros Mycobacterium e 
Rhodococcus, e a necessidade de diagnóstico diferencial das lesões “tuberculóides” em 
linfonodos de suínos.
Nos bovinos, búfalos, ovinos e caprinos, a rodococose é reconhecida como afecção 
clínica de ocorrência rara. Além de sintomas respiratórios e entéricos também tem sido 
registrado piometra, mastite, pneumonia, abortamento, linfadenite, linfangite e abscessos em 
órgãos (PRESCOTT, 1991). No Brasil, Langoni et al. (1998) destacaram o isolamento de R.
equi em 1,01% e 0,82% de amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, 
respectivamente, destacando como a primeira notificação do agente em casos de mastite 
bovina no país. 
Em animais de companhia a rodococose clínica é rara. As infecções por R. equi são 
mais freqüentes em gatos do que em cães. A via transcutânea parece representar a principal 
forma de infecção para cães e gatos. O comportamento agressivo dos gatos em disputas 
territoriais ou por fêmeas no cio favorece a veiculação transcutânea da bactéria presente na 
região ungueal ou na pele dos animais (FARIAS et al., 2007; GREENE, 2006). Os principais 
sintomas observados nestas espécies são: linfadenite, abscessos de pele, pneumonia 
abscedante, piotórax, hepatomegalia e lesões abscedantes em órgãos diversos. Em gatos, a 
rodococose está associada à co-infecção com doenças de base imunossupressivas, com 
destaque para o vírus da imunossupressão e da leucemia felina (GREENE, 2006). 
Takai et al. (2003) investigaram a virulência de nove cães e nove gatos com diferentes 
afecções por R. equi, cujas linhagens estudadas eram provenientes de diferentes países, dos 
quais um dos gatos procedente do Brasil. Foram identificadas estirpes virulentas de R. equi
(VapA) em cinco gatos e em um cão, alertando para a maior prevalência de linhagens 
virulentas em gatos domésticos, assim como a preocupação do convívio destas espécies 
animais com pacientes acometidos pela aids. No Brasil, Farias et al. (1998) descreveram o 
primeiro relato de piogranulomatose cutânea em gato, secundária à infecção por R. equi. Em 
estudo posterior, esta linhagem foi caracterizada quanto à virulência, o qual revelou a 
presença de plasmídio de 87 kb (tipo I), semelhante ao padrão encontrado em potros 
(FARIAS et al., 2007). 
Em animais silvestres/selvagens, a rodococose também é rara, descrita geralmente sob 
a forma de relatos de caso. A doença já foi diagnosticada em koala, crocodilo, jacaré, cervo, 
foca, sagüi e cobaia, provocando quadros de pneumonia, linfadenite, septicemia e abscessos 
em diversos órgãos (PRESCOTT, 1991; BERTONE, 2000). 
O perfil de virulência de estirpes de R. equi isoladas do ambiente também tem sido 
motivo de estudo. Os achados apontam que as linhagens isoladas do ambiente são 
predominantemente avirulentas. No entanto, outros ensaios têm encontrado estirpes virulentas 
semelhantes às isoladas de animais com rodococose clínica e em pacientes com aids (TAKAI, 
1997).
Takai et al. (1994) referiram a presença de linhagens virulentas de R. equi (85 kb e 90 
kb) proveninetes do ambiente de criatórios de potros no Japão, dos quais houve isolamento 
concomitante de estirpes virulentas do pulmão dos animais. 
Takai et al. (1996b) investigarama virulência de 173 estirpes isoladas de amostras de 
solo e areia proveninentes de 115 parques e 49 jardins no Japão. Nenhuma estirpe foi 
caracterizada como virulenta, sugerindo que, provavelmente, a infecção humana por R. equi
apresente maior relação com estirpes oriundas de criações de animais domésticos. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
155
Na Tailândia, Takai et al. (2002) não obtiveram êxito na detecção de características de 
virulência em 537 estirpes de R. equi isoladas do ambiente de propriedades rurais. Na 
Hungria, a investigação da virulência de 48 estirpes isoladas do solo de dois criatórios de 
eqüinos revelou 26 (54,2%) positivas para VapA (85 kb tipo I) (MAKRAI et al., 2002).
Takai et al. (2004) não detectaram propriedades de virulência em 533 estirpes de R. 
equi isoladas do solo e das fezes de animais silvestres em dois parques nacionais na Zâmbia, 
África. No Brasil, ainda não foram realizadas investigações visando a caracterização de 
virulência de estirpes de R. equi isoladas do ambiente, especialmente do habitat de criação de 
animais domésticos. 
Na prática clínica, o diagnóstico da rodococose nos animais fundamenta–se na 
associação de dados clínico-epidemiológicos, com os resultados de exames subsidiários 
clínico-laboratoriais, microbiológicos, citológicos e/ou histopatológicos (WARNER, 1993; 
GREENE, 1998; BERTONE, 2000; RADOSTITS et al., 2000).
Na anamnese dos potros destaca–se a maior ocorrência da doença entre 1 e 6 meses de 
idade – principalmente entre 45 e 60 dias –, usualmente nos meses quentes do ano (ZINK et 
al., 1986). Nas propriedades onde a doença grassa de forma endêmica, são freqüentes os 
problemas de manejo e de saneamento ambiental que favorecem a infecção, com destaque 
para deficiente ingestão de colostro pelos potros, excesso de fezes e poeira, bem como a 
aglomeração dos animais. Os exames clínico-laboratoriais revelam leucocitose por neutrofilia 
e aumento do fibrinogênio. Radiografias torácicas em animais de companhia e em potros 
podem auxiliar na avaliação da extensão das lesões pulmonares (BERTONE, 2000; 
RADOSTITS et al., 2000; GREENE, 2006). 
O isolamento microbiano é o método mais fidedigno para o diagnóstico de rotina da 
rodococose, tanto em animais como no homem (QUINN et al., 1994, 2005). Em potros, o 
isolamento de R. equi é efetuado preferencialmente a partir do lavado trans-traqueal. Os 
exames citológicos diretos de órgãos, de material centrifugado de lavados traqueais e de 
líquido sinovial são alternativas para o diagnóstico da rodococose em animais (GIGUÈRE & 
PRESCOTT, 1997; RIBEIRO et al., 2002). O isolamento de R. equi do ambiente é obtido 
com o emprego de meios especiais que contenham drogas impedientes para outros 
microrganismos ambientais e fecais, como o meio de Nanat (TAKAI et al., 1996b). 
O sorodiagnóstico da rodococose tem sido aventado no plano diagnóstico, apoiado nas 
técnicas de imunodifusão em gel de ágar, inibição de hemólise sinérgica, imunodifusão radial 
e enzyme-linked immunosorbent assay-ELISA. Essas técnicas permitem diagnóstico mais 
fidedigno nos estágios avançados da infecção, mas tem como inconvenientes as reações falso-
positivas (anticorpos de origem materna) e falso-negativas (potros com infecção precoce). 
Takai (1997) descreveu o emprego de anticorpos monoclonais direcionados ao diagnóstico 
dos antígenos Vap A e Vap B, com resultados promissores. 
A padronização das técnicas de immunobloting e reação em cadeia pela polimerase 
(PCR) permitiram o avanço significativo no diagnóstico da rodococose (TAKAI et al., 1991; 
TAKAI, 1997). Estas técnicas visam a detecção e quantificação do tamanho dos plasmídios 
associados à virulência – VapA (produto esperado de amplificação na PCR de 564 pares de 
base) e Vap B (produto esperado de amplificação na PCR de 827 pares de base). 
Alternativamente, os genes contidos nos plasmídios ligados à virulência de R. equi (Vap A e 
Vap B) têm sido seqüenciados e clonados com intuito de diagnóstico (TAKAI, 1997). A 
microscopia eletrônica de transmissão também foi utilizada para investigar a manutenção 
intracelular do microrganismo (ZINK et al., 1987). 
À necropsia as principais lesões observadas nos animais domésticos são: pneumonia 
abscedante (com formação de abscessos coalescentes, cavitários e/ou múltiplos), linfadenite 
mediastínica e mesentérica, enterite, colite ulcerativa, artrite e sinovite, além de abscessos em 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
156
múltiplos órgãos, semelhante às lesões desenvolvidas pelos gêneros Mycobacterium,
Nocardia e outros actinomicetos (RADOSTITS et al., 2000; GREENE, 2006).
A histopatologia revela a presença de processos piogranulomatosos, contendo grande 
contingente de macrófagos, linfócitos e neutrófilos degenerados, células gigantes, “caseum” e 
grande quantidade do microrganismo no citoplasma dos fagócitos, circundado por cápsula 
fibrosa (BERTONE, 2000; HIRSH & ZEE, 2003). 
O tratamento da doença fundamenta-se na utilização de antimicrobianos aliado à 
terapia de suporte. Os antimicrobianos lipofílicos são recomendados por apresentarem altas 
concentrações no interior celular e por atuarem mesmo na presença de material purulento, que 
usualmente limita a ação terapêutica de antimicrobianos convencionais (GIGUÈRE & 
PRESCOTT, 1997; RADOSTITS et al., 2000; BERTONE et al., 2000). 
Nos potros a terapia é baseada na associação de rifampicina (5 mg/Kg a cada 12h, ou 
10 mg/Kg a cada 24h) e eritromicina (25 mg/kg a cada 8 ou 12h), via oral, por no mínimo 30 
dias (GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997). Recentemente foi empregada a azitromicina (10 
mg/kg, a cada 24 h, via oral, por cinco dias, seguido de mais três doses em dias alternados), 
associada à rifampicina, em substituição à eritromicina (BECU, 1999), em virtude da 
ocorrência de reações adversas em potros decorrentes do uso prolongado da eritromicina 
(GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997). 
Na terapia dos animais de companhia são indicados antimicrobianos a base de 
amoxicilina/ácido clavulânico (12,5 mg/kg, a cada 12 h, via oral), gentamicina (2mg/kg, a 
cada 12 h, via subcutânea), rifampicina (5 mg/kg, a cada 12 h, via oral), eritromicina (15 
mg/kg, a cada 12 h, via oral), ou associações entre estas drogas, por no mínimo 14 dias de 
terapia, com resultados satisfatórios em casos não–septicêmicos (GREENE, 2006). As 
limitações no sucesso da terapia da rodococose incluem o registro crescente de linhagens 
resistentes a rifampicina e/ou a eritromicina (PRONOST et al., 1998), o desenvolvimento de 
resistência adquirida ao longo do tratamento, a descontinuidade da terapia, ou a dificuldade de 
penetração intracelular das drogas e/ou no foco piogranulomatoso (PRESCOTT, 1991; 
GREENE, 1998).
O controle da rodococose eqüina fundamenta–se na adequação das condições do 
ambiente das criações e em medidas gerais de manejo. Deve–se atentar para a ingestão 
adequada de colostro pelos recém-nascidos, a segregação dos animais em categorias, evitar a 
criação de número excessivo de potros em mesmo ambiente e o acúmulo de material fecal em 
baias e piquetes (BARTON & HUGHES, 1980; PRESCOTT, 1991). Profilaticamente, 
também é preconizada a administração de plasma hiperimune nas primeiras semanas de vida 
do potro, entre 7 e 14 dias de idade, com reforço entre 25 e 30 dias de idade dos animais, 
visando a redução da ocorrência de casos clínicos severos (GIGUÈRE & PRESCOTT, 1997). 
Em propriedades endêmicas, a vacinação (bacterina) das éguas tem sido indicada no final da 
gestação, visando induzir imunidade passiva ao feto, via colostral (BECU, 1999; BECU et al., 
2000). Para outras espéciesdomésticas não existem protocolos específicos de controle e 
profilaxia, permanecendo as recomendações gerais de retirada periódica de material orgânico 
e dejetos do ambiente de criações. 
Doença no Homem 
Em 1967 foi registrada a primeira descrição da rodococose humana em paciente com 
abscesso pulmonar (GOLUB et al., 1967). Nas décadas subseqüentes, as infecções por R. equi
no homem foram caracterizadas como de ocorrência rara (SEVERO & LONDERO, 1996). 
Entretanto, na atualidade, a rodococose humana é reconhecida como doença emergente 
(LINDER, 1997; MAKRAI et al., 2000). 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
157
As infecções por R. equi no homem estão associadas à grupos de risco, que incluem 
indivíduos imunossuprimidos por diversas doenças de base, incluindo hepatopatas, 
transplantados, alcoólatras, portadores de neoplasias (leucemia, linfoma), usuários de drogas 
injetáveis e, nos anos recentes, pacientes acometidos por aids (DOIG et al., 1991; SEVERO & 
LONDERO, 1996; YOO et al., 2003). A descrição da infecção em pacientes 
imunocompetentes é rara (MACGOWAN & MANGANO, 1991). 
A pneumonia cavitária crônica com derrame pleural é a principal manifestação clínica 
da rodococose no homem, acompanhada de febre, tosse e dores no peito. Secundariamente 
são observados quadros extra-pulmonares como: abscessos renais, diarréia com sangue, 
caquexia, pleurisia, hepatopatias, peritonite, artrite séptica, osteomielite, linfadenite e 
meningite (BROWN, 1995; SEVERO & LONDERO, 1996).
O crescente aumento da casuística da rodococose no homem deve-se ao estado de 
imunossupressão induzido pelo vírus da aids. Estima-se que, em média, 39,4 milhões de 
pessoas convivam atualmente com a enfermidade em todo o mundo. Em 2004, a doença gerou 
3,1 milhões de óbitos, com expectativa de 4,9 milhões de novos casos em 2004. Na América 
Latina, estima-se 1,7 milhões de soropositivos - dos quais 95.000 vieram a óbito - com 
expectativa de 240.000 novos casos no ano (WHO, 2005). Conforme a Organização 
Panamericana da Saúde-OPS (2001), 88% da casuística atual de rodococose é atribuída a co–
infecção pelo vírus da aids. 
No Brasil, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica assinalou que entre 1980 
e 2004 ocorreram 362.364 casos de aids oficialmente notificados, dos quais 8.763 na região 
norte, 34.424 na região nordeste, 63.519 na região sul, 20.248 na região centro-oeste e 
235.410 na região sudeste, que acarretaram 28.609 óbitos, dos quais 23.561 na região sudeste, 
representando esta última, a região mais prevalente do país. Desta maneira, nota-se de forma 
preocupante a tendência de progressão da aids no Brasil, apesar dos esforços do Ministério da 
Saúde em conter a doença (BRASIL, 2005 a,b). O avanço no número de pessoas infectadas 
reflete diretamente no aumento de doenças consideradas emergentes e re-emergentes - 
freqüentemente causadas por agentes oportunistas -, dentre as quais se enquadram à 
tuberculose e a rodococose. 
Aventa-se que a inalação de aerossóis produzidos em ambientes de criação de animais 
represente a principal forma de transmissão da rodococose para o homem (BROWN, 1995) e, 
secundariamente, mediante a deglutição de esputo de pacientes com afecções pulmonares pela 
bactéria (OPS, 2001). Entretanto, ainda é obscuro o real impacto do histórico de contato do 
homem com animais na transmissão de R. equi (SEVERO & LONDERO, 1996). Em 
levantamento detalhado do perfil de 18 casos de rodococose no homem, Doig et al. (1991) 
constataram que oito (44,4%) pacientes tinham histórico de contato recente com animais – 
especialmente eqüinos – ou com ambiente rural, incluindo práticas de limpeza de estábulos, 
baias, piquetes, ou eram fazendeiros. 
Prescott (1991) referiu que 12 dentre 32 pacientes acometidos de rodococose tinham 
histórico de contato estreito com animais e/ou ambientes de criação de espécies domésticas. 
Verville et al. (1994) investigaram a epidemiologia de 12 casos de rodococose 
humana, dos quais seis acometidos por aids, e constataram que dois tinham histórico de 
contato estreito com eqüinos, um com cão doméstico e outro com ambiente rural. O histórico 
do contato de pacientes com rodococose – com e sem aids – e animais domésticos e/ou 
ambiente rural, reforçam a preocupação do potencial zoonótico de R. equi e da rodococose 
como doença ocupacional. 
Estudos recentes têm procurado avaliar a patogenicidade das estirpes de R. equi
isoladas de pacientes humanos, em especial os acometidos por aids, utilizando plasmídios 
como marcadores de virulência. Tem–se notado reiteradamente que as estirpes isoladas dos 
casos humanos possuem predominantemente plasmídios de virulência intermediária (VapB), 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
158
semelhante ao perfil de virulência de linhagens isoladas de linfonodos de suínos. Menos 
frequentemente as estirpes isoladas de humanos contém plasmídios virulentos, similares aos 
identificados em potros com pneumonia (TAKAI et al., 1997). 
A patogenicidade de seis isolados de R. equi oriundos de pacientes aidéticos da 
Tailândia demonstrou a presença de virulência intermediária-VapB (TAKAI et al., 2002). 
Estudo similar na Hungria revelou que cinco dentre sete estirpes isoladas de pacientes 
aidéticos possuíam virulência intermediária (Vap B) (MAKRAI et al., 2002). 
Recomenda-se que o tratamento antimicrobiano no homem seja indicado com base no 
teste de sensibilidade microbiana (SEVERO & LONDERO, 1996). Na instituição da terapia 
são recomendados antimicrobianos lipofílicos, em virtude da localização intracelular da 
bactéria (TAVARES, 2002). Dentre as drogas mais utilizadas na terapia da rodococose 
humana destacam-se: rifampicina, eritromicina, vancomicina, imipeném, 
sulfametoxazol/trimetoprim, aminoglicosídeos (gentamicina e amicacina) e fluorquinolonas 
(ciprofloxacina, enrofloxacina) (VERVILLE et al., 1994; BROWN, 1995; OPS, 2001; 
TAVARES, 2002). Comumente, os pacientes são tratados por várias semanas até a remissão 
completa dos sintomas, e após culturas microbiológicas negativas (BROWN, 1995). 
Entretanto, recidivas e complicações clínicas são comuns (SEVERO & LONDERO, 1996). 
Verville et al. (1994) investigaram 12 casos de rodococose no homem, em que a 
doença foi fatal em quatro pacientes e tendeu a evolução crônica em dois. Esses seis casos 
complicados correspondiam à pacientes com aids. Em pacientes tratados exclusivamente com 
antimicrobianos a cura foi observada somente em 61% dos casos, melhorando a efetividade 
quando foi associada à rescisão cirúrgica dos tecidos afetados (OPS, 2001). 
Takai et al. (1997) avaliaram comparativamente a concentração inibitória mínima de 
linhagens de R. equi isoladas de 64 potros, 98 amostras de solo e de 39 casos humanos de 
rodococose, e encontraram resistência das linhagens para rifampicina em uma estirpe isolada 
de potro e em duas de pacientes com aids. Nos últimos anos, a levofloxacina – fluorquinolona 
de terceira geração – utilizada isoladamente ou em associação com outros antimicrobianos 
tem apresentado bons resultados na terapia da rodococose humana, incluindo em pacientes 
com aids (MORETTI et al., 2002). 
À semelhança da doença nos animais, o diagnóstico fidedigno da rodococose no 
homem é firmado com base no isolamento do agente de diferentes humores orgânicos e 
órgãos (OPS, 2001). Nos casos de manifestações pulmonares, o microrganismo pode ser 
isolado de material proveniente do esputo dos pacientes ou, preferencialmente, de lavados 
traqueo–brônquicos, de biópsias, de aspiração torácica, ou de lobectomia pulmonar. 
Alternativamente, a hemocultura possibilita o isolamentode R. equi ao redor de um terço dos 
pacientes com afecções pulmonares (PRESCOTT, 1991). Outros exames como o diagnóstico 
por imagem (raios X, tomografia e ressonância magnética) podem oferecer subsídios quanto à 
extensão do comprometimento de órgãos, no estabelecimento de prognóstico ou mesmo na 
tomada de decisão para remoção cirúrgica de áreas lesionadas. 
No Brasil, a rodococose humana é considerada doença rara. Santos-Fortuna et al. 
(1999) compararam o perfil de virulência de quatro linhagens de R. equi isoladas no Brasil 
com nove casos de rodococose na Itália. Em um dos isolados do Brasil e em dois da Itália 
foram detectados antígenos de 15 a 17 kDa (virulentos), enquanto que em três estirpes do 
Brasil e em uma da Itália foram caracterizados antígenos de 20 kDa (virulência 
intermediária). Esses achados reforçam os estudos da infecção por R. equi no homem em 
outros países, nos quais foram constatados maior ocorrência de antígenos de virulência 
intermediária, semelhante ao perfil de virulência de linhagens isoladas de linfonodos de 
suínos.
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
159
Araújo et al. (2000) notificaram o primeiro caso de rodococose no Brasil em paciente 
humano com sintomatologia pulmonar, co–infectado pelo vírus da aids, no qual foi 
caracterizada linhagem de virulência intermediária (VapB). 
No Rio Grande do Sul, Severo et al. (2001) relataram dois casos de rodococose 
humana, dos quais um dos pacientes HIV-positivo apresentava anemia, emagrecimento 
progressivo, episódios recorrentes de tosse, expectoração purulenta fétida, com estrias de 
sangue. A radiografia torácica revelou área necrótica no pulmão esquerdo. O diagnóstico do 
microrganismo foi obtido mediante baciloscopia e isolamento do agente do esputo. Mesmo 
com a instituição de terapia antimicrobiana (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) o 
paciente apresentou falência do estado geral, evoluindo para morte. O outro paciente era HIV-
negativo, portador de doença renal crônica há quatro anos, com sinais de febre, tosse, escarro 
hemóptico, mialgias e fadiga. A radiografia torácica acusou lesão nodular no lobo pulmonar 
superior direito. A punção aspirativa pulmonar, seguida de baciloscopia e cultura microbiana, 
permitiram confirmação do diagnóstico. A terapia por 30 dias com 
sulfametoxazol/trimetoprim resultou em cura do paciente. 
Apesar de rara no Brasil, a rodococose humana é motivo de preocupação crescente em 
pacientes imunossuprimidos. A doença é assinalada como emergente em pacientes HIV–
positivos (LINDER, 1997; OPS, 2001). As semelhanças da evolução clínica da rodococose 
com a tuberculose indicam a necessidade do estabelecimento do diagnóstico diferencial entre 
as duas doenças. Releva-se notar também, que a propriedade de ácido resistência de R. equi 
pode resultar em diagnósticos preliminares equivocados com os gêneros Mycobacterium e
Nocardia, ou mesmo o sub–diagnóstico da doença (SEVERO & LONDERO, 1996; OPS, 
2001).
Não existem métodos práticos para o controle da rodococose no tocante a inter–
relação homem–animal, em virtude da presença de R. equi nas fezes de animais domésticos, 
bem como pela ampla difusão ambiental do microrganismo. Desta forma, torna–se mais 
racional evitar o contato de pacientes imunossuprimidos - especialmente acometidos por aids 
- com animais domésticos e/ou ambientes rurais (SEVERO & LONDERO, 1996; OPS, 2001). 
Considerações finais 
São escassos os estudos no Brasil conduzidos na avaliação dos diferentes marcadores 
de virulência de linhagens de R. equi isoladas do homem e dos animais. Com o 
reconhecimento na última década dos antígenos de virulência e a sua utilização como 
marcadores de patogenicidade, tornam–se imprescindíveis os estudos de caracterização dos 
fatores de virulência de estirpes de R. equi isoladas do homem, dos animais e/ou do ambiente. 
Tais investigações certamente contribuirão para a identificação do perfil de virulência do 
microrganismo, de novas variantes patogênicas e dos mecanismos de transmissão, fornecendo 
subsídios às ações de controle e profilaxia da doença. 
REFERÊNCIAS 
ADAL, K.A.; SHINER, P.T.; FRANCIS, J.B. Primary subcutaneous abscess caused by Rhodococcus 
equi. Ann. Intern. Med., v.122, p.317, 1995. 
BARTON, M.D.; HUGHES, K.L. Corynebacterium equi: a review. Vet. Bull., v.50, p.65-80, 1980. 
BECU, T. Rhodococcus. Saúde Equina, v.2, p.16-17, 1999. 
BECU, T. et al. Prevalence of virulent Rhodococcus equi in isolates from soil collected from 5 horse-
breeding farms in Argentina. J. Equine Sci., v.11, p.23-27, 2000. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
160
BERTONE, J.J. Pneumonia e outros distúrbios associados ao Rhodococcus equi. In: REED, S.M.; 
BAYLY, W.M. Medicina interna eqüina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p.830-839. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Dados e pesquisas em doenças sexualmente transmissíveis e aids. 
Net. out. 2005. Disponível em: www.aids.gov.br/cgi/tabcgi.exe?tabnet/sp.def Acesso em: 03 out. 
2005a. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST/Aids. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Boletim Epidemiológico DST/Aids. 2005b. 47p. 
BROWN, A.E. Other Corynebacteria and Rhodococcus. In: MANDELL, G.L; BENNETT, J.E.; 
DOLIN, R. Principles and practice of infectious diseases. 4.ed. New York: Churchill Livingstone, 
1995. p.1872-1877. 
ARAÚJO, A. et al. Detection of the 20-kDa virulence-associated antigen of Rhodococcus equi in
malakoplakia lesion in pleural tissue obtained from an AIDS patient. Pathol. Res. Pract., v.196, 
p.321-327, 2000. 
DOIG, C.; GILL, M.J.; CHURCH, D.L. Rhodococcus equi - An easily missed oppurtunistic pathogen. 
Scand. j. infect. dis., v.23, p.1-6, 1991. 
FARIAS, M.R. et al. Secondary chronic cutaneous pyogranuloma produced by Rhodococcus equi in a 
cat. First report in Brazil. In: CONGRESSO DE LA ASSOCIACIÓN MUNDIAL DE MEDICINA 
VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMALES, 23., 1998, Buenos Aires. Anais...Buenos Aires: 
World Small Animal Veterinary Association, 1988. p.809. 
FARIAS, M.R. et al. Cutaneous pyogranuloma in a cat caused by virulent Rhodococcus equi 
containing an 87-kb type I plasmid. Aust. vet. j., v.85, p.29-31, 2007. 
GIGUÈRE, S.; PRESCOTT, J.F. Clinical manifestations, diagnosis, treatment, and prevention of 
Rhodococcus equi infections in foals. Vet. Microbiol., v.56, p.313-334, 1997. 
GOLUB, B.; FALK, G.; SPINK, W.W. Lung abscess due to Corynebacterium equi - Report of first 
human infection. Ann. Intern. Med., v.66, p.1174-1176, 1967. 
GREENE, C.E. Infectious diseases of the dog and cat. 3.ed. Philadelphia: Saunders Company, 
2006. p.310-311. 
HINES, S.A. et al. Immunity to Rhodococcus equi. Vet. Microbiol., v.56, p.177-185, 1997. 
HIRSH, D.C.; ZEE, Y.C. Microbiologia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 
p.119–126. 
LANGONI, H. Rodococose. Uma maneira diferente de falar de pneumonia em potros causada pelo 
Rhodococcus equi. Hippus, p.57-59, 1994. 
LANGONI, H. et al. Aspectos etiológicos na mastite bovina. Rev. Bras. Med. Vet., v.20, p.204-209, 
1998. 
LAZZARI, A. et al. Patogenicidade de isolados clínicos e ambientais do Rhodococcus equi em 
camundongos. Vet. Técnica, p.24–30, 1997. 
LINDER, R. Rhodococcus equi and Corynebacterium haemolyticum: two “Coryneform” bacteria 
increasingly recognized as agents of human infection. Emerg. infect. dis., v.3, p.1-10, 1997. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2,dez., p. 147-163, 2007. 
161
MACGOWAN, K.L.; MANGANO, M.F. Infections on Rhodococcus equi in children. Diagn. 
Microbiol. Infect. Dis., v.14, p.347-352, 1991. 
MADARAME, H. et al. Pathogenicity of Rhodococcus equi strains possessing virulence-associated 
15 to 17 kDa antigens: experimental and natural cases in pigs. J. Comp. Pathol., v.119, p.397-405, 
1998. 
MAGNUSSON, H. Pyaemia in foals caused by Corynebacterium equi. Vet. Rec., v.50, p.1459–
1468, 1938. 
MAKRAI, L. et al. Characterization of Rhodococcus equi strains isolated from foals and from 
immunocompromised human patients. Acta Vet. Hung., v.48, p.253-259, 2000. 
MAKRAI, L. et al. Characterization of virulence plasmids in Rhodococcus equi isolates from foals, 
pigs, humans and soil in Hungary. Vet. Microbiol., v.88, p.377-384, 2002. 
MAKRAI, L.; TAKAIMA, S.; DÉNES, B.; HAJTÓS, I.; KAKUDA, Y.; TSUBAKI, S.; MAJOR, A.; 
FODOR, L.; VARGA, J. Characterization of virulence plasmids and serotyping of Rhodococcus equi
isolates from submaxillary lymph nodes of pigs in Hungary. J. Clin. Microbiol., v.43, n.3, p.1246-
1250, 2005. 
MORETTI, F. et al. Rhodococcus equi: pulmonary cavitation lesion in a patient infected with HIV 
cured by levofloxacin and rifampicin. AIDS, v.16, p.1440–1442, 2002. 
OLIVEIRA, S.J. et al. Etiologia de lesões tubercuolóides em suínos no Rio Grande do Sul. Arq. Fac. 
Vet., UFRGS, v.23, p.112-116, 1995. 
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD – OPS. Rodococosis. In: Zoonosis y 
enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales: bacteriosis y micosis. 3.ed. 
Washington: OPS, 3v., 2001. p.236–239. (Publicación Científica y Técnica, n.580) 
PRESCOTT, J.F. Rhodococcus equi: an animal and human pathogen. Clin. Microbiol. Rev., v.4, 
p.20-34, 1991. 
PRONOST, S. et al. Rhodococcus équine: nouvelles approches et bilan de trois années d’études au 
laboratoire. Prat. Vét. Equine, v. 30, p.57-65, 1998. 
QUINN, P.J. et al. Corynebacterium species and Rhodococcus equi. In: Clinical veterinary 
microbiology. London: Wolfe, 1994. p.137-143. 
QUINN, P. J. et al. Rhodococcus equi. In: Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto 
Alegre: Artmed, 2005. p.71-73. 
RADOSTITS, O.M.; BLOOD, D.C.; GAY, C.C. Veterinary medicine – A Textbook of the diseases 
of cattle, sheep, pigs, goats and horses. 8.ed. Philadelphia: Baillière Tindall, 2000. p. 881-884. 
RAHAL, K. et al. Isolation of a new type of virulence plasmid DNA in Rhodococcus equi strains 
from horses and equine environments in France. Rev. Med. Vet., v.150, p.349–352, 1999. 
RIBEIRO, M.G. et al. Polissinovite auto-imune por Rhodococcus equi em potro, secundária à 
enterocolite. Rev. Educ. Cont. CRMV-SP, v.5, p.206-214, 2002. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
162
RIBEIRO, M.G. et al. Molecular epidemiology of virulent Rhodococcus equi from foals in Brazil: 
virulence plasmids of 85-kb type I, 87-kb type I, and a new variant, 87-kb type III. Comp. Immunol., 
Microbiol. Infect. Dis., v.28, p.53-61, 2005. 
SANTOS FORTUNA, E. et al. Search for virulence- associated antigens of Rhodococcus equi in 
strains isolated from patients with acquired immunodeficiency syndrome. Braz. J. Infect. Dis., v.3, 
p.184-188, 1999. 
SEVERO, L.C.; LONDERO, A.T. Rodococoses. In: VERONESI, R; FOCACCIA, R. Tratado de 
infectologia. São Paulo: Atheneu, 2v., 1996. p.1032-1033. 
SEVERO, L.C. et al. Infecção pulomonar por Rhodococcus equi: relato dos dois primeiros casos 
brasileiros. J. Pneumol., v.27, p.158-162, 2001. 
TAKAI, S. Epidemiology of Rhodococcus equi infections: a review. Vet. Microbiol., v.56, p.167-
176, 1997. 
TAKAI, S. et al. Quantitative aspects of fecal Rhodococcus (Corynebacterium) equi in foals. J.
Clin. Microbiol., v.23, p.794–796, 1986. 
TAKAI, S. et al. Association between a large plasmid and 15- to 17-kilodalton antigens in virulent 
Rhodococcus equi. Infect. Immunol., v.59, p.4056-4060, 1991. 
TAKAI, S. et al. Prevalence of virulence plasmids in environmental isolates of Rhodococcus equi 
from horse-breeding farms in Hokkaido. J. Equine Sci., v.5, p.21-25, 1994. 
TAKAI, S. et al. Identification of intermediately virulent Rhodococcus equi isolates from pigs. J.
Clin. Microbiol., v.34, p.1034-1037, 1996a. 
TAKAI, S. et al. Isolation of virulent and intermediately virulent Rhodococcus equi from soil and 
sand on parks and yards in Japan. J. Vet. Med. Sci., v.58, p.669-672, 1996b. 
TAKAI, S. et al. Emergence of rifampicin-resistant Rhodococcus equi in a infected foal. J. Clin. 
Microbiol., v.35, p.1904-1908, 1997. 
TAKAI, S et al. Restriction fragment length polymorphisms of virulence plasmids in Rhodococcus
equi. J. Clin. Microbiol., v.37, p.3417-3420, 1999. 
TAKAI, S. et al. Pathogenicity of Rhodococcus equi expressing a virulence-associated 20 kDa protein 
(VapB) in foals. Vet. Microbiol., v.76, p.71-80, 2000. 
TAKAI, S. et al. Rhodococcus equi pneumonia in a crossbred foal in Kumamoto: clinical isolates 
contained new virulence plasmids, 90-kb type III and type IV. Vet. Microbiol., v.82, p.373-381, 
2001a.
TAKAI, S. et al. Prevalence of virulent Rhodococcus equi in soil from 5 R. equi-endemic horse-
breeding farms and restriction fragment length polymorphisms of virulence plasmids in isolates from 
soil and infected foals in Texas. J. Vet. Diagn. Invest., v.13, p.489-494, 2001b. 
TAKAI, S. et al. Identification of virulence-associated antigens and plasmids in Rhodococcus equi
from patients with acquired immune deficiency syndrome and prevalence of virulent R. equi in soil 
collected from domestic animal farms in Chiang Mai, Thailand. Am. J. Trop. Med. Hyg., v.66, p.52-
55, 2002. 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia
Ribeiro, M.G. et al. Fatores de virulência de Rhodococcus equi. Implicações na epidemiologia e controle da 
rodococose nos animais e no homem. Vet. e Zootec. v.14, n.2, dez., p. 147-163, 2007. 
163
TAKAI, S. et al. Virulence of Rhodococcus equi isolated from cats and dogs. J. Clin. Microbiol.,
v.41, p.4468-4470, 2003. 
TAKAI, S. et al. Isolation of Rhodococcus equi from feces of indigenous animals and soil from the 
Lower Zambezi National Park and Lochinvar Park, Zambia. J. Vet. Med. Sci., v.66, p.743-746, 2004. 
TAVARES, W. Manual de antibióticos e quimioterápicos antiinfecciosos. 3.ed. São Paulo: 
Atheneu, 2002. 1216p. 
TIZARD, I.R. Resistência às bactérias. In: Imunologia veterinária. Uma introdução. 5.ed. São 
Paulo: Roca, 1998. p.294-309. 
TKACHUK-SAAD, O.; PRESCOTT, J.F. Rhodococcus equi plasmids: isolation and partial 
characterization. J. Clin. Microbiol., v.29, p.2696–2700, 1991. 
TRABULSI, L.R. et al. Microbiologia. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 1999. 586p. 
VERVILLE, T.D. et al. Rhodococcus equi infections in humans. Medicine, v.73, p.119-132, 1994. 
WARNER, A.E. Pneumonia bacteriana em potros. In: SMITH, B.P. Tratado de medicina interna 
de grandes animais. São Paulo: Manole, 1993. p.523-527. 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Joint United Nations Programe on HIV/AIDS. Net., out. 
2005. Disponível em: www.unaids.org/wad 2004/epi_graphics.html Acesso em: 03 out. 2005. 
YOO, S.J. et al. Rhodococcus equi pneumonia in a heart transplant recipient in Korea, with emphasis 
on microbial diagnosis. Clin. Microbiol. Infect., v.9, p.230–233, 2003. 
YUYAMA, T. et al. Molecular epidemiology of virulent Rhodococcus equi in thoroughbred horses in 
Kagoshima. J. Vet. Med. Sci., v.64, p.715–718, 2002. 
ZINK, M.C.; YAGER, J.A.; SMART, N.L. Corynebacterium equi infections in horses, 1958-1984: a 
review of 131 cases. Can. Vet. J., v.27, p.213-217, 1986. 
ZINK, M.C. et al. Electron microscopic investigation on intracellular events after ingestion of 
Rhodococcus equi by foal alveolar macrophages. Vet. Microbiol., v.14,p.295-305, 1987. 
Recebido em: 30/11/2006 
Aceito em: 19/03/2007

Continue navegando